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ANATOMIA E FISIOLOGIA

II
Água, Eletrólitos e Equilíbrio Ácido-Base
COMPARTIMENTOS ORGÂNICOS
• O teor de água no organismo tem tendência a diminuir com a idade
• A sua diminuição ocorre em simultâneo com o aumento da percentagem
de massa gorda
• As mulheres adultas possuem um menor teor de água devido ao seu
superior teor de gordura

Fase do ciclo Liquido Água corporal Plasma Liquido Total


vital intracelular intersticial
Lactentes 75 45 4 26 30

Homem adulto 60 40 5 15 20

Mulher adulta 50 35 5 10 15
COMPARTIMENTOS ORGÂNICOS

Compartimentos

• Água move-se por difusão

• Iões e pequenas moléculas são


Extracelular (20% Intracelular (40% transportados ou passam livremente
peso) peso)

• Grandes moléculas (proteínas p.e.)


têm o seu transporte condicionado
Intersticial Plasma pela permeabilidade da membrana
Linfa, LCR, Liquido celular (transporte ativo)
(extracelular fora (extracelular
sinuvual
dos vasos) dentro dos vasos)
COMPOSIÇÃO INTRACELULAR
• O liquido intra e extra celular tem composições ligeiramente diferentes e as
membranas celulares têm permeabilidade diferente para as diferentes
substâncias
• Proteínas sintetizadas dentro da célula permanecem dentro da mesma
• Iões e eletrólitos movem-se por transporte ativo em função das suas
concentrações e diferença de carga elétrica
• Água move-se por osmose em função das concentrações dos solutos nos
diferentes espaços:
• Desidratação promove saída da água intracelular (condiciona o seu bom
funcionamento)
• Hidratação promove a entrada de água para a célula
COMPOSIÇÃO DOS COMPARTIMENTOS

• Na – 150 vs 12
• K – 4 vs 150
• Ca – 3,8 vs 4
• Mg – 1,4 vs 34
• Cl – 111 vs 4
• Bicarbonato – 25 vs 12
• Fosfatos – 2,2 vs 40
• Proteínas – 17 vs 54
CONCENTRAÇÕES IÓNICAS

Natrémia

Caliémia

Clorémia

Calcémia

Fosfatémia
SÓDIO
• É o catião mais abundante no espaço extracelular, exercendo cerca de 90
a 95% da pressão oncótica extracelular , conjuntamente com os aniões que
a ele se associam

• Principais vias de excreção:


• Renal (ação hormonal da aldosterona)
• Suor (quantidade fisiologicamente pouco significativa)

• Existem 3 mecanismos de regulação do Na no espaço extracelular

Estes mecanismos não controlam diretamente a quantidade de Na, mas sim por
serem sensíveis as alterações osmolares e de pressão sanguínea
SÓDIO
• Mecanismos de regulação do Na extracelular

Aumento da PA na AD

Aumento da osmolaridade e diminuição da PA

Diminuição da PA
AUMENTO DA PA NA AD
Quando aumenta a PA na AD é produzida a
hormona natriurética auricular (HNA)

Aumento da eliminação de Na e água pela urina

Inibição da reabsorção de Na

Inibição da ativação da ADH e da sua própria


produção pela ação da HNA
AUMENTO DA OSMOLARIDADE E
DIMINUIÇÃO DA PA

Aumenta a PA (aumento
de volume)
Aumenta a
reabsorção Diminui a osmolaridade
de água (pela diluição)

Aumento da
secreção de
ADH
DIMINUIÇÃO DA PA
Estimula a
secreção de
Renina

Estimula a produção de
Angiotensina II

Estimula a
produção de
Aldosterona Reabsorção
de Na e água
a nível renal

Aumento da PA
SÓDIO
• Hipernatrémia
• Sede, febre, mucosas secas, agitação
• Se associada a aumento de volume de água pode gerar edemas, aumento de
peso e HTA

• Hiponatrémia
• Letargia, confusão, apreensão, convulsão e coma
• Se associada a hipervolémia pode gerar aumento de peso, edema e distensão
venosa
• Se associada a hipovolémia pode gerar hipotensão, taquicardia, diminuição do
debito urinário
POTÁSSIO
• Os níveis de K afetam especialmente os potencias de membrana em
repouso, sendo que as células excitáveis são altamente sensíveis às
variações de K no sangue.

• Um aumento da concentração de K no sangue iria conduzir a


despolarização precoce e diminuição da hiperpolarização do PMR

• Os iões de K são reabsorvidos por transporte ativo no tubo contornado


proximal e excretado também por transporte ativo no tubo contornado
distal e coletor - esta excreção é mediada pela Aldosterona.
AUMENTO DE K EXTRACELULAR

Estímula a secreção de
Aldosterona

Promove a excreção de K
pelo rim
POTÁSSIO
• Hipercaliémia
• Aumento da irritabilidade neuromuscular, agitação, cólicas
• ECG com repolarização rápida e intervalo QT mais curto

• Hipocaliémia
• Fraqueza muscular, perda de tónus muscular e paralisia
• ECG com redução da frequência dos PA, nomeadamente depressão de ST,
intervalo QT prolongado, complexo QRS amplo, arritmia e paragem
CLORO
• São os aniões mais predominantes no espaço extracelular

• Sendo carregados negativamente, tem tendência a ligar-se a catiões


(como o Na) e a sua separação implica um grande dispêndio de energia

• Os níveis de cloro são portanto influenciados pelos mecanismos que


influenciam a movimentação dos catiões.
CÁLCIO
• Os níveis de cálcio devem manter-se dentro dos valores normais, sendo que
a sua alteração gera alterações elétricas nas células excitáveis (tal como o
K)
• A sua concentração extracelular é regulada pelos rins, intestino e osso
(cerca de 99% do cálcio está contido nos ossos)
• A regulação dos níveis de cálcio depende do equilíbrio entre a absorção
pelo intestino e a excreção pelo rim

Hormona paratiroide
Vitamina D
CÁLCIO
• Hormona paratiroide é estimulada pela diminuição da concentração
de Ca no espaço extracelular:
• Promove a atividade osteoclástica (degradação óssea e libertação de
Ca)
• Aumento da taxa de reabsorção de Ca pelo rim
• Aumenta a quantidade de vitamina D ativa (1,25-di-hirdocolicalciferol)
• Aumenta a absorção de cálcio no intestino
CÁLCIO
• A vitamina D tem como fonte os alimentos ou a sua biossíntese
• A biossíntese de vitamina D pressupõe a exposição solar
• Tem como função fundamental promover a absorção de Ca pelo intestino

Quantidade Quantidade
A absorção de Ca
adequada adequada de
depende de:
nos alimentos vitamina D
CÁLCIO

Diminui a permeabilidade aos iões Na e afeta a normal


despolarização das células musculares e nervosas
Deposição de sais de cálcio nos tecidos, que ficam
irritados e consequentemente inflamados

Aumenta a permeabilidade aos iões Na e como


tal verifica-se aumento da frequência de
despolarização
FOSFATOS
• É um anião que frequentemente se associa ao Ca.

• São reabsorvidos no nefrónio a uma determinada taxa.

• Se a concentração de fosfatos aumentar no plasma, serão eliminados na


urina pois o nefrónio é incapaz de reabsorver mais que a sua taxa de
absorção permite.

• A única via de excreção e o rim


REGULAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA
• A água do organismo provem dos alimentos e em pequena escala do
metabolismo
• A ingestão média diária ronda os 1500 a 3000ml
• O organismo mantem a sua homeostasia garantindo que a água absorvida
é igual ao volume perdido, de forma a manter a sua concentração
corporal dentro dos valores normais
• Existem 4 vias de obtenção e eliminação de água:
• Renal
• Sistema nervoso central
• Sistrema digestivo
• Metabolismo celular
REGULAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA
• Renal
• Libertação de renina provoca a formação de angiotensina II que estimula a
sensação de sede a nível central
• Aumento da secreção de aldosterona e provoca vasoconstrição

• Sistema nervoso central


• Sensação de sede resulta da identificação de uma osmolaridade aumentada e
da redução do volume de líquidos
• Diminuição da pressão arterial identificada pelos barorreceptores
REGULAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA
• Sistema digestivo
• A água ingerida é absorvida ao nível do intestino
• O excesso de água é eliminada pelas fezes

• Metabolismo celular
• Pequeno teor de água produzido na célula
• Dispêndio de água em reações químicas intracelulares
REGULAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA
Vias de perda de água

Urina

Evaporação

Fezes
REGULAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA
Evaporação
• Perspiração insensível
• Evaporação simples pela pele
• Por cada grau de elevação da temperatura, perdemos 100 a 150ml de agua

• Perspiração sensível
• Suor - contém solutos
• A sua constituição é semelhante ao liquido extracelular (Na, K, ureia e amônia)
• O seu volume depende da temperatura corporal (resposta do SNC para
normalização da temperatura
• A quantidade de liquido perdido pelo suor é insignificante
REGULAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA
Fezes

• Uma quantidade extremamente reduzida de água é perdida pelas fezes,


dado que em situações normais existe reabsorção de água ao nível do
cólon

• Diarreias intensas provocam desidratação não só pela perda de líquidos


mas também de eletrólitos
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE
• Os iões hidrogénio interagem com variadas moléculas eletricamente
carregadas e afetam também a atividade enzimática
• A sua concentração deve ser mantida dentro de valores normais para que
as reações metabólicas decorram normalmente
• A maior parte das reações no nosso organismo são sensíveis e influenciáveis
pelas concentrações de iões hidrogénio no liquido em que correm
• A concentração de hidrogénio numa solução designa-se pH

pH – potencial de hidrogénio
POTENCIAL DE HIDROGÉNIO
• O pH determina uma escala de concentração de iões H+ que determina a
acidez, neutralidade ou basicidade de uma solução

• Quanto maio o teor de H+ mais ácida é essa solução

• Um ácido é uma substância que liberta iões H+ numa solução


• Ácidos fortes – libertam todos iões H+
• Ácidos fracos – libertam apenas alguns iões e são fundamentais para evitar
grandes variações de pH nas soluções corporais

• Uma base é uma substancia que capta os iões H+ nessa solução


POTENCIAL DE HIDROGÉNIO
• Ácido forte

HCl – H+ + Cl-

• Ácido fraco

H2CO3 – H+ + HCO3-
POTENCIAL DE HIDROGÉNIO
SISTEMAS TAMPÃO
• Os sistemas tampão têm como função regular o pH de uma solução, pois
resistem ás variações de pH
• Captam iões hidrogénio evitando uma diminuição do pH
• Libertam iões hidrogénio evitando um aumento excessivo do pH

• Um dos principais sistemas tampão é o Ácido Carbónico em equilíbrio com


o Bicarbonato
SISTEMAS TAMPÃO
Tampões ácidos: ácidos fracos e os seus sais

Tampões básicos: bases fracas e seus sais

Outros sistemas tampão além do ácido carbónico


• Sistemas tampão das proteínas: proteínas intracelulares e plasmáticas como
hemoglobina, histonas e ácidos nucleicos
• Sistemas tampão dos bicarbonatos: existe essencialmente no meio
extracelular, regulando o seu pH
• Sistemas tampão dos fosfatos: importante sistema tampão intracelular
REGULAÇÃO DO EQ ÁCIDO-BASE

Aparelho Sistema
respiratório renal

Responde rapidamente mas Responde mais lentamente ás


com menos capacidade alterações de pH, mas de
que o renal forma mais efetiva
REGULAÇÃO DO EQ ÁCIDO-BASE
Regulação respiratória
• Esta relacionada com o tampão ácido carbónico-bicarbonato
• Quanto dióxido de carbono existir, mais ácido carbónico se forma e mais
iões hidrogénio são libertados

Anidrase carbónica
REGULAÇÃO DO EQ ÁCIDO-BASE
Regulação respiratória

• Se o dióxido de carbono aumentar e o pH diminuir, os neurónios do bulbo


estimulam o aumento da frequência respiratória, para eliminar mais dióxido
de carbono e aumentar o pH

• Se o dióxido de carbono forem demasiado baixos e o pH aumentar, os


neurónios do bulbo estimulam a diminuição da frequência e profundidade
respiratória, para eliminar menos dióxido de carbono, que se acumula nos
líquidos orgânicos, dado que esta sempre a ser produzido pelas células,
diminuindo assim o pH
REGULAÇÃO DO EQ ÁCIDO-BASE
Regulação renal
Os rins regulam diretamente o pH excretando iões hidrogénio para o
filtrado, na porção terminal do nefrónio

A anidrase carbónica catalisa a reação entre água e dióxido de


carbono, formando ácido carbónico

O ácido carbónico dissocia-se e forma H+ e Bicarbonato

Os iões H+ são trocados por transporte ativo por iões Na

Os bicarbonatos vão para o espaço extracelular onde se combinam


com iões H+ em excesso, formando ácido carbónico
REGULAÇÃO DO EQ ÁCIDO-BASE
pH plasmático Resposta Variação na urina Resposta fisiológica
Aumento do pH Diminuição da Aumento do pH da Diminuição do pH do
excreção de H+ e urina e do seu teor de plasma – dado que ficam
diminuição da bicarbonato mais iões H+ e há maior
reabsorção de eliminação de
bicarbonato bicarbonato
Diminuição do pH Aumento da Diminuição do pH da Aumento do pH do
excreção de H+ e urina e do seu teor de plasma – dado que são
aumento da bicarbonato excretados mais iões H+ e
reabsorção de há maior teor de
bicarbonato bicarbonato no plasma
para funcionar como
tampão
REGULAÇÃO DO EQ ÁCIDO-BASE

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