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Coordenacao de Isolamento de Subestagées - Principios Bagicos Jeste de lsolacto de Onda Cortada f 10.60 l013380 Nominal ‘isparo de Frente de Onda, ~~ _ Isoaedo Nominal ce Suto e Manobra no Pare Ro 4 . Pico de Tasso Disparo Maxime de impulse Atmostéico eee eee ro Par Rates| T 70 oo 1 "0000 Tempo em Micossogundes 1 Introducao Este capitulo tem por tinalidade apresentar os procedimentos usados na escolha dos niveis de Isolamento dos equipamentos elétricos fornecendo desta forma subsidios ao planejamento adequado do sistema. Dais fatores 880 0s responsiveis pela determinacso ddas caracteristicas dos isolamentos dos equipamentos: as solicitaedes eletricas a que estes equipamentos estarao submetidos ¢ 0 compromisso entre a técnica, avaiada pelo seu desempenho, e a economia, medida pelo Seu custo De forma a racionalizar 0s projetos de engenharia, so elaboradas normas de procedimento e aplicacao visando padronizar cada equipamento de modo a atender as necessidades dos usuarios e capacidade dos fabricantes, Evita-se desta maneira projetos especiais para cada equipamento, isoladamente do contexto em que ele sera fempregado, 0 que acarretaria em custos mais elevados Inicialmente serdo vistos 0s principios basicos comuns 4 qualquer tipo de subestacdo. Posterior mente analisar-se- {0 mais detalhadamente as subestacbes isoladas a are a SF, a Conceitos Basicos 24 Coordenacdo de Isolamento E um conjunto de procedimentos utilzados na selecao de equipamentos elétricos, tendo-se em vista as tensbes que podem se manitestar no sisterna e levando-se em. Conta as caractersticas dos dispositivos de protecao, de ‘modo a reduzir a um nivel econdmico e operacionalmente aceitével a prababildade de danas ao equipamento e/ou interrupcBes do fornecimento de energia, causadas por aquelas tensdes 2.2 Solicitagdes Elétricas So tenses caracterizadas por uma magnitude, uma \duraco e uma probabildade de ocorréncia. Os seguintes tipos de solicitaobes dietétricas podem ser verificados durante a operacdo de um equipamento a, Tensdes a frequéncia industrial, sob condig6es normais de operacao, isto é, que no excedem a tensio maxima do equipamento, 'b Sobretensdes temporérias cc. Sobretensdes de manabra d. Sobretensoes atmostericas Para uma dada solicitacdo dielétrica, o comportamento da isolacdo interna pode ser influenciado pelo seu grau de envelhecimento, @ 0 da isolacdo externa, pelo seu grau de Contaminacao atmosférica Com relacdo 8s sobretensGes, estas jé foram analsadas ‘Nos capitulos anteriores nao sendo pois abjeto de mares ‘explicacdes neste capitulo, 2.3 Dispositivos de Protego S80 dispositivos utilizados para controlar a magnitude das sobretensdes podendo ser do varios tipos, entre eles, para-raios de resistor ndo-linear e centelhadores. A escola do dispositive apropriado depende de varios fatores, por exemplo, a importancia do equipamento a ser protegdo, {8 consequéncias de uma interrupcao na operacso sendo a sua tenso de descarga intluenciada pela inclinagdo do surto de tenséo ineidente, 24 © Suportabilidade Ea propriedade de uma isolacdo de se opor a descargas disruptivas. ik) Curva de Suportabildade do Equiamento Cura Caracteistea de Descarga do Para Raios Cura Caracterstica de Descarga de Centelhadoces Figura 8.1 - Dispositivas de Proteeo x Suportabilidade dos Equipamentos A Figura 8.1 apresenta, qualitativamente, uma comparaciio entre a protecdo oferecida pelos dispositivos de protecdo e a suportabilidade dos equipamentos. Adiante neste capitulo & apresentado um estudo mais, aprofundado da suportabilidade dependendo do tipo de isolagdo analisada, 2.5 Tenso Suportavel Nominal & Freqiéncia Industrial de Curta Duraco Valor eficaz especiticado da tensdo & frequéncia industrial que um equipemento deve suportar em ccondigtes de ensaio especificadas e durante um periodo de tempo geralmente ndo superior a 1 minuto, 8 —_Tensdo Suportivel Nominal de Impulso de Manobra (Atmosférico) Valor de crista especificado de uma tenso de impuiso de manobra (atmostérco) para o qual nao deve ccorrer descarga disruptiva em uma isolacso submetida a um ‘numero determinado de aplicagdes, om condicoes especificadas. Este conceito & aplicavel somente & isolago_ do auto~recuperante e é normalmente denominada de tensdo suportével convencional No caso de isolacdo auto-recuperante, admite-se que cesta tonsdo possa causar descargas disruptivas desde que 2 probablidade de ocorréncia seja inferior a 10%. Nesta ‘iluagdo esta tensdo 6 denominada de Tensdo Suportavel Estatistica (Ugo). A tenstio suportével a impulso de manobra {atmostérico) & genericamente denominada nivel de |solamento a impulso de manobra (ou atmosténico). Por exempla: quando se fala de nivel de isolamento a impulso. 4 manobra (ou atmostérico) de uma isolacdo ndo auto- -cuperante, refere-se 8 tensdo suportavel a impulso de manobra (ou atmosférico) convencional e o nivel de 'solamento a impuiso de manobra (ou atmostérico) de ‘uma isolaeo auto-recuperante refore-se a tensdo suportével a impulso de manobra (ou atmosténico) estatistica, Para simplicidade de expresso serdo adotadas 28 sequintes nomenclaturas: BSL = tensdo suportavel a impulso de manobra {estatistica ou convenconal) ou nivel de 'solamento a impulso de manobra. BSL = “basic switching level” BIL tens8o suportével a impulso atmostérico (estatstica ou convencional) ou nivel de isolamento a impulso atmosténco. BIL = “basic impulse level” 2.7 Tense Critica de Descarga (Usp ou CFO) \Velor de crista especificado de uma tenséo de ensaio para o qual a isolacdo (auto-recuperante) tem 50% de robabilidade de suportar impulsos ou de haver descargas, (Ugg Para avaliacdes do risco de falha de uma solacdo, conveniente expressar as curvas de probabilidade de descarga em termos da tensio critica (Usa) e de seu desvio padido (a). Supondo ser uma distribueso normal, temos a seguinte relacso Ugg = Ugg (1 - 1.3 61, onde a, dado em porcentagem de Usp, deoende da forma de onda, polaridade, natureza do dieletrico etc. Assume- se 0 = 3% para impulsos atmostéricos e = 6% para impulsos de manobra, a menos de recomendacao specifica da norma do equipamento considerado. Na Figura 8.2, apresenta-se uma curva de probabiidade de descarga disruptiva da isolacdo onde so mostiados estes, valores, (1 100 a 6 10) Figura 8.2 - Curva de Probabiidade de Descarga da Isolacdo 2.8 Nivel de Comportamento E uma medida indicativa das consoquéncias ‘econdmicas @ operacionais de falhas de isolamento. No caso de linhas de transmisso, por exemplo, este indice & dado em funco do nimera de desligamnentos por 100 km por ano, Assim, 0 objetivo da coordenacsa de isolamento é de proporeionar a combinacdo entre os fatores acima de ‘modo que possa ser tomada uma deciso de engenhana, baseada na economia e na confiabilidade da operacSo, considerando a capacidade do equipamento planejado, Coordenactio de Isolamento de SubestacSo — Princiows Basicos Esta meta pode ser alcancada por varios caminhos. © primeira deles seria através da consideracso das ccondioes extromas provistas para o sistema, ou seja, antecipando a maxima solicitagdo que possa vir a ocorrer e especificando, baseado nesta condicdo, um valor para suportabilidade da solacdo mais elevada, de modo que 0 ‘equipamento venha a operar com alta confiabilidade. A segunda alternatwva seria admitir uma maior ccontianca nos dispositivos de protecSo. Desta forma eles manteriam o nivel das sobretensdes abaixo de um. determinado valor, possbilitando uma oncao mais econémica de planejamento ao permitir uma reduce dos ccustos, pela reducdo dos niveis de isolamento requerides. pelos equipamentos, Uma terceira possibilidade seria considerar a ‘combinacdo dos itens acima mencionados, numa avaiacdo estatistica dos requisitos necessarios & ‘coordenacao de isolamento, Em regra geral, as informacdes correspondentes & ccoordenaego de isolamento so tracadas em um diagrama ‘como 0 mostrado na Figura 8.3. Neste grafico tensdo x tempo é representada tanto a curva de protecao de para- ras, bem como a suportabilidade da solacto. 1 0 Tempo en Mictossegundos A. Testo de solaco de Onds Cortada 8 Teste de Isolacd0 Nominal CC Is0laci0 Nominal de Surto de Manobra D_ Disparo de Frente de Onda, no Para-Raws E _Disparo Maximo da impulso Atmastérico no Péra:Raios F_Tensto IR no Péra-Raios G_Dsparo de Surta de Chaveamenta (Manobral no Péra-Raios Figura 83. - Coordenacao de Isolamento Convencional ara Tansformadores 3 Classificaco da Isolacdo a. Isolagdo Externa Distancias em ar @ superficie da isolacdo sélide de um equipamento em contaio com o ar atmosférico, suletas 3s solicitacdes dielétricas e aos agentes externos, tais como. tumidade, poluicdo, insetos, podendo estar submetidas as imempéries. 'b. Isolagdo Intemna Portes internas da isolacdo sélida, liquida ou gasosa de ‘um equipamento, protegidas contra os efeitos das, ccondigtes atmosiéricas @ de agentes externos por ‘exempl, isolagao a leo) cc. Isolagdo Extorna para Interior Isolacdo externa abrigada e portanto ndo exposta as intempéries. 4. Isolagdo Exiema para Exterior |solagao externa ao tempo e portanto exposta as intempéries. © Isolago Auto-Recuperante Isolaggo que recupera integralmente suas propriedades, isolantes ap6s uma descarga disruptiva provocada pela aplicaco de uma tensio de ensaio, As isolacdes desta expécie 540, em regra geral, isolagbes externas, como & 0 ‘caso da distancia dos condutores 20 Solo, f. Isolacdo Nao Auto-Recuperante Isolacdo que perde, ou no recupera integralmente as suas propriedades isolantes, apos uma descarga disruptiva provocada pela aplicacdo de uma tensio de ensaio, AS 'solaodes desta especie sdo, em regra geral, isolacdes| internas, como @ 0 caso do’ papel impregnado a dleo de ttansformadores, 4 Ensaios Dielétricos ‘A finalidade dos ensaios ¢ verificar se um equipamento esté em conformidade com as tensOes suportaveis nominais que determinam o sau nivel de 'solamento, A escolha dos ensaios varia com a faixa de tensdo do equipamento sendo que para cada tipo de ensaio e cada tipo de equipamento estudado a sua norma especificara os métodos € 08 critérios que permitem afirmar ter ocorrido falhas na isolagao durante os ensaios Os sequintes tipos de ensaios dielétricos so considerados: Ensaios & frequéncia industrial de longa duragdo b. Ensaios 8 frequéncia industrial de curta duraglo cc. Ensaios de impulso de manobra Ensaios de impulso atmostérico 4a Ensaios Freqiiéncia Industrial de Longa Duragéo Estes ensais sao geralmente requeridos quando se deseja demonstrar a adequaco do equipamento com relacdo ao envelhecimento da isolagao interna ¢ a Ccontaminacdo da isolacdo externa, objetivando verificar 0 desempenho sob tenses operativas a frequencia industrial e sobreiensBes temporatias. Isto ¢ motivado pelo fato de ‘que para estes tipos de solicitagdes uma descarga ‘sord causada pela deterioracdo progressiva da isolacdo ou ppor excepcionais reduodes das propriedades isolantes: devido a condigdes ambientais severas. ‘A norma brasileira de coordenago de isolamento deixa a criténo das comissdes de cada equipamento 0 encargo, dde especificar estes ensaios, fornecendo somente uma ‘oriontago genérica. Entretanto, no que se refere & tensso, sob condicdes normass de operacio, a isoiacdo deve suportar peimanentemente a tensdo maxima do equipamento, 4.2 Ensaios 3 Freqiiéncia Industrial de Curta Duracgo Estes ensaios so ensaios de tensdes suportéveis, sendo mais utilzados para equipamentos cujas tensdes maximas Ho inferiores a 300 kV. Nestes casos, sua finalidade & verificar 0 desempenho da isolagao quanto a tensdo frequéncia industrial, sobretensdes ternporérias e surtos de manobra, Dentro desta faixa de tenséo, estes ensaios, que tém duraeao de 1 minuto, dao geralmente uma adequada margem de seguranca com relacdo a surtos de manobra & sobyetensdes temporérias maximas (que tém draco ‘muito inferior a 1 minuto), bem como em relacdo a tensdo normal de operagao e as SobretensGes temporarias moderadas (que podem ter duracdo mais longa, mas com menores amplitudes) 4.3 Ensaios de impulso de Manobra e Atmosférico, Estas ensaios poder tanto ser ensaios de tens3o suportavel, com um numero adequado de aplicacdes 3 isolacdo, como ensaios de tensdo de descarga disruptive, ‘sendo que este iitimo & vaido somente para isolacdes ‘auto-recuperantes. (0 impulso atmosférico normalizado tem um tempo de frente de onda de 1,2 us @ o tempo até o mee valor de 50 44S, enguanto que no de manobra o tempo de frente é de 250 us ©.0 tempo até o me valor de 2500 ps. 0s ensaios do apenas estimativas, de exatido varivel, dos valores verdadeios de suportabiidade dos equipamentos. Pode-se melhorar esta exatido ‘aumentando-se 0 numero de impulsos aplicados nos fonsaios. Porém, por razGes de custo, isto é limitado, uma ‘vez que a exatiddo cresce mais vagarosamente que 0 numero de ensaios € porque aumenta a possibiidade de haver efeitos destrutivos no equipamento. For estas razdes, recoenda-se 118s tipos de ensaios de impulso detaihados 2 seguir a. Enssios de Descarga Disruptiva a 50% Nestes ensaios, a capacidade de isolacao em resist 3 impulsos iguais a tensdo suportavel nominal de impulso & inlerida eaves da deterinacko da suo ensto dsrupive a Os equipamentas so ensalados pela aplicacao de Impulsos normalizados de polanidades positiva e negativa, €@ nas condiedes a saco e sob chuva Um método que satisfaz este ensaio € 0 método de acréscimos e descréscimos cam 30 impuisos. b. Ensaios de Suportabilidade de 15 |mpulsos Este ensaio € feito na tansio suportavel nominal com 16 impulsos de forma de onda normalizada. Se o numero de descargas disruptivas na wsolacdo auto-recuperante.ndo exceder 2 se no ocorrer nenhuma descarga disruptiva na isolac3o no auto-recuperante, a isolacdo do fequipamento @ considerada aprovada no ensaio, 0 grau de confianga neste onsaio & inferor 30 obtido pelo ensaio anterior. ¢, Ensaios de Suportabilidade Convencional de Impulso Este ensaio limita © nlimero de impulsos de modo a evitar possiveis danos a isolacdo no auto-recuperante. Ele 6 considerado adequado para equipamentos nos quais esta caracteristica predomina Os ensaios sia feitos 8 tenso suportavel nominal de impuiso em questao, pela aplicacao de trés impulsos para ‘cada polaridade roquenda. Os ensaios sdo satsfeitos se ‘no for constatada nenhuma indicacdo de falta Existe ainda um outro método de ensaio que consiste na aplicacdo de uma série de 5 impulsos. Se ndo houver descarga, 0 equipamento é aprovado; se ocorrerem das, Coordenacao de Isolamento de Subestacso ~ Principios Basicos descargas 0 equipamento € rejetado © se apenas uma descarga ocorrer so aplicados mais dez impulsos sendo 0 fequipamento rejeitado se ocorrer qualquer descarga ‘As curvas apresentadas na figura 8.4 representam a probabilidade de uma isolacdo passar nos diversos fensaios. De forma a compreender a determinagao desta ccurvas considere-se o seguinte exemplo: Seja 1p - probabilidade de descarga na isolagdo = 10% - probabilidade da isolacdo suportar = 90% Para o ensaio 15/2 tern-se que a probabilidade da \solacdo passar no enisaio ¢ a soma des seguintes probabiidades: 1. Probabilidade de O descargas em 15 impulsos bb, Probabilidade de 1 descarga em 15 impulsos cc. Probabilidade de 2 descargas em 1 impulsos Assim P= Chal + Choa” + Ch o?a” = 082 1 08 06-04 02 0 02 04 06 08 1 Kemou. deo lessio de acréscimos e decréscimos de 30 impulsos censaio 15/2 ensao 3/0 ‘ensaio 6/0 ensaio 6/1 + 10/0, Figura 8.4 - Probabilidade do Equipamento Resistir aos, Diversos Tipos De Ensaios 41 5 Suportabilidade da Isolacdo 5a Isolago no Auto-Recuperante A isolaglo no auto-recuperante é normalmente uma parte interna dos equipamentos de um sistema de poténcia fe consiste de urna combinacdo de diferentes tipos de rmateriais sdlides, lquidos ou gasosos. Sua finalidade & prover a separacdo entre diferentes elementos condutores ‘sem que haja falhas quando submetida a condicdes operatives. ‘A suportabilidade desta isolagdo @ a maior tensdo que ela pode suportar sem haver uma descarga disruptva através da mesma, Entretanto, a determinacio deste valor no & possivel, uma vez que esta isolacdo no recupera suas propnedades apos uma descarga. Oeste modo, pode-se afirmar que sua suportabilidade & no minima Igual a sua tensdo suportével nominal A magnitude e a forma de onda das tensdes a que a isolacdo estara submetida dependem das caracteristeas da tenso aplicada. Se esta tensdo for 2 freqdéncia industrial, porém contiver componentes harménicos, a distribuigao interna da solicitagzo sera diferente daquela, onde a tense aplicada ndo for distoreida. Oa mesma forma, a distribuic3o da solicitacdo resultante da apicac3o. de surtos répidos ou lentos diferem bastante. Esta varacdo. da solicitagdo 20 longo da isolacdo é determinada pela ‘magnitude e pela distribuicdo das resisténcias, induténci fe capacitncias internas a0 equipamento. Se, por exemplo, uma trequéncia harménica da tensdo aplicada corresponder & frequéncia natural de uma parte da isolacdo interna, este fato pode acarretar em uma. ressondncia podendo elevar a tenséo acima dos niveis que aparecem sob condigdes normais de operacdo, A suportabilidade da isolacdo tende a ser mais elevada para surtos répidos do que para surtos mais lentos devido 20 retardo inerente ao processo de disrupedo, Sendo a distribuigdo da solicitacdo resultante dos surtos rapidos mais depandente das capacitancias internas. A suportabilidade elétrica da isolacdo pode ser alterada devido a do's fatores. O primero, em razao dos Ciclos térmicos e mecanico que mudam a composicio| fisica e quimica dos materiaisisolantes, tendendo a reduzir a suportabilidade, que deve portanto ser projetada bbaseada em ensaios de envelhecimento acelerado. O segundo fator corresponde a uma excessiva tensdo em lum determinado ponto da isolaco resultando em uma ionizaeo sustentada, que pode levar a uma falha localizada e posterior dano total da isolacdo. Desta forma, a isolacdo deve ser projetada de modo a que a tensio de inicio de ionizaco em pontos criticos seja bem superior & maxima solicitag3o que pode ocorrer em regime normal de operarao. 5.2 _Isolago Auto-Recuperante A isolaco auto-recuperante é normalmente uma isolago externa usada para isolar estruturas energizadas ‘que apés uma descarga disruptiva recupera suas ropriedades isolantes. Em geral consiste de superticies de Ccerdmica ou plastico, material exposto 20 ar, au o proprio ar ‘A suportabilidade associada a uma isolagdo 6 de natureza estatistica, pelo fato do fenémeno relacionado ccom a fisica das descargas ser aleat6rio. Deste modo, a pprobabilidade de haver uma descarga para uma dada ‘tenso com forma de onda e magnitude definidas pode ser determinada pela aplicago desta tenso “’N vezes e ccontar 0 niimero ““n” que ocorreram descargas. O valor "n/N" fornecerd esta probabilidade que seré mais acurada na medida que se aumentar 0 valor de N”. Este fato & ‘melhor visualizado pela Figura 8.5. Para impulsos com uma determinada forma de onda @ diferentes picos U, pode ser associada uma probabilidade de descarga P para cada valor de U, estabelecendo a ‘lacdo P(U) para uma dada isolacao. N i Wa it ql at ecoceeoeve Probeiidade de Descarga Palm 9 Nese N N= 15 Teste x2 EO x n<2 ° ° Suportabildade P(U) i i 3 é ceeee Tensio (U) Figura 8.5: - Ensaio em Isolacdo Auto-Recuperante Este comportamento aleatério da isolagdo somente permite definir uma suportabilidade em termos estatisticos. Os parametros que a caracterizamn so a tenséo critica de descarga, que corresponde 3 probabiidade de 50% @ um dosvio padrao, definindo uma posicdo na curva PIU) ilustrada na Figura 8.6, onde Considerou-se uma distribuicdo Gaussiana para ‘epresentar a suportabilidade, & nt % 3 at S zs or g rg Uy | 50 5 sof © vag | e433 gee | 97,725 ugse | 29, 0 sek a Tao) Ug™ UR? UR Uy Use Ud? UB Figura 8.6 - Probabilidade de Descarga da Isolacdo ‘A suportabilidade desta isolacdo varia com 0 tipo de solicitagdo a que ela est submetida. Para surtos de ‘manobra, venticou-se, depois da andlise de varios resultados de ensaios dieléticos em laboratdros, que a suportabilidade fase-terra da isolac3o em ar depende basicamente da distancia entre 0s eletrodos @ da forma ggomatrca dos mesmos. Chogou so onto a sequinte rmula empirica valida para disténcias de 2 7 m: Uso = « 500 40.6 en Ondo: Usp tensdo critica de descarga para impulsos de manobra de polanidade postva, a seco, frente de onda de 1204s, nas condieses almosiaicas padronizadas kV) 4. ~ disténcia entre 08 eletodos (m! k = fator de gap. Coordenacio de Isolamento de Subestagio — Principio Bésicos ‘Adota-se k = 1.3 para gans tipo condutor-estrutura & k = 11 para gaps haste-estrutura, Esta suportabilidade é também dependente do tempo de crista e da polaridade da onda de tensio aplicada. A Figure 8.7 mostra a relacdo entre a tensdo critica de descarga e o tempo de crista, para varios espagamentos, cde um gap do tipo haste-plano no ar, considerando ondas, de polaridade postiva e negativa, Verifica-se por esta figura que a isolaedo apresenta uma suportabilidade inferior para ondas postivas. Comermmenta do gap e B iz I "ani Ge Desoar \ | +009] 1 impuls0s positives —_ impulsos negativos Tempo de Crista us i = "100 iopamoo Figura 8.7 - Suportabilidade da Isolacao em Ar para Impulsos de Manobra - “gap” Haste-Plano (3) 4 Figura 8.8 é semethante a Figura 8.7 porém destaca © fato que para cada distancia existe um tempo de crsta Critico que acerreta em menor suportabilidade da isolacdo, A formula empirica para a determinacao da suportabilidade de isolaco ensaiada com a frente de onda critica, valida para dstancias de 1a 15 m é a seguinte: Uso = k 3400 (8.2) 1+8 4 Onde. Uso - tensao critica de descarga (kV) d__ dstancia entre os eletrodos (m) k -fator de gap san - om zs = = 3 x) i Gm. AROS 4 Tre 3 Z Peetu g 7 S seco} 3 Yvon cin citen 2 sl ‘an CES! oeona am Pao ev +1000} = | DBD 40) G0) B00 TOO) TNO TH TaD TD Tepo-de Cin) Figura 88. Variagdo da Suportabidade do "Gap’ Haste-Plano em Funcio da Frente de Onda 4} © comportamento da suportabilidade frente a surtos ‘atmostéricos apresenta uma variacdo linear com a distancia, ‘sendo func3o também da polaridade da onda incidente. 'Na Figura 8.9 esté apresentada uma curva onde est ‘elacionade 0 valor Usp com vanos valores do fator de gap para as polaridades positiva e negativa To 1213 4 18 16 WT 18 19 20k Figura 8.9. - Suportabilidade da Isolacao em Ar a Impulsos Atmostéricos (4) Com relagao 20 comportamento da isolacto para tensdes 4 frequéncia industrial, sera apresentada mais ‘adiante no capitulo 10 uma andiise mais detalhada Considerando apenas o problema da poluicdo. Este fato & evido a este tipo de solicitacgo ser de pequena importéncia para sistema de EAT e UAT ja que 05. ‘afastamentos determinados pelas sobretensdes de ‘manobra (principalmentel e atmostéricas so suficientes para garantir a suportabilidade & frequéncia industrial. A Figura 8 10 apresenta, para alguns tipos de "gap", @ ‘uporabilidade a frequéncia industrial em funcdo da distancia = Pee ule = Ze Te tay a (Tb rteed = - Vile Genta pana yoo vay serena Figura 8.10 - Suportabilidade da Isolaggo em Ar para Tensdes a Frequéncia industrial ‘Ao se determinar a suportabilidade desta isolacso deve-se levar em conta, além do tipo da tensio a que ela st sumetida, sua forma de onda e polaridade, € a influencia das condioSes meteorolbgicas, mais especficamente a umidade densidade relativa do ar. |A suportabiidade varia diretamente com estes fatores, ou sea, para elovadas altitudes, sendo o ar mais rarefeito {menor densidadel, a suportabilidade diminui, enquanto ‘que com o aumento da umidade, até 0 ponto de Condensago, @ suportabilidade se eleva A corregdo da suportablidade de uma isolacdo em condiodes atmostéricas padronizadas para condicdes reais, para qualquer tipo de solicitacdo, 6 dada por: U = Up BABY” 63) Onde: U__ - suportabilidade em uma dada condicao atmostérica| Capitulo 8 Up _- suportabilidade em condicdes atmostéricas adronizadas. RAD - densidade relative do ar H__- fator de correcdo devido & umidade fn ~ expoente que depende da distancia em ar, sendo RAD/H - FCA (Fator de Correc3o Atmostérico) CO célculo do FCA seré visto detaihadamente no ‘capitulo 14 “Desempenho de Linhas de Transmisséo a Surtos de Manobra". Com respeito & isolagio fase-fase, anaiisa-se 0 seu comportamento somente frente a surtos de manobr, uma vez que na ocorréncia de uma descarga atmostérica btingindo dretamente 0 condutor ou 05 cab0s para-rai0s, 2 solcitaco desenvolvida entre fases normalmente 20 excede a solicitacdo desenvolvida entre fase e terra, {A sobretensdo entre duas tases resulta de duas sobretensdes entre fase e terra, geralmente de polaridades Spostas. A suportablidade da isolacdo fase-fase frente a sta solicitacao € fun¢o no so da tensdo entre fases ‘como também da proporedo relativa (aa) entre as Sobretensdes fase-lerra que a compSem e da diferenga de tempo (At) entre os méximos destas sobretensdes,, Entre ‘23 possiveis divis6es em componentes positiva (U") € egativa (U~) que formam a sobretenszo entre fases. 2 mais utlizade € aquela que fornece a mesma amplitude a ‘ambas, ou seja, U* = U~, 0 que acarreta em um fator Goaeu __U-__ = 085, considerande at = 0 usu 6 _Dispositivos de Protegdo {A funcao do sistema de proteodo & assequrar que 3 sobretens6es que alingem a subestacio provenientes das linhas da transmissdo Ou originadas na prépria subestacdo, ‘ejam reduzidas a niveis compativeis com a tensdo ominal do sistema, Tal coordena¢ao necessita considerar ‘0 ntimero de camninhos de descarga, bem como 4 suportablidade dos diversos equipamentos da subssiag20. © maior numero de componentes isolantes de uma subestacdo € constituldo de isolag6es em ar, para as quais lima descarga apresenta consequéncias menos sérias, mas, 2 suportabilidade minima ocorre entre as partes intornas de transtormadores e reatores. Descargas neste tipo de {solagdo apresentam graves consequéncias resultando em pparedas longas e elevados custos de reparo. Assim so Coordenacdo de Isolamento de Subestacio — Principios Bésicos Utlizados dispositivos de protecdo, geralmente centehadores e para-aios, que conectados em paralelo com 0s equipamentos permitem desviar para a terra todos 08 surtos que excedem os niveis especificados de protecgo, AA Figura 8.11 apresenta numa curva tensgo x tempo as Caracteristicas de isolamento tipicas de transformadores e disjuntores, bem como as faixas de atuacdo de. centelhadores e para-aios. Estas curvas mostram que 0 para-raios pode proporcionar uma margem de protec8o acetavel para toda a cuna de suportabilidade, tanto do transformador como, J “isiuntor, enquanto que o centelhador pade somente roporeionar uma protecdo razoével para o disjuntor Tansao em kV 2000 1000, r 0 109 co ‘Tempo em Microssegundos: \Nivis de Teste Nomina Tipicos de Disjuntores de Sistema ‘ives de Teste Nominass Tipicos de Tanstormadores de Fotencia Faia Tio de Descarga de Dissinadores de Surto Fava Tica de Descarga de Centathadoras a Ar oo o> Figura 8.11 - Cuna Tensdo x Tempo de Coordenacao de Isolamento 64 Requisitos para um Dispositivo de Protecao Ideal Estes dispositivos devem apresentar os seguintes requisites quando em operagao num sistema elétrico’ a, Nao devem operar para sobretensdes dindmicas, excoto em circunsténcias especiais (os para-ra108 podem vir a se danificar caso no tenham capacidade de dissipar a energia ervolvida. b. A.caracteristica de protecto do dispositive deve ser Sempre inferior & curva de suportablidade dos equipamentos que ele esta protegendo. A margem entre as duas curvas deve ser adequada pata prevenir contra 0 efeito distancia, envelhecimento da isolacdo e variagdes na caracteristica de protecso do equipamento, cc. Devem ser capazes de descarregar surtos de alta energia sem se daniticar ou alterar seu nivel de protecio e sem permitir que equipamentos pioximos se danifiquem, 4d. Apos descarregar um surto devern ser capazes de deixar de conduzr, mesmo quando submetidos a sobretensdes dindmicas, 6.2 Protecdo por Centelhadores Um dos mais antigos meios de controle d sobretensdes, ¢ que ainda hoje € usado em algumas aplicacdes, € 0 centelhador. De uma maneita geral cconsiste de dois eletrados ligados entre a fase e a torra para 0 qual a tens4o de disparo @ ajustada om funcdo do ‘comprimento do "gap Apesar de serem mais simples e baratos, os ccenteihadores nao atendem a todos os requisitos do item anterior. O principal inconveniente & que a tenso de descarga de um “gap” em ar aumenta consideravelmente com a taxa de crescimento da sobretensio (ver Figura 8.11), dificultando a coordenacdo de isolamento. Também a tenso de disparo varia com a polaridade do surto ‘com as condicGes atmostéricas, apresentando, portanto, uma larga faixa de atuagto, Além disto, como o ccentethador 6 constituido apenas de um "gap" no ossuindo em série com 0 mesmo nenhuma resisténcia ‘o-inear, uma vez tendo disparado ele continuara a ‘conduzir mesmo apés o desaparecimento da sobretensdo,, provocando entdo um curto-circuito o qual implicaré na Interrupeao no fornecimento de energia, 6.3 Proteco por Péra-Raios Um péra-raios ideal seria aquele que limitasse todas as sobretensées em um determinado nivel de protecao, dedxando de conduzir iago apd a volta da tensdo para niveis normais de operago. A Figura 8.12 apresenta a ccaracteristica V x | ideal para um para-raios. Atualmente existe duas tecnologias distintas na solugdo deste problema. A primeira, de para-raios ‘convencionats, utiiza “gaps” (ativo ou nao! em série com resistores ndo-iineares, @ a segunda, de para-raios de ‘xido de zinco, que geralmente nao utliza "gaps" do Péra-Raios {KV-Pico! Corrente (A) Figura 812 - Caracterisicas V x I de um Para-Raios idea! 0 para-raios convencional funciona em dois estagios sucessivos. Cuando da ocorréncia de uma sobretensdo 0 gap’ dispara, provendo um caminho de batxa impedancia para a terra, Como 0s resistores n3o-lineares ‘presenitam Valores elevados para limitar a corrente ‘subseqUente de freqdéncia industrial, uma elevada tensd0 IR aparecerd nos terminais do paravtaios. Assim este tipo de para-rai0s $6 @ utlizado em sistemas de distribuicéo ou até média tensio onde o nivel de isolamento dos tequipamentos é alto uma vez que s0 detinidos pelas Solicitacdes de origem atmosférica. A Figura 8.13. presenta a aluaco destes péra-raios, A necessidade de ter-se niveis de protecdo mais baixos e uma maior capacidade de absoreao de energia, particularmente para sistemas de alta tensao, levou a0 desenvolvimento do péra-aios de “gap” ative. Este tipo de para-raios é baseado no principio do alongamento do arco ‘causado pela ago de um campo magnético que é criado pola propria corrente de frequéncia industrial a0 invés de ferse Um arco de comprimento constante. A Figura 8 14 ‘presenta um esquema com a atuacdo deste tipo de pira-raios. Os péra-aios de “gap” ativo apresentam as seguintes, vantagens: a. A.corrente de frequéncia industrial ¢ limitada tanto pelo arco como pelo elemento resistiva de forma que resistores menores podem ser usados, b. O uso de um resistor menor acarreta uma tens30 residual IR menor @ consequentemente os nivets de isolamento podem ser reduzidos. cc. A tense desenvolvida no “gap faz com que a ‘corrente seja interrompida antes da passagem da tensdo por zero. Assim estes péra-raibs $80 menos sensiveis as sobretensdes tendo uma maior capacidade de operacdo quando submetidos a sobretensdes dindmicas, d. Apresentam uma maior capacidade de enemgia ja que sia é dissipada tanto no arco como no resistor. Figura 8.13 - Atuacdo de um Péra-Raios Convencional (7), (61 = E Uw Figura 8.14 - Atuacdo de um Para-Raios de “Gap” Ativo 17), (8) Recontemente foram desenvolvidos éxidos metlicos, principaimente dxido de zinco, que podem ser usados na fabricacio de resistores com uma caracteristica ndo-linear ‘muito mais acentuada. Com este tipo de resistor podem Ser proetados pére-rios Com a caractristicatensto x ‘cortente proxima da ideal (Fgura 812), dispensando assim © uso de “gaps” 0 que @ apropriado para protocto de sistemas de alta tensio. A Figura 8.5 apresenta uma comparacéo entre as caracteristicas V x | dos resistores ‘ndo-lineares de ZnO e SiC. Pode-se ver facimente © porque da necessidade de terse “gaps” em para-aios ‘com resistores de SiC, uma vez que para a tenséo nominal dde operacio a corrente drenada seria da ordem de 250 A Ja para 03 para-aies de ZnO esta corrante & de apenas, alguns mitampores Tonsio Continua Teassdo tescala fog! Tima OR 10 KA Content (escala log) Figura 8.15 - Caracteristicas V x { dos Resistores No Lineares de Zn0 @ SiC O pira-raios de ZnO apresenta importantes vantagens sobre 0 pira-ravos convencional de SiC. Entre elas podemes citar 4. Nivel de protecao precisamente detinido 0 que implica 1a reducdo da margem de seguranca para 0 'solamento, Curva de atuacdo suave sem transitérios devido @ stuacdo do “gap, no caso do convencional, logo proporeionando protecao a uma maior regio, Ou seja, uma melhor protecgo para todos os equipamentos da subestacdo (Figura 8.16) ©. Nao tem a corrente subsequente de frequéncia fundamental (Figura 8.16) J. Maior capacidade de absoreao de energia. ©. 05 pita-raies de ZnO sie muito pouco afetados por polucdo Tensio de Disparo Tensdo Residual Surto de corrente Corrente Subsecuerte Tondo Residual Suro de Lorene ‘Mao Glo ‘Meio Gisio Figura 8.16 - Exemplo de Atvagao de Para-Raios de ZnO 7 ni (2) 31 ai 151 (6) © Convencional (SiC) Bibliografia Norma ABNT - NBR 6939 - Coordenaco de Isolamento, Norma ABNT - NBR 8186 - Guia de Aplicagao de Coardenacao de Isolamento, The Principles and Practice of Insulation Coordination - Canadian Standards Association Committee €308, Transmission Line Reference Book - 345 kV and Abvove/ Second Edition - EPRI DE. Hedman - Coordenacio de Isolamento Série PTL Santa Maria ~ RS 1979, J. J. Archambault et Ali - “Insulation Coordination Standardization - An Application Guide” - Canadian Electrical Association - Marco - 1972. U. Berger and B. Knecht - “Surge Arresters: Conventional Technology - Metal - Oxide Resistors’ Brown Boveri Review - 11 - 1979. ‘A. Mayer - “Overvoltage Protection in Medium- Voltage Distribution Systems” - Brown Boveri Review -5- 1979,

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