Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Organizador
DESAFIOS,
PERSPECTIVAS E
POSSIBILIDADES
1
editora científica
FÁBIO FERREIRA DE CARVALHO JUNIOR
Organizador
DESAFIOS,
PERSPECTIVAS E
POSSIBILIDADES
1ª EDIÇÃO
editora científica
1
2021 - GUARUJÁ - SP
EDITORA CIENTÍFICA DIGITAL LTDA
Guarujá - São Paulo - Brasil
www.editoracientifica.org - contato@editoracientifica.org
O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade
exclusiva dos autores. É permitido o download e compartilhamento desta obra desde que no formato
Acesso Livre (Open Access) com os créditos atribuídos aos respectivos autores, mas sem a possibilidade
de alteração de nenhuma forma ou utilização para fins comerciais.
Esta obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações 4.0
Internacional (CC BY-NC-ND 4.0).
C569 Ciências da saúde [livro eletrônico] : desafios, perspectivas e possibilidades – Volume 1 / Organizador Fábio Ferreira de
Carvalho Junior. – Guarujá, SP: Científica Digital, 2021.
E-BOOK
ACESSO LIVRE ON LINE - IMPRESSÃO PROIBIDA
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-89826-63-7
DOI 10.37885/978-65-89826-63-7
1. Ciências da saúde – Pesquisa – Brasil. I. Carvalho Junior, Fábio Ferreira de.
2021
CDD 610
Direção Editorial
Reinaldo Cardoso
João Batista Quintela
Editor Científico
Prof. Dr. Robson José de Oliveira
Assistentes Editoriais
Elielson Ramos Jr.
Erick Braga Freire
Bianca Moreira
Sandra Cardoso
Bibliotecário
Maurício Amormino Júnior - CRB6/2422
Jurídico
Dr. Alandelon Cardoso Lima - OAB/SP-307852
CONSELHO EDITORIAL
Mestres, Mestras, Doutores e Doutoras
Robson José de Oliveira Erival Gonçalves Prata
Universidade Federal do Piauí, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil
1 World Health Organization. (2006). Constitution of the World Health Organization – Basic Documents, Forty-fifth edition, Supplement, October 2006.
SUMÁRIO
CAPÍTULO
01
CONSULTÓRIO DE AVALIAÇÃO PRÉ ANESTÉSICO: ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DA ABORDAGEM PRÉ-OPERATÓRIA
NA SATISFAÇÃO DOS PACIENTES
' 10.37885/210404188................................................................................................................................................................................... 15
CAPÍTULO
02
PROTOTIPAGEM RÁPIDA EM CIRURGIAS ORTOGNÁTICAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Rafaela Augusta Melo Mendes; Laísa Patrícia da Silva Moreira; Mayra Lucy de Macedo Targino; Iasmim Lima Menezes; Ernani Canuto
Figueirêdo Júnior; Sandra Aparecida Marinho
' 10.37885/210605047...................................................................................................................................................................................22
CAPÍTULO
03
ANÁLISE DA OBESIDADE COMO FATOR DE RISCO EM DOENÇAS CARDIOVASCULARES: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Arthur Miranda da Silva; Geovana Maciel Lima; Italo Felipe Cury; Jordana Gonçalves Rossini; Karla Khalil Menezes de Miranda; Lucas
Santos Sousa; Matheus Hoffmann Lisboa; Thais Furtado Ferreira; Vitória Lucas Bispo
' 10.37885/210504443................................................................................................................................................................................... 37
CAPÍTULO
04
NOVA ABORDAGEM NA ESTABILIZAÇÃO CIRÚRGICA DA PAREDE TORÁCICA NO TRAUMA TORÁCICO
Guilherme Campos Stephanini; Fernando Andre DalSochio; Maiara Barbiero
' 10.37885/210203089................................................................................................................................................................................... 47
CAPÍTULO
05
QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA OBSTÉTRICA PRESTADA ÀS MULHERES EM TRABALHO DE PARTO NO BRASIL: UMA
REVISÃO SISTEMÁTICA
Ayanne Alves Bicalho; Mônya Maria Soares Lima; Clara de Cássia Versiane; Cristina Andrade Sampaio
' 10.37885/210605179................................................................................................................................................................................... 58
CAPÍTULO
06
USO DE GESTRINONA NO TRATAMENTO DE ENDOMETRIOSE
Thuane Teixeira Lima; Brenda de Carvalho Resende Mergulhão; Ana Soraya Lima Barbosa
' 10.37885/210504583................................................................................................................................................................................... 70
SUMÁRIO
CAPÍTULO
07
TRATAMENTOS DISPONÍVEIS PARA A DOENÇA FALCIFORME: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Alcínia Braga de Lima Arruda; Sarah Cardoso Morais; Amanda Aparecida de Lima Arruda; Yago Mota Gondim
' 10.37885/210705227................................................................................................................................................................................... 83
CAPÍTULO
08
BODY COMPOSITION AND SOCIOECONOMIC FACTORS IN PATIENTS WITH HEPATIC STEATOSIS
Lívia Melo; Josilda Ferreira Cruz; Mário Augusto Ferreira Cruz; Marcelo Augusto Ferreira Cruz; Ariel Figueiredo Oliveira; Sonia Oliveira Lima
' 10.37885/210303740.................................................................................................................................................................................. 99
CAPÍTULO
09
A TRÍPLICE EPIDEMIA DAS PRINCIPAIS ARBOVIROSES TRANSMITIDAS NO BRASIL
Alexander Gonçalves Ferreira Guimarães; Marina Atanaka
CAPÍTULO
10
ANÁLISE IN SILICO DO REMDESIVIR NO TRATAMENTO DA COAGULOPATIA DA COVID-19
Gabrielle Caroline Peiter; Kádima NayaraTeixeira; Cinthia Façanha Wendel; Anderson Dillmann Groto
' 10.37885/210605053.................................................................................................................................................................................133
CAPÍTULO
11
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ÁLCOOL GEL UTILIZADO NO COMÉRCIO DE CASCAVEL - PR
Deisi Francine Graeff; Ionete Lúcia Milani Barzotto; Simone Maria Mengatti de Oliveira; Suzane Virtuoso
' 10.37885/210504553.................................................................................................................................................................................142
CAPÍTULO
12
CENÁRIO TOCANTINENSE DA PREVALÊNCIA DE CASOS DE HANSENÍASE NO PERÍODO DE 2016 A 2020: UM RESUMO
DESCRITIVO-ANALÍTICO
Arthur Miranda da Silva; Davi Costa Batista de Queiroz; Eduardo Higor Abreu Barbosa; Felipe Machado Dourado Bastos; Isabella
de Oliveira Lourenço; Jennifer Favaretti Silva; Jordana Gonçalves Rossini; Lise Assumpção Araújo; Pedro Olímpio da Silveira Vale;
Rodrigo Fernandes de Vasconcelos
CAPÍTULO
14
DEVELOPMENT OF TOPICAL MILTEFOSINE FORMULATIONS FOR THE TREATMENT OF CUTANEOUS LEISHMANIASIS
María Florencia Peralta; María Estefanía Bracamonte; María Laura Guzmán; María Eugenia Olivera; Jorge Diego Marco; Paola Andrea
Barroso; Dolores Catalina Carrer
' 10.37885/210604918................................................................................................................................................................................. 175
CAPÍTULO
15
DINÂMICA EPIDEMIOLÓGICA DA FEBRE DO MAYARO NAS AMÉRICAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
Maysa de Vasconcelos Brito; Erica Danielle de Almeida Fernandes; Erica Mesquita Farias
CAPÍTULO
16
MANIFESTAÇÕES RENAIS NA HEPATITE C CRÔNICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Adilson Renato Verissimo; Gustavo Fajardo Cury Fávero
CAPÍTULO
17
PERICARDITE TUBERCULOSA EM ITAÚNA-MG: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Lucas Domingos Ribeiro; Gabriel Henrique Resende Melo; Olber Moreira de Faria
CAPÍTULO
18
SÍNDROME DE LIBERAÇÃO DE CITOCINAS DA COVID-19: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Carolina Moreira da Silva Coutinho; Poliana Alves da Silva; Julia Garcia Peres; Rafaela Calaça Marcelino; Vanessa Lacerda de
Souza; Raquel Panta Cardoso; Karla Gonçalves Godoy; Vivianne Gomes Feitosa; Lara Graziela Fernandes Maia de Medeiros; Mariana
Bezerra dos Santos
Thiago Hideo Endo; Ana Carla Mendonça; Edna Suzana António Jinga; Thaila Kawane Euflazio Maximiano; Maria Angélica Watanabe;
Danielle Lazarin-Bidóia; Fernando Pinheiro de Souza-Neto; Glauco Akelinghton Freire Vitiello; Sergio Paulo Dejato Rocha; Lígia
Carla Faccin-Galhardi
' 10.37885/210604998................................................................................................................................................................................ 249
CAPÍTULO
21
OMEGA-3 FATTY ACID SUPPLEMENTATION IN DIABETIC NEPHROPATHY - SYSTEMATIC REVIEW
Adail Orrith Liborio-Neto; Artur Sandres Melo; Daniel José de Carvalho Pereira; Vitor Sandres Melo; Kátia Calvi Lenzi-Almeida
Bruna Mara Bessa Lima; Bruno Pietro Gomes Barbosa; Daniella de Mendonça Menezes Pinheiro; Leticia Jobim Abrão de Aguiar; Luana
Vieira de Oliveira; Rayssa Muniz Pontes; Tammy Suky Ribeiro da Silva; André Luiz de Almeida
' 10.37885/210203013................................................................................................................................................................................300
CAPÍTULO
25
TUMOR FIBROSO SOLITÁRIO DE PLEURA: UM RELATO DE CASO
João Victor Lola Carvalho; Ray Joaquim Bezerra Costa; Paulo César Mendes Nunes; Paloma França de Oliveira; Rodrigo da Rocha
Batista; Larissa de Oliveira Silva; Caio Melo da Silva Laudano; Vanessa Arata Figueiredo; Edval Gomes dos Santos Júnior; Ricardo
Gassmann Figueiredo
' 10.37885/210203126................................................................................................................................................................................309
10.37885/210404188
RESUMO
16
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS:
RESULTADOS
Obtivemos uma a mostra de 41 participantes até o presente momento, sendo que do to-
tal da amostra, 57,9% participantes desconheciam o significado da avaliação pré-anestésica,
enquanto 39,5% alegaram saber e 10,4% talvez. 86,8% relataram terem recebido orientação
pré-anestésica (esclarecimento de dúvidas, explicação do procedimento, tempo de jejum,
suspensão de medicamentos) e 13,2% não, 10,4% não quiseram opinar. Dos participantes,
76,3% receberam as orientações pré-anestésicas do anestesiologista, 23,7% receberam
17
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
orientações de outros especialistas. Os dados demonstram que 84,2% não apresentavam
comorbidades como diabetes, hipertensão ou cardiopatias enquanto 15,8% as apresentavam.
Quanto à cirurgia prévia, 55,3% dos participantes já haviam sido submetidos a cirurgias com
avaliação pré-anestésica e 44,7% não tiveram acesso à consulta. É importante ressaltar que
78,9% sabiam a função de um médico anestesiologista, mas 21,1% ainda a desconhecem.
94,7% consideraram importante o contato pré-operatório com o anestesista, porém 5,3%
não concordam. Interessante observar que 18,4% relataram sintomas ansiosos antes da
cirurgia (náuseas, taquicardia, diarreia.) sendo que após o contato com o anestesista, esses
sintomas diminuíram em 71,5% dos pacientes que passaram por consulta pré-anestésica,
além disso, 78,9% não apresentaram complicações após cirurgia (náuseas, vômitos, estresse
pós-traumático, irritabilidade) enquanto 21,1% as apresentaram.
DISCUSSÃO
CONCLUSÕES
CONFLITOS DE INTERESSE
ANEXO I- QUESTIONÁRIO
( ) Sim
( ) Não
( ) Cirurgião
( ) Anestesista
( ) Sim
( ) Não
( ) Sim
( ) Não
( ) Público
( ) Privado
( ) Sim
( ) Não
( ) realizar a cirurgia
19
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
( ) Fechar a cirurgia e acompanhar o pós – operatório
( ) cuida do risco cirurgico, acompanha os sinais vitais durante a cirurgia e controle da dor e complica-
ções pós- operação
( ) Não consigo opinar
( ) Sim
( ) Não
9. Após a consulta anestésica pré-operatória, você se sentiu mais seguro para realizar a cirurgia?
( ) Sim
( ) Não
10. Você apresentou sintomas ansiosos antes da cirurgia? (náuseas, taquicardia, diarreia.)
( ) Sim
( ) Não
( ) Sim
( ) Não
12. Você teve alguma complicação após a cirurgia? (náuseas, insônia, estresse pós-traumático)
( ) Sim
( ) Não
20
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
REFERÊNCIAS
1. Filho, G; Borges, H; Barreiro, R. Consulta Pre Operatória Anestésica E Seus Benefícios.
Revista caderno de Medicina, [S. l.], p. 185-191, 4 jun. 2019 http://www.revista.unifeso.edu.
br/index.php/cadernosdemedicinaunifeso/article/view/1318/0
3. Magalhães Filho LL, Segurado A, Marcolino JA, Mathias LA. Impacto da avaliação pré-anes-
tésica sobre a ansiedade e a depressão dos pacientes cirúrgicos com câncer Rev Bras
Anestesiol. 2006;56(2):126-136. doi:10.1590/s0034-70942006000200004
7. Carneiro, AF; Mathias, Last; Junior, AR, Morais, N.S; Gozzani; J L; Miranda, A P. Avaliação
da ansiedade e depressão no período pré-operatorio em pacientes submetidos a proce-
dimentos cardíacos invasivos. Rev. Bras. Anestesiol, 2009; 59:431-438
21
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
02
Prototipagem rápida em cirurgias
ortognáticas: uma revisão integrativa
10.37885/210605047
RESUMO
23
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Metodologia
25
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Resultados
Revisão de Literatura
28
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
foi significativamente menor em ambos os procedimentos (p<0,001) e a redução do tempo
no planejamento virtual foi significativamente maior nas cirurgias ortognáticas bimaxilares.
Faryabi et al. (2019), por meio de um estudo caso-controle, investigaram a eficácia de
um aparelho feito sob medida pelo uso da tecnologia CAD/CAM, para redução do edema
pós-cirúrgico. Os 14 casos analisados foram divididos em dois grupos: GI, com 10 pacien-
tes com fraturas faciais bilaterais semelhantes (duas fraturas angulares da mandíbula, cin-
co Le Fort II e três Le Fort III ); GII, composto por quatro pacientes submetidos a cirurgias
ortognáticas, em que a mesma técnica cirúrgica foi utilizada nos dois lados da face. Os partici-
pantes envolvidos não possuíam assimetrias faciais estatisticamente significativas. Em ambos
os grupos, uma das hemifaces recebeu no pós-cirúrgico o curativo compressivo, realizado
com gaze e fita adesiva (controle). Já na outra hemiface, foi aplicado, com pressão seme-
lhante (também com fita adesiva), um curativo plástico personalizado, adaptado ao formato
do rosto do paciente, obtido digitalmente em 3D, de plástico ABS (Acrilonitrila Butadieno
Estireno), que foi projetado por meio dos softwares Mimics 17.0 e 3-Matic 9.0, e impresso
pela Objet 260 Connex. Os dados para essa manufatura foram obtidos por TC. O edema
foi mensurado por meio da aferição com fita de papel e régua milimetada, da medida entre
pontos de referências previamente elegidos, antes do procedimento. Essa aferição também
foi realizada imediatamente após a cirurgia, 24h, 48h e após sete dias da mesma. Nos dois
grupos, foi verificado que no pós-cirúrgico imediato (p=0,084) e após um dia (p=0,09) não
houve diferenças significativas no edema entre as hemifaces. Entretanto, após dois e sete
dias, na hemiface que recebeu o aparato personalizado, o edema se apresentou significati-
vamente menor. Dessa forma, os autores concluíram que o curativo 3D, confeccionado sob
medida, foi eficaz para diminuição mais rápida do edema pós-operatório.
Park et al. (2019), através de uma análise transversal retrospectiva, estudaram a di-
ferença de tempo e de custo entre os planejamentos virtual e o convencional em cirurgias
ortognáticas. Os 30 pacientes foram divididos em dois grupos, de acordo com o procedimento
cirúrgico realizado: GI (20 pacientes), que realizaram cirurgia ortognática bimaxilar (osteo-
tomia Le Fort I e osteotomia sagital bilateral); e GII (10 pacientes), que realizaram cirurgia
ortognática simples (apenas osteotomia sagital bilateral). Após anamnese e registro fotográfi-
co, todos os casos investigados passaram pelos dois tipos de planejamento (convencional e
virtual). No método convencional, os exames radiográficos foram processados pelo software
2D V-ceph (versão 6.0) e para confecção dos modelos se realizou a impressão de maxila
e mandíbula (duas impressões para cada osso no GI e uma impressão de cada osso para
o GII), o vazamento do modelo e a transferência do arco facial (necessária apenas no GI),
encaminhada ao laboratório de prótese para confecção do guia cirúrgico. Já no planejamento
virtual, as imagens obtidas pela TC foram processadas pelo software 3D InVivo (versão 6.0),
29
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
com apenas uma impressão de cada osso (maxila e mandíbula), sendo necessária em ambos
os grupos. Os modelos e as imagens tridimensionais foram encaminhados ao laboratório
para confecção e impressão dos guias. Foi verificado que o método virtual proporcionou um
planejamento significativamente mais rápido, com tempo 62,8% menor no GI, e 41,5%, no GII,
sendo que a maior redução de tempo se deu na etapa laboratorial. Houve estatisticamente
maior redução do tempo no GI, no qual o procedimento cirúrgico realizado apresentou maior
grau de complexidade. Entretanto, não houve uma redução estatisticamente significativa em
relação aos custos do GI (diminuição de 9,1% nos custos), mas houve redução estatistica-
mente significativa nos custos do GII (diminuição de 18,6% nos custos). Dessa forma, os
autores concluíram que o planejamento virtual de cirurgias ortognáticas demandou menor
tempo que o método convencional, sobretudo em procedimentos mais complexos.
Shirota et al. (2019) investigou a acurácia dos guias cirúrgicos feitos por meio da prototi-
pagem e impressão 3D, em cirurgias ortognáticas realizadas sob a verificação de um sistema
de navegação com rastreamento óptico para um posicionamento preciso. Os 35 pacientes
envolvidos nesse ensaio clínico foram submetidos às osteotomias Le Fort I e sagital bilateral.
Desse modo, as imagens tomográficas de cada caso, bem como as informações obtidas pelo
escaneamento a laser, foram processadas pelo software de transformação de coordenadas
ProPlan CMF versão 3.0. Consequentemente, as imagens prototipadas foram usadas para
o planejamento cirúrgico e os guias foram impressos pela 3D ULTRA3SP (Envision TEC).
Durante o procedimento, o sistema de navegação cirúrgica KICK® Navigation System foi
utilizado, buscando o posicionamento maxilo-mandibular mais próximo do planejado. Após
um mês da realização das cirurgias, os pacientes realizaram novas TCs e os dados obtidos
foram processados pelos mesmos programas, para a geração de novas imagens tridimen-
sionais. Então, as medidas lineares dos planejamentos e dos resultados operatórios foram
comparadas e foi verificado que, em duas das três dimensões analisadas não houve diferen-
ças significativas: no eixo X (horizontal) e no eixo Y (ântero-posterior). Já no eixo Z (vertical),
a variação das dimensões lineares foi estatisticamente significativa. Apesar dessa variação
no eixo Z, os autores concluíram que o método apresentou uma boa precisão.
Chen et al. (2020) realizaram um ensaio clínico randomizado que procurou investi-
gar a acurácia de cirurgias ortognáticas realizadas sob três diferentes tipos de guias ci-
rúrgicos. Desse modo, 61 casos foram analisados e aleatoriamente distribuídos em três
grupos: G1: 20 pacientes que utilizaram guias cirúrgicos de resina; G2: 21 pacientes que
utilizaram guias cirúrgicos impressos em 3D, e G3: 20 pacientes que, além de utilizarem os
guias cirúrgicos, também utilizaram gabaritos para a osteotomia Le Fort I, ambos obtidos
por impressão 3D. No G1, foram realizados planejamentos cirúrgicos convencionais, com
simulação de mordida dos modelos montados em articulador, baseados em exames de
30
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
imagem (TC). Já para os G2 e G3, foram realizados planejamentos cirúrgicos virtuais, em
que primeiramente, foram obtidas TCs do crânio, e realizado o escaneamento a laser dos
modelos em gesso da maxila e mandíbula. Esse processo aumentou a precisão do protótipo
virtual das mordidas. Em seguida, essas imagens foram processadas pelo software Mimics
(versão 19.0), para gerar as imagens tridimensionais, para o planejamento cirúrgico virtual.
Depois, o software 3-Matic, projetou os guias e os gabaritos, que foram impressos pela im-
pressora Objet Eden260VS (Stratasys). As distâncias médias encontradas em cada grupo
foram: G1=0,95mm; G2=1,12mm e G3, 0,66mm. A análise dimensional demonstrou que
o G3 (guias cirúrgicos 3D+gabaritos para osteotomias 3D) apresentou uma distância linear
significativamente menor entre as posições planejadas no pré-operatório e os resultados
obtidos nos procedimentos, em relação aos demais grupos. Entre os grupos G1 e G2 não
houve diferenças estatisticamente significativas nas distâncias observadas. Os autores con-
cluíram que o planejamento virtual juntamente com a utilização de gabaritos para osteotomias
e aos GC conferiram maior precisão em cirurgias ortognáticas.
Koyachi et al. (2020) realizaram um ensaio clínico com o objetivo de analisar a pre-
cisão entre os planejamentos pré-operatórios e os resultados obtidos de cirurgias ortog-
náticas realizadas com o auxílio do planejamento cirúrgico virtual, guias tridimensionais e
amparo da navegação cirúrgica. Todos os 18 casos estudados foram submetidos a osteo-
tomia Le Fort I e as imagens de TC foram obtidas 30 dias antes dos procedimentos. Além
disso, tendo em vista que a presença dos bráquetes dos aparelhos ortodônticos diminui a
precisão da reconstrução das imagens tomográficas, modelos de gesso obtidos foram digi-
talizados pelo scanner D2000 (3Shape). Em seguida, os dados foram processados pelos
softwares Mimics e 3-Matic, em que se realizaram o planejamento virtual e projetados os
guias cirúrgicos, que foram impressos pela Objet 260 Connex (Stratasys). Durante o pro-
cedimento, o sistema HoloLens (Microsoft), de realidade virtual, foi utilizado para se obter
maior precisão das intervenções realizadas. Para aplicação desse sistema de navegação
cirúrgica (HoloLens), os autores desenvolveram um aplicativo, utilizando os programas Unity
2017.4.17 (Unity Technologies), Visual Studio Community 2017 (Microsoft), OpenCV 3.1
(Open Source Computer Vision Library) e ArUco (Grupo AVA). Um mês após as cirurgias, os
pacientes foram submetidos a novas TCs, que foram submetidas ao mesmo processamento
de imagens. Desse modo, através da análise de superfície 3D, foi constatado que 12 dos 18
casos estudados apresentaram precisão acima de 90%, quanto ao planejamento cirúrgico.
Foi concluído, portanto, que o método do planejamento cirúrgico virtual, com obtenção dos
guias por prototipagem rápida e uso da navegação cirúrgica, foi capaz de apresentar uma
alta precisão quanto ao reposicionamento maxilar.
31
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Narita et al. (2020) realizaram um estudo caso-controle, com 45 casos seleciona-
dos. Todos os pacientes estudados foram submetidos a cirurgias ortognáticas (osteoto-
mias Le Fort I e sagital do ramo mandibular), sendo todos os guias cirúrgicos confeccionados
manualmente. Desses 45 casos, 20 procedimentos (grupo controle) tiveram o planejamen-
to convencional, sem suporte das tecnologias digitais e 25 procedimentos (grupo caso)
tiveram os modelos obtidos na impressora 3D FDM Value3D MagiX MF-2000. As ima-
gens tomográficas, obtidas 30 dias antes da cirurgia, foram processadas pelos softwares:
POLYGONALmeister (UEL Corp.), Volume Extractor 3.0 (i-Plants systems). Os autores
constataram que nas cirurgias ortognáticas, em que o planejamento pré-operatório foi reali-
zado com o auxílio de simulações em modelos obtidos por impressões em 3D, houve dimi-
nuição estatisticamente significativa no tempo médio do procedimento (tempo médio de 18
minutos na 3D e 36 minutos no método convencional), mas sem diferenças significativas na
quantidade de sangramento das cirurgias.
Palazzo et al. (2020) estudaram a precisão da produção de guias utilizados em cirurgias
ortognáticas por meio das tecnologias CAD/CAM. Para isso, os autores compararam a tecno-
logia de fresagem (técnica subtrativa) com a impressão 3D (técnica aditiva). Dessa forma, foi
realizada uma análise ex vivo de 10 pacientes com indicação para cirurgia ortognática. Para
isso, após o escaneamento dos modelos, utilizando o scanner 3Shape modelo D500 3D, as
imagens obtidas juntamente com as TCs dos pacientes foram processadas pelo software
Dolphin Imaging (versão 11.0). O planejamento virtual do procedimento foi executado, geran-
do o protótipo final dos guias e o protótipo craniofacial dos pacientes. Em seguida, os guias
foram impressos pelos seus respectivos métodos (Sirona inLab MC X5, para a fresagem, e
DWS 0.29D, para a impressão 3D), escaneados e passaram pelo mesmo processamento
de imagem e comparadas as imagens. Foi verificado que a fresagem foi significativamente
mais precisa que a impressão 3D.
Xu et al. (2020), em um ensaio clínico randomizado, compararam a precisão pós-
-operatória entre o planejamento virtual (n=15) de cirurgias ortognáticas e o planejamento
convencional (n=15), com articulador, em pacientes classe III. Os portadores de assimetrias
faciais severas foram excluídos desse estudo. Todos os 30 participantes foram submetidos
às osteotomias Le Fort I e sagital bilateral e realizaram TCs pré-operatórias, que foram pro-
cessadas pelo software Mimics versão 16, para estudo cefalométrico. Para os 15 casos em
que o planejamento cirúrgico virtual foi executado, também foram realizados escaneamentos
intraorais, com o uso do Trios da 3Shape. Dessa forma, essas imagens, juntamente com as
obtidas na cefalometria, geraram os protótipos virtuais através do Geomagic Studio (versão
2012). Em seguida, as movimentações cirúrgicas foram simuladas e os guias foram proje-
tados, por meio do programa Freeform versão 2013, que foram impressos pela impressora
32
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Shining 3D. Os outros 15 casos foram planejados de maneira convencional, com confecção
de dois pares de modelos de gesso, transferidos para o articulador com o auxílio do arco
facial. Em um par de modelos, as movimentações cirúrgicas foram realizadas manualmente,
que serviu para a obtenção dos guias em resina acrílica, e o outro par serviu como cópia
de segurança. Todos os pacientes foram acompanhados por um período que variou entre
um e dois anos. As TCs obtidas no pós-operatório demonstraram que ambos os métodos
obtiveram resultados precisos, com desvios menores que 2mm, valor clinicamente aceitável.
Além disso, a comparação das medidas lineares também revelou que não houve diferença
estatisticamente significativa na precisão entre os métodos.
Mascarenhas et al. (2021) mensuraram o tempo total para produção de guias cirúrgicos
em cirurgias ortognáticas simples (osteotomia em apenas um dos segmentos, maxila ou
mandíbula), pela tecnologia CAD/CAM. Os 35 pacientes foram assim divididos: 25 foram sub-
metidos apenas à osteotomia sagital bilateral (mandíbula), e 10 só a osteotomia Le Fort I (ma-
xila). Em todos os casos, os guias cirúrgicos foram assim realizados: os modelos de gesso
obtidos por moldagem convencional foram submetidos à varredura a laser, utilizando-se o
scanner 3Shape Trios. As imagens obtidas nessa etapa foram processadas e fusionadas
às TCs do crânio pelo software Dolphin Imaging. Posteriormente, foram importadas para
o programa PreForm, que gerou o protótipo final das mordidas e, em seguida, dos guias
cirúrgicos. Por fim, os guias cirúrgicos foram obtidos por impressão 3D, pela impressora
Form 2, utilizando a resina Form Clear Resin. Após impressão, os guias foram lavados com
álcool isopropílico (99%), e colocados na máquina de cura (Form Wash), para secagem dos
protótipos. Dessa forma, os autores verificaram que, desde a etapa de digitalização dos mo-
delos de gesso até o processamento após a impressão dos guias cirúrgicos, o tempo variou
entre cinco até nove horas. O tempo da etapa de geração dos protótipos e planejamento
dos guias cirúrgicos foi o que mais variou entre os casos, a depender da complexidade do
desenho de cada guia.
DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
34
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
REFERÊNCIAS
1. CHEN, H. et al. Comparison of three different types of splints and templates for maxilla reposi-
tioning in bimaxillary orthognathic surgery: a randomized controlled trial. Int J Oral Maxillofac
Surg, v. 50, n. 5, p. 635-642, 2020.
2. CHIN, S. J. et al. Accuracy of virtual surgical planning of orthognathic surgery with aid of CAD/
CAM fabricated surgical splint: A novel 3D analyzing algorithm. J Craniomaxillofac Surg, v.
45, n. 12, p. 1962-1970, 2017.
5. Lin, H.H.; Lonic, D.; Lo, L.J. 3D printing in orthognathic surgery: A literature review. J Formos
Med Assoc, v. 117, n. 7, p. 547-558, 2018.
10. PARK, S. et al. Comparison of time and cost between conventional surgical planning and virtual
surgical planning in orthognathic surgery in Korea. Maxillofac Plast Reconstr Surg, v. 41, n.
1, p. 35, 2019.
11. RENDÓN-MEDINA, M. A. et al. Dimensional error in Rapid Prototyping with open source sof-
tware and low-cost 3D-printer. Plast Reconstr Surg Glob Open, v. 6, n. 1, p. e1646, 2018.
12. SHAHEEN, E.; SUN, Y.; JACOBS, R.; POLITIS, C. Three-dimensional printed final occlusal
splint for orthognathic surgery: design and validation. Int J Oral Maxillofac Surg, v. 46, n. 1,
p. 67-71, 2017.
13. SHAHEEN, E. et al. Optimized 3D virtually planned intermediate splints for bimaxillary orthog-
nathic surgery: A clinical validation study in 20 patients. J Craniomaxillofac Surg, v. 46, n. 9,
p. 1441-1447, 2018.
14. SHIROTA, T. et al. CAD/CAM splint and surgical navigation allows accurate maxillary segment
positioning in Le Fort I osteotomy. Heliyon, v. 5, n. 7, p. e02123, 2019.
35
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
15. STEINHUBER, T. et al. Is Virtual Surgical Planning in Orthognathic Surgery Faster Than Con-
ventional Planning? A Time and Workflow Analysis of an Office-Based Workflow for Single- and
Double-Jaw Surgery. J Oral Maxillofac Surg, v. 76, n. 2, p. 397-407, 2018.
16. Xu, R. et al. Comparison of the postoperative and follow-up accuracy of articulator model sur-
gery and virtual surgical planning in skeletal class III patients. Br J Oral Maxillofac Surg, v.
58, n. 8, p. 933-939, 2020.
36
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
03
Análise da obesidade como fator de
risco em doenças cardiovasculares:
uma revisão integrativa
10.37885/210504443
RESUMO
38
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
39
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Barroso et. al (2017) analisou 39 mulheres com IMC superior à 24,9 kg/m2 quanto
às medidas de circunferência da cintura (CC), relação cintura estatura (RCE), volume de
gordura visceral (VGV) e índice de conicidade (fórmula de Valdez), e a associação desses
parâmetros com a ocorrência de hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia ou diabe-
tes. Os resultados apresentados no estudo associam a medida de RCE com a ocorrência de
HAS e do VGV com a presença de diabetes, enquanto o índice de conicidade demonstrou
correlação tanto com hipertensão, quanto com diabetes.
Também foram avaliadas as faixas de IMC (sobrepeso ou obesidade) com a incidência
dessas comorbidades, não sendo observada nenhuma associação entre elas. Esse fato
aponta que o IMC falha na previsão de risco para DCV por não prever a distribuição de
gordura corporal (visceral ou subcutânea), nem diferir massa magra de massa gorda, ou
mesmo ter intervalos diferentes para cada gênero, faixa etária e etnia.
Segundo Costa et. al (2020), a obesidade influencia como risco independente para o
desenvolvimento de HAS, dislipidemias e maior resistência insulínica, que são componentes
que caracterizam a SM e se manifestam como potenciais complicadores para desenvolvi-
mento de DCV. Dessa forma, fisiologicamente, identifica-se que os indivíduos obesos são
mais predispostos a desenvolverem a SM, uma vez que estão mais propensos a ter esses
fatores desencadeados. No tocante à faixa etária, a partir dos idosos com SM analisados
pelos autores, esses afirmaram que há corroboração dos fatos apresentados, visto que idosos
hipertensos também apresentaram excesso de peso e SM (24,7% dos idosos analisados
apresentavam sobrepeso e 64,9% eram obesos).
Ademais, Costa et. al (2020) identificaram que a somatória de um fator de risco fixo
(idade) com fatores variáveis (presença de Diabetes Mellitus (DM), sedentarismo, obesidade,
tabagismo, etilismo) aumentam os riscos de um quadro de excesso de peso que resultará
40
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
em DCV aumentado, sendo que, ao analisar esses fatores de maneira simultânea, o seu
estudo mostrou que cerca de 95% dos idosos apresentam duas ou mais dessas variáveis.
Ainda sobre o grupo analisado pelos autores, 70% dos idosos com SM também foram
diagnosticados com hipertensão, e isso se relaciona direta ou indiretamente para 50% das
mortes por DCV. Como resultado, Costa et. al (2020) afirmaram que, na presença de uma
Síndrome Metabólica, há quase 8 vezes mais de risco para DCV, fato que poderia ser ame-
nizado quando se quebra com o sedentarismo, uma vez que a prática esportiva adequada
para idade pode diminuir com o Escore de Risco de Framingham (classificação de risco para
desenvolvimento de DCV) e de desenvolver DCV nos próximos 10 anos.
Por outro lado, Hussid et. al (2021) analisaram 30 adolescentes distribuídos entre a
classificação de sobrepeso, eutróficos e obesidade e, como resultado, obteve uma frequência
de 35% de adolescentes diagnosticados com SM. Dentre os adolescentes diagnosticado
com obesidade, constatou-se que os mesmos apresentavam níveis maiores de TG/HDL,
colesterol não-HDL e colesterol total, um menor VO2 e um nível de O2 mínimo inferior quan-
do comparado com adolescentes eutróficos. Esse fato sugere risco aumentado de doenças
cardiovasculares e corrobora com evidências de que a obesidade se associa com um pior
prognóstico de adolescentes com capacidade funcional reduzida. Ademais, Hussid et. al
(2021) sinalizaram que a presença de obesidade e dislipidemia na infância irá influenciar
significativamente para desenvolvimento de morbidades na idade adulta.
Desse modo, os autores analisam em seu estudo principalmente os riscos de uma
reatividade vascular reduzida, optando por observar a medida de dilatação mediada pelo
fluxo (DMF), uma vez que essa medida verifica a vasodilatação dependente do endotélio.
Indiretamente, foi analisado também a biodisponibilidade de NO, pois o mesmo é o mediador
responsável por realizar as percepções de necessidade de vasodilatação e/ou reatividade
dos vasos. Assim, concluiu-se que é factível que adolescentes obesos (AO) apresentem
disfunção endotelial indicada por uma reatividade vascular reduzida, uma vez que apresen-
tam menor complacência e distensibilidade vascular.
Concomitantemente, Hussid et. al (2021) questionaram se a síndrome de apneia obs-
trutiva do sono (SAOS) tem fator contributivo para o agravamento dessa disfunção endotelial,
uma vez que foi apontado uma alta prevalência de SAOS nos grupos de AO, obtendo como
resposta que não há evidências dessa relação, visto que a SAOS pode surgir por conta de
outros fatores além da obesidade, como rinite alérgica, asma e outros. Entretanto, ainda
que não tenha sido apontada uma relação concreta com SAOS, o estudo apontou uma
prevalência da patologia em 86,6% dos adolescentes obesos, sendo que a presença da
síndrome pode ter contribuído para o aumento da pressão arterial sistólica neste grupo, e o
41
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
motivo dessa relação se dá, principalmente, por que os pacientes com associação de SM e
de SAOS podem ter um barorreflexo reduzido.
Diante do que foi analisado pelos autores, o que se pode observar é que a disfunção
epitelial é um sinal precoce de aterosclerose em crianças com fatores de risco para DCV e,
nesse ponto, uma meta análise indica que um aumento de 1% na DMF aumenta o risco em
13% em eventos cardiovasculares futuros.
Ainda nessa perspectiva, Oliveira e Guedes (2017) avaliaram 1.035 adolescentes entre
12 e 20 anos, residentes do estado do Paraná (Brasil), segundo critérios preditivos de SM es-
tabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), International Obesity Task Force
(IOTF) e o de Conde & Monteiro, os quais foram comparados estatisticamente através do
método da Curva ROC (Receiver Operating Characteristic).
Cada preditivo foi comparado ao método global da International Diabetes Federation
(IDF) para diagnóstico da SM, e analisou-se a capacidade dos critérios de prever a síndrome
em pacientes já diagnosticados através do método da IDF. Foi aferido o teor sanguíneo em
jejum de cada indivíduo, triglicerídeos (TG), lipoproteína de alta densidade (HDL-c), glicemia
e também características físicas, como a circunferência da cintura (CC) e a pressão arterial
em repouso (PA).
Logo na concepção do estudo foi possível constatar que aproximadamente 25% dos
adolescentes apresentavam excesso de peso corporal (sobrepeso ou obesidade), o que
reforça a preocupação com o aumento de fatores de risco para ocorrência de SM na po-
pulação jovem. No comparativo, os critérios apresentaram especificidades equivalentes
entre si, em torno de 90%. No entanto, a sensibilidade do IOTF foi moderadamente superior
quando comparada às outras, alcançando valores entre 60 a 84% a depender do gênero e
faixa etária do indivíduo. A acurácia desse critério foi bem maior entre rapazes de 16 a 20
anos, do que em meninas ou jovens abaixo dos 16 anos. Essa discrepância foi atribuída às
diferenças do período puberal entre meninos e meninas.
Vale ressaltar que o padrão-ouro de diagnóstico utilizado no estudo foi o método ins-
taurado pela IDF e, caso outro critério de referência fosse adotado como ponto de partida,
haveriam flutuações nos resultados, pois há viés inerente à escolha dos autores.
A partir do que foi exposto, compreende-se a forte relação do assunto com a síndrome
metabólica. Na literatura, contudo, observa-se que ainda há discussão sobre os critérios de
diagnóstico, além do que seria considerado como o melhor indicador acerca da SM, mas
no que se refere a riscos para doenças cardiovasculares, há maior convergência que estes
aumentem na presença da SM. Assim, tem-se que diversas variáveis antropométricas e
achados laboratoriais podem auxiliar na determinação dessa síndrome que está tão rela-
cionada com a obesidade, logo, com DCV.
42
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Nesse âmbito, estudos realizados por Oliveira et. al (2017) consistiram em uma revisão
sistemática do emprego de indicadores antropométricos e laboratoriais, sendo estes: IMC,
CC, RCE, razão cintura-quadril (RCQ), diâmetro abdominal sagital (DAS) e circunferência
do pescoço (CP) na primeira categoria; e o perfil de acumulação lipídica (PAL) índice de
adiposidade visceral (IAV), e as razões lipídicas TG/HDL-c e HDL-c/CT (colesterol total), na
segunda categoria. O rol de artigos abordados pelos autores analisa homens e mulheres de
múltiplas etnias e com idade mais avançada, a partir dos 45 anos, mas idosos em sua maioria.
Por adotarem critérios diferentes para o diagnóstico de SM – IDF, National Cholesterol
Educational Program (NCEP) e critério harmonizado – os estudos auferiram dificuldades
em convergir para um resultado próximo. Contudo, no panorama geral, os indicadores an-
tropométricos mais sensíveis na predição da SMet foram RCE, CC e CP enquanto entre as
variáveis clínicas o PAL se sobressaiu.
Outro indicador antropométrico que apresentou bons resultados foi o DAS, que apesar
de não ser tão amplamente utilizado, resultou em sensibilidade e especificidade superiores
a 80%, sua limitação consiste na necessidade de requerer um instrumento de medida es-
pecífico, um compasso de calibre abdominal.
No que tange as razões lipídicas (TG/HDL-c e HDL-c/CT), o estudo concluiu que são
capazes de predizer a SM em mulheres pós-menopausa, sugerindo que essas razões desem-
penham importante papel na patogênese da síndrome. Já o índice de adiposidade visceral
(IAV) mostrou-se sem fundamento, pois é calculado utilizando valores de CC, TG e HDL-c,
sendo esses valores também componentes da SM, ou seja, tenta prever a ocorrência da
doença em pessoas que já se enquadram nos critérios da mesma.
Destaca-se que o IMC foi abordado por diversos trabalhos e, ao contrário do esperado,
não representou grande eficácia, gerando dúvidas quanto ao seu amplo uso na definição de
critérios de diagnóstico da SM.
A RCE, CC e PAL traduzem os níveis de depósito de gordura visceral no indivíduo, ao
passo que a CP apresentou grande valia, pois a gordura subcutânea pode ser responsável
pela maior liberação de ácidos graxos livres, além de também ser uma medida estável ao
longo da vida, e não variar durante incursões respiratórias ou período pós-prandial.
Apesar de seus esforços terem indicado os melhores preditores da SM, não foi possível
definir uma abordagem global de diagnóstico para a população idosa. A escolha de diferentes
critérios, IDF, NCEP e critério harmonizado, e a variação etária e étnica da população nas
pesquisas consideradas, e da possível contribuição de outras morbidades, além da obesi-
dade, para o surgimento da SM dificultou a comparação de seus resultados.
Já o estudo realizado por Eickemberg et. al (2019) associou as medidas de adiposidade
abdominal com a espessura médio-intimal de caróticas (EIM-C), que serve como marcador
43
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
não invasivo de aterosclerose subclínica. Dentre os diferentes indicadores de adiposidade
abdominal, incluiu-se: CC, RCQ, RCE e CP.
Segundo os autores, homens e mulheres em idades mais avançadas apresentaram
EMI-C mais elevada e contavam com uma maior circunferência abdominal, principalmente
quando apresentavam valores acima do percentil 75, estabelecido na escala em análise.
Para a obtenção do resultado, houve a busca por uma correlação entre gordura visceral
com EMI-C e medidas indiretas, mas que pudessem ser acessíveis à população em geral.
Quanto à CP, verificou-se uma significativa associação com a EMI-C, visto que indica um
efeito local, contribuindo diretamente para a espessura média das carótidas. Contudo, o
estudo apontou que a CC foi o indicador mais fortemente associado à EMI-C, pois apre-
senta maior capacidade de antecipar a presença de anormalidades metabólicas e doenças
cardiovasculares, o que consolida resultados obtidos em outros trabalhos. Quanto a RCQ,
não foi encontrada uma relação apenas com a adiposidade, mas, principalmente, com infarto
agudo de miocárdio, incidência de doença arterial coronariana, e outros eventos coronaria-
nos₃. Essa associação acontece em decorrência da RCQ apontar para a predominância de
tecido adiposo subcutâneo, o qual atua enfaticamente na patogênese de DCV.
Por fim, o estudo apontou que o índice de adiposidade visceral (IAV) está associado
com situações cardiovasculares e cerebrovasculares, concluindo que a presença de uma adi-
posidade abdominal percebida por IAV resulta em um EMI-C elevado em 42% para homens
e 31% para mulheres. Essa maior incidência no público masculino é explicado pelos autor
devido ao fato dos homens apresentarem prevalência de suas gorduras na região abdominal,
a qual está associada a DCV, diferente da gordura nas mulheres, mais notada na região
de glúteos e pernas, e que não se associa significativamente a tecido adiposo subcutâneo.
Freitas et. al (2018) apresentaram a prevalência do fenótipo cintura hipertrigliceridêmica
(FCH) e identificação de seus fatores associados, entre homens e mulheres, comparando-o
a outros indicadores de riscos cardiovasculares e metabólicos. O estudo envolveu 12.811
participantes, utilizando o FCH como indicador para identificar o risco de DCV, o qual é de-
finido pelas CC > 80cm em mulheres e CC > 90cm em homens, de acordo com os critérios
estabelecidos pela International Diabetes Federation (IDF). Já de acordo com os critérios
estabelecidos pela National Cholesterol Educational Program (NCEP), tem-se CC > 88cm
para mulheres e > 102cm para homens, com triglicerídeo (TG) definido como inadequado
quando apresentar valores >150mg/dl – esses que devem estar aumentados simultanea-
mente para serem classificados no grupo com o FCH.
A partir desses critérios, obteve-se os seguintes resultados: 54,2% dos participan-
tes eram do sexo feminino, ocorrendo nessa parcela a prevalência de hipertrigliceridemia
(29,9%), sobrepeso (40,1%) e obesidade (20,5%) de acordo com o IMC. A CC aumentada
44
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
foi verificada em 64% dos homens e 68,8% das mulheres. A medida FCH-IDF foi verificada
em 31,6% dos homens e 19% das mulheres. No entanto, quando medida FCH-NCEP, cerca
de 13% dos participantes de ambos sexos apresentaram o fenótipo.
Desta forma, Freitas et. al (2018) concluíram que há associação do FCH com os fato-
res de risco cardiovasculares e metabólicos. Logo, por meio de apenas essas duas medi-
das, CC e TG, é possível identificar o risco cardiometabólico de maneira similar, de modo
mais simples e com menos custos financeiros. Assim, mesmo sendo um indicador mais re-
cente, e por isso menos conhecido, estudos sugerem que o FCH pode ser tão discriminante
quanto a SM, usando os diferentes critérios (NCEP e IDF).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se que a literatura recente concorda que a obesidade tem estreita relação a
Síndrome Metabólica, sendo um potencial de grande risco para o aparecimento de Doenças
Cardiovasculares. Nos estudos demonstrados foi possível observar que existem diversas
variáveis antropométricas e achados laboratoriais capazes de auxiliar na determinação da
SM. No entanto, a definição global de um diagnóstico que sirva para qualquer indivíduo se
mostrou difícil, pois o gênero, faixa etária e etnia parecem exercer forte influência na pa-
togênese da síndrome. A avaliação e o diagnóstico precoce da síndrome são de extrema
importância para dar início ao tratamento de forma prévia, a fim de prevenir a ocorrência de
eventos cardiovasculares.
Existe incidência significativa de excesso de peso corporal na população, tanto jovem
como idosa. É preciso reduzir o quadro de obesidade na sociedade, sendo a prevenção o
melhor fator de controle, principalmente na sociedade jovem, fase em que se adquire com
mais intensidade os hábitos de vida, sendo de extrema importância intervenções voltadas
para esse grupo. Ademais, é indispensável a promoção de políticas públicas de intervenção
alimentar e de exercícios físicos, visando melhorar o prognóstico dos indivíduos e alertar
a população em geral, a fim de contornar os malefícios provocados por estilos de vida
pouco saudáveis.
REFERÊNCIAS
1. BARROSO, Taianah Almeida; et al. Associação entre a obesidade central e a incidência de
doenças e fatores de risco cardiovascular. International Journal of Cardiovascular Sciences,
v. 30, n. 5, p. 416-424, 2017.
2. COSTA, Manoela Vieira Gomes da; et al. Risco cardiovascular aumentado e o papel da sín-
drome metabólica em idosos hipertensos. Escola Anna Nery, v. 25, 2020.
45
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
3. EICKEMBERG, Michaela; et al. Indicadores de Adiposidade Abdominal e Espessura Médio-
-Intimal de Carótidas: Resultados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto–ELSA-Brasil.
Arquivos Brasileiros de Cardiologia., v. 112, n. 3, p. 220-227, 2019.
4. FREITAS, Roberta Souza; FONSECA, Maria de Jesus Mendes da; SCHMIDT, Maria Inês; et
al. Fenótipo cintura hipertrigliceridêmica: fatores associados e comparação com outros indi-
cadores de risco cardiovascular e metabólico no ELSA-Brasil. Cadernos de Saúde Pública,
v. 34, n. 4, 2018.
5. HUSSID, Maria Fernanda; et al. Obesidade Visceral e Hipertensão Sistólica como Substratos
da Disfunção Endotelial em Adolescentes Obesos. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v.
116, p. 795-803, 2021.
6. OLIVEIRA, Carolina Cunha de; et al. Preditores de Síndrome Metabolica em Idosos: Uma
Revisão. International Journal of Cardiovascular Sciences, v. 30, n. 4, p. 343-353, 2017
46
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
04
Nova Abordagem na Estabilização
Cirúrgica da Parede Torácica no
Trauma Torácico
Maiara Barbiero
10.37885/210203089
RESUMO
48
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
• Caso 1
51
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Figura 3. Intraoperatório. Figura 4. Intraoperatório após fixação.
• Caso 2:
Figura 9. Videotoracoscopia pré operatória mostrando fratura costal com grande deslocamento ósseo intrapleural.
53
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Figura 10. Intraoperatório após fixadores. Figura 11. Radiografia de controle pós EPT - PA.
DISCUSSÃO
54
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
A técnica Standard determina, após uma extensa e correta exposição, a redução das
fraturas costais e síntese com placas pré moldadas, adaptadas ao tamanho do paciente,
fixadas ao córtex externo da costela por meio de parafusos bicorticais. Tal técnica exige pelo
menos dois centímetros de costela saudável visível em ambos os lados da fratura para asse-
gurar uma fixação adequada. O fechamento se dá por planos e a colocação de um dreno de
sucção no subcutâneo é preferência do cirurgião. A colocação de um dreno torácico pleural
é fortemente sugerida. Outra técnica de fixação descrita é realizada através de sistemas
de suporte intramedular. Tal técnica mantém o segmento deslocado em uma posição mais
anatômica, mas sem obter uma fixação rígida. Devido ao ponto de fixação único inerente
ao método, o risco de separação dos fragmentos ósseos é maior.
A técnica utilizada neste trabalho consiste em uma adaptação da técnica standard.
Realizamos uma toracotomia extrapleural aberta na topografia desejada, onde se procede
a divulsão ou, se necessário, a abertura dos planos musculares para exposição das fratu-
ras costais. Uma vez identificado os sítios de fratura, faz-se a regularização das costelas
fraturadas através da secção de suas espículas, não ultrapassando 1,5 cm, a fim de facilitar
a calcificação e a ponte óssea cirúrgica. A seguir, selecionamos a prótese de titâneo mais
adequada, geralmente de 6 ou 9 cm, e estabilizamos a área fraturada mediante a firme
colocação do grampo com o aplicador. Finalizamos o procedimento com uma videotora-
coscopia com inventário da cavidade pleural e da parede torácica, bem como drenagem
pleural e extrapleural.
Existem inúmeros materiais biológicos, metálicos e sintéticos descritos com a finalidade
de reconstrução e fixação de gradil costal. Os materiais biológicos já foram mais populares
no passado, mas atualmente ganham cada vez mais espaço os materiais de origem sintéti-
ca. A indústria vem desenvolvendo materiais que se destacam pela facilidade de manuseio,
resistência, inércia tecidual e custo progressivamente menor. Não existe consenso sobre as
vantagens e desvantagens de cada material, sendo a escolha determinada pela preferência
de cirurgião e tipo de reconstrução.
Uma outra questão em voga é o tempo ideal para a realização do procedimento de
EPT após o trauma torácico. É consenso que procedimento de tamanha magnitude não deva
ser realizado em pacientes instáveis, sendo estes estabilizados em um primeiro momento,
seguindo os preceitos do ATLS. Mas então quando proceder a estabilização da parede to-
rácica? Sabe-se hoje que a fixação precoce das costelas – idealmente antes das 72 horas
– diminui fatores dificultadores do procedimento cirúrgico como o edema das estruturas,
hematoma e a formação do calo ósseo, além de reduzir o tempo de ventilação mecânica e
suas complicações, bem como abreviar o tempo de hospitalização. No entanto, o momento
da indicação da EPT deve ser individualizado caso a caso.
55
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
CONCLUSÃO
A literatura médica vigente ainda carece de definições mais precisas com relação às
indicações exatas e benefícios da EPT. Os resultados até então publicados são animadores
com relação a redução de morbimortalidade em grupo seleto de pacientes vítimas de trauma
torácico complexo, com deslocamento ósseo e perda de substância, no entanto novos estudos
randomizados são necessários para que a mesma se estabeleça como técnica de escolha.
Da mesma forma, não existe consenso com relação a melhor técnica cirúrgica empre-
gada. Ao nosso ver, a técnica supracitada se mostra adequada, segura e de fácil execução.
Nossos resultados preliminares são bastante animadores, visto a rápida recuperação, ade-
quado resultado estético e a baixa incidência de dor crônica em nossos pacientes. Entretanto,
estudos comparativos ainda são necessários.
Uma limitação do procedimento de EPT, independente da técnica utilizada, é o custo
inerente ao material utilizado. Sabe-se que o procedimento diminui tempo de internação e
custos hospitalares, mas não se tem mensurado até o momento a relação custo-benefício
da abordagem como um todo do ponto de vista financeiro, o que inviabiliza a sua utilização
no sistema único de saúde, por exemplo.
Vários são os nuances envolvendo a estabilização cirúrgica da parede torácica. Até o
momento, existem mais perguntas do que respostas, mas os resultados de tal abordagem
são animadores e trazem uma nova perspectiva de qualidade de vida para os pacientes
vítimas de trauma torácico grave.
REFERÊNCIAS
1. Coughlin TA, Ng JW1, Rollins KE et al. Management of rib fractures in traumatic flail chest: a
meta-analysis of randomized controlled trials. Bone Joint J. 2016;98-B (8): 1119-25
2. Pieracci FM, Lin Y, Rodil M et al. A prospective, controlled clinical evaluation of surgical stabi-
lization of severe rib fractures. J Trauma Acute Care Surg. 2016;80 (2): 187-94
3. Locicero J. et al. Shields’ General Thoracic Surgery. Philadelphia: Lippincott Wolters Kluwer
Health, 2018.
5. Camargo JJ, Filho DRP et al. Cirurgia Torácica Contemporânea. Rio de Janeiro: Thieme
Revinter, 2019.
6. Camargo JJ, Filho DRP et al. Tópicos de Atualização em Cirurgia Torácica. São Paulo:
FMO, 2011.
56
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
7. Shultz-Drost S, Mauerer A, Grupp S et al. Surgical fixation of sternal-fractures: locked plate
fixation by low profile titanium plates-surgical safety through depth limited drilling. Int Orthop.
2014;38 (1): 133-139.
8. Majak P, Naess PA. Rib fractures in trauma patients: does operative fixation improme outcome?
Curr Opin Crit Care. 2016; 22(6): 572-577.
9. American College Of Surgions Committee On Trauma. Advanced Trauma Life Suport - ATLS.
10 Ed. , 2018.
57
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
05
Qualidade da assistência obstétrica
prestada às mulheres em trabalho
de parto no Brasil: uma revisão
sistemática
10.37885/210605179
RESUMO
59
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
Dar à luz é um evento unicamente feminino e natural em sua essência onde é che-
gado o momento tão esperado em que a mulher, entregue à sua natureza, recebe o ser
concebido. Tal momento, por muito tempo, foi realizado no ambiente domiciliar da mulher
com a presença de parteiras tradicionais possuidoras de conhecimentos por tradição oral
(SOUZA et al., 2014).
O parto, até meados do século 20, era um acontecimento de natureza íntima e privativa,
sendo compartilhado apenas entre mulheres, considerado fenômeno natural, cercado de
significados culturais, e o nascimento celebrado como evento marcante da vida. Todavia,
no decorrer dos anos, houve mudanças que tornaram essa cultura um acontecimento mé-
dico-hospitalar (ROCHA et al., 2017).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem estimulando iniciativas que favoreçam
mudanças no atendimento à mulher no ciclo gravídico-puerperal, dentre elas, está a im-
plantação de uma proposta de atendimento humanizado ao parto nos serviços de saúde.
Nesse sentido, o Ministério da Saúde criou através da Portaria nº 569/2000, o Programa de
Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN), tendo como principal estratégia assegurar
a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do atendimento pré-natal e da assistên-
cia ao parto e puerpério. A partir da instituição do PHPN, o respeito aos direitos sexuais e
reprodutivos e a percepção da mulher como sujeito aparecem como prioridades para uma
assistência humanizada (OLIVEIRA et al., 2017; NARCHI et al., 2013).
Diante disso, o Brasil implantou políticas públicas aplicadas ao contexto da assis-
tência obstétrica e neonatal visando à promoção do parto e do nascimento saudáveis e à
prevenção da morbimortalidade materna e perinatal, de modo a garantir que profissionais
médicos e enfermeiras-parteiras realizem procedimentos comprovadamente benéficos para
a mulher e neonato, evitando intervenções desnecessárias e preservando a privacidade e
a autonomia desses sujeitos, reforçando assim as boas práticas de assistência ao parto
(ROCHA et al., 2017).
Para o Ministério da Saúde, a humanização compreende pelo menos dois aspectos
fundamentais: o primeiro refere-se ao dever dos serviços de saúde em receber com dignidade
a mulher, seus familiares e o recém-nascido. Para isso, há necessidade de uma atitude ética
e solidária por parte dos trabalhadores de saúde e a organização da instituição de modo a
criar um ambiente acolhedor e, também, romper com o isolamento normalmente imposto à
mulher. O segundo aspecto refere-se à adoção de medidas e procedimentos sabidamente
benéficos para o acompanhamento do parto e do nascimento, evitando práticas intervencio-
nistas desnecessárias que, embora tradicionalmente realizadas, não beneficiam a mulher
nem o recém-nascido (OLIVEIRA et al., 2017).
60
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
A gestação é marcada por modificações biológicas, psicológicas, psíquicas e sociais na
vida da mulher, e no momento em que esta é associada ao risco, reforça-se a fragilidade e
a instabilidade emocional. Isto pode acarretar distúrbios emocionais na mulher, interferindo
na qualidade da saúde materna e, consequentemente, ocasionar ligações entre esses fatos
e a mortalidade materna e fetal (SILVA et al., 2013).
Portanto, torna-se importante destacar que, um parto humanizado não se caracteriza
apenas pela ausência de práticas desnecessárias. Para que este se efetue realmente, a
parturiente deve ser respeitada em sua totalidade, participando ativamente das decisões
que envolvem o seu atendimento, de modo a ocupar seu papel de protagonista, enquanto o
profissional de saúde destina-se ao suporte à parturição e a promoção de uma assistência
obstétrica de qualidade (OLIVEIRA et al., 2017).
No entanto, para uma mudança de crenças e valores no modelo de atenção ao pro-
cesso de nascimento, a informação torna-se essencial e é uma estratégia importante para
as mulheres ter o conhecimento necessário sobre os benefícios do parto planejado, e optar
por esse modelo assistencial, com a transformação de atitudes passivas em posturas ativas,
porque ela então se torna capaz de tomar a decisão de livre escolha para atendimento frente
às suas necessidades (LESSA et al., 2018).
Este estudo é de suma importância, pois pretende inserir novas discussões associadas
a qualidade da assistência prestada às mulheres em trabalho de parto, colaborando para
a formação de novos pensamentos e práticas pelos profissionais de saúde em relação ao
processo de parturição, além disso a satisfação das pacientes e o atendimento holístico e
humanizado é um importante indicador de qualidade das instituições.
É nesse sentido que o presente estudo teve a seguinte questão norteadora: Como é
a qualidade da assistência prestada às mulheres em trabalho de parto nos serviços obsté-
tricos do Brasil e o impacto das boas práticas de humanização no processo de parturição?
Objetivou-se com este trabalho realizar uma revisão integrativa de literatura sobre a
qualidade da assistência prestada às mulheres em trabalho de parto nos serviços obstétricos
do Brasil e o impacto das boas práticas de humanização no processo de parturição.
DESENVOLVIMENTO
Metodologia
62
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Resultados e discussões
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. DODOU, H.D; RODRIGUES, D.P; ORIÁ, M.O.B. O cuidado à mulher no contexto da maternida-
de: caminhos e desafios para a humanização. Revista de pesquisa cuidado é fundamental
online, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p 222-230, março, 2017.
4. KALKSTEIN, Y.L.K; et al. Owning the birth experience: what factors influence women’s vaginal
birth after caesarean decision? Journal of Reproductive and Infant Psychology, Carleton,
2017.
5. LESSA, H.F; et al. Choosing the home planned childbirth: a natural and drug-free option. Re-
vista de pesquisa cuidado é fundamental online, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, p 1118-1122,
outubro, 2018.
6. NARCHI, N.Z; CRUZ, E.F; GONÇALVES, R. O papel das obstetrizes e enfermeiras obstetras
na promoção da maternidade segura no Brasil. Revista Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, n.
4, p 1059-1068, fevereiro, 2013.
8. OLIVEIRA, V.J; PENNA, C.M.M. O discurso da violência obstétrica na voz das mulheres e dos
profissionais de saúde. Revista Texto & Contexto Enfermagem, Divinópolis, v. 26, n. 2, p
1-10, setembro, 2017.
9. OLIVEIRA, V.J; PENNA, C.M.M. Cada parto é uma história: processo de escolha da via de parto.
Revista Brasileira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 71, n. 3, p 1228-1236, setembro, 2018.
10. PEREIRA, S.B; et al. Boas práticas de atenção ao parto e ao nascimento na perspectiva de
profissionais de saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, Florianópolis, v. 71, n. 3, p 1313-
1319, outubro, 2018.
11. PIMENTA, L.F; et al. A cultura interferindo no desejo sobre o tipo de parto. Revista de pesquisa
cuidado é fundamental online, Rio de Janeiro, v. 6, n. 3, p 987-997, julho, 2013.
12. RODRIGUES, D.P; et al. O descumprimento da lei do acompanhante como agravo à saúde
obstétrica. Revista Texto & Contexto Enfermagem, v. 26, n. 3, 1-10, julho, 2017.
68
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
13. ROCHA, F.R; et al. Análise da assistência ao binômio mãe-bebê em centro de parto normal.
Revista Cogitare Enfermagem, Brasília, v. 22, n. 2, p 1-8, março, 2017.
14. SANFELICE, C.F.O; et al. Do parto institucionalizado ao parto domiciliar. Revista Rene, Cam-
pinas, v. 15, n. 2, p 362-370, março, 2014.
15. SANFELICE, C.F.O; SHIMO, A.K.K. Parto domiciliar: avanço ou retrocesso. Revista Gaúcha
de Enfermagem, v. 35, n. 1, p 157- 160, março, 2014.
16. SANTOS, F.A.P.S; et al. Integralidade e atenção obstétrica no Sistema Único de Saúde (SUS):
reflexão à luz da teoria da complexidade de Edgar Morin. Escola Anna Nery Revista de En-
fermagem, v. 20, n. 4, p 1-5, dezembro, 2016.
17. SCARTON, J; et al. Práticas de atenção ao parto normal: a experiência de primíparas. Revista
de pesquisa cuidado é fundamental online, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p 17-24, março, 2018.
18. SILVA, F.F.A; et al. Atendimento prestado a parturiente em um hospital universitário. Revista de
pesquisa cuidado é fundamental online, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p 282-292, janeiro, 2014.
19. SILVA, M. R; et al. A percepção de gestantes de alto risco acerca do processo de hospitali-
zação. Revista Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p 792- 797, fevereiro, 2011.
20. SILVA, R. C; et al. O discurso e a prática do parto humanizado de adolescentes. Revista Texto
& Contexto Enfermagem, v. 22, n. 3, p 629-636, setembro, 2013.
21. SILVA, T.C; et al. Práticas de atenção ao parto e nascimento: Uma revisão integrativa. Revista
de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, Santa Maria, v. 7, p 1-8, março, 2017.
22. SOUZA, R.M; SOARES, L.S; QUITETE, J.B. Parto natural domiciliar: um poder da natureza
feminina e um desafio para a enfermagem obstétrica. Revista de pesquisa cuidado é fun-
damental online, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p 118-131, março, 2014.
23. SOUZA, S.R.R.K; GUALDA, D.M.R. A experiência da mulher e de seu acompanhante no parto
em uma maternidade pública. Revista Texto & Contexto Enfermagem, Curitiba, v. 25, n. 1,
p 1-9, agosto, 2016.
24. TEIXEIRA, S.V.B; et al. Experiences on the childbirth process: antagonism between desire
and fear. Revista de pesquisa cuidado é fundamental online, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, p
1103-1110, outubro, 2018.
69
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
06
Uso de gestrinona no tratamento de
endometriose
10.37885/210504583
RESUMO
71
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
ENDOMETRIOSE
• O paciente tem uma mãe ou irmã que sofre desta doença ou nunca teve filhos.
• O início dos períodos menstruais ocorreu em tenra idade e estes são caracteriza-
dos por serem frequentes e / ou durar sete dias ou mais.
• Ter o hímen fechado também pode bloquear o fluxo menstrual durante o período4,5.
74
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
frequência da endometriose com um aumento nas indicações de intervenções cirúrgicas
nos órgãos pélvicos5,6.
A doença até certo ponto pode ser assintomática. Quando o crescimento do tecido já
atinge uma determinada escala ou há um recurso de localização, a endometriose pode se
manifestar como dor pélvica. Esta é uma dor ou peso constante na parte inferior do abdômen,
que pode aumentar antes e depois da menstruação, bem como durante a relação sexual,
durante a micção ou defecação, durante o esforço físico1,2. Os sintomas ocorrem dependendo
da localização do tecido endometrioide. Por exemplo, com danos à espessura do útero, a
endometriose pode se manifestar como menstruação dolorosa, pode haver manchas antes
e depois da menstruação, a menstruação em si pode ser abundante. Se estes são ovários,
ocorrem cistos endometrioides3. Eles são visualizados em uma ultrassonografia. Se manchas
de tecido crescerem na parede intestinal, pode haver uma violação do movimento intestinal
e dor durante o movimento intestinal. Se o crescimento do endométrio ocorre na parte pos-
terior do pescoço, a chamada endometriose retrocervical, pode haver dor durante a micção,
defecação, relações sexuais dolorosas3,4.
Os mesmos sintomas ocorrem com a endometriose da vagina e períneo. A endome-
triose do colo do útero (por exemplo, como resultado de um trauma) pode se manifestar
como manchas fora do ciclo menstrual, entre em contato com hemorragias. Esta localização
é mais favorável5,6.
Algumas manifestações da endometriose podem ser detectadas pelo ultrassom, mas
o exame laparoscópico dos órgãos fornece mais informações quando é possível observar
visualmente os focos da endometriose. Densidade tecidual e dor em algumas formas de
endometriose podem ser suspeitas por palpação6.
A lógica patogenética para o desenvolvimento da endometriose inclui 2 (dois) aspectos
principais: Uma predisposição genética associada aos processos de metaplasia endome-
trial e realizada no contexto de alterações hormonais e imunológicas no corpo; fatores de
transporte (refluxo menstrual)6. O desenvolvimento da heterotopia no futuro pode seguir o
cenário geral: implantação, invasão progressiva, disseminação linfogênica e / ou hemato-
gênica. Um papel significativo no mecanismo de ocorrência e desenvolvimento da doença
da endometriose genital é desempenhado por interrupções no funcionamento dos sistemas
imunológico e retículoendotelial6,7.
A principal complicação da endometriose é a dificuldade de concepção, que se trans-
forma em infertilidade. Portanto, se uma mulher foi diagnosticada com endometriose de
gravidade leve a moderada, mas ela planeja ter um bebê, nenhum médico o aconselhará
a adiar a gravidez6. O desenvolvimento de implantes endometrióides leva ao esgotamento
prematuro da reserva ovariana e à síndrome do esgotamento prematuro do ovário. Além
75
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
disso, mulheres com endometriose com mais frequência do que com outras doenças do
sistema reprodutivo desenvolvem câncer de ovário (câncer de ovário)6,7.
O diagnóstico de endometriose é baseado em exame físico, histórico médico, exame
ginecológico, diagnóstico histológico e instrumental, o diagnóstico final é através da video-
laparoscopia a qual coleta material para biopsia. Ao coletar uma anamnese, é dada atenção
especial à idade, uma predisposição genética à endometriose (hereditariedade), o primeiro
sangramento menstrual (menarca), gravidez e aborto, a presença de doenças ginecológicas
e extragenitais6. Os efeitos desses medicamentos estão bem documentados e os efeitos
colaterais são geralmente leves. Progestinas e Contraceptivos Orais Combinados COCs
são possíveis de usar ao longo dos anos5,6.
O danazol, que era o padrão-ouro do tratamento da endometriose anteriormente, não
é usado muito hoje em dia, pois tem efeitos colaterais menos toleráveis. Gestrinona e mi-
feprestone também não são muito usadas. Muito esforço foi feito para desenvolver novos
medicamentos contra a endometriose com menos efeitos colaterais adversos. Estes incluem
inibidores da aromatase, moduladores seletivos de receptores de progestina (MSRP), modula-
dores seletivos de receptores de estrogênio, Moduladores Seletivos do Receptor de Estrógeno
(MSRE), inibidores de angiogênese e inibidores de fator de necrose tumoral6,7. A cirurgia
ainda é o único tratamento que potencialmente pode curar a doença, embora os sintomas
tendam a se repetir com o tempo. Também é possível combinar tratamento cirúrgico e mé-
dico, mas é apenas a cirurgia que melhora a fertilidade7,8.
O uso do gestrinona
A gestrinona foi introduzido para uso médico em 1986 por restos amplamente utili-
zados na Europa, mas continua a ser comercializado em alguns países ao redor do mun-
do. A Gestrinona foi aprovada e utilizada para o tratamento de endometriose. O danazol, con-
forme descrito nesta ação e efeito, também é usado no tratamento da endometriose, mas foi
relatado que é menos androgênico em comparação com seus efeitos colaterais8. A Gestrinona
também tem sido usado para encolher miomas e reduzir a menorragia8,9.
Devido aos efeitos antigonadotrópicos e à capacidade de inibir a ovulação, a contra-
cepção hormonal em mulheres tem sido estudada como o método gesturerinon. Milhares
de grandes estudos descobriram que os ciclos menstruais são eficazes na prevenção da
gravidez. No entanto, apesar de sua eficácia, no grande estudo realizado, a taxa de gravidez
foi muito alta, uma taxa de falha do medicamento foi recomendada como um método seguro
de 4,6 controle de natalidade.
A gestrinona é usada no tratamento da endometriose genital e extragenital. Gestrinona é
um derivado da 19-nortestosterona designado como 13B-etil-17B-hidroxi-18,19-dinorpregn-e
76
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
11 trienna9. O composto e seus metabólitos hidroxilados ativos têm atividade antiestrogênica,
antiprogestacional e androgênica. Gestrinona inibe a foliculogênese e suprime aumento de
gonadotrofinas no meio do ciclo menstrual e, consequentemente, produz uma diminuição
no estrogênio, anovulação e amenorreia. É possível que a gestrinona atue através dessa
diminuição do suporte estrogênico da endometriose ou que tenha efeitos diretos devido
antiestrogênico, antiprogestacional e androgênico8,9.
A ação antiestrogênica se deve ao fato de que a gestrinona diminui a concentração de
receptores estrogênios e sua reciclagem no nível endometrial; este efeito antiestrogênico
pode ser responsável pela atrofia endometrial, apesar da presença de concentrações de
próprio estradiol da fase folicular9. Por outro lado, a gestrinona possui atividade androgênica
intrínseca e parcialmente devido a um aumento na proporção de testosterona.
Os principais efeitos colaterais encontrados são ganho de peso, acne, seborreia, rouqui-
dão e hirsutismo. A gestrinona é mais tolerada que o danazol. Esta molécula é, na realidade,
já comercializada com a indicação “endometriose” em alguns países7,8. As recomendações do
ESHRE 2013 colocam-no em outro lugar da estratégia tratamento terapêutico da dor pélvica
ligada à endometriose no mesmo nível das associações estrogênio-progestinas, progestinas
isoladamente, danazol ou agonistas de GnRH a longo prazo. Sua eficácia é semelhante à
dessas outras moléculas9.
RESULTADOS
77
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Nº do Ano de
Título do Documento Referências bibliográficas do documento Objetivo
texto Publicação
A doença geralmente envolve todas as trompas de
falópio, ovários, intestinos ou tecidos do assoalho
MARTINS JT, ROBAZZI MCC, BOBROFF MCC. Prazer
pélvico. O tecido endotelial circundante pode ser
Endometriose intestinal: e sofrimento no trabalho da equipe de enferma-
1 2009 irritado, doloroso, formando cicatrizes e vesículas
uma doença benigna? gem: reflexão à luz da psicodinâmica Dejouriana.
que dificultam a gravidez das mulheres, ferindo as
Rev Esc Enferm USP 2010.
trompas de falópio, trompas de falópio, distúrbios
da ovulação, causando infertilidade nas mulheres.
Belleli P, Dias Junior JA, Podgaec S, Gonzales M, A dor pélvica com endometriose é um parâmetro-
Aspectos epidemiológicos Baracat EC, Abrão MS. Aspectos epidemiológicos e -chave que afeta negativamente a qualidade de
e clínicos da endometrio- clínicos da endometriose pélvica – uma série de ca- vida dos pacientes. É difícil objetivar, uma vez que
2 2010
se pélvica – uma série de sos. Rev Assoc Méd Bras 2010; 56 (4): 467-471. [ci- a gravidade da dor é subjetiva, tendo em vista as
casos tado 16 de janeiro de 2018]. Disponível em:http:// diferenças individuais no limiar da sensibilidade à
www. scielo. br/ pdf/ ramb/ v56 n4/ 22.pdf. dor.
O objetivo do estudo foi analisar as condições en-
dometriais ocorrem em muitas partes do corpo em
resposta a mudanças no hormônio feminino estro-
Estrogen and progestero-
Noel, J,C. et al. Estrogen and progesterone recep- gênio. Esses tecidos “dispersos” podem se desen-
ne receptors in smooth
tors in smooth muscle component of deep infiltra- volver, causando sangramento semelhante ao re-
3 2010 muscle component of
ting endometriosis. Fertil Steril, v. 93, p. 1774-1777, vestimento uterino no ciclo menstrual. Além disso,
deep infiltrating endome-
2010. essa condição afeta os tecidos circundantes, cau-
triosis.
sando irritação, inflamação e inchaço. A destruição
e sangramento desses tecidos a cada mês causa a
formação de tecido cicatricial, chamado adesão.
Ao usar medicamentos para tratar a endometriose
com a substância ativa danazol, a dor é reduzida.
É prescrito para aliviar a dor, tratar a infertilida-
de com endometriose e impedir a progressão da
Mattos, J. M. Pílulas Anticoncepcionais. Projeto
doença.O tratamento hormonal da endometriose
4 2012 Pílulas Anticoncepcionais. PIBID (Licenciatura) da Universidade Estadual de
pode ser realizado usando drogas com gestrinona.
Campinas, 2012, 7f., Campinas, mar. 2012.
Tem um efeito antigonadotrópico.
Os efeitos colaterais do danazol e da gestrinona
estão associados à criação de um ambiente hipoes-
trogênico e às propriedades androgênicas.
O tratamento hormonal da endometriose é base-
ado no uso de drogas que podem normalizar os
ovários e bloquear a formação de focos de endo-
metriose. Para o tratamento da endometriose com
hormônios, são utilizados comprimidos com com-
Endometriose: do diag- Marqui ABT. Endometriose: do diagnóstico ao trata-
5 2014 posição semelhante aos contraceptivos. Estas são
nóstico ao tratamento. mento. Rev Enferm Atenção Saúde 2014;
drogas do grupo danazol, gestrinona e decapeptil.
O tratamento hormonal da endometriose leva um
longo período de até seis meses ou mais. No trata-
mento, são utilizados comprimidos que aliviam a
dor na endometriose.
Orshan SA. Enfermagem na Saúde das Mulheres,
das Mães e dos Recém-Nascidos: o cuidado ao lon-
Enfermagem na Saúde go da vida. São Paulo: Artmed, 2010. [11 de Março
O presente estudo teve por objetivo analisar os
das Mulheres, das Mães de 2020].Disponível em:https://books.google.com.
6 2010 principais aspectos da endometriose com desta-
e dos Recém-Nascidos: o br/books?id=NStADQAAQBAJ &pg=PA183&dq=e-
que no diagnóstico e tratamento desta patologia.
cuidado ao longo da vida. tiologia+da+endometriose&hl=pt- BR&sa=X&re-
dir_esc=y#v=onepage&q=etiologia%20da%20 en-
dometriose& f= false.
A endometriose, um processo patológico carac-
terizado pelo crescimento e desenvolvimento de
tecidos semelhantes em estrutura e função ao en-
dométrio, além dos limites da localização normal (a
Como diagnosticar e tra- Veiga, A. G et al. Como diagnosticar e tratar o trom- membrana mucosa do útero), é um dos problemas
7 2013 tar o tromboembolismo boembolismo venoso. Lilacs, v. 13, n. 10, p. 335- urgentes da medicina moderna. Em relação aos
venoso. 341, maio/jul. São Paulo, 2013. mecanismos de desenvolvimento da endometrio-
se, vários pontos de vista são expressos, muitas
vezes diametralmente opostos. As principais mani-
festações clínicas da endometriose são dor (disme-
norreia, dispareunia, etc.) e infertilidade
78
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Nº do Ano de
Título do Documento Referências bibliográficas do documento Objetivo
texto Publicação
O tratamento da endometriose no primeiro estágio
deve incluir a remoção cirúrgica da heterotopia. No
segundo estágio, é recomendável o uso de terapia
Waiting for Godot: a Vercellini, P. et al. Waiting for Godot: a common-
hormonal. A endometriose é tradicionalmente
commonsense approach sense approach to the medical treatment of endo-
8 2011 considerada uma doença persistente e recorrente
to the medical treatment metriosis. Human Reproduction, v. 26, n. 1, p. 3-13,
que requer tratamento em longo prazo. Os prin-
of endometriosis 2011.
cipais especialistas de sociedades internacionais,
atentos à segurança e tolerabilidade dos medica-
mentos.
A gestrinona, que é um derivado da 19-norstero-
na e simultaneamente apresenta efeitos andro-
gênicos, progestagênicos, antiprogestagênicos e
Associations of coagula-
antiestrogênicos, também é amplamente utilizada
tion factor V Leiden and .Xingshun, Q. I. et al. Associations of coagulation
na prática médica. Acredita-se que o mecanismo
prothrombin G20210A factor V Leiden and prothrombin G20210A mu-
de sua ação se baseie na diminuição do nível de
mutations with Budd– tations with Budd–Chiari Syndrome and portal
9 2014 estrogênio e progesterona, no aumento do nível de
Chiari Syndrome and vein thrombosis: a systematic review and meta-a-
testosterona livre, na atividade celular e na atrofia
portal vein thrombosis: nalysis. Clinical gastroenterology and hepatology,
das heterotopias endometrióides. Por via de regra,
a systematic review and Shenyang, v. 12, n. 11, p. 1801-1812, nov. 2014.
a amenorréia enquanto toma gestrinona ocorre a
meta-analysis.
partir do segundo mês de uso do medicamento. A
droga é caracterizada por alta eficácia clínica, os
efeitos colaterais são semelhantes aos do danazol
DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. Bassi MA, Podgaec S, Dias Júnior JA, Sobrado CW; Amico Filho N Abrão MS. Endometriose
intestinal: uma doença benigna? Rev Assoc Med Bras 2009; 55(5). [citado 22 de janeiro de
2018].Disponível em:< http://www.scielo. br/pdf/ramb/v55n5/29.pdf>.
2. Belleli P, Dias Junior JA, Podgaec S, Gonzales M, Baracat EC, Abrão MS. Aspectos epide-
miológicos e clínicos da endometriose pélvica – uma série de casos. Rev Assoc Méd Bras
2010; 56 (4): 467-471. [citado 16 de janeiro de 2018]. Disponível em:http://www. scielo. br/
pdf/ ramb/ v56 n4/ 22.pdf.
3. Noel, J,C. et al. Estrogen and progesterone receptors in smooth muscle component of deep
infiltrating endometriosis. Fertil Steril, v. 93, p. 1774-1777, 2010.
5. Marqui ABT. Endometriose: do diagnóstico ao tratamento. Rev Enferm Atenção Saúde 2014;
6. Orshan SA. Enfermagem na Saúde das Mulheres, das Mães e dos Recém-Nascidos: o cui-
dado ao longo da vida. São Paulo: Artmed, 2010. [citado 18 de janeiro de 2018]. Disponível
em:https://books.google.com.br/books?id=NStADQAAQBAJ &pg=PA183&dq=etiologia+da+en-
dometriose&hl=pt- BR&sa=X&redir_esc=y#v=onepage&q=etiologia%20da%20 endometriose&
f= false.
81
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
7. Veiga, A. G et al. Como diagnosticar e tratar o tromboembolismo venoso. Lilacs, v. 13, n. 10,
p. 335-341, maio/jul. São Paulo, 2013.
8. Vercellini, P. et al. Waiting for Godot: a commonsense approach to the medical treatment of
endometriosis. Human Reproduction, v. 26, n. 1, p. 3-13, 2011.
82
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
07
Tratamentos disponíveis para a Doença
Falciforme: uma revisão integrativa
10.37885/210705227
RESUMO
A doença falciforme (DF) é uma condição genética, na qual quatro processos fisiopa-
tológicos principais estão envolvidos nas manifestações clínicas da doença, que são: a
polimerização da hemoglobina S, vaso-oclusão, hemólise mediada pela disfunção en-
dotelial e a inflamação. As opções terapêuticas permanecem limitadas e a conduta mais
seguida ainda inclui o manejo de suas complicações agudas e crônicas e na orientação
da família quanto ao cuidado e reconhecimento de quadros mais graves. Este estudo
constitui-se de uma revisão integrativa que teve como objetivo obter uma compreensão
sobre os tratamentos atualmente disponíveis para a doença falciforme. As buscas foram
realizadas nas bases de dados: SciELO, MEDLINE e LILACS. No processo de seleção
foi feito uma triagem a partir da leitura dos títulos dos resumos e do conteúdo dos arti-
gos selecionados. Ao final, foram selecionados 23 e foi visto que a grande maioria das
publicações era dos Estados Unidos, se tratava de ensaio clínico randomizado e apre-
senta nível de evidência II. Com relação ao conteúdo, foi observado que a hidroxiureia,
na infância, melhorou significativamente o prognóstico da doença; que as transfusões
podem provocar aloimunização principalmente naqueles pacientes com polimorfismo e
que a sobrecarga de ferro pode ser tratada com os medicamentos deferasirox, defero-
xamina e deferiprona, pois foram considerados seguros. Também se verificou que os
medicamentos crizanlizumabe, voxelotor e l-glutamina são novas drogas eficazes no
tratamento modificador do curso da doença falciforme, mas que o transplante de células
tronco hematopoéticas (TCTH) é o único tratamento promissor para a cura da DF.
84
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo que utilizou a revisão integrativa para analisar e descre-
ver os tratamentos atualmente disponíveis e as possíveis complicações relacionadas a estes.
As publicações foram selecionadas utilizando três bases de dados: SciELO, MEDLINE e
LILACS. Para a busca, utilizou-se a combinação de descritores controlados com o auxílio do
operador booleano AND. Os descritores controlados foram selecionados a partir do Medical
Subject Headings (MeSH) e dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).
Os critérios de inclusão utilizados no estudo foram: artigos que abordassem tratamentos
atuais e/ou estudos que referissem sobre tratamentos futuros da DF; artigos em todos os
idiomas e aqueles publicados nos último 10 anos. Foram excluídos os artigos de revisão; arti-
gos com conclusões não significativas, artigos duplicados, teses, monografia e dissertações.
As publicações selecionadas foram organizadas e avaliadas segundo o nível de evi-
dência, proposto por Melnykee e Fineout-Overholt (2011). Assim, Nível de evidência I cor-
responde a revisões sistemáticas e Metanálise de todos os ensaios clínicos controlados e
randomizados, tendo força de evidência muito forte; Nível II relaciona-se aos Ensaios clínicos
controlados randomizados e bem delimitados com evidência forte; Nível III corresponde a
Ensaios clínicos controlados sem randomização; Nível IV a Estudo de coorte e Estudo de
caso-controle; Nível V a Estudos de revisão sistemática (estudos descritivos e estudos qua-
litativos); Nível VI a apenas estudo qualitativo ou estudo descritivo e Nível VII a opinião de
autoridades e/ou especialistas, sendo este com nível de evidência mais fraco.
Os artigos selecionados foram catalogados e os dados submetidos à análise estatística
descritiva simples, utilizando o programa de software Excel 2013.
86
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
RESULTADOS
A seleção das publicações foi constituída de 380 artigos, dos quais 159 foram descar-
tados por serem duplicados. Dos 221 artigos restantes, 144 foram excluídos após análise
do título, restando 77. Dos 77 artigos, 54 artigos foram eliminados, pois não apresentavam
resultados significantes, ficando a amostra final composta por 23 artigos.
Com relação à base de dados utilizada, verificou-se que 96,7% dos artigos foram obtidos
da base de dados MEDLINE, 4,3% da base SciELO e na base de dados LILACS não foram
encontrados artigos que atendessem aos critérios de inclusão estabelecidos (Tabela 1).
Artigos selecionados
Base de dados
n %
MEDLINE 22 95,7
ScieELO 1 4,3
LILACS 0 0
Total 23 100
Fonte: Elaborada pelo próprio autor a partir dos dados obtidos na pesquisa.
Artigos selecionados
País de origem do periódico
n %
Estados Unidos 15 65,3
Reino Unido 04 17,5
Brasil 01 4,3
Itália 01 4,3
Suíça 01 4,3
Países Baixos 01 4,3
Total 23 100
Fonte: Elaborada pelo próprio autor a partir dos dados obtidos na pesquisa.
87
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 3. Conteúdo dos artigos, segundo o delineamento e nível de evidência dos estudos
Nível de evidência
n % n % n %
Caso clínico randomizado 13 56,5 - - - -
Caso clínico não randomizado - - 09 39,2 - -
Caso controle - - - - 01 4,3
Total 13 56,5 09 39,2 01 4,3
Fonte: Elaborada pelo próprio autor a partir dos dados obtidos na pesquisa.
88
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Quadro 1. Síntese das informações extraídas dos artigos selecionados com título do artigo, periódico com ano de publicação,
tipo de estudo, nível de evidência, objetivos e conclusões.
89
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tipo de Estudo/ Nível
Título do Artigo Periódico e ano Objetivos Conclusões
Amostra de Evidência
90
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tipo de Estudo/ Nível
Título do Artigo Periódico e ano Objetivos Conclusões
Amostra de Evidência
DISCUSSÃO
91
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
transfusão e novos medicamentos no tratamento da DF. Esses artigos relataram evidências
importantes, com a conclusão de que há benefício na escolha em relação aos riscos do dano.
No ensaio clínico sem randomização (ECnR) o estudo ocorre com dois grupos, um no
qual há a intervenção e o outro que é o controle, mas a designação dos participantes para
cada grupo não se dá pela concordância dos pesquisadores envolvidos (NEDEL; SILVEIRA
2016). Krishnamurti et al., 2019; De La Fuente, 2019; Brewin et al., 2019; Sippert et al., 2017;
Estepp et al., 2016; Sippert et al., 2015; Elias et al., 2014; Dallas et al., 2013 e Cancado
et al., 2012 utilizaram esse delineamento nas suas pesquisas.
O caso controle (CC) é um estudo retrospectivo, no qual o pesquisador busca verificar
se há associação do uso de droga ou conduta com o índice de sucesso ou de falhas (NEDEL;
SILVEIRA 2016). Apenas o trabalho de Meinderts et al., 2019 usou esse delineamento, com-
parando a aloimunização em pacientes que possuíam polimorfismos no receptor Toll-like e
pacientes que não apresentavam essa alteração.
Com relação ao conteúdo contido em cada artigo, este foi classificado em três temáticas
principais para facilitar a análise, a interpretação e a discussão dos resultados: 1) tratamento
da dor na DF; 2) os tratamentos utilizados que modificam o curso da doença e 3) o uso do
transplante de medula óssea na DF.
1. Tratamento da dor na DF
Transfusão sanguínea
94
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Novos medicamentos
CONCLUSÃO
Concluiu-se que a maioria dos artigos foram publicados nos Estados Unidos, eram de
ensaio clínico randomizado e apresentaram nível de evidência II. 95
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Com relação ao conteúdo dos artigos, foi visto que a hidroxiureia, na infância, melhorou
o prognóstico da doença; que as transfusões podiam provocar aloimunização principalmente
nos pacientes com polimorfismo e que a sobrecarga de ferro pode ser tratada com os me-
dicamentos deferasirox, deferoxamina e deferiprona com segurança. Também se verificou
que os medicamentos crizanlizumabe, voxelotor e l-glutamina são novas drogas eficazes
no tratamento modificador do curso da doença falciforme, mas que o transplante de células
tronco hematopoéticas (TCTH) é o único tratamento promissor para a cura da DF.
REFERÊNCIAS
1. ATAGA, K. I. et al. Crizanlizumab for the prevention of pain crises in sickle cell disease. New
England Journal of Medicine, v. 376, n. 5, p. 429-439, 2017.
5. BREWIN, J. et al. The effects of hydroxycarbamide on the plasma proteome of children with
sickle cell anaemia. British journal of haematology, v. 186, n. 6, p. 879-886, 2019.
6. CANÇADO, R. et al. Two-year analysis of efficacy and safety of deferasirox treatment for
transfusional iron overload in sickle cell anemia patients. Acta Haematologica, v. 128, n. 2,
p. 113-118, 2012.
8. CALVARUSO, G. et al. Deferiprone versus deferoxamine in sickle cell disease: results from
a 5-year long-term Italian multi-center randomized clinical trial. Blood Cells, Molecules, and
Diseases, v. 53, n. 4, p. 265-271, 2014.
9. DALLAS, M.H. et al. Long-term outcome and evaluation of organ function in pediatric patients
undergoing haploidentical and matched related hematopoietic cell transplantation for sickle
cell disease. Biology of Blood and Marrow Transplantation, v. 19, n. 5, p. 820-830, 2013.
96
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
10. DE LA FUENTE, J. et al. Haploidentical bone marrow transplantation with post-transplantation
cyclophosphamide plus thiotepa improves donor engraftment in patients with sickle cell anemia:
results of an international learning collaborative. Biology of Blood and Marrow Transplanta-
tion, v. 25, n. 6, p. 1197-1209, 2019.
11. ELIAS, D.B.D. et al. Standardization method for measurement of hydroxyurea by Ultra High
Efficiency Liquid Chromatography in plasma of patients with sickle cell disease. Brazilian
Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 50, n. 3, p. 621-628, 2014.
12. ESTEPP, J.H. et al. Pharmacokinetics and bioequivalence of a liquid formulation of hydroxyu-
rea in children with sickle cell anemia. The Journal of Clinical Pharmacology, v. 56, n. 3, p.
298-306, 2016.
13. FALAGAS, M.E. et al. Comparison of PubMed, Scopus, web of science, and Google scholar:
strengths and weaknesses. The FASEB journal, v. 22, n. 2, p. 338-342, 2008.
14. GOUR, A. et al. A highly sensitive UPLC-MS/MS method for hydroxyurea to assess pharma-
cokinetic intervention by phytotherapeutics in rats. Journal of Chromatography B, v. 1154,
p. 122283, 2020.
16. KRISHNAMURTI, L. et al. Bone marrow transplantation for adolescents and young adults with
sickle cell disease: Results of a prospective multicenter pilot study. American journal of he-
matology, v. 94, n. 4, p. 446-454, 2019.
17. LEBENSBURGER, J.D. et al. Influence of severity of anemia on clinical findings in infants with
sickle cell anemia: analyses from the BABY HUG study. Pediatric blood & cancer, v. 59, n.
4, p. 675-678, 2012.
19. LUBEGA, F.A. et al. Low dose ketamine versus morphine for acute severe vaso occlusive pain
in children: a randomized controlled trial. Scandinavian Jour Pain, v. 18, n. 1, p. 19-27, 2018.
21. MEINDERTS, S. et al. Identification of genetic biomarkers for alloimmunization in sickle cell
disease. British journal of haematology, v. 186, n. 6, p. 887-899, 2019.
24. NIIHARA, Y. et al. A phase 3 trial of l-glutamine in sickle cell disease. New England Journal
of Medicine, v. 379, n. 3, p. 226-235, 2018.
25. PUCCINI, L.R.S. et al. Comparativo entre as bases de dados PubMed, SciELO e Google Aca-
dêmico com o foco na temática Educação Médica. Cadernos UniFOA. v. 28, p. 75 – 82, 2015.
97
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
26. SHEEHAN, V. A. et al. Genetic modifiers of sickle cell anemia in the BABY HUG cohort: in-
fluence on laboratory and clinical phenotypes. American journal of hematology, v. 88, n. 7,
p. 571-576, 2013.
27. SIMOES, B. P. et al. Allogenic bone narrow transplantation in sickle-cell diseases. Rev. Assoc.
Med. Bras., São Paulo, v. 62, supl. 1, p. 16-22, out. 2016.
28. SIPPERT, E. A. et al. Red blood cell alloimmunization in patients with sickle cell disease: corre-
lation with HLA and cytokine gene polymorphisms. Transfusion, v. 57, n. 2, p. 379-389, 2017.
29. SIPPERT, Emilia Ângela et al. Variant RH alleles and Rh immunisation in patients with sickle
cell disease. Blood transfusion, v. 13, n. 1, p. 72, 2015.
30. SUNDD, P.; GLADWIN, M. T.; NOVELLI, E.M. Pathophysiology of sickle cell disease. Annual
review of pathology: mechanisms of disease, v. 14, p. 263-292, 2019.
31. TANABE, P. et al. A randomized controlled trial comparing two vaso‐occlusive episode (VOE)
protocols in sickle cell disease (SCD). American journal of hematology, v. 93, n. 2, p. 159-
168, 2018.
32. THORNBURG, C.D. et al. Impact of hydroxyurea on clinical events in the BABY HUG trial. Blood,
v. 120, n. 22, p. 4304-4310, 2012.
33. VICHINSKY, E. et al. A phase 3 randomized trial of voxelotor in sickle cell disease. New En-
gland Journal of Medicine, v. 381, n. 6, p. 509-519, 2019.
34. VICHINSKY, E. et al. Long‐term safety and efficacy of deferasirox (Exjade®) for up to 5 years
in transfusional iron‐overloaded patients with sickle cell disease. British journal of haemato-
logy, v. 154, n. 3, p. 387-397, 2011.
35. VICHINSKY, E. et al. Efficacy and safety of deferasirox compared with deferoxamine in sickle
cell disease: Two‐year results including pharmacokinetics and concomitant hydroxyurea. Ame-
rican journal of hematology, v. 88, n. 12, p. 1068-1073, 2013
36. WANG, W.C. et al. Hydroxycarbamide in very young children with sickle-cell anaemia: a mul-
ticentre, randomised, controlled trial. The Lancet, v. 377, n. 9778, p. 1663-1672, 2011.
37. WARE, R.E. How I use hydroxyurea to treat young patients with sickle cell anemia. Blood, The
Journal of the American Society of Hematology, v. 115, n. 26, p. 5300-5311, 2010.
38. ZAGO, M. A.; PINTO, A.C.S. Fisiopatologia das doenças falciformes: da mutação genética à
insuficiência de múltiplos órgãos. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 29,
n. 3, p. 207-214, 2007.
98
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
08
Body composition and socioeconomic
factors in patients with hepatic
steatosis
Lívia Melo
10.37885/210303740
ABSTRACT.
The study aimed to evaluate the association of the components of body composition (body
mass index – BMI, waist circumference, basal metabolism, body fat percentage, fat weight,
fat free percentage and lean weight) with gender, age, income and schooling in patients
with hepatic steatosis. Descriptive and survey study, with quantitative analytical approach.
Data were collected through ultrasound and bioimpedance tests. The significance was p <
0.05 and software used was SPSS 22.0. A sample of 114 patients with hepatic steatosis,
70.1% were women. The mean age was 46.2, only 11.4% had normal BMI. The mean
BMI was 30.4, waist circumference 100.2 cm, fat percentage 37.97%, basal metabolism
1451.9 kcal, fat weight 31.0 kg. Statistical differences in several variables in relation to
gender and age were found. However, no statistically significant differences were found
regarding schooling and income. Changes in body composition were obvious in patients
with hepatic steatosis.
100
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUCTION
Hepatic steatosis is defined as the accumulation of fat that exceeds 5% of liver weight,
it is also the simplest component of Non-Alcoholic Fatty Liver Disease (NAFLD), the most
common cause of chronic liver disease being able to progress to steatohepatitis, cirrhosis,
and hepatocellular carcinoma (Santos & Cotrim, 2006; Ahmed, Abu, & Byrne, 2010).
Factors such as obesity, insulin resistance, dyslipidemia and other metabolic syndrome
components have been promoting a steady increase in the prevalence of hepatic steatosis
worldwide, thus making the liver more and more susceptible, modifying its response pattern
and favoring the worsening or appearance of liver lesions. NAFLD has been considered as
the hepatic representation of the metabolic syndrome (Marchesini et al., 2003; Stepanova,
Rafiq, & Younoss, 2010; Kwon, Oh, Hwang Lee, Kwon, & Chung, 2012).
Obesity is characterized by excess adipose tissue and its distribution is irregular
throughout the body, concentrated mostly on the trunk, especially in the abdominal area (Yi
& Kansagra, 2014). Central obesity is an important component of the metabolic syndrome,
reflecting the fact that the prevalence of the syndrome is driven by the strong relationship
between waist circumference and increased adiposity (Eckel, 2008). Although obesity is as-
sociated with several diseases, it is the excessive body fat, or fat mass, that is characterized
as an important factor for its evolution. The identification of people with body fat excess has
been playing a key role in creating preventive strategies and improving specific interventions.
The body mass index (BMI) has been used to classify overweight and obesity, but due to
the simplicity of this approach, it doesn’t provide information on fat percentage and muscle
mass (Völgyi et al., 2008).
The basal metabolic rate (BMR) is used to determine the energetic needs of individuals
and population groups and to express their physical activity level. BMR depends on age, sex,
body mass index, body fat, heart rate and insulin plasma levels, and it is mainly influenced
by lean body mass (Francischi, Pereira, & Júnior, 2001; Wahrlich & Anjos, 2001).
Abdominal ultrasound is the first option for the diagnosis of hepatic steatosis since it is
a simple method, that doesn’t use ionizing radiation, it is inexpensive, more accessible and
has no side effects (Boente et al., 2007). The bioimpedance, or bioelectrical impedance, is
an excellent method for measuring body composition through various parameters such as
weight, height, basal metabolism, fat mass, lean body mass and fat-free mass percentage
(Alvero-Cruz et al., 2001).
The purpose of this study is to assess the body composition in patients with hepatic
steatosis diagnosed by routine abdominal ultrasound and its association to their socioeco-
nomic aspects, out lining the profile of the population with this disease.
101
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
MATERIAL AND METHODS
The ultrasonography was performed with a convex and dynamic transducer (which
provides continuous and automatic image) of 3.75 MHZ frequency. The patient preparation
consisted of a fast of at least 6hours and the use of antiflatulent. In the ultrasound examination
were obtained: liver dimensions, edge features, parenchyma echo texture and classification of
liver fat in grades according to the criterion used by Saadeh et al. (2002). Grade 1 is defined
by fine echoes of the hepatic parenchyma with normal visualization of the diaphragm and
the intrahepatic vessels, grade 2 is defined by a diffuse increase in fine echoes with impaired
visualization of the intrahepatic vessels and diaphragmand grade 3 is defined by a significant
increase in fine echoes with impaired or absent visualization of the intrahepatic vessels.
102
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Stage 2: Bioimpedance examination
STATISTICAL ANALYSIS
For each dependent variable, the analysis was performed with a linear model involving
the following factors: hepatic steatosis degree, income, schooling and gender, and covariance.
When necessary, the Bonferroni post-test was performed. Values are expressed as mean and
standard deviation of the mean. Statistical significance was set at 5% (p < 0.05). For all analy-
zes, the SPSS® program (Statistical Package for Social Sciences, version 22.0) was used.
103
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
RESULTS AND DISCUSSION
From a total of 114 individuals with hepatic steatosis, it was observed that 80 (70.1%)
were females and 34 (29.9%) males. The mean age in patients with steatosis was 46.2 (SD
= 8.3) and 95% CI [44.6; 47.7].
When assessing the BMI according to the values established by the World Health
Organization, it was observed that only 13 (11.4%) had normal value, 44 (38.6%) were over-
weight, 32 (28%) presented grade I obesity, 20 (17.6%) grade II obesity and 5 (4.4%) grade
III obesity. The mean BMI of the sample was 30.4 kg m-² (SD = 5.3) and 95% CI [29.7; 31.7].
The waist circumference presented a mean of 100.2 cm (SD = 12.4) and
95% CI [97.8; 102.5].
Basal metabolism had a mean of 1451.9 Kcal (SD = 252.5) and 95% CI [1404.1; 1499.7].
The mean fat percentage of the evaluated patients was 37.97% (SD = 7.9) and 95% CI [36.4;
39.4], and fat weight averaging31.0 kg (SD = 10.3) and 95% CI [29.1; 32.9]. The fat free
percentage presented a mean of 61.8% (SD = 8.3) and 95% CI [60.3; 63.4]. While the lean
weight presented a mean of 50.0 kg (SD = 11.8) and 95% CI [47.8; 52.2].
The values of fat weight and BMI did not present statistical differences between the
genders. Regarding age, subjects were divided into two groups: between ages of 18 and 39
years and 40 years or older. Twenty-four (21%) were between 18 and 39 years old and 90
(79%) were 40 years or older. The variables fat percentage and fat-free percentage had no
statistical difference between the age groups.
Regarding schooling, 49 patients were illiterate or had first grade (43%), 34 second
grade (29.8%) and 31 third grade (27.2%). The association between variables and schooling
was not statistically significant.
Regarding income, 31 patients with steatosis had no income (27.2%), 31 (27.2%) re-
ceived a salary or family grant, 43 (37.7%) received two to four salaries and 9 (7.9%) recei-
ved five or more salaries. The association between variables and income was not statisti-
cally significant.
The values compared between genders, ages, income, schooling and grades of hepatic
steatosis are presented in Tables 2, 3, 4,5 and 6, respectively.
104
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Table 2. Comparison of means of body composition variables according togender.
Gender p**
Body composition variables
Female Male
Basal metabolism 1318.4 (109.8)* 1766.15 (230.7)* 0,000
Fat percentage 41.24 (6.6)* 30.3 (5.3)* 0,000
Fat weight 31.9 (10.5)* 28.9 (9.8)* 0.061
Fat free percentage 58.5 (7.04)* 69.7 (5.3)* 0,000
Lean weight 43.9 (5.05)* 64.35 (10.9)* 0,000
BMI 30.3 (5.44)* 31.6 (4.9)* 0.389
Abdominal circumference 97.8 (12.4)* 105.7 (10.9)* 0.007
*Values expressed as mean and standard deviation; **Calculated considering F-test of the
general linear model involving the main effects of the five independent factors.
Income
Body composition variables P**
Group 1 Group 2 Group 3 Group 4
Basal metabolismo 1375.1 (188.5)* 1468.2 (229.0)* 1480.3 (297.8)* 1524.9 (327.1)* 0.976
Fat percentage 40.7 (6.1)* 37.7 (8.7)* 36.4 (8.1)* 36.7 (9.0)* 0.946
Fat weight 32.8 (10.76)* 31.5 (10.9)* 29.4 (9.8)* 30.8 (9.6)* 0.839
Fat free percentage 58.6 (7.4)* 62.3 (8.7)* 63.5 (8.1)* 63.2 (9.0)* 0.899
Lean weight 46.6 (8.7)* 50.6 (10.6)* 51.2 (13.7)* 53.5 (15.1)* 0.980
BMI 31.4 (5.6)* 31.3 (5.3)* 29.8 (5.0)* 30.1 (5.3)* 0.559
Abdominal circumference 100.2 (11.7)* 102.9 (13.0)* 98.0 (12.3)* 98.0 (14.4)* 0.413
Group 1: no income; Grupo 2: 1 salary or Family grant; Grupo 3: 2 to 4 salaries; Grupo 4: 5 or more salaries. *Values expressed
as mean and standard deviation; **Calculated considering F-test of the general linear model involving the main effects of the five
independent factors.
105
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Table 5. Comparison of means of body composition variables according to schooling.
Schooling
Body composition variables p**
Illiteracyor elementar school High school Higher education
Basal metabolismo 1430.3 (216.4)* 1507.5 (317.1)* 1425.2 (243.3)* 0.277
Fat percentage 37.9 (8.1)* 36.6 (7.7)* 39.5 (8.0)* 0.433
Fat weight 30.4 (9.7)* 31.0 (12.0)* 32.0 (9.6)* 0.625
Fat free percentage 61.7 (8.9)* 63.3 (7.7)* 60.5 (8.0)* 0.514
Lean weight 49.0 (10.0)* 52.6 (14.7)* 48.6 (11.1)* 0.221
BMI 30.8 (4.6)* 30.5 (6.4)* 30.6 (5.0)* 0.878
Abdominal circumference 100.8 (10.5)* 101.4 (16.0)* 97.9 (10.8)* 0.664
*Values expressed as mean and standard deviation; **Calculated considering F-test of the general linear model involving the main
effects of the five independent factors.
Table 6. Comparison of the means of the variables of body composition according to the degrees of hepatic steatosis.
The higher frequency of hepatic steatosis in females in the present study may be related
to the greater obesity prevalence in this genre, data shown by the WHO in 2012, that 10% of
men and 14% of women worldwide were obese. The WHO also concluded that in all regions
of the world, women were more likely to be obese than men (World Health Organization
[WHO], 2012; 2014). In addition, there is greater demand for health services by women.
The prevalence of obesity has reached epidemic proportions over the last years, it is
estimated that over one billion people worldwide are overweight of which 312 million are
obese (World Health Organization, 2012). In Brazil, it is estimated that 40% of adults present
some degree of overweight or obesity. Nowadays, obesity is a major public health problem
worldwide, in both developed and developing countries(Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística [IBGE], 2010). In 2008, 35% of adults older than 20 years of age were overweight.
The highest overweight and obesity rates (62% for overweight and 26% for obesity) are found
in the American countries, while Southeast Asia has the lowest rates (14% for overweight
and 3% for obesity) (World Health Organization, 2012). In this study, the younger age group
showed a significantly higher BMI mean when compared to older individuals. This may be a
reflection of how the elderly has been paying more attention to their health, adopting healthier
lifestyles and protecting themselves from obesity-related diseases.
106
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Rocha et al. (2005) suggested that measuring the BMI is useful in the evaluation of
patients with NAFLD and Novaković, Inić- Kostić, Milinić, Jovićević and Dželetović (2013)
showed that the BMI values were significantly higher in patients with metabolic syndrome
and hepatic steatosis than in patients with metabolic syndrome without steatosis.
Patell et al. (2014) examined 60 obese patients and divided them into two groups, being
the group A formed by patients with NAFLD, and the group B formed by individuals without
this disease. Regarding gender, they found a relation between genders female : male of 2 :
1 in group A and of 3 : 1 in Group B. The BMI in Group A mean was 35.15 (SD = 4.20) and
in group B was 33.54 (SD = 4.19). The present study confirmed that the presence of is a risk
factor for NAFLD.
Besides BMI, body fat percentage and other indexes are commonly used for the evalua-
tion of obesity. Community-based studies have reported positive associations between these
obesity-related indexes in both adults and children (Taylor, Keil, Gold, Williams, & Goulding,
1998; He, Ding, Fong, & Karlberg, 2000; Sorof & Daniels, 2002). For this evaluation, the
bioimpedance has gained acceptance in clinical practice, being highly effective and easy to
use, allowing the evaluation of fat mass and lean tissue mass, replacing advantageously the
measurement method of the thickness from skin folds that has great inter- and intra-examiner
variability (Donini et al., 2013). The results of body composition by bioelectrical impedance
are consistent and helpful in monitoring weight loss and change in fat body mass and lean
body mass (Leal et al., 2011).
According to the classification, a fat percentage of ≥ 25% in men and ≥ 32% in women
is considered as a high risk for developing obesity-related diseases (Heyward & Stolarczyk,
2000). The present study obtained a body fat percentage mean of 41.24% (SD = 6.6) in
women and 30.3% (SD = 5.3) in men, representing a high risk for developing these disor-
ders. It is worth mentioning the significant difference between the means of men and women,
which can be explained by hormonal influences. For the other variables, the younger ones
had a higher mean of fat percentage, as well as those who reported having no income and
had higher education, however this difference was not statistically significant. The increase
in body fat percentage is also associated with increased mortality and establishes risk for
developing metabolic syndrome (Zhu, Wang, Shen, Heymsfield, & Heshka, 2003; Mota,
Rinaldi, Pereira, Orsatti, & Burini, 2011).
The basal metabolic rate (BMR) resulted in 60 to 75% of daily energy expenditure and
it is associated with the maintenance of most of the functions. The rest of the daily energy
expenditure comes from the food thermal effect (10%) and the thermal effect of physical acti-
vity (15 to 30%). This daily energy expenditure directly affects body composition (Schneider &
Meyer, 2007). A lower BMR can cause accumulation of body fat and a greater predisposition
107
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
to diseases. There are evidences in the literature, about the inverse relationship between
energy expenditure by systematic and regular physical activity and the accumulation of fat,
verifying excellent results of physical activity for reducing weight and fat percentage, which
may help increase lean body mass, as well as improve metabolic features (Frainer, Adami,
& Vasconcelos, 2008). In the present study BMR was significantly lower in females and in
older individuals which may contribute to the greater number of obese people in these groups.
Although the present study did not find a statistically significant difference between
the variables of body composition and schooling and income, the Brazilian study by Lins
et al. (2013) showed that even in a low-income population, a higher level of schooling has
an impact on the prevention of obesity and on food choices. Studies have already shown
a tendency of the ratio of large percentage of obese people with low schooling (Monteiro,
Conde, & Castro, 2003).
Abdominal obesity assessed by waist circumference (WC) is related to a higher risk of
mortality (Meller et al., 2014). This reflects the accumulation of visceral fat directly related to
the genesis of the metabolic syndrome by promoting insulin resistance, glucose intolerance
and a chronic inflammatory state. The establishment of this homeostatic imbalance leads to
the development of dyslipidemias and to hepatic steatosis. It was observed in the present
study, a statistically significant relationship between increased waist circumference and more
advanced degrees of hepatic steaosis (Vanhoni, Xavier, & Piazza, 2012).
Novaković et al. (2013) reinforced that BMI values were significantly higher in patients
with metabolic syndrome with hepatic steatosis than in patients with metabolic syndrome
without hepatic steatosis. In the present study, a statistical significance was found between
the increase in BMI and the degree of hepatic steatosis found during the ultrasound exami-
nation. In this way, the BMI in conjunction with the components of the body composition – fat
weight, fat percentage, fat free percentage – are important parameters of correlation with the
degree of hepatic steatosis.
CONCLUSION
The present study observed a higher frequency of hepatic steatosis in female subjects,
which can be explained by the higher prevalence of obesity in this gender. There was no
statistically significant association between BMI values with gender. It was evident an as-
sociation between the components of body composition in patients with hepatic steatosis
and socio demographic variables such as gender and age. It is suggested to carry out other
studies with new anthropometric indicators to characterize new population profiles vulnerable
to obesity-related diseases in other to adopt preventive strategies including regular physical
exercise and nutritional guidance.
108
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
REFERÊNCIAS
1. Ahmed, M. H., Abu, E. O., & Byrne, C. D. (2010). Non- Alcoholic Fatty Liver Disease (NAFLD):
new challenge for general practitioners and important burden for health authorities? Primary
Care Diabetes, 4(3), 129-137.
2. Alvero-Cruz, J. R., Gómez, L. C., Ronconi, M., Vázquez, R. F., & Manzañido, J. P. (2011).
La bioimpedancia eléctrica como método de estimación de lacomposición corporal: normas
prácticas de utilización. Revista Andaluza de Medicina del Deporte, 4(4), 167-174.
3. Boente, L., Soares, D., Leal, R., Campos, F., Araújo, C., Matteoni, A. C., & Cotrim, H. P. (2011).
Doença hepática gordurosa não-alcoólica: importância da ultra-sonografia abdominal no diag-
nóstico. Gazeta Médica da Bahia, 81(1),7-9.
4. Donini, L. M., Poggiogalle, E., Delbalzo, V., Lubrano, C., Faliva, M., Opizzi, A., ... & Rondanelli,
M. (2013). How to estimate fat mass in overweight and obese subjects. International Journal
of Endocrinology, 2013. doi.org/10.1155/2013/285680.
6. Frainer, D. E. S., Adami, F., & Vasconcelos, F. D. A. G. (2008). Systematic review about me-
thods of energy expenditure and energy intake in children and adolescents. Brazilian Journal
of Kinanthropometry and Human Performance, 10(2), 197-205.
7. Francischi, P. R., Pereira, O. L., & Júnior, L. H. A. (2001). Exercício, comportamento alimen-
tar e obesidade: revisão dos efeitos sobre a composição corporal e parâmetros metabólicos.
Revista Paulista de Educação Fisíca, 15(2), 117-140.
8. He, Q., Ding, Z. Y., Fong, D. Y. T., & Karlberg, J. (2000). Blood pressure is associated with
body mass index in both normal and obese children. Hypertension, 36(2), 165-170.
9. Heyward, V. H., & Stolarczyk, L. M. (2000). Avaliação da composição corporal aplicada. São
Paulo, SP: Manole.
10. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE]. (2010). Pesquisa de orçamentos familiares
(POF 2008- 2009). Antropometria e Estado Nutricional de Crianças, Adolescentes e Adultos
no Brasil. Rio de Janeiro, RJ: IBGE. Retrieved from: http://biblioteca.ibge.gov.br/ visualizacao/
livros/liv45419.pdf
11. Kwon, Y. M., Oh, S. W., Hwang S. S., Lee, C., Kwon, H., & Chung, G. E. (2012). Association
of nonalcoholic fatty liver disease with components of metabolic syndrome according to body
mass index in Korean adults. The American Journal of Gastroenterology, 107(12), 1852-1858.
12. Kyle, U. G., Bosaeus, I., De Lorenzo, A. D., Deurenberg, P., Elia, M., Gómez, J. M., ... &Schar-
fetter, H. (2004). Bioelectrical impedance analysis—part II: utilization in clinical practice. Clinical
Nutrition, 23(6), 1430-1453.
13. Leal, A. A., Faintuch, J., Morais, Á. A., Noe, J. A., Bertollo, D. M., Morais, R. C., & Cabrini,
D. (2011). Bioimpedance analysis: should it be used in morbid obesity? American Journal of
Human Biology, 23(3), 420-422.
109
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
14. Lins, A. P. M., Sichieri, R., Coutinho, W. F., Ramos, E. G., Peixoto, M. V. M., & Fonseca, V.
M. (2013). Alimentação saudável, escolaridade e excesso de peso entre mulheres de baixa
renda. Ciência & Saúde Coletiva, 18(2), 357-366.
15. Marchesini, G., Bugianesi, E., Forlani, G., Cerrelli, F., Lenzi, M., Manini, R., ... Rizzetto, M.
(2003). Nonalcoholic fatty liver, steatohepatitis, and the metabolic syndrome. Hepatology,
37(4), 917-923.
16. Meller, F. O., Ciochetto, C. R., Santos, L. P., Duval, P. A., Vieira, M. F. A., & Schäfer, A. A.
(2014). Associação entre circunferência da cintura e índice de massa corporal de mulheres
brasileiras: PNDS 2006. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 19(1), 75-81.
17. Monteiro, C. A., Conde, W. L., & Castro, I. D. (2003). A tendência cambiante da relação
entre escolaridade e risco de obesidade no Brasil (1975-1997). Caderno de Saúde Pública,
19(s1),1975-1997.
18. Mota, J. F., Rinaldi, A. E. M., Pereira, A. F., Orsatti, F. L., & Burini, R. C. (2011). Indicadores
antropométricos como marcadores de risco para anormalidades metabólicas. Ciência & Saúde
Coletiva, 16(9), 3901-3908.
19. Novaković, T., Inić-Kostić, B., Milinić, S., Jovićević, L., & Dželetović, G. (2013). Cardiovascular
disease risk factors in patients with non-alcoholic fatty liver disease. Medicinski Pregled, 66(1-
2), 24-31.
20. Patell, R., Dosi, R., Joshi, H., Sheth, S., Shah, P., & Jasdanwala, S. (2014). Non-alcoholic
fatty liver disease (NAFLD) in obesity. Journal of Clinical and Diagnostic Research, 8(1), 62-66.
21. Rocha, R., Cotrim, H. P., Carvalho, F. M., Siqueira, A. C., Braga, H., & Freitas, L. A. (2005).
Body mass index and waist circumference in non-alcoholic fatty liver disease. Journal of Human
Nutrition and Dietetics, 18(5), 365-370.
22. Saadeh, S., Younossi, Z. M., Remer, E. M., Gramlich, T., Ong, J. P., Hurley, M., ... & Sheridan,
M. J. (2002). The utility of radiological imaging in nonalcoholic fatty liver disease. Gastroente-
rology, 123(3), 745-750.
23. Santos, R. R., & Cotrim, H. P. (2006). Relevância das medidas antropométricas na avaliação
de pacientes com doença hepática gordurosa não alcoólica. Revista Brasileira de Nutrição
Clínica, 21(3), 229-232.
24. Schneider, P., & Meyer, F. (2007). O papel do exercício físico na composição corporal e na
taxa metabólica basal de meninos adolescentes obesos. Revista Brasileira de Ciências e Mo-
vimento, 15(1), 101-107.
25. Sorof, J., & Daniels, S. (2002). Obesity hypertension in children a problem of epidemic propor-
tions. Hypertension, 40(4), 441-447.
26. Stepanova, M., Rafig, N., & Younoss, I. Z. M. (2010). Components of metabolic syndrome are
independent predictors of mortality in patients with chronic liver disease: a population-based
study. Gut, 59(10), 1410-1415.
27. Taylor, R. W., Keil, D., Gold, E. J., Williams, S. M., & Goulding, A. (1998). Body mass index,
waist girth, and waist-to-hip ratio as indexes of total and regional adiposity in women: evalua-
tion using receiver operating characteristic curves. The American Journal of Clinical Nutrition,
67(1), 44-49.
110
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
28. Vanhoni, L. R., Xavier, A. J., & Piazza, H. E. (2012). Avaliação dos critérios de síndrome meta-
bólica nos pacientes atendidos em ambulatório de ensino médico em Santa Catarina. Revista
da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, 10(2), 100-105.
29. Völgyi, E., Tylavsky, F. A., Lyytikäinen, A., Suominen, H., Alén, M., & Cheng, S. (2008). As-
sessing body composition whit DXA and bioimpedance: effects of obesity, physical activity and
age. Obesity Surgery, 16(1), 700-705.
30. Wahrlich, V., & Anjos, L. A. (2001). Aspectos históricos e metodológicos da medição e estimativa
da taxa metabólica basal: uma revisão de literatura. Caderno de Saúde Pública, 17(4), 801-817.
31. World Health Organization [WHO] (2014). Obesity: preventing and managing the global epide-
mic (Technical Report Series 894). Geneva, SW: WHO. Retrieved from:
33. Yi, S. S., & Kansagra, S. M. (2014). Associations of sodium intake with obesity, body mass
index, waist circumference, and weight. American Journal of Preventive Medicine, 46(6), 53-55.
34. Zhu, S., Wang, Z., Shen, W., Heymsfield, S. B., & Heshka, S. (2003). Percentage body fat
ranges associated with metabolic syndrome risk: results based on the third National Health
and Nutrition Examination Survey (1988–1994). The American Journal of Clinical Nutrition,
78(2), 228-235.
111
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
09
A tríplice epidemia das principais
arboviroses transmitidas no Brasil
Marina Atanaka
UFMT
10.37885/210705282
RESUMO
113
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
114
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Na região das Américas, a doença tem se disseminado com surtos cíclicos ocorrendo
a cada 3/5 anos. No Brasil, a transmissão vem ocorrendo de forma continuada desde 1986,
intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas com a introdução
de novos sorotipos em áreas anteriormente indenes ou alteração do sorotipo predominan-
te. O maior surto no Brasil ocorreu em 2013, com aproximadamente 2 milhões de casos
notificados (8).
O vírus da dengue pertence ao gênero flavivírus (família Flaviviridae). Eles têm quatro
sorotipos que causam tanto o dengue clássico (DC) como a febre hemorrágica do dengue
(FHD) e formam o que se denomina complexo do dengue (6) (9)
. A dengue é uma doença
febril aguda que tem uma grande variação de formas clínicas desde o dengue clássico até
quadros mais graves, como o dengue com complicação (DCC), febre hemorrágica do dengue
(FHD) e síndrome de choque do dengue (SCD). Em 2014, o Brasil começou a adotar a nova
classificação de casos de dengue da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente a
doença tem sido classificada como dengue, dengue com sinais de alarme e dengue grave.
Entretanto, em muitos casos, a doença se apresenta como uma febre leve indiferenciada e
em alguns casos não apresenta nenhum sintoma, acarretando frequentemente a não detec-
ção pelos próprios infectados ou a não identificação pelos profissionais de saúde (10). Alguns
dos sintomas comuns do dengue são semelhantes a muitas outras viroses e geralmente
incluem: febre, cefaleia, artralgia, mialgia, dor retro-orbitária, náusea e vômitos, anorexia,
astenia, prostração, prurido, e enxantema. Por isso a análise do contexto espaço temporal e
as informações laboratoriais e clínicas são imprescindíveis para se determinar se as causas
desses sintomas se devem a infecção pelo vírus do dengue (11).
No período de janeiro de 2003 a maio de 2019, foram notificados 11.137.664 casos
prováveis de dengue no Brasil. Observando-se a distribuição dos casos prováveis no período,
destacam-se cinco anos epidêmicos, sendo o primeiro em 2008, com a circulação do DENV2.
Posteriormente, o Brasil enfrentou epidemias nos anos de 2010, 2013, 2015 e 2016, marca-
das pela reintrodução de novos sorotipos em 2010 (DENV1) e em 2013 (DENV1 e DENV4),
bem como a introdução das novas arboviroses Chikungunya e Zika vírus, respectivamente,
assinaladas nas epidemias de 2015 e 2016(12). Analisando-se a distribuição geográfica da
incidência dos casos prováveis de dengue no período, observa-se que os municípios das
regiões Centro-Oeste e Sudeste concentram o maior número de casos. No entanto, os ca-
sos de dengue estão distribuídos em todo o território nacional, com menor incidência nos
municípios da região Sul(12).
Em 2019, até a Semana Epidemiológica (SE) 52 foram notificados 1.544.987 ca-
sos prováveis1 (taxa de incidência de 735,2 casos por 100 mil habitantes) de dengue no
país. A Região Centro-Oeste apresentou 1.349,1 casos/100 mil habitantes, em seguida
115
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
as regiões Sudeste (1.159,4 casos/100 mil habitantes), Nordeste (376,7 casos/100 mil ha-
bitantes), Norte (195,8 casos/100 mil habitantes) e Sul (165,2 casos/100 mil habitantes).
Destacam-se os estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás que concentraram 67,9% dos
casos prováveis do país (Tabela 1, anexo). A partir da SE 44, verifica-se aumento da incidên-
cia de dengue na região Norte, principalmente nos estados do Acre, Roraima e Tocantins (13).
Em 2019, foram confirmados 1.419 casos de dengue grave (DG) e 18.740 casos de
dengue com sinais de alarme (DSA). Ressalta-se que 1.297 casos de DG e DSA permane-
cem em investigação. Até o momento, foram confirmados 782 óbitos por dengue no país,
sendo 101 por critério clínico epidemiológico. As maiores taxas de letalidade (óbitos/100)
considerando os casos prováveis de dengue, foram observadas nas regiões Centro-Oeste
0,08% e Sul 0,06% (Tabela 2, anexo). Permanecem em investigação 312 óbitos. Em rela-
ção à chikungunya, foram confirmados 92 óbitos, sendo 19 por critério clínico epidemiológi-
co. As maiores taxas de letalidade (óbitos/100) considerando os casos prováveis de chikun-
gunya foram observadas nas regiões Centro-Oeste (0,09%), Sudeste (0,07%) e Nordeste
(0,07%), embora 71,7% (66 óbitos) estejam localizados no estado do Rio de Janeiro (Tabela
2, anexo). Permanecem em investigação 29 óbitos por chikungunya. Em relação aos óbitos
por Zika, foram confirmados três óbitos, todos por critério laboratorial, no estado da Paraíba.
Em relação à distribuição espacial de dengue, das 438 regiões de saúde do país obser-
va-se que 109 (24,9 %) regiões apresentaram, do período da SE 01 a 52 de 2019, incidência
acima de 1.000 casos/100 mil habitantes distribuídas nos estados do Acre, Tocantins, Ceará,
Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo,
Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.
Em 2020, até a SE 50 foram notificados 979.764 casos prováveis (taxa de incidência de
466,2 casos por 100 mil habitantes) de dengue no país. Nesse período, a região Centro-Oeste
apresentou a maior incidência com 1.200 casos/100 mil habitantes, seguida das regiões Sul
(934,1 casos/100 mil habitantes), Sudeste (376,4 casos/100 mil habitantes), Nordeste (261,5
casos/100 mil habitantes) e Norte (120,7 casos/100 mil habitantes) (Tabela 3).
No período de janeiro a junho de 2020 (SE 1 a SE 26), ocorreram 90,6% dos casos de
dengue (887.767) casos prováveis com taxa de incidência de 422,5 casos/100 mil habitantes.
Neste cenário, destacam-se os estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal,
Mato Grosso, Espírito Santo e Goiás (dados não apresentados em tabelas).
Entre as SE 27 a SE 50, foram notificados 9,4% dos casos prováveis no país (91.997
casos prováveis), correspondendo com a taxa de incidência de 43,8 casos por 100 mil ha-
bitantes. As unidades federadas que apresentaram a taxa de incidência acima de 100 ca-
sos/100 mil habitantes foram o Distrito Federal e Goiás (dados não apresentados em tabelas).
116
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 1. Número de casos prováveis e taxa de incidência (/100 mil hab.) de dengue, chikungunya e Zika*, até a Semana
Epidemiológica 52, por região e Unidade Federada, Brasil, 2019.
Dengue SE 52 Chikungunya SE 52 Zika SE 50
Região - UF
Casos Incidência Casos Incidência Casos Incidência
Norte 36.097 195,8 4.347 23,6 790 4,3
Rondônia 937 52,7 111 6,2 84 4,7
Acre 9.535 1.081,1 71 81 66 7,5
Amazonas 3.628 87,5 105 2,5 63 1,5
Roraima 1.601 265,3 51 8,5 22 3,6
Pará 5.572 63,6 3.655 42,5 196 2,3
Amapá 196 23,2 37 4,4 14 1,7
Tocantins 14.728 936,4 317 20,2 345 21,9
Nordeste 214.965 376,7 33.901 59,4 5.406 9,5
Maranhão 5.641 79,7 752 10,6 338 4,8
Piauí 7.953 243,0 898 27,4 56 1,7
Ceará 16.469 180,3 1.410 15,4 129 1,4
Rio Grande do Norte 32.004 912,6 13.713 391,0 1.232 351
Paraiba 18.545 461,5 1.449 361 406 101
Pernambuco 38.153 399,2 3.035 31,8 403 4,2
Alagoas 22.396 6711 1.920 57,5 731 21,9
Sergipe 6.325 275,2 300 13,1 62 2,7
Bahia 67.479 453,7 10.424 701 2.049 13,8
Sudeste 1.024.558 1.159,4 92.414 104,6 3.525 4,0
Minas Gerais 483.545 2.284,2 2.834 13,4 733 3,5
Espírito Santo 63.847 1.588,8 1.786 44,4 581 14,5
Rio de janeiro 32.563 188,6 86.264 499,6 1.541 8,9
São Paulo 445.593 968,2 1.530 3,3 670 1,5
Sul 49.509 165,2 479 1,6 106 0,5
Paraná 45.482 397,8 242 2,1 44 0,4
Santa Catarina 2.318 32,4 140 2,0 25 0,3
Rio Grande do Sul 1.709 15,0 97 0,9 37 0,3
Centro-0este 219.868 1.349,1 1.064 6,5 941 5,8
Mato Grosso do Sul 50.591 1.820,5 177 6,4 272 9,8
Mato Grosso 10.584 303,7 539 15,5 207 5,9
Goiás 120.317 1.714,3 129 1,8 269 3,8
Distrito Federal 38.376 1.272,7 219 7,3 193 6,4
Brasil 1.544.987 735,2 132.205 62,9 10.768 51
Fonte: Sinan Online (banco de dados de 2019 atualizado em 30/12/2019). Sinan Net (banco de dados de Zika de 2019 atualizado em
16/12/2019). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (população estimada em 01/07/2019). Dados sujeitos à alteração.
117
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 2. Casos prováveis, óbitos e taxa de letalidade por dengue e chikungunya, até a Semana Epidemiológica 52, por
região e Unidade Federada, Brasil, 2019.
Dengue SE 52 Chikungunya SE 52
Região/UF
Casos prováveis óbitos Letalidade Casos prováveis óbitos Letalidade
Norte 36.097 13 0,04 5.347 0 0,00
Rondônia 937 0 0,00 111 0 0,00
Acre 9.535 4 0,04 71 0 O,OO
Amazonas 3.628 0 0,00 105 0 O,OO
Roraima 1.601 1 0,06 51 0 O,OO
Pará 5.472 0 0,00 3.655 0 O,OO
Amapá 196 1 0,51 37 0 0,00
Tocantins 14.728 7 0,05 317 0 O,OO
Nordeste 214.965 95 0,04 33.901 23 0,07
Maranhão 5.641 4 0,07 752 1 0,13
Piaui 7.953 2 0,03 898 0 O,OO
Ceará 16.469 13 0,08 1.410 0 O,OO
Rio Grande do Norte 32.004 7 0,02 13.713 11 0,08
Paraíba 18.545 9 0,05 1.449 1 0,07
Pernambuco 38.153 10 0,03 3.035 1 0,03
Alagoas 22.396 5 0,02 1.920 0 0,00
Sergipe 6.325 13 0,21 300 0 0,00
Bahia 67.479 32 0,05 10.424 9 0,09
Sudeste 1.024.548 472 0,05 92.444 68 007
Minas Gerais 483.545 172 0,04 2.834 1 0,04
Espírito Santo 63.847 34 0,05 1.786 1 0,06
Rio de janeiro 32.563 1 0,00 86.264 66 0,08
São Paulo 445.593 265 0,06 1.530 0 0,00
Sul 59.509 31 0,06 479 0,00
Paraná 45.482 31 0,07 242 0 0,00
Santa Catarina 2.318 0 0,00 140 0 0,00
Rio Grande do Sul 1.709 0,00 97 0 0,00
Centro-0este 219.868 171 0,08 1.064 0,M
Nato Grosso do Sul 50.591 29 0,06 177 0 0,00
Mato Grosso 10.584 3 0,03 539 0 0,00
Goiás 120.317 81 0,07 129 0 0,00
Distrito Federal 38.376 58 0,15 219 1 0,46
Brasil 1.544.987 782 0,05 132.205 92 0,07
Fonte: Sinan Online (banco de dados de 2019 atualizado em 30/12 /2019). Dados sujeitos à alteração.
118
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 3. Número de casos prováveis e taxa de incidência (/100 mil hab.) de dengue, chikungunya e Zika, até a Semana
Epidemiológica 52, por região e Unidade Federada, Brasil, 2020.
Dengue SE 52 Chikungunya SE 52 Chikungunya SE 52
Região - UF
Casos Incidência Casos Incidência Casos Incidência
Norte 22.254 120,7 804 4,4 368 2,0
Rondonia 3.776 212,5 148 8,3 1 0,1
Acre 6.507 737,8 44 5,0 24 2,7
Amazonas 5.572 134,4 32 0,8 63 1,5
Roraima 558 92,1 9 1,5 6 1,0
Para 3.665 42,6 464 5,4 237 2,7
Amapa 58 6,9 8 0,9 6 0,7
Tocantins 2.118 134,7 99 6,3 31 1,9
Nordeste 149.267 261,5 58.336 102,2 5.226 9,1
Maranhao 2.547 36,0 202 2,9 156 2,2
Piaui 2.147 65,6 178 5,4 15 0,5
Ceara 23.628 258,7 1.070 11,7 243 2,6
Rio Grande do Norte 6.947 198,1 5.344 152,4 538 15,2
Paraiba 6.447 160,4 1.762 43,9 188 4,7
Pernambuco 20.841 218,1 5.184 54,2 221 2,3
Alagoas 2.306 69,1 169 5,1 153 4,6
Sergipe 1.913 83,2 3.813 165,9 186 8,0
Bahia 82.491 554,6 40.614 273,1 3.526 23,6
Sudeste 332.662 376,4 20.460 13,1 825 0,9
Minas Gerais 84.085 397,2 2.856 13,5 450 2,1
Espirito Santo 35.405 881,0 13.367 332,6 97 2,4
Rio de Janeiro 4.361 25,3 3.625 21,0 138 0,8
Sao Paulo 208.811 454,7 612 1,3 140 0,3
Sul 280.019 934,1 595 2,0 97 0,3
Parana 263.952 2.308,5 447 3,9 19 0,2
Santa Catarina 12.031 167,9 95 1,3 38 0,5
Rio Grande do Sul 4.036 35,5 53 0,5 40 0,4
Centro-Oeste 195.562 1.200,0 719 4,4 603 3,7
Mato Grosso do Sul 52.063 1.873,5 196 7,1 79 2,8
Mato Grosso 34.229 982,3 316 9,1 406 11,5
Goias 62.260 887,1 69 1,0 57 0,8
Distrito Federal 47.010 1.559,1 138 4,6 61 2,0
Brasil 979.764 466,2 80.914 38,5 7.119 3,4
Fonte: Sinan Online (banco de dados de 2020 atualizado em 14/12/2020). Sinan Net (banco de dados de zika de 2020 atualizado em
12/12/2020). ‘Dados consolidados do Sinan Online e e-SUS Vigilância em Saúde atualizado em 16/12/2020.lnstituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) (população estimada em 01/07/2019). Da dos sujeitos a alteração.
119
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 4. Número de óbitos confirmados e em investigação de dengue, até a semana epidemiológica 50, por região e
unidade federada, Brasil, 2020.
Dengue SE 1 a 50
SE 1 a 26 SE 1 a 26 SE 27 a 50 SE 27 a 50
Norte 12 4 2 0
Rondônia 3 0 0 0
Acre 3 0 1 0
Amazonas 5 0 1 0
Roraima 0 1 0 0
Parã 1 0 0 0
Amapá 0 0 0 0
Tocantins 0 0 0 0
Nordeste 28 25 8 20
Maranhão 3 0 2 0
Piauí 0 0 0 0
Cearà 8 0 3 1
Rio Grande do Norte 4 1 2 3
Paraiba 3 0 0 4
Pernambuco 1 16 0 3
Alagoas 0 0 1 0
Sergipe 0 0 0 0
Bahia 9 8 0 9
Sudeste 145 69 15 15
Minas Gerais 10 46 2 6
Espirito Santo 6 9 1 0
Rio de Janeiro 6 0 1 1
São Paulo 123 14 11 8
Sul 194 0 6 8
Paraná 188 0 6 8
Santa Catarina 0 0 0 0
Rio Grande do Sul 6 0 0 0
Centro-0este 124 43 7 11
Mato Grosso do Sul 38 2 2 0
Mato Grosso 17 3 1 0
Goiás 27 38 1 11
Distrito Federal* 42 0 3 0
Total 503 138 38 54
Fonte: Sinan Online (óanco de dados de 2020 atualizado em 14/12/2020). Dados sujeitos à alteração.
120
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 5. Número de óbitos confirmados e em investigação de Chikungunya, até a semana epidemiológica 50, por região
e unidade federada, Brasil, 2020.
Dengue SE 1 a 50
Região - UF Óbitos confirmados Óbitos em investigação Óbitos confirmados Óbitos em investigação
SE 1 a 26 SE 1 a 26 SE 27 a 50 SE 27 a 50
Norte 0 0 01
Rond6nia 0 0 0 0
Acre 0 0 0 0
Amazonas 0 0 0 0
Roraima 0 0 0 0
Para 0 0 0 0
Amapa 0 0 0 0
Tocantins 0 0 0 1
Nordeste 13 8 6 10
Maranhao 2 0 0 0
Piaui 0 0 0 0
Ceara 2 0 0 0
Rio Grande do Norte 2 0 1 2
Paraiba 3 0 2 1
Pernambuco 0 4 0 1
Alagoas 0 0 0 0
Sergipe 0 0 1 0
Bahia 4 4 2 5
Sudeste 5 2 1 0
Minas Gerais 0 1 0 0
Espirito Santo 3 0 0 0
Rio de Janeiro 2 1 1 0
Sao Paulo 0 0 0 0
Sul 0 0 0 0
Parana 0 0 0 0
Santa Catarina 0 0 0 0
Rio Grande do Sul 0 0 0 0
Centro-Oeste 0 0 0
Mato Grosso do Sul 0 0 0 0
Mato Grosso 1 0 0 0
Goias 0 0 0 0
Distrito Federal* 0 0 0 0
Total 19 10 7 11
Fonte: Sinan Online (óanco de dados de 2020 atualizado em 14/12/2020). Dados sujeitos à alteração.
O vírus Zika é um flavivírus (família Flaviviridae) transmitido por Aedes aegypti e que foi
originalmente isolado de uma fêmea de macaco Rhesus febril na Floresta Zika, na Uganda,
em 1947. Esse vírus é relacionado ao vírus da febre amarela, chikungunya e dengue, que
causam febre hemorrágica. Tem causado doença febril, acompanhada por discreta ocor-
rência de outros sintomas gerais, tais como cefaleia, exantema, mal estar, edema e dores
articulares, por vezes intensas. Apesar da aparente benignidade da doença, recentemente
na Polinésia Francesa e no Brasil, quadros mais severos, incluindo microcefalia com com-
prometimento do sistema nervoso central (síndrome de Guillain-Barré, mielite transversa e
meningite) têm sido registrados. Isso demonstra como essa doença é ainda pouco conhecida
123
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
e pressupõe a necessidade de aprimorar a vigilância de síndromes neurológicas em doentes
febris agudos(16).
O vírus Zika foi possivelmente introduzido durante a Copa do Mundo no Brasil em
2014. Atualmente a incidência das doenças e complicações causadas por esses vírus tem
aumentado de forma progressiva no Brasil, tendo inclusive se tornado endêmico em diversas
regiões do país(15).
Em 2016, SE 1 a SE 52, foram registrados 215.319 casos prováveis de febre pelo
vírus Zika no país. Foram confirmados laboratorialmente 8 óbitos por vírus Zika – no Rio de
Janeiro (4), no Espírito Santo (2), no Maranhão (1) e na Paraíba (1)(12).
Em 2017, até a SE 19, foram registrados 9.351 casos prováveis de febre pelo vírus
Zika no país, e uma taxa de incidência de 4,5 casos/100 mil hab.; destes, 3.356 (35,9%)
foram confirmados. A análise da taxa de incidência de casos prováveis de Zika (número
de casos/100 mil hab.), segundo regiões geográficas, demonstra que as regiões Norte e
Centro-Oeste apresentam as maiores taxas de incidência: 12,7 casos/100 mil hab. e 12,5
casos/100 mil hab., respectivamente(12).
Em 2019, até a SE 33, foram registrados 9.813 casos prováveis de Zika no país. No mes-
mo período de 2018, foram registrados 6.669 casos prováveis. A análise da taxa de incidência
de casos prováveis de Zika (número de casos/100 mil hab.) em 2019, até a SE 33, segundo
regiões geográficas, evidencia que as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte apresentam
os maiores valores: 6,7 casos/100 mil hab., 6,2 casos/100 mil hab. e 4,9 casos/100 mil hab.,
respectivamente. Na análise das UFs, destacam-se Tocantins (32,3 casos/100 mil hab.),
Rio Grande do Norte (27,0 casos/100 mil hab.), Alagoas (18,0 casos/100 mil hab.) e Espírito
Santo (15,7 casos/100 mil hab.)(13) (Tabela 6).
Quanto ao Zika (2019), é importante destacar que nenhuma região de saúde apresenta
taxa de incidência maior do que 100 casos/100.000 habitantes, entretanto observa-se a dis-
persão do ZIKV em 353 (80,6%) regiões de saúde, e que, em sete regiões de saúde (1,6%),
distribuídas nos estados do Tocantins, Rio Grande do Norte, Alagoas e Bahia observou-se
incidência maior que 50 casos/ 100 mil habitantes.
124
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 6. Número de casos prováveis e incidência de Zika, por região e Unidade da Federação, até a Semana Epidemiológica
33, Brasil, 2018 e 2019
Casos (n) Incidência (casos/100 mil hab.)
Região/UF
2018 2019 % Variação 2018 2019
Norte 662 886 33,8 3,6 4,9
Rondônia 21 46 119,0 1,2 2,6
Acre 21 69 228,6 2,4 7,9
Amazonas 329 66 -79,9 8,1 1,6
Roraima 8 12 50,0 1,4 2,1
Pará 170 159 -6,5 2,0 1,9
Amapá 13 32 146,2 1,6 3,9
Tocantins 100 502 402,0 6,4 32,3
Nordeste 1.835 3.819 108,1 3,2 6,7
Maranhão 114 245 114,9 1,6 3,5
Piauí 22 41 86,4 0,7 1,3
Ceará 84 123 46,4 0,9 1,4
Rio Grande do Norte 445 941 111,5 12,8 27,0
Paraíba 307 312 1,6 7,7 7,8
Pernambuco 70 437 524,3 0,7 4,6
Alagoas 114 598 424,6 3,4 18,0
Sergipe 5 56 1.020,0 0,2 2,5
Bahia 674 1.066 58,2 4,6 7,2
Sudeste 2.618 3.980 52,0 3,0 4,5
Minas Gerais 123 888 622,0 0,6 4,2
Espírito Santo 179 622 247,5 4,5 15,7
Rio de Janeiro 2.107 1.570 -25,5 12,3 9,1
São Paulo 209 900 330,6 0,5 2,0
Sul 20 137 585,0 0,1 0,5
Paraná 8 44 450,0 0,1 0,4
Santa Catarina 6 22 266,7 0,1 0,3
Rio Grande do Sul 6 71 1.083,3 0,1 0,6
Centro-Oeste 1.534 991 -35,4 9,5 6,2
Mato Grosso do Sul 78 272 248,7 2,8 9,9
Mato Grosso 551 215 -61,0 16,0 6,2
Goiás 879 305 -65,3 12,7 4,4
Distrito Federal 26 199 665,4 0,9 6,7
Brasil 6.669 9.813 47,1 3,2 4,7
Fonte: Sinan Online (banco de dados de 2018 atualizado em 21/01/2019; de 2019, em 23/08/2019). . População estimada em 01/07/2018
(IBGE). Dados sujeitos a alteração.
125
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Entre as Semanas Epidemiológicas (SEs) 45/2015 e 18/2017 (08/11/2015 a 06/05/2017),
o MS foi notificado sobre 13.719 casos suspeitos de alterações no crescimento e desen-
volvimento possivelmente relacionadas à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias infec-
ciosas, dos quais 3.245 (23,7%) permaneciam em investigação na SE 18/2017. Do total de
casos, 5.817 (42,4%) foram descartados, 2.722 (19,8%) foram confirmados e 127 (0,9%)
foram classificados como prováveis para relação com infecção congênita durante a ges-
tação. Além disso, 1.808 (13,2%) casos foram excluídos após criteriosa investigação, por
não atenderem às definições de caso vigentes. Entre os casos confirmados, 1.369 (50,3%)
estavam recebendo cuidados em puericultura, 1.110 (40,8%) em estimulação precoce e
1.524 (56,0%) no serviço de atenção especializada. Informações sobre o cumulativo de ca-
sos notificados e com investigação concluída no período de 2015-2016 podem ser obtidas
no Boletim Epidemiológico nº 6 de 2017, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério
da Saúde (SVS/MS).
Figura 1. Distribuição do total de notificações de casos suspeitos com alterações no crescimento e desenvolvimento
possivelmente relacionadas à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias infecciosas, segundo classificação final e atenção
à saúde, da Semana Epidemiológica 45/2015 até a Semana Epidemiológica 18/2017, por região e Unidade da Federação,
Brasil, 2015-2017.
127
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Todos os dados referentes a esse agravo são provenientes do Sinan Net. Em 2019, até
a SE 33, foram confirmados dois óbitos por Zika no estado da Paraíba(13).
Tabela 7. Distribuição dos municípios com casos e óbitos possivelmente relacionados à infecção pelo vírus Zika e outras
etiologias infecciosas, notificados e confirmados, até a Semana Epidemiológica 18/2017a , por região e Unidade da
Federação, Brasil, 2017.
Região/Unidade da fede- Número de municípios com casos em monitoramento Números de municípios com óbitos em monitoramento
ração Notificação Confirmado Notificação Confirmado
Centro-Oeste 88 25 23 5
Distrito Federal 1 1 1 -
Goiás 36 19 10 5
Mato Grosso 44 4 9 -
Mato Grosso do Sul 7 1 3 -
Nordeste 585 59 120 8
Alagoas 42 2 15 -
Bahia 174 14 14 2
Ceará 58 4 15 -
Maranhão 52 21 4 2
Paraíba 63 1 1 -
Pernambuco 110 9 58 3
Piauí 15 5 - -
Rio Grande do Norte 43 2 10 1
Sergipe 28 1 3 -
Norte 134 25 21 3
Acre 5 - 1 -
Amapá 2 1 1 1
Amazonas 15 5 2 -
Pará 51 8 10 -
Rondonia 13 7 2 -
Roraima 5 2 2 2
Tocantins 42 2 3 -
Sudeste 348 52 64 6
Espirito Santo 24 4 4 -
Minas Gerais 128 8 21 -
Rio de Janeiro 56 17 19 2
São Paulo 140 23 20 4
Sul 61 9 7 0
Paraá 10 - 1 -
Rio Grande do Sul 46 7 6 -
Santa Catarina 5 2 - -
Brasil 1.216 170 235 22
Fonte: RESP-Microcefalia. Dados extraídos em 10/05/2017 às 10h (horário de Brasília). a Inclui todos os casos em investigação na
SE 52/2016 e aqueles notificados entre as SEs 1 e 18/2017. Nota: Dados sujeitos a alteração. Os dados do RESP-Microcefalia são
atualizados de forma contínua pelos gestores em cada UF. Assim, pode haver diferenças em relação aos dados publicados no Informe
Epidemiológico no 57 do COES-Microcefalia, referente à SE 52/2016 (25 a 31/12/2016).
128
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
(UF). Cerca de um quinto dos municípios brasileiros (21,8%) apresenta pelo menos um caso
suspeito em monitoramento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Dengue: Guidelines for treatment, prevention and control.
Geneva: World Health Organization. WHO Library Cataloguing-in-Publication Data. New Edi-
titon, 2009. Disponível em: http://www.who.int/tdr/publications/documents/dengue-diagnosis.
pdf. Acesso em: 08 de abr. 2017.
4. Weaver SC, Reisen WK. Present and future arboviral threats. Antiviral Res. 2010; 85(2): 328-
45. https://doi.org/10.1016/j.antiviral.2009.10.008.
9. TALUIL, PL. Controle de agravos à saúde: consistência entre objetivos e medidas preventivas.
Inf. Epidemiol. Sus v.7 n.2, Brasília jun. 1998.
10. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico – Vo-
lume 46 - nº 03 - 2015 - Monitoramento dos casos de dengue, febre de chikungunya e febre pelo
vírus Zika até a Semana Epidemiológica 53, 2014. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.
br/imagens/pdf/2015/janeiro/19/2015-002---BE-atSE-53.pdf. Acesso em: 12 de abril de 2016.
11. Carvalho CDS, Souza ZH. Reflexão acerca da incidência dos casos de Dengue, Chikungunya
e Zica no Brasil. I Colóquio Estadual de Pesquisa Multidisciplinar – 06 a 08 de junho. Unifimes,
Mineiros – GO. 2016. Disponível em: file:///C:/Users/Alex/Downloads/6-13-1-SM%20(1).pdf.
Acesso em: 07 de junho de 2017.
12. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância em Saúde no Brasil
2003-2019: da criação da Secretaria de Vigilância em Saúde aos dias atuais. SVS 16 anos. Bol
Epidemiol [Internet]. 2019 set [citado 2019 Out. 19]; 50(n.esp.):1-154. Disponível em: https://
portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/setembro/25/boletim-especial-21ago19-web.pdf
13. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Monitoramento dos casos
de dengue, febre de chikungunya e febre pelo vírus Zika até a Semana Epidemiológica 19.
Boletim Epidemiológico, v. 48, n. 16, 2017. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/
images/pdf/2017/maio/25/Monitoramento-dos-casos-de-dengue-febre-de-chikungunya-e-fe-
bre-pelo-virus-Zika-ate-a-Semana-Epidemiologica.pdf. Acessado em: 07 de junho de 2017.
14. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Sarampo (SE 28 a 39 de 2019);
febre do Mayaro e febre do Oropouche; acidentes escorpiônicos; arboviroses urbanas trans-
mitidas pelo Aedes Aegypti (SE 1 a 36 de 2019). Bol Epidemiol [Internet]. 2019 out. [citado
2019 Out. 19]; v.50 n. 28(multitemático):1-35. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.
gov.br/images/pdf/2019/outubro/04/BE-multitematico-n28.pdf.
15. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Monitoramento dos casos
de arboviroses transmitidas pelo Aedes (dengue, chikungunya e Zika) até a Semana Epide-
miológica 34. Boletim Epidemiológico, v. 50, n. 22, Set. 2019. Disponível em: https://portalar-
quivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/setembro/11/BE-arbovirose-22.pdf. Acessado em: 15
Setembro de 2019.
16. OEHLER, E; WATRIN, L; LARRE P; LEPARC-GOLFRT, I et al. Zika virus infection complicated
by Guillain-Barré syndrome: case report, French Polynesia, December 2013. Euro Surveill.
2014 Mar;19(9): 20720.
17. VASCONCELOS, P.F. Doença pelo vírus Zica: um novo problema emergente nas Américas?
Rev Pan-Amaz Saude 2015; 6(2):9-10
131
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
18. ZANLUCA, C; MELO, VCA; MOSIMANN, ALP; SANTOS; et al. The first report of autochtonous
transmission of Zika virus in Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2015 Jun;110(4): 569-72.
20. BRASIL(b). Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde declara
fim da Emergência Nacional para Zika e microcefalia. Data de Cadastro: 11/05/2017. Disponível
em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/noticias-s-
vs/28348-ministerio-da-saude-declara-fim-da-emergencia-nacional-para-zika-e-microcefalia.
132
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
10
Análise in Silico do Remdesivir no
tratamento da coagulopatia da Covid-19
Kádima NayaraTeixeira
UFPR
10.37885/210605053
RESUMO
A atual pandemia de COVID-19 iniciou pelo relato de pneumonia com origem desco-
nhecida em pacientes de Wuhan na China. O patógeno foi sequenciado e caracterizado
no grupo dos Coronavírus e denominado inicialmente 2019-nCOV e posteriormente,
como SARSCOV-2. Sua apresentação clínica foi denominada COVID-19, cujos sinto-
mas variam de leves a severos, como a síndrome respiratória aguda e coagulopatia
intravascular disseminada. O tratamento feito com a associação de medicamentos tem
mostrado efeito promissor para o antiviral remdesivir frente a doença, incluindo o quadro
de coagulopatia. Neste trabalho foram estudadas possíveis interações existentes entre
o antiviral remdesivir com algum dos fatores de coagulação II protrombina (3U69) e III
tromboplastina (5W06) através da docagem molecular. Os dados e informações obtidos
acerca das interações químicas indicam que esse ligante apresenta afinidade com o
receptor, sustentada principalmente por ligações de hidrogênio, podendo assim interferir
na atividade desses fatores de coagulação, funcionando como um anticoagulante, e por
consequência, trazer benefícios para o tratamento de pacientes infectados com COVID-19
e em condições de coagulopatia intravascular disseminada.
134
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A docagem molecular foi utilizada para analisar, em nível molecular, se existe interação
entre o fármaco antiviral remdesevir com algum dos os fatores de coagulação, II protrom-
bina (3U69) e III tromboplastina (5W06) e caso esta interação exista, qual seria a finidade
e local e tipos de interação. Dessa forma, a simulação ajuda a entender melhor a dinâmica
de interação entre a proteína e o ligante (MENG et al., 1992).
Após a análise do estado de protonação do ligante remdesivir (PubChem 121304016),
foram obtidos nove estados, sendo que o primeiro estado de protonação apresentou maior
dominância (99,85%) em pH 7,4, o qual por ser o pH fisiológico consegue mimetizar de forma
mais confiável o comportamento do antiviral no organismo humano.
A afinidade de interação calculada pelo AutoDock Vina foi de -8,4 kcal/mol para o com-
plexo formado pela protombina com remdesevir e -8,2 kcal/mol para a tromboplastina com
remdesevir. Estes valores são considerados significativos visto que valores menores que -6,0
kcal/mol já constituem interações estáveis em análise in silico (SHITYAKOV, FÖRSTE, 2014).
O remdesivir recentemente foi reconhecido como um antiviral promissor para tratamento
de uma ampla gama de vírus de RNA. Este fármaco é um análogo de adenosina, que se
incorpora na fita de RNA viral nascente causando uma terminação pré-matura (WHANG
et al., 2020). Testes clínicos realizados com o remdesivir, in vitro e in vivo, têm demonstrado
resultados satisfatórios para o tratamento da COVID-19 (GUO, 2020).
137
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
No pulmão o SARS-CoV-2 pode causar pneumonia viral intersticial, síndrome da tem-
pestade de citocinas que causa uma resposta inflamatória sistêmica e coagulação intra-
vascular disseminada, que em muitos casos são fatais. Na ausência de uma terapia de
eficácia comprovada, a gestão atual consiste em uso de drogas existentes como antivi-
rais, antiparasitários, anti-inflamatórios, oxigenoterapia, heparina e plasma convalescente
(CONTINIA et al., 2020).
A coagulopatia intravascular disseminada tem sido uma das principais preocupações
devido à sua gravidade. A patogênese da coagulopatia induzida pela COVID-19 ainda não
foi totalmente elucidada, entretanto a produção excessiva de citocinas pro-inflamatórias, au-
mento de padrões associados a danos (DAMPs), estímulo de mecanismos de morte celular
e danos no endotelial vascular são as principais causas, em infecções graves. Na COVID-19
há um aumento prolongado de biomarcadores relacionados à elementos da cascata de
coagulação, como a fibrina, tempo de protrombina e de tromboplastina (IBA et al,. 2020).
Por meio da docagem molecular foi possível observar que o remdesivir interage com
a protrombina por meio de quatro interações de caráter polar, com comprimento variando
de 2,3 a 3,5 Å. (Figura 1 e Tabela 1). Essas interações possivelmente impedem a ação do
Fator Xa que converte a protrombina em trombina. Uma das funções da trombina está en-
volvida com a formação de fibrina e consequentemente do coágulo sanguíneo. Deste modo,
em um caso descontrolado de coagulação, a ação do remdesivir poderia ser benéfica.
138
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 1. Características das interações entre o remdesivir e o ao fator de coagulação II protrombina (3U69).
139
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. ANDRICOPULO, A.; GUIDO, R.; OLIVA, G. Virtual Screening and Its Integration with Modern
Drug Design Technologies. Current Medicinal Chemistry, v. 15, n. 1, p. 37- 46, 1 jan. 2008.
3. BBC. Coronavírus: o mapa que mostra o alcance mundial da doença [Internet]. Brasil: BBC;
2020 abr. 26 Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51718755.
4. CARLO C., CARLA, E. G., GIAMPIERO N., MARTINA, M., PIO C. New pharmacological appro-
ach based on Remdesivir aerosolized administration on SARS-CoV-2 pulmonary inflammation:
A possible and rational therapeutic application. Med Hypotheses, 24;144:109876, 2020. doi:
10.1016/j.mehy.2020.109876.
6. GORBALENYA, A.E. et al. The species Severe acute respiratory syndrome-related coronavirus:
classifying 2019-nCoV and naming it SARS-CoV-2. Nat Microbiol. 2020 mar. 02. 5, 536–544.
DOI: https://doi.org/10.1038/s41564-020-0695-z.
7. GUO, Z. Remdesivir: From compassionate medication to phase III clinical study. Acta Phar-
maceutica Sinica, 2020.
9. LIU, W.; LI, H. COVID-19: Attacks the 1-Beta Chain of Hemoglobin and Captures the Porphyrin
to Inhibit Human Heme Metabolism. ChemRvix. 2020.
140
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
10. MANLI W., RUIYUAN C., LEIKE Z. , XINGLOU Y. , JIA L. , MINGYUE X. , ZHENGLI S. ,
ZHIHONG H. , WU Z , GENGFU X.. Remdesivir and chloroquine effectively inhibit the recently
emerged novel coronavirus (2019-nCoV) in vitro. Nature - Cell Research (2020) 30:269–271;
https://doi.org/10.1038/s41422-020-0282-0.
11. MENG, E. C., SHOICHET, B. K., AND KUNTZ, I. D. Automated docking with grid-based energy
evaluation. J. Comput. Chem. 13, 505–524, 1992.
13. OLIVEIRA, E. D. S.; MORAIS, A. C. L. N. D. COVID-19: uma pandemia que alerta à população.
Interamerican Journal Of Medicine And Health, [S.L.], v. 3, p. 1-7, 2 abr. 2020.
14. OLIVEIRA, W.K. et al. How Brazil can hold back COVID-19. Epidemiol Serv Saude. 2020.
(Epub ahead of print).
15. OPAS/OMS. Folha informativa - COVID 19. 2020. Disponível em: https://www.paho.org/bra/
index.php?option=com_content&view=article&id=61 01:covid19&Itemid=875#contagio.
16. SALUM, L. B.; POLIKARPOV, I.; ANDRICOPULO, A. Structure-Based Approach for the Study
of Estrogen Receptor Binding Affinity and Subtype Selectivity. Journal Of Chemical Informa-
tion And Modeling, v. 48, n. 11, p. 2243-2253, 21 out. 2008.
17. SHEREEN, M.A. et al. COVID-19 infection: Origin, transmission, and characteristics of human
coronaviruses. Journal of Advanced Research. 2020 mar. 16 4:91-98. DOI: https://doi.or-
g/10.1016/j.jare.2020.03.005.
19. THOMAS-RÜDDEL, D. et al. Coronavirus disease 2019 (COVID-19): update for anesthesiolo-
gists and intensivists. Anaesthesist, 2020.
20. TOSHIAKI I., JERROLD L., MARCEL L., JECKO T. Coagulopathy in COVID-19, J Thromb
Haemost, 2020 Jun 18;10.1111/jth.14975. doi: 10.1111/jth.14975. Online ahead of print.
21. WU, Z.; MCGOOGAN, J. M. Characteristics of and Important Lessons From the Coronavirus
Disease 2019 (COVID-19) Outbreak in China. Jama, v. 323, n. 13, p. 1239, 7 abr. 2020.
141
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
11
Avaliação da qualidade do álcool gel
utilizado no comércio de Cascavel - PR
Suzane Virtuoso
UNIOESTE
10.37885/210504553
RESUMO
143
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
144
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Desde 2002, a comercialização de formulações alcoólicas acima de 54°GL (à tempe-
ratura de 20°C) somente eram permitidas na forma de gel, para garantir segurança e fácil
manuseio (BRASIL, 2019). Os produtos antissépticos líquidos com concentração de álcool
entre 60% e 80%, e os em gel com no mínimo 70%, deveriam ser destinados exclusivamente
aos estabelecimentos de saúde, conforme RDC 42/2010 (BRASIL, 2010). No entanto, devido
à pandemia de Covid-19, a demanda aumentou e, foi autorizada, especificamente durante a
duração da mesma, a fabricação de preparações alternativas (BRASIL, 2020b). As prepara-
ções alcoólicas mais utilizadas podem ser encontradas comercialmente nas formas líquida,
gel ou de espuma, sendo que as formulações podem apresentar variações dependendo do
país (GREENAWAY et al., 2018). No Brasil, o etanol nas concentrações de 70%, normal-
mente aplicado nas mãos por meio da forma farmacêutica gel, é o mais utilizado. A ANVISA,
através do Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira (FNFB) descreve os procedi-
mentos para produzir etanol 70% (p/p, porcentagem em massa) e 77% (v/v), álcool etílico
glicerinado 80% (v/v), álcool isopropílico glicerinado 75% (v/v) e álcool etílico em gel 70%
(p/p) (BRASIL, 2012).
Em resposta a pandemia, no Paraná, foi lançado o Decreto Estadual nº 4.230/2020 e
a Resolução SESA Nº 338 de 20/03/2020 e também o Plano de Contingência da Secretaria
Municipal de Saúde de Cascavel, e, de acordo com o Decreto nº 15.361 de 03 de abril de
2020, os estabelecimentos que mantiverem o funcionamento devem providenciar em locais
estratégicos o fornecimento de álcool gel 70% para uso dos funcionários e clientes (PARANÁ,
2020; CASCAVEL, 2020). É necessário conhecer o potencial microbicida do etanol disponível
às pessoas, pois, muitas vezes, é usado de forma inadequada, prejudicando seu mecanismo
de ação e se desviando de sua finalidade (TORTORA, 2017; BERNARDI & COSTA, 2017).
Parâmetros físico-químicos são bons indicativos da qualidade de um produto. Nesse senti-
do, é importante observar se as propriedades físicas originais estão conservadas, como por
exemplo, o aspecto, a cor, o odor, a uniformidade, dentre outras. Os parâmetros químicos
devem ser mantidos dentro dos limites especificados como, por exemplo, o teor de ingre-
dientes, dentre outros (BRASIL, 2004). Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo
avaliar a qualidade, incluindo características físico-químicas e teor alcoólico de amostras
de álcool em gel oferecidos aos clientes na recepção de estabelecimentos comerciais na
cidade de Cascavel – Paraná.
MÉTODO
146
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
d= (Fórmula 1)
Onde:
d = densidade
M0 = massa do picnômetro vazio, em gramas
M1 = massa do picnômetro com água destilada, em grama
M2 = massa do picnômetro com a amostra, em gramas
Verificação do teor alcóolico: Para avaliação do teor alcóolico do gel, foi utilizado um
refratômetro portátil RTU-100 Incotherm®, devidamente calibrado conforme manual, estando
as amostras na temperatura de 20°C. A leitura foi feita em grau Brix, escala numérica de
índice de refração, e posteriormente convertida em teor alcóolico através de dados contidos
na tabela “Concetrative properties of aqueous solutions: density, refractive index, freezing
point depression, and viscosity” (HAYNES, 2004).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
147
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 1. Resultados das características organolépticas, cor, odor, aspecto e transparência.
Características Organolépticas
Amostra
Cor Odor Aspecto Opaco
1 Incolor Odor Característico Levemente heterogêneo Transparente
2 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
3 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
4 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
5 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
6 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
7 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
8 Incolor Odor Característico Levemente heterogêneo Opaco
9 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
10 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
11 Incolor Odor Característico Heterogêneo Opaco
12 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
13 Incolor Odor Característico Presença de grumos Opaco
14 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
15 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
16 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
17 Incolor Odor Característico Presença de grumos Opaco
18 Incolor Odor Característico Presença de grumos Transparente
19 Azul Odor de eucalipto Heterogêneo Transparente
20 Incolor Odor Característico Heterogêneo Transparente
148
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Figura 1. Resultados da viscosidade nas amostras de álcool gel.
De acordo com a RDC nº 46/2002, a viscosidade do álcool em gel a 70% deve ser maior
que 8.000 cP (centipoise) a 25ºC, para diminuir os riscos de acidentes por queimadura ou
ingestão do produto. Nas amostras coletadas, 66,6% (20) das apresentaram viscosidade
abaixo de 8.000 cP, e 33,3% (10) estavam com a viscosidade acima desse valor, ou seja,
adequadas, de acordo com as especificações da lei (BRASIL, 2002). Nas preparações de
uso tópico, é essencial a manutenção de uma viscosidade apropriada, para obter a suavidade
e consistência desejável, para que o produto seja facilmente aplicável, permanecendo em
contato com a área afetada e ainda produzindo sensação agradável ao usuário (THOMPSON,
2006). Produtos com viscosidade mais elevada têm o tempo de evaporação retardado, quan-
do comparados a formulações mais liquidas, sendo considerados mais eficazes (ANDRADE
et al., 2007). A avaliação de amostras de álcool gel contra fungos e bactérias, demonstrou
que a viscosidade pode influenciar na eficácia do produto, assim, produtos com viscosidade
média são os mais indicados (SILVA & DEL COMUNE, 2011).
O pH caracteriza a acidez ou a alcalinidade de uma solução ou substância. A escala de
pH varia, ela pode ir de 1 (ácido) até 14 (alcalino), sendo que o pH de valor 7 é considerado
neutro (BRASIL, 2004). Na figura 2 são apresentados os resultados do pH das amostras
estudadas. Os valores de pH das amostras analisadas nesse trabalho, situaram-se na fai-
xa de 5,75 a 8,62.
149
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Figura 2. Resultados do pH nas amostras de álcool gel.
150
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Figura 3. Resultados da densidade nas amostras de álcool gel.
CONCLUSÃO
Os resultados encontrados nesse estudo possibilitam concluir que 93,3% (28) das
amostras analisadas não possuem teor alcoólico adequado segundo normas da ANVISA, e
dessa forma possivelmente não possuem eficácia contra o vírus SARS-CoV-2, já que para
isso o álcool deve estar a 70%. É importante ressaltar que preparações alcoólicas devem ser
manipuladas por técnicos habilitados, com a documentação legal necessária para realizar
a fabricação. Os resultados obtidos serão apresentados aos respectivos estabelecimentos
onde foram coletadas as amostras de álcool, e serão realizadas orientações reforçando
informações sobre a aquisição do produto a partir de empresas idôneas, e o adequado ar-
mazenamento para garantir a sua estabilidade.
REFERÊNCIAS
1. ANDRADE, D. et al. Atividade antimicrobiana in vitro do álcool gel a 70% frente a bactérias
hospitalares e da comunidade. 2007. Online. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/
article/view/323. Acesso em: 12/05/2021.
2. ANDRADE, D. et al. Álcoois: A produção do conhecimento com ênfase na sua atividade anti-
microbiana. Medicina. 2002. Online. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/ article/
view/785. Acesso em: 12/05/2021.
11. BRASIL. Ministério da Saúde. Coronavírus: o que você precisa saber e como prevenir o con-
tágio, 2020a.
12. BRASIL. Orientações Gerais para Produção de Formulações Antissépticas Alcoólicas. Quarta
diretoria, Brasilia, 2020b.
13. BRASIL. Resolução da diretoria colegiada – RDC nº 422, de 16 de setembro de 2020c. Define
os critérios e os procedimentos extraordinários e temporários para a fabricação e comerciali-
zação de preparações antissépticas ou desinfetantes sem prévia autorização da Anvisa e dá
outras providências, em virtude da emergência de saúde pública internacional relacionada ao
SARS-CoV-2., ANVISA, Brasilia, 2020c.
14. BRASIL. Resolução da diretoria colegiada - RDC nº 350, de 19 de março de 2020d. Define os
critérios e os procedimentos extraordinários e temporários para a fabricação e comercialização
de preparações antissépticas ou sanitizantes oficinais sem prévia autorização da Anvisa e dá
outras providências, em virtude a emergência de saúde pública internacional relacionada ao
SARS-CoV-2., Agência Nacional de Vigilância Sanitária. ANVISA, Brasilia, 2020d.
15. BRASIL. Resolução da diretoria colegiada - RDC nº 347, de 17 de março de 2020e. Defi-
ne os critérios e os procedimentos extraordinários e temporários para a exposição à venda
de preparações antissépticas ou sanitizantes oficinais, em virtude da emergência de saúde
pública internacional relacionada ao SARS-CoV-2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
ANVISA, Brasilia, 2020e.
154
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
17. GISCH, C. et al. Caracterização e Eficácia de Álcool Gel. Cosmetic & Toiletries, v. 29, p.
48 – 55, 2017.
18. GRAZIANO, M. et al. Eficácia da desinfecção com álcool 70% (p/v) de superficies contami-
nadas sem limpeza prévia. online, v. 21, n. 2, p. 1 – 6, 2013. Disponível em: https: //www.
scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692013000200618&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em:
12/05/2021.
19. GREENAWAY, R. E. et al. Impact of hand sanitizer format (gel/foam/liquid) and dose amount on
its sensory properties and acceptability for improving hand hygiene compliance. The Journal
of Hospital Infection, v. 100, n. 2, p. 195-201, 2018.
20. HAYNES, W. M. CRC Handbook of Chemistry and Physics. 85. ed. [S.l.: s.n.], 2004. v. 85.
21. KAMPF, G. et al. Persistence of coronaviruses on inanimate surfaces and their inactivation with
biocidal agents. Journal of Hospital Infection, v. 104, n. 3, p. 246-251, 2020.
22. LIMA, L. et al. A química dos saneantes em tempos de covid-19: você sabe como isso funcio-
na? Química Nova, v. 43, n. 5, p. 668 – 678, 2020.
25. PEREIRA, T. et al. Avaliação da qualidade de diferentes marcas de álcool gel comercializadas
na cidade de São Paulo. Boletim do instituto Adolfo Lutz, v. 25, n. 1, p. 15 – 16, 2015.
26. RABENAUA, G. et al. Efficacy of various disinfectants against SARS coronavirus. Journal of
Hospital Infection, v. 61, p. 107–111, 2005.
27. RUTALA, W.; WEBER, D. Guideline for disinfection and sterilization in healthcare facilities.
Center for Disease Control and Prevention (CDC), p. 158, 2008. Disponível em https://www.
cdc.gov/infectioncontrol/guidelines/disinfection/. Acesso em: 13/05/2021
29. SILVA, G.; COMUNE, A. D. Avaliação da eficácia bactericida e fungicida do álcool em gel 70%
manipulado na Farmácia-Escola da Universidade de São Caetano do Sul (FarmaUSCS) com-
parado ao álcool em 70% do mercado. 2011. Disponivel em: https://livrozilla.com/doc/1724371/
avalia%C3%A7%C3%A3o-da-efic%C3%A1cia-bactericida-e-fungicida-do-%C3%A1lcool-em.
Acesso em: 20/10/2020
30. SUCHOMEL, M. et al., Efficacies of the original and modified World Health Organization-recom-
mended hand-rub formulations. Journal of Hospital Infection, v. 106, n. 2, p. 264 – 270, 2020.
33. TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12ª ed. Porto Alegre: Artmed,
2017. 964 p.
35. WHO. World health organization. Water, sanitation, hygiene, and waste management for
the COVID-19 virus. online, 2020. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/hand-
le/10665/331846/WHO-2019-nCoV-IPC_WASH-2020.3-eng.pdf Acesso em: 20/10/2020.
156
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
12
Cenário tocantinense da prevalência
de casos de Hanseníase no período de
2016 a 2020: um resumo descritivo-
analítico
10.37885/210504569
RESUMO
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, também conhecida como Lepra e é cau-
sada pela bactéria Mycobacterium leprae. Essa doença é um grande problema de saúde
pública e o Tocantins detém altas taxas de endemicidade, sendo o estado que carrega a
maior taxa de mortalidade. Desse modo, objetivou-se analisar os dados disponíveis nos
domínios públicos referente à hanseníase e com isso realizar uma análise da prevalência
de casos no estado do Tocantins no período entre 2016 a 2020, com o intuito de transmitir
informação e consequentemente desencadear uma discussão em torno da problemática.
Para a elaboração do presente estudo, foi realizado um estudo epidemiológico, descritivo
e de abordagem quantitativa baseado em dados secundários provenientes do SINAN,
disponíveis no DATASUS (2016-2020) e pesquisa nas bases de dados SCIELO, em que
8 artigos foram selecionados. A partir desse estudo, foi constatado que a hanseníase
prevaleceu no Tocantins mais do que nos outros estados brasileiros mesmo havendo um
decréscimo das taxas nos últimos períodos. Conclui-se que além de ser um problema
bastante preocupante no Brasil, os estados brasileiros com maior prevalência da doença
têm também maiores índices de desigualdade social. Isso deixa de forma implícita que
as políticas de saúde devem permitir um melhor acompanhamento, monitoramento e
tratamento da doença para assim chegar cada vez mais perto de erradica-la.
158
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica que também é conhecida como Lepra
e é causada pela bactéria Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen. Após a infecção,
algumas consequências para o organismo são as lesões neurais (que são as mais graves),
lesões cutâneas do tipo máculas, pápulas ou nódulos únicos ou múltiplos, eritematosos
ou hipopigmentados, atingindo principalmente os olhos, mãos e pés e que se não forem
tratadas ou forem tratadas tardiamente têm o potencial de causar deformidades e incapa-
cidades (BASTOS, 2017). Assim, é possível afirmar que a hanseníase é considerada como
um problema grave devido ao seu poder imunogênico e também a sua alta capacidade de
penetração nas células nervosas e de afetar praticamente todos os órgãos e sistemas que
existam macrófagos (MONTEIRO, 2020). É uma doença que o único vetor é o homem e sua
transmissão é por via respiratória (contato com gotículas ou secreções do nariz) através do
convívio íntimo e prolongado de pessoas suscetíveis com os doentes bacilíferos não tratados.
O diagnóstico da doença em questão é feito por meio do exame clínico e pela identifi-
cação das lesões dermatoneurológicas, sendo que o tratamento é oferecido pelo SUS com
o objetivo de interromper a cadeia epidemiológica da doença.
Em 2016, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), registrou mais de 28.000
casos novos no Brasil. Dessa forma, apenas evidencia a alta taxa da doença no país e suas
consequências no âmbito econômico e social, portanto o Brasil é o segundo no ranking
global de países com maior número de casos novos de hanseníase registrados no mundo.
Além disso, o Brasil não alcançou ainda a meta de eliminação recomendado pela OMS. Tal
situação, sinaliza para a promoção de metas com o intuito de mudanças no cenário brasi-
leiro (NOVATO, 2020).
É perceptível que essa doença é um grande problema de saúde pública, já que faz
parte da lista, elaborada pela OMS, de doenças tropicais negligenciadas (DTNs). Esse grupo
de doenças são transmissíveis, prevalentes em 149 países e afetam mais de um bilhão de
pessoas, principalmente as populações que vivem na pobreza, sem saneamento básico e
em contato próximo com vetores e animais domésticos (SILVEIRA, 2020).
O Tocantins detém altas taxas de endemicidade para a hanseníase, sendo o estado
que carrega a maior taxa de mortalidade por essa doença. Assim, fica clara a alta negli-
gência com a Doença de Hansen mesmo que essa seja uma doença de fácil diagnóstico
e tratamento. Essa endemicidade enfatiza a permanência da desigualdade social já que a
hanseníase é uma doença diretamente relacionada à pobreza.
Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo analisar os dados disponíveis nos
domínios públicos referente à hanseníase e com isso realizar uma análise da prevalência
de casos no estado do Tocantins no período entre 2016 a 2020, com o intuito de transmitir
159
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
informação e consequentemente desencadear uma discussão em torno da problemática.
Logo, é relevante verificar a necessidade de implantação de medidas educativas mais efi-
cazes para a redução dos índices da doença no Tocantins.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
160
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Figura 1. Taxa de prevalência de Hanseníase no Tocantins entre os anos de 2016-2020.
Nos períodos de 2016 a 2020, houveram oscilações nos valores de prevalência, com
um pequeno decréscimo (2017), seguido do maior aumento (2018) e mais duas quedas pos-
teriores (2019-2020), acompanhando a diminuição de casos em âmbito nacional no último
ano (Figura 2). Durante esse mesmo período (2016-2020), foram registrados 8718 novos
casos de hanseníase no Tocantins, segundo o DATASUS.
161
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Pará e Rondônia, porém é notória a superioridade dos casos no Tocantins, evidenciando a
importância do estudo e controle da prevalência no estado (Tabela 3).
Tabela 3. Taxa de prevalência de casos de Hanseníase na região norte do Brasil por 10 mil habitantes.
162
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 4. Taxa de prevalência de casos de Hanseníase nas regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul, Sudeste)
e estado do Tocantins.
163
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
lenta e ao longo dos anos. Diante disso, deve-se pesquisar mais acerca do porquê das
quedas bruscas de índices de prevalência da doença em 2020.
No Brasil, foram estabelecidas metas e estratégias de eliminação da hanseníase, porém,
devido a uma série de desigualdades socioeconômicas regionais aliadas a grande extensão
territorial do país, a doença ainda não foi erradicada. Ademais, é importante ressaltar que
no Brasil, o acesso e a aplicação do serviço de saúde ainda são desiguais entre as classes
sociais, o que mostra a vulnerabilidade de adoecimento. Enquanto na região Sudeste e Sul
os problemas de desigualdade social são menores, já na região Norte o índice de carên-
cia social é elevado, o que fortifica a situação do estado com altas taxas de endemicidade
(CAMPIOL, 2020).
É possível observar que áreas mais pobres tendem a apresentar maiores índices de en-
demicidade, o gráfico 4 evidencia esta afirmação ao comparar os coeficientes de prevalência
de hanseníase da região Norte com a média do país. Esse grande número de prevalência
da hanseníase em regiões de menor condição socioeconômica pode ser justificado também
por questões operacionais da rede de atenção à saúde.
Diante o fato de que áreas com menos recursos apresentam uma maior taxa de pre-
valência mostrado na figura 1 e 2 e no gráfico 4, como é o caso do estado do Tocantins, a
busca dos casos contribui muito para o controle da hanseníase. Nesse sentido, os incen-
tivos ao diagnóstico da doença por meio de campanhas juntamente às visitas domiciliares
devem ser feitos com frequência a fim de se obter o diagnóstico precoce e não permitir que
a doença seja transmitida em larga escala.
A fim do controle da doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou a Estratégia
Global para Hanseníase 2016-2020 em vários países e esta estratégia tem como um dos
pilares o foco em crianças para diminuir a transmissão e incapacidades.
Por outro lado, no período de 2019 a 2020 houve uma queda no número de casos,
evidenciado nas figuras 1 e 2. O que pode justificar tal situação e junto a isso a menor taxa
de prevalência da doença nos anos analisados ser registrada no ano de 2020, é a pande-
mia de COVID-19. Principalmente por consequência das limitações nos sistemas de saúde
locais. (HOLLINGSWORTH,2021)
Ademais, houve uma menor atenção para com as DTNs nesse período de atipia, a
exemplo da nota emitida pela OMS com a recomendação para adiar as atividades de con-
trole para as DTNs até novo aviso, devido aos riscos potenciais dessas atividades em au-
mentarem a infecção pelo COVID-19 em Abril de 2021. (HOLLINGSWORTH, 2021). O que
mostra uma menor ação de combate com as DTNs nesse período, sendo mais provável que
os dados mostrados tenham sido subnotificados e a condição de queda pode não condizer
com a realidade.
164
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. ARAÚJO, Sabrina Menezes; SILVA, Leandro Nascimento. Vulnerabilidades em casos de han-
seníase na Atenção Primária à Saúde. REVISTA CIENTÍFICA DA ESCOLA ESTADUAL DE
SAÚDE PÚBLICA DE GOIÁS” CÂNDIDO SANTIAGO”, v. 5, n. 3, p. 38-50, 2019.
3. CAMPIOL, Neslayne Louise; DE SOUZA CRUZ, Giovanna Uchôa; CHIACCHIO, Adolpho Dias.
Avaliação dos indicadores epidemiológicos da hanseníase na região norte do Brasil. AMAZÔ-
NIA: SCIENCE & HEALTH, v. 8, n. 4, p. 57-69, 2020.
4. DE GÓIS, Georgia Oliveira; CAMERA, Larissa Tainara Baú; DA SILVEIRA, Silvestre Júlio
Souza. Perfil Clínico-Epidemiológico da Hanseníase no Estado do Tocantins no período de
2015 a 2018. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 7, p. 47277-47297, 2020.
165
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
7. MONTEIRO, Lorena Dias; MARTINS-MELO, Francisco Rogerlândio; PIRES, Bruno Sousa.
Tendência temporal e distribuição espacial da mortalidade relacionada à hanseníase no esta-
do do Tocantins, 2000-2015. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 29, p. e2018336, 2020.
166
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
13
Cuidados aos pacientes pós Covid em
uso de ventilação não invasiva: relato
de experiência do enfermeiro
10.37885/210404260
RESUMO
168
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
MÉTODO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
O COVID-19 veio para circular por um bom tempo entre os humanos e aqueles que
acabarem por contaminar-se com o vírus podem ter sérias sequelas ou recuperação len-
tificada. Um dos órgãos que frequentemente é atingido é o pulmão e dessa forma, muitos
pacientes após passar o período de contaminação, pós COVID-19, necessitam fazer uso
da VNI quanto já estão na enfermaria ou até mesmo na alta hospitalar.
O enfermeiro desenvolve papel essencial na reabilitação dos pacientes acometidos
pela COVID-19. Este profissional deve estar atento a evolução da doença, reconhecendo
de imediato sinais e sintomas que indiquem piora clínica, assim como, estar capacitado a
manejar e adaptar os equipamentos externos da VNI, reconhecer dados que indiquem o
funcionamento inadequado e solicitar avaliação das equipes competentes. Realizar educa-
ção do paciente e família durante a terapia com VNI e se for necessário para o uso também
domiciliar. Atuando como um facilitador da cura, de uma internação hospitalar mais breve
possível e o encaminhamento para uma alta com condições promissoras de brevemente
voltar a vida normal.
REFERÊNCIAS
1. BARBAS, C. S.; et al. Recomendações brasileiras de ventilação mecânica parte 1. Revista
Brasileira de Terapia Intensiva, Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p. 89-121. 2014. Disponível em:
<http://www.sadif.com.br/conteudo/arquivo/Recomendacoes- brasileiras-de-ventilacao-meca-
nica-2013-Parte-1-1525128139.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2021.
4. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Outpatient and Ambulatory Care
Settings: Responding to Community Transmission of COVID-19 in the United States. CDC,
2020. Disponível em: <https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/ddt-covid-19-200407.
pdf>. Acesso em: 24 abr. 2021.
5. CHAVES, T. S. S.; BELLEI, N. SARS-COV-2, o novo Coronavírus: uma reflexão sobre a Saúde
Única (One Health) e a importância da medicina de viagem na emergência de novos patógenos.
Revista de Medicina, São Paulo, v. 99, n.1, p. 1-4, fev. 2020. Disponível em: <https://core.
ac.uk/download/pdf/288188626.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2021.
173
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
6. FERIOLI, M.; et al. Protecting healthcare workers from SaRs-Cov-2 infection: practical indica-
tions. European Respiratory Review, Cambridge, v. 29, n. 155: 200068, abr. 2020. Disponível
em: <https://err.ersjournals.com/content/29/155/200068>. Acesso em: 24 abr. 2021.
8. GRANDE, R. A. A.; et al. Noninvasive ventilation in a pediatric ICU: factors associated with
failure. Jornal Brasileiro de Pneumologia, São Paulo, v. 46, n. 6, p. 1-8, ago. 2020. Dispo-
nível em: <https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v46n6/en_1806-3713-jbpneu- 46-6-e20180053.
pdf>. Acesso em: 24 abr. 2021.
9. HOUGHTON, C.; et al. Barriers and facilitators to healthcare workers’ adherence with infection
prevention and control (IPC) guidelines for respiratory infectious diseases: a rapid qualitati-
ve evidence synthesis. Cochrane Database of Systematic Reviews, Oxford, v. 4, n. 4, p.
1-68, abr. 2020. Disponível em: <https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.
CD013582/epdf/full>. Acesso em: 23 abr. 2021.
10. LEITE, C. T.; et al. Fatores associados ao sucesso da ventilação não invasiva em crianças
com insuficiência respiratória aguda em situação de emergência. Revista Eletrônica Acervo
Saúde, v. 13, n. 2, p. 1-10, fev. 2021. Disponível em: <https://acervomais.com.br/index.php/
saude/article/view/6108/4008>. Acesso em: 23 abr. 2021.
11. MCINTOSH, K. Doença de coronavírus 2019 (COVID-19). 2020. Disponível em: <http://www2.
ebserh.gov.br/documents/1688403/5111980/4.pdf/49227786-d768-470e- 9ea2-7e021aa96cc9>.
Acesso em: 24 abr. 2021.
12. REIS, N. F.; et al. Non-invasive ventilation in a university hospital intensive care unit: aspects
related to success and failure. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 26, n. 1, p. 3-8, mar.
2019. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/fp/v26n1/en_2316-9117-fp-26-01-3.pdf>. Aces-
so em: 24 abr. 2021.
16. WU, Z.; MCGOOGAN, J. M. Characteristics of and important lessons from the coronavirus
disease 2019 (COVID-19) outbreak in China: summary of a report of 72 314 cases from the
chinese center for disease control and prevention. JAMA, Chicago, v. 323, n. 13, p. 1239-1242.
2020. Disponível em: <https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2762130>. Acesso
em: 24 abr. 2021.
17. YUKI, K.; FUJIOGI, M.; KOUTSOGIANNAKI, S. COVID-19 pathophysiology: a review. Clinical
Immunology, Orlando, v. 215, p. 1-7. 2020. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
pmc/articles/PMC7169933/>. Acesso em: 24 abr. 2021.
174
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
14
Development of Topical Miltefosine
formulations for the treatment of
Cutaneous Leishmaniasis
10.37885/210604918
ABSTRACT
176
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUCTION
177
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
final market price of the formulation. The development of topical formulations of different
drugs to treat CL is presently a subject of very active research.
A topical formulation including amphotericinB 3 % (Anfoleish) has recently failed in a
phase II clinical trial due to its low efficacy (LÓPEZ et al., 2018). Topical paromomycin has
been reported as effective against some species of Leishmania, but the information on effec-
tivity against American species is contradictory and scarce. Besides, the treatment needs to
be long, local reactions occur in all cases and the formulations are not commercially available
(ARMIJOS et al., 2004; FAGHIHI e TAVAKOLI-KIA, 2003).
Hernandez and co-authors (PAOLA HERNANDEZ et al., 2014) have reported the in
vitro activity of Miltefosine (Milt) incorporated in liposomes being more active against L. (V.)
braziliensis than L. (V.) panamensis. Momeni and co-authors (MOMENI et al., 2013) repor-
ted a series of liposomal formulations with different drugs against cutaneous leishmaniasis
induced by L. (L.) major in vivo. The formulations, applied as injections in the sites of the
lesions, gave the best results when they contained Milt, although none produced a 100 %
cure or complete elimination of parasites in the lesions.
Miltefosine is an alkyl-phosphoryl-choline with a high solubility in water (>2.5 mg/
ml). It was originally developed as an anti-cancer drug and later found to be effective against
various forms of Leishmania, including L. (L.) amazonensis (AYRES et al., 2008; MARINHO
et al., 2011; VARELA-M et al., 2012). Milt was first approved for use in human visceral
leishmaniasis in India in 2002. In 2014, the FDA approved Milt oral capsules to treat human
visceral, cutaneous and muco-cutaneous leishmaniasis in patients older than 12 years of
age (SUNYOTO et al., 2018).
Miltefosine still produces side effects (mainly gastrointestinal) and the record of teratoge-
nicity in pre-clinical trials limits its use in children and fertile/pregnant women (SCHLOSSBERG
e SAMUEL, 2011). Importantly, children comprise between 7 and 70 % of all CL patients,
depending on the region (AL-TAWFIQ e ABUKHAMSIN, 2004; OLIVEIRA et al., 2004). Fertile
women must use a contraception that should not be orally administered due to the frequent
vomiting and diarrhoea produced by oral Miltefosine, further complicating treatment. In vivo,
a commercial form of Milt (Miltenox®) administered orally showed efficacy against L. (L.)
amazonensis but damage in the liver and spleen was found (GARCÍA BUSTOS et al., 2014).
A commercial topical formulation (Miltex®) contains Milt at 6 % and is used in breast
cancer lesions. Schmidt-Ott and collaborators topically tested this formulation in mice infected
with L. (L.) major and L. (L.) mexicana and found an important reduction in parasite burden
against L. (L.) major but relapse in animals infected with L. (L.) mexicana (SCHMIDT-OTT
et al., 1999). On the other hand, Van Bocxlaer and collaborators topically applied formulations
of Milt 6 % in different solvents (including water) to mice infected with L. (L.) major and found
178
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
irritation and low anti-Leishmania activity (VAN BOCXLAER et al., 2016). The information on
the therapeutic value of topical formulations of Milt 6 % is therefore contradictory or negative.
Since during the development of CL the amastigotes are localized in the dermis below
the ulcer, it is of the outmost importance that the active compounds of a topical formulation
are able to penetrate the skin and reach the dermis. Since the literature indicates that Milt
penetrates in very small amounts through the skin (VAN BOCXLAER et al., 2016), the use of
a penetration enhancer is probably necessary in order to increase the drug´s concentration
near the parasites.
Liposomes in a topical formulation modulate the penetration of drugs through the skin
(PERALTA et al., 2018). Ultraflexible/fluid liposomes enhance the penetration of hydrophilic
drugs of high molecular weight in healthy or damaged skin (CARNEIRO et al., 2012). In open
lesions, it has been shown that different active compounds have an enhanced ability to improve
wound healing when incorporated in liposomes (CARNEIRO et al., 2012; CHIANG et al., 2007).
With this scenario, the goal of this work was to find a topical formulation containing
Milt and liposomes that is able to give a good therapeutic result in vivo. We designed fluid
liposomes with incorporated Milt. Topical in vivo efficacy was evaluated in an animal model
of CL caused by L. (L.) amazonensis and was found to be extremely good.
METHODS
Ethics
Animal experimental protocols were approved by the Comité Institucional para el Cuidado
y Uso de Animales de Laboratorio from Universidad Nacional de Salta (Res. CD N° 745-
17). Procedures followed the Guide for the Care and Use of Laboratory Animals of NIH, and
complied with the ARRIVE guidelines and with Argentinian Law 14346 on Animal Protection.
Preparation of liposomes
Fluid liposomes (FL) were prepared by the thin film method (CARRER e MAGGIO, 2001).
Briefly, an appropriate amount of unsaturated phospholipids (Avanti Polar Lipids, Alabama,
USA) was dissolved in methanol:chloroform (Emsure, Germany) 1:2 v/v. The solvent was
evaporated with N2 under constant rotation in a glass vial and then 2 hours of vacuum was
applied to eliminate any residues of solvent. The resulting lipidic thin film was hydrated by
adding HEPES buffer 30 mM, pH 7.4 at room temperature up to a final lipid concentration
of 50 mg/ml. Multi-lamellar liposomal dispersions thus produced were extruded 17 times
through 100 nm pore polycarbonate membranes using a 1 ml extruder (Avanti Polar Lipids,
179
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Inc., Alabama, USA) at room temperature to obtain a homogeneous dispersion of 100 ± 30
nm uni-lamellar liposomes.
BALB/c mice were intradermally injected with 1-2 x 107 stationary phase L. (L.) amazo-
nensis (MHOM/BR73/M2269) promastigotes (50 µl) in the rump above the tail. Five weeks
after infection, when the ulcer was visible, the treatments were started. Mice were randomly
allocated in groups of five as: control group (without treatment), Milt group and Milt-FL group.
The formulations (100 µl) containing 0.5 % of Milt were topically administered covering both
the border and the centre of the ulcer, twice a day, 5 days a week, during 21 days. Mice
were observed after the gel administration for approx. 30 minutes. By visual inspection, the
gel was absorbed during this time and animals did not lick the wounds. At the end point of
experiments, animals were euthanized with a ketamine/xilacine overdose. The efficacy of
the treatments was assessed by the following means:
Lesion areas: Each lesion was measured weekly with a digital calliper during treatments.
The area (mm2) was estimated as: (d1/2) x (d2/2) x π, where d1 is the larger diameter and d2
is the smaller diameter.
Histology: Half of each lesion was immersed in 25 ml of 10 % formol buffer. After 48 h,
the lesions were embedded in paraffin, cut transversally and dyed with haematoxylin eosin.
Parasitic burden: Skin tissue samples (ulcers or cicatrized ulcers) were aseptically
removed and weighed. To obtain the amastigotes from tissue, we followed the protocol des-
cribed by Lima (LIMA et al., 1997). Briefly, skin tissue samples were homogenized in 25 ml
of sterile proline balanced salts solution (PBSS) containing 100 U/ml penicillin and 50 mg/L
streptomycin (P-S); the amastigotes were separated through mechanical tissue disruption
using a glass grinder. The homogenates were seated for ≥ 1 min on ice to allow chunk to 180
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
drop to the bottom of the tube. The concentration of parasites (amastigotes/ml) of each ho-
mogenate was determined by direct counting under a Zeiss optical microscope at 40X in a
Neubauer chamber (PENICHE et al., 2014). The total number of parasites in each homoge-
nate was calculated as amastigotes/ml x 25 ml, then the results were adjusted per milligram
of tissue (DIAS et al., 2018). The percentage of parasite inhibition with regard to controls
was calculated as (Average total number of amastigotes/mg of tissue in treated group) x 100
/ (Average total number of amastigotes/mg of tissue in control group).
Amastigote viability: A sample of each homogenate (1 ml) was cultured in Difco blood
agar (USMARU) medium containing 20 % of defibrinated rabbit blood plus P-S (MARCO
et al., 2005) since it is the most appropriate culture medium for parasite isolation. In order
to determine if visceralization of infection occurred in infected mice, samples of spleens
were also cultured in USMARU medium plus P-S. The cultures were examined for the
presence of Leishmania promastigotes after one week. Negative cultures were examined
during one month.
Leishmania-specific antibodys: IgG1 and IgG2a were measured by ELISA in serum
(samples taken at the end of the treatment or one month later). Plates were sensitized
with L. (L.) amazonensis antigen (1.75 mg/L), blocked with PBS-Tween + 5 % milk and treated
with mouse serum samples (1/50). IgG1 and IgG2a (BD Pharmigen Biotin Rat Anti Mouse
IgG1 and IgG2a, BD Biosciences) and Peroxidase Avidine were added in 1/3000 and 1/5500
dilutions respectively. The plate was revealed with 1 ml of 10X phosphate citrate buffer, 1 ml
of TMB in DMSO, 8 ml of bi-distilled water and 10 µL of peroxide hydrogen. The reaction was
stopped with H2SO4 (0.5 N) and read at 405 nm in a plate reader TECAN Infinite 200 PRO.
Hepatic enzymes: GOT (AST) and GPT (ALT) enzymes were determined by Aspartate
Aminotransferase and Alanine Aminotransferase acc. to IFCC without pyridoxal phosphate
activation according to the guidelines of the manufacturer. A Roche/Hitachi Cobas® c 701/702
analyser was used to quantify the results.
Statistical analysis: Statistical analyses were performed with a nonparametric Mann-
Whitney test at different p values. The software GraphPad (v.6) was used. Results are infor-
med as mean and standard error.
RESULTS
Both treatments (gels containing Milt and Milt-FL) decreased the lesion size compared
with the control group (Figure 1A). Mice treated with Milt-FL and Milt showed a parasite inhi-
bition of 99.7 / 99.8 %, respectively (Figure 1B). At day 21 of treatment, we observed clinical
cure (ulcer closure) in all the animals; however, a small cicatrix remained in 7 of 10 ulcers
treated with Milt and 4 of 10 in lesions treated with Milt-FL. Also, more hair had grown in the
181
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
lesion site of animals treated with Milt-FL than in animals treated with Milt (see photogra-
phs in Figure 1).
Figure 1. In vivo efficacy of 0.5 % Milt hydrogels. (A) Lesion area as a function of time. (B) Leishmania amastigotes
count reduction in lesion regions at the end of treatment. Symbols +/- indicates de viability of the remaining parasites.
Photographs of the lesions are representative of each group at the end of treatment. N = 5. **p < 0.004.
Reprinted by permission from Springer Nature, Drug Delivery and Translational Research (PERALTA et al., 2021)
Notice the high therapeutic efficacy of Milt at 0.5 %. The lesion practically disappears
(Figure 1A, light grey bars), and the parasitic inhibition is very high (99.8 %) (Figure 1B). In the-
se mice however, the culture of the tissue in USMARU medium was positive, indicating that
immediately after the end of treatment, the little number of parasites left in the skin were still
viable (able to transform into promastigotes). The addition of fluid liposomes increased the
efficacy of Milt, to the point that no viable parasites were found in the lesion region immedia-
tely after the end of treatment (culture in USMARU was negative, Figure 1B). The statistical
comparison of lesion sizes with the control group shows highly significant differences (p <
0.004) for Milt and Milt-FL at every tested point. Also, at every point during treatment, lesions
were smaller in the Milt-FL group compared to the Milt group, although the differences are
not statistically significant (p < 0.016).
To study reactivation (the appearance of a lesion within or at the border of a previously
healed lesion (ARANA et al., 2001)), two groups of animals, one treated with Milt and one with
Milt-FL, were kept alive for one month after finishing the treatment. We found parasites in the
healed skin of mice from the Milt group but they were not able to transform into promastigotes
(Figure 2A). No parasites were observed in skin samples of the Milt-FL group. In addition, no
visceralization was observed in any of these animals since spleen cultures were negative.
182
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Figure 2. In vivo efficacy of 0.5 % Milt hydrogels one month after finishing treatment. (A) Number of parasites per lesion.
Symbols +/- indicates de viability of the remaining parasites. (B) Representative photographs of the lesion site one month
after finishing treatment. Notice complete re-epithelization, lack of scarring and re-growth of hair.
Reprinted by permission from Springer Nature, Drug Delivery and Translational Research (PERALTA et al., 2021)
One month after end of treatment all the animals recovered the hair (Figure 2B) and
had a normal-looking skin at the site of the lesion. It is also notable that mice treated with
Milt-FL recovered the hair faster, since the length of hair at the lesion site was greater than in
the mice treated with Milt. Figure 3 shows histological cuts of the lesion sites of an untreated
control animal and of animals treated with Milt 0.5 % with or without liposomes. Figure 3A
shows how, in an untreated animal, the border of the ulcer is thickened and the tissue below
the skin is filled with a granuloma formed by infected macrophages. The great amount of
amastigotes present can be observed in Figure 3B (black arrows). Lesions treated with Milt
and Milt-FL showed complete re-epithelisation, without remaining infiltration. The epidermis
looks normal and no evident fibrosis can be observed (Figure 3C-F).
183
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Figure 3. (A-F) Histology of mouse skin one month after the end of treatment. (A) lesion of a control animal (without
treatment); (C) skin taken from the lesion site of an animal treated with Milt, (E) skin taken from the lesion site of an
animal treated with fluid liposomes + Milt. (B) is a magnification of (A), where parasites (black arrows) can be seen inside
parasitophorous vacuoles (red arrows). (D) and (F) are magnifications of (C) and (E), respectively, depicting the absence
of parasites or signs of inflammatory infiltration. Green arrows point to nucleus of dermal cells, light blue arrows point
to the extracellular matrix of the dermis. G = granuloma. E: epidermis, D: dermis, SF: subcutaneous fat, M: muscle, SC:
stratum corneum. (G) Serum immunoglobulin levels. Measurements made one month after the end of treatment. (H)
GOT; (I) GPT hepatic enzymes measured immediately at the end of treatment and one month later. N = 5.
Reprinted by permission from Springer Nature, Drug Delivery and Translational Research (PERALTA et al., 2021)
Serum immunoglobulins were measured one month after the end of treatment with Milt
to see the response of the immunological system to the infection. IgG1 is associated to a Th2
response and with the progression of the disease. On the other hand, IgG2a is associated
to a Th1 response and is related to the cure and the elimination of the parasites (CAMPOS,
2015; ROSTAMIAN et al., 2017). The ratio IgG2a/IgG1 considers both responses: a higher
value indicates a tendency to cure. One month after the end of treatment, the animals show
IgG2a/IgG1 ratios that are not significantly different to control (untreated) animals, although
animals treated with Milt plus liposomes have a slightly higher ratio than animals treated only
with Milt (Figure 3G).
To check for possible damage to the liver caused by the treatments, hepatic enzymes
GOT and GPT were measured (Figure 3H and I). The control group showed normal values
for BALB/c mice: 100 U/l for GOT and 30 U/l for GPT (OGASAWARA et al., 1993; SUCKOW
et al., 2001). Serum from animals treated with Milt or Milt-FL contained similar enzyme values.
184
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
DISCUSSION
We studied the in vivo efficacy of Milt with and without liposomes at a Milt concentra-
tion of 0.5 % w/v. In order to facilitate its topical application, we included the dispersions in
a hydrogel. We found that the formulations were extremely efficacious.
Notably, the gel containing only Milt (without any lipid) produced the apparent clinical
cure of the animals after a three-week treatment. While this group of animals still had viable
parasites in the skin immediately after the end of treatment, a month later the animals were
entirely cured, with no scar, regrowth of hair, and no (viable) parasites left at the lesion site.
The histology showed an extraordinarily good skin healing, with no apparent fibrosis and no
residual granuloma/inflammation.
The addition of fluid liposomes make the treatment equally efficient but faster. Already
at day 8 of treatment, there is a difference in lesion size compared to animals treated with
pure Milt, although the difference is not statistically significant. Furthermore, immediately after
the end of treatment, no viable parasites can be recovered from the lesions, while this result
can only be found with pure Milt a month after finishing the treatment. Animals treated with
Milt + liposomes also show macroscopical differences in healing speed. While both with and
without liposomes the animals show complete re-epithelisation, immediately after the end
of treatment those treated with liposomes show no scars at all and regrowth of hair, while
animals treated with pure Milt still show small scars, that will take one more month to heal
and become invisible due to hair regrowth.
Regarding systemic infection and toxicity, we did not find parasites in the spleen of
treated animals. Also, hepatic enzymes were not elevated, which indicates there is no injury
in the liver of the animals.
Milt has been shown to act both on the parasite and on the immune system of the host:
in the parasite, it interferes in the synthesis of lipids (RAKOTOMANGA et al., 2007), impairs
the metabolism of arginine (CANUTO et al., 2014) and produces cell death by oxidative stress
(MISHRA e SINGH, 2013). In the host, it has been shown to have an immunomodulatory
effect involving Th1 response, especially in animal models of visceral and diffuse cutaneous
leishmaniasis (PALIĆ et al., 2019). In our experiments, Milt-FL did not produce a significant
Th1 response, although IgG2a/IgG1 levels tend to be higher than in the control cases. Animals
treated only with Milt show IgG2a/IgG1 levels lower than the control animals, although again
the difference is not statistically significant. This lack of clear effect of Milt may be due to
our model. The Th1/Th2 balance is more complex in localised CL models than in visceral
models, with high levels of Th2 cytokines present in healing localised lesions (PALIĆ et al.,
2019). A future in vitro study of Th1 cytokines production like IFN-ϒ and IL-12 by infected
macrophages should help to better understand the immunomodulatory response of Milt-FL.
185
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Van Bocxlaer et al. reported that topical formulations of Milt at 6 % induced skin irritation
(VAN BOCXLAER et al., 2016). This fact could be related with the concentration used. In that
sense, it is important to mention that in our experiments we did not observe signs of irritation
in the animals, neither in Milt nor in Milt-FL groups.
Simultaneously with our work and corroborating our results, two very recent reports have
been published on the activity of topical Milt formulations on CL induced by other species of
Leishmania (KAVIAN et al., 2019; NEIRA et al., 2019). Neira et al. describe the efficacy of
a Carbopol gel containing Milt in BALB/c mice infected with L. (V.) braziliensis and L. (V.)
panamensis. These authors used 10 % DMSO as a penetration enhancer. This is a rather
high amount of DMSO, raising concern for irritation/toxicity. Kavian et al. report the effect of
topical formulations containing Milt on BALB/c mice subcutaneously infected with L. (L.) ma-
jor (KAVIAN et al., 2019). These formulations contained PC and cholesterol liposomes (our
liposomes contained no cholesterol) and were dissolved in buffer (a low-viscosity medium).
The formulation containing 0.5 % Milt failed to completely inhibit parasite burden, and only
the formulations containing 2 and 4 % Milt produced good parasite inhibition. No mention is
made to the possible irritation produced by the higher Milt concentrations. The presence of
cholesterol induces an increase in microviscosity and bending rigidity in phospholipid membra-
nes, inducing a liquid-ordered state in the membrane (SONG e WAUGH, 1993). It is possible
that the presence of cholesterol acts against the trans-epidermal penetration of Milt. This
would explain the need for higher concentrations of Milt to obtain a good therapeutic effect.
In the gel containing liposomes, most of Milt molecules will be partitioned into the lipo-
somes membranes. There is a certain agreement in the literature that, when in contact with
skin, liposomes can only penetrate intact the first few microns of the Stratum Corneum (SC),
thereafter breaking down, and the molecular components diffusing into the skin by them-
selves, rather than penetrating the skin intact (DREIER et al., 2016; PERALTA et al., 2018;
ROBERTS et al., 2017). In our view, it is not the presence of liposomes as intact carriers
to the dermis what aides the efficacy of Miltefosine, but rather the effect of the particular
phospholipid molecules used to produce the liposomes: unsaturated phospholipids make
skin lipids more fluid, therefore diminishing the barrier function of the skin and acting as a
penetration enhancer (WILLIAMS e BARRY, 2004).
However, a more nuanced effect may be at play here. As shown before (PERALTA et al.,
2018), liposomes can both increase a drug´s penetration into the skin and make the pene-
tration slower. We speculate that in the present case, liposomes accumulate on the first few
microns of the SC, acting as a depot of material slowly releasing Milt and phospholipids. The
lipids would aid the penetration of free Milt molecules by fluidizing the SC membranes. At the
same time, phospholipids could have an effect by themselves on the parasite’s survival.
186
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
CONCLUSION
The present work demonstrates that a topical treatment with pure Milt at a concentration
of 0.5 % w/v is highly effective against cutaneous leishmaniasis induced by L. (L.) amazo-
nensis in vivo, and that the addition of fluid liposomes enhances the anti-parasitic effect of
Milt, accelerating the clinical cure and the complete elimination of parasites. The combination
of the use of a gel to enhance viscosity and of fluid liposomes as penetration enhancers/
release modulators seems promising, since it avoids the risk of losing the formulation applied
on the skin due to low viscosity and also avoids the need to use a harsh penetration enhan-
cer such as DMSO.
Another important issue is whether this formulation will work in animals with a skin thicker
than that of mice, such as humans. Human skin is approximately 4 times thicker than mouse
skin. It is therefore of the outmost importance to try the formulation in other mammals with
thicker skin in order to evaluate the need of an adjustment of Milt or liposomes concentration,
the length of treatment, etc.
Authors would like to thank Dr. Pablo H. H. Lopez and Jose L. Amigone for their help
with the hepatic enzymes experiments, Dr. Alejandro Peralta for histology suggestions and
Federico Ramos and Alejandro D. Uncos for their help with animals experiments.
This work was supported by grants from Fundación Bunge y Born, from Secretaría de
Ciencia y Tecnología – Universidad Nacional de Córdoba and from CONICET.
REFERÊNCIAS
1. ADAMS, Jessica L e KASHUBA, Angela D M. Formulation, pharmacokinetics and pharma-
codynamics of topical microbicides. Best practice & research. Clinical obstetrics & gynae-
cology, v. 26, n. 4, p. 451–462, Aug. 2012.
3. ALVAR, Jorge et al. Leishmaniasis worldwide and global estimates of its incidence. PloS
one, v. 7, n. 5, p. e35671, 2012.
7. BRITO, Nayara C et al. Intralesional infiltration versus parenteral use of meglumine anti-
moniate for treatment of cutaneous leishmaniasis: A cost-effectiveness analysis. PLOS
Neglected Tropical Diseases, v. 13, n. 12, p. e0007856, 5 Dec. 2019.
8. CAMPOS, Bruno Luiz Soares. Análise de imunogenicidade e proteção gerada pelos imu-
nógenos de terceira geração pVAX1-FSD e pVAX1-SP contra a leishmaniose tegumentar
americana experimental. . São Paulo: [s.n.]. , 2015
11. CARNEIRO, Guilherme et al. Drug delivery systems for the topical treatment of cutaneous
leishmaniasis. Expert Opinion on Drug Delivery, v. 9, n. 9, p. 1083–1097, 2012.
13. CHIANG, Benjamin et al. Enhancing skin wound healing by direct delivery of intracellular
adenosine triphosphate. American journal of surgery, v. 193, n. 2, p. 213–218, Feb. 2007.
14. DESJEUX, P. Leishmaniasis: current situation and new perspectives. Comparative immu-
nology, microbiology and infectious diseases, v. 27, n. 5, p. 305–318, Sep. 2004.
16. DIAS, Daniel S et al. Vaccination with a CD4(+) and CD8(+) T-cell epitopes-based recom-
binant chimeric protein derived from Leishmania infantum proteins confers protective
immunity against visceral leishmaniasis. Translational research : the journal of laboratory
and clinical medicine, v. 200, p. 18–34, Oct. 2018.
17. DREIER, Jes e SØRENSEN, Jens A e BREWER, Jonathan R. Superresolution and Fluores-
cence Dynamics Evidence Reveal That Intact Liposomes Do Not Cross the Human Skin
Barrier. PLOS ONE, v. 11, n. 1, p. e0146514, 11 Jan. 2016.
18. EID, Daniel et al. Leishmaniasis patients’ pilgrimage to access health care in rural Bolivia:
a qualitative study using human rights to health approach. BMC International Health and
Human Rights, v. 19, n. 1, p. 12, 2019.
188
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
19. EID RODRÍGUEZ, Daniel e SAN SEBASTIAN, Miguel e PULKKI-BRÄNNSTRÖM, Anni-Maria.
“Cheaper and better”: Societal cost savings and budget impact of changing from systemic
to intralesional pentavalent antimonials as the first-line treatment for cutaneous leishma-
niasis in Bolivia. PLoS neglected tropical diseases, v. 13, n. 11, p. e0007788–e0007788, 6
Nov. 2019.
21. GARCÍA BUSTOS, María F. et al. In Vivo Antileishmanial Efficacy of Miltefosine Against
Leishmania ( Leishmania ) amazonensis. Journal of Parasitology, v. 100, n. 6, p. 840–847,
2014.
23. KAVIAN, Zahra et al. Development of topical liposomes containing miltefosine for the
treatment of Leishmania major infection in susceptible BALB/c mice. Acta tropica, v. 196,
p. 142–149, May 2019.
25. LÓPEZ, Liliana et al. A phase II study to evaluate the safety and efficacy of topical 3%
amphotericin B cream (Anfoleish) for the treatment of uncomplicated cutaneous leishma-
niasis in Colombia. PLOS Neglected Tropical Diseases, v. 12, n. 7, p. e0006653, 25 Jul. 2018.
26. MARCO, Jorge D et al. Species assignation of Leishmania from human and canine Ame-
rican tegumentary leishmaniasis cases by multilocus enzyme electrophoresis in North
Argentina. The American journal of tropical medicine and hygiene, v. 72, n. 5, p. 606–611,
May 2005.
27. MARINHO, Fernanda De Aquino et al. Miltefosine induces programmed cell death in
Leishmania amazonensis promastigotes.pdf. v. 106, n. June, p. 507–509, 2011.
29. MINODIER, Philippe e PAROLA, Philippe. Cutaneous leishmaniasis treatment. Travel me-
dicine and infectious disease, v. 5, n. 3, p. 150–158, May 2007.
30. MISHRA, Jyotsna e SINGH, Sarman. Miltefosine resistance in Leishmania donovani in-
volves suppression of oxidative stress-induced programmed cell death. Experimental
parasitology, v. 135, n. 2, p. 397–406, Oct. 2013.
31. MOMENI, Arash et al. Development of liposomes loaded with anti-leishmanial drugs for
the treatment of cutaneous leishmaniasis. Journal of liposome research, v. 23, n. 2, p.
134–144, Jun. 2013.
32. NEIRA, Laura Fernanda e MANTILLA, Julio Cesar e ESCOBAR, Patricia. Anti-leishmanial
activity of a topical miltefosine gel in experimental models of New World cutaneous
leishmaniasis. The Journal of antimicrobial chemotherapy, v. 74, n. 6, p. 1634–1641, Jun. 2019.
189
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
33. OGASAWARA, Jun et al. Lethal effect of the anti-Fas antibody in mice. Nature, v. 364, p.
806, Aug. 1993.
35. PALIĆ, Semra et al. Systematic Review of Host-Mediated Activity of Miltefosine in Leishma-
niasis through Immunomodulation. Antimicrobial agents and chemotherapy, v. 63, n. 7, p.
e02507-18, 24 Jun. 2019.
37. PENICHE, Alex G et al. Development of an ex vivo lymph node explant model for iden-
tification of novel molecules active against Leishmania major. Antimicrobial agents and
chemotherapy, v. 58, n. 1, p. 78–87, 2014.
39. PERALTA, Ma. F et al. Liposomes can both enhance or reduce drugs penetration through
the skin. Scientific Reports, v. 8, n. 1, p. 13253, 2018.
40. PIZZI, H. L. et al. El inexorable avance de la Leishmaniasis: comunicación del primer caso
autóctono de la Provincia de Córdoba. Revista de Salud Pública, v. 19, n. 2, p. 15–23, 2015.
42. ROBERTS, M S et al. Topical and cutaneous delivery using nanosystems. Journal of con-
trolled release : official journal of the Controlled Release Society, v. 247, p. 86–105, Feb. 2017.
43. ROSTAMIAN, Mosayeb et al. Lower levels of IgG1 in comparison with IgG2a are asso-
ciated with protective immunity against Leishmania tropica infection in BALB/c mice.
Journal of microbiology, immunology, and infection = Wei mian yu gan ran za zhi, v. 50, n. 2,
p. 160–166, Apr. 2017.
47. SUCKOW, Mark A. e DANNEMAN, Peggy e BRAYTON, Cory. The Laboratory Mouse. [S.l:
s.n.], 2001.
190
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
48. SUNYOTO, Temmy e POTET, Julien e BOELAERT, Marleen. Why miltefosine-a life-saving
drug for leishmaniasis-is unavailable to people who need it the most. BMJ global health,
v. 3, n. 3, p. e000709, 2018.
49. VAN BOCXLAER, Katrien et al. Topical formulations of miltefosine for cutaneous leishma-
niasis in a BALB/c mouse model. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 68, p. 862–872,
2016.
50. VARELA-M, Ruben E et al. In vitro and in vivo efficacy of ether lipid edelfosine against
Leishmania spp. and SbV-resistant parasites. PLoS neglected tropical diseases, v. 6, n. 4,
p. e1612, 2012.
51. WILLIAMS, Adrian C e BARRY, Brian W. Penetration enhancers. Advanced drug delivery
reviews, v. 56, n. 5, p. 603–618, Mar. 2004.
191
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
15
Dinâmica epidemiológica da febre do
Mayaro nas Américas: uma revisão
integrativa da literatura
10.37885/210404219
RESUMO
A febre do Mayaro é uma zoonose endêmica em florestas tropicais úmidas da região tro-
pical da América do Sul, em países como Brasil, Venezuela, Guiana, Suriname, Colômbia,
Bolívia, Peru, além de algumas áreas da América Central, cuja apresentação clínica é
um dos motivos pelos quais ela pode se tornar um problema de saúde pública. O objeti-
vo deste trabalho foi compreender a dinâmica epidemiológica da febre de Mayaro, com
relação à situação epidemiológica do vírus Mayaro nas Américas e aos fatores de risco
presentes nas Américas que contribuem para o caráter emergente da doença. Trata-se
de uma pesquisa descritiva, exploratória, que se baseou em uma revisão integrativa da
literatura com base em artigos científicos disponibilizadas em meio digital, publicados
entre janeiro de 2010 e agosto de 2020, coletados através de consulta às bases de da-
dos SciELO, BIREME, PUBMED e LILACS. A situação epidemiológica do vírus Mayaro
nas Américas é preocupante, havendo uma dramática disseminação nas Américas nas
últimas décadas, com a ocorrência de surtos esporádicos principalmente em regiões da
floresta amazônica, o que contribui para o caráter emergente da doença, a qual está
presente em quase todos os países desses continentes.
193
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
MÉTODO
195
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
como seus correspondentes em inglês: “Mayaro Fever”, “Arboviruses”, “MAYV”, “Emerging
Diseases”, “Emerging Viruses” and “Neglected Arboviruses”.
Os estudos foram selecionados com base no título e resumo; para uma análise mais
detalhada, foi obtido o texto completo. Após a leitura completa das publicações, estas foram
avaliadas e incluídas/excluídas, extraindo-se e analisando-se os dados de forma descritiva.
Para organização dos dados foi elaborado um quadro-síntese, com análise dos seguintes
aspectos: situação epidemiológica do vírus Mayaro nas Américas e fatores de risco presentes
nas Américas que contribuem para o caráter emergente da doença.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre o material consultado para subsidiar este estudo, dos 90 (noventa) artigos en-
contrados, 46 (quarenta e seis) foram na base de dados SciELO, 18 (dezoito) na BIREME,
11 (onze) na PUBMED e 15 (quinze) artigos na base LILACS, dos quais 32 (trinta e dois)
foram selecionados para base de análise do presente projeto, onde 24 (vinte e quatro) foram
excluídos por não se enquadrarem no objetivo do mesmo, restando 8 (oito) artigos que se
direcionaram para abordagem levantada neste estudo (Figura 1).
196
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Quadro 1. Síntese das publicações selecionadas, segundo autor, ano de publicação, situação epidemiológica, fatores de
risco e conclusões. Macapá-AP, 2020.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. ESPOSITO, Danillo Lucas Alves; FONSECA, Benedito Antonio Lopes da. Will Mayaro virus be
responsible for the next outbreak of an arthropod-borne virus in Brazil?. Braz J Infect Dis, Sal-
vador, v. 21, n. 5, p. 540-544, Oct. 2017.
7. GALA, G. A. La infección por virus Mayaro: algunos datos importantes sobre su epidemiologia.
Bolipk, v. 20, n. 22, 2010. Disponível em < https://www.medigraphic.com/cgi-bin/new/resumen.
cgi?IDARTICULO=72401 >. Acesso em 19 set. 2020.
8. GANJIAN, N. R. A. Mayaro virus in Latin America and the Caribbean. Rev. Panam. Salud
Publica, v. 4, n. 14, 2020.
9. MATTAR, Salim; GONZÁLEZ, Marco. Mayaro and Chikungunya; two alphaviruses with clinical
and epidemiological similarities. Rev. MVZ Córdoba, v. 20, n. 20, 2015. Disponível em <https://
www.redalyc.org/pdf/693/69342523001.pdf >. Acesso em 19 set.2020.
10. MEUNIER, Yann A. Tropical diseases: a pratical guide for medical practitioners na students.
New York: Oxford University Press, 2014.
11. MUÑOZ, M.; NAVARRO, J. C. Virus Mayaro: un arbovirus reemergente en Venezuela y Lati-
noamérica. Biomédica, v. 32 n. 2, Bogotá Apr./June, 2012.
12. NAPOLEÃO-PEGO, Paloma et al. Mayaro Virus Disease. Journal of Human Virology & Retro-
virology, v. 1, n. 3, 2014. Disponível em < http://medcraveonline.com/JHVRV/JHVRV-01-00018.
pdf >. Acesso em 19 set.2020.
14. SANTOS, Norma Suely de Oliveira; ROMANOS, Maria Teresa Vilella; WIGG, Marcia Dutra.
Virologia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara, 2015.
15. VALDÉS, Miguel Ángel Serra. Fiebre por virus Mayaro: una alerta necesaria. Revista Ha-
banera de ciencias médicas, v. 15, n. 4, 2016. Disponível em < http://scielo.sld.cu/scielo.
php?pid=S1729-519X2016000400001&script=sci_arttext&tlng=en >. Acesso em 19 set.2020.
202
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
16
Manifestações renais na Hepatite C
crônica: uma revisão bibliográfica
10.37885/210605110
RESUMO
204
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
A Hepatite C é uma doença viral causada pelo vírus da hepatite C (VHC). VHC é um
vírus RNA da família flaviviridae. O HCV foi identificado por Choo e colaboradores, em 1989,
nos Estados Unidos. A hepatite crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) acomete cerca de 180
milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que, no Brasil existam entre 2 a 3 milhões
de pacientes infectados, sendo que a maioria desconhece esse diagnóstico. A Hepatite
Crônica causada pelo vírus C, além do comprometimento hepático, leva a manifestações
extra-hepáticas como, por exemplo, alterações vasculares, dermatológicas, renais entre
outras. Na relação estabelecida entre Hepatite C crônica e lesão renal ficam evidentes duas
manifestações da Doença Renal Crônica (DRC): a Glomerulonefrite Membranoproliferativa
(GNMP), sem crioglobulinemia e Glomerunefrite Membranosa (GN).
O presente trabalho tem o objetivo de relatar e discutir dados de artigos científicos
que tratam, direta ou indiretamente, da relação entre Hepatite C crônica e sua manifestação
extra- hepática na Doença Renal Crônica.
DESENVOLVIMENTO
Métodos
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A hepatite C é uma doença viral causada pelo vírus da hepatite C (VHC). VHC é um
vírus RNA da família flaviviridae, com genoma em fita simples de polaridade positiva. O HCV
foi identificado por Choo e colaboradores, em 1989, nos Estados Unidos. A infecção pelo
vírus da hepatite C (HCV) é um grande problema de saúde pública com incidência relatada
de 3-4 milhões de casos por ano conforme Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde
do ano de 2018. Sabe- se que 3% da população mundial está atualmente infectada pelo
205
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
HCV. Esta patologia é uma das principais causas de morbidade relacionada ao fígado, sendo
responsável por mais de 1 milhão de mortes como resultado de cirrose e câncer de fígado.
Sem sintomas específicos, a hepatite C evolui de forma arrastada durante décadas.
Além do desenvolvimento de cirrose, apresenta acentuada morbi-mortalidade devido às
suas descompensações, e eventual evolução para carcinoma hepatocelular, constituindo a
causa mais freqüente de indicação de transplante hepático em todo mundo.
Fluxograma. Triagem da infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) por meio de testes rápidos.
207
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Figura 2. Fluxograma: diagnostico da infecção pelo vírus da hepatite C.
Epidemiologia da Hepatite C
Figura 4. Estimativas do número de pessoas a serem testadas, diagnosticadas e tratadas na população geral. Brasil 2018.
Fonte: DIAHV/SVS/MS.
208
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 1. Casos com marcador anti-HCV reagente ou HCV-RNA reagente (número e taxa de detecção por 100.000
habitantes) por ano de notificação, 1999-2018.
1999-
Hepatite C Total 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
2004
Casos 359.673 53.975 18.765 17.173 20.110 21.854 21.066 24.231 25.451 25.401
Taxa de Incidência - - 10 9,1 10,6 11,4 11 12,6 13,1 12,6
Tabela 2. Casos com marcador anti-HCV reagente e HCV-RNA reagente (número e taxa de detecção por 100.000 habitantes)
por ano de notificação, 1999-2017.
1999-
Hepatite C Total 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
2004
Casos 174.703 21.113 8.488 9.683 10.070 10.840 10.960 12.484 12.813 12.690
Taxa de Incidência - - 4,5 5,1 5,3 5,7 5,7 6,5 6,6 6,3
Tabela 3. Casos de hepatite C e taxa de incidência (por 100.000 habitantes) por ano de notificação, 1999-2018.
1999-
Hepatite C Total 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
2004
Casos 228.695 21.113 8.488 9.683 10.070 10.840 10.960 12.484 12.813 12.690
Taxa de Incidência - - 4,5 5,1 5,3 5,7 5,7 6,5 6,6 6,3
Medicamento Posologia
Alfapeguinterferona 180μg/1,73m2, por via subcutanea, uma vez por semana (criancas)
Glecaprevir 100mg/pibrentasvir 40mg 3 comprimidos uma vez ao dia, por via oral
Velpatasvir 100mg/sofosbuvir 400mg 1 comprimido uma vez ao dia, por via oral
Ledipasvir 90mg/sofosbuvir 400mg 1 comprimido uma vez ao dia, por via oral
Elbasvir 50mg/grazoprevir 100mg 1 comprimido uma vez ao dia, por via oral
11mg/kg/dia ou 1g (<75kg) e 1,25g (>75 kg) via oral(adultos) e 15mg/kg/dia
Ribavirina 250mg
(crianças)
Alfaepoetina 10.000 UI 10.000 UI a 40.000 UI, por via subcutânea, uma vez por semana, a critério clínico
Filgrastim 300mcg 300mcg, por via subcutânea, uma ou duas vezes por semana
Fonte: DIAHV/SVS/MS.
A DRC consiste em lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins
(glomerular, tubular e endócrina). Em sua fase mais avançada e terminal é chamada de
insuficiência renal crônica (IRC).
Os critérios para doença renal crônica são:
210
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
a. albuminúria (≥ 30mg/24h ou razão albuminúria/creatininúria ≥ 30mg/g);
b. anormalidades do sedimento urinário;
c. anormalidades eletrolíticas ou outras devido a doenças tubulares ;
d. anormalidades detectadas por histologia ;
e. anormalidades estruturais detectadas por exames de imagem;
f. história de transplante renal
1 Danos nos rins (por exemplo, proteínas na urina) com TFG normal 90 ou acima
2 Danos nos rins com leve diminuição da TFG 60 a 89
3ª Diminuição moderada da TFG 45 a 59
3b Diminuição moderada da TFG 30 a 44
4 Redução grave na TFG 15 a 29
5 Falência renal Menos de 15
212
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
crescentes. As crioglobulinas são classificadas com base na imuno-histoquímica em tipos I, II
e III, particularmente considerando a atividade de ligação do fator reumatóide.
No tipo I, uma única imunoglobulina monoclonal é crioprecipitada, enquanto que nos
tipos II e III existe uma crioglobulinemia mista essencial (CME), composta por pelo menos
duas imunoglobulinas, monoclonal e policlonal. Estudos subseqüentes identificaram as
conseqüências adversas da infecção pelo HCV na população com DRC, bem como o seu
efeito prejudicial nos resultados do receptor e do enxerto após o transplante renal. Embora
a triagem de hemoderivados para o HCV reduzisse sua aquisição por transfusão sanguínea,
os aspectos únicos da epidemiologia da infecção pelo HCV na população com DRC eram
aparentes. De fato, a prevalência de infecção pelo HCV é maior em pacientes com DRC do
que na população geral, especialmente naqueles com DRC avançada que ainda não estão
em terapia dialítica.
A nefropatia mais comum relacionada ao vírus da hepatite C é a GNMP, geralmente no
contexto da crioglobulemia. Além da GNMP, outras formas de doença glomerular têm sido
associadas à infecção pelo HCV, que incluem a nefropatia por IgA, glomerulonefrite pós-
infecciosa, nefropatia membranosa, microangiopatias trombóticas, glomeruloesclerose focal
e segmentar e glomerulopatia fibrilar. O resultado a longo prazo das nefropatias associadas
ao HCV permanece mal definido.
Em um recente estudo de coorte retrospectivo envolvendo mais de 470.000 vetera-
nos adultos, pacientes com infecção por HCV foram mais propensos a evoluir para tera-
pia renal dialítica. O resultado a longo prazo das nefropatias associadas ao HCV perma-
nece mal definido.
De acordo com Peixoto J L et al., os pacientes com envolvimento renal, normalmente,
apresentam maior prevalência da crioglobulinemia mista, sendo descrita como glomerulone-
frite crioglobulinêmica. A glomerulonefrite membranoproliferativa é o padrão histológico mais
encontrado. Além da GNMP, outras formas de doença glomerular têm sido associadas com
a infecção pelo HCV, como nefropatia por IgA, glomerulonefrite pós-infecciosa, nefropatia
membranosa, microangiopatias trombóticas e glomerulosclerose segmentar e focal, dada
a ligação entre a infecção pelo HCV e a resposta imune direcionada ao glomérulo, terapias
antivirais e imunossupressoras também têm sido usadas nesses pacientes.
A terapia antiviral em pacientes positivos para o HCV com DRC tem o objetivo de
eliminar o vírus e reduzir a geração de anticorpos e complexos imunes relacionados ao
HCV. Os pacientes em hemodiálise apresentam um risco particularmente alto de infecções
transmitidas pelo sangue devido ao acesso vascular prolongado e ao potencial de exposição
a equipamentos contaminados.
213
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Estima-se que, entre os pacientes em hemodiálise, a prevalência da infecção pelo
HCV varia muito, entre 5% a 60% de acordo nas diferentes regiões. Conforme Peixoto J L
et al., em um grande estudo de base populacional em Taiwan, a prevalência de DRC entre
os soropositivos para a hepatite C foi de 16,5% e a infecção crônica pela hepatite C foi con-
siderada um fator de risco independente para o desenvolvimento de DRC. Em outro estudo,
a presença de anticorpo anti-HCV está associada à progressão da doença renal com uma
taxa mais alta de anti-HCV positivo naqueles com estágios mais graves da DRC.
Em um estudo, Roccatello e colaboradores, descobriram que os níveis de proteinúria
e creatinina sérica foram significativamente reduzidos em pacientes com crioglobulinemia
relacionada ao HCV que foram tratados com RTX. Embora não haja diretrizes definidas para
o tratamento da infecção pelo HCV em receptores de transplante renal, o IFN-α isolado ou
em combinação com a RBV pode ser sugerido. Outras terapias, como monoterapia com RBV,
amantadina e agentes mais recentes, como inibidores de protease (boceprevir e telaprevir)
também foram experimentadas.
A doença renal crônica como consequência da hepatite C crônica fica bem estabelecida
pela glomerulonefrite membranoprolieferativa por depósito de crioglobulina. É verdade que
outros acometimentos renais podem acontecer como a nefropatia por Iga, glomerulonefrite
pós-infecciosa, nefropatia membranosa, microangiopatias trombóticas e glomerulosclerose
segmentar e focal, porém a prevalência GNMP é a mais significativa. As políticas de saúde
voltadas para o tratamento da hepatite C vêm ao encontro às melhores perspectivas do
doente renal crônico.
REFERÊNCIAS
1. BASTIANI, M. F. et al. Prevalence of hepatitis C in patients with renal disease under going
hemodialysis treatment. J Bras Patol Med Lab, v. 50, n. 5, p. 327-331, outubro 2014. He-
patitis C and Its MetabolicComplications in Kidney Disease. Anallsofhepatolgy. Oct- nov. Vol
16.2017:851 -861.
4. CHEN Y. C. et al. A nationwide cohort study suggests that hepatitis C vírus infectionis asso-
ciated with in creased risk of chronic kidney disease. Kidney Int 2014; 85:1200-1207.
214
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
5. LANDINO, M. et al. Hepatites C infcetion in chronic kidney disease. J Am Soc Nephrol 2016
Aug;27(8):2238-46.
6. DALRYMPLE, L. S. et al. Hepatitis C virus infection and the prevalence of renal insufficiency.
Clin J Am Soc Nephrol 2: 715–721, 2007.
7. DAVIS, G. L. et al. Projecting future complicationsof chronic hepatitis C in the United States.
Liver Transpl 9: 331–338, 2003.
9. PAWA, S. et al. Percutaneous liver biopsyis safe in chronic hepatitis C patients with end- stage
renal disease. Clin Gastroenterol Hepatol 5: 1316 –1320, 2007.
10. FABRIZI, F. et al. Hepatitis C vírus infection increases the risk of developing chronic kidney
disease: a systematic review and meta-analysis. Dig Dis Sci 2015;60: 3801-3813.
11. TANG, S. et al. Chronic viral hepatitis in hemodialysis patients. Hemodial Int 9: 169 –179, 2005.
12. ROTH D, et al. Grazoprevir plus elbasvir in treatment-naive and treatment-experienced patients
with hepatitis C virus genotype 1 infection and stage 4-5 chronic kidney disease (the C-SURFER
study): a combination phase 3 study. Lancet 2015;386:1537-45.
13. PARK, H. et al. Chronic hepatitis C virus (HCV) increases the risk of chronic kidney disease
(CKD) while effective HCV treatment decreases the incidence of CKD. Hepatology, VOL. 00,
NO. 00, 2017.
14. PERICO, N. et al. Hepatitis C infec-tionand chronic renal diseases. Clin J AmSocNephrol
2009;4: 207-220.
15. MESQUITA, I. et al. Renal pathology in HCV infected patients – Report of 148 patientsand
review of the literature. Port J NephrolHypert 2017; 31(2): 91-99 Advance Access publication
28 June 2017.
16. HSU, C. et al. Interferon based therapy reduces risk of stroke in chronic hepatitis C patients: a
population based cohort study in Taiwan. Aliment Pharmacol Ther 2013; 38: 415-23.
17. NOUREDDINE, L. et al. Hepatitis C increases the risk of progression of chronic kidney disease
in patients with glomerulonephritis. Am J Nephrol 2010; 32: 311-6.
18. TSUI, J. et al. Association of hepatitis C seropositivity with in creased risk for developingend
stage renal disease. Arch Intern Med 2007; 167: 1271-6.
19. KDIGO 2018 Clinical Practice Guideline for the Prevention, Diagnosis, Evaluation, and Treatment
of Hepatitis C in Chronic Kidney Disease. Kidney International Supplements, volume 8, issue
3, 2018. Disponível em: https://kdigo.org/wp- content/uploads/2017/02/KDIGO-2018-Hep-C-GL.
pdf. Acesso em: 27 junho 2021.
215
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
17
Pericardite tuberculosa em Itaúna-
MG: relato de experiência
10.37885/210404154
RESUMO
217
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Paciente iniciou no início de abril/2019 quadro de tosse seca, progressiva, discreta dor
torácica à esquerda, inframamária e lateral, ventilatório-dependente associada à discreta
218
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
perda ponderal, febre e dispneia, progressiva, culminando com dispneia importante, quando
então procurou assistência médica. Ao exame físico, encontrava-se afebril, taquipneico (FR=
28 irpm), corado, anictérico, taquicárdico (FC= 120 bpm). Ao exame do aparelho cardiovas-
cular, apresentava bulhas rítmicas, ausência de B3, porém com turgência jugular. À ausculta
respiratória, foi detectado som vesicular abolido na metade inferior do hemitórax esquerdo,
com macicez à percussão nessa área. Foi submetido à radiografia de tórax que evidenciava
volumoso derrame pleural à esquerda. Sem leucocitose, função renal normal e sorologia
para HIV negativa. Submetido à toracocentese diagnóstica com retirada de 1100 ml de lí-
quido de aspecto citrino, com análise mostrando 450 células, sendo 82% mononucleares,
ADA = 35 UI/L, glicose, proteínas e DHL normais e pesquisa de BAAR negativa. Citologia
oncótica não mostrou neoplasia e a biópsia pleural foi inconclusiva. O paciente persistiu com
dispneia e picos febris, sendo então realizada tomografia computadorizada de tórax que
mostrou acentuado derrame pleural à esquerda, mínimo derrame pleural à direita, acentuada
quantidade de líquido envolvendo o saco pericárdico e linfonodos numericamente proemi-
nentes em cadeias mediastinais, mantendo aspecto usual, alguns aumentados em tamanho.
Feita então ecodopplercardiografia que mostrou função sistólica biventricular normal, valvas
cardíacas com morfologia e dinâmica normais e espaço pericárdico preenchido por massa
homogênea, hiperrefringente, ocupando toda a circunferência cardíaca, exercendo restrição
ao enchimento ventricular. Após suspeita diagnóstica de PT, foi submetido à pericardiecto-
mia de toda área anterior e lateral, com retirada de tecido para cultura e exames. O estudo
anatomopatológico mostrou fragmentos de pericárdio apresentando processo inflamatório
granulomatoso com células gigantes multinucleadas e focos de necrose caseosa, achados
esses altamente compatíveis com PT. A pesquisa de BAAR foi novamente negativa. Iniciou-
se tratamento para TB com melhora progressiva dos sintomas, recebendo alta após seis
meses em ótimo estado, sem quaisquer outras medicações.
219
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
A tuberculose ainda é importante causa de mortalidade no Brasil (JURADO et al., 2020).
Pode acometer o pericárdio e levar à uma condição clínica conhecida como PT, podendo
evoluir para PC (ISIGUZO et al., 2020; MONTUSCHI; REEVES, 1947). A PT representa 10%
de todos os casos de pericardite e sua taxa de mortalidade pode chegar a 90% na ausência
de correto diagnóstico e tratamento (LAGOEIRO JORGE et al., 2018).
Os sintomas dessa afecção são geralmente inespecíficos e podem variar de acordo
com o estágio da infecção, frequentemente apresentando-se com tosse, dispneia e dor
precordial ventilatório-dependente, como apresentado pelo paciente deste caso. Porém, a
ocorrência de febre, perda de peso e sudorese noturna aumentam a sensibilidade para a
doença e podem preceder de forma insidiosa as queixas cardiopulmonares. Já na fase tardia
da PT, é possível observar ao exame físico achados típicos de pericardite ou tamponamen-
to cardíaco, sendo eles: turgência jugular, hipofonese de bulhas cardíacas e hipotensão
arterial, constituindo a tríade de Beck. Ademais, pode-se também encontrar ao exame do
paciente com suspeita de PT: taquicardia, pulso paradoxal, sinal de Kussmaul à inspeção e
atrito pericárdico à ausculta (DENK et al., 2016; ISIGUZO et al., 2020; JURADO et al., 2020;
LAGOEIRO JORGE et al., 2019; MONTUSCHI; REEVES, 1947).
Nesse cenário, diversos são os exames complementares empregados para a definição
diagnóstica da PT. A radiografia do tórax pode demonstrar tanto a doença pulmonar ativa
(30% dos casos) quanto o aumento cardíaco (90% dos casos), corroborando para a continui-
dade da investigação com outros métodos de imagem, como tomografia computadorizada e
ressonância nuclear magnética do tórax (DENK et al., 2016; MONTUSCHI; REEVES, 1947;
ROSA et al., 2012). O eletrocardiograma pode demonstrar alterações secundárias à PC,
como supradesnivelamento difuso do segmento ST e desvio do eixo do vetor resultante do
QRS (DENK et al., 2016).
O ecodopplercardiograma também é um método utilizado para o diagnóstico de peri-
cardite. Os achados típicos do acometimento pericárdico pela TB são o espessamento do
folheto pericárdico e a presença de fibrina no pericárdio visceral. Entretanto, tais achados
são inespecíficos para a PT. Através desse exame a suspeita diagnóstica de PT foi levantada
no caso descrito, orientando também a conduta terapêutica. Já a tomografia computadori-
zada de tórax evidencia espessamento pericárdico e linfonodos mediastinais proeminentes
e aumentados em tamanho na quase totalidade dos casos (ROSA et al., 2012).
A definição diagnóstica é obtida na identificação do bacilo de Koch no líquido ou no
tecido pericárdico. Com isso, a pericardiocentese tem se mostrado bastante útil tanto no
diagnóstico quanto no tratamento da PT, pois o fluido extraído possibilita a realização de
esfregaço para bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR), cultura e citologia. Esses métodos,
apesar de serem bastante específicos, têm baixa sensibilidade e são afetados pela coinfecção
220
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
pelo vírus HIV e os resultados demonstram anatomopatológicos positivos entre 10 a 64% dos
casos em até três semanas do início do quadro clínico da doença (ISIGUZO et al., 2020).
A pericardiocentese também possibilita a análise da concentração de adenosina de-
saminase (ADA), uma enzima intracelular presente em linfócitos ativados que geralmente
está aumentada no exsudato aspirado (valores de corte variam entre 40 a 60/uL). Quando
seu aumento está associado a parâmetros como a idade < 45 anos e o predomínio de
linfócitos > 80%, aumenta-se a suspeição para PT (BRASIL, 2019; JURADO et al., 2020;
MONTUSCHI; REEVES, 1947).
Em diversos casos, a análise do fluido aspirado é inconclusiva, sendo necessária a
realização da biópsia pericárdica (sensibilidade de 10 a 64% vs. 33% da pericardiocentese),
como a realizada pelo paciente em questão. Tal método é considerado o padrão-ouro para
o diagnóstico da PT, mas resultados falso-negativos podem ocorrer em até 36% dos casos
e isso não exclui essa afecção (LAGOEIRO JORGE et al., 2018; MONTUSCHI; REEVES,
1947; ROSA et al., 2012). Frente a isso, a pericardioscopia percutânea realizada em conjunto
com a biópsia tem auxiliado na obtenção de amostras representativas aumentando, assim,
a sensibilidade desse exame (ISIGUZO et al., 2020).
Novos métodos como o Xpert MTB/RIF e o Xpert MTB/RIF Ultra são capazes de ampli-
ficar ácidos nucleicos, possibilitando a detecção do Mycobaterium tuberculosis. Além disso,
o teste de resistência à rifampicina em menos de 2h apresenta sensibilidade de 63,8% e alta
especificidade (100%) para o diagnóstico de PT e pode ser realizado de forma simultânea ao
teste biomolecular. Ademais, o emprego dessa técnica em amostras de biópsia pericárdica
demonstrou um aumento da sensibilidade para 78%. No entanto, tal resultado não foi signi-
ficativamente superior à reação em cadeia da polimerase (PCR), deixando o exame restrito
a casos de grande incerteza diagnóstica. Já o interferon gama (IFN-γ) mostrou-se altamente
preciso como biomarcador diagnóstico para PT (sensibilidade geral - 97% e especificidade
- 99%), mas ainda não é amplamente disponível devido a seu alto custo (ISIGUZO et al.,
2020). Apesar de sua eficácia, por serem exames onerosos e indisponíveis pelo próprio
Sistema Único de Saúde (SUS), não foram realizados pelo paciente em questão.
O tratamento da PT é feito da mesma forma que se trata a TB pulmonar com esquema
quádruplo de tuberculostáticos (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol - RIPE) e,
apesar de controverso, associa-se corticosteroides por via oral e colchicina. Os corticoides
aceleram a redução dos sintomas, reduzem o acúmulo de fluidos e também a necessidade
de pericardiectomia. Tal esquema terapêutico demonstrou reduzir de 90% para até 8% a
mortalidade e atenuou para menos de 20% a probabilidade de pericardite constritiva entre
pacientes com PT (ISIGUZO et al., 2020; MONTUSCHI; REEVES, 1947; ROSA et al., 2012).
Assim, recomenda-se que, em casos de resultados negativos com alta probabilidade de
221
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
TB, em virtude de características clínico-epidemiológicas, o esquema RIPE seja iniciado
empiricamente (LAGOEIRO JORGE et al., 2018). Neste relato de experiência, o paciente
foi apenas submetido ao esquema quádruplo de tuberculostáticos de duração terapêutica
padrão – por 6 meses - evoluindo em ótimo estado até total recuperação.
Por fim, em casos de pericardite constritiva persistente após quatro a oito semanas da
terapia antituberculosa, a pericardiectomia pode ser apropriada para pacientes sem melhora
clínica evidente ou para aqueles instáveis hemodinamicamente. Quando utilizada de forma
precoce, a intervenção é válida se calcificações pericárdicas estiverem presentes, sendo
essas reflexo de cronicidade da doença (MONTUSCHI; REEVES, 1947).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
SUPORTE FINANCEIRO
222
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
REFERÊNCIAS
1. BRASIL. Manual de para o Controle da Tuberculose. [s.l: s.n.].
7. LAGOEIRO JORGE, A. J. et al. Pericardite constritiva por tuberculose, uma condição de difícil
diagnóstico. Insuficiencia cardíaca, v. 13, n. 2, p. 93–96, 2018.
10. WIYSONGE, C. S. et al. Interventions for treating tuberculous pericarditis. Cochrane Database
of Systematic Reviews, v. 2017, n. 9, 2017.
11. YACOUB, M. et al. Constrictive-Effusive Pericarditis Pathophysiology. Stat Pearls, p. 1–6, 2021.
223
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
18
Síndrome de liberação de citocinas da
Covid-19: uma revisão de literatura
10.37885/210605083
RESUMO
225
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
A atual pandemia por COVID-19 (doença do coronavírus 2019) é causada pelo vírus
denominado SARS-CoV-2 (severe acute respiratory syndrome coronavirus 2), que possui
RNA de fita simples e positivos. A taxa de detecção de casos muda diariamente variando
sua morbidade e mortalidade. O vírus atua infectando células epiteliais alveolares do pulmão
através da proteína viral SPIKE, sendo seu mecanismo de ação a endocitose mediada por
receptor via enzima conversora de angiotensina II (VELAVAN; MEYER, 2020).
O sistema imunológico produz a resposta antiviral ativando as vias inflamatórias, no
entanto, podem apresentar uma resposta exacerbada (hiper-citocinemia pró-inflamatória),
chamada tempestade de citocinas (TC). Consequentemente os pacientes podem evoluir
com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SRSA) e falência múltipla de órgãos
(ALBUQUERQUE et al., 2021).
O grande número de replicação viral no início da infecção propicia a TC, detectando-se
o aumento dos níveis de citocinas pró-inflamatórias (interferon gama, interleucinas IL-1B,
IL-6, IL-12) e das quimiocinas CXCL10 e CL12. Esses pacientes apresentam uma hiperin-
flamação secundária à infecção por COVID-19, caracterizando um quadro grave. Sendo
assim, ao optar pela repressão do sistema imunológico no tratamento, prejudicamos a eli-
minação viral e produção de anticorpos, abrindo espaço para novas infecções oportunistas
(ANTONIO et al., 2020).
METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa eletrônica nas bases de dados Scielo, Pubmed e Google
Acadêmico, por artigos completos que apresentavam relatos de casos clínicos sobre
COVID-19: tempestade de citocinas, publicados no período de janeiro de 1983 até os dias
atuais. Foram encontrados inicialmente 3027 artigos, e após uma segunda análise res-
taram 42 artigos.
Foram utilizados como critério de inclusão os artigos que mencionaram COVID-19,
tempestade de citocinas, Sars-cov-2 e fisiopatologia da COVID-19 e artigos que se enqua-
drassem no ano de 2016 a 2021, artigos relacionados a outras infecções, pneumonias, IVAS
e anteriores a 2016 foram excluídos.
DESENVOLVIMENTO
FISIOPATOLOGIA
228
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Por sua vez, esse alto nível de citocinas pró-inflamatórias tem sido detectado em gran-
de parte dos pacientes coronavírus positivos graves admitidos em Unidades de Tratamento
Intensivo (UTI), com predominância de IL-6, IL-1β, TNF-α, interferon-γ, proteína induzível-10,
monócito proteína quimiotática-1 e IL-2R. O achado, sugere que essa tempestade de citocinas
pode vir a ser o grande marcador de prognóstico da gravidade do quadro infeccioso, uma
vez que enfermos, moderados e leves portadores do vírus, não apresentam tal fenômeno
(SIMKIN et al., 2021; DHAR, 2021).
BARBOSA et al., 2021, na busca do entendimento fisiopatológico da infecção, discute
em seu trabalho que a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), importante regula-
dora da conversão da angiotensina II em angiotensina (1-7), expressa, principalmente, na
superfície das células endoteliais (EC), (mas também em outras células humanas, como
as do pulmão, coração e rim) é o receptor de entrada para SARS-CoV-2 no organismo hu-
mano. Isso, por sua vez, explica a disfunção endotelial causada pela inflamação da SARS-
CoV-2, o estado de hipercoagulabilidade e os processos trombo inflamatórios que resultam
em vasculopatia, consoante ao mau prognóstico da doença. (FEITOSA et al., 2021)
A medida que recruta grande quantidade de células do sistema imunológico e, direta-
mente, afeta as células endoteliais, o vírus, propicia não só um estado pró-inflamatório, com a
elevação da quantidade de citocinas, como também hipóxia e ativação do complemento que
podem desencadear a ativação do endotélio (YOKOTA el al., 2019). Isso causa anormalida-
des de coagulação, desenvolvimento de oxidação excessiva, transição de permeabilidade
mitocondrial, dano a órgãos vitais, falha do sistema imunológico e, eventualmente, progride
para coagulação intravascular disseminada e falência de múltiplos órgãos (ZHAO et al., 2020).
Dessa forma, o excesso das citocinas e quimiocinas no organismo atraem células in-
flamatórias e imunológicas inespecíficas, como neutrófilos e monócitos, que ao se infiltrar no
tecido pulmonar, no qual o COVID-19 está instalado, causam danos os quais podem resultar
na apoptose das células epiteliais e endoteliais do pulmão, e ainda causar vazamento vas-
cular e edema alveolar e, em última análise, hipóxia e subsequente desconforto respiratório
comumente observados nos pacientes (YE et al., 2020).
Além disso, as respostas inflamatórias exacerbadas também causam disfunção mito-
condrial devido ao estresse progressivo e persistente submetido. Dessa forma, a danificação
das células e as mitocôndrias, deixa produtos contendo DNA mitocondrial e restos celulares
envolvidos na inflamação crônica excessiva como padrões moleculares associados a danos
passíveis de identificação (DE LAS HERAS N el al., 2021).
Assim, essa condição pode desencadear distúrbios do sistema nervoso central, insu-
ficiência renal, insuficiência hepática e, conforme já mencionado, insuficiência de múltiplos
órgãos (YOKOTA el al., 2021).
229
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Além dos danos supracitados, outro fator que vem sendo observado na fisiopatologia
da superprodução de citocinas pró-inflamatórias na SARS-CoV-2 é a linfopenia e a disfunção
linfocitária que, por sua vez, predispõem os pacientes a infecções secundárias, devido os
quadros de imunossupressão, choque séptico e aumentam ainda mais o risco de disfunção
múltipla de órgãos já atrelado aos casos graves da infecção (DELSHAD et al., 2021).
Ademais, ainda em seu trabalho SIMKIN et al., 2021, verificou que reações imunes per-
turbadas análogas a COVID-19 grave, são vistas em pacientes politraumatizados, que, com
o mesmo tipo de cascata inflamatória, apresentam aumento agudo da inflamação sistêmica,
chamado de sistema de resposta inflamatória sistêmica (SIRS) acarretado pelos produtos de
dano tecidual endógeno, como fosfolipídios oxidados ou fragmentos de matriz extracelular.
O SIRS prolongado e hiperativo sobreposto a um estado de comprometimento do
sistema de resposta anti-inflamatória compensatória, comum tanto no politrauma quanto
na COVID-19, pode resultar em infecção secundária, hipercoagulabilidade com trombose
venosa profunda e tromboembolismo pulmonar, síndrome de disfunção de múltiplos órgãos
e morte (GOMES, 2021).
Outra característica registrada em estudos, foi a presença de formas imaturas de neu-
trófilos circulantes em pacientes COVID-19. Isso ocorre uma vez que hipersecreção de
citocinas recruta de forma abrupta demasiada quantidade do referido granulócito, fazen-
do com que muitos sejam enviados de forma precoce. No entanto, foi constatado que os
neutrófilos causam forte mudança de polaridade em direção a Th17 e, inversamente, uma
redução das células Th1 produtoras de IFNγ, distorcendo, portanto, a polarização das cé-
lulas T em direção à promoção Th17 e supressão Th1 em pacientes COVID-19, contribuin-
do, com isso, para a orquestração descoordenada da resposta imune contra SARS-CoV-2
(PARACKOVA et al., 2021).
IL-17 e outras citocinas relacionadas a Th17 foram estão, assim, sendo correlacio-
nadas com a gravidade da doença. Com isso, ter como alvo neutrófilos e/ou células Th17
pode representar uma estratégia terapêutica potencialmente benéfica para pacientes com
COVID-19 grave (PARRA-IZQUIERDO et al., 2020).
No que concerne a dinâmica terapêutica, o tratamento para COVID-19 tem variado
conforme a gravidade em etapas progressivas e múltiplas para mitigar a tempestade de ci-
tocinas causadora de inflamatória exacerbada nos pacientes. Para tanto, antivirais, como o
favipiravir são administrados visando suprimir o SARS-CoV-2 (LI G, DE CLERCQ E, 2020)
e o nafamostate adotado para inibir a função da ACE2. Em segundo lugar, medicamentos
anti-reumáticos (anticorpos monoclonais), cuja atuação é voltada sobre as principais citocinas
(IL-1β, IL-6) e / ou sobre os respectivos receptores, como tocilizumabe, também devem ser
230
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
administrados. Finalmente, a melatonina também pode ter efeitos de suporte para a síndrome
de liberação de citocinas, resultando na melhora da função mitocondrial (ILANA el al., 2020).
O uso da troca de plasma (TPE) também foi registrado em escritas científicas como
uma alternativa de tratamento para COVID-19, havendo melhora da sobrevida geral e do
tempo para alta associada a estratégia, uma vez que a mesma atua na resolução precoce
da síndrome de liberação de citocinas. (KAMRAN et al., 2021).
DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
A defesa imune inata é a primeira linha de defesa contra infecções virais, mas uma
resposta imune excessiva e desregulada pode causar dano ao corpo humano e, como visto,
uma hiperativação do sistema imune, como a tempestade de citocinas, pode levar a compli-
cações graves em pacientes com COVID-19. Ao infectar células hospedeiras, o vírus SARS-
COV-2 pode induzir a produção hiperativada e descontrolada de citocinas, IFNα, IFNγ, IL-1β,
231
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
IL-6, IL-12, IL-18, IL-33, TNFα, TGFβ e quimiocinas, que propiciam a pró-inflamação sendo
assim responsáveis pelo desenvolvimentos das manifestações mais severas (ANTONIO
et al., 2020) como a Síndrome do Desconforto Respiratório e insuficiência múltipla de órgãos
(ALBUQUERQUE et al., 2021).
Por isso, novas estratégias relacionadas ao tratamento estão sendo estudadas, de modo
que a experiência ao tratar Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) mostra que reduzir a
carga viral por meio de intervenções nos estágios iniciais da doença e controlar as respostas
inflamatórias por meio de imunomoduladores e imunossupressores são medidas eficazes
para melhorar o prognóstico da infecção pelo Coronavírus (DO NASCIMENTO, 2020).
Há estudos que mostram que a administração de imunossupressores, como corticoides,
durante a infecção por SARS-CoV pode gerar consequências adversas (QUINTANELLA,
2020), dessa forma, o tempo e a dose apropriada de corticoides é essencial para a melhora
dos pacientes graves (QIN et al, 2020). Devido ao fato de que o SARS-CoV-2 induz a tem-
pestade de citocinas, essa resposta imune excessiva e prolongada pode levar a Síndrome
de Angústia Respiratória do Adulto (SARA) ou falência múltipla de órgãos, que causa de-
terioração fisiológica e morte. Por isso, o controle da tempestade de citocinas nos estágios
iniciais aumenta a taxa de sucesso no tratamento e reduz a mortalidade de pacientes com
COVID-19 (YE et al., 2020).
REFERÊNCIAS
1. ALBUQUERQUE, A. C. B. et al. A TEMPESTADE DE CITOCINAS NA COVID-19: UMA REVI-
SÃO NARRATIVA. Anais do Congresso Brasileiro de Imunologia On-line. Anais... In: I CON-
GRESSO BRASILEIRO DE IMUNOLOGIA ON-LINE. Revista Multidisciplinar em Saúde, 22
abr. 2021. Disponível em: https://editoraime.com.br/revistas/index.php/rems/article/view/964
3. ASSELAH, T. et al. COVID-19: Discovery, diagnostics and drug development. Journal of He-
patology, v. 74, n. 1, p. 168–184, jan. 2021.
6. CAMPANA, Pasquale et al. Dendritic Cells and SARS-CoV-2 Infection: Still an Unclarified
Connection. Cells, v. 9, n. 9, p. 2046, 2020.
232
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
7. CHOUDHARY, Shalki et al. The interplay between inflammatory pathways and COVID-19: A
critical review on pathogenesis and therapeutic options. Microbial pathogenesis, p. 104673,
2020.
8. DE LAS HERAS, N. et al. Implications of Oxidative Stress and Potential Role of Mitochondrial
Dysfunction in COVID-19: Therapeutic Effects of Vitamin D. Antioxidants, v. 9, n. 9, p. 897, 21
set. 2020.
10. DHAR, Sujan K.; K, Vishnupriyan; DAMODAR, Sharat; et al. IL-6 and IL-10 as predictors of
disease severity in COVID-19 patients: results from meta-analysis and regression. Heliyon,
v. 7, n. 2, p. e06155, 2021.
11. DO NASCIMENTO, Catarina Bárbara Chiocca et al. SARS-CoV2 e Covid-19: aspectos fisio-
patológicos e imunológicos, estratégias de diagnóstico e desenvolvimento de vacinas. Revista
Interdisciplinar de Saúde e Educação, v. 1, n. 2, p. 122-158, 2020.
12. DOS SANTOS, Wagner Gouvea. Natural history of COVID-19 and current knowledge on tre-
atment therapeutic options. Biomedicine & Pharmacotherapy, p. 110493, 2020.
13. FEITOSA, Gilson Soares; MARINHO, Jamocyr; MARQUES, Edson. O Valor da Ciência Mo-
derna. Revista Científica Hospital Santa Izabel, v. 5, n. 1, p. 1-2, 2021.
14. FERREIRA, Maycon Junior et al. Vida fisicamente ativa como medida de enfrentamento ao
COVID-19. Arq Bras Cardiol, v. 114, n. 4, p. 601-602, 2020.
15. GOMES, Bruno Silva Gomes et al. Disfunções Hemodinâmicas na Covid-19. Revista Multidis-
ciplinar em Saúde, v. 2, n. 1, p. 2-2, 2021.
16. HASÖKSÜZ, Mustafa; KILIÇ, Selçuk; SARAÇ, Fahriye. Coronaviruses and sars-cov-2. Turkish
journal of medical sciences, v. 50, n. SI-1, p. 549-556, 2020.
17. HUANG, Chaolin et al. Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in
Wuhan, China. The lancet, v. 395, n. 10223, p. 497-506, 2020.
18. HUPPERT, Laura A.; MATTHAY, Michael A.; WARE, Lorraine B. Pathogenesis of acute res-
piratory distress syndrome. In: Seminars in respiratory and critical care medicine. NIH Public
Access, 2019. p. 31.
19. ILANA, Ilana Scheiner et al. Benefícios do exercício físico e da nutrição na imunidade. JIM-
-Jornal de Investigação Médica, v. 1, n. 2, p. 044-065, 2020.
20. JAMILLOUX, Y. et al. Should we stimulate or suppress immune responses in COVID-19? Cy-
tokine and anti-cytokine interventions. Autoimmunity Reviews, v. 19, n. 7, p. 102567, jul. 2020.
KAMRAN, Ramsha; SABA, Kiran; AZAM, Saima. Impact of COVID-19 on Pakistani dentists: a
nationwide cross sectional study. BMC oral health, v. 21, n. 1, p. 1-7, 2021.
21. KANG, Yue; XU, Silu. Comprehensive overview of COVID-19 based on current evidence. Der-
matologic therapy, v. 33, n. 5, p. e13525, 2020.
233
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
22. KAUR, Supreet; BANSAL, Rashika; KOLLIMUTTATHUILLAM, Sudarsan; et al. The looming
storm: Blood and cytokines in COVID-19. Blood Reviews, v. 46, p. 100743, 2021.
23. KIMBALL, Anne et al. Asymptomatic and presymptomatic SARS-CoV-2 infections in residents
of a long-term care skilled nursing facility—King County, Washington, March 2020. Morbidity
and Mortality Weekly Report, v. 69, n. 13, p. 377, 2020.
24. LI, G.; DE CLERCQ, E. Therapeutic options for the 2019 novel coronavirus (2019-nCoV). Nature
Reviews Drug Discovery, v. 19, n. 3, p. 149–150, mar. 2020.
25. LIU, Y.-C.; KUO, R.-L.; SHIH, S.-R. COVID-19: The first documented coronavirus pandemic in
history. Biomedical Journal, v. 43, n. 4, p. 328–333, ago. 2020.ORAN, Daniel P.; TOPOL, Eric
J. Prevalence of asymptomatic SARS-CoV-2 infection: a narrative review. Annals of internal
medicine, v. 173, n. 5, p. 362-367, 2020.
26. PARACKOVA, Z. et al. Neutrophils mediate Th17 promotion in COVID‐19 patients. Journal of
Leukocyte Biology, v. 109, n. 1, p. 73–76, jan. 2021.PARRA-IZQUIERDO, Viviana; FLÓRE-
Z-SARMIENTO, Cristian; ROMERO-SÁNCHEZ, Consuelo. Inducción de “tormenta de citoci-
nas” en pacientes infectados con SARS-CoV-2 y desarrollo de COVID-19.¿ Tiene el tracto
gastrointestinal alguna relación en la gravedad?. Revista Colombiana de Gastroenterología,
v. 35, n. 1, p. 21-29, 2020.
27. PECLY, Inah Maria D. et al. Uma revisão da Covid-19 e lesão renal aguda: da fisiopatologia
aos resultados clínicos. Brazilian Journal of Nephrology, 2021.
28. PINHEIRO, M. M.; FABBRI, A.; INFANTE, M. Cytokine storm modulation in COVID-19: a pro-
posed role for vitamin D and DPP-4 inhibitor combination therapy (VIDPP-4i). Immunotherapy,
v. 13, n. 9, p. 753–765, jun. 2021.
29. QIN, Yuan-Yuan; ZHOU, Yi-Hong; LU, Yan-Qiu; et al. Effectiveness of glucocorticoid therapy
in patients with severe coronavirus disease 2019: protocol of a randomized controlled trial.
Chinese Medical Journal, v. 133, n. 9, p. 1080–1086, 2020.
30. QUINTELLA, Cristina M. et al. Fármacos para COVID-19: muito além da cloroquina (testes
clínicos para o coronavírus SARS-CoV-2). Cadernos de Prospecção, v. 13, n. 3, p. 599, 2020.
31. SCHOEMAN, Dewald; FIELDING, Burtram C. Coronavirus envelope protein: current knowle-
dge. Virology journal, v. 16, n. 1, p. 1-22, 2019.
32. SIMKIN, Jennifer; STRANGE, Tierra; LEBLANC, Nicholas; et al. What Is a Cytokine Storm and
Should It Matter to Me? Journal of the American Academy of Orthopaedic Surgeons, v. 29,
n. 7, p. 297–299, 2021.
33. SU, Shuo et al. Epidemiology, genetic recombination, and pathogenesis of coronaviruses. Trends
in microbiology, v. 24, n. 6, p. 490-502, 2016.
34. TAN, Yuan; TANG, Faqin. SARS‐CoV‐2‐mediated immune system activation and potential
application in immunotherapy. Medicinal Research Reviews, v. 41, n. 2, p. 1167-1194, 2021.
Acesso em: 10 de maio de 2021
35. VELAVAN, T. P.; MEYER, Christian G. The COVID-19 epidemic. Tropical Medicine and Interna-
cional Health, [S. l.], ano 2020, v. 25, n. 3, p. 278-280, 16 fev. 2020. DOI 10.1111 / tmi.13383.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7169770/pdf/TMI-25-278.pdf.
Acesso em: 3 maio 2021.
234
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
36. WANG, Xinling et al. original: SARS-CoV-2 infects T lymphocytes through its spike. pathways,
v. 213, p. 904-914, 2016.
37. WHO. World Health Organisation announces COVID-19 outbreak a pandemic, 2020. Disponível
em: https://www.euro.who.int/en/health-topics/health-emergencies/coronavirus-covid-19/news/
news/2020/3/who-announces-covid-19-outbreak-a-pandemic.
38. WU, Chaomin et al. Risk factors associated with acute respiratory distress syndrome and death
in patients with coronavirus disease 2019 pneumonia in Wuhan, China. JAMA internal medicine,
v. 180, n. 7, p. 934-943, 2020.
39. YE, Q.; WANG, B.; MAO, J. The pathogenesis and treatment of the `Cytokine Storm’ in CO-
VID-19. Journal of Infection, v. 80, n. 6, p. 607–613, jun. 2020.
40. YOKOTA, S. et al. Novel Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) and Cytokine Storms for More
Effective Treatments from an Inflammatory Pathophysiology. Journal of Clinical Medicine, v.
10, n. 4, p. 801, 17 fev. 2021.
41. ZHAO, Yan; QIN, Ling; ZHANG, Ping; et al. Longitudinal COVID-19 profiling associates IL-
-1RA and IL-10 with disease severity and RANTES with mild disease. JCI Insight, v. 5, n. 13,
p. e139834, 2020.
42. ZHAO, Zhongyi; WEI, Yinhao; TAO, Chuanmin. An enlightening role for cytokine storm in co-
ronavirus infection. Clinical Immunology, v. 222, p. 108615, 2021.
235
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
19
Soroprevalência de infecções
pelos vírus das hepatites B e C nos
candidatos à doação de sangue
10.37885/210705271
RESUMO
237
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
A transfusão de sangue é uma terapia importante, pois possibilita salvar vidas. No en-
tanto, esse procedimento não é isento de riscos, pois existe a possibilidade da transmissão
de agentes infecciosos. Assim, as triagens clínica e sorológica são realizadas durante o
processo de doação de sangue para aumentar a segurança transfusional (SCHREIBER
et al.,1996; PETRY, 2013; CARRAZZONE, 2004).
O processo de obtenção de sangue envolve a triagem clínica com seleção dos indi-
víduos e avaliação clínica e epidemiológica do candidato, constituída por um exame físico
e pela análise de suas respostas ao questionário que visa avaliar sua história médica atual
e prévia, seus hábitos e a existência de fatores de risco para doenças transmissíveis pelo
sangue (BRASIL, 2013).
Após a triagem clínica, estando apto, o candidato é liberado para realizar a doa-
ção. Os candidatos à doação inaptos são orientados a respeito do tempo de inaptidão
temporária e da necessidade de acompanhamento clínico. Assim, a coleta de sangue dos
candidatos só é feita naqueles considerados aptos após a triagem clínica e as amostras de
sangue coletadas serão utilizadas para a realização de exames sorológicos, imunohemato-
lógicos e pesquisa de hemoglobina variante (BRASIL 2016).
Os exames sorológicos correspondem a um conjunto de exames laboratoriais realizados
a cada doação para o rastreamento da sífilis, das hepatites B e C, da doença de Chagas,
do vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e do vírus Linfotrópico de Células T Humanas
(HTLI I e II) e da malária (em regiões endêmicas) (SILVA; SOARES; IWAMOTO, 2009;
BRASIL, 2010). Caso algum resultado de exame sorológico apresente alterado, o doador
é considerado inapto, os hemocomponentes serão descartados e o doador será convo-
cado pelo hemocentro para receber os resultados dos exames e orientações pertinentes
(CARRAZZONE; BRITO; GOMES, 2004).
Como supracitado, as hepatites B e C são doenças que podem ser transmitidas pela
transfusão de sangue e de seus derivados. Assim, a Portaria n0 158 de 4 de fevereiro de
2016 do Ministério da Saúde regulamenta a atividade hemoterápica no País e no artigo 130
da referida portaria dispõe sobre a obrigatoriedade da realização de exames laboratoriais de
alta sensibilidade a cada doação, para detecção de marcadores as infecções transmissíveis
pelo sangue (BRASIL, 2016).
A importância do rastreamento das infecções pelos vírus da hepatite B (VHB) e da
hepatite C (VHC) ocorre porque essas doenças podem ser silenciosas, mas podem evoluir
para a cirrose hepática, carcinoma hepatocelular e óbito (BRASIL, 2005).
O agente etiológico da Hepatite B é da família hepadnaviridae e tem um genoma de
DNA de cadeia dupla e replica através de uma forma intermediária de RNA por transcrição
238
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
reversa no fígado. Esta virose pode apresentar-se assintomática por muitos anos até que
ocorram os sintomas. Noventa a noventa e cinco por cento dos pacientes se curam, 5 a 10%
a doença pode cronificar e em torno de 1% pode agravar-se (BRASIL, 2005).
Por sua vez, o agente etiológico da Hepatite C é da família Flaviviridae e apresenta
um genoma de RNA linear com hélice única e positiva. A doença tem evolução silenciosa e
em torno de 80% das pessoas a doença pode evoluir para a forma crônica (BRASIL, 2005).
As duas hepatites estão associadas a patologias de curso grave e a Hepatite B é um
sério problema de saúde pública. Assim, é importante o diagnóstico precoce para o trata-
mento adequado da doença (BRASIL, 2017).
No banco de sangue, na triagem da hepatite B (HBV) são realizados três testes: detec-
ção do antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBsAg); detecção do anticorpo contra
o capsídeo do HBV (anti-HBc), com pesquisa de IgG ou IgG + IgM e detecção do ácido
nucléico (NAT) do vírus HBV por técnica de biologia molecular. Enquanto na hepatite C são
feitos dois testes simultâneos de detecção: detecção do anticorpo anti-HCV ou detecção
combinada do anticorpo e do antígeno do HCV e detecção do ácido nucléico (NAT) do vírus
HCV por técnica de biologia molecular (BRASIL, 2015; BRASIL, 2016).
O teste NAT foi implantado na Hemorrede Nacional com o objetivo de diminuir a janela
diagnóstica e aumentar a segurança transfusional (HEMOCE, 2015).
OBJETIVOS
METODOLOGIA
239
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
O estudo foi projetado de acordo com as diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisa envolvendo seres humanos (Resolução n° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde
– CNS, 1996) e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal
do Ceará (UFC) com o parecer de número 3.568.372.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Gráfico 1. Distribuição dos candidatos à doação de sangue na Hemorrede Cearense, segundo o ano da coleta.
Fonte: Elaborada pelo próprio autor a partir dos dados obtidos na pesquisa.
240
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Gráfico 2. Prevalência dos vírus HBV e HCV nos candidatos à doação de sangueno período de 2015 a 2018.
Fonte: Elaborada pelo próprio autor a partir dos dados obtidos na pesquisa.
Observou-se nos anos estudados a variação de prevalência para o HBV foi de 0,58%,
1,15%, 0,62% e 0,46% e para o HCV de 0,16%, 0,34%, 0,18% e 0,14%, nos anos de 2015,
2016, 2017 e 2018, respectivamente (Gráfico 2).
Referindo-se a prevalência de hepatite, segundo o Relatório de Produção Hemoterápica
(HEMOPROD), o percentual de inaptidão sorológica para o HBV no Brasil quanto ao marca-
dor HbsAg no ano de 2014 foi de 0,40%, em 2015 foi de 0,20%, em 2016 foi de 0,20% e em
2017 foi de 0,23%. Já para o marcador Anti-HBc no ano de 2014 foi de 1,54%, em 2015 foi
de 1,3%, em 2016 foi de 1,29% e em 2017 foi de 1,13%. Quanto o percentual por região, o
Nordeste apresentou percentual de 0,22% do marcador HbsAg e 1,47% marcador Anti-HBc
no ano de 2017 (BRASIL, 2018).
Dessa forma podemos inferir que as prevalências referentes aos candidatos à doação
com sorologia positiva para HBV na hemorrede cearense foi considerada intermediária, tendo
em vista que no presente estudo não foram avaliados os dois marcadores de forma isolada.
O índice de infecção pelo HBV detectado nesta pesquisa foi inferior ao encontrado no
estudo de Diogo et al. (2012) na região do Sul de Minas (1,83 %) e bem abaixo da média
nacional que foi de 8,0% (DIOGO et al., 2012; PIMENTEL et al., 2015). E esse resultado
pode ter ocorrido pela triagem pré-clínica rigorosa realizada na Hemorrede Cearense, a qual
já elimina indivíduos com risco para a virose.
Com relação a taxa de infecção pelo vírus HCV, no Relatório de Produção Hemoterápica
(HEMOPROD), o percentual de inaptidão sorológica para o HCV no Brasil no ano de 2014 foi
de 0,32%, em 2015 foi de 0,33%, em 2016 foi de 0,32% e em 2017 foi de 0,33% e na região
Nordeste o percentual foi de 0,26% no ano de 2017 (BRASIL, 2018). Dessa forma podemos
inferir que as prevalências referentes aos candidatos à doação com sorologia positiva para
HCV na Hemorrede Cearense, no geral, foi inferior aos dados nacionais e foi próximo ao
241
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
estudo de Soares e colaboradores, que verificaram em 14.886 doadores de Divinópolis-MG,
prevalência de 0,2% de HCV (SOARES et al., 2019).
Fonte: Elaborada pelo próprio autor a partir dos dados obtidos na pesquisa.
Os dados de 2015, 2016, 2017 e 2018 mostraram que ocorreram apenas 1,24%,
1,23%, 1,17% e 1,13% de doações na Hemorrede no estado do Ceará (Gráfico 3). Segundo
a literatura, a principal causa do número reduzido de doações é a falta de conscientização
da população quanto ao ato de doar. Por isso, campanhas de incentivo à doação devem
ser feitas com periodicidade, de forma simples e didática para atingir toda a sociedade
(BARRUCHO, 2015).
242
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 1. Perfil dos candidatos à doação reagentes para o vírus HBV, segundo sexo, idade, cor da pele, hemocentro da
doação e ano de coleta.
Anos
Total
Características 2015 2016 2017 2018
N % N % n % n % N %
Sexo
Masculino 358 56,0 731 57,5 352 53,4 250 52,7 1691 55,6
Feminino 281 44,0 541 42,5 307 46,6 224 47,3 1353 44,4
Faixa etária
16 a 19 2 0,3 7 0,6 16 2,4 19 4,0 44 1,4
20 a 29 173 27,1 361 28,4 171 25,9 113 23,8 818 26,9
30 a 39 196 30,7 404 31,8 199 30,2 146 30,8 945 31,0
40 a 49 149 23,3 280 22,0 150 22,8 109 23,0 688 22,6
50 a 59 84 13,1 173 13,6 93 14,1 75 15,8 425 14,0
60 ou mais 35 5,5 47 3,7 30 4,6 12 2,5 124 4,1
Média ± desv. Padrão 38,1 ± 11,6 37,5 ± 11,5 37,7 ± 11,8 37,5 ± 11,6 37,7± 11,6
Cor da pele
Branca 89 13,9 173 13,6 110 16,7 89 18,8 461 15,1
Morena / parda 485 75,9 964 75,8 474 71,9 323 68,1 2246 73,8
Negra 13 2,0 29 2,3 27 4,1 16 3,4 85 2,8
Amarela 12 1,9 26 2,0 9 1,4 7 1,5 54 1,8
Não informada 40 6,3 80 6,3 39 5,9 39 8,2 198 6,5
Hemocentro/Hemonúcleo
Crato 58 9,1 70 5,5 36 5,5 34 7,2 198 6,5
Fortaleza 232 36,3 775 60,9 390 59,2 256 54,0 1653 54,3
Iguatu 79 12,4 68 5,3 34 5,2 28 5,9 209 6,9
Juazeiro do Norte 72 11,3 108 8,5 58 8,8 50 10,5 288 9,5
Quixadá 39 6,1 83 6,5 47 7,1 48 10,1 217 7,1
Sobral 159 24,9 168 13,2 94 14,3 58 12,2 479 15,7
Total 639 21 1272 41,8 659 21,6 474 15,6 3044 100
Fonte: Elaborada pelo próprio autor a partir dos dados obtidos na pesquisa.
243
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
para HBV foram do sexo masculino. Sendo a razão entre os sexos para os 4 anos estuda-
dos de 1,2 (M:F).
Estudo transversal envolvendo todos os indivíduos que doaram sangue no Hemocentro
de Ribeirão Preto entre 23/6/1996 e 22/6/2001, mostrou que o valor de prevalência de hepa-
tite B foi de 0,2% e que houve um significativo predomínio da virose nos doadores do sexo
masculino (VALENTE; COVAS; PASSOS, 2005).
Outro estudo que utilizou o banco de dados disponibilizado pelo HEMOPA de Marabá/
PA, no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2017, constatou em um total de 56.240
doações, que as bolsas provenientes de homens foram as que houve maior detecção de
marcadores da doença, havendo 93 homens (62%) e 57 mulheres (38%) de um total de 150
doadores recusados por sorologias positivas para Hepatite B (FERRAZ et al., 2020).
Segundo a idade, foi visto que a maioria dos candidatos na faixa etária de 30-39 anos,
correspondendo a 31%, seguida da faixa de 20-29 anos (26,9%) tinha o vírus da hepati-
te. E esse resultado foi similar aos dados do Ministério da Saúde, os quais mostram a distri-
buição dos casos detectados de hepatite B conforme a faixa etária, sendo que a maioria se
concentrou entre indivíduos de 25 a 39 anos (38,2% dos casos) (BRASIL, 2019).
Uma explicação para a presença do vírus em indivíduos com idade igual ou superior
a 30 anos pode estar relacionada a um contexto histórico no qual a vacina não era dispo-
nibilizada para toda a população, fato que não acontece atualmente, pois esta é ofertada
desde o nascimento (ALVES et al., 2012).
Com relação a cor da pele, a cor morena/parda foi a mais frequente em todos os anos
estudados e este dado pode ser explicados com base no último censo do IBGE que mostrou
que grande parcela da população cearense se autodeclarou pardo (IBGE, 2010).
Trabalho realizado no HEMOMAR, no período de 2001 a 2006, com 184.184 candida-
tos à doação, mostrou que a maioria dos candidatos eram do sexo masculino (73,9%), de
cor parda (79,3%) e na faixa etária entre 25 e 34 anos (33,2%). Esse trabalho apresentou
características demográficas similares ao do presente estudo (MARTINS et al., 2010).
244
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Tabela 2. Perfil dos candidatos à doação reagentes para o vírus HCV, segundo sexo, idade, cor da pele, hemocentro da
doação e ano de coleta.
Anos
n % N % n % n % N %
Gênero
245
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
que correspondeu ao que foi encontrado no presente trabalho, em que 55,7% dos candidatos
soropositivos para HCV eram do sexo masculino.
Observou-se que as duas hepatites tiveram predominância no sexo masculino. Esse
resultado pode ser justificado pelo fato de que os homens estão mais expostos aos fatores
de risco de contaminação de infecções virais sexualmente transmissíveis; não aderem ao
uso de preservativos e muitas vezes se submetem aos testes de triagem na doação de san-
gue com o intuito de obter o diagnóstico de tais infecções de forma gratuita. Outro fator que
pode ter influenciado no resultado são os altos índices de doações masculinas (enquanto a
doações anuais permitida para homens são 04, para as mulheres são apenas 03 por ano)
(COSTA et al., 2013).
Foi visto que os candidatos correspondiam principalmente a faixa etária de 20 a 29
anos, correspondendo a 33,4%. Resultado semelhante ao obtido em um estudo documental
quantitativo na cidade de Anápolis-GO, que avaliou 13.663 doações de sangue e mostrou
que a idade dos doadores positivos para HCV variou entre 20 e 49 anos (COSTA et al, 2013).
No presente trabalho a cor da pele morena/parda foi predominante com 74%, seguida
da cor da pele branca com 15,3%. Os dados encontrados estão de acordo com os obtidos
em pesquisa realizada por Torres e colaboradores, em 2006, na Hemorrede Pública de
Campo Grande -MS identificou predominância de 55,3% do vírus nos indivíduos da cor
negroide (negra e parda).
Ainda com relação a cor da pele, pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), caracterizou a população nordestina com a cor da pele parda em 64,7%
dos casos, embasando o resultado encontrado na presente pesquisa (SILVEIRA, 2017).
Em relação a Hemorrede Cearense, já era esperado que o Hemocentro Coordenador
de Fortaleza tivesse o maior percentual de candidatos inaptos para hepatites B e C, pois
ele é o que mais possui demanda de recebimento de doação, pois abrange maior área po-
pulacional do Ceará.
Após análise dos dados, observou-se que a prevalência dos vírus da hepatite nos can-
didatos à doação de sangue na Hemorrede Cearense foi inferior aos resultados relatados
na literatura e esse dado é importante, pois significa que o receptor apresenta baixo risco
de se contaminar pela transfusão sanguínea.
CONCLUSÃO
A soroprevalência para HBV foi de 0,58% em 2015; 1,15% em 2016, 0,62% em 2017 e
0,46% em 2018 e o perfil predominante foi de homens, adultos, com a cor da pele morena/
parda e do Hemocentro de Fortaleza.
246
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
A soroprevalência para HCV esta, foi de 0,16% em 2015; 0,34% em 2016, 0,18% em
2017 e 0,14% em 2018 e o perfil predominante foi de homens, jovens, com a cor da pele
morena/parda e do Hemocentro de Fortaleza.
REFERÊNCIAS
1. ALVES, N.P. et al. Ocorrência da sorologia positiva para hepatite B nos doadores de sangue
do hemocentro regional de Uberaba (MG) no período de 1995 a 2009. Revista de Patologia
Tropical, v. 41, n. 2, p.145-154, 2012.
2. BARRUCHO, L. G. O que falta para o Brasil doar mais sangue? BBC. Londres. 19 ago.
2015. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150812_sangue_doa-
coes_brasil_lgb. Acesso em: 28 set. 2020.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional Para a Prevenção e o Controle das He-
patites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.
4. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual Técnico para o diagnóstico das hepatites virais.
Disponível em:https://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/201701/04162030-manual-diag-
nostico-das-hepatites-virais-ms-2015.pdf. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Acesso em 05
out. 2019.
10. CARRAZZONE, C.F.V; BRITO, A.M.; GOMES, Y.M. Importância da avaliação sorológica pré-
-transfusional em receptores de sangue. Rev Bras Hematol Hemot, [s.l.], v. 26, n. 2, p. 93-8,
2004.
11. COSTA, A.G. et al. Incidência de hepatite C em doadores de sangue do município de Anápolis
no ano de 2010. Ciências da Saúde, v. 11, n. 1, p. 11-17, 2013.
247
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
12. DIOGO, F.V. et al. Estudo da soroprevalência da infecção pelo vírus da hepatite B entre os
doadores de sangue do Núcleo Hemoterápico da Santa Casa de Alfenas (Alfenas/MG) por
meio do marcador anti-HBc. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, Alfenas, v.14, n.2,
p. 59-64, 2012.
13. FERRAZ et al. Taxa de detecção de VHB nos testes de triagem realizados no HEMOPA de
Marabá/PA antes e após a implementação do NAT. Braz. J. Hea. Rev. v. 3, n. 4, p. 10635-
10649, 2020.
15. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Disponível na internet via [on line]: https://
www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/populacao/9221-sintesede-indicadores-sociais.
html?&t=downloads. Arquivo consultado em 12 de novembro de 2020
16. MARTINS, S.C.C et al. Marcadores do vírus da hepatite B (HBV) em candidatos à doação de
sangue no Estado do Maranhão. Rev Pesq Saúde, Maranhão, v.11, n.3, p. 30-34, 2010.
17. PETRY, A. Implantação dos Testes de Amplificação de Ácidos Nucléicos HIV/HCV Bio-
-Manguinhos® na triagem de doadores de sangue: questões epidemiológicas e logísticas.
Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) – Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.
19. SCHREIBER, G.B. et al. The risk of transfusion-transmitted viral infections. New England
Journal of Medicine, [s.l.], v.27, n.26, p.1685-90, 1996.
20. SILVA, K.F.N.; SOARES, S.; IWAMOTO, H.H. A prática transfusional e a formação dos profis-
sionais de saúde. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 31, n. 6, 6 p., 2009.
21. SILVEIRA, D. População que se declara preta cresce 14,9% no Brasil em 4 anos, aponta
IBGE. G1. Rio de Janeiro. 24 nov. 2017. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/
populacao-que-se-declara-preta-cresce-149-no-brasil-em-4-anos-aponta-ibge.ghtml . Acesso
em: 09 nov. 2020.
22. SOARES, P.S. et al. Prevalência de marcadores de diagnóstico para doenças infecciosas em
doadores de sangue na macrorregião de Divinópolis / MG. Revista Médica de Minas Gerais,
[s.l.], v. 29, p. 1-8, 2019.
23. TORRES, M.S. et al. Prevalência da infecção pelo vírus da hepatite C em doadores de sangue
em Campo Grande – MS, Brasil. Rev Bras Hematol Hemot, [s.l.], v.28, p. 350, 2006.
24. VALENTE, V.B.; COVAS, D.T.; PASSOS, A.D.C. Marcadores sorológicos das hepatites B
e C em doadores de sangue do Hemocentro de Ribeirão Preto, SP. Revista da Sociedade
Brasileira de Medicina Tropical, v.38, n.6, p.488-492, 2005.
248
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
20
Vacinas virais e perspectivas para o
controle de epidemias e pandemias
10.37885/210604998
RESUMO
250
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
GENERALIDADES SOBRE AS VACINAS VIRAIS
252
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Vírus Estrutura Doença Ano Vacina Responsável Referências
RNA
Vírus da Hepatite A Hepatovirus Daniel Carleton
Fita Simples Não Hepatite A 1991 Inativado MARTIN, 2016
Picornaviridae Gajdusela
Envelopado
RNA Cientistas do
Rotavírus Rotavirus Reoviridae Fita Dupla Não Rotavírus 1998 Atenuada NIH, como Al O´RYAN, 2017
envelopado Kapikian
DNA
Papilomavírus Humano Papillomavi-
Fita Dupla Não HPV 2002 Bivalente Richard Schlegel RODEN, 2018
rus Papillomaviridae
envelopado
VACINAS VIRAIS
Ao longo dos anos, os vírus foram responsáveis por diversas epidemias e pandemias.
Com o advento das vacinas (Tabela 1), muitas doenças virais foram controladas na maioria
dos países, com forte relação às condições de desenvolvimento econômico e social como, por
exemplo, a poliomielite causada pelo Poliovírus, ainda endêmico na África. A única doença
viral erradicada no mundo, até o momento, é a varíola. As doenças virais controladas pelas
vacinas são listadas a seguir.
253
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Varíola
O vírus da varíola (VARV) era transmitido por aerossóis infectando o trato respiratório,
medula óssea, baço e linfonodos. Causava sintomas como mal-estar, febre e formação de
pústulas com subsequentes cicatrizes características (VOGIT et al., 2016; MEYER et al.,
2020). A imunização contra o VARV iniciou-se com a prática da variolação, onde coletava-
-se material das pústulas de um doente e introduzia-se em uma pessoa saudável, causan-
do uma versão mais branda da doença, porém, imunizando-a. Em 1796, Edward Jenner
descobriu que a inoculação do vírus de varíola bovina em humanos imunizava-os contra o
VARV humano, sem malefícios tão intensos quanto os da variolação. Assim, deu-se o início
da produção das primeiras vacinas de vírus, produzidas a partir de tecido animal infecta-
do. Em 1959, a OMS iniciou os esforços para a erradicação da doença através da vacina-
ção em massa. Assim, em 1977 foi relatado o último caso de varíola de origem natural, e
em 1980 a doença foi declarada erradicada (VOGIT et al., 2016). A erradicação do VARV
foi possível devido a vários fatores sinérgicos relacionados as características do vírus e as
estratégias de vacinação e monitoramento. Para a erradicação, além das vacinas com vírus
bovino, vacinas com vírus atenuado, que poderiam ser congeladas, foram desenvolvidas,
propiciando ampla imunização em diferentes regiões do mundo. A aplicação das vacinas
se tornou mais rápida com o advento do injetor a jato (pistola de vacinação) e da agulha
bifurcada. A “vacinação em anel”, que consistia na imunização de pessoas que tiveram
contanto próximo a um caso confirmado, foi uma estratégia extremamente efetiva para a
erradicação da varíola. Também contribuiu para a erradicação da doença o fato do VARV
ser geneticamente estável, ter como único reservatório o ser humano, não tendo nenhum
vetor ou outro reservatório animal (NELMES, 2017).
Raiva
Febre Amarela
O vírus da febre amarela é transmitido para humanos através de mosquitos dos gê-
neros Haemogogus, Sabethes e Aedes. Após a picada, dissemina-se para linfonodos e
fígado apresentando sintomas como icterícia, trombocitopenia, febre hemorrágica, falência
renal e hepática e vasculopatias, podendo levar a morte (DOUAM et al., 2018). A febre
amarela é endêmica em regiões de florestas tropicais no continente africano, na América
Central e na América do Sul, através do seu ciclo silvestre com os vetores dos gêneros
Haemogogus e Saberhes e primatas não-humanos. A doença também pode ter seu ciclo
urbano, onde o vírus é transmitido entre seres humanos infectados através do vetor Aedes
aegypti. Estimava-se em 2018, que nos continentes endêmicos ocorriam de 84 mil a 170
mil casos graves da doença, variando entre 29 mil a 60 mil mortes anuais (LITVOC et al.,
2018). Surtos reemergentes de febre amarela parecem ocorrer a cada 7 ou 8 anos, como
nos anos de 2016 a 2019 no Brasil. Relaciona-se a esses, a não obrigatoriedade da vacina-
ção em diversas regiões vizinhas ao ciclo endêmico, vacinação insuficiente, urbanização e
desmatamento descontrolado, mudanças climáticas e aumento da densidade populacional
de vetores e hospedeiros da doença (SACCHETTO et al., 2020).
Influenza
255
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Poliomielite
A infecção por poliovírus ocorre por via fecal-oral, com posterior aparecimento de
sintomas não específicos como dor de cabeça, náuseas, febre, tontura, vômitos e cons-
tipação. Em alguns casos pode ocorrer meningite asséptica. Caso haja persistência, a
doença pode progredir para células motoras, causando paralisia flácida (MENANT et al.,
2018). Em 1988, a OMS iniciou os esforços para a erradicação da poliomielite, sendo, atual-
mente, somente 2 países endêmicos: Afeganistão e Paquistão (AHMADI, 2020). Acredita-se
que a pandemia de COVID-19 tenha comprometido o combate à poliomielite, uma vez que
somente no Afeganistão, em 2019 houve 29 casos da doença, e até agosto de 2020 foram
registrados 34 novos casos (AHMADI, 2020).
Sarampo
Caxumba
Rubéola
A transmissão ocorre por aerossóis, com infecção viral no trato respiratório superior.
Após multiplicação nas células da nasofaringe, sintomas relacionados são erupções cutâneas,
febre, dores nas articulações e inchaço nos linfonodos. Além da forma congênita que ocorre
no período da embriogênese e pode desencadear efeitos teratogênicos, catarata, surdez e
malformações cardíacas (LEUNG et al., 2019). Antes do desenvolvimento da vacina em 1969,
as epidemias eram frequentes, estimando-se 12,5 milhões de casos. Em 2019, 81 dos 194
países membros da OMS foram considerados livres de rubéola (PATEL et al.,2020). Ainda
assim, estima-se que em 2015 ocorreram 134.200 mortes causadas por rubéola e mais de
100.000 casos de rubéola congênita (ORENSTEIN et al., 2018).
Hepatite B
Varicela
Hepatite A
Rotavírus
258
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
HPV
Plataformas vacinais
O controle para os diversos tipos de vírus que podem causar doenças é feito pela
limitação da multiplicação do mesmo e subsequente prevenção de sua disseminação para
novos hospedeiros. A imunidade baseia-se no reconhecimento de antígenos específicos
localizados, principalmente, na superfície das partículas virais (CDC, 2021). Atualmente,
existem diferentes plataformas tecnológicas para produção das vacinas virais que utilizam
a partícula viral completa ou apenas partes do vírus (ácido nucleico ou proteínas) para in-
dução da imunidade.
As plataformas denominadas clássicas incluem as vacinas inativadas, atenuadas e as
vacinas de natureza proteica: as de subunidades e as partículas semelhantes a vírus (VLP,
Virus like particles). Iniciaram em 1796 com Edward Jenner e a vacina contra a varíola,
avançando com a invenção da vacina contra a raiva, por Louis Pasteur, em 1885 e o desen-
volvimento de tecnologias para purificação de vírus e culturas de tecidos (HOMMA; FREIRE;
POSSAS, 2020). Atualmente, incluem a grande maioria das vacinas licenciadas para uso
humano. No entanto, essas plataformas limitam a produção rápida de vacinas, essencial
para o controle de uma pandemia, como no caso do SARS-CoV-2. Grandes quantidades
de vírus precisam ser cultivadas em nível de biossegurança 3 (BSL3) para uma vacina to-
talmente inativada; testes extensivos de segurança são necessários para garantir que vírus
atenuados sejam seguros e não revertam facilmente para o tipo selvagem, e várias proteí-
nas recombinantes precisam ser produzidas simultaneamente para vacinas de partículas
semelhantes a vírus (HOMMA; FREIRE; POSSAS, 2020).
259
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
As plataformas de novas gerações surgiram de inovações e desenvolvimentos tecnoló-
gicos nos campos de DNA recombinante, tecnologia reversa, conjugação química, genômica
e proteômica e resultaram na maioria das vacinas recentes, multipatenteadas (HOMMA;
FREIRE; POSSAS, 2020). A principal vantagem é que elas podem ser desenvolvidas apenas
com base nas informações das sequências genéticas dos vírus e independem do cultivo
viral, acelerando a produção e disponibilização das vacinas. Essas estratégias contribuíram
significativamente para o desenvolvimento das vacinas anti-COVID-19 durante a pandemia.
As vacinas à base de ácido nucléico podem consistir em DNA ou mRNA e podem ser
adaptadas rapidamente quando novos vírus surgem, razão pela qual estão entre as primeiras
vacinas anti-COVID-19 a entrar em testes clínicos. Os ácidos nucleicos que codificam antíge-
nos podem ser utilizados como vacinas, quando administrados em células hospedeiras por
meio de agentes sintéticos (por exemplo, formulação em nanopartículas lipídicas, LNPs) ou
como vetores bacterianos ou virais recombinantes (IRVINE; AUNG; SILVA, 2020). Após sua
absorção e expressão celular, os antígenos codificados por ácido nucleico podem desenca-
dear respostas imunes humorais e também mediadas por células. A produção de antígenos
nas células alvo oferece a vantagem de mimetizar a síntese de proteínas durante uma infec-
ção, ou seja, localizações de proteínas expostas na membrana plasmática, e modificações,
263
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
como padrões de glicosilação, podem ser formadas com um alto grau de fidelidade. Além
disso, como todas as vacinas podem ser produzidas usando os mesmos componentes bási-
cos, a fabricação de várias vacinas pode ocorrer em uma instalação estabelecida, reduzindo
drasticamente os custos e o tempo de produção da vacina. Consequentemente, as tecno-
logias baseadas em ácido nucléico permitem o desenvolvimento e a produção de vacinas
rápidas e flexíveis, suportando a produção em grande escala (TAGLIABUE et al., 2019).
As vacinas de DNA consistem na construção de um DNA sintético, ou seja, um plas-
mídeo que contém a sequência de DNA que codificará o antígeno do vírus contra o qual
deseja-se a imunidade (SILVEIRA; MOREIRA; MENDONÇA, 2021; SCHATZMAYR, 2003;
TROVATO et al., 2020). As vacinas de plasmídeos de DNA são administradas no hospedeiro
e para a absorção eficiente nas células, a injeção deve ser seguida por eletroporação. Ao al-
cançarem o núcleo da célula, a própria maquinaria de transcrição e tradução do hospederio
produzirão o antpigeno de interesse Essas vacinas estimulam a resposta imune humoral
e celular e são mais seguras do que as vacinas tradicionais, além de mais estáveis e de
melhor custo benefício para produção e estocagem. Nessa técnica, múltiplos antígenos po-
dem ser combinados em um plasmídeo tendo como alvo múltiplos patógenos ou múltiplos
componentes de um mesmo patógeno (CUI, 2005). No entanto, essas vacinas têm como
desvantagem uma pobre imunogenicidade e, assim, frequentemente requerem uma dose
grande para que sejam efetivas (CUI, 2005).
As vacinas baseadas em mRNA funcionam com o mesmo princípio que as vacinas
de DNA, exceto para as primeiras etapas (translocação nuclear do DNA e transcrição em
mRNA). As vacinas de mRNA não-replicantes e as vacinas de mRNA auto-amplificantes são
os dois tipos de vacinas de mRNA existentes (MARUGGI et al., 2019; TROVATO, 2020).
Para o desenvolvimento dessas vacinas, o antígeno alvo do patógeno é identificado, o gene
é sequenciado, sintetizado e clonado em um plasmídeo de DNA vetor e o mRNA é trans-
crito in vitro. As vacinas de mRNA não-replicantes carregam a sequência do antígeno de
interesse e uma vez no citoplasma, o mRNA é transcrito imediatamente pela maquinária do
hospedeiro. Já as vacinas de mRNA auto-amplificantes codificam o antígeno de interesse
e proteínas não-estruturais virais necessárias para sua amplificação. Esse mRNA direciona
sua auto-amplificação para gerar RNA intermediário e muitas cópias de mRNA contendo
o antígeno desejado. Uma vez que o mRNA é uma molécula instável, essas construções
incluem nucleosídeos modificados para prevenir a degradação. Uma molécula transporta-
dora é necessária para permitir a entrada do mRNA nas células; nanopartículas lipídicas
são mais comumente usadas (RIEL; WIT, 2020). Ambas as vacinas produzem resposta
imunológica humoral e celular e a velocidade e custo de produção são ótimas quando
comparado a vacinas de plataformas convencionais. As vacinas de RNA auto-replicantes
264
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
provavelmente induzem imunidade protetora usando uma dose mais baixa, porque mais
antígeno da vacina é expresso por célula (VOGEL et al., 2018). No entanto, a segurança
e efetividade em humanos ainda não é de todo esclarecida e múltiplas doses podem ser
necessárias (MARUGGI et al., 2019).
265
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
CORRIDA PARA A VACINA CONTRA COVID-19
266
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
e vacinas de células apresentadoras de antígenos (KARPIŃSKI et al., 2021). Na Tabela 2
encontram-se as vacinas já aprovadas para uso definitivo, assim como emergencial.
Tabela 2. Vacinas contra COVID-19 com autorização para uso permanente ou emergencial.
Moderna COVID‑19 Vaccine 4, 22, 28, 30, 35, 38, 50, 52, 57, 58, 63, 67, 69, ZIMMER; CORUM;
Vacina baseada em
(mRNA-1273)/ Moderna, BARDA, 18/12/2020 73, 74, 75, 84, 97, 99, 106, 109, 117, 124, 134, WEE, 2021; CRA-
mRNA
NIAID Estados Unidos 136, 137, 148, 152 VEN, 2021
267
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Vacina/ desenvolvedora Tecnologia Aprovação Países Referências
ZF2001/ Anhui Zhifei Longcom ZIMMER; CORUM;
Biopharmaceutical, Institute of Mi- Vacina recombi- WEE, 2021; CRA-
15/03/2021 33, 150
crobiology of the Chinese Academy nante (rRBD) VEN, 2021; INPI,
of Sciences - China e Uzbequistão 2021
ZIMMER; CORUM;
Covaxin (BBV152)/ Bharat Biotech, 21, 52, 58, 59, 69, 71, 92, 94, 95, 102, 113,
Vírus inativado 03/01/2021 WEE, 2021; CRA-
ICMR; Ocugen - Índia 151, 154
VEN, 2021
QazVac (QazCovid-in)/ Research ZIMMER; CORUM;
Institute for Biological Safety Pro- Vírus inativado 27/04/2021 31 WEE, 2021; CRA-
blems - Cazaquistão VEN, 2021
Correlação de países com a numeração apresentada: Afeganistão: 1; África do Sul: 2; Albânia: 3; Andorra: 4; Angola: 5; Antígua e
Barbuda: 6; Arábia Saudita: 7; Argélia: 8; Argentina: 9; Armênia: 10; Aruba: 11; Austrália: 12; Azerbaijão: 13; Bahamas: 14; Bahrein:15;
angladesh: 16; Barbados: 17; Bielo-Rússia: 18; Bolívia: 19; Bósnia e Herzegovina: 20; Botswana: 21; Brasil: 22; Brunei: 23; Butão: 24; Cabo
Verde: 25; Camarões: 26; Camboja: 27; Canadá: 28; Caribe: 29; Catar: 30; Cazaquistão: 31; Chile: 32; China: 33; Cidade do Vaticano:
34; Cingapura: 35; Colômbia: 36; Congo: 37; Coreia do Sul: 38; Costa do Marfim: 39; Costa Rica: 40; Dinamarca: 41; Djibouti: 42; Egito:
43; El Salvador: 44; Emirados Árabes Unidos: 45; Equador: 46; Eslováquia: 47; eSwatini: 48; Etiópia: 49; EUA: 50; Fiji: 51; Filipinas:
52; Gabão: 53; Gâmbia: 54; Gana: 55; Geórgia: 56; Groenlândia: 57; Guatemala: 58; Guiana: 59; Guiné: 60; Guiné-Bissau: 61; Guiné
Equatorial: 62; Honduras: 63; Hong Kong: 64; Hungria: 65; Iêmen: 66; Ilhas Faroé: 67; Ilhas Salomão: 68; Índia: 69; Indonésia: 70; Irã: 71;
Iraque: 72; Islândia: 73; Israel: 74; Japão: 75; Jordânia: 76; Kosovo: 77; Kuwait: 78; Laos: 79; Lesoto: 80; Líbano: 81; Libéria: 82; Líbia:
83; Liechtenstein: 84; Macau: 85; Macedônia do Norte: 86; Malásia: 87; Malaui: 88; Maldivas: 89; Mali: 90; Marrocos: 91; Maurício: 92;
Mauritânia: 93; México: 94; Mianmar: 95; Moçambique: 96; Moldávia: 97; Mônaco: 98; Mongólia: 99; Montenegro: 100; Namíbia: 101; Nepal:
102; Nicarágua: 103; Níger: 104; Nigéria: 105; Noruega: 106; Nova Zelândia: 107; Omã: 108; Palestina: 109; Panamá: 110; Paquistão:
111; Papua Nova Guiné: 112; Paraguai: 113; Peru: 114; Quênia: 115; Quirguistão: 116; Reino Unido: 117; República Dominicana: 118;
República Sérvia: 119; Ruanda: 120; Rússia: 121; Samoa: 122; San Marino: 123; São Vicente e Granadinas: 124; Senegal: 125; Serra
Leoa: 126; Sérvia: 127; Seychelles: 128; Síria: 129; Somália: 130; Sri Lanka: 131; Sudão: 132; Sudão do Sul: 133; Suíça: 134; Suriname:
135; Tailândia: 136; Taiwan: 137; Tajiquistão: 138; Timor Leste: 139; Togo: 140; Tonga: 141; Tunísia: 142; Turcomenistão: 143; Turquia:
144; Tuvalu: 145; Ucrânia: 146; Uganda: 147; União Europeia: 148; Uruguai: 149; Uzbequistão: 150; Venezuela: 151; Vietnã: 152; Zâmbia:
153; Zimbábue: 154.
A eficiência de uma vacina é medida, geralmente, pelo índice de RRR (relative risk
reduction), ou redução do risco relativo. A eficácia reportada da vacina da Pfizer foi de 95%,
94% da Moderna, 90% da Sputnik V e 67% da desenvolvida pela Johnson & Johnson, as-
sim como da AstraZeneca, sendo que os estudos realizados a fim de se chegar a esses
números são baseados na medida de prevenção de infecção leve e moderada de COVID-19
(OLLIARO; TORREELE; VAILLANT, 2021).
Uma das evidências da eficácia das vacinas contra COVID-19 é, por exemplo, o suces-
so da vacinação em massa da população israelense com a vacina BNT162b2 em prevenir
casos sintomáticos de COVID-19, que se refletiu também na diminuição de fatores como
hospitalização, quadros graves e mortes (DAGAN et al., 2021). A efetividade das vacinas
no controle da pandemia já havia sido demonstrada ainda em pequena escala, quando na
pequena cidade brasileira de Serrana, no estado de São Paulo, foi realizada a vacinação
da maioria da população adulta. Mesmo com uma eficácia de aproximadamente 50% nos
testes clínicos no Brasil, a CoronaVac diminuiu em 80% os casos sintomáticos, em 86% as
hospitalizações e em 95% as mortes (MOUTINHO, 2021).
Ademais, uma outra preocupação é que o SARS-CoV-2 apresenta grande capacidade
de gerar variantes, uma vez que, similar a outros vírus de RNA, ele é altamente suscetível
ao aparecimento de mutações, responsáveis por sua evolução genética (CASCELLA et al.,
2021), ainda que os integrantes da família dos coronavírus possuam a capacidade de re-
tirar nucleotídeos incorporados de maneira errada, denominada proofreading, que diminui
268
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
a taxa de mutações, mas também reduz as chances de erros catastróficos e extinção do
vírus (ROBSON et al., 2020). Resultados sugerem que algumas dessas variantes como as
variantes Alfa (B.1.1.7), surgida no Reino Unido, Beta (B.1.351), surgida na África do Sul,
Gama (P.1), surgida no Brasil e Delta (B.1.617.2), surgida na Índia, apresentaram resistência
à ação dos anticorpos gerados por algumas das vacinas (BERNAL, et al., 2021; CASCELLA
et al., 2021; WANG et al., 2021). Além disso, a variante Zeta (P.2) descoberta primeira-
mente no Brasil, , foi também considerada de interesse por potencialmente ser resistente
à neutralização por anticorpos oriundos de vacinação com Covaxin (SAPKAL et al., 2021).
Entretanto, novos estudos com populações específicas devem ser realizados para comprovar
as porcentagens de neutralizações após a vacinação em massa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
269
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
REFERÊNCIAS
1. ABUTALEB, A.; KOTTILIL, S. Hepatitis A: Epidemiology, Natural History, Unusual Clinical
Manifestations, and Prevention. Gastroenterology Clinics of North America, v. 49, n. 2, p.
191– 199, 2020.
3. AHMADI, A.; et al. Polio in Afghanistan: The Current Situation amid COVID-19. American
Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 103, n. 4, p. 1367 – 1369, 2020.
4. ALVIM, M. Linhagens, cepas e mutações do coronavírus: o que são e quando devemos nos
preocupar. BBC News Brasil, São Paulo. 26 de Dez. de 2020. Disponível em: https://www.
bbc.com/portuguese/geral-55434170. Acesso em 05 de Abril de 2021
5. ASHWINI, M.; et al. Advances in molecular cloning. Molecular Biology, v. 50, p. 1-6, 2016.
6. BAHL, S.; et al. Global Polio Eradication – Way Ahead. Indian Journal of Pediatrics, v. 85,
n. 2, p. 124 – 131, 2018.
7. BANYARD, A.C.; TORDO, N. Rabies pathogenesis and immunology. Scientific and Technical
Review of the Office International des Epizooties, v. 37, n. 2, p. 323 – 330, 2018.
8. BARBERIS, I.; et al. History and evolution of influenza control through vaccination: from the
first monovalent vaccine to universal vaccines. Journal of Preventive Medicine and Hygiene,
v. 57, n. 3, p. 115 – 120, 2016.
9. BARBERIS, I.; MYLES, P.; AULT, S.K.; BRAGAZZI, N.L.; MARTINI, M. History and evolution
of influenza control through vaccination: from the first monovalent vaccine to universal vacines.
Journal of Preventive Medicine and Hygiene. 57, 3, 115-120, 2016.
10. BARRETT, A.D.T. Yellow fever live attenuated vaccine: A very successful live attenuated vaccine
but still we have problems controlling the disease. Vaccine, v. 35, n. 44, p. 5951-5955, 2017.
11. BELENI, A.; BORGMANN, S. Mumps in the Vaccination Age: Global Epidemiology and the
Situation in Germany. International Journal of Environmental Research and Public Health,
v. 15, n. 8, 2018.
12. BELONGIA, E.A.; et al. Repeated annual influenza vaccination and vaccine effectiveness:
Review of evidence. Expert Review of Vaccines, v. 16, n. 17, p. 1 – 14, 2017.
13. BERCHE, P. Louis Pasteur, from crystals of life to vaccination. Clinical Microbiology and
Infection, v. 18, n. 5, p. 1-6, 2012.
14. BERLEC, A.; ŠTRUKELJ, B. Current state and recent advances in biopharmaceutical produc-
tion in Escherichia coli, yeasts and mammalian cells. Journal of Industrial Microbiology and
Biotechnology, v. 40, n. 3-4, p. 257-274, 2013.
270
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
15. BERNAL, J.L.; ANDREWS, N.; GOWER, C.; GALLAGHER, E.; SIMMONS, R.; THELWALL,
S.; STOWE, J.; TESSIER, E.; GROVES, N.; DABRERA, G.; MYERS, R.; CAMPBELL, C.N.J.;
AMIRTHALINGAM, G.; EDMUNDS, M.; ZAMBON, M.; BROWN, K.E.; HOPKINS, S.; CHAND,
M.; RAMSAY, M. Effectiveness of Covid-19 Vaccines against the B.1.617.2 (Delta) Variant.
The New England Journal of Medicine, 1-10, 2021.
16. BOYD, G.; et al. Nursing management of childhood chickenpox infection. Emergency Nurse,
v. 25, n. 8, p. 32 – 41, 2017.
17. CARTER, H.; CAMPBELL, H. Rational Use of Measles, Mumps and Rubella (MMR) Vaccine.
19. CARVALHO, E.S. Vacina contra varicela. Jornal de Pediatria, v. 71, v. 3, p. 129-131, 1995.
20. CARVALHO, M.F.; GILL, D. Rotavirus vaccine efficacy: current status and areas for improve-
ment. Human Vaccines & Immunotherapeutics, v. 15, n. 6, p. 1237 – 1250, 2019.
21. CASCELLA, M.; RAJNIK, M.; ALEEM, A. et al. Features, Evaluation, and Treatment of Corona-
virus (COVID-19). In: StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2021. Disponível
em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK554776/.
22. CDC; NCIRD. Understanding How Vaccines Work: The Immune System-The Body’s Defense
Against Infection. CDC; NCIRD. Disponível em: <https://www.niaid.nih.gov/research/how->.
Acesso em: 24 maio. 2021.
23. CHANG, M.S.; NGUYEN, M.H. Epidemiology of Hepatitis B and the Role of Vaccination. Best
Practice & Research Clinical Gastroenterology, v. 31, n. 3, p. 239 – 247, 2017.
24. CRAVEN, J. COVID-19 vaccine tracker. RAPS, 2021. Disponível em: https://www.raps.org/
news-and-articles/news-articles/2020/3/covid-19-vaccine-tracker. Acesso em: 7 jun. 2021.
26. DAVIS, B.M.; RALL, G.F.; SHNELL, M.J. Everything You Always Wanted to Know About Rabies
Virus (Were Afraid to Ask). Annual Review of Virology, v. 2, p. 451-471, 2015.
27. DOUAM, F.; PLOSS, A. Yellow fever virus: Knowledge gaps impeding the fight against an old
foe. Trends in Microbiology, v. 23, n. 11, p. 913 – 928, 2018.
28. DOUGLAS, R. G.; SAMANT, V. B. The Vaccine Industry. In: DOUGLAS, R. G.; SAMANT, V.
B., Plotkin’s Vaccines. Elsevier, 2018. p. 41-50.e1.
29. FISHER, C.R.; STREICKER, D.G.; SCHNELL, M.J. The spread and evolution of rabies virus:
conquering new frontiers. Nature Reviews Microbiology, v. 16, n. 4, p. 241- 255, 2018.
30. FOOKS, A.R.; et al. Rabbies. Nature Reviews Disease Primers, v. 3, n. 17091, 2017.
31. FORLEO-NETO, E.; et al. Influenza. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical,
v. 36, p. 1678-9849, 2003.
32. FREER, G.; PISTELLO, M. Varicella-zoster virus infection: natural history, clinical manifesta-
tions, immunity and current and future vaccination strategies. New Microbiologica, v. 41, n.
2, p. 95 – 105, 2018.
271
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
33. GEORGESCU, S.R.; et al. New Insights in the Pathogenesis of HPV Infection and the Associa-
ted Carcinogenic Processes: The Role of Chronic Inflammation and Oxidative Stress. Journal
of Immunology Research, v. 2018, n. 5315816, 2018.
34. GERLICH, W.H. Medical Virology of Hepatitis B: how it began and where we are now. Virology
Journal, v. 10, n. 239, 2013.
35. GEISON G. (1995). The Private Science of Louis Pasteur. Princeton, NJ: Princeton University
Press.
36. GOMEZ, P. L.; ROBINSON, J. M. Vaccine Manufacturing. In: GOMEZ, P. L.; ROBINSON, J.
M., Plotkin’s Vaccines. Elsevier, 2018. p. 51-60.e1.
37. GRAHAM, B. S. Rapid COVID-19 vaccine development. Science, v. 368, n. 6494, p. 945-946,
2020.
39. GUIMARÃES, R. Anti-covid vaccines: A look from the collective health. Ciência e Saúde Co-
letiva, v. 25, n. 9, p. 3579–3585, 2020.
40. HARPER, D.M.; DEMARS, L.R. HPV vaccines - A review of the first decade. Gynecologic
Oncology, v. 146, n. 1, p. 196 – 204, 2017.
42. HERST, C. V.; et al. An effective CTL peptide vaccine for Ebola Zaire Based on Survivors’ CD8+
targeting of a particular nucleocapsid protein epitope with potential implications for COVID-19
vaccine design. Vaccine v. 38,p. 4464-4475, 2020.
43. HILLEMAN, M.R. Combined Measles, Mumps, and Rubella Vaccines. In: ELLIS, R.W. Combi-
nation Vaccines. Humana Press, 1999, Totowa, NJ. Disponível em: https://link.springer.com/
chapter/10.1007/978-1-59259-265-4_9#citeas. Acesso em: 10 de junho de 2021.
44. HOLZMANN, H.; et al. Eradication of measles: remaining challenges. Medical Microbiology
and Immunology, v. 205, p. 201- 208, 2016.
45. HOMMA, A. et al. Technological development: a weak link in vaccine innovation in Brazil. His-
tória, ciências, saúde-Manguinhos, v. 10, n. 2, p. 671–696, 2003.
46. HOMMA, A.; DA SILVA FREIRE, M.; POSSAS, C. Vaccines for neglected and emerging di-
seases in Brazil by 2030: The “valley of death” and opportunities for RD&I in Vaccinology 4.0.
Cadernos de Saude Publica, v. 36, n. 2. 2020.
47. HUTCHINSON, E.C. Influenza Virus. Trends in Microbiology, v. 26, n. 9, p. 809 – 810, 2018.
48. INPI. Observatório de Tecnologias Relacionadas ao Covid-19. INPI, 31 mar. 2021. Disponível
em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/patentes/tecnologias-para-covid- 19/Arquivos%20
Diario/OBSERVATORIO31032021.pdf. Acesso em: 7 jun. 2021.
49. IRVINE, D. J.; AUNG, A.; SILVA, M. Controlling timing and location in vaccines. Advanced
Drug Delivery Reviews, v. 158, p. 91-115, 2020.
272
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
50. KARPIŃSKI, T. M.; et al. The 2020 race towards SARS-CoV-2 specific vaccines. Theranostics
v. 11, n. 4, p. 1690-1702, 2021.
51. KIM, H.; et al. Influenza Virus: Dealing with a Drifting and Shifting Pathogen. Viral Imunology,
v. 31, n. 2, p. 1 – 10, 2018.
52. KOIRALA, A.; et al. Vaccines for COVID-19: The current state of play. Pediatric respiratory
reviews, v. 35, p. 43 – 49, 2020.: 43-49.
53. LAKSONO, B.M.; et al. Measles Virus Host Invasion and Pathogenesis. Viruses, v. 8, n. 8, 2016.
54. LAM, E.; ROSEN, J.B.; ZUCKER, J.R. Mumps: an Update on Outbreaks, Vaccine Efficacy, and
Genomic Diversity. Clinical Microbiology Reviews, v. 33, n. 2, 2020.
55. LE, T. T.; et al. The COVID-19 vaccine development landscape. Nature Reviews Drug Dis-
covery, v. 19, p. 305-306, 2020.
56. LEUNG, A.K.C.; HON, K.L.; LEONG, K.F. Rubella (German Measles) Revisited. Hong Kong
Medical Journal, v. 25, n. 2, p. 134 – 141, 2019
57. LITVOC, M.N; NOVAES, C.T.G; LOPES, M.I.B.F. Yellow Fever. Revista da Associação Mé-
dica Brasileira, v. 64, n. 2, p. 106 – 113, 2018.
58. MARTEL, C.; et al. Worldwide burden of cancer attributable to HPV by site, country and HPV
type. International Journal of Cancer, v. 141, n. 4, p. 664 – 670, 2017.
59. MARTIN, A.; LEMON, S.M. Hepatitis A virus: From discovery to vaccines. Hepatology, v. 43,
p. s164-s172, 2016.
60. MARUGGI, G. et al. mRNA as a Transformative Technology for Vaccine Development to Control
Infectious Diseases. Molecular Therapy, v. 27 n. 4, p. 757-772, 2019.
61. MCCLURE, C.C.; CATALDI, J.R.; O’LEARY, S.T. Vaccine Hesitancy: Where We Are and Where
We Are Going. Clinical Therapeutics, v. 39, n. 8, p. 1550-1532, 2017.
62. MENANT, J.C.; GANDEVIA, S.C. Poliomyelitis. Handbook of Clinical Neurology, v. 159, p.
337 – 344, 2018.
63. MERCK. Dr. Maurice Hilleman: “The father of modern vaccines. MERCK. Aug. 2019.Disponi-
vel em: https://www.merck.com/stories/doctor-maurice-hilleman-father-of-modern- vaccines/.
Acesso em 23 de Março de 2021.
64. MEYER, H.; RHMANN, R.; SMITH, G. Smallpox in the Post-Eradication Era. Viruses, v. 12,
n.138, 2020.
65. MOSS, W.J. Measles. The Lancet, v. 390, n. 10111, p. 2490 – 2502, 2016.
66. MOUTINHO, S. Brazilian town experiment shows mass vaccination can wipe out COVID-19.
Science, v. 372, n. 6547, 2021.
67. NELMES, G. The Peace Gun and the Eradication of Smallpox. Military Medicine, v. 182, n.
3, p. 1512-1513, 2017.
273
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
68. NELSON, N.P.; EASTERBROOK, P.J.; MCMAHON, B.J. Epidemiology of Hepatitis B Virus
Infection and Impact of Vaccination on Disease. Clinical Liver Disease, v. 20, n. 4, p. 607 –
628, 2016.
69. NOA DAGAN, M.D.; et al. BNT162b2 mRNA Covid-19 Vaccine in a Nationwide Mass Vacci-
nation Setting. The New England Journal of Medicine, v. 384, n. 15, p. 1412-1423, 2021.
70. NORRBY, E. Yellow fever and Max Theiler: the only Nobel Prize for a vírus vaccine. Journal
of Experimental Medicine, v. 204, n. 12, p. 2779-2784, 2007.
71. O`RYAN, M. Rotavirus Vaccines: a story of success with challenges ahead. F1000 Research,
v. 6, n. 1517, 2017.
73. OLLIARO, P.; TORREELE, E.; VAILLANT, M. COVID-19 vaccine efficacy and effectiveness—the
elephant (not) in the room. The Lancet, doi: https://doi.org/10.1016/S2666- 5247(21)00069-
020, 2021. Preprint.
74. OMS. Coronavirus disease (COVID-19): Use of Emergency Use Listing procedure for vaccines
against COVID-19. OMS, 30 set. 2020. Disponível em: https://www.who.int/news-room/q-a- de-
tail/coronavirus-disease-use-of-emergency-use-listing-procedure-forvaccines-against-covid-19.
Acesso em: 26 mar. 2021.
75. OMS. Emergency Use Listing Procedure for vaccines. OMS, 2021. Disponível em: https://www.
who.int/teams/regulation-prequalification/eul/eul-vaccines. Acesso em 26 mar. 2021.
76. ORENSTEIN, W.A.; et al. Measles and Rubella Global Strategic Plan 2012–2020 midterm
review report: Background and summary. Vaccine, v. 36, p. 35 – 42, 2018.
77. PATEL, M.K.; et al. The epidemiology of rubella, 2007–18: An ecological analysis of surveillance
data. The Lancet Global Health, v. 8, p. 399 – 407, 2020.
78. PATERSON, P.; et al. Vaccine hesitancy and healthcare providers. Vaccine, v. 34, n. 52, p.
6700-6706, 2016.
79. PATI, R.; SHEVTOV, M.; SONAWANE, A. Nanoparticle Vaccines Against Infectious Diseases.
Frontiers in Immulogy, v. 9, n. 2224, 2018.
80. PETROVA, V.N.; RUSSELL, C.A. The evolution of seasonal influenza viruses. Nature Reviews
Microbiology, v. 16, n. 1, p. 47 – 60, 2018.
82. POSSAS, C.; HOMMA A.; RISI JR., J.B.; HO, P.L.; CAMACHO, L.A.B.; FREIRE, M.S., et al.
Vacinas e vacinações no Brasil: Agenda 2030 na perspectiva do desenvolvimento sustentável.
Relatório Saúde Amanhã. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz; 2019.
83. PRINCIPI, N.; ESPOSITO, S. Mumps outbreaks: A problem in need of solutions. Journal of
Infection, v. 76, n. 6, p. 503 – 506, 2018.
274
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
84. RAUCH, S. et al. New vaccine technologies to combat outbreak situations. Frontiers in Immu-
nology, v. 9, n. 1963, 2018.
85. RIEDEL, S. Edward Jenner and the History of Smallpox and Vaccination. Baylor University
Medical Center Proceedings, v.18, n. 1, p. 21-25, 2017.
86. ROBSON, F.; et al. Coronavirus RNA Proofreading: Molecular Basis and Therapeutic Targeting.
Molecular Cell. v.79, n. 5, p. 710-727, 2020.
87. RODEN, R.B.S.; STERN, P.L. Opportunities and challenges for human papillomavirus vacci-
nation in cancer. Nature Reviews Cancer, v. 18, p. 240-254, 2018.
89. ROLDÃO, A. et al. Virus-like particles in vaccine development. Expert Review of Vaccines,
v. 9, n. 10, p. 1149–1176, 2010.
90. RÖLTGEN et al. Defining the features and duration of antibody responses to SARS-CoV-2
infection associated with disease severity and outcome. Science Immunology, v. 5, n. 54,
doi:10.1126/sciimmunol.abe0240, 2020.
91. SACCHETO, L.; et al. Re-emergence of yellow fever in the neotropics — quo vadis?. Emerging
Topics in Life Sciences, v. 4, n. 4, p. 411 – 422, 2020
92. SADIQ, A.; et al. Rotavirus: Genetics, pathogenesis and vaccine advances. Reviews in Me-
dical Virology, v. 28, n. 6, 2018.
93. SAPKAL, G.; et al. Neutralization of B.1.1.28 P2 variant with sera of natural SARS-CoV-2 in-
fection and recipients of inactivated COVID-19 vaccine Covaxin. Journal of Travel Medicine,
n. taab077, 2021. Preprint.
94. SCHATZMAYR, H. G. New perspectives in viral vaccines. História, ciências, saúde-- Man-
guinhos, v. 10, n. 2, p. 655–669, 2003.
95. SHAH, S.Z.; et al. “Why We Could Not Eradicate Polio From Pakistan and How Can We?”.
Journal of Ayub Medical College Abbottabad, v. 28, n. 2 p. 423 – 425, 2016.
96. SHIN, E.; JEONG, S. Natural History, Clinical Manifestations, and Pathogenesis of Hepatitis
A. Cold Spring Harbor Perspectives in Medicine, v. 8, n. 9, 2018.
97. SILVEIRA, M. M.; MOREIRA, G. M. S. G.; MENDONÇA, M. DNA vaccines against COVID-19:
Perspectives and challenges. Life Sciences, v. 267, n. 118919, 2021.
98. SINGH, R.; et al. Rabies – epidemiology, pathogenesis, public health concerns and advances
in diagnosis and control: a comprehensive review. Veterinary Quarterly, v. 37, n. 1, p. 212 –
251, 2017.
99. SMITH, Edvard. BLOMBERG, Pontus. Terapia genética da ideia a realidade. Lakartidningen.
20 de DEZ. 2017. Disponivel em:https://lakartidningen.se/klinik-och-vetenskap-1/artiklar- 1/
klinisk-oversikt/2017/12/genterapi-fran-ide-till-verklighet/. Acesso em 16 de Abril de 2021
100. SU, S.; CHANG, H.; CHEN, K. Current Status of Mumps Virus Infection: Epidemiology, Patho-
genesis, and Vaccine. International Journal of Environmental Research and Public Health,
v. 17, n. 5, 2020.
275
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
101. SUCCI,R.C.M. Qual a importância das vacinas para médicos e alunos de Medicina. Revis-
ta paulista de Pediatria. 29 de Mar.de 2019. Disponível em: https://pressreleases.scielo.
org/blog/2019/03/29/qual-a-importancia-das-vacinas-para-medicos-e- alunos-de-medicina/#.
YIrp2S1KjIW. Acesso em 13 Abril de 2021
102. TAN,S.Y.; PONSTEIN, N. Jonas Salk (1914–1995): A vaccine against polio. Singapore Me-
dical Journal, v. 60, n. 1, p. 9-10, 2019.
103. TAN,S.Y; PETTIGREW, PETTIGREW, K. . Max Theiler (1899–1972): Creator of the yellow
fever vaccine. Singapore Medical Journal, v. 58, n. 4, p. 223-224. 2017.
104. TAGLIABUE, A.; LEITE, L.C.C.; LEROY, O.Y.; RAPPUOLI, R. Editorial: A Global Perspective
on Vaccines: Priorities, Challenges and Online Information. Frontiers in Immunology. 10:2556,
2019.
105. THUENER, J. Hepatitis A and B Infections. Primary Care: Clinics in the Office Practice, v.
44, n. 4, p. 621 – 629, 2017.
107. TREGONING, J.S.; BROWN, E.S.; CHEESEMAN, H.M.; FLIGHT, K.E.; HIGHAM, S.L.; LEMM,
N-M.; PIERCE, B.F.; STIRLING, D.C.; WANG, Z.; POLLOCK, K.M. Vaccines for COVID-19.
Clinical & Experimental Immunology .Volume 202, Issue 2 p. 162-19. 5 Sept 2020.
108. TROEGER, C.; et al. Rotavirus Vaccination and the Global Burden of Rotavirus Diarrhea Among
Children Younger Than 5 Years. JAMA Pediatrics, v. 172, n. 10, p. 958 – 965, 2018.
109. TROVATO, M. et al. Viral Emerging Diseases: Challenges in Developing Vaccination Strategies.
Frontiers in Immunology, v. 11, n. 2130, 2020.
A.; BOOSS, J. Viral Vaccines and Antiviral Therapy. In: TSELIS, A.; BOOSS, J., En-
110. TSELIS,
cyclopedia of the Neurological Sciences. Elsevier Inc., 2014. p. 659–669.
111. URA, T.; OKUDA, K.; SHIMADA, M. Developments in Viral Vector-Based Vaccines. Vaccines,
v. 2, n. 3, p. 624–641, 2014.
112. RIEL,V.D; DE WIT, E. Next-generation vaccine platforms for COVID-19. Nature Materials, v.
19, n. 8, p. 810-812, 2020.
113. VARELA,
F.H.; PINTO, L.A.; SCOTTA, M.C. Global impact of varicella vaccination programs.
Human Vaccines & Immunotherapeutics, v. 15, n. 3, p. 645 – 657, 2019.
114. VETTER,V.; et al. Understanding modern-day vaccines: what you need to know. Annals of
Medicine, v 50, n. 2, p. 110-120, 2017.
115. VOGEL,
A. B. et al. Self-Amplifying RNA Vaccines Give Equivalent Protection against Influenza
to mRNA Vaccines but at Much Lower Doses. Molecular Therapy, v. 26, n. 2, p. 446– 455, 2018.
116. VOGIT,E.A.; KENNEDY, R.B.; POLAND, G.A. Defending Against Smallpox: a Focus on Vac-
cines. Expert Review of Vaccines, v.15, p. 1197-1211, 2016.
117. VRANJAC, A. Vacina contra hepatite B. Revista de Saúde Pública, v. 40, n. 6, p. 1137-1140,
2006.
276
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
118. WANG,C.; et al. A novel coronavirus outbreak of global health concern. The Lancet, v. 395,
n.10223, p. 470-473, 2020.
119. WANG,P.; et al. Increased Resistance of SARS-CoV-2 Variant P.1 to Antibody Neutralization.
bioRxiv, n. 433466, 2021 2 Mar. 2021. Preprint.
120. WILDER-SMITH, A.; et al. Epidemic arboviral diseases: priorities for research and public health.
The Lancet Infectious Diseases, v. 17; v. 3, 2017.
121. WILLIS,N.J. Edward Jenner and the eradication of smallpox. Scottish Medical Journal . 1997;
42 (4): 118-121.
122. WIRTH,T.; PARKER, N.; YLA-HERTTUALA, S. History of gene therapy. Gene. v. 525, n. 2,
p. 162-169, 2013.
123. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Coravirus (COVID-19:). WHO. 2021. Disponível
em: https://covid19.who.int. Acesso em 10.06.2021
124. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Rabbies – 2017. Disponível em: https://www.who.
int/rabies/epidemiology/en/. Acesso em: 20 de abril de 2021.
125. WUTZLER, P.; et al. Varicella vaccination - the global experience. Expert Review of Vaccines,
v. 16, n. 8, p. 833 – 843, 2017.
128. ZIMMER,C.; CORUM, J.; WEE, S. Coronavirus Vaccine Tracker. The New York Times, 2021.
Disponível em: https://www.nytimes.com/interactive/2020/science/coronavirus-vaccine- tracker.
html. Acesso em: 7 jun. 2021.
277
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
21
Omega-3 fatty acid supplementation
in diabetic nephropathy - Systematic
Review
10.37885/210404142
ABSTRACT
Keywords: Diabetic Nephropathy, Omega 3 Fatty Acids, Systematic Review, Chronic Kidney
Disease, Supplementation.
279
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUCTION
280
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
METHODOLOGY
A systematic review was performed through active search of online databases in the
Pubmed, Latin American and Caribbean literature on health sciences (Lilacs) and Scientific
Electronic Library Online (SciELO). For this, the descriptors diabetic nephropathy and ome-
ga-3 fatty acids were applied separately with the following filters: time period from 2008 to
2019 (12 years); Portuguese, English and Spanish language; study types; Journal Arcticle
and Review. It should be noted that the descriptors were used separately to increase the
search sensitivity.
RESULTS
Study selection
A total of 117460 studies related to the descriptors used (diabetic nephropathy and
omega 3 fatty acids) were found. Firstly, 57874 articles were removed as they were not within
the period from Jan / 2008 to Dec / 2019. Titles of 59586 articles were read and 57874 articles
were removed because they were duplicates, case reports, letters, guidelines, editorials or
did not fit the inclusion criteria (Journal articles, Reviews, pathophysiology of diabetic nephro-
pathy, effects of n-3 and use of n-3 in diabetic nephropathy). We made the initial selection
based on the titles, which were read by two independent reviewers. Disagreements between
the reviewers on the study selection were resolved by consensus.
Thus, 1712 studies were selected for reading the abstracts, and of these, 1579 abs-
tracts were excluded because they were not in accordance with the objectives of the present
review. So this remained 133 articles for full reading, of which 117 were excluded. Therefore,
there were 16 articles that fit the inclusion criteria, but only 14 were fully analyzed in this study
as shown in Figure 1, which presents the synthesis of the article selection process.
281
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Figure 1. Synthesis of the article selection process.
Table 1. highlights the main features of the studies included in our review. The data
we extracted from the articles in our Systematic Literature Review were: author and year of
publication; the source of n-3 fatty acid and the dose administered; design / follow-up; studied
population (gender / age); exposure / duration; statistics and principal results.
In the table above, it can be observed that in the studies of Soleimani et al, 20152; Wong
et al, 20108; Dias-Lopez et al, 20159;; Mirhashemi et al, 201610; Han et al, 201611; Caligiuri
et al, 201312; Garman et al, 200913; Khan et al, 201514 and Miller et al, 201315 were performed
in humans, which correspond to 64% (9 studies) of the 14 studies that address the use of n-3
fatty acid supplementation in diabetic nephropathy. Meanwhile, the studies of Jangale et al,
20164; Katakura et al, 201416; Yokoyama et al, 201017; Chin et al, 201018 and Assis et al,
201019 were performed on rodents that correspond to 36% (5 studies).
Among the clinical trials, 7 were randomized studies2,8,9,10;12,13,14 1 was a retrospective
study11 and 1 was placebo controlled15. Among the 7 randomized articles, 3 correspond to
double-blind studies.2,8,10 Among the 14 articles reviewed, 5 of them used formulas containing
varying doses of EPA and DHA as sources of n-311,12,15,16,18 whereas 3 articles used only n-3
282
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
of vegetal origin2,9,10, 4 articles used n-3 of animal and vegetal origin, comparing the effects
of these two sources4,8,13,14,17, and only 1 study used n-3 exclusively of animal origin19.
Statistical analyzes were quite varied among the studies verified in this review. However,
the most commonly used statistical tests were one way anova, applied in 43% of the surveys;
followed by the t test student, applied to 36% of the articles.
Clinical or ex-
Omega 3 dosage Sampling (humans or
perimental trial Design∕ follow-up Duration Statistics Outcomes of interest
reported rats) sex/age
(author, year)
O3FA (highly purified Retrospective study. We evalua- Student’s t-tests Supplementation has shown be-
Humans of both sexes,
Han et al, 2016 ethyl ester concentra- ted the effects of O3FAs on DN 1.4 years and Chi-square nefits in reducing albuminuria
DM2. 20 years old
te of EPA and DHA) and albuminuria. tests and maintaining renal function.
283
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Clinical or ex-
Omega 3 dosage Sampling (humans or
perimental trial Design∕ follow-up Duration Statistics Outcomes of interest
reported rats) sex/age
(author, year)
Shapiro-Wilk and
LA and ALA have differential
Randomized controlled trial. Re- Levenes test./ANO-
Male obese-prone effects on renal oxylipines and
Caligiuri et al , Variable levels of ALA nal analyzes of oxylipine, fatty VA or Kruskal-Wallis
Sprague-Dawley rats. 12 weeks PUFAs, and ALA-derived oxyli-
2013 and LA. acid, morphometry and Western by a post hoc test/
9 weeks pines are associated with re-
immunoblotting Tukeys test or Dun-
noprotection.
cans
DISCUSSION
The concentrations of formulas containing EPA and DHA applied in rodent studies
range from 200 mg / kg / day18 to 300 mg / kg / day16. In clinical trials, concentrations
were variable for EPA and DHA11,12,15. The sources of n-3 of vegetable origin used were
Canola17, Flaxseed2,4,10,13,14, olive oil8,9 and chestnuts9. The sources of animal n-3 originated
from fish4,8,13,14. The duration of the studies varied widely. Rodent trials ranged from 11-day
experiments17 to 20-week experiments16. In human trials, the variation was 15 days of trial14
even studies whose data collection lasted for 6 years9.
As for the analyzes performed, studies with rodents evaluated renal and hepatic mar-
kers18 biochemical blood17,19 and urine17, acid profile fatty acids16, molecular analyzes: blot-
ting17,19 and PCR4; as well as histological analyzes performed in all rodent tests. Studies with
humans performed analyzes aimed at measuring metabolic and oxidative parameters2,8,9,14,
anthropometric, socio-demographic and biochemical data9, renal analyzes of oxylipine, fatty
acid, morphometry12 and Western immunoblotting12,13.
The results presented were differentiated for each type of n-3 fatty acid used, sugges-
ting that there may be greater benefit for patients with diabetic nephropathy in the use of one
type over another. Studies using n-3 fatty acids from animal sources (from fish) showed more
positive results with regard to improved renal function4,8,13,14,17,19. Studies using n-3 fatty acids
from plant sources (flax and canola) showed positive results regarding the improvement of
lipid and glycemic markers2, as well as a possible protective potential, delaying the onset of
diabetic nephropathy2,9,10. However, when evaluating data referring only to the use of olive
and chestnut oil9, it was found that it does not protect humans from diabetic nephropathy.
284
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Studies evaluating the use of formulas containing EPA and DHA11,12,16,18 have shown positi-
ve results in decreasing renal function damage. However, the results were dose dependent
on supplement use.
CONCLUSION
Given the above, we can conclude that the consumption of n-3 fatty acid, regardless of
its origin is from plant, animal or formula source, it is directly related to the improvement of
renal function in rodents and also in human individuals with nephropathy diabetic; they can
also act to prevent the installation of this framework.
REFERÊNCIAS
1. Aghadavod E, Khodadadi S, Baradaran A, Nasri P, Bahmani M, Rafieian-Kopaei M. Role of
Oxidative Stress and Inflammatory Factors in Diabetic Kidney Disease. IJKD 2016;10:337-43.
3. Carvalho ACV, Domingueti CP. Papel das citocinas inflamatórias na nefropatia diabética. Rev
Soc Bras Clin Med. 2016 jul-set;14(3):177-82. \
4. Jangale NM, Devarshi PP, Bansode SB, Kulkarni MJ, Harsulkar AM. Dietary Flaxseed Oil and
Fish Oil Ameliorates Renal Oxidative Stress, Protein Glycation, and Inflammation in Strepto-
zotocin-Nicotinamide-Induced Diabetic Rats. J Physiol Biochem. 2016 Jun;72(2):327-36. DOI:
10.1007/s13105-016-0482-8.
5. Mirhashemi SM, Rahimi F, Soleimani A, Asemi Z. Effects of Omega-3 Fatty Acid Supplementa-
tion on Inflammation Cytokines and Advanced Glycation End Products in Patients With Diabetic
Nephropathy - A Randomized Controlled Trial. IJKD 2016;10:197-204. DOI: 10.1371/journal.
pone.0154683.
6. Latini JTP, Vicente GC, Velarde LGC, Benedicto HG, de Almeida KCL, Boaventura GT, et
al. Can the indicators of chronic ethanol consumption be minimized by a continuous flaxseed
intake? Int J Exp Pathol. 2018 Oct;99(5):218-225. DOI: 10.1111/iep.12288
7. Ferreira Cynthia de Souza, Fomes Lucilia de Fátima de Sousa, Silva Gilze Espirito Santo da,
Rosa Glorimar. Effect of chia seed (Salvia hispanica L.) consumption on cardiovascular risk
factors in humans: a systematic review. Nutr. Hosp. 2015 Nov; 32( 5 ): 1909-1918. Disponible
en: http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0212-16112015001100006&lng=es.
http://dx.doi.org/10.3305/nh.2015.32.5.9394.
8. Wong CY, Yiu KH, Li SW, Lee S, Tam S, Lau CP, Tse HF. Fish-oil supplement has neutral
effects on vascular and metabolic function but improves renal function in patients with Type 2
diabetes mellitus. Diabet Med. 2010 Jan;27(1):54-60. doi: 10.1111/j.1464-5491.2009.02869.x.
9. Diaz-Lopez A., Babio N., Martinez-Gonzalez M.A., Corella D., Amor A.J., Fito M., Estruch R.,
Aros F., Gomez-Gracia E., Fiol M., et al. Mediterranean Diet, Retinopathy, Nephropathy, and
Microvascular Diabetes Complications: A Post Hoc Analysis of a Randomized Trial. Diabetes
Care. 2015;38:2134–2141. doi: 10.2337/dc15-1117
285
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
10. Mirhashemi SM, Rahimi F, Soleimani A, Asemi Z. Effects of omega-3 fatty acid supplementa-
tion on inflammatory cytokines and advanced glycation end products in patients with diabetic
nephropathy: a randomized controlled trial. Iran J Kidney Dis. 2016;10:197-204
11. Han E, Yun Y, Kim G, Lee YH, Wang HJ, Lee BW, Cha BS, Kim BS, Kang ES. Effects of
Omega-3 Fatty Acid Supplementation on Diabetic Nephropathy Progression in Patients with
Diabetes and Hypertriglyceridemia. PLoS One. 2016 May 2;11(5):e0154683. doi: 10.1371/
journal.pone.0154683. PMID: 27135947; PMCID: PMC4852914.
12. Caligiuri SP, Love K, Winter T, Gauthier J, Taylor CG, Blydt-Hansen T, Zahradka P, Aukema
HM. Dietary linoleic acid and α-linolenic acid differentially affect renal oxylipins and phospho-
lipid fatty acids in diet-induced obese rats. J Nutr. 2013 Sep;143(9):1421-31. doi: 10.3945/
jn.113.177360.
13. Garman JH, Mulroney S, Manigrasso M, Flynn E, Maric C. Omega-3 fatty acid rich diet prevents
diabetic renal disease. Am J Physiol Renal Physiol. 2009 Feb;296(2):F306-16. doi: 10.1152/
ajprenal.90326.2008
14. Khan MW, Priyamvada S, Khan SA, Khan S, Naqshbandi A, Yusufi ANK. Protective effect of
ω-3 polyunsaturated fatty acids (PUFAs) on sodium nitroprusside–induced nephrotoxicity and
oxidative damage in rat kidney.
15. Human and Experimental Toxicology 31(10) 1035–1049. 2015. DOI: 10.1177/0960327112444475
16. Miller ER 3rd, Juraschek SP, Anderson CA, Guallar E, Henoch-Ryugo K, Charleston J, Turban S,
Bennett MR, Appel LJ. The effects of n-3 long-chain polyunsaturated fatty acid supplementation
on biomarkers of kidney injury in adults with diabetes: results of the GO-FISH trial. Diabetes
Care. 2013 Jun;36(6):1462-9. doi: 10.2337/dc12-1940.
19. Chin HJ, Fu YY, Ahn JM, Na KY, Kim YS, Kim S, Chae DW. Omacor, n-3 polyunsaturated
fatty acid, attenuated albuminuria and renal dysfunction with decrease of SREBP-1 expression
and triglyceride amount in the kidney of type II diabetic animals. Nephrol Dial Transplant. 2010
May;25(5):1450-7. doi: 10.1093/ndt/gfp695.
20. Assis AMD, Rech A, Longoni A, Morrone MDS, Pasquali MADB, Perry MLS, Souza DO, Moreira
JCF. Dietary n-3 polyunsaturated fatty acids revert renal responses induced by a combination
of 2 protocols that increase the amounts of advanced glycation end product in rats. Nutr Res.
2015;35:512–522. doi: 10.1016/j.nutres.2015.04.013
21. Shahidi F, Ambigaipalan P. Omega-3 Polyunsaturated Fatty Acids and Their Health Bene-
fits. Annu Rev Food Sci Technol. 2018;9:345‐381. doi:10.1146/annurev-food-111317-095850
22. Laubertová L, Koňariková K, Gbelcová H, et al. Fish oil emulsion supplementation might im-
prove quality of life of diabetic patients due to its antioxidant and anti-inflammatory properties.
Nutr Res. 2017; 46:49‐58. doi:10.1016/j.nutres.2017.07.012)
286
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
22
Lipomas intracranianos: achados de
imagem
10.37885/210404322
RESUMO
288
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
289
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Casos Clínicos:
Caso 1
Figura 1. Exame de ressonância magnética mostrando cortes axiais ponderados em T1 pré-contraste (A) e em T2 (B)
evidencia nódulo único com intensidade de sinal de gordura, sem realce ou efeito de massa significativo, localizado na
cisterna quadrigeminal à direita. Nota-se artefato de suscetibilidade magnética devido a uso de aparelho ortodôntico.
Caso 2
290
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Figura 2. Exame de ressonância magnética mostrando cortes axiais ponderados em T1 pré-contraste (A) e em T2 (B), além
de cortes sagitais nas sequencias FLAIR (C) e FSPGR (D) evidencia nódulo único com intensidade de sinal de gordura, sem
realce ou efeito de massa significativo, localizado na cisterna quadrigeminal à direita.
Figura 3. Cortes sagitais de ressonância magnética ponderada em T2/FLAIR, realizadas em 2018 (A) e 2020 (B), mostram
estabilidade do nódulo na cisterna quadrigeminal.
Caso 3
Mulher, 87 anos, com hemiparesia, realizou tomografia sem contraste devido a investi-
gação de acidente vascular encefálico. TC de crânio sem contraste, corte axial (A) e sagital
291
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
(B) com pequenas lesões nodulares hipodensas adjacentes a foice cerebral, com densidade
negativa (- 55 UH), inferindo natureza lipomatosa.
Figura 4. TC de crânio sem contraste, corte axial (A) e sagital (B) com pequenas lesões nodulares hipodensas adjacentes
a foice cerebral, com densidade negativa (- 55 UH), inferindo natureza lipomatosa.
Caso 4
Figura 5. RM de crânio mostra cortes axiais ponderados em T1 pré-contraste (A) e em T2 (B) evidencia nódulo único
com intensidade de sinal de gordura, sem efeito de massa significativo, localizado na cisterna quadrigeminal à esquerda.
292
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Caso 5
Masculino, 66 anos, história de cefaleia. TC de crânio corte axial (A) e coronal (B) com
pequenas lesões nodulares hipodensas no seio cavernoso, com densidade negativa (- 50
UH), inferindo lipomas
Figura 6. TC de crânio corte axial (A) e coronal (B) com pequenas lesões nodulares hipodensas no seio cavernoso, com
densidade negativa (- 50 UH), inferindo lipomas
DISCUSSÃO
REFERÊNCIAS
1. França GM, Medeiros CKS, Almeida DRM et al.Lipoma bilateral em região de trígono retromolar:
relato de caso. Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n. 6, p. 5779-5784 nov./dec. 2019.
2. Eghwrudjakpor PO, Kurisaka M, Fukuoka M, Mori K. Intracranial lipomas. Acta Neurochir (Wien)
1991;110((3–4)):124–8
4. Jung KO, Lee SJ, Kim HJ, Heo D, Park JH. Transient Anarthria and Quadriplegia in a Patient
with Basilar Artery Hypoplasia and Coincidental Intracranial Lipoma: A Case Report. Case Rep
Neurol. 2018 Nov 14;10(3):322-327.
5. Aggarwal N, Gehlot KB, Kumar SD, Khan NKA. Frontal subcutaneous lipoma associated with
interhemispheric lipoma, lipomeningocele, and corpus callosal dysgenesis in a young adult:
CT and MRI findings. Indian J Radiol Imaging. 2018;28(1):22–26. doi:10.4103/ijri.IJRI_280_17
7. Rochtus A, Vinckx J, de Zegher F. Hypothalamic lipoma and growth hormone deficiency. Int J
Pediatr Endocrinol. 2020;2020:4. doi:10.1186/s13633-020-0074-9
8. Loddenkemper T, Morris HH 3rd, Diehl B, Lachhwani DK (2006) Intracranial lipomas and epi-
lepsy. J Neurol 253:590–593.
9. Osborn AG. Encéfalo de Osborn. Imagem, patologia e anatomia. Porto Alegre: Artmed editora
LTDA(2014).
10. Fagundes-pereyra WJ, , Marques JAP, Gervásio TCS, Sousa AA (2000). Lipoma do ângulo
pontocerebelar: relato de caso. Arquivos de neuro-psiquiatria, 58(3b), 952-95
294
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
23
Dermatofibrossarcoma protuberante
em região pubiana e posterior
metástase para pulmão: um relato
de caso
10.37885/210605050
RESUMO
296
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
RELATO DE CASO
DISCUSSÃO
Este caso mostrou ser raro com evolução tipicamente prolongada. Apesar de sua
agressividade local, o DFSP raramente metastatiza, o que ocorre em cerca de 1% para linfo-
nodos e 4% para órgãos distantes. O pulmão, por disseminação hematogênica, é o principal
local de acometimento metastático. Entretanto, lesões cerebrais, ósseas e traqueais foram
descritas. Os relatos de metástases a distância foram precedidos por múltiplas recorrências
locais, após excisão inicial inadequada (RUTGERS et al., 1992). Nestes casos metastáticos,
a quimioterapia pode ser utilizada como tratamento(GOLDEMBERG et al., 1994). Apesar da
raridade, o DFSP deve ser lembrado por ser neoplasia maligna no diagnóstico diferencial
das afecções localizadas na região inguinal.
Ademais maioria das recorrências locais (entre 50 e 75%) é notada três anos após a
excisão. Recorrências tardias, superiores a 10 anos, apesar de raras, têm sido descritas.
Consequentemente, os pacientes têm que ser examinados a cada três ou seis meses, durante
os três primeiros anos após cirurgia, e anualmente por toda a vida. Radioterapia adjuvante,
administrada antes ou depois da cirurgia, reduz significativamente o risco de recorrência
local em pacientes que têm ou provavelmente terão as margens comprometidas. O meto-
trexato pode ser uma opção útil, quando utilizado para reduzir o tamanho da lesão antes da
intervenção cirúrgica.
298
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
REFERÊNCIAS
1. COSTA, O. G. Progressive recurrent dermatofibroma (Darier-Ferrand); anatomoclinical study.
Archives of Dermatology and Syphilology, v. 54, p. 432–454, out. 1946.
5. MCKEE, P. H.; CALONJE, J. E.; GRANTER, S. R. Pathology of the Skin: With Clinical Cor-
relations. 3rd edition ed. Edinburgh: Mosby Ltd., 2005.
299
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
24
Estudo das neoplasias cutâneas em
um hospital universitário: integração
dos registros anatomopatológicos e
sua interface com a literatura
Eduardo Shimoda
UCAM
10.37885/210203013
RESUMO
301
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
MÉTODOS
RESULTADOS
Dos 2.207 laudos histopatológicos analisados, uma amostra de 306 casos (13,86%)
representou os tumores de pele selecionados para o estudo. Destes, 232 casos de carcinoma
basocelular (75,9%), 55 de carcinoma espinocelular (18,0%), e 19 de melanomas cutâneos
(6,5%) foram registrados e foi obtida a proporção de uma neoplasia cutânea maligna para
cada 7,21 prontuários revistos (Gráfico 1).
De modo geral, o acometimento dos diferentes sítios anatômicos foi variado, tendo
ocorrido na face o maior número de casos (58,8%), seguida do tronco, com 18,7%, e, por
último, as lesões diagnosticadas no couro cabeludo, com apenas 1,7%. Membros superio-
res, inferiores, região cervical e genital também foram afetados, mas em menores propor-
ções (Gráfico 1).
A análise temporal do estudo traçada no gráfico 2 revelou decréscimo da incidência de
3,4% e 5,4% do primeiro ano para o segundo (2014) e deste para o terceiro (2015), respecti-
vamente. Observa-se ainda, na mesma tela, que as mulheres (51,0%) foram discretamente
mais acometidas que os homens (49,0%) e que a incidência ascende linearmente da quarta
à sétima década de vida, em que foi registrada a maioria dos casos (27,6%). Apenas 9,4%
dos pacientes eram idosos com 80 anos ou mais.
A visão transversal deste trabalho, considerando seu início e fim (primeiro e terceiro
anos), revelou aumento de 10,1% do número de novos casos de CBC e 3,8% para o mela-
noma, que atingiu porcentagem quase duas vezes maior neste período. Por obstante, houve
decréscimo linear dos casos de CEC para menos da metade (14,8%) de 2013 para 2015.
No que diz respeito ao desenvolvimento de tumores não melanocíticos sobre áreas fo-
toexpostas, o carcinoma de células basais foi o prevalente, com mais de 85% dos casos diag-
nosticados em áreas sob efeito actínico, e a face foi o local mais afetado (69,5%). De modo
similar, 67,9% de todos os carcinomas espinocelulares também surgiram em pele exposta
303
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
ao sol, e a face (30,5%) foi novamente o local mais acometido. O melanoma cutâneo expôs
inversão a este padrão: 68,4% foram excisados de áreas comumente protegidas da luz solar,
conforme ilustrado no gráfico 3.
Gráfico 2. Distribuição das neoplasias cutâneas malignas segundo a cronologia do estudo (em anos), sexo e faixa etária.
304
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Gráfico 3. Prevalência dos tumores cutâneos em áreas fotoexpostas e não fotoexpostas.
DISCUSSÃO
A amostra do estudo revela, ainda que parcialmente, o perfil epidemiológico dos tipos
mais comuns de câncer de pele sob a análise estatística retrospectiva de um hospital-escola
em Campos dos Goytacazes e arredores. Por ser o único Serviço da cidade, na ocasião
da pesquisa, com profissional dermatopatologista atuante, pode-se dizer que a instituição
desempenhava papel de referência para muitos serviços locais, sendo ponto de drenagem
para casos simples e especialmente os clinicamente atípicos, o que faz desta análise um
potencial espelho da realidade.
Como anuncia a vasta literatura existente acerca da prevalência dos tumores ma-
lignos da pele, o CBC é o subtipo mais frequente e corresponde a 70-80% de todos os
casos.13 Os dados deste trabalho corroboram as estatísticas gerais com 232 casos de CBC
(75,9%) e reafirmam a proporção esperada de quatro a cinco CBCs para cada CEC.14 Foram
laudados 11,6 CBCs para cada melanoma, dado que também é consonante com a literatura,
que determina uma proporção aproximada de dez CBCs para cada melanoma.14
305
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Gráfico 4. Neoplasias cutâneas segundo tipo e áreas corporais mais acometidas.
A queda da incidência geral dos tumores de pele no período analisado ocorreu à custa
do decréscimo do número de CECs. Este evento está em parte relacionado à melhora na
abordagem de lesões pré-cancerosas, especialmente as ceratoses actínicas, e também
das neoplásicas in situ (doença de Bowen), com a introdução abrangente da crioterapia
em nosso Serviço nos últimos seis a sete anos. Já é bem elucidado que a criocirurgia com
nitrogênio líquido é um pro- cedimento destrutivo e altamente efetivo, com taxas de cura
entre 75 e 99%.15
A faixa etária de maior incidência para CBC foi acima dos 80 anos (80,7%). Mais da
metade dos casos de CBC ocorre entre os 50 e 80 anos, e sua incidência acentua-se com
o avançar da idade.13 Espera-se, ainda, e como observado neste estudo, maior acometi-
mento de homens do que de mulheres, provavelmente por razões profissionais ligadas à
exposição solar em demasia.16
A prevalência dos tumores não melanocíticos em áreas de foto exposição corrobora o
importante papel da radiação ultravioleta na gênese dessas neoplasias e, em geral, acredita-
-se que, para o melanoma, a história pessoal ou familiar represente o maior fator de risco.4,17
Nesta investigação, o maior número de melanomas diagnosticados em áreas poupadas do
dano actínico (68,4%) vai ao encontro deste raciocínio e ratifica a epidemiologia publicada
por Kraemer, em 1994, em um estudo de 5.884 casos de melanoma, dos quais 55% tiveram
localização primária em áreas não expostas ao sol e 45% em áreas expostas ao sol.10
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. Popim RC, Corrente JC, Marino JAG, Souza CA. Câncer de pele: uso de medidas preventi-
vas e perfil demográfico de um grupo de risco na cidade de Botucatu. Ciênc. saúde coletiva.
2008;13:1331-6.
3. Kopke LFF, Schmidt SM. Basal cell carcinoma. An Bras Dermatol. 2002;77:249-85.
5. Estrada JG. Non-melanoma skin cancer in the Mediterranean area. Eur J Dermatol. 2007;44:922-
4.
6. Rocha FP, Menezes AMB, Almeida JHL, Tomasi E. Especificidade e sensibilidade de rastre-
amento para lesões cutâneas pré-malignas e malignas. Rev Saúde Pública. 2002;36:101-6.
7. Amaral ACN, Azulay RD, Azulay DR. Neoplasias epiteliais. In: Azulay RD, Azulay DR, editores.
Dermatologia. 4th ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A.; 2006. p. 510-26.
8. Staples MP, Elwood M, Burton RC, Williams JL, Marks R, Giles GG. Non-melanoma skin can-
cer in Australia: the 2002 national survey and trends since 1985. Med J Aust. 2006 ;184:6-10.
9. Dimatos DC, Duarte FO, Machado RS, Vieira VJ, Vasconcellos ZAA, Binsely J, Neves RD.
Melanoma cutâneo no Brasil. Arq Catar Med. 2009;38:14-9.
11. Wainstein AJA, Belfort FA. Conduta para o melanoma cutâneo. Rev Col Bras Cir. 2004; 31:204-
14.
13. Chinem VP, Miot HA. Epidemiology of basal cell carcinoma. An Bras Dermatol. 2011;86:292-305.
14. Mantese SAO, Berbert ALCV, Gomides MDA, Rocha A. Basal cell Carcinoma - Analysis of 300
cases observed in Uberlândia - MG, Brazil. An Bras Dermatol. 2006;81:136-42.
15. Poziomczyk CS, Köche B, Dornelles MA, Dornelles SIT. Pain evaluation in the cryosurgery of
307
actinic keratoses. An Bras Dermatol. 2011;86:645-50.
17. Inca.org [Internet]. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativas 2008: In-
cidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer; 2007. 94 p. [cied
2008 Nov 12]. Available from: http://www.inca.gov.br/estimativa/2008/versaofinal.pdf.
308
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
25
Tumor fibroso solitário de pleura: um
relato de caso
10.37885/210203126
RESUMO
O tumor fibroso solitário (TFS) é uma rara entidade que tem como sitio principal a pleura,
porém, já foi relatado em diversos outros sítios anatômicos. Sua incidência gira em torno
de 0,2 a 2,8 casos/100.000 habitantes por ano. Não há fatores de risco identificados.
Cerca de 50% dos pacientes apresentam-se assintomáticos. O diagnóstico é incidental
na maioria das vezes, concluído durante a realização de exames de imagem solicitados
por outro motivo. Os sintomas, quando presentes, normalmente são tosse, dispneia, dor
e sensação de opressão torácica. A grande maioria dos casos apresenta comportamen-
to benigno, tendo em média de 5 a 9 cm de diâmetro, porém uma ampla variedade de
tamanhos já foi descrita na literatura. O diagnóstico preciso antes da análise anatomopa-
tológica permanece desafiante, sendo na maior parte dos casos realizado após estudo
da peça cirúrgica. Ainda carecemos de um protocolo assertivo para diferenciação entre
variantes benignas e malignas, bem como determinação de seu prognóstico. O trata-
mento usual proposto é exérese cirúrgica da lesão e com seguimento clinicorradiológico
subsequente. A maioria dos pacientes apresenta um prognóstico favorável. Relatamos
o caso de uma paciente do sexo feminino, 69 anos, sem alterações ao exame físico,
com achado de opacidade radiológica durante avaliação de dor torácica e tosse há
três meses. Investigação adicional com tomografia computadorizada de tórax revelou
massa pulmonar heterogênea, de limites bem definidos, em lobo superior esquerdo
com dimensões de 8,5x7,5x6,9cm. A lesão apresentava intima relação com a artéria
pulmonar esquerda, porém sem nítidos sinais de invasão da parede vascular. Após
discussão multidisciplinar foi realizada a retirada da lesão por cirurgia vídeo-assistida
(VATS) sem intercorrências com diagnóstico firmado no estudo histopatológico da peça
cirúrgica. A paciente apresentou evolução favorável sem sinais de recidiva da doença
após três anos. Nesse artigo, apresentamos o relato do caso e realizamos revisão da
literatura sobre TFS. Justificativa: Os TFS são tumores raros provenientes da pleura
e linhagens mesoteliais do parênquima pulmonar. A maior parte da experiência vigente
deriva de relatos e series de casos de centros de referência. Este artigo tem como obje-
tivo detalhar as particularidades radiológicas e investigação clínica neste relato de caso
e promover revisão recente da literatura sobre o tema.
310
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
INTRODUÇÃO
O Tumor Fibroso Solitario (TFS) foi mencionado pela primeira vez no relato realizado
por Lieutaud em 1767. A natureza localizada desse tumor de pleura e seu conceito foram
descritas por Wagner em 1870. Já em 1913, Klemperer e Rabin fizeram uma descrição
superficial patológica e classificaram os tumores pleurais em mesotelioma benigno ou loca-
lizado, o que seria atualmente o TFS, e mesotelioma maligno ou difuso, nesse observado
uma relação com a exposição ao amianto e definido hoje apenas como mesotelioma.
O TFS é uma entidade rara, compondo apenas 5% das neoplasias pleurais, mas que
representa 10 a 30% das neoplasias pleurais benignas. A incidência anual encontra-se entre
0,2 a 2,8 casos por 100.000 pessoas e é maior na faixa etária de 20 a 70 anos, com pico
entre a quinta e sétima década de vida, valores que variam na literatura (Avramenko, 2017;
Brock, 2017; Diebold, 2017; RONCHI, 2018). Há relatos de pacientes com idade totalmente
fora dessa faixa, com o tumor sendo diagnosticado em adolescentes ou mesmo crianças,
até pessoas na oitava década de vida.
Apesar de majoritariamente benignos, cerca de 10-25% podem assumir comportamen-
to maligno (Diebold, 2017), de forma localmente agressivo, com maior chance de invadir
estruturas adjacentes, além de recidivas após resseção e metástases a distância.
Entretanto, existem relatos de tumores de comportamento inicialmente benignos que
posteriormente apresentaram evolução agressiva com invasão de estruturas vizinhas. Há dis-
tribuição semelhante nos gêneros masculino e feminino, contudo algumas séries de casos
tiveram predominância do sexo feminino.
A grande maioria dos TFSs tem origem na pleura (30% do total de casos, com 66 a
80% de origem da pleura visceral e 20 a 33% da parietal), todavia, já foram identificados
casos de TFS extrapleural, sendo as meninges, tanto encefálica, quanto espinal, os locais
mais comuns (27% do total de casos), seguido em porcentagens menores, pelos membros
inferiores, o retroperitônio e a órbita ocular (Borges, 2015; RONCHI, 2018).
Já foi relatado o aparecimento desse tumor em praticamente todos os sítios anatômi-
cos e em órgãos de diferentes sistemas do corpo humano. Os TFSs da cavidade torácica
e abdominal tendem a ser maiores, quando comparado a tumores de outras regiões, e os
extrapleurais parecem ser mais agressivos quando comparados com os pleurais, especial-
mente os de mediastino, pelve, retroperitônio e meninges (RONCHI, 2018).
Posteriormente, através do desenvolvimento da imuno-histoquímica, citometria de fluxo
e microscopia eletrônica para avaliação de características ultraestruturais, evidenciou-se
que os TFSs seriam neoplasias pleurais singulares. Em um contexto singular, apresentam
positividade para marcadores como o CD-34, CD-99, Bcl-2 e vimentina, e ausência de reação
para filamentos intermediários — citoqueratina, desmina —, actina, proteína S-100, EMA e
311
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
musculatura lisa (Pinedo-Onofre, 2010; Leon, 2013). Portanto, esse padrão neoplásico não
é originado a partir de células mesoteliais do tecido pavimentoso simples, o qual compõe
as serosas. Sendo assim, esse tumor difere dos mesoteliomas e se inicia no tecido conjun-
tivo submesotelial, com um aspecto celular que recorda fibroblastos, o qual determina seu
surgimento a partir de células fibroblásticas mesenquimais. Não obstante, é válido ressaltar
que a positividade para marcadores presentes no mesotelioma — citoqueratina, proteína
S-100, desmina e outros — não afasta, irrefutavelmente, a hipótese diagnóstica de TFS.
RELATO DE CASO
312
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Figura 1. Angiotomografia de tórax cortes axiais – [1,3] Janela de mediastino e pulmão, respectivamente, demonstra
massa pulmonar heterogênea, de limites bem definidos, em lobo superior esquerdo com plano de clivagem nítido com
artéria pulmonar sem linfonodomegalias. [2,4] resultado pós ressecção pulmonar por cirurgia videotoracoscopia (VATS).
313
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Estudo anatomopatológico da peça revelou uma neoplasia fusocelular de 6 margens
cirúrgicas, apenas com a margem pedicular comprometida e as demais livres. O índice mi-
tótico foi de 1 mitose/10 campos de alta potência e ausência de necrose. Analise combinada
dos achados corroboraram o diagnóstico de TFS.
Figura 2. (A e B) Tumor fibroso solitário caracterizado como uma neoplasia fusocelular. (C) Ausência de necrose e índice
mitótico de 1 mitose/ 10 campos de alta potência. Tecido forte e difusamente positivo para CD34.
DISCUSSÃO
O TFS é um tumor levemente mais prevalente no sexo feminino, podendo ocorrer até
os 70 anos de idade. Usualmente, não há associação com tabagismo.
Geralmente apresenta uma evolução insidiosa e mais da metade dos pacientes são
assintomáticos. Tumores comprovadamente malignos podem ter evolução mais agressiva e
314
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
75% dos pacientes referem algum sintoma relacionado a neoplasia (Robinson, 2006, apud
Pinedo-Onofre, 2010).
A apresentação clínica do paciente é variável composta comumente por tosse (8-33%),
dispneia (11-25%), dor e sensação de opressão torácica (17-23%) (Lazo-Betteta, 2013), os
dois últimos principalmente relacionados ao acometimento da pleura parietal. As manifes-
tações clínicas podem se intensificar ao longo da doença em caso de compressão extrín-
seca ou invasão de estruturas adjacentes (FERREIRA, 2008). Menos frequentemente, são
descritos febre (1-17%); sudorese noturna; perda de peso (10%); fadiga; intolerância ao
exercício; artralgia de coluna torácica ou lombar; hemoptise (rara); derrame pleural (10-16%,
mais comum em casos malignos); derrame pericárdico; síndrome da veia cava superior;
pneumonite obstrutiva; atelectasias; insuficiência respiratória; ginecomastia e galactorreia
(SANTOLAYA , 2007; Soares, 2011; Lazo-Betteta, 2013; Borges, 2015; Sarka Vejvodova,
2017). A maior parte dessas manifestações clínicas são decorrentes da ação local do tumor.
Manifestações extratorácicas ou sistêmicas são infrequentes, com destaque para
Osteopatia Pulmonar Hipertrófica (OPH) ou Síndrome de Pierre-Marie-Bamberger (10-20%),
hipoglicemia sintomática ou Síndrome de Doege-Potter (2-4%) (Addagatla, 2017).
Cerca de metade dos pacientes não apresenta sintomas relacionados ao tumor, des-
ta forma boa parte dos diagnósticos ocorrem por achado incidental em exame de ima-
gem. O TFS aparece como uma massa bem delimitada com margens precisas; de formato
oval/redonda, na grande maior parte das vezes; mas pode aparecer em formato de cogu-
melo; em crescimento semelhante a um molde de fundição (massa que cresceu ao longo do
ângulo cardiofrênico ou costofrênico, preenchendo-o e assumindo a sua forma); em padrão
invertido (quando o TFS, ao invés de crescer para a cavidade pleural, cresce para dentro
do parênquima pulmonar); ou pode, ocasionalmente, aparecer como massa lobulada, de
limites pouco claros. Pode apresentar diâmetro interno de 5 a 9 cm (Harrison–Phipps, 2009;
Hatooka, 2017), com relatos de variação entre 0,3 a 39 cm de diâmetro. Classifica-se o tumor
como TFS gigante quando seu volume atinge 40% ou mais do volume total do hemitórax, ou
quando o seu maior diâmetro interno ultrapassa um valor de 15 a 20 cm (Tamenishi, 2013,
apud Perrotta, 2016; Furukawa, 2011, apud Ershadi, 2018).
Na maior parte dos casos, origina-se na pleura visceral e menos frequentemente na
pleura parietal, podendo apresentar origem compartilhada por ambos os folhetos pleu-
rais. Em relação a sua fixação nesses locais de origem é classificado como pedunculado
ou séssil, de base ampla, sendo o primeiro mais frequente.
É um tumor muito vascularizado, com vasos bem visíveis à tomografia (TC) e resso-
nância magnética de contraste, e angiografia. Não é rara a ocorrência de artérias anômalas
calibrosas oriundas das artérias intercostais, frênicas, aorta, brônquicas e mamária interna,
315
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
com relatos descritos na literatura (Guo, 2010; Addagatla, 2017). Há desvio contralateral do
mediastino e compressão do parênquima pulmonar ipsilateral, sem o aumento de linfono-
dos mediastinais.
À TC, a massa pode ser homogênea ou heterogênea, sendo esta última caracte-
rística decorrente de áreas de necrose, hemorragia e degeneração mixóide (Cardinale,
2018). O grau heterogeneidade é diretamente proporcional ao tamanho do tumor. Através
do exame contrastado, é possível observar a rica vascularização intratumoral, e em alguns
casos, ainda se consegue identificar a origem de sua vascularização anômala. O realce tende
a ser mais homogêneo em massas menores e heterogêneo em massas maiores.
A biópsia transtorácica com punção aspirativa por agulhas finas (PAAF) e com punção
aspirativa por agulhas grossas guiadas por TC leva ao diagnóstico efetivo e correto apenas
em 43% dos pacientes submetidos ao método (Sung, 2005, apud You, 2017), devido a he-
terogeneidade histológica e não preservação arquitetural da estrutura do tumor. No proces-
so decisório a respeito da biópsia é importante ressaltar as possíveis complicações, como
pneumotórax, hemorragia, enfisema subcutâneo, dor, reflexo vasovagal; e mais raramente,
embolia gasosa (LIMA, 2011). Em contextos específicos, a biópsia pré operatória pode
ser dispensável.
O diagnóstico de definitivo é realizado no pós-operatório, através do estudo histopato-
lógico da peça cirúrgica. À macroscopia, o TFS apresenta-se como tumor bem circunscrito,
oval ou esférica e firme.
A análise microscópica evidencia células de origem mesenquimal fibroblásticas, de
formato fusiforme, oval ou circular, densas, abundante colágeno intracelular, com peque-
no núcleo hipercromático e homogêneo, escasso citoplasma anfifílico. O estroma contém
abundantes fibras de colágeno, normalmente espessas; bem vascularizado com vasos de
paredes finas, tamanho variável e com grandes ramificações; hialinização variável, presente
principalmente em regiões perivasculares (RONCHI, 2018). Além disso, são encontradas,
em proporção aleatória, alterações dos tipos mixóide, necrose e focos hemorrágicos. Uma
das características mais relevantes é o achado de regiões hipercelulares alternadas com
regiões hipocelulares, também distribuídas aletoriamente, recebendo denominação de “pa-
drão sem padrão”.
A análise da margem cirúrgica é extremamente importante, pois uma margem livre
indica um bom prognóstico para o paciente. Já o contrário, uma margem comprometida,
aponta para um prognóstico mais reservado, com maior chance de recidiva.
A imuno-histoquímica é uma forte aliada para o diagnóstico. Observamos tecido forte-
mente positivo para o CD-34, e células com um núcleo positivo para o STAT-6, de maneira
marcante. O STAT-6 é o marcador mais importante na atualidade, presente em 100% dos
316
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
TFSs (DIEBOLD, 2017), apesar de não ser imprescindível para fechar o diagnóstico. Além
disso, é positivo para CD-99, vimentina e Bcl-2 e negativo para citoqueratina, desmina,
actina e proteína S-100.
Fatores desencadeantes relacionados ao surgimento do TFS ainda são desconheci-
dos. Sendo assim, durante a anamnese, o profissional deve pesquisar tabagismo e carga
tabágica, história pessoal e/ou familiar de neoplasias e exposição prévia à radiação, em
especial a radiação torácica e a corpórea total. Fatores ocupacionais, como exposição a
silício, amianto e asbesto podem ser relevantes, levando a outras hipóteses diagnosticas.
O mesotelioma pleural maligno é o principal diagnostico diferencial. Usualmente, em
exames de imagem, apresenta-se com um padrão de crescimento infiltrativo difuso, carac-
terizado por espessamento pleural nodular disseminado, frequentemente acompanhado
por derrame pleural. A apresentação localizada da maioria dos TFS, normalmente é sufi-
ciente para excluir essa possibilidade. Todavia, vale lembrar que essa neoplasia pode se
apresentar com múltiplos focos em raros casos. O mesotelioma pleural benigno, por sua
vez, é geralmente pequeno e localizado, o que dificulta a distinção em exames de imagem
(You, 2017). A exposição ao amianto tem intima relação com a gênese do mesotelioma, o
que justifica a busca minuciosa por essa exposição durante a anamnese. O mesotelioma
sarcomatóide também mostra forte expressão para citoqueratinas, que são negativas no
TFS (Sánchez-Mora, 2006).
De acordo com a Classificação da OMS de Tumores de Tecido Mole, o tumor fibroso
solitário é um tumor limítrofe, neste caso, e as características microscópicas são as seguin-
tes: as células tumorais são delgadas e as áreas ricas em células e áreas esparsas aparecem
alternadamente. As células não apresentam atipias óbvias e a fase mitótica é rara.
Na vigência de TFSs pequenos, deve-se estabelecer diagnostico diferencial com car-
cinoma pulmonar periférico. O câncer de pulmão periférico é comumente caracterizado
por lobulação, um sinal de rebarba curto, cavitação, recuo tubular e pleural, aumento dos
linfonodos mediastinais e hilares e um ângulo agudo de intersecção com a pleura (You,
2017). Já nos casos de TFS de origem intraparenquimatosa, a biopsia broncoscópica ou por
punção guiada por TC ganham espaço. O tabagismo é um fator de risco importante para os
tumores de origem no parênquima pulmonar ou brônquios, diferentemente do TFS. O Quadro
1 cita os diagnósticos diferenciais.
317
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
Quadro 1. Diagnósticos diferenciais do TFS.
Mesotelioma
Timoma
Sarcomas
Lipoma pleural
Lipossarcoma
Neurofibroma
Carcinoma broncogênico
Hemangiopericitoma
TRATAMENTO
Áreas hemorrágicas
Áreas de necrose
Alta celularidade
PROGNÓSTICO
CONCLUSÃO
O TFS é uma condição rara com história natural ainda não completamente entendida
atualmente, em especial no que tange ao diagnóstico pré-operatório, diferenciação entre
benignidade e malignidade, e determinação mais objetiva do prognóstico.
Portanto, ainda são necessários estudos adicionais para preencher estas lacunas
e conduzir esta entidade com mais efetividade e segurança. Esperamos contribuir com o
acervo disponível na literatura com a presente publicação.
REFERÊNCIAS
1. Addagatla K, Mamtani R, Babkowski R, Ebright MI. Solitary Fibrous Tumor of the Pleura With
Abdominal Aortic Blood Supply. Ann Thorac Surg. 2017 May;103(5):e415-e417. doi: 10.1016/j.
athoracsur.2016.10.044. PMID: 28431714.
320
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
2. Ali JM, Ali A, Van Leuven M, Bartosik WR. Giant solitary fibrous tumour of the pleura an unpredic-
table entity: case series and literature review. Ann R Coll Surg Engl. 2017 Jul;99(6):e165-e171.
doi: 10.1308/rcsann.2017.0067. PMID: 28660826; PMCID: PMC5696978.
3. AMORIM, Elias. Solitary fibrous tumor of the pleura: 3 case reports. Rev. Assoc. Med. Bras.,
São Paulo, v. 61, n. 3, p. 207-208, June 2015. Available from <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302015000300207&lng=en&nrm=iso>. access on 19
Mar. 2021. http://dx.doi.org/10.1590/1806-9282.61.03.207.
6. BAHRAMI, Armita; LEE, Seungjae; SCHAEFER, Inga et al. TERT promoter mutations and
prognosis in solitary fibrous tumor. Modern Pathology, [s. l.], v. 29, p. 1511–1522, 2016. DOI
https://doi.org/10.1038/modpathol.2016.126 . Disponível em: https://www.nature.com/articles/
modpathol2016126 . Acesso em: 10 mar. 2021.
7. Bi X, Zhai J, Chun CD. Solitary fibrous tumor of the abdominal wall re-surfacing as unilaterais
pleural effusion and mass: A case report and review of the literature. Respir Med Case Rep.
2017 Oct 31; 23:4-7. doi: 10.1016/j.rmcr.2017.10.013. PMID: 29159031; PMCID: PMC5683803.
8. BORGES, Flávia Kessler; DORNELLES, Caroline Machado Rotta; VIVIAN, Analu. Solitary
fibrous tumor of the pleura mimicking pleural effusion. Clinical & Biomedical Research,
[S.l.], v. 35, n. 2, apr. 2015. ISSN 2357-9730. Available at: <https://seer.ufrgs.br/hcpa/article/
view/52594>. Date accessed: 19 mar. 2021.
11. Cardinale L, Dalpiaz G, Pulzato I, Ardissone F. Computed tomography of solitary fibrous tu-
mor of the pleura abutting the mediastinum: A diagnostic challenge. Lung India. 2018 Mar-
-Apr;35(2):121-126. doi: 10.4103/lungindia.lungindia_375_17. PMID: 29487246; PMCID:
PMC5846260.
12. Chernova T, Murphy FA, Galavotti S, Sun XM, Powley IR, Grosso S, Schinwald A, Zacarias-
-Cabeza J, Dudek KM, Dinsdale D, Le Quesne J, Bennett J, Nakas A, Greaves P, Poland CA,
Donaldson K, Bushell M, Willis AE, MacFarlane M. Long-Fiber Carbon Nanotubes Replica-
te Asbestos-Induced Mesothelioma with Disruption of the Tumor Suppressor Gene Cdkn2a
(Ink4a/Arf). Curr Biol. 2017 Nov 6;27(21):3302-3314.e6. doi: 10.1016/j.cub.2017.09.007. PMID:
29112861; PMCID: PMC5681354.
321
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
13. De Giacomi F, Srivali N. Solitary Fibrous Tumor: A Giant Pleural Mass. Mayo Clin Proc. 2018
Dec;93(12):1881-1882. doi: 10.1016/j.mayocp.2018.10.012. PMID: 30522600.
14. Demırağ F, Cakir E, Alpar S, Taştepe I, Kaya S. Expression of CD44 and MMP-2: possible
association with histopathological features of pleuro-pulmonary solitary fibrous tumors. Turk
Patoloji Derg. 2011 May;27(2):127-33. doi: 10.5146/tjpath.2011.01060. PMID: 21630198.
16. England DM, Hochholzer L, McCarthy MJ. Localized benign and malignant fibrous tumors of
the pleura. A clinicopathologic review of 223 cases. Am J Surg Pathol. 1989; 13:640–58.
17. Ershadi R, Rahim M, Abbasi M, Erfanian R. Giant solitary fibrous tumor of the pleura. J Surg
Case Rep. 2018 Nov 1;2018(11):rjy270. doi: 10.1093/jscr/rjy270. PMID: 30397437; PMCID:
PMC6210664.
18. FERREIRA, Edgar; DÍAZ, Julio. Tumor fibroso solitario de la pleura. Revista Chilena de
Cirurgia, [ s. l. ], v. 60, ed. 5, p. 465-472, 2008. DOI http://dx.doi.org/10.4067/S0718-
40262008000500018. Disponível em: https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttex-
t&pid=S0718-40262008000500018&lng=en&nrm=iso&tlng=en. Acesso em: 12 mar. 2021.
19. FILHO, Adolpho; SARDINHA, Sérgio; BALDOTTO, Clarissa et al. Osteoartropatia hipertrófica
secundária ao carcinoma broncogênico (síndrome de Pierre-Marie-Bamberger). Pulmão RJ,
Brasil, v. 16, ed. 2-4, p. 97-102, 2007. Disponível em: http://www.sopterj.com.br/wp-content/
themes/_sopterj_redesign_2017/_revista/2007/n_02-04/full.pdf. Acesso em: 10 mar. 2021.
20. Forster C, Roumy A, Gonzalez M. Solitary fibrous tumor of the pleura with Doege-Potter
syndrome: Second recurrence in a 93-year-old female. SAGE Open Med Case Rep. 2019
Jan 12; 7:2050313X18823468. doi: 10.1177/2050313X18823468. PMID: 30719313; PMCID:
PMC6349974.
21. François. Solitary fibrous tumors of the pleura: clinical characteristics, surgical treatment and
outcome. European Journal of Cardio-thoracic Surgery, [s. l.], ano 2002, v. 21, ed. 6, p.
1087–1093, 1 jun. 2002. DOI 10.1016/s1010-7940(02)00099-4. Disponível em: https://acade-
mic.oup.com/ejcts/article/21/6/1087/344093. Acesso em: 25 fev. 2021.
22. FRANCA, TERESA; PINTO, EUGÉNIA; NOGUEIRA, FILOMENA; VELHO, H. VAZ. Tumor
Fibroso Localizado Maligno de Pleura. ACTA MÉDICA PORTUGUESA, [s. l.], v. 14, p. 435-
440, 2001.
24. GOMEZ, MAREL et al. Mesotelioma De Pleura Análisis De Un Caso. Rev. venez. oncol.,
Caracas , v. 17, n. 2, p. 94-97, jun. 2005. Disponible en <http://ve.scielo.org/scielo.php?scrip-
t=sci_arttext&pid=S0798-05822005000200005&lng=es&nrm=iso>. accedido en 19 marzo 2021.
322
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
25. GONZÁLEZ, J. Míguez; PORRES, D. Varona; SORIANO, J. Andreu; FERNÁNDEZ, M.Á. Mon-
tero. Tumor fibroso solitario intrapulmonar asociado a hemoptisis: a propósito de un caso.
Radiología. : Publicación Oficial de la Sociedad Española de Radiología Médica, [s. l.],
ano 2012, v. 54, n. 02, p. 182 - 186, Marzo - abril 2012 2012.
26. Harrison-Phipps KM, Nichols FC, Schleck CD, Deschamps C, Cassivi SD, Schipper PH, Allen
MS, Wigle DA, Pairolero PC. Solitary fibrous tumors of the pleura: results of surgical treatment
and long-term prognosis. J Thorac Cardiovasc Surg. 2009 Jul;138(1):19-25. doi: 10.1016/j.
jtcvs.2009.01.026. PMID: 19577049; PMCID: PMC2930758.
27. Hatooka S, Shigematsu Y, Nakanishi M, Yamaki K. Subxiphoid approach for extracting a giant
solitary fibrous tumour of the pleura. Interact Cardiovasc Thorac Surg. 2017 Nov 1;25(5):834-
835. doi: 10.1093/icvts/ivx134. PMID: 28520889.
28. Huang SC, Li CF, Kao YC, Chuang IC, Tai HC, Tsai JW, Yu SC, Huang HY, Lan J, Yen SL,
Lin PC, Chen TC. The clinicopathological significance of NAB2-STAT6 gene fusions in 52 ca-
ses of intrathoracic solitary fibrous tumors. Cancer Med. 2016 Feb;5(2):159-68. doi: 10.1002/
cam4.572. Epub 2015 Dec 21. PMID: 26686340; PMCID: PMC4735766.
29. Inoue T, Owada Y, Watanabe Y, Muto S, Okabe N, Yonechi A, Kanno R, Suzuki H. Recurrent
Intrapulmonary Solitary Fibrous Tumor With Malignant Transformation. Ann Thorac Surg. 2016
Jul;102(1):e43-5. doi: 10.1016/j.athoracsur.2015.12.022. PMID: 27343529.
30. Jang, Jong Geol et al. “A case of solitary fibrous pleura tumor associated with severe hypo-
glycemia: doege-potter syndrome.” Tuberculosis and respiratory diseases vol. 78,2 (2015):
120-4. doi:10.4046/trd.2015.78.2.120
31. Jayaranagaiah A, Kariyanna PT, Chidella NKS, Singh N, Green J, Salifu MO, McFarlane SI.
Malignant Pleural Mesothelioma presenting with Cardiac Tamponade- A Rare Case report
and Review of the literature. Clin Case Rep Rev. 2018;4(5):10.15761/CCRR.1000414. doi:
10.15761/CCRR.1000414. Epub 2018 May 30. PMID: 30294454; PMCID: PMC6173321.
32. Kashiwabara K, Kishi K, Nakamura H, Kobayashi K, Kiguchi T, Yagyu H, Morisako T, Wei BR,
Yoneyama K, Kusama H, Kitamura H, Matsuoka T. Malignant solitary fibrous tumor arising in the
right buttock associated with metastatic parietal pleural and intrapulmonary tumors in addition
to pleural effusion. Intern Med. 1997 Oct;36(10):732-7. doi: 10.2169/internalmedicine.36.732.
PMID: 9372338.
34. Lazo-Betteta, Marie A; Amorín Kajatt, Edgar. Tumor fibroso solitario pleural: cirugía y recurren-
cia tardía / Pleural solitary fibrous tumor: surgery and late recurrence. Acta cancerol ; 42(1):
26-29, ene.-jun. 2013. Ilus
35. LEON F, FELIPE et al. Tumor fibroso solitario de la pleura asociado a síndromes paraneoplá-
sicos. Rev Chil Cir, Santiago , v. 65, n. 3, p. 255-259, jun. 2013. Disponible en <https://scielo.
conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-40262013000300010&lng=es&nrm=iso>.
accedido en 19 marzo 2021. http://dx.doi.org/10.4067/S0718-40262013000300010.
323
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
36. LIMA, Cristiano Dias de et al . Biópsia aspirativa transtorácica por agulha fina guiada por TC
de lesões pulmonares: resultados e complicações. J. bras. pneumol., São Paulo , v. 37, n.
2, p. 209-216, Apr. 2011 .Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex-
t&pid=S1806-37132011000200011&lng=en&nrm=iso>. access on 19 Mar. 2021. http://dx.doi.
org/10.1590/S1806-37132011000200011.
38. MAGDELEINAT, Pierre; ALIFANO, Marco; PETINO, Antonio; LE ROCHAIS, Jean Philippe;
DULMET, Elisabeth; GALATEAU, Françoise; ICARD, Philippe; REGNARD, Jean François.
Solitary fibrous tumors of the pleura: clinical characteristics, surgical treatment and outcome.
European Journal of Cardio-thoracic Surgery, [s. l.], ano 2002, v. 21, ed. 6, p. 1087–1093,
1 jun. 2002. DOI 10.1016/s1010-7940(02)00099-4. Disponível em: https://academic.oup.com/
ejcts/article/21/6/1087/344093 . Acesso em: 25 fev. 2021.
41. akaya T, Oshiro H, Takigami A, Kanai Y, Tetsuka K, Hagiwara K, Fujii H, Endo S, Tanaka A.
Giant solitary fibrous tumor of the pleura with high-grade sarcomatous overgrowth accompanied
by lipid-rich, rhabdomyosarcomatous, and pleomorphic components: A case report. Medicine
(Baltimore). 2017 Dec;96(50):e8926. doi: 10.1097/MD.0000000000008926. PMID: 29390282;
PMCID: PMC5815694.
42. Oliveira CC, de Moraes MP, Colby T, Oliveira GF, Hasimoto EN, Cataneo DC, Cataneo AJ,
De Faveri J. Endobronchial solitary fibrous tumor. Autops Case Rep. 2016 Dec 30;6(4):35-40.
doi: 10.4322/acr.2016.053. PMID: 28210572; PMCID: PMC5304560.
43. ORELLANA MENESES, Geovanis Alcides et al. Tumor fibroso localizado de pleura: reporte de
un caso. Gac Méd Espirit, Sancti Spíritus , v. 16, n. 1, p. 40-49, abr. 2014. Disponible en <http://
scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1608-89212014000100006&lng=es&nrm=iso>.
accedido en 19 marzo 2021.
44. PATANÉ, Ana Karina; RAYÁ, Mercedes; ROSALES, Adolfo; RIVERO, Hector; ROJAS, Oscar.
Tumor fibroso solitario pleural de lenta evolución. Rev Am Med Resp, [s. l.], v. 4, p. 166-169,
2012.
324
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
46. Pinedo-Onofre, Javier Alfonso; Robles-Pérez, Eurídice; Peña-Mirabal, Erika; Hernández-Carrillo,
José Amado; Téllez-Becerra, José Luis. Tumor fibroso solitario gigante de la pleura / Giant
solitary fibrous tumor of the pleura. Cir. & cir ; 78(1): 31-43, ene.-feb. 2010. ilus, tab, graf.
47. Raafat E, Karunasiri D, Kamangar N, Solitary fibrous tumour of the pleura presenting as agiant
intrathoracic mass, BMJ Case Rep Published, Online First: [June, 2017]. doi:10.1136/bcr-
2017- 220695
48. RONCHI, Andrea; COZZOLINO, Immacolata; MARINO, Federica et al. Extrapleural solitary
fibrous tumor: A distinct entity from pleural solitary fibrous tumor. An update on clinical, molecular
and diagnostic features. Annals of Diagnostic Pathology, [s. l.], v. 34, p. 142-150, 2018. DOI
10.1016/j.anndiagpath.2018.01.004. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/
article/abs/pii/S109291341730309X?via%3Dihub. Acesso em: 10 mar. 2021.
49. Sakurai H, Tanaka W, Kaji M, Yamazaki K, Suemasu K. Intrapulmonary localized fibrous tu-
mor of the lung: a very unusual presentation. Ann Thorac Surg. 2008 Oct;86(4):1360-2. doi:
10.1016/j.athoracsur.2008.04.014. PMID: 18805198.
51. SANTOLAYA C, Raimundo et al. Tumor fibroso solitario de la pleura: Análisis de 41 casos. Rev.
chil. enferm. respir., Santiago , v. 23, n. 1, p. 11-16, marzo 2007. Disponible en https://scielo.
conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0717-73482007000100002&lng=es&nrm=iso .
accedido en 19 marzo 2021. http://dx.doi.org/10.4067/S0717-73482007000100002.
52. Schiavoni E, Alvarez Padilla F, Bustos M. Intrapulmonary Solitary Fibrous Tumors: Benign
or Malignant? Arch Bronconeumol. 2016 Apr;52(4):225-6. English, Spanish. doi: 10.1016/j.
arbres.2015.06.001. Epub 2015 Jul 17. PMID: 26195157.
53. Sharma S, Eshpuniyani P, Bhushan K, Siddharth KG, Pathan S. Giant Solitary Fibrous Tu-
mor: A Rare Case Report. South Asian J Cancer. 2019 Jan-Mar;8(1):17. doi: 10.4103/sajc.
sajc_204_18. PMID: 30766844; PMCID: PMC6348789.
54. Shen Y, He T, Lu P, Feng G, Zhu J, Wang X. Thoracoscopy resection of a giant solitary fibrous
tumor with double pedicles and double blood supply: a case report. World J Surg Oncol. 2019
May 23;17(1):87. doi: 10.1186/s12957-019-1629-1. PMID: 31122270; PMCID: PMC6533672.
Shinya T, Masaoka Y, Sando M, Tanabe S, Okamoto S, Ihara H, Tanaka T, Otani S, Hiraki
T, Kanazawa S. Imaging an intrapulmonary solitary fibrous tumor with CT and F-18 FDG
PET/CT. Radiol Case Rep. 2019 Apr 4;14(6):755-758. doi: 10.1016/j.radcr.2019.03.023.
PMID: 30992735; PMCID: PMC6449767.
55. Singh S, Sangwan M, Sen R, Rattan KN, Singh R, Kala M. Solitary benign fibrous mesothelioma
of the peritoneum: A rare entity in a 2-year-old child. Asian J Surg. 2016 Jan;39(1):48-50. doi:
10.1016/j.asjsur.2012.11.010. Epub 2013 Feb 20. PMID: 26723236.
325
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
56. SOARES, Thiago Horta; PENNA, Jefferson Torres Moreira; DE CARVALHO, Bruna Vilaça; BRI-
TO, Carlos Cesar Aguiar; VIANNA, Laura Silviano Brandão. Tumor fibroso solitário da pleura:
relato de caso Solitary fibrous tumor of the pleura: a case report. Rev Med Minas Gerais, [s.
l.], 21.1:69-71, Jan/Mar 2011.
57. Song JY, Kim KH, Kuh JH, Kim TY, Kim JH. Two-stage Surgical Treatment of a Giant Solitary
Fibrous Tumor Occupying the Thoracic Cavity. Korean J Thorac Cardiovasc Surg. 2018
Dec;51(6):415-418. doi: 10.5090/kjtcs.2018.51.6.415. Epub 2018 Dec 5. PMID: 30588453;
PMCID: PMC6301319.
58. SOUTELO, Jimena et al. Hipoglicemia inducida por tumor fibroso solitario pulmo-
nar: Síndrome de Doege-Potter. Rev. méd. Chile, Santiago, v. 144, n. 1, p. 129-133,
enero 2016. Disponible en <https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0034-98872016000100017&lng=es&nrm=iso>. accedido en 19 marzo 2021. http://dx.doi.
org/10.4067/S0034-98872016000100017.
59. SOUZA JR, Arthur Soares et al. Solitary fibrous tumor of the pleura: a rare cause of elevation of the
right lung base. J. bras. pneumol., São Paulo, v. 45, n. 1, e20180006, 2019. Available from <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132019000101001&lng=en&nrm=i-
so>. access on 19 Mar. 2021. Epub Feb 28, 2019. https://doi.org/10.1590/1806-3713/e20180006.
63. Yamamoto Y, Kanzaki R, Inoue M, Okumura M. Primary Solitary Fibrous Tumor of the Forearm
With Frequent Late-Onset Recurrence in the Pleura. Ann Thorac Surg. 2017 Aug;104(2):e-
173-e175. doi: 10.1016/j.athoracsur.2017.03.036. PMID: 28734445.
64. Yasukawa M, Ohbayashi C, Uchiyama T, Kawaguchi T, Kawai N, Tojo T, Taniguchi S. Rapid pro-
gression of solitary fibrous tumor after induction of hemodialysis. Oxf Med Case Reports. 2017
Jul 6;2017(7):omx037. doi: 10.1093/omcr/omx037. PMID: 28694973; PMCID: PMC5499212.
65. Yeom YK, Kim MY, Lee HJ, Kim SS. Solitary Fibrous Tumors of the Pleura of the Thorax:
CT and FDG PET Characteristics in a Tertiary Referral Center. Medicine (Baltimore).
2015 Sep;94(38):e1548. doi: 10.1097/MD.0000000000001548. PMID: 26402813; PMCID:
PMC4635753.
66. You X, Sun X, Yang C, Fang Y. CT diagnosis and differentiation of benign and malignant va-
rieties of solitary fibrous tumor of the pleura. Medicine (Baltimore). 2017 Dec;96(49):e9058.
doi: 10.1097/MD.0000000000009058. PMID: 29245313; PMCID: PMC5728928.
67. You YH, Liu RT, Zhang Y. A large solitary fibrous tumour of the pleura: a case report and review
of the literature. J Int Med Res. 2018 Apr;46(4):1672-1677. doi: 10.1177/0300060517750534.
Epub 2018 Jan 29. PMID: 29376453; PMCID: PMC6091813.
326
Ciências da Saúde: desafios, perspectivas e possibilidades - Volume 1
SOBRE O ORGANIZADOR
B G
O
Obesidade: 38, 46
P
Pediatria: 327
S
Sangue: 134
T
Tempestade de Citocinas: 232
Terapêutica: 84
Torácica: 47, 56
editora científica