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Poiesis Editora
2015
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Projeto gráfico e capa: Roberto Cavallari Filho
editor@poiesiseditora.com.br
Imagem da Capa: Mapinguari/Ricardo Bagge
ISBN 978-85-61210-51-9
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©Poiesis Editora 2015
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partes ou de todo o conteúdo dessa publicação sem a autorização prévia da editora.
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Preto-SP
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Filho/SJR. Preto-SP
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Filho/Assis-SP
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Simpósio: Traços do imaginário: o fantástico e o maravilhoso
nas Literaturas de Língua Portuguesa
O real como delírio no viés do insólito e do fantástico no
conto: O homem que não podia olhar para trás, de Nelson
Saúte
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Ana Yanca Da Costa Maciel
Quero dizer que preciso mudar de ponto de observação, que preciso considerar o mundo sob
outra ótica, outra lógica, outros meios de conhecimento e controle. Ítalo Calvino
É sólida a estética que incorpora a narrativa de ficção empregada nos fins dos anos 40,
denominada como gênero de Realismo fantástico (considerada também como pós-
expressionista) na literatura hispano-americana e, neste caso, estendemos a aplicação conceitual
para o conto O homem que não podia olhar para trás, do escritor moçambicano, Nelson
Saúte.
Entendemos o Realismo fantástico como uma vertente literária moderna que reage contra o
regionalismo vigente no início do século XX. A nova visão (mágica) da realidade transgride o
espaço narrativo a partir dos vínculos entre a realidade e a fantasia, causando hesitação diante
de acontecimentos que não conseguem explicar o fenômeno, logo, caráter ambíguo, ou
sobrenatural que contesta a realidade racional.
O real e o imaginário fazem parte de um mundo que não deixa de ser nosso e assombramo-nos
com o que nos circunda, quiçá, seja uma ruptura com o que estamos acostumados a vivenciar.
Por isso, são fenômenos que não advém da natureza tal qual a conhecemos no viés da
experiência, mas como estranho e insólito, em que a razão não pode explicar a incerteza, e
enfim, se chega ao ponto culminante: Teria Abdala encontrado Halima? Ora, pois, o espírito do
fantástico é a vacilação (TODOROV, 1968).
Este é um motivo para pensar a função da literatura na relação curiosa entre a imaginação
explicativa fielmente baseada no real e a imaginação fantástica que é a do artista e do escritor.
São circunstâncias que aparecem no indivíduo leitor como necessidade de satisfação apoiadas
na ficção da linguagem literária. Portanto, o leitor aproxima-se do personagem pelo meio
expressivo e se sente participante, aberto às experiências que o narrador lhe oferece como
realidade, isto é, há aceitação de fatos inexplicáveis, há fruição na leitura (CANDIDO, 2002).
A partir do sentimento de incerteza instaura-se o fantástico, que, por sua vez, implica na
existência de um acontecimento que provoca vacilação no leitor e no herói. Há delírio não em
relação à sanidade, mas ao impossível, ao (des)limite para a própria sedução dos leitores diante
da fruição da linguagem. O texto em seu prazer vacila nas bases psicológicas (do leitor, da
sociedade, dos valores morais) e cria linguagens. Por outro lado, ficam os conformados
culturalmente em perder o desejo verbal devido à destruição do discurso; é o que Barthes
chama de “Unidade Moral”, algo que a sociedade exige de todo produto humano. Aí reside a
visão considerada “correta” do que deve ser a realidade homogeneizada, uniforme, legítima,
harmoniosa na concepção positivista de que só o realismo tradicional corresponde ao fazer
literário, nesse sentido a incerteza do fantástico articula-se como sua maior estratégia - a
indecidibilidade -, que segundo Jacques Derrida:
[...] é a tradução do tipo de resistência que ainda se verifica nas questões da representação e do
tipo de impasse a que se chega quando se pretende fixar aprioristicamente um qualquer tipo de
conhecimento: “Even the principle of of uncertainty (and (...) a certain interpretation of
undecidability) continues to operate within the problematics of representation and of the
subject-object relation)” ("The Principle of Reason: The University in the Eyes of Its Pupils",
Diacritics, 13, 1983, reproduzido em R. C. Davis e R. Schleifer:Contemporary Literary Criticism:
Literary and Cultural Studies, 3ª ed., p.332-333). No campo literário, a indecidibilidade pode ser
entendida como uma forma de resistência aos critérios de verdade ou à ideia de validade
subjectiva de um juízo crítico. A pretensão de a crítica literária necessitar de um critério de
verdade para ser válida poderá ser contraproducente ao facto de o dogmatismo não fazer sentido
numa era pós-estruturalista dominada pela instabilidade, pela indecidibilidade, pela
indeterminação, pelo inacabamento e pela disseminação. Se todo o conhecimento da realidade é
simbólico, se tudo o que conhecemos faz parte de uma cadeia de signos que se distinguem de
outros signos para formar um sentido, não há verdadeiramente conhecimento da realidade, mas
apenas conhecimento que resulta de experiências simbólicas da realidade. Em outra parte esta
indecidibilidade do conhecimento e esta disseminação do sentido é tão marcada como na
literatura, que depende de jogos de palavras, de intertextualidade, de associações simbólicas e de
repetições. Quanto maior for o grau de indecidibilidade de um texto maior será a abertura à
desconstrução do seu sentido, mais facilmente se revelará a impossibilidade de fixar esse sentido
e com mais vigor se demonstrará que um texto nunca está totalmente escrito nem totalmente
vazio (CEIA, Carlos. E-dicionário. Disponível em:
http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree
&link_id=422:indecidibilidade&task=viewlink.).
Logo, esta vacilação pode ser também sentida por um personagem de tal modo, o papel do leitor
está, por assim dizê-lo, crédulo a um personagem e, ao mesmo tempo a vacilação representada,
converte-se em um dos temas da obra; no caso de uma leitura ingênua, o leitor se identifica com
a personagem. Finalmente, é importante que o leitor adote uma determinada atitude frente ao
texto: deverá rechaçar tanto a interpretação alegórica como a interpretação “poética”. Estas três
exigências não tem o mesmo valor. A primeira e a terceira constituem verdadeiramente o
gênero; a segunda pode não cumprir-se. Entretanto, a maioria dos exemplos cumpre com as três
(p. 20).
Mapeamos o conto seguindo a mesma tríade: Somos crédulos à situação d’O homem que
não podia olhar para trás diante das bodas do absurdo, com caráter reificado na sua
existência prisional: sem grades, correntes ou muros; reduzido inteiramente à dinâmica da
pobreza do Norte de Moçambique. Sentimo-nos desorientados devido à lacuna sem justificativa
de como inicia o conto. Mas sabemos que trata-se de uma narrativa de tema crítico encetada
por Nelson Saúte:
Ele caminhava devagar, arrastando-se (...) debaixo de frondosos cajueiros e de um mato que
tinha o tamanho de sua inesgotável solidão, aquele homem envelhecera durante a jornada.
Deixara muito de si naquelas estradas sem fim, aberta por outros caminhantes, nas terras
distantes de Moçambique. (...) poder-se-ia adivinhar alguma juventude apagada recentemente,
numa silhueta esculpida pelas rugas da fome e do sofrimento (O homem que não podia olhar
para trás, 2006).
O que se fez da literatura era inevitável e não simplificador ou representante de qualquer
realidade. Essa epifania da condição humana, não pode ser compreendida apenas como fim,
mas como uma situação que dialoga com a vida. Esse viver, ou estar na estrada, corresponde à
aceitação de incertezas. No mesmo patamar se encontra a vulnerabilidade do ser humano, e
Abdala está sujeito à condição da espécie humana enquanto sociedade e individualidade.
Abdala não tem fim em si mesmo, não sabia para onde caminhava, mas esse caminhar era a
razão de tudo que existia. De um lado o fosso entre o ambiente humano e o mundo da natureza
e, de outro, o movimento histórico que mostrava as profundas ruínas. Não afirmamos a
contrarreação das leis naturais, mas à normalidade e, em si, as contradições essenciais da sua
condição:
A vida em muitas zonas de Moçambique acontece à beira da estrada. À sombra das palhotas não
é difícil encontrar gente deitada em camas armadas em paus e com uma malha de sisal a fazer de
colchão. A mesmas kitandas servem para carregar os mortos quando são viradas ao avesso. Mas
Abdala Mussa não as viu. Encontrou, isso sim, pássaros faladores, que trazem avisos quando
descem à terra (SAÚTE: 2006).
Somos conduzidos a acreditar no narrador em discurso indireto livre, o que provoca incerteza,
por exaltar o insólito que ronda a percepção do personagem. O envelhecimento durante a
jornada mostra o desgaste sofrido ao longo da estrada. Apesar de estar em terras conhecidas,
embora não decifrasse seu trajeto futuro, Abdala abalado também foi habitado pelo próprio
desconhecimento. Tornamo-nos vacilante diante da hesitação provocada pelo lúdico
aparecimento dos pássaros. Há um profundo diálogo no legado de Heráclito “Viver de morte,
morrer de vida”. Abdala vive da morte a cada nova aparição dos pássaros: “Outro passarinho
surgiu no horizonte. Atravessou seu caminho. Também era avisador: - Abdala, não podes
comer essa gazela. Mais à frente, encontrarás melhor sorte” (SAÚTE, 2006 ).
A dilatação do real dentro do espaço diegético no conto acumula elementos fora do comum. No
viés de potências insólitas experimentadas a partir do mundo fantástico quando há
deslocamento espaço-temporal. Isto contradiz a realidade ao se opor à lógica racional, ademais
nem deve ser comprovada, pois a narrativa não se submete à prova de verdade, sobretudo por
ser produto do maquinário da verossimilhança. Não cabe, portanto, à literatura resto da
realidade representada:
O diálogo entre (des)razão, inconsciência, inverossimilidade, nos atrai como leitor e nada além
disso pode refrear a emoção sentida. Deixamo-nos contaminar pela hesitação do eixo narrativo
na perspectiva de mistério e deleite, eis a sensação do fantástico. A arte cria leis próprias e a
literatura não escapa da capacidade de diversidade e subjetividade. Sabemos, portanto, a
importância de Hoffmann ao inovar o gênero, o que não foi possível até a Idade Média
(RODRIGUES, 1998).
Chegamos à apuração de que o real é mutável e se constrói dentro da literatura. Baudelaire
despoja a ideia de que é entediante o que existe, uma vez que nada do que existe satisfaz. Lacan
nos mostra que a linguagem não diz diretamente o real, logo escapa ao discurso. Kant postula
que o pensamento humano não pode captar as estruturas do real. Então não há porquê exigir
isso do autor ou da arte. Deste modo, a Literatura é uma representação? Mas a arte cria, por
isso é real por objeto de desejo, Roland Barthes considera sensato o desejo do impossível.
A mimesis já pode ser descartada, pois só tem a empobrecer o que se tende a valorizar em
qualquer personagem e narrativa. É importante ressaltar o critério da verossimilhança, pois não
se dá ao reducionismo de imitar o que já existe o que é rudemente desnecessário à criação. Não
pode ser uma representação, pois não é reflexo, não imita, não separa o certo do errado, nem o
verdadeiro do falso. Mas é um utensílio para ver além do vivenciado, deslocado no momento
em que aglutina-se experiências no campo da percepção imagética do ato de ler, nunca se
esgotando na repetição. Ademais, não se constata que a criação faz-se do zero ou de algo oco, e
sim, do eco a produzir mosaicos de vozes em narrativas.
A aparição dos pássaros aconteceu anteriormente e foi possível a partir do instante ou delírio de
fome que Abdala abalado sentia ao ser recebido por Halima, numa manhã de sábado, deixando
para trás sua juventude envelhecida, seus trapos e farrapos. Eis a efervescência do fantástico:
Abdala chegou à Nacala no período pós-guerra de Moçambique, lá encontra uma mulher que
purifica seu corpo-sombra num dia de sábado. Os pássaros cumpriram seu papel de
mensageiros-auxiliares, simbolizando uma amizade entre os deuses e o homem, já que no dia
do descanso encontra uma mulher (?) ou deusa (?), ou desviante (?), ou marginalizada (?).
Vestida de amarelo-ocre e vermelho-forte (cores demasiadamente vivas, pois, como seres da
linguagem estamos inseridos e submetidos ao simbólico) e arranca-o da miséria de corpo e
espírito, com a condição que não olhe para trás, mas ao olhar para si mesmo, tudo evanesce.
Verificamos a morte da mulher realizada pelo personagem. É instigante o desaparecimento da
figura feminina, real de todos os desejos de Abdala, este eu renuncia o efeito feminino, essa
construção, essa fantasia através do discurso de desejo do personagem. Encontra nesse devaneio
a des-razão de viver, no mesmo lugar que ele se constitui, ali mesmo ele se destitui. A princípio
Halima não aparece como perigo a ser eliminado. Deste modo, Abdala a projeta como algo não
captável, quando a morte de Halima ocorre insolitamente no corpo do conto fundado na
castração.
Discorre-nos formas de transgressão ao bloqueio de passividade ou submissão quando se uni
elementos que não são comuns de se encontrarem juntos. Não é comum que um pássaro diga
ao homem o que se deve comer. O fantástico excede a realidade, desloca-a até um ponto
inesperado e isso não exige lógica, apenas coesão que adentra o mundo da verossimilhança. A
matéria viva torna-se ondulante, o que parece muito rígido segundo Baudelaire (1988). Não há
somente prazer no ato de criar, se cria por absoluta necessidade. O que rompe com o senso
comum, se faz importante à cumplicidade do leitor. Este é contra o herói no momento em que
se entrega a seu prazer, Barthes (1987). A fruição se baseia na necessidade de ficção e de fantasia
como demonstração da experiência humana. Haverá sempre uma linha tênue de divisão que
causará indecisão; o discurso ficará incompleto abrindo espaços a serem preenchidos pelo
leitor.
A literatura tem movimentos próprios, intensifica efeitos produzidos, Todorov (op. cit., p. 85-
90): torna o sentido próprio no que seria uma expressão figurada. Se o insólito fantástico não é
de outro mundo, ele transporta o leitor para outro mundo. Adentramos no mundo de Abdala e
nele, participamos das transformações. A literatura como estado desperto rompe com a
repetição. Isto é entra pela mesma porta que todo mundo e sai pela única porta que ninguém
mais sairá, contudo, o fantástico nos desvencilha da vida diária e do que costumamos a ler.
Divorciamos da realidade para experimentar hermeticamente a vida por um hiato inefável. A
experiência da literatura fantástica é como o estrangeiro. Mas o que for oferecido pelo
fantástico, tem seu conteúdo coeso, por mais estranho que possa parecer. Não deixa de ser
desafiante, pois esta leitura desdobra a excitação da liberdade de pensamento. O homem que
não podia olhar para trás considera a crítica do que somos, do que poderíamos ser no contexto
insólito de explorar o outro de si mesmo.
Eis a constituição problematizada do psicológico da personagem na análise do indivíduo a
deriva, do instinto frente às mazelas enfrentadas na tensão de estar no mundo. É complexo
pensar num homem que se destitui de si mesmo, devido sua situação social, instaurando assim,
de modo negativo, a animalização do homem pelo próprio homem, na angústia de encontrar-se
abandonado, esmagado, anulado de características humanas. Esse processo de transformação é
central nesta obra de Nelson Saúte, basicamente marcada pelo caráter fantástico, elemento
moderno de construção ficcional no espaço literário moçambicano.
O narrador compõe os elementos ficcionais dentro do espaço intencional, eis o conhecer do
sujeito que descreve o ambiente diegético. O que está por detrás dessas histórias? Dentro da
contemporaneidade literária moçambicana veem-se elementos apontando para isto, relatando
visões de sociedades e ideologias atuais em diálogo com o enraizamento da tradição cultural,
que podem ser observados, basicamente, através dos processos de construção da linguagem, por
vezes demasiado expressionista. Este conto, personificado tragicamente, por meio de um
personagem que morre de vida, discurso centrado numa realidade maravilhosa que ultrapassa a
realidade exterior, vivencial, num processo diegético, busca representar a intenção de ir além do
que se vive.
Bibliografia