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Clarice Lispector nasceu em uma cidade ucraniana no ano de 1920 e faleceu no ano de

1977, no Rio de Janeiro. Pertencia a uma família judaica russa, a qual vivia fugindo da
perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa. Em 1922, Clarice e sua família
emigraram para o Brasil em busca de uma vida melhor. Aos 19 anos de idade, iniciou os
estudos na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e começou a se dedicar pela
literatura, sendo considerada uma das escritoras mais importantes do século XX.

A Hora da Estrela encontra-se na obra intitulada do Livro publicado em 1977 de Clarice


Lispector. A narrativa é retrata no passado, presente e futuro, assim como na vida real e não
se divide em capítulos. Trata-se de um romance literário narrado por um escritor fictício
chamado Rodrigo S.M., o qual relata sobre a rotina da datilógrafa alagoana, Macabéa.

Macabéa era uma jovem simples, nordestina, órfã de pai e mãe. Vivia com sua tia beata,
a qual era muito rígida na criação e a penalizava com castigos frequentes. Macabéa não tinha
ideia nem da sua própria existência, se desculpava como quem ocupa um espaço indevido no
mundo e não tinha nenhuma perspectiva de vida para o futuro.

Após a morte de sua tia, foi para o Rio de Janeiro viver em uma pensão com quatro
moças balconistas das Lojas Americanas, as quatro Marias (Maria da Penha, Maria
Aparecida, Maria José e Maria apenas), com quem não convivia muito. Elas trabalhavam
durante o dia inteiro, à noite estavam cansadas e só prezavam pelo descanso.

Macabéa durante todas as madrugadas para não acordar suas colegas de quarto, ligava
bem baixinho o seu companheiro: o rádio. Ele sempre estava ligado na mesma estação “Rádio
Relógio”, a programação também era sempre a mesma, consistia na “hora certa e cultura” e
alguns anúncios. A ouvinte nordestina colecionava todos os dias informações inúteis como se
fossem ensinamentos preciosos, acreditava que tudo o que ouvia eram verdades absolutas,
mas não conseguia entender quase nada do que era transmitido. Antes de dormir sempre
tomava seu café e comia pedacinhos de papel para enganar a fome.

Macabéa trabalhava em uma empresa como datilógrafa, onde conheceu sua colega de
serviço, Glória. Logo no começo do trabalho, foi demitida por errar demais na datilografia,
além de sujar sempre o papel, mas seu chefe Raimundo Silveira mudou de ideia rapidamente
e a deixou continuar no trabalho por pena e compaixão. Certo dia ela resolveu faltar do
trabalho e convenceu seu chefe com a mentira de que “arrancar um dente era muito perigoso”.
No dia seguinte, quando as quatro Marias foram trabalhar, ela se sentia sozinha pela primeira
vez na vida. Ela tinha o quarto só pra ela, ela dançava, rodopiava, tomava seu café solúvel e
até sentia tédio. Nesse mesmo dia ela resolveu fazer um passeio e encontrou Olímpico de
Jesus, o nordestino ambicioso, metalúrgico e o seu primeiro amor. Olímpico trabalhava
pegando barras de metal que vinham deslizando de cima da máquina para serem colocadas
embaixo, sobre uma placa deslizante. Ele era bruto, não tinha nenhum pingo de ternura e se
achava muito superior à pobre coitada, mas logo conseguiu ganhar seu coração sofrido e se
tornou o seu primeiro namorado.

O namoro de Macabéa e Olímpico era totalmente sem graça, o casal saia quase sempre
em dias de chuva. Os seus passeios consistiam em sentar em um banco da praça e conversar
durante horas, mas Olimpíco sempre acabava se irritando com os assuntos e as perguntas de
Macabéa. Na verdade, Olímpico não demonstrava vontade e nem satisfação nenhuma em
namorá-la.

Olímpico conheceu Glória, a colega de trabalho de Macabéa. Glória era uma mulher
loira oxigenada, seu pai trabalhava em um açougue e ela fazia parte do clã do sul do Brasil.
Todas essas qualidades se tornaram atrativas para Olimpíco, o qual rompeu seu
relacionamento esquisito com Macabéa e ficou com Glória.

Glória quis recompensar o roubo do namorado de sua colega de trabalho e a chamou


para um lanche da tarde, no domingo, em sua casa. Macabéa aceitou o convite e se deliciou
com os chocolates misturados com leite, roscas açucaradas e um pequeno bolo. No dia
seguinte, na segunda-feira, passou muito mal, mas não vomitou para não desperdiçar o luxo
do chocolate. Dias depois, procurou um médico indicado por Glória e foi diagnosticada com
tuberculose pulmonar. Macabéa não quis contar para ninguém sobre o diagnóstico, na
verdade, procurou esconder até de sim mesma a sua doença.

A alagoana era uma mulher que não guardava rancor e logo reatou sua amizade com
Glória. Glória indicou a Macabéa uma cartomante Madama Carlota e a emprestou dinheiro
para sua consulta. Madama Carlota, era uma antiga prostituta e cafetina que depois de
enriquecer, teve a grande sorte em ler cartas. A visita à Madama Carlota trouxeram boas
notícias para Macabéa: ela iria encontrar um gringo loiro e rico, de olhos azuis, ou verdes, ou
castanhos, ou pretos, e iria se casar com ele, deixando sua vida de sofrimento apenas no
passado.
Macabéa saiu da casa da cartomante cheia de esperanças para o futuro, pronta para
iniciar a sua nova vida. Então ao descer da calçada para atravessar a rua, o Mercedes amarelo
a atropelou. Ela bateu com a cabeça na quina da calçada e ficou caída, mas ainda teve tempo
de ver que foi atropelada por um carro de luxo. Jogada no chão, Macabéa quis vomitar uma
estrela de mil pontas. Então foi ali que ela se tornou pela primeira e última vez na vida o
centro das atenções.

Portanto o Livro “A Hora da Estrela” nos faz refletir sobre a condição humana. O
interesse é voltado para os conflitos psicológicos internos da personagem. A personagem
encarna a imigrante nordestina que passa por muitas dificuldades no Rio de Janeiro,
retratando milhões de indíviduos nos dias atuais, pessoas que estão alheias às boas leituras e à
educação, sendo facilmente manipuladas por outras pessoas e por mídias sociais, sem que elas
mesmas se dêem conta disso.

Este livro nos descreve uma incansável busca por uma vida melhor. A luta pela
sobrevivência é tão notável que a personagem se da alguns luxos que faz se sentir como
alguém acima da sua classe social. Se observarmos bem as características da personagem,
podemos notar que há em cada um de nós um pouco dessa “personagem”. Vivemos
acomodados com o nosso eu desconhecido, afundados em uma vida vazia, mas que é
aparentemente suficiente, a diferença é que quando nos damos conta disso, disfarçamos com
as falsas alegrias.

A estrela do livro está relacionada com a marca do carro Mercedez, mas também se
refere ao momento de “glória”, o momento que a morte de Macabéa obteve a grandeza do ser,
se tornando como uma estrela de cinema.

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