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Justiça Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

24/10/2020

Número: 0600266-52.2020.6.06.0036
Classe: REPRESENTAÇÃO
Órgão julgador: 036ª ZONA ELEITORAL DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE CE
Última distribuição : 06/10/2020
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Cargo - Prefeito
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
SÃO GONÇALO PODE MAIS 10-REPUBLICANOS / 11-PP / JOSE EDUARDO GOYANA BENTO (ADVOGADO)
90-PROS (REPRESENTANTE) MARCIO JORIO FERNANDES ANDRE (ADVOGADO)
LUIS EDUARDO DE SALLES TEMOTEO (ADVOGADO)
VICENTE MARTINS PRATA BRAGA (ADVOGADO)
DAMIAO SOARES TENORIO (ADVOGADO)
ELDER GURGEL SOUZA MOREIRA FILHO CARLOS EDUARDO ROMANHOLI BRASIL (ADVOGADO)
(REPRESENTADO) TICIANE ROCHA PEREIRA (ADVOGADO)
ANA LUIZA BARROSO CARACAS DE CASTRO
(ADVOGADO)
ESIO RIOS LOUSADA NETO (ADVOGADO)
RAIMUNDO AUGUSTO FERNANDES NETO (ADVOGADO)
MARINEIDE CLEMENTINO BRAGA (REPRESENTADO) CARLOS EDUARDO ROMANHOLI BRASIL (ADVOGADO)
TICIANE ROCHA PEREIRA (ADVOGADO)
ANA LUIZA BARROSO CARACAS DE CASTRO
(ADVOGADO)
ESIO RIOS LOUSADA NETO (ADVOGADO)
RAIMUNDO AUGUSTO FERNANDES NETO (ADVOGADO)
FRANCISCO CLAUDIO PINTO PINHO (REPRESENTADO) CARLOS EDUARDO ROMANHOLI BRASIL (ADVOGADO)
TICIANE ROCHA PEREIRA (ADVOGADO)
ANA LUIZA BARROSO CARACAS DE CASTRO
(ADVOGADO)
ESIO RIOS LOUSADA NETO (ADVOGADO)
RAIMUNDO AUGUSTO FERNANDES NETO (ADVOGADO)
PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DO CEARÁ (FISCAL
DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
20566 23/10/2020 18:37 Manifestacao - Eleitoral [08.2020.00298478-5] Parecer da Procuradoria
053
MINISTÉRIO PUBLICO ELEITORAL
36ª ZONA ELEITORAL
SÃO GONÇALO DO AMARANTE

MM(a). Juiz (a)

Trata-se de Representação Eleitoral por Conduta Vedada com pedido de Liminar


ajuizada pela coligação “SÃO GONÇALO PODE MAIS” em desfavor de ELDER GURGEL
SOUZA MOREIRA FILHO, MARINEIDE CLEMENTINO BRAGA E FRANCISCO CLAUDIO
PINHO.

Relata em síntese o seguinte:

DA EXPOSIÇÃO SUMÁRIA DA LIDE1.

Trata-se de Representação por Conduta Vedada em desfavor de ELDER


GURGEL SOUZA MOREIRA FILHO, MARINEIDE CLEMENTINO BRAGA e
FRANCISCO CLÁUDIO PINTO PINHO pela prática de conduta vedada pela Lei
das Eleições (Lei nº 9.504/97), na forma do art. 73, incisos I, II eIII.

2.Os Representados utilizaram os recursos públicos ônibus do Munícipio


de São Gonçalo do Amarante/CE e os serviços de um funcionário da
administração pública para transportar eleitores para inauguração de
comitê e carreata de apoio à candidatura do Sr. ELDER GURGEL e da Sra.
MARINEIDECLEMENTINO.

3.Fez-se cessão de ônibus municipais que possuem, inclusive, a indicação de


“escolar”, para transporte de cidadãos com destino aos eventos que
ocorreram no dia 03/10/2020. Configura-se, dessa maneira, abuso de poder
político, em acordo com o art. 22, caput, da Lei Complementar nº 64/90 e
com o art. 14, §9º da Constituição Federal. Tem-se, na ação descrita,
nítido potencial lesivo ao princípio de igualdade de oportunidades no pleito.

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Ainda, acosta aos autos vídeos e fotográficas como sendo supostamente de pessoas que
estariam indo participar de eventos utilizando os referidos bem públicos. Aduz ainda pela
utilização de um servidor público.

Em síntese, o relato.

Verifica-se, pelo material probatório acostados aos autos graves indícios de autoria e
materialidade infrações de índole eleitoral, criminal e de improbidade administrativa.

A respeito da conduta vedada no âmbito eleitoral restou comprovados os indícios de utilização


indevida de bem público, de responsabilidade direta do gestor público Cláudio Pinho, conforme
se extrai das provas apresentas:

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Aliás, verifica-se que a conduta do requerido Cláudio Pinho configura claro desvio de finalidade
na utilização dos referidos bens públicos, vindo ao encontro do comando normativo do art. 73,
incisos I e II, da Lei 9.504/97:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes
condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos
nos pleitos eleitorais:

I -ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação,


bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária; II -usar

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materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas
Legislativas, que excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e
normas dos órgãos que integram;

Vale ressaltar que o nexo de causalidade está claro quando da cessão por parte do Requerido
Claudio Pinho dos referidos bens o evento eleitoral em que estavam sendo utilizados tais bens
públicos. Nesse sentido, há nos autos comprovação de convocação direta por conta do
requerido Claudio Pinho, atual prefeito Municipal, juntamente com os demais requeridos, que
são declaradamente apoiados por aquele, conforme demonstrado abaixo:

Nesse sentido, a conduta também mostra indícios da prática do crime contido nos artigos 346 cc
377, do Código Eleitoral. Vejamos:

Art. 346. Violar o disposto no Art. 377:

Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da autoridade responsável, os


servidores que prestarem serviços e os candidatos, membros ou diretores de
partido que derem causa à infração.

Art. 377. O serviço de qualquer repartição, federal, estadual, municipal,


autarquia, fundação do Estado, sociedade de economia mista, entidade
mantida ou subvencionada pelo poder público, ou que realiza contrato com
êste, inclusive o respectivo prédio e suas dependências não poderá ser
utilizado para beneficiar partido ou organização de caráter político.

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Ainda no âmbito criminal, tais indícios de autoria e materialidade nos crimes de
responsabilidade praticados por Prefeitos, conforme art. 1º, inciso II, do DL 201 /67, conforme
abaixo:

Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao


julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da
Câmara dos Vereadores:

Il - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas


ou serviços públicos;

Noutro giro, na contramão da moralidade administrativa, tais condutas demonstram claros


indícios da prática de Ato de Improbidade Administrativa, consistente em ato que causa lesão
ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres, nos termos do art. 10,
incisos II: permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas,
verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta
lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;.

A referida conduta também se enquadra na violação ao princípios da Administração Pública, nos


termos do art. 11, da Lei de Improbidade Administrativa.

Dessa forma, são graves os fatos apresentados nesta Ação de maneira que o MP se opina pelo
seguinte:

1- Procedência da presente ação, uma vez que configurada conduta vedada a indevida
utilização de bens públicos; Requer-se, ainda, complementarmente, em relação ao
Requerido Francisco Cláudio Pinho, atual Prefeito Municipal, em razão do foro por
prerrogativa de função:

a. Remessa de cópia da presente representação para a Procuradoria de Justiça dos


Crimes contra a Administração Pública PROCAP, para apurar o que entender
por direito tendo em vista art. 1, º, inciso II, do DL 200/67;

b. Remessa de cópia dos autos à 2º Promotoria de Justiça de São Gonçalo do


Amarante para apurar o que entender de direito no âmbito da Improbidade
Administrativa;

c. Remessa de cópia do autos à Procuradoria Regional Eleitoral para apurar o que


entender de direito referente ao crime eleitoral do art. 346 e art.377, do Código
Eleitoral.

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São Gonçalo do Amarante, 23 de outubro de 2020.

Venusto da Silva Cardoso

Promotor de Justiça

36ª ZE

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