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INTRODUÇÃO

A história da infeção pelo VIH/SIDA é recente. Nos anos setenta ainda ninguém tinha
conhecimento desta doença, inicialmente considerada mortal, hoje tida como crónica. O
aparecimento da SIDA, no início dos anos 80, abalou as certezas do mundo contemporâneo. Nos
países ricos surpreendeu e desregulou os sistemas sanitários e sociais, nos países pobres veio
sobrecarregar os sistemas sanitários e sociais. Veio ainda agravar outros flagelos e tornar muitas
vezes ineficazes os numerosos esforços de luta contra outras doenças endémicas. Doença biológica
com graves implicações sociais, a SIDA tem de ser abordada, em simultâneo, do ponto de vista
médico e social.

A ORIGEM DA EPIDEMIA DE HIV


Acredita-se que a AIDS surgiu no Congo em 1920 mas apenas se

tornou conhecida em 1981 nos Estados Unidos, quando começaram a surgir

as primeiras pessoas infectadas, que apresentavam Sarcoma de Kaposi, um

tipo raro de câncer caracterizado pelo acometimento dos vasos sanguíneos e

linfáticos e, consequentemente, do sistema imune.

A Sindrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) foi reconhecida em meados de 1981,


nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino,
homossexuais e moradores de São Francisco ou Nova York, que apresentavam sarcoma de Kaposi,
pneumonia por Pneumocystis carinii e comprometimento do sistema imune. Todos estes fatos
convergiram para a inferência de que se tratava de uma nova doença, ainda não classificada, de
etiologia provavelmente infecciosa e transmissível. Em 1983 o agente etimológico foi identificado:
tratava-se de um retrovírus humano, atualmente denominado vírus da Imunodeficiência humana,
HIV-1, que anteriormente foi denominado LAV e HTLV-III. Em 1986 foi identificado um segundo
agente etimológico, também retrovírus, estreitamente relacionado ao HIV-1, denominado HIV-2.
Embora não se saiba ao certo qual a origem dos HIV-1 e 2 sabe-se que uma grande família
de retrovírus relacionados a eles está presente em primatas não-humanos na África sub-Sahariana.
Todos os membros desta família de retrovírus possuem estrutura genômica semelhante,
apresentando homologia em torno de 50%. Além disso todos têm a capacidade de infectar linfócitos
através do receptor CD4. Aparentemente o HIV-1 e o HIV-2 passaram a infectar o homem há várias
décadas.
O HIV-1 tem se mostrado mais virulento do que o HIV-2. numerosos retrovírus de primatas
não-humanos encontrados na África têm mostrado grande similaridade com o HIV-1 e com o HIV-
2. O vírus da Imunodeficiência símia (SIV) presente com muita freqüência nos macacos verdes
africanos é muito próximo ao HIV-2, sugerindo que ambos evoluíram de uma origem comum. Por
estes fatos supõe-se que o HIV tenha origem geográfica africana e que sua disseminação se deve às
características da sociedade contemporânea.

AS FORMAS DE TRANSMISSÃO DO HIV

As principais formas de transmissão do HIV são:


 Sexual, relações homo e heterossexuais;
 Sangüínea, em receptores de sangue ou hemoderivados e em UDIV;
 Perinatal, abrangendo a transmissão da mãe para o filho durante a gestação, parto ou por
aleitamento materno.

 A transmissão do HIV e, por consequência da AIDS, acontece das

seguintes formas:

Além destas formas mais freqüentes há também a transmissão ocupacional, por acidente de
trabalho em profissionais da área da saúde que sofrem ferimentos pérfuro-cortantes contaminados
com sangue de pacientes com infecção pelo HIV e, finalmente, há oito casos descritos na literatura
de transmissão intradomiciliar nos quais não houve contato sexual nem exposição sangüínea pelas
vias classicamente descritas.
A principal forma de exposição no mundo todo é a sexual, sendo que a transmissão
heterossexual através de relações sem o uso de preservativo é considerada, pela OMS, como a mais
freqüente do ponto de vista global. Na África sub-Sahariana é a principal forma de transmissão.

África são encontradas as maiores taxas desta forma de infecção pelo HIV, de 30 a 40%,
enquanto em outras partes do mundo, como na América do Norte e Europa se situam em tomo de
15 a 29%. Os motivos desta diferença devem-se ao fato de que naquele continente a transmissão
heterossexual é mais intensa e também ao aleitamento materno, muito mais freqüente do que nos
países industrializados.
CARACTERÍSTICAS DO HIV

Estrutura do vírus HIV

As principais características do vírus HIV são:

 Longo período de incubação até que os primeiros sintomas sejam notados;


 Enfraquece o sistema imunológico;
 Capacidade de destruir as células de defesa do organismo.
si
O vírus HIV ataca e destrói as células do , especialmente os linfócitos CD4+. Sem as células
de defesa, o organismo torna-se mais exposto ao ataque de outros vírus, bactérias e ao surgimento de
câncer.

Quando o vírus HIV infecta um linfócito, lá libera o seu RNA e produz o DNA viral, o qual
é integrado ao DNA da célula hospedeira.

Assim, o linfócito passa a replicar o HIV, originando muitas cópias que passam a infectar
outros linfócitos. Ao fim, os linfócitos são destruídos. Com isso, a quantidade de vírus HIV
aumenta no sangue.
SINTOMAS DO HIV

Inicialmente, entre duas e seis semanas após a aquisição do

vírus HIV, o indivíduo pode manifestar febre, dores musculares,

aumento de gânglios – as chamadas ínguas – e dor de cabeça e

de garganta, entre outros sintomas que representam um episódio

agudo da infecção, comum a outras doenças causadas por agentes

infecciosos. Evidentemente, existe a possibilidade de essa fase

passar despercebida pela pessoa infectada, até porque o quadro

costuma se resolver de forma espontânea. Passado um longo

período do contágio, de 2 a 20 anos, com média de dez anos,

começam a surgir os sinais clínicos da falência imunológica, que

variam muito e não são exclusivos da sida.

Quando ocorre a infecção pelo vírus causador da aids, o sistema

imunológico começa a ser atacado. E é na primeira fase, chamada de infecção

aguda, que ocorre a incubação do HIV (tempo da exposição ao vírus até o

surgimento dos primeiros sinais da doença). Esse período varia de três a seis

semanas. E o organismo leva de 30 a 60 dias após a infecção para produzir

anticorpos anti-HIV. Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de

uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa

despercebida.

A próxima fase é marcada pela forte interação entre as células de

defesa e as constantes e rápidas mutações do vírus. Mas isso não enfraquece


o organismo o suficiente para permitir novas doenças, pois os vírus

amadurecem e morrem de forma equilibrada. Esse período, que pode durar

muitos anos, é chamado de assintomático.

Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar com

menos eficiência até serem destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco

e vulnerável a infecções comuns. A fase sintomática inicial é caracterizada

pela alta redução dos linfócitos T CD4+ (glóbulos brancos do sistema

imunológico) que chegam a ficar abaixo de 200 unidades por mm³ de sangue.

Em adultos saudáveis, esse valor varia entre 800 a 1.200 unidades. Os

sintomas mais comuns nessa fase são: febre, diarreia, suores noturnos e

emagrecimento.

A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que

recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso,

atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids. Quem chega a essa

fase, por não saber da sua infecção ou não seguir o tratamento indicado pela

equipe de saúde, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia,

toxoplasmose e alguns tipos de câncer. Por isso, sempre que você transar sem

camisinha ou passar por alguma outra situação de risco, procure uma

unidade de saúde imediatamente, informe-se sobre a Profilaxia Pós-Exposição

(PEP) e faça o teste. Saiba aqui onde encontrar um serviço de saúde perto

de você.
DIAGNOSTÍCO LABORATORIAL DO HIV
Atualmente, o diagnóstico da infecção pelo HIV, ou seja, a detecção do vírus no

sangue, pode ser realizado tanto por exames laboratoriais, como por testes

rápidos.

O diagnóstico pode ser realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a partir

da coleta de sangue ou fluido oral (saliva e outros fluidos presentes na boca).

Testes Rápidos

Os Testes Rápidos (TR) são realizados de forma gratuita e anônima

pelo SUS, em unidades básicas de saúde e centros de testagem e acolhimento

(CTA).

O teste é realizado a partir da coleta de uma gota de sangue ou de

fluido oral, e o resultado sai em aproximadamente 30 minutos. Ele determina

a presença de anticorpos anti-HIV e fornece um resultado positivo ou

negativo. Existe também o auto teste, que segue o mesmo princípio do teste

rápido e a pessoa pode realizá-lo em casa.

Exames Laboratoriais

Um dos principais exames laboratoriais, denominado ELISA, foi

desenvolvido para o diagnóstico da infecção, logo após a descoberta do HIV.

Existem quatro gerações diferentes de ELISA, cada uma com suas

características.

O teste ELISA permite detectar anticorpos específicos no sangue, não se

pesquisa diretamente a presença do vírus. É uma técnica que utiliza uma


quantidade maior de sangue e o resultado demora alguns dias para sair.

Há também outros testes complementares que utilizam diferentes princípios

para detecção do HIV. São eles: Western Blot (WB), imunoblot (IB) ou

imunoensaios em linha (LIA).

GRÁFICO DO HIV
(UFTM-MG) O gráfico mostra a variação, ao longo de 10 anos, da quantidade de vírus HIV,
causador da Aids, e de linfócitos CD4 em um paciente que não foi submetido a nenhum tratamento
com antivirais. A partir da análise do gráfico, pode-se afirmar corretamente que:

a) a quantidade de linfócitos aumenta com o aumento da quantidade de vírus durante os cinco


primeiros anos. b) os sintomas típicos da doença aparecem a partir do segundo ano porque o
número de linfócitos está abaixo de 50 por mm3 de sangue.

c) durante as fases aguda e crônica, uma pessoa não é capaz de transmitir o vírus para outra pessoa,
isso ocorre somente na fase de Aids.

d) muitas doenças oportunistas podem ser adquiridas por um paciente quando a quantidade de
linfócitos atinge valores abaixo de 200 por mm3 de sangue.

e) os vírus utilizam os linfócitos para se reproduzirem nos dois primeiros anos e, depois, qualquer
célula humana pode servir como hospedeira.

TRATAMENTO PARA PORTADORES DO HIV

 Não existe cura para a infecção do vírus HIV. Assim, como o HIV pode desenvolver a Aids,
é importante que os portadores do vírus sejam tratados. O tratamento reduz as chances de
transmissão e de contrair outras doenças.

 Para o tratamento, existem muitos tipos de medicamentos chamados de antirretrovirais, os


quais podem ser utilizados de forma combinada, conforme indicação médica.

 O mecanismo de ação do medicamento age ao impedir a formação de novos vírus e ao


impossibilitar que as células de defesa do organismo sejam destruídas.
 Uma pessoa portadora de HIV, em tratamento há pelo menos 6 meses, já apresenta redução
de sua carga viral e reduz as possibilidades de transmitir o vírus em até 96%.

 Um aspecto fundamental é o que tratamento uma vez iniciado, não seja interrompido, pois
existe a possibilidade de surgimento de vírus resistentes.

PREVENÇÃO

Via sexual

Para prevenir a transmissão do HIV durante as relações sexuais é necessário


utilizar preservativo, em particular durante a penetração, desde o início até

ao final da mesma. Existem preservativos masculinos, femininos e barreiras

de látex para o sexo oral. Além disso, recomenda-se a utilização de

lubrificantes de base aquosa para evitar danos no preservativo. Esses

lubrificantes, no caso de não utilização de preservativos, impedem a ocorrência

de traumatismos nos tecidos dessas zonas do corpo devido à fricção.

Para complementar a utilização de preservativo surgiu a profilaxia pré-

exposição (PrEP), que consiste na utilização de medicamentos antiretrovirais

em pessoas sem infeção por HIV , de modo a impedir a introdução da

infeção por HIV nas células, após contacto.

Via vertical

Se estiver grávida (ou estiver a pensar em engravidar) e for HIV positiva, é

importante saber que os tratamentos para o HIV permitem melhorar a saúde

materna e, em simultâneo, reduzir eficazmente o risco de transmissão do

vírus ao seu futuro filho ou filha durante a gravidez e o parto. No caso do

leite materno, a amamentação não é recomendada.

Via sanguínea

Evitar a partilha de objetos pessoais que possam ter estado em contacto com

sangue com o HIV, tais como escovas de dentes, objetos perfurantes, seringas,

agulhas, etc.
CONCLUSÃO
O HIV é um vírus que pode ser transmitido pelas vias sexual, parenteral eperienatal. Além
disso, existem formas de previnir a cada tipo de transmissão, que incluem o uso de persevativo,
esterelização de agulhas e uso dr terapia antiretroviral de curta duração durante a gestação. O
tratamento envolve o uso de drogas antiretrovirais e a prevenção e tratamento de ienfecções
opurtunistas.

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