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Cuidados
Paliativos
Manual de Cuidados Paliativos da ANCP
Hipodermóclise
Pacientes em Cuidados Paliativos frequentemente apresentam condições que impos-
sibilitam a administração de medicamentos e a manutenção adequada de níveis de hidra-
tação e nutrição, necessitando, portanto, de vias alternativas para suporte clínico.
Nesse contexto, a via subcutânea (SC) deve ser a primeira escolha e pode ser imple-
mentada tanto no ambiente hospitalar quanto na assistência domiciliar(5, 10).
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Corpúsculo
de Glândula
Meissner sebácea
Poro sudoríparo Pelo
Epiderme Camada córnea (queratinizada)
Terminação nervosa livre
Derme Glândula sudorípara
Músculo eretor do pelo
Tecido subcutâneo
(adiposo)
Artéria Veia Folículo piloso
Intravenosa
Concentração do medicamento no sangue
Intramuscular
Subcutânea
Oral
Tempo
Figura 2 – Variação da concentração do medicamento na corrente sanguínea conforme o tempo e
a via de administração
Vantagens
• Via segura, com pouco risco de complicação, de fáceis manipulação e manutenção;
• mínimo desconforto ou risco de complicação local: a utilização da via SC provoca des-
conforto doloroso ínfimo em alguns pacientes e impõe mínima limitação pelas opções
diferenciadas dos sítios de punção (comumente distante de articulações). Dispensa, assim,
a imobilização de qualquer membro. Além disso, a infusão pode ser interrompida a qual-
quer momento sem o risco de complicações, como por exemplo formação de coágulos ou
trombose de vaso(1, 10, 13). Tal prática apresenta, ainda, baixa incidência de infecção(8);
• risco mínimo de complicações sistêmicas: o risco de complicações sistêmicas, como a
hiper-hidratação e a sobrecarga cardíaca, é mínimo e pode ser monitorado ao longo da
infusão(10, 13);
• baixo custo: quando utilizada em situações apropriadas, tem menor custo que a tradi-
cional terapia intravenosa, já que os materiais necessários para a instalação da hipoder-
móclise são relativamente pouco onerosos em comparação com os utilizados em outros
tipos de punção, conferindo baixo custo ao procedimento. Ademais, pode ser mantida
por semanas (embora haja recomendação de troca a cada 96 horas, ou antes, se forem
evidenciados sinais flogísticos) e exige menos horas de supervisão técnica da equipe de
saúde(1, 10, 21);
• possibilidade de alta hospitalar precoce e permanência do paciente em domicílio: por ser um
método seguro, sem graves complicações e de manuseio simples, possibilita a alta precoce do
paciente, já que o dispositivo pode ser manejado em domicílio pelo cuidador/familiar e/ou pelo
próprio paciente após treinamento pela equipe de enfermagem. Pode ainda ser aplicado em
domicílio, sem a necessidade de internação do paciente hipoidratado e desidratado(5, 8, 10).
Desvantagens
A hipodermóclise apresenta limitações nas situações em que se desejam velocidade
de infusão rápida e reposição com alto volume de fluidos. O volume diário recomendado
varia entre 2.000 e 3.000 ml em 24 horas (dividindo-se em dois sítios). Assim, não é reco-
mendável sua utilização em casos emergenciais, como reversão de choque hipovolêmico
e desidratação severa, situações em que se faz necessária a infusão de grandes volumes
de líquidos(1, 5-7, 10, 13, 21).
A velocidade de absorção de um medicamento depende da via de administração do
mesmo. Conforme pode ser observado na Figura 2, medicamentos administrados por
via SC têm maior velocidade de absorção do que pela VO, porém menor velocidade que
pelas vias intravenosa (IV) e intramuscular (IM). Essa característica faz com que a via SC
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não seja a ideal quando se necessita de ajuste rápido de dose, apesar de seu perfil de
segurança(12).
Considerações
Durante a utilização da terapia subcutânea é importante considerar que:
• os fluidos são absorvidos por difusão capilar, por isso a absorção fica reduzida quando
há comprometimento da irrigação no sítio de infusão (por exemplo, em presença de ede-
mas e hematomas)(1, 10);
• os opioides são geralmente bem tolerados. Pacientes em controle álgico beneficiam-se
da via SC para os medicamentos de resgate(4, 10, 18);
• os níveis séricos de opioides por via SC aproximam-se daqueles obtidos depois da admi-
nistração IM, o que proporciona segurança e eficácia na administração desses medica-
mentos(11).
Medicamentos não-recomendados
Os medicamentos que têm baixa solubilidade em água e por isso são veiculados em
soluções de características oleosas, como o propilenoglicol, não apresentam bom perfil de
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segurança para utilização por via SC, em função do dano que tais soluções podem causar
a esse tecido. Medicamentos como diazepam, diclofenaco e fenitoína apresentam tal par-
ticularidade. Soluções com extremos de pH (< 2 ou > 11) apresentam risco aumentado de
precipitação ou irritação local, sendo incompatíveis com a via SC. Assim, contraindica-se
a utilização de diazepam, diclofenaco, fenitoína e eletrólitos não-diluídos(10, 14, 19).
METOCLOPRAMIDA
CLORPROMAZINA
ONDANSETRONA
DEXAMETAZONA
FENOBARBITAL
COMPATÍVEL
FUROSEMIDA
MIDAZOLAM
HALPERIDOL
OCTREOTIDE
RANITIDINA
METADONA
INCOMPATÍVEL
TRAMADOL
KETAMINA
HIOSCINA
INSULINA
MORFINA
NÃO TESTADO
CLORPROMAZINA
DEXAMETAZONA
FENOBARBITAL
FUROSEMIDA
HALPERIDOL
HIOSCINA
INSULINA
KETAMINA
METADONA
METOCLOPRAMIDA
MIDAZOLAM
MORFINA
OCTREOTIDE
ONDANSETRONA
RANITIDINA
TRAMADOL
Figura 3 – Compatibilidade entre dois medicamentos para administração por via subcutânea
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• região abdominal;
• faces anterior e lateral da coxa;
• região escapular;
• face lateral da coxa.
A tolerância de cada região para a infusão varia conforme as condições gerais de cada
paciente e o volume a ser infundido.
5 5
2 2 1 1 1
1
6 6
4 4
Anterior Posterior
Dispositivos recomendados
O dispositivo mais utilizado para o procedimento é o escalpe, tipo butterfly, nos calibres 25
e 27, que pode permanecer até cinco dias. No entanto, outros dispositivos, como o cateter de
teflon, podem ser utilizados com maior tempo de duração (em média 11 dias)(2, 4, 5, 7, 10, 14, 21).
Execução da técnica
Materiais necessários(8, 10 ):
• solução preparada para ser instalada (soro, medicamento);
• equipo com dosador (ml/hora) ou bomba de infusão;
• solução antisséptica;
• gaze e luva de procedimento;
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Sistêmicas
Os sinais de sobrecarga cardíaca (taquicardia, turgência jugular, hipertensão arterial,
tosse, dispneia) são indicativos para a suspensão do uso(5).
Recomendações
Fazer rodízio do sítio de punção respeitando-se a distância mínima de 5 cm do local
da punção anterior. Atentar para condições clínicas do paciente, características ambien-
tais e do dispositivo(6, 10).
Depois da administração de medicamentos, injetar 1 ml de SF a 0,9% para garantir
que todo o conteúdo do dispositivo seja introduzido no sítio de punção(21).
Se for observado edema local persistente, recomenda-se diminuir o gotejamento ou
suspender a infusão(10).
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A B
C D
E F
G H I
Figura 5 – Passo a passo: A: materiais para antissepsia da pele; B: materiais para a punção subcutânea;
C: aspiração do SF 0,9%; D: preenchimento do circuito com o SF 0,9%; E: antissepsia da pele;
F: prega subcutânea; G: punção subcutânea; H: aspiração para garantir a ausência de comprometi-
mento de vasos sanguíneos; I: fixação com filme transparente
SF: soro fisiológico.
Fonte: Arquivos da autora.
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