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Primeira Lista de Fı́sica Moderna: 2/Maio/2021

1. Uma unidade de energia muito conveniente no contexto atômico é o elétron-volt, sı́mbolo eV,
cuja definição é a energia cinética ganha por um elétron ao ser acelerado por uma diferença de
potencial de um volt. A quantos Joules isso corresponde?
2. Para efeito de comparações, determine a energia cinética adquirida por um 1 Kg ao cair de uma
altura de 1 metro? A energia de ionização do hidrogênio é 13.6 eV. Determine em elétron-volt a
energia de repouso de um elétron (mc2 ). Este valor é uma referência para sabermos se devemos
tratar um problema no contexto relativı́stico ou não.
3. Um elétron entra com velocidade v0 paralela às placas de um capacitor plano-paralelo, ligado a
uma d.d.p. V0 . O comprimento da placa é L e a separação é D. Ao sair da região de campo
elétrico (fim da placa), o vetor velocidade do elétron faz um ângulo θ relativo à direção de
entrada dele. Relacione a razão q/m com esse ângulo. Observação: a trajetória é parabólica!
4. Considere que o campo elétrico no filtro de velocidades do experimento de Thomson era de
2 × 105 V/m, e que ele desejava filtrar elétrons com energia cinética de 5 × 104 eV. Qual o valor
do campo magnético utilizado? Há necessidade de se considerar efeitos relativı́sticos?
5. Argumente a razão de não termos incluido efeitos do campo magnético da onda plana inci-
dente no modelo atômico de Thomson. Faça isso usando expressões válidas no sistema CGS de
unidades; repita para o sistema MKS.
6. O tamanho tı́pico de um átomo é 1 Å = 10−8 cm. Compare essa dimensão com comprimentos
de onda tı́picos do infravermelho, visı́vel e ultravioleta. Verifique se a aproximação de dipolo
feita no estudo do modelo Thomson se aplica. Em que faixa do espectro ela começa a não valer?
7. Pesquise sobre o funcionamento do espectrômetro de massa, que serve para caracterizar a relação
carga/massa de diferentes ı́ons. Tipler, Prob. 3-1: um feixe de cargas contém prótons, elétrons
e átomos de He monoionizados, todas com velocidade de 2,5 × 106 m/s. Esse feixe entra numa
região de campo magnético uniforme B=0,4 Tesla perpendicular à velocidade das partı́culas.
Determine os raios de curvatura de cada carga.
8. Descreva (não calcule) as polarizações, e denote as respectivas frequências em termos de ω0 e
ωL , da luz emitida por um objeto na presença de campo magnético uniforme, segundo o modelo
clássico de Zeeman. De que maneira foi determinado o sinal da carga oscilante? Como se chegou
ao valor numérico para a razão carga/massa do elétron?
9. Na mesma gota de óleo considerada em classe, numa das medições do grupo de Millikan eles
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mediram os tempos (em segundos) Td = 11, 9, Ts = 79, 6 e, após irradiar a gota, Ts = 55, 83.
Considerando η = 1, 824 × 10−5 Ns/m2 , ρoleo = 943 Kg/m3 , g = 9, 81 m/s2 e campo elétrico
E = 3264 volts/cm, determine:
(a) a velocidade terminal de descida;
(b) a massa e o raio da gota;
(c) quantos elétrons tinha a gota antes e depois de ser irradiada;
(d) o valor da carga elementar segundo esses dados. Considere apenas uma casa decimal.
10. A que distância mı́nima de um núcleo de prata uma partı́cula α pode chegar, com energia de
4.05 Mev (emitida por urânio)? E com energia de 8.76 Mev (emitida por tório)?

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11. Se você fosse inquerido a definir com duas palavras qual é a ideia fundamental na teoria atômica
de Bohr, o que você responderia?
12. Na época de Bohr já se conhecia a constante de Planck (1900), da relação E = hν, onde E é a
energia de um modo normal de frequência ν. Mostre que h tem dimensão de momento angular?
Seu valor é 6.62 × 10−34 Joule-segundo (não diga Joule por segundo e sim Joule-segundo).
Expresse em erg-s e também em elétron-volt-segundo.
13. Sommerfeld e Wilson enunciaram que “para H
p e q coordenadas canonicamente conjugadas e
funções periódicas do tempo deve valer que pdq = nh, sendo n inteiro”. Aplique essa equação
para uma partı́cula em órbita circular (onde p → L e q → θ) e mostre que isso leva à hipótese
de quantização de Bohr para o momento angular.
14. Em relação ao formalismo de Bohr, considere um átomo com massa nuclear M finita e número
atômico Z.
(a) Deduza a expressão da energia En dos nı́veis quantizados de átomos monoeletrônicos (ou
hidrogenóides);
(b) De que percentual mudam as energias do espectro do átomo de hidrogênio se levarmos em
conta que a massa do próton é finita.
(c) Calcule a razão En (He+ )/En (H), entre as energias dos nı́veis eletrônicos do hélio uma vez
inonizado (He+ ) para aquelas do hidrogênio (H).
(d) Mostre que para um número quântico n muito grande, a frequência da transição n → n − 1
coincide com a frequência clássica de revolução do elétron no n-ésimo estado. Isso mostra
que a teoria obedece o princı́pio de correspondência.
15. Em relação às órbitas permitidas no modelo de Bohr, ao invés da quantização do momento
angular, utilize a hipótese que os raios obedeçam a rn = n2 r0 , onde n é um número inteiro (não
nulo), e r0 uma cte a ser determinada.
(a) Obtenha a expressão das energias En , em função de r0 .
(b) Relacione essas energias com a frequência de fótons através de hν = δE. Mostre que a
frequência de fótons emitidos entre n e n − 1, no limite de n muito grande é dada por
ν = Ze2 /(hr0 n3 ).
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(c) Mostre que a frequência de revolução do elétron é dada por νrev = 4π 2 Ze2 /(mr03 n6 ).
(d) Use o princı́pio de correspondência para determinar r0 . Confira com o valor que conhecemos
(corrija eventuais coeficientes pi que posso ter errado devido ao uso de diferentes sistemas
de unidades).
16. Quais os nı́veis de energia, EnHe , do átomo de hélio uma vez ionizado? E do átomo de lı́tio, EnLi ,
duas vezes ionizado? Expresse os resultados em termos dos nı́veis EnH do hidrogênio.
17. Desconsiderando a repulsão eletrostática entre os elétrons do hélio, mostre que a energia do
seu estado fundamental vale -109 eV. O valor experimental é -78,6 eV, o que mostra a grande
importância dessa repulsão! Que procedimentos simples podemos adotar para aproximar o valor
de -109 eV ao experimental?

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Opcionais - não serão exigidos em provinhas

18. Um elétron adentra um solenóide onde existe um campo magnético B. Se a velocidade v de


vc
entrada faz um ângulo α com a direção do campo, mostre que vale a relação e/m = RB sin α,
onde R é o raio da projeção da órbita no plano perpendicular à direção de B. Lembre-se que a
trajetória é uma hélice.
19. Consulte o livro Fundamentos da Fı́sica Moderna, do Eisberg, Cap. 4, e siga as considerações
que mostram que a deflexão máxima de uma partı́cula α por um átomo prevista pelo modelo de
Thomson (aquele em que elétrons estão encrustados numa esfera carregada) seria da ordem de
10−4 radianos, o que é insignificante perto dos valores experimentais observados no experimento
de Rutherford (daı́ a proposta de um elétron orbitando um núcleo puntual). Eisberg considera
tanto a deflexão devida aos elétrons, como a devida à distribuição de carga positiva do átomo.
Outra referência: S. Gasiorowicz, Structure of Matter, pg. 142.
20. Um dos méritos do modelo atômico de Thomson é mostrar que o ı́ndice de refração pode
~ =E
depender da frequência. Para isso, considere um campo elétrico expresso por E ~ 0 exp(−iωt)
incidindo no átomo de Thonsom. Escreva para a posição do elétron ~r = ~r0 exp(−iωt − iφ).
Determine ~r0 . A polarização de N átomos é expresssa por P~ = −N e~r. Use as conhecidas
~ = E
relações D ~ e D
~ = E ~ + 4π P~ para obter a constante dielétrica . O ı́ndice de refração,
parte real de η: n = Re(η) (a parte complexa também tem interesse; ela está relacionada ao
amortecimento da onda ao penetrar um material). Neste caso, faça um esboço de n − 1 versus
ω. No intervalo em que n diminui com a frequência temos a chamada dispersão anômala (já
observada na época de Thomson).
21. Em classe foi utilizada a equação tan(θ/2) = Ze2 /(bmv02 ) relacionando o ângulo de espalhamen-
to com o parâmetro de impacto b. Procure uma referência e aprenda a deduzir essa equação
(por exemplo, K. R. Symon, Cap. 3).
22. Use a condição de quantização de Sommerfeld-Wilson para obter os nı́veis de energia (quanti-
zados) de um oscilador harmônico. Escreva que x(t) = x0 cos(ωt + φ) e obtenha que En = nh̄ω.
Por que não observamos essa quantização num oscilador macroscópico?
Pode tentar fazer também para o pêndulo simples (comprimento l e massa m). Suponha peque-
nas oscilações. Utilize um ângulo θ e L = ml2 dθ/dt como variáveis canonicamente conjugadas
(isto é, para q e p). Pode usar a equação horária de θ(t), ou fazer pela área no espaço de fase
{θ, L} (neste caso, escreva a energia em termos de θ e L).

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