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Ensino de História e temas sensíveis

Os debates em torno das interrelações entre ensino de História e temas sensíveis


ou controversos são bastante recentes na historiografia brasileira e denotam os esforços
dos pesquisadores/professores em ampliar e diversificar os campos de atuação do ensino
de História a partir das mudanças e preocupações evidenciadas com o mundo
contemporâneo. Além de estarem presentes em algumas comunicações em eventos da
ANPUH, em Grupos de Discussão em eventos encabeçados pela Associação Brasileira
de Ensino de História (ABEH), a temática mostra-se cada vez mais evidente em dossiês
de revistas acadêmicas (em um intervalo de apenas três anos, a revista História Hoje
dedicou dois dossiês a este assunto, em 2018 e 2021, respectivamente) e em trabalhos
oriundos dos mestrados profissionais em ensino de História. Levando em consideração
as problemáticas daí advindas, buscaremos neste texto responder a três questões
principais: 1. O que são temas sensíveis ou controversos? Por que explorar os temas
sensíveis em sala de aula? Quais cuidados e/ou desafios o/a professor/a precisa tomar ao
trabalhar com tais assuntos em sala de aula?

Como ponderam Carmen Gil e Jonas Eugênio (2018), cada vez a escola e os
professores são chamados a romper com um ensino de história universalista e
eurocêntrica e abrir espaços para o debate de temáticas dolorosas, traumáticas, que
causam sofrimento e que, de uma forma ou de outra, ajudam a compreender e refletir
sobre a complexidade que nos configura enquanto Nação. É nesta perspectiva que se
inserem os temas sensíveis que, de acordo com Mével e Tutiaux-Guillon (2003)
também estão relacionados às questões “difíceis”, “socialmente vivas”, carregadas de
emoções, que causam desconforto e geram controvérsias na sociedade. Os temas
sensíveis, neste sentido, implicam necessariamente o confronto de valores e interesses
que, por sua vez, relacionam-se aos embates pela memória.

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