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2021
2021
BANCA EXAMINADORA
Prof. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos – FAFIDAM
Universidade Estadual do Ceará – UECE
Prof. XXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
3X
AGRADECIMENTOS
4X
5X
(Henry Ford)
RESUMO
6X
Este trabalho tem como principal objetivo discorrer a respeito da seca presente na obra O
Quinze de Rachel de Queiroz. A autora teve seu primeiro grande destaque na literatura a partir
desse livro, o qual tornou seu nome conhecido em todo o território nacional, dando força para
que se tornasse a primeira mulher na Academia Brasileira de Letras. Abordaremos a seca no
âmbito literário, demonstrando suas nuances à luz do pensamento da autora. Nossa pesquisa
se volta para uma descrição sobre os efeitos da seca no interior do Ceará, retratados na vida de
personagens fictícios. Veremos a atuação do governo da época, que deveria por meio de
políticas públicas, encontrar uma solução para esse problema. Baseados no livro, veremos
também os Campos de Concentração, assim como a trama dos personagens presentes neles, as
características do Sertão, a vida dos retirantes e alguns dos principais aspectos literários que
podemos encontrar em O Quinze. Esses aspectos literários correspondem à linguagem, o
tempo e o espaço, o enredo, as vidas dos personagens, a narrativa e a representação da seca
numa obra literária. As perspectivas de nossa pesquisa se voltam para a compreensão desse
fenômeno recorrente no interior do Ceará, tema central na obra da autora, dando-nos um
caminho seguro que possibilite a compreensão da vida do povo simples e forte do Sertão
nordestino.
ABSTRACT
This work has as its main objective, discussing the drought present in the book O Quinze by
Rachel de Queiroz. The author had her first major highlight in literature with that book, which
made her name known throughout national territory, giving her enough influence to become
the first woman to join the Brazilian Academy of Letters. We will approach the drought in the
literary sphere, demonstrating its nuances under the perspective of the author’s thoughts. Our
research develops a description of the effects of the drought in the backlands of Ceará,
portrayed in the lives of fictional characters. We will see the performance of the government
of the time, which should have found a solution to the problem through public policies. Based
on the book, we will also see the Concentration Camps, as well as the plot of the characters
present in it, the characteristics of the Sertão, the life of the retreatants and some of the main
literary aspects that we can find in O Quinze. These literary aspects correspond to language,
time and space, the plot, the lives of the characters, the narrative and the drought’s
representation in a literary work. The perspectives in our research are directed towards the
understanding of the recurrent phenomenon in the countryside of Ceará, main theme of the
author’s work, which gives us a safe path that allows for a comprehension over the life of the
simple, yet strong people of the Northeastern Sertão.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 9
2 AS SECAS NO CEARÁ............................................................................................ 11
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 47
9X
INTRODUÇÃO
A popularidade dos games online vem aumentando a cada ano e, de acordo com
a CNN Brasil (2020), “pesquisa encomendada pela Brasil Game Show (BGS) junto ao
Instituto Datafolha, deu detalhes do cenário do público gamer no Brasil, que já
ultrapassa a marca de 67 milhões de consumidores de jogos eletrônicos, segundo os
10X
dados”. Além disso, a indústria dos jogos digitais é uma das poucas que não teve baixa
nos tempos de pandemia, ao contrário, cresceu 140% no Brasil em 2020 ante 2019
(Valor Investe, 2021). Com o crescente número de jogadores de jogos digitais que já
ultrapassa a população do Reino Unido, Itália ou Canadá, os estrangeirismos e
neologismos por estrangeirismos se mostram fenômenos com certo potencial de
enriquecimento linguístico, uma vez que cada vez mais pessoas fazem uso destes, para
criar expressões que descrevem ações antes inexistentes na língua portuguesa.
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
entre os quais, dois também foram “aportuguesados”: gol (goal) e pênalti (penalty), que
se configuram como empréstimos por terem sido usados em sua forma original como
estrangeirismos até que ocorresse o que chamamos de aportuguesamento. Outras
terminologias relacionadas ao futebol como goal-keeper, center-foward e back, assim
como as anteriores, foram utilizadas no início, mas foram descartadas em prol das
traduções: goleiro; meia ofensiva e zagueiro, respectivamente.
sweet1 no jogo digital para aparelhos de celular, Candy Crush Saga, ou até mesmo jogos
inteiros em inglês:
No universo dos jogos digitais, é muito comum nos depararmos com termos e
até mesmo jogos inteiros com todo o vocabulário escrito em língua inglesa.
Na atualidade, essa característica tornou-os um excelente mecanismo de
aprendizado de língua estrangeira, uma vez que o usuário interage com
diferentes contextos e usos de vocabulário. (PINHEIRO et al., 2020, p. 9)
dizer de: “deu uma bugadinha”? Apesar de haver na língua portuguesa, palavras que
podem descrever o tipo de problema citado, nenhuma possui valor equivalente à
expressão bug4 da informática. O mesmo ocorre na passagem “Piruca agora dá um
baitzinho ali”. A palavra baitzinho corresponde a um neologismo por estrangeirismo
derivado da palavra bait; o papel desta palavra nesta frase é o de tornar mais prática a
comunicação, visto que, se o termo fosse substituído por “serviu de isca”, tomaria muito
mais tempo para o narrador descrever o que estava acontecendo na partida.5
4
Um erro ou falha nos códigos de programas que causam mau funcionamento.
5
Exemplos disponíveis nas transcrições fonéticas e nos vídeos cujos links estão presentes nos anexos.
17X
Apesar das expressões citadas até aqui ainda não terem sido registradas em
nenhum dicionário (e é possível que nunca sejam), o fato de estarem presentes na
comunicação de uma comunidade que apesar de se tratar de um grupo específico (o
grupo de pessoas que jogam games, especialmente online), ele corresponde a uma
grande parcela da população brasileira e por isso, apesar de não serem expressões
oficiais, não significa que não sejam expressões funcionais. Villalva e Silvestre (2014)
discorrem acerca da problemática de considerar apenas palavras registradas em
dicionários:
6
Expressão nossa, proposta para descrever os neologismos presentes na comunicação entre jogadores de
jogos digitais, que surgem a partir da junção do radical dos estrangeirismos da língua inglesa, com sufixos
da língua portuguesa.
18X
7
Há também, as siglas das categorias sintagmáticas em inglês, utilizadas no livro Novo Manual de
Sintaxe (MIOTO, et al. 2007): Noun phrase (NP); verbal phrase (VP); adjectival phrase (AP);
prepositional phrase (PP) e determiner phrase (DP).
8
Na Teoria X-barra, projeção é tudo que é projetado a partir de determinada palavra, ou seja, as estruturas
que brotam a partir dessa palavra. Essas estruturas permitem que essas palavras se conectem com outros
elementos em uma frase nos diferentes vértices apresentados pela árvore sintática.
21X
A frase é a mesma, o que muda neste exemplo é que nice não forma um
constituinte com aquele Reinhardt pois eles não estão ligados pelos vértices. Agora, o
vértice conecta baitou aquele com nice. Já que nice agora pertence a baitou aquele, a
expressão nice não faz parte do SN, ou seja, não faz mais o papel de adjetivo para
aquele Reinhardt. Neste caso, nice representa uma característica (nice) resultante da
ação de baitar o Reinhardt. No exemplo (X), não é informada na sentença, uma
característica de como O Genji baitou aquele Reinhardt, o que se sabe é que, diferente
de (Z), ele realizou a ação de baitar, e que nice é uma qualidade que daquele Reinhardt
possui. Caso substituíssemos aquele Reinhardt pelo pronome ele, formando a frase: O
Genji baitou ele nice¸ a oração não comportaria mais uma ambiguidade, restando
apenas a possibilidade abordada no primeiro exemplo. (MIOTO, et. al., 2007)
por mudar, em algum nível, o significado das palavras. Tanto a Teoria X-barra quanto
as teorias de descrição e análise do português (Villalva e Silvestre, 2014) servem para
explicar fenômenos que ocorrem de forma natural, pois temos, de maneira inata, a
capacidade de interpretar ambiguidades, e até criar novas palavras como
imaginabilidade (Villalva e Silvestre, 2014), que apesar de não existir nos dicionários, é
inegável que falantes de língua portuguesa compreendam perfeitamente o que esta
expressão significa.
A provável pergunta dos leitores, neste momento, deve ser como a Teoria
X-barra se relaciona com os neoestrangeirismos. A resposta é que a Teoria X-barra
opera a nível de orações, enquanto os postulados teóricos de Villalva e Silvestre operam
a nível de palavras. As terminologias criadas de forma natural nas interações de jogos
online serão explicadas na próxima seção através das teorias dos sufixos derivacionais,
afixos modificadores e sufixos especificadores, que, assim como os constituintes das
árvores sintáticas, são também constituintes, mas das palavras, e não de orações.
10
Ao adicionar um sufixo aos radicais de palavras de língua inglesa através do processo de ciração de
neoestrangeirismos, os jogadores optam pela terminação -ada em vez de -ed na palavra baitado, uma vez
que apenas a primeira se encaixa nas regras de formaçõe de palavras do português.
25X
uma leitura do contexto para que se possa compreender de qual classe gramatical se
trata. Vale ressaltar que tal ambiguidade só ocorre com as classes gramaticais dos
adjetivos e substantivos. Palavras como abolicionista ou realista, por exemplo, são
ambíguas, pois se falamos a respeito de alguém, que este alguém é um abolicionista
realista, abolicionista é o que ele é (substantivo), e sua peculiaridade é ser realista
(adjetivo). O contrário também se aplicaria caso houvesse a intenção de dizer que
alguém é um realista que possui a característica de ser abolicionista. Essa ambiguidade
é possível com a maioria das palavras com sufixo -ista. Há, no entanto, certas exceções,
como é o caso de pianista, por exemplo. (VILLALVA; SILVESTRE, 2014)
locução espacial, mas sim como uma qualidade que pode ser atribuída a algo ou alguém.
verdade in – verdade
normal a – normal
igual des – igual
sensatoin – sensato
autorizado não – autorizado
deferir in – deferir
(3) c. Oposição (pode ocorrer em substantivos, adjetivos e verbos):
começar re – começar
fazer re – fazer
construir re – construir
chamados de sufixos de flexão. Villalva e Silvesre (2014) nos dão uma noção acerca do
assunto:
Há apenas alguns detalhes que devem ser citados: 1) não existem verbos de
flexão irregular na primeira conjugação; 2) os neologismos verbais se integram somente
na primeira conjugação [a], fazendo com que a segunda e a terceira conjugações se
32X
apresentem como classes fechadas dentro da classe gramatical dos verbos, que é uma
classe aberta; 3) as vogais temáticas são consistentes em todas as variações de tempos
verbais, com exceção do presente do subjuntivo. De modo geral, ao usar um verbo no
presente do subjuntivo, em verbos cuja forma no infinitivo possuem a vogal temática
[a], deve-se trocar [a] por [e], e nos casos em que a vogal temática forem as letras [e] ou
[i], substitui-se por [a].
cardi – o – vascular
tóxic – o – dependente
soci – o – cultural
5.4.3.2 Sufixos de flexão
corr – er (nós) cant – áramos (nós) cant – ávamos (que nós) cant – emos
com – er (vós) cant – áreis (vós) cant – áveis (que vós) cant – eis
3° conjugação (eles) cant – aram (eles) cant – avam (que eles) cant – em
fing – ir
ped – ir
ult ado(a)
34X
rul ado(a)
bait ado(a)
aspectos da comunicação, mas também obedecem a vários princípios básicos que regem
as palavras do português brasileiro.
4 METODOLOGIA
36X
12
No Brasil, mais conhecido como “print screen”, e daqui surgiu a expressão “printar”.
38X
uma pesquisa explicativa, que, de acordo com Gil (2002, p. 42) se propõe a “(...)
identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos
fenômenos”.
13
Imagem de capa dos vídeos.
14
Abreviação de Massive Multiplayer Online Role Play Game.
39X
usuário que gravou o vídeo. Em seguida, as expressões são listadas em uma tabela
utilizando o software Microsoft Word 2019. O processo de transcrição levou em conta
toda a interação e não somente os períodos em que os estrangeirismos ou neologismos
surgem, isto porque é de grande importância observar inclusive, a quantidade de
ocorrência dos mesmos em meio a toda a interação discursiva.
5 ANÁLISE DO CORPUS
17
Há também a tradução embreagem, embora esta se mostre menos adequada para a ocasião de uso.
45X
marcha”, por exemplo, e embora faça sentido metaforicamente, soa muito mais natural
dizer que determinado jogador vai dar um clutch, do que dizer que ele vai engatar. Nos
jogos digitais, clutch é o ato de o último jogador vivo de uma equipe conseguir vencer a
equipe adversária eliminando todos os jogadores restantes independentemente da
quantidade. Há também o caso de away, que significa longe, mas possui um uso
bastante específico nos jogos.
18
FPS ocorre mais frequentemente como sigla de frames per second durante as interações discursivas nos
jogos digitais, mas também pode ser a sigla de first person shooter, tradução de “tiro em primeira
pessoa”, que se trata de um gênero de jogos digitais.
46X
Durante a narração de uma partida de campeonato do jogo Black Desert¸ o narrador usa
a expressão shift f várias vezes. Isto acontece porque shift f corresponde ao atalho no
teclado, de um comando do jogo, que corresponde ao uso de uma habilidade específica
chamada “machado esmagado”. O narrador provavelmente prefere chamar a habilidade
pelo atalho que a corresponde no teclado, por a expressão ser mais curta, e desta forma
se torna mais prática e rápida de pronunciar do que o nome da habilidade em si. Quanto
às ocorrências de empréstimos linguísticos, que são os estrangeirismos adaptados ou
adotados para a nossa língua, a expressão round é a única normalmente utilizada na
língua portuguesa, especificamente nos cenários de competições de artes marciais ou
MMA.
Por este motivo, aos nove minutos e quarenta e seis segundos, o narrador
exclama “grabzada”, no momento em que um dos jogadores consegue acertar o recurso
em seu oponente. Na situação em questão, a expressão se classifica como um
substantivo que pode ter derivado do verbo to grab da língua inglesa, ou pode apenas
ter sido acrescentado um sufixo de língua portuguesa, no substantivo grab da língua
inglesa. De todo modo, dentro da possibilidade de ter derivado do verbo, a ocorrência
pode se encaixar como sufixo derivacional, dado que não é possível provar se a intenção
inicial do jogador no momento de fala, foi a de buscar referencial no substantivo grab,
ou no verbo to grab. Embora o sufixo -zada não seja encontrado em nenhum dos
exemplos fornecidos por Villalva e Silvestre (2014), nesta situação, caso o referencial
tenha sido o verbo to grab, o sufixo modificou as propriedades morfossintáticas de um
verbo, transformando-o em substantivo.
19
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_t0MQsez1pA&t=122s>. Acesso em: 25/11/2021.
48X
grab - z - inho
strafe - z - inho
stun - z - inho
No entanto, tal qual acontece com o sufixo -zinho, quando se trata dos
neoestrangeirismos, o assunto é diferente, observe o exemplo 7b):
20
Disponível em nos endereços: <https://www.hardmob.com.br/threads/43322-Strafe-o-que-e>,
<https://br.millenium.gg/guias/3087.html#:~:text=Strafe%3A%20É%20o%20ato%20de,o%20inimigo
%20errar%20um%20tiro>, <https://www.techtudo.com.br/listas/2018/03/awper-bangar-rushar-os-
significados-dos-termos-do-counter-strike.ghtml>. Acesso em: 23 de nov. de 2021.
50X
grab -ado
rush -ado
O mesmo ocorre com a expressão rushado no trecho: “pode ter rushado nas
costas, rushado meio, rushando meio”. Observe que nesta situação, a palavra rushado
aparece duas vezes, na primeira como verbo, pois o jogador informa que o adversário
pode ter rushado, no passado particípio. Na segunda, o jogador se corrigiu ao informar
que o adversário já estava rushado no meio, dando ideia de que ele já estava avançado
quanto ao seu posicionamento no mapa do jogo, configurando-se como adjetivo nesta
ocasião. Posteriormente no mesmo vídeo, um dos jogadores profere a sentença “meio,
meio, porta do meio e fundo rushado”, transmitindo uma informação semelhante a um
jogador aliado, de que um dos adversários estava rushado (i.e. avançado) no fundo
(local do mapa). Nos trechos, tanto o sufixo -ando, quanto o sufixo -ado, compõe
assinaturas categoriais que só podem ocorrer em verbos e em verbos e adjetivos,
respectivamente.
bang - ar (6)
bug - ou (3)
debuff - ar (2)
rush - ar (3)
rush - ou (6)
smok - ar (3)
ult - ar (3)
ult - ou (4)
52X
21
De acordo com o Meriam-Webster Dictionary, a diferença entre hurry e rush, é que o primeiro é o ato
de fazer algo com pressa, enquanto o segundo possui um sentido ainda mais forte, o de fazer algo com
pressa e sem quaisquer cuidados. Uma definição adicional para rush, é a de mover-se para frente, e é
precisamente este o significado que se encaixa no uso presente nas interações discursivas em jogos
digitais.
53X
22
Definição de bug no dicionário Merriam-Webster.
54X
flash - zinha
grab - zinho
iframe - zinho
strafe - zinho
stun - zinho
shift f -zinho
bang, é um equipamento poderoso enquanto strafe é uma ação muito valiosa no jogo.
Deste modo, todas as expressões citadas, foram modificadas em seu valor semântico,
recebendo um sufixo diminutivo com juízo de afeição ou apreciação pelos mesmos.
hard - zera
for fun - is
23
Expressão usada para definir os apelidos no meio digital, muitas vezes abreviada para nick.
24
Também chamada de AWPer, especificamente em Counter Strike: Globall Offensive pelo fato da arma
AWP ser o único rifle de precisão letal no jogo, o sufixo -er atribui o sentido de função do jogador que
usa o armamento em questão.
25
Ver exemplo em captura de tela nos anexos.
56X
26
Cerveja Cacildis.
57X
bang - ar (6)
block - ar (1)
debuff - ar (2)
ress - ar (1)
rush - ar (3)
smok - ar (3)
ult - ar (3)
Youtuber (11:18 a 11:22): Bangar varanda pra você, pera ai... Banguei varanda agora,
banguei varanda...
Youtuber (14:01 a 14:05): Direita no meio, vou bangar pra você, vou bangar, pode
entrar meio. Um, dois, três e banguei!27
27
Ocorrências restantes presentes no apêndice.
59X
tal qual ocorre em enfeite e enfeitar, por exemplo. Ainda no jogo Counter Strike:
Global Offensive, são utilizadas as expressões blockar e rushar, que também recebem o
mesmo tipo de sufixo da língua portuguesa, adequando-se às regras da mesma, porém
desta vez, a escolha das expressões parece ter sido feita mais por questões estilísticas ou
por modismos do que por praticidade, uma vez que rushar substitui avançar e blockar
substitui bloquear, (ao contrário das palavras anteriores, que explicam todo um conceito
em apenas uma única expressão) é como se estar jogando os jogos, tornasse pré-
requisito, fazer uso das idiossincrasias daquele grupo social, ou seja, falar como um
gamer28 “deve falar”.
28
Expressão utilizada para definir os jogadores de jogos digitais.
29
A expressão troll possui origem escandinava e é originalmente utilizada para nomear uma criatura
folclórica da Escandinávia. Mais recentemente, na internet, troll se transformou em um adjetivo
utilizado para definir pessoas que possuem a característica de pregar pegadinhas ou fazer brincadeiras
com os outros (i.e. trollar).
60X
bang - ei (3)
bug - ou (3)
rush - ou (6)
ult - ou (4)
A expressão grabado aparece no vídeo dois, por um total de três vezes, das
quais uma como adjetivo, e outras duas como verbo nominal no passado particípio.
Além disso, ainda na mesma transcrição, observou-se apenas uma única ocorrência do
verbo to grab, conjugado na terceira pessoa do singular do presente simples, no trecho:
“O Radf foi seco pra cima dele ali tentar o grab, o Piruca dá só aquele framezinho nas
costas com stylish points, graba o garoto pelas costas e amassa completamente.”
Rushado, por sua vez, possui cinco ocorrências no vídeo um, das quais duas como
adjetivo e três como verbo.
Por fim, no trecho inicial do vídeo dois que se inicia aos treze e finaliza aos
cinquenta e quatro segundos o youtuber conhecido como Fallen dá as palavras de
62X
introdução da partida e enquanto isso, cita um recurso do jogo Counter Strike: Global
Offensive, chamado overwatch30, duas vezes. Na primeira, o jogador fala no singular, na
segunda, no plural, fazendo uso de um sufixo especificador. Uma das características dos
sufixos especificadores, é a de marcar o plural dos substantivos e a expressão
overwatch, por se tratar de um substantivo, também possui uma forma plural na língua
inglesa. No entanto, o que marca o uso do plural na situação como uma das regras de
formação de palavras da língua portuguesa, é o fato de que, ao pronunciar o plural da
palavra, o jogador não faz uso da pronúncia da língua inglesa, que seria
[ˈoʊvɚwɑːtʃəz]31, desrespeitando a regra do sufixo -es que deve ser atribuído às
expressões terminadas em ch no inglês. Deste modo, é evidenciado através da pronúncia
do jogador, sua intenção de atribuir o sufixo -s, da língua portuguesa à expressão
overwatch.
30
O nome do recurso se assemelha ao nome do jogo Overwatch. Diferente do jogo, o recurso possui uma
tradução, chamada fiscalização, onde os jogadores fiscalizam uns aos outros e dão seu veredito acerca de
possível uso de software ilegal ou não permitido.
31
Vídeo com a pronúncia do jogador disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qb2jxj7vcq0>.
Acesso em: 26 de nov. de 2021.
63X
de sessenta e três neoestrangeirismos, dos quais quarenta e quatro são verbos, dezessete
substantivos e apenas dois adjetivos.
REFERÊNCIAS
ALVES, J. (1982). História das secas (séculos XVII a XIX). Mossoró, RN, ESAM, Col.
Mossoroense, v. CCXXV [homenagem ao Primeiro Cen- tenário daAbolição Mossoroense -
30/9/1983 a 30/9/1993].
ANSELMO, R. de C. M. de S.; ARAÚJO, K. de F. 1915: A seca e o sertão sob o olhar de Raquel de
Queiroz. Uruguai: Estudios Historicos, n. 3, 2009.
BRASIL, T. P. de S. Nono Livro das Secas. Rio de Janeiro: Fundação Vingt-un Rosado,
1980.
CÂMARA, Y. M. R.; CÂMARA, Y. R. Campos de Concentração no Ceará: uma realidade retratada
por Rachel de Queiroz em O Quinze (1930). Fortaleza: Revista Entrelaces, ano V, n. 06, 2015.