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EVERTON CREMA · NILSON JAVIER IBÁGON-MARTÍN

CAMINHOS DA APRENDIZAGEM
HISTÓRICA: ENSINO, REFLEXÃO E
AÇÃO
Reitor
Antonio Carlos Aleixo

Vice-Reitor
Sydnei Roberto Kempa
2

Chefe de Gabinete
Edineia F. Navarro Chilant

Edições Especiais Sobre Ontens


Comissão Editorial & Científica
Dulceli Tonet Estacheski [UFMS]
Everton Crema [UNESPAR]
Carla Fernanda da Silva [UFPR]
Carlos Eduardo Costa Campos [UFMS]
Gustavo Durão [UFPI]
José Maria Neto [UPE]
Leandro Hecko [UFMS]
Luis Filipe Bantim [UFRJ]
Maria Elizabeth Bueno de Godoy [UEAP]
Maytê R. Vieira [UFPR]
Nathália Junqueira [UFMS]
Rodrigo Otávio dos Santos [UNINTER]
Thiago Zardini [Saberes]
Vanessa Cristina Chucailo [UNIRIO]
Washington Santos Nascimento [UERJ]

Rede:
www.revistasobreontes.site

LAPHIS- laboratório de Aprendizagem Histórica


UNESPAR, União da Vitória

Coordenador
Everton Crema

Ficha Catalográfica
Crema, Everton; Ibagón-Martín, Nilson Javier (org.)
Caminhos da Aprendizagem Histórica: Ensino, Reflexão e Ação. 1ª Ed. Rio de
Janeiro: Sobre Ontens/UNESPAR, 2021. ISBN: 978-65-00-24350-5
Ensino de História; Aprendizagem Histórica; Consciência Histórica.
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................ 9
3
OS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA E AS NOVAS ABORDAGENS: EM FOCO OS
ESPORTES
Altair Bonini .................................................................................................................... 11
ALFABETIZAÇÃO HISTÓRICA: ESTADO DA ARTE EM EVENTOS CIENTÍFICOS NACIONAIS
NA ÁREA DE EDUCAÇÃO E DE ENSINO DE HISTÓRIA
Ana Beatriz dos Santos Silva ........................................................................................... 20
POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DOCENTE NA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA DE
RONDÔNIA (2017-2020) PÓS EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 95
Ana Carolina Alves Tibúrcio e Alessandra Bertasi Nascimento ...................................... 26
RELAÇÕES POSSÍVEIS ENTRE HISTORIOGRAFIA FONTES HISTÓRICAS E A EDUCAÇÃO
HISTÓRICA
Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde ............................................................................ 38
ENSINO DE HISTÓRIA: ABORDAGENS SOBRE UMA EDUCAÇÃO LIBERTADORA E UMA
EDUCAÇÃO TECNICISTA NO ÂMBITO ESCOLAR
Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde e Bartolomeu Lima Sá Júnior ............................. 45
ENSINO DE HISTÓRIA: A PESQUISA NA FORMAÇÃO E NA ATUAÇÃO DO PROFESSOR
Andréa Giordanna Araujo da Silva ................................................................................. 55
“UM VEHICULO DE CONHECIMENTOS ESPECIAES”: RUI BARBOSA E A HISTÓRIA
ENSINADA (1873)
Ane Luise Silva Mecenas Santos e Cristiano Ferronato.................................................. 63
A GUERRA DO CONTESTADO, UM ÁLBUM DE MEMÓRIAS: TRAZENDO A MODA COMO
RECURSO DIDÁTICO PAUTADO PELO ENSINO MULTIMODAL
Anna Luiza Constancio e Elaine Cristina Florz ................................................................ 70
O ENSINO DE HISTÓRIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES GENERALISTAS: ALGUMAS
ACHEGAS QUANTO À TEORIA DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA
Antônio Carlos Figueiredo Costa .................................................................................... 82
A CONSTRUÇÃO DA CONSCIÊNCIA HISTÓRICA JUNTO AOS ALUNOS DA ESCOLA
MUNICIPAL JULIETA GOMES LEITÃO – MARABÁ/PARÁ
Antonio de Lellis Ramos Rodrigues ................................................................................ 90
NOVAS DINÂMICAS DO ENSINO DE HISTÓRIA EM TEMPOS DE PANDEMIA NO
MARANHÃO
Antonio Xavier Miranda Neto e Jefferson Giovani Silva Espinoza ................................. 98
4
A NOITE DA ESPERA E PONTOS DE FUGA, ROMANCES DE MILTON HATOUM, COMO
RECURSO PARA PENSAR E ENSINAR A HISTÓRIA DE UM PASSADO RECENTE, OCORRIDO
NO BRASIL
Arcângelo da Silva Ferreira e Heraldo Márcio Galvão Júnior ....................................... 105
RECORDAR KANT: A HISTÓRIA COSMOPOLÍTICA COMO APRENDIZAGEM HISTÓRICA
Aruanã Antonio dos Passos .......................................................................................... 112
ESCOLAS MARINGAENSES (2000-2019): História, Disparidades, Desafios
Augusto Agostini Tonelli ............................................................................................... 117
SEGREGAÇÃO URBANA: NOTAS SOBRE UMA EXPERIÊNCIA DE OFICINA COM ALUNOS
DO TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO
Bruno César Pereira ...................................................................................................... 125
OS DESAFIOS DE SE ENSINAR HISTÓRIA NO CONTEXTO PANDÊMICO: O PROGRAMA
INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (UFRN/NATAL)
Bruno Wesley Alves e Maria Beatriz Guedes da Silva .................................................. 133
O LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM: O QUE OS
ESTUDANTES PENSAM SOBRE ESSE MATERIAL?
Carmem Lúcia Gomes De Salis e André Ulysses De Salis ............................................. 140
O TEMPO É UMA CRIANÇA QUE BRINCA: INFÂNCIA E TEMPORALIDADES
Caroline Trapp de Queiroz ............................................................................................ 148
USO DE FONTES HISTÓRICAS EM SALA DE AULA
Cristiane Sabatke .......................................................................................................... 155
IDEIAS HISTÓRICAS SOBRE INTERCULTURALIDADE NUMA TURMA DE ALUNOS DO 9º
ANO DA CIDADE DO PORTO – PORTUGAL
Cristiano Nicolini ........................................................................................................... 162
UNA HISTORIA DEL NEGACIONISMO Y LA CONTROVERSIA IDEOLÓGICA: LA
ENSEÑANZA DE LA HISTORIA DESDE LA MEMORIA COMUNICATIVA Y LA COTIDIANIDAD
DE LOS EXCOMBATIENTES DE LAS FARC
Diana Nocua Caro e Fabián Andrés Llano .................................................................... 173
ENSINO DE HISTÓRIA E HISTÓRIA DAS EMOÇÕES (políticas): PRIMEIRAS INCURSÕES
Edson Silva de Lima ...................................................................................................... 184
ENSINO DE HISTÓRIA: UMA PERSPECTIVA CRÍTICO-REFLEXIVA NA CONSTRUÇÃO DO
SABER HISTÓRICO
Eleilda da Silva Santos .................................................................................................. 192
5
FONTES ORAIS E ENSINO DE HISTÓRIA: POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS NA
EDUCAÇÃO BÁSICA
Elinete Carvalho Linhares ............................................................................................. 201
DIDÁTICA, ENSINO DE HISTÓRIA E TEMPORALIDADE
Elizete Gomes Coelho Dos Santos ................................................................................ 208
CONSTRUINDO AULAS DE HISTÓRIA A PARTIR DA INTERSECCIONALIDADE E DA
DECOLONIALIDADE: EPISTEMICÍDIO, IDENTIDADE E HUMANIZAÇÃO
Eloara dos Santos Cotrim e Luana Carolina dos Santos ............................................... 215
A HISTÓRIA ENSINADA ENTRE SENTIDOS E APRENDIZAGENS: PERCEPÇÕES DOS
ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA
Erinaldo Cavalcanti ....................................................................................................... 224
POSSIBILIDADES DO USO DA MÚSICA COMO RECURSO DIDÁTICO PARA
APRENDIZAGEM HISTÓRICA
Fernanda Andrade Silva e José Aparecido da Silva Rocha ........................................... 232
APRENDIZAGEM HISTÓRICA E ESPACIALIDADE (S): O ENSINO DE HISTÓRIA E A IDEIA DE
REGIÃO
Flávio José Dalazona e Marcos Augusto Fagundes ...................................................... 238
EDUCAÇÃO HISTÓRICA COMO FORMA DE RESISTÊNCIA AOS TEMPOS DE
DESCONTRUÇÃO DA HISTÓRIA
Gerson Luiz Buczenko ................................................................................................... 245
ENSINO E APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA DIFÍCIL (BURDENING HISTORY) ATRAVÉS DAS
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Giovana Maria Carvalho Martins e Marlene Rosa Cainelli ........................................... 252
A LITERATURA DE VIAGEM NO ENSINO DE HISTÓRIA: POSSIBILIDADES DIDÁTICAS
Heraldo Márcio Galvão Júnior e Arcângelo da Silva Ferreira ....................................... 259
O DECRETO, A REVOLUÇÃO: DIDÁTICA DA HISTÓRIA E O DECRETO Nº 19.398, DE 11 DE
NOVEMBRO DE 1930
Igor Bitencourt Scarabelot............................................................................................ 266
A TERCEIRA VERSÃO DA BNCC: DISPUTAS PARA UM CURRÍCULO EM HISTÓRIA
Isabela da Silva Ferreira e Cíntia Venâncio ................................................................... 274
O MODELO DE NARRATIVA HISTÓRICA DE JÖRN RÜSEN APLICADO NUMA EXPERIÊNCIA
EM SALA DE AULA
Jaqueline de Barros Sales e Verônica Lima de Carvalho .............................................. 281
6
TEMAS SENSÍVEIS E O ENSINO DE HISTÓRIA: HISTÓRIA SOBRECARREGADA COMO
INSTRUMENTO PARA A APRENDIZAGEM HISTÓRICA SIGNIFICATIVA
Jeferson José Gevigier e Sandra Gorete Gomes de Oliveira ........................................ 288
ENTRE CONCEITOS, CURRÍCULOS E POSSIBILIDADES: PERSPECTIVAS DE ENSINO E DE
APRENDIZAGEM HISTÓRICA NO PARANÁ
Jessica Caroline de Oliveira .......................................................................................... 296
ENSINO DE HISTÓRIA E DIREITOS HUMANOS: UMA ANÁLISE DOS APONTAMENTOS DA
GUIA DIGITAL PNLD 2020 SOBRE A COLEÇÃO ARARIBÁ MAIS
José Victor Joly e Arnaldo Martin Szlachta Junior ........................................................ 306
O ENSINO DE HISTÓRIA E COVID-19: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Joyce da Costa Maciel e Mariana Solange.................................................................... 314
A QUESTÃO AFRO-BRASILEIRA NAS COLEÇÕES “ARARIBÁ MAIS HISTÓRIA” E “HISTÓRIA
SOCIEDADE E CIDADANIA”, UMA ANÁLISE PELA PERSPECTIVA DA DIDÁTICA DA
HISTÓRIA
Júlia Maria de Araujo Lisboa e Arnaldo Martin Szlachta Junior ................................... 320
OS CAMINHOS E DESCAMINHOS DA EDUCAÇÃO COMO DIREITO FUNDAMENTAL
Kellyenne Silveira Souza ............................................................................................... 329
ENSINO DE HISTÓRIA: UMA TAREFA CONSTRUÍDA COLETIVAMENTE
Kenia Gusmão Medeiros .............................................................................................. 336
APRENDENDO SOBRE TEMAS DE HISTÓRIA REPUBLICANA EM JORNAIS LOCAIS: O USO
DE JORNAIS COMO FONTE PARA O ESTUDO ACERCA DO ALCOOLISMO DURANTE A
PRIMEIRA REPÚBLICA
Lais Isabelle Rocha de Souza e Jakson dos Santos Ribeiro ........................................... 344
PERCEPÇÕES DE PROFESSORES DE HISTÓRIA NO NORTE DE GOIÁS SOBRE A ERA
VARGAS
Laíza Viana Pereira e Maria Juliana de Freitas Almeida ............................................... 352
TRABALHAR SENTIDOS E FAZER SENTIDO: EXPERIÊNCIAS DE ENSINO DE HISTÓRIA NA
REDE MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO
Lucilia Maria Esteves Santiso Dieguez .......................................................................... 360
O ENSINO E A PESQUISA DA HISTÓRIA REGIONAL NA PÓS-GRADUAÇÃO BRASILEIRA:
NOTAS PARA UM DEBATE
Lucilvana Ferreira Barros e Roberg Januário dos Santos ............................................. 368
7
ENSINO-APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
ESTUDO DE CASO EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE BARRA DOS COQUEIROS-SE
Marcia Evangelista da Silva Santos e Fábio Alves dos Santos ...................................... 378
A HISTÓRIA ENCENADA: USOS E POTENCIALIDADES DO TEATRO NO ENSINO DE
HISTÓRIA
Marcos de Araújo Oliveira ............................................................................................ 385
APRENDIZAGEM HISTÓRICA, DOCÊNCIA E LIVROS DIDÁTICOS: QUAL É O “LIVRO
DIDÁTICO IDEAL” DE HISTÓRIA PARA PROFESSORES(AS) DO ENSINO BÁSICO?
Mariana de Sá Gaspar................................................................................................... 394
AS LEIS 10.639/03 E 11.645/08: CONQUISTAS E DESAFIOS NO ENSINO DE HISTÓRIA NO
ENSINO FUNDAMENTAL DE 6° AO 9° ANO
Mateus da Conceição Santos e Naiara Protacio Moura ............................................... 402
AS TECNOLOGIAS E O ENSINO FUNDAMENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA DO COVID
19: ENTRAVES E AVANÇOS
Meire Lourdes Pereira Almeida .................................................................................... 414
ENSINO DE HISTÓRIA E A SALA DE AULA: REFLEXÕES SOBRE TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA
E CULTURA ESCOLAR
Neles Maia da Silva ....................................................................................................... 422
LEITURAS DE FONTES NO ENSINO DE HISTÓRIA: REFLEXÕES SOBRE A APRENDIZAGEM
NA DIMENSÃO PRÁTICA
Pablo Jeovane Santos Farias ......................................................................................... 429
O JORNAL COMO FERRAMENTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL NA
EDUCAÇÃO BÁSICA
Ricardo Rocha Balani .................................................................................................... 437
UMA CARTA A MAURO LUNA: A CULTURA EDUCACIONAL E A CONSTRUÇÃO DO SABER
HISTÓRICO EM UM IMPRESSO DE CAMPINA GRANDE-PB
Ronyone de Araújo Jeronimo ....................................................................................... 445
O LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA (LDH) E O ENSINO DA DITADURA MILITAR NO BRASIL
1964 – 1985
Sandra Gorete Gomes de Oliveira e Jeferson José Gevigier ........................................ 453
OS ESTUDOS DE MEMÓRIA E A APRENDIZAGEM HISTÓRICA: UMA INTERLOCUÇÃO
NECESSÁRIA PARA O ENSINO DE HISTÓRIA NA CONTEMPORANEIDADE
Sandra Regina Mendes e Lívia Diana Rocha Magalhães .............................................. 461
8
A COMPETÊNCIA NARRATIVA E A LITERACIA HISTÓRICA: PERSPECTIVAS PARA O
ENSINO E APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA
Wilian Junior Bonete .................................................................................................... 468
APRESENTAÇÃO
Bem-Vindos
9

Bienvenidos

Em sua 7ª edição, o Simpósio Internacional Eletrônico de Ensino de História, da


continuidade a proposta original, de se construir como um espaço de pesquisa e
reflexão sobre o ensino de história. Em nossa caminhada, crescemos e
buscamos melhor qualificar e ampliar os debates ao redor do ensino
aprendizagem escolar de história. Nesse sentido, a criação de mesas mais
específicas, exigiram recortes teóricos e metodológicos mais precisos e
objetivos, às áreas de interesse apresentadas.
Não diferentemente a ‘Mesa Ensino e Aprendizagem Histórica’ busca
desenvolver uma epistemologia do pensamento histórico, em sua relação e
função com o ensino aprendizagem histórico, a partir do pensamento de Jörn
Rüsen, escapando de uma perspectiva exclusivamente historiográfica.
Entendemos que o pensamento histórico, busca fundamentalmente orientar as
ações e reflexões na vida prática, admitindo nesse sentido uma condição e
perspectiva educativa.
Refletir sobre a construção e a validade do pensamento histórico, em direção ao
ensino aprendizagem de história, retoma a condição do conhecimento histórico,
fundado na humanidade e no ‘humanismo diverso’. Entendemos que os novos
arranjos e relações sociais contemporâneas, prescindem de uma nova
reconfiguração baseada na alteridade, buscando na história em sua perspectiva
educativa/explicativa, uma evolução cultural da sociedade.
Acreditamos que uma nova hermenêutica do campo da história,
fundamentalmente alicerçada em seu caráter educativo, tornaria a relação da
ciência da história com a humanidade mais promissora e moralmente
significativa. Em outro sentido, mas na mesma direção, propomos que o ensino
de história e suas teorias se tornem objetos epistêmicos dentro das
universidades brasileiras e que esse processo ou condição, venha de encontro
a educação básica brasileira.
Nesse sentido, os textos apresentados representam essa vontade de olhar para
o ensino aprendizagem através da “aprendizagem história”, que para nós não
equivale ao ensino tradicional, mas sim uma nova e fundamental teoria /
metodologia do pensamento histórico, que parte de sua ontologia em direção as
carências da vida prática, da necessidade de compreensão e relação com o
cotidiano presente em nossa existência.
Em uma tarefa difícil, selecionamos 59 textos, nacionais e internacionais, de
licenciandos a doutores, das mais diversas áreas e temáticas, sobretudo textos,
autoras e autores que buscaram dialogar com as ideias, categorias, conceitos e
metodologias da aprendizagem histórica. Diversos textos e reflexões distintas,
apontam campos de pesquisas, bem como apresentam demandas do ensino da
história, surgidas e renovadas nos contextos da pandemia.
10
Finalmente, convidamos a todas e todos a lerem as publicações da ‘Mesa Ensino
e Aprendizagem Histórica,’ participando dos debates nas páginas do 7º Simpósio
Internacional Eletrônico de Ensino de História, desejando que nosso evento,
mesa e publicações se tornem boa semente nas salas de aula das universidades
aos colégios de educação básica, que possamos construir a várias mãos um
lugar-comum de reflexão / ação e que sabe darmos o pontapé inicial de um grupo
de pesquisa sobre a aprendizagem histórica.

Grande Abraço e boa leitura


Gran abrazo y buena lectura

Dr. Everton Carlos Crema (UNESPAR - Brasil)


Dr. Nilson Javier Ibagón-Martín (Universidad del Valle - Colômbia)
OS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA E AS NOVAS
ABORDAGENS: EM FOCO OS ESPORTES
Altair Bonini 11

Introdução

Buscamos refletir sobre a presença da História dos Esportes nos livros didáticos
escolares da disciplina de História. A metodologia escolhida foi selecionar e
analisar, com base na educação histórica (SCHIMIDT e CAINELLI 2004, JUSEN)
como o tema foi trabalhado por autores de livros didáticos de História do Ensino
Fundamental e Médio, identificando em quais conteúdos mais amplos foram
atrelados e que questões podem ser colocadas a partir desta inserção. Os livros
didáticos analisados foram: “História, Sociedade e Cidadania”, de Alfredo Boulos
Junior, produzido pela Editora FTD em 2013; “Estudar História: das origens do
homem á era digital”, de Patrícia Ramos Braíck, editado pela Editora Moderna,
em 2015 e “Historia”, dos autores/as: Ronaldo Vainfas, Sheila de Castro Faria,
Jorge Ferreira e Georgina dos Santos, editado pela Editora Saraiva, no ano de
2010.

Desenvolvimento

Nos anos 1990, com o impulso de novas publicações e pesquisas, e o


surgimento de novas categorias explicativas aliada às criticas as permanências
de elementos do ensino “tradicional” presentes na prática pedagógica de muitos
professores, forneceram o embasamento para novos currículos e propostas de
ensino que respondessem às questões mais significativas das sociedades
contemporâneas, bem como pela formação da cidadania. (SCHIMIDT, 2004, p.
13.).

Além da incorporação de novas perspectivas historiográficas, foram


incorporadas inovações metodológicas tais como: levantamento de questões
problemas, do trabalho com pesquisa, da utilização de novas linguagens
culturais (cinema, música, fotografia, entre outros), além de atividades com
reproduções de documentos históricos.

Nos anos 2000, o entendimento de que aprender história faz parte da


consciência histórica dos sujeitos, ou seja, como uma necessidade antropológica
dos seres humanos, com várias funções para a sociedade, entre elas é de suprir
as necessidades de orientação no tempo, não desvinculada de questões práticas
que são colocadas na vida cotidiana das pessoas. São estas necessidades que
impulsionam os seres humanos a buscarem no passado respostas para
questões do presente (RÜSEN, 2001, pp. 30-36.). Sabendo disto, podemos aferir
que aprender história é uma ação que requer significado, pois ela faz parte da
constituição do sentido da experiência do tempo, fornecendo uma interpretação
do passado, a compreensão do presente e a elaboração de projetos de futuro.

Observamos que por mais tímido que seja os autores de livros didáticos, vem
buscado acrescentar novos métodos de ensino em suas obras, entre eles: as 12
questões do passado vinculadas ao presente, o uso e a análise de imagens,
trechos de textos historiográficos, uso de diferentes fontes e atividades de cunho
mais interpretativas e reflexivas, bem como, novas temáticas, como: as questões
de gênero e história das mulheres, a história indígena e afro-brasileira e africana,
a história ambiental e a história dos esportes.

Entre os autores estudados selecionamos Alfredo Boulos Júnior, que lecionou


no Ensino Fundamental da rede pública e particular e em cursinhos pré-
vestibulares no Estado de São Paulo. Atualmente sua área de atuação é em
História da Educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC.
É autor das coleções de livros didáticos: “Construindo Nossa Memória”, “O Sabor
da História” e “História Sociedade & Cidadania”.

Boulos Júnior (2013) apresenta em sua obra, os conteúdos da História do Brasil


e da História Geral de forma integrada, em uma perspectiva cronológica linear.
A coleção apresenta um trabalho cuidadoso com a História da África,
afrodescendentes e indígenas. Também, privilegia o trabalho com imagens e
documentos históricos. O manual do professor da obra “História, Sociedade e
Cidadania” apresenta orientações para o professor quanto ao desenvolvimento
de estratégias e de recursos de ensino a serem empregados durante as aulas.

No livro “História, Sociedade e Cidadania”, para o 9º ano, Boulos Júnior (2013)


apresenta o esporte articulado com propaganda política. Ele tenta desenvolver
nos alunos o senso crítico de como o esporte em determinadas épocas de crise
política e econômica, foi utilizado ideologicamente por governos em regimes
ditatoriais. Para observarmos melhor as questões apontadas acima,
selecionamos três momentos em que o autor faz esta abordagem. No capítulo
4, intitulado “A Grande Depressão, o Fascismo e o Nazismo”, destaca a imagem
do atleta estadunidense James Cleveland Owens (1913 - 1980), conhecido como
Jesse Owens, que venceu a prova dos duzentos metros rasos nas Olimpíadas
de 1936, realizada em Berlim, na Alemanha. Este evento foi muito emblemático,
pois sobre os olhares de Hitler que assistia a disputa no estádio Olímpico de
Berlim, um atleta negro derrota seus adversários e coloca em dúvida o discurso
do líder alemão sobre a superioridade da “raça” ariana. Hitler se recusou a
assistir os jogos nos quais os atletas negros competiram, não cumprimentou os
atletas negros americanos e se rejeitou a tirar fotografias com eles (BOULOS
JÚNIOR, 2013, p. 90).

Descolado da imagem Owens, o autor apresenta um texto sobre a economia


nazista e os altos investimentos que o Estado nazista fez na indústria de base
Alemã, o investimento em grandes obras públicas para gerar emprego e
aumentar sua popularidade. Este governo também fortaleceu a economia
destinando quase 70% para fins militares. Mas, por outro lado, o governo de
Hitler não cumpriu as promessas de reforma agrária, de conceder aumento de
salário para os operários, por outro lado extinguiu sindicatos para que
movimentos contrários não surgissem. O autor menciona no texto, o grande 13
investimento que o Estado nazista realizou nos esportes, para que os povos
germânicos pudessem ganhar o maior número de medalhas nos jogos de 1936
(CF: MOSTARO, 2012). Assim, deu ênfase ao aspecto econômico do Estado
nazista e não no racismo e ao uso ideológico do esporte, se colocando como
apenas uma ilustração. Também, deixa de mencionar que os atletas negros
enfrentavam o racismo dentro de seu país, os Estados Unidos, que viviam em
regime de segregação racial nos estados do Sul. Para Jesse Owens, foi
marcante que seu presidente nem se quer lhe enviou um telegrama de
felicitações e não foi recebido na Casa Branca pelo presidente Franklin
Rooseveld. Neste evento, vemos o esporte sendo manipulado ideologicamente
pelos dois países (Alemanha e EUA), que procuravam utilizar a imagem do atleta
para veicular uma imagem falseada de seus governos. Uma da Alemanha sem
problemas e promissora, e, no outro caso, os Estados Unidos como um lugar da
liberdade e da igualdade, que não existia para os afro-americanos.

Em outro exemplo, no capitulo VII, sob o título “A Guerra Fria”, Boulos Júnior
(2013, p. 146) apresenta a imagem da ginasta romena Nádia Comaneci (1961 -
). A atleta atuou nos Jogos Olímpicos de 1976, em Montreal (Canadá). Foi a
primeira atleta a conseguir nota 10 em todos os quesitos, fato que os
organizadores não estavam preparados e tiveram que improvisar o placar
(Figura 1). Nádia Comaneci foi colocada como exemplo da superioridade dos
países socialistas.

Figura 1: Participação de Nádia Comaneci em olimpíadas e a Guerra Fria.

Fonte: BOULOS JÚNIOR, Alfredo. Sociedade e cidadania. São Paulo: FTD,


2015. Coleção História. (9º ano), p. 146.
Neste caso, imagem e texto estão mais interligados, apesar de falar pouco sobre
a atleta e sua modalidade. O autor propõe questões mais reflexivas sobre o texto,
o que é muito positivo, mas perdeu a oportunidade de mencionar as dificuldades
das mulheres em participar dos jogos olímpicos.
14
No capítulo VII, com o título “Debatendo e concluindo”, Boulos Júnior. (2013, p.
148), traz como exemplo o futebol brasileiro, conhecido e admirado
mundialmente. O esporte foi utilizado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva
para criar empatia entre a população haitiana e a missão de paz da Organização
das Nações Unidas (ONU) conhecida como Minustah. (Figura 2).

Figura 2: O esporte como pacificador.

Fonte: BOULOS JÚNIOR, Alfredo. Sociedade e cidadania. São Paulo: FTD,


2015. Coleção História. (9º ano), p. 148.

O amistoso entre a seleção brasileira de futebol e do Haiti foi organizado pela


ONU, governo brasileiro e Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e teve a
participação de Ronaldo, Ronaldinho, Kaká, Robinho, Cafu, Roberto Carlos etc.
Boulos indica que a ida da seleção brasileira ao Haiti, em 2004, foi um
instrumento da política externa brasileira, na busca por maior prestígio
internacional, bem como a “[...] participação nas missões também permite ao
Brasil buscar dois outros objetivos fundamentais: solidariedade regional na
América Latina e relações comerciais mais intensas com o Sul global” (BRACEY,
2011, p. 319).

A segunda obra selecionada para o estudo foi “Estudar História: das origens do
homem á era digital”, de Patrícia Ramos Braíck, mestre em História, pela 15
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), atuou como
professora do ensino médio em Belo Horizonte/MG. Foi produzido pela Editora
Moderna, em 2015. O material didático do 6º ao 9º ano foi concebido em uma
“[...] perspectiva temporal cronológica linear, privilegiando o viés político e social
[...] recorrendo às variedades de fontes históricas, investindo na conexão entre
os conteúdos com questões do tempo presente” (BRASIL, 2017, p. 69). Também
segue a abordagem da história intercalada entre fatos da História Geral e do
Brasil.

Na coleção “Estudar História”, no livro do 9º ano, no capitulo VI, com o tema


“Segunda Guerra Mundial e a participação do Brasil no conflito”. Braick (2015,
145) traz o esporte atrelado às primeiras décadas da República Velha (1889 –
1930), quando imigraram para o Brasil pessoas de muitas nacionalidades,
surgem os primeiros times de futebol, no governo Vargas, algumas destas
populações foram perseguidas devido ao fato de o Brasil se envolver no conflito
ao lado dos Aliados, decretando guerra à Itália, Alemanha e Japão. Estas
populações sofreram perseguições de trabalho, econômica e principalmente
política. Ela destacou o caso do time de futebol Palestra Itália, que nesta época
trocou o nome para não perder seus patrimônios e não ser expulso do
campeonato paulista. O clube fundado em 26 de agosto de 1914, por imigrantes
italianos, teve que mudar seu nome para Sociedade Esportiva Palmeiras, em 20
de setembro de 1942. Braick (2015) destaca, nesta página o governo Varguista,
com uma imagem em conjunto com o Presidente Norte americano Franklin
Delano Roosevelt, no qual são tratados acordos da entrada do país na Guerra.
Abaixo na mesma página a autora traz em um box o brasão da equipe do
Palestra Itália. Esta página não apresenta perguntas para o aluno responder,
mas o objetivo é problematizar questões de como o esporte e o lazer então
vinculados a economia e política do país em um contexto mais amplo.

No capítulo 11, Braick (2015, p. 215), com tema “Os Governos Militares no
Brasil”, no final do capitulo, a autora inseriu uma atividade com o título:
“Conquistas da democracia”, destaca o clube do Corinthians, de São Paulo. No
qual, sobre liderança de seu grande jogador, Sócrates, defendeu o lema “Ganhar
ou perder, mas sempre com Democracia”. A partir de 1983, o clube passou a
apoiar os movimentos pelo fim da Ditadura Militar, sendo estampada, nas
camisas dos jogadores, a frase “Democracia Corinthiana”. Este movimento
político envolveu tanto jogadores como torcedores pela volta da democracia.
Nesta página, a autora também explica o valor da democracia. Complementando
com um texto sobre os cinquenta anos do golpe militar, data que se completou
em 31de Março de 2014. Assim, se os ditadores militares utilizaram o futebol
para fazer apologia de seu regime, os jogadores também aprenderam a utilizá-
lo para combater a falta de liberdade.

Outro material estudado foi “História – Ensino Médio”, produzido pela Editora
Saraiva no ano de 2010, sendo a sua primeira edição. Esta obra foi desenvolvida 16
por vários autores entre eles: Ronaldo Vainfas, doutor em História e professor
na Universidade Federal Fluminense (UFF), Sheila de Castro Faria, doutora em
História e professora na Universidade Federal Fluminense (UFF), Jorge Ferreira,
doutor em História e professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
e Georgina dos Santos, doutora em História e professora na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Este material didático, também está
organizado na forma de história intercalada, com temas de história geral, história
do Brasil, da América e da África. O livro trabalha muito bem com o uso de
imagens e traz vários exemplos de documentos históricos.

No relevante ao tema do esporte, observamos que os autores optaram por trazer


em seu volume 3, a história das copas do mundo e suas ligações com a política
nos séculos XX e XXI. Enfatizam que é um evento que envolve milhões em
negociações para transmissão em rádios, televisão, jornais, revistas, bem como
em patrocínios da indústria esportiva. Ressaltam a importância econômica que
ela gera nas indústrias de eletroeletrônico e no país no que sedia a competição.
No capítulo VIII, sendo o tema Brasil “A república nacional-estadista”, os
autores/as fazem um resumo das copas do mundo de 1930, 1934 e 1938. Sendo
que explicam a copa de 1930 como o marco inicial desta competição, que hoje
é tão reconhecida e valorizada por muitos países do mundo. Mas, em 1930 as
coisas eram diferentes, não existiam as transmissões de rádio, a população
ficava eufórica nas portas dos jornais esperando os resultados.

Figura 3: Manipulação do futebol na ditadura militar no Brasil


Fonte: VAINFAS, R. et al. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI:
volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010, 206.
Está época, no esporte existiam divisões sociais, raciais e de federações no
Brasil. A seleção nesta primeira edição da copa do mundo, não contou com a
participação de atletas negros e apenas com atletas paulistas já que existia uma
cisma entre federação paulista e Carioca. Com o texto o professor pode trabalhar
a questão do racismo no Brasil e como isto ainda se manifesta nos estádios. A 17
segunda edição foi realizada no ano de 1934 na Itália que vinha sendo
governada pelo regime fascista. A seleção brasileira contava com dois atletas
negros que se destacavam pela técnica e habilidade. Domingos da Guia e
Leônidas da Silva foram os grandes destaques. A copa de 1938 foi a primeira a
ser transmitido pelas rádios, que paralisavam o país com suas respectivas
transmissões. O civismo na época do Estado Novo (1937 – 1945) era muito
incentivado e o esporte foi usado como meio para isto. Nesta edição o Brasil
contou com a participação dos melhores atletas pela conciliação entre todas as
federações estaduais. O resultado dentro de campo foi positivo e conseguiu o
terceiro lugar.

Os autores estabelecem relação entre a Copa do Mundo de 1970 e a ditadura


civil - militar no Brasil (1964 -1985) e a utilização do futebol como um meio de
manipulação social. As disputas nos esportes foram e continuam sendo um
instrumento de divulgação de ideias e a afirmação do Estado e da nação,
intensificando o sentimento de nacionalismo. No Brasil, os governos sempre
souberam utilizar o futebol para a propaganda política, como forma de ressaltar
as qualidades do país e desviar a atenção da população. Procurou-se vincular o
sentimento de nacionalismo em nosso país por meio do futebol, nosso passado
glorioso, nosso orgulho é ser a única seleção pentacampeã mundial e isso é fácil
perceber observando o comportamento da população em geral. Esta temática
pode ser utilizada pelo professor para que os alunos percebam outras formas de
manipulação.

Considerações finais

Na atualidade as constantes queixas dos professores que versam sobre a falta


de interesse pelos alunos pelas aulas de História, geralmente entendidas como
indisciplina, demonstram o que já era denunciado por Elza Nadai (1992/1993, p.
143.), no início dos anos 1990, que os alunos achavam a forma como a história
era ensinada odiosa. Desta forma, compreendemos que as mudanças nos
métodos de ensino de História para os alunos da Educação Básica ainda
necessitam de maiores discussões, uma vez que o conhecimento histórico
continua sendo reproduzido, baseado na repetição dos conteúdos pelos alunos.
Nesta perspectiva o ensino de História torna-se desinteressante, pois se
apresenta enquanto um conhecimento estático a ser decorado.

Para Schmidt, a sala de aula não é apenas um espaço onde se transmite


informações, mas o espaço onde se estabelece uma relação em que
interlocutores constroem significações e sentidos (2004, p. 31.). A construção do
sentido é dada quando se estabelece a relação teoria e prática, entre ensino e
pesquisa.

Desde a antiguidade diferentes grupos humanos realizavam jogos e


competições. Mas, foi na modernidade, principalmente, no período da Revolução 18
Industrial (séculos XVIII e XIX), na Inglaterra e posteriormente nos Estados
Unidos, que os jogos, as práticas corporais ou físicas se institucionalizam. As
várias questões pertinentes às práticas corporais, acreditamos constituem-se em
amplo campo de investigação para a história, no qual o esporte não é visto como
um fenômeno autônomo, pois se entende, nesse caso, que as práticas corporais
e esportivas fazem parte de um processo de transformação cultural, através do
qual elas passam a atuar como um sistema significativo e por meio do qual uma
ordem social é comunicada, reproduzida e legitimada (BOURDIEU, 1983;
VIGARELLO, 2005; PRIORE e MELLO, 2009).

Percebemos que a história do esporte pode ser um mote para o professor


estabelecer relações e aproximações com a vida cotidiana dos alunos e a partir
daí estabelecer relações com outros aspectos sociais, econômicos e políticos,
bem como, pode ser abordado temas como: racismo, relações desiguais de
gênero e a luta por igualdade, a exemplo do que indicam as obras estudadas.

Uma questão que se coloca agora é se com a nova Base Currícular Comum
Nacional os professores terão oportunidade de ensinar a partir de outras
abordagens históricas.

Referências biográficas

Me. Altair Bonini, professor da Educação Básica, Secretaria de Estado da


Educação do Paraná (SEED/PR).

Referências bibliográficas

BITTENCOURT, Circe. O saber histórico em sala de aula. São Paulo: Contexto,


1997.

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Coleção História. (9º ano).

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Casos do Timor Leste e Haiti. Contexto Internacional. Vol. 33, nº 02. Rio de
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SCHIMIDT, Maria & CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione,
2004.

VAINFAS, R. et al. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI: volume 3.


São Paulo: Saraiva, 2010.
ALFABETIZAÇÃO HISTÓRICA: ESTADO DA ARTE EM
EVENTOS CIENTÍFICOS NACIONAIS NA ÁREA DE
EDUCAÇÃO E DE ENSINO DE HISTÓRIA 20

Ana Beatriz dos Santos Silva


Essa comunicação apresenta os resultados colhidos em dois anos de pesquisa
realizados na Universidade Federal de Sergipe pelo Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). Tem como objeto de estudo a
alfabetização histórica ou literacia histórica. Busca analisar as produções
acadêmicas acerca do tema em eventos científicos de nível nacional nas áreas
de Educação e Ensino de História. Os objetivos deste trabalho consistiram em
tabular o índice de frequência do tema ao longo dos eventos, analisar as
perspectivas interpretativas abordadas, os referenciais teóricos mobilizados em
cada produção e as formações acadêmicas dos autores para medir a circulação
das produções sobre o tema. Os levantamentos das produções textuais fora
feitas primeiramente no portal da Associação de Pós-Graduação e Pesquisa em
Educação (ANPEd), que é direcionada à área da Educação, e posteriormente
nos dois eventos da área de Ensino de História, o “Encontro Nacional de
Pesquisadores do Ensino de História (ENPEH)” e o “Encontro Nacional
Perspectivas do Ensino de História”.

Para chegar a um conceito sobre alfabetização/literacia histórica é importante


destrinchar o termo. Alfabetização tem como definição o processo de
aprendizagem do sistema de representação dos sons da fala, já o letramento se
relaciona com o ensino e aprendizagem das práticas sociais da leitura e da
escrita. A professora Magda Soares, que se destaca nessa área de estudo,
denomina o processo com um termo mais amplo ao qual ela da o nome de
“aprendizagem inicial da língua escrita”, que é composto pelo processo de
alfabetizar e pelo processo de letrar, ambos indissociáveis. O ensino de História
torna-se disciplina específica a partir dos primeiros anos do Ensino Fundamental,
em que a atuação ainda é do professor (a) pedagogo (a), antes disso, na
Educação Infantil a organização curricular é estruturada nos chamados “Campos
de experiências”. Ao longo desses anos os alunos vão internalizando as
compreensões sobre comunidades, vida em sociedade, lugares de vivencias,
organizações rurais, organizações urbanas, diversidade cultural e
organizacional, cidadania, direitos e deveres. Tudo isso baseado em uma
educação que busque uma observação sensível sobre a heterogeneidade
cultural, social e de produção de memórias. Entendendo então esses aspectos,
é chegada a conclusão de que a literacia/alfabetização histórica são os termos
que buscam definir o processo de aquisição de propriedades específicas da
História como ciência, antes mesmo de se conhecerem os conteúdos pré-
definidos dos currículos escolares.

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