Você está na página 1de 13

Semelhança Interpretativa e a

Imaginação do Intérprete

Bryan Harmelink
SIL Internacional

Abstrato

Carston afirma que "duas representações se assemelham interpretativamente em um


contexto se e somente compartilham implicações analíticas e contextuais nesse contexto"
(Thoughts and Utterances, 2002:158 - Pensamentos e Enunciados tradução livre). Mas
será que as semelhanças interpretativas assumem o mesmo contexto? Como a
semelhança interpretativa pode ser medida quando os contextos de comunicação são
muito diferentes? Há alguma forma de se determinar o que acontece na mente do
intérprete?

Baseado nas noções de "espaço intertextual" e "o terceiro espaço" de Hays e Bhabha, este
artigo explora o papel de um "espaço interpretativo" negociado ou à la Hays, a "imaginação"
do intérprete. Vários exemplos serão dados para ilustrar a semelhança interpretativa, a
semelhança contextual (ou a falta de da mesma), e o benefício da noção de "espaço
interpretativo".

Introdução

Carston afirma que "duas representações se assemelham interpretativamente

em um contexto se e somente compartilham implicações analíticas e contextuais

nesse contexto" ( Thoughts and Utterances, 2002:158- Pensamentos e Enunciados

tradução livre) Na minha experiência em tradução e consultoria de tradução, a noção

de semelhança interpretativa aparentava oferecer uma alternativa muito necessária à

1
noção de equivalência que tanto fazia parte da teoria da tradução na segunda metade

do século XX. Ou assim eu pensava. Em uma releitura recente da Teoria e Prática de

Tradução de Nida e Taber, eu redescobri — ou talvez eu tenha lido e descoberto,

como se fosse a primeira vez — que este texto padrão sobre tradução discute não

apenas EQUIVALÊNCIA, mas o contrasta com IDENTIDADE. A identidade é,

naturalmente, inalcançável, uma vez que as correspondências um-a-um na línguaguem

raramente existem, mas Nida argumenta a viabilidade de uma equivalência dinâmica ou

funcional.

Certamente não sou o primeiro a notar que esta proposta de Nida é muito mais

abrangente do que apenas “relaxar um pouco” sobre como fazer uma

correspondência perfeita entre o alvo e sua fonte na tradução. A noção de identidade

tem um foco textual linguístico, enquanto a equivalência, na concepção de Nida,

tem um foco receptor psicolinguístico. Como Jeremy Munday salienta em

Introducing Translation Studies (Introdução aos Estudos de Tradução – Tradução

Livre ):

O papel principal desempenhado por Nida é o de apontar o caminho além


da equivalência rigorosa da tradução - palavra - por - palavra. Sua
introdução dos conceitos de equivalência e dinâmica formal são cruciais na
introdução de uma orientação baseada no receptor (ou no leitor) para a
teoria da tradução. 43. (Tradução livre)

A equivalência deve ser medida em termos de impacto e efeito sobre o leitor ou

receptor. Embora a equivalência dinâmica possa parecer ter aliviado os problemas

associados à equivalência formal, logo se tornou evidente que mesmo quando parecia

possível observar o impacto, não havia um padrão real pelo qual se pudesse medi-lo e

2
certamente nenhuma maneira de determinar se era "equivalente". Não há um padrão

pelo qual se possa julgar o impacto que o texto bíblico possa ter tido sobre o "público

original", portanto, não há nenhuma base para estabelecer a equivalência do impacto.

Isto não é novidade - apenas uma breve revisão para os fins deste artigo.

No final das contas, tanto a identidade quanto a equivalência se revelam

igualmente inatingíveis, mas por diferentes razões. A identidade é impossível de ser

alcançada, e com a equivalência de impacto, é impossível saber se você a alcançou.

Podemos garantir que o impacto e a compreensão são, em certo sentido, observáveis,

mas qualquer tipo de equivalência ao público original é impossível de ser verificada.

Em abordagens de tradução ou treinamento de tradutores, a percepção de que a

equivalência do impacto não tem como ser verificada, tem, ao que me parece,

encorajado várias abordagens linguísticas, focadas em textos que enfatizam

características do discurso, gêneros literários, mecanismos retóricos, etc. Como o

impacto ou efeito dos textos é elusivo, é mais seguro manter estas características mais

quantificáveis e "tangíveis" da linguagem. Certamente, se for dada a devida atenção a

estas características linguísticas, o texto fará o que é esperado que ele faça. É claro

que esta análise e a abordagem de tradução resultante dela, deve ser sempre

realizada com cautela e consciência da falta de correspondência entre as

características e mecanismos, já que a ausência de correspondência afeta mais do que

os itens léxicos. Em resumo, parece presumir-se que se for dado o devido cuidado às

ricas características de ambos os idiomas envolvidos na tradução, o resultado deverá

ser o impacto apropriado do texto.

Mas como você sabe? Como consultor, eu devo saber como "saber" . Como foi

3
dito anteriormente, um certo impacto ou compreensão de uma tradução pode ser

discernível, mas como realmente saber? Quando escuto ou estudo traduções já feitas,

nessa tarefa peculiar de comparar e avaliar uma nova tradução do texto bíblico, qual

base preciso usar para fazer uma comparação e avaliação eficaz? Quais os critérios

para que a tradução de qualquer texto seja considerada como sendo a melhor tradução

possível? Isto me leva a considerar as semelhanças interpretativas.

Deve-se reconhecer imediatamente que a semelhança interpretativa não foi

originalmente concebida para a tradução. Mas a noção de semelhança interpretativa -

ou minha compreensão inicial dela - me ajudou a lidar com algumas das minhas

preocupações sobre equivalência. Em retrospectiva, eu percebi que o principal alívio

proporcionado pela semelhança interpretativa veio porque eu havia percebido a

equivalência como “SIMILARidade”, muito mais parecida com a noção de identidade

que Nida argumentou contra em 1964. Como eu sabia que este tipo de equivalência

era impossível, fiquei aliviado ao pensar na tradução em termos de semelhança.

À primeira vista, a semelhança interpretativa pode parecer apenas uma

equivalência descontraída; desde que a tradução se pareça com a interpretação

original, a tradução deve ser correta. Não demorou muito até que eu percebesse que

eu tinha simplesmente trocado uma vaga noção de equivalência por uma igualmente

vaga noção de semelhança. Pelo menos eu havia alcançado a equivalência em alguma

coisa! Foi útil examinar mais de perto a definição de semelhança interpretativa a fim de

lidar com esta ambiguidade. Carston afirma que "duas representações se assemelham

interpretativamente em um contexto se e somente compartilham implicações analíticas

e contextuais nesse contexto" (tradução livre - Thoughts and Utterances, 2002:158) Isto

4
pareceu fornecer uma ajuda importante para estabelecer critérios que permitam medir

as semelhanças. Vamos considerar alguns aspectos desta definição:

1) duas representações: uma representando a outra; trata-se de uma

metarepresentação;

2) se assemelham interpretativamente: a semelhança não é uma questão de

forma linguística, mas o valor interpretativo ( descrito no item 5);

3) em um contexto: de acordo com os princípios da Teoria da Relevância, tudo

tem a ver com o que acontece em um contexto particular; é claro, que o

contexto precisa ser entendido da forma como é usado na Teoria da

Relevância: a noção dinâmica e psicológica do contexto.

4) se e somente compartilham: é esta relação de partilha que motiva toda a

discussão sobre como caracterizar a relação entre um texto e sua tradução,

seja em termos de equivalência, similaridade, deslealdade, perda, ganho ou

semelhança;

5) implicações analíticas e contextuais: esta é uma parte crítica da definição de

semelhança interpretativa; sem implicações analíticas e contextuais

compartilhadas, SEMELHANÇA interpretativa não existe; a interpretação

acontece, mas as condições para a semelhança interpretativa não são

atingidas;

6) nesse contexto: mais uma vez, o contexto é fundamental. Na verdade, este

contexto é a base para implicações compartilhadas.

Se as implicações analíticas e contextuais compartilhadas necessárias para a

5
semelhança interpretativa só podem ocorrer na medida em que o contexto também é

compartilhado, isto de imediato gera a pergunta: com que frequência o contexto é

realmente compartilhado?

Como foi dito acima, a noção de contexto é crítica na Teoria da Relevância. E este

não é o contexto de qualquer um. Contexto, dentro da Teoria da Relevância, não é

meramente um texto que foi dito ou escrito em conversas próximas ou em proximidade

textual; contexto que dá origem aos tipos de implicações necessárias para a

semelhança interpretativa é um subconjunto de tudo o que os comunicadores e seus

leitores conhecem. Como Gutt afirma em seu artigo, "Tradução, Metarepresentação e

Reivindicações de semelhança interpretativa", a comunicação bem-sucedida só ocorre

quando "o contexto pretendido pelo comunicador e o contexto disponível para o ouvinte

coincidem". (95)

É notório que a Teoria da Relevância é uma teoria de comunicação, geralmente

aplicada intralingualmente, ao invés de interlingualmente. Em outras palavras, Sperber

e Wilson desenvolveram a Teoria da Relevância como uma teoria da comunicação e só

mais tarde ela foi estendida à tradução por outros teoristas. Não estou questionando se

a TR pode ser aplicada de forma proveitosa à tradução - fuma vez que já foi

demonstrado que ela fornece grande discernimento - minhas perguntas são mais sobre

o que parece ser uma suposta semelhança de comunicação intralinguística e

intralinguística, principalmente quando se trata da questão do contexto. Se o contexto

compartilhado é um pré-requisito para a produção de implicações lógicas e contextuais

que resultam em semelhança interpretativa, qual é o contexto compartilhado? Em que

circunstâncias ocorre o contexto compartilhado? Se a comunicação falha entre um

6
comunicador e um público com as mesmas origens linguísticas e culturais, quando

então é possível um grau comparável de semelhança de contexto, com origens

linguísticas e culturais diferentes? A possibilidade de semelhança interpretativa

interlinguística, ou seja, a tradução, é uma suposição. Não estou dizendo que a

semelhança interpretativa é uma impossibilidade; estou apenas levantando alguns

sinais de cautela.

Deve-se notar também que, no final das contas, parece haver muito pouca

diferença entre a semelhança interpretativa e a equivalência conforme foi concebida

por Nida. O reconhecimento da natureza inferencial da comunicação é uma grande

melhoria sobre as noções estruturalistas de texto e comunicação que eram tão

difundidas na teoria linguística de tradução americana nos meados do século XX, mas

em termos práticos, as noções de equivalência e semelhança interpretativa parecem

ser ambas impulsionadas por um desejo de uniformidade. De fato, em comparação

com a equivalência, a noção de semelhança interpretativa, baseada em implicações

lógicas e contextuais, pretende fornecer uma forma muito mais rigorosa e mensurável

de avaliar a similaridade.

Mas o que é o SIMILARidade? Para que se possa dizer que algo metarepresenta

outra coisa, quão próxima deve ser a semelhança? A semelhança, como a equivalência

dinâmica, é uma questão de grau: um grau suficientemente alto de semelhança para

que uma tradução seja reconhecida como uma metarepresentação. Mas a própria

natureza da metarepresentação, ou representação, é ausência-de-identidade. A

identidade ou o literalismo rigoroso é possível dentro de um idioma quando se tem uma

repetição literal das formas proposicionais de uma expressão, mas isto não muito

7
interessante. A forma estritamente proposicional pode ser idêntica, mas a pragmática

de seu uso nunca será idêntica. De tal forma que não faz sentido dizer que a identidade

é teoricamente possível dentro de um idioma. Quando a mudança é feita para a

comunicação interlinguística, nenhuma identidade de qualquer tipo é possível. Já a

semelhança, ou similaridade, por definição, permitem um grau de diferença. Portanto, o

compartilhamento de implicações lógicas e contextuais é uma questão de grau, um

compartilhamento parcial. Esta impossibilidade de identidade é uma realidade que deve

ser abraçada; não é um problema que possa ser superado por métodos melhores, mas

pode implicar em ajustar algumas das nossas noções sobre o que a tradução é e o que

ela faz.

É importante reconhecer que a noção de tradução não é um dado adquirido; ela não é

universal. Muitas vezes me perguntei como seria a teoria da tradução ocidental se ela

tivesse se desenvolvido com base no verbo grego hermeneuo ao invés da tradução do

verbo “translatio” do Latim. No mais recente volume, Thinking through Translation with

Metaphors, (Pensando na tradução com Metáforas – tradução livre ) o artigo de Maria

Tymoczko "Western Metaphorical Discourses Implicit in Translation Studies" (Discursos

Metafóricos Ocidentais Implícitos em Estudos de Tradução – Tradução livre) tem uma

análise provocante das metáforas da tradução que influenciaram o conceito de

tradução no mundo ocidental.

Ela faz o seguinte comentário:

A fonte final da da palavra tradução inglesa é a palavra latina translatio, que


é uma metáfora conceitual que significa literalmente "carregar através/ para
", como vimos, e que provavelmente veio para o inglês por meio do francês
arcaico. Translatio foi usado originalmente num sentido muito concreto de
mover as coisas dentro do espaço, referindo-se particularmente ao
movimento cerimonial e à relocação de objetos sagrados em vez de objetos

8
normais. O termo foi usado para o movimento da terra para o céu, além da
transferência de coisas (sagradas) de um lugar para outro na terra. (126)

L3
L1 A tradução como interpretação, em vez de

transferência, é muito mais favorável à noção de

semelhança, uma semelhança que é negociada em um espaço interpretativo

intermediário.

Tradução como Negociação


Esta noção me foi trazida à tona através das experiências do trabalho como

consultor de tradução, discernindo a adequação da tradução com base em um

processo comparativo de audição ou de leitura de uma tradução de respaldo junto

com o texto original. Influenciado também pela leitura de Homi Bhabha e Richard

Hays, comecei a conceituar a tradução como um terceiro espaço negociado (L3),

com conexões com o idioma de origem (L1) e o idioma de destino (L2). A figura

aqui é apenas uma das muitas maneiras diferentes de representar a relação, mas

a idéia principal é a de L3 emergindo de L2 como um novo texto, enquanto aponta

para L1, mas não é nem completamente L1 nem L2. Como representado aqui

nesta figura, provavelmente haverá mais sobreposição entre L2 e L3, mas haverá

traços inevitáveis de L1 em L3. Deve-se ressaltar também que L3 não representa o

"significado" extraído de L1 e infundido em L2; ao contrário, L3 representa a

linguagem L2 utilizada interpretativamente para metarepresentar L1.

Como exemplo, considere a palavra weküfü em Mapudungun, falada no sul

9
do Chile e na Argentina, como é usada em Marcos 1.13:

Fey meli mari antü mülepuy chew ñi onde ele foi tentado por Satanás durante
miyawentukemum ti wapoke kulliñ ka quarenta dias. Estava entre animais
wültukungey ñi kintukaduamaetew ta Weküfü… selvagens,

A weküfü metarepresenta Σατανᾶ? Ou, em outras palavras: weküfü significa

Σατανᾶ? Sempre existiu, pelo menos para a maioria de nós, uma compreensão de

que o significado não significava necessariamente uma correspondência completa.

Mesmo que weküfü pareça captar adequadamente a essência da palavra grega,

como alguém pode efetivamente verificar se as implicações lógicas e contextuais

realmente constituem uma semelhança interpretativa?

Várias questões desconcertantes são levantadas quando eu paro e penso

seriamente nas implicações de tentar estabelecer um terreno contextual mútuo ou

compartilhado entre um mundo de textos do Antigo Oriente Próximo e o mundo

dos Mapuche no sul da América do Sul. Embora a weküfü pareça ser a escolha

apropriada para traduzir Σατανᾶ, em muitos aspectos a weküfü ≠ Σατανᾶ. Então, o

que significa avaliar a escolha do weküfü em termos de semelhança interpretativa?

Se entendi corretamente, as semelhanças interpretativas são determinadas com

base no compartilhamento adequado das implicações lógicas e contextuais. Para

que a weküfü se assemelhe à Σατανᾶ, é necessário que seja garantido a

convocação de um contexto semelhante, dentro do qual o intérprete fará

inferências que compartilhem as propriedades lógicas e contextuais com as

pretendidas pelo comunicador.

Bem, como se diz: o diabo está nos detalhes? E como considerar as ricas

informações enciclopédicas que são ativadas por uma palavra como weküfü em

10
Mapudungun? Na tradução da Bíblia é comum se preocupar sobre aquilo que se

perde na tradução, mas o que dizer dos excedentes? Isto levanta questões sobre a

própria natureza da tradução em si. É o objetivo da tradução uma espécie de

transplantes conceituais, a ponto de que o leitor mapuche de um versículo como

Marcos 1:13 precise do conceito judaico Σατανᾶ para poder tirar as devidas

conclusões sobre o texto? Esta seria a tradução do tipo translatio - transferência -

tradução emergente de hermeneuoveria weküfü desencadeando um processo

interpretativo dentro do mundo conceitual do ouvinte ou do leitor. É aqui que, em

meu pensamento atual, entra o conceito de "terceiro espaço" ou "espaço

interpretativo negociado". É possivel que as palavras, do ponto de vista da Teoria

da Relevância, são meras pistas e indicações para o significado pretendido pelo

comunicador, porém weküfü é inevitavelmente uma palavra mapuche e ativará,

inevitavelmente, informações enciclopédicas no mundo conceitual mapuche,

mesmo que esteja sendo usada para desempenhar um novo papel na tradução.

Este é o "espaço interpretativo negociado" porque nas crenças tradicionais

mapuches, Weküfü nunca interagiu diretamente com Jesus. O uso do weküfü em

uma frase como esta convida o leitor ou ouvinte Mapuche a imaginar um novo

mundo, um mundo além dos limites tradicionais das ações e interações do weküfü.

In Thoughts and Utterances,(Pensamentos e Enunciados – Tradução livre)

Carston afirma que "as palavras codificam modelos conceituais". (360) Como um

"modelo conceitual" weküfü aponta para informações que são pragmaticamente

inferidas, mas estas informações estarão em uma zona interpretativa que nunca

existiu desta forma até que a weküfü foi requisitada para representar Σατανᾶ. Algo

11
novo surgiu, o L3 ou o terceiro espaço interpretativo que não é nem L1 nem

totalmente L2 da maneira como o L2 sempre foi utilizado. Os leitores/ouvintes

Mapuche são obrigados a imaginar como o weküfü que eles conheceram em

outros ambientes está agora envolvido no drama das Escrituras. A mesclagem do

mundo conceitual mapuche com o mundo no qual o texto bíblico surgiu não

poderia ter sido antecipada pelo autor de Marcos. Mas a novidade interpretativa, o

excedente colocado em movimento por essa mesclagem é parte inerente da

semelhança ou da ausência-da-identidade. Mesmo com as restrições de

implicações lógicas e contextuais compartilhadas, sempre haverá um extra sem

restrições, um conjunto de implicações fracas (para usar um termo TR) que vão

além do significado pretendido pelo autor, mas ainda desempenham um papel no

espaço interpretativo negociado que é a tradução. É, de fato, neste espaço, de

desencadeamento de um processo interpretativo dentro do mundo conceitual do

intérprete, que a comunicação ocorre, o espaço no qual os conceitos são

enriquecidos e desafiados, o espaço no qual as Escrituras engajam-se com mundo

conceitual do intérprete.

Considerações Finais
A noção de zonas interpretativas, limitada naturalmente pelas considerações de

implicações lógicas e contextuais, reconhece a multidimensionalidade do texto e da

comunicação. Ela abraça e se constrói sobre a noção de comunicação forte e fraca,

conforme discutido na Teoria da Relevância. Especialmente quando a comunicação

interlinguística através de diversas fronteiras culturais está em foco, precisamos ter

12
expectativas realistas sobre o que a tradução pode realizar e as trajetórias

interpretativas que ela desencadeará.

13

Você também pode gostar