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All content following this page was uploaded by Bruno Guimarães Delgado on 21 July 2019.
AUTOR 1 Fabiana Bartalini von der Osten ; CO-AUTOR 2 Antônio Carlos Rodrigues Guimarães & CO-
AUTOR 3 Bruno Guimarães Delgado & CO-AUTOR 4 Laura Maria Goretti da Motta
RESUMO
No presente trabalho são apresentados resultados de ensaios de caracterização geotécnica, classificação MCT e
avaliação do comportamento mecânico de solos lateríticos finos e pedregulhosos oriundos de várias jazidas localizadas
ao longo do traçado da Estrada de Ferro Carajás (EFC), no estado do Maranhão, e com potencial para serem
empregados como camadas de pavimentos de baixo custo em localidades situadas ao longo da referida via. São
apresentados os resultados referentes a três jazidas, sendo uma composta de solo pedregulhoso e as outras duas
compostas por solos lateríticos finos. Pesquisou-se o comportamento resiliente dos materiais através da realização de
ensaios triaxiais de cargas repetidas para a determinação do módulo resiliente, obtidos por meio de amostras de 10 cm
de diâmetro e 20 cm de altura, moldadas com energias de compactação variadas. São apresentados resultados de ensaios
de deformação permanente conduzidos com variados estados de tensões confinantes e desvio. A partir dos resultados
dos ensaios observamos que os solos analisados têm como propriedades, elevados valores de módulo resiliente e baixos
valores de deformação permanente total, portanto indicados para constituir camadas de pavimentos em geral.
ABSTRACT
This study present results of geotechnical characterization tests, classification MCT and evaluation
of the mechanical behavior of thin and boulder lateritic soils from several mines located along the route of Carajás
Railroad (EFC), in the state of Maranhão, and with potential to be used as low cost pavement layers in locations along
the said path. We present the results of three mines, one being composed of boulder soils and the others composed of
thin lateritic soils. It was investigated the resilient behavior of the materials by performing triaxial tests of repeated
loads for determining the resilient module, obtained from samples of 10cm diameter and 20cm height, molded with
varied compression energy. Results are presented from permanent deformation tests conducted with varying states of
confining stresses and deviation. From the tests results we observed that the soil analyzed have the properties of, high
values of resilient module and low values of total permanent deformation, therefore we suggest that it is suitable to
build pavement layers in general.
KEY WORDS: Soils, Resilient Module, Permanent Deformation.
1
Afiliação: Instituto Militar de Engenharia, Praça General Tiburcio, 80, Urca, Rio de Janeiro, Brasil, fabiana.osten@gmail.com
2
Afiliação: Instituto Militar de Engenharia, Praça General Tiburcio, 80, Urca, Rio de Janeiro, Brasil, guimaraes@ime.eb.br
3
Afiliação: Escola de Minas/UFOP, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil, bruno.delgado@vale.com
4
Afiliação: COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, laura@coc.ufrj.br
INTRODUÇÃO
Pavimentos de baixo custo são caracterizados por utilizar para a camada de base materiais cujos
custos de execução sejam mais baixos que os convencionais e revestimento betuminoso de tipo
tratamento superficial.
Um material bastante utilizado como camada de base para esse tipo de pavimento é o solo laterítico.
Esses solos são típicos de países tropicais e em função das variações climáticas e de temperatura a
região norte do Brasil, assim como o estado do Maranhão, apresenta uma ocorrência bem mais
intensa desse tipo característico de solo.
Solos lateríticos por serem característicos de regiões de clima tropical apresentam peculiaridades de
comportamento geotécnico, sendo necessário o desenvolvimento de metodologias e procedimentos
distintos daqueles usualmente empregados pela mecânica dos solos tradicionais, desenvolvida a
partir de solos de países de clima temperado. Destacam-se neste contexto abordagens mais
modernas baseadas nos ensaios mecanísticos de módulo resiliente e deformação permanente, além
da classificação MCT, mais adaptada a solos com esta gênese.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Nogami e Villibor (1995) o pavimento do tipo baixo custo caracteriza-se por:
a. Utilizar bases constituídas de materiais cujos custos de execução são substancialmente
menores por m3 acabado, em relação às bases convencionais que vinham sendo usadas
extensiva e rotineiramente pelo DER-SP, na década de 70, constituídas quase sempre de
pedra britada ou de solo-cimento. Nesta época, o custo de uma base de solo arenoso fino
laterítico, considerado de tipo baixo custo, representava respectivamente cerca de 15% a
25% do custo das bases convencionais;
b. Utilizar revestimento betuminoso de tipo tratamento superficial, com espessura de, no
máximo, cerca de 0,03 m e, frequentemente, da ordem de cerca de 0,01 m;
c. Considerar um trânsito de tipo leve a, no máximo, médio, com VMD da ordem de 500
veículos, com cerca de 30% a 40% de caminhões e ônibus.
Mecânica dos Pavimentos
A mecânica dos pavimentos segundo MEDINA (1998) é uma disciplina da engenharia civil que
estuda os pavimentos como sistemas em camadas e sujeitos às cargas dos veículos. Combinar os
materiais e as espessuras das camadas conforme a rigidez de cada uma delas, de modo a
proporcionar uma resposta estrutural do conjunto condizente com as solicitações do tráfego
possibilita a análise da estrutura global do pavimento, que produz como resposta as tensões,
deformações e deslocamentos do sistema.
Para isto vem sendo utilizado o ensaio triaxial de cargas repetidas que possibilita avaliar tanto a
deformação resiliente como a deformação permanente de solos para fins de pavimentação, consiste
em aplicar cargas cíclicas semi-senoidais, que atuam sempre no mesmo sentido de compressão e se
aproximam do carregamento correspondente a passagem de roda, durante 0,1s intercalados por um
tempo de repouso de 0,9s. Utiliza-se para isto diferentes tensões solicitantes (σ1) em corpos-de-
prova de 0,1 m de diâmetro por 0,2 m de altura, que durante o repouso ficam sujeitos somente a
tensão confinante (σ3), sendo daí extraída a tensão desvio (σd = σ1 – σ3). Os deslocamentos sofridos
pelos corpos-de-prova são medidos através de transdutores mecânicos eletromagnéticos (linear
variable differential transducers – LVDTs), ao longo da dimensão de interesse. A principal
vantagem desse ensaio é que ele reproduz uma condição de tensão multiaxial mais próxima da
condição existente em campo.
Figura 1. Tensões aplicadas e deslocamentos no ensaio triaxial cíclico (BERNUCCI et al., 2008)
MR = σd / εr (1)
onde:
Classificação MCT
MATERIAIS
Foram selecionadas amostras de solos provenientes de 3 jazidas que estão sendo utilizadas na
duplicação da Estrada de Ferro Carajás. Estes materiais são da região oeste do estado do Maranhão
e foram selecionados face as suas peculiaridades genéticas.
Apesar das amostras terem sido coletadas na região oeste do Maranhão, estas ocorrências de solos
são representativas da região norte do Brasil. A figura 3 abaixo mostra um exemplo de ocorrência
de uma laterita pedregulhosa in situ em uma jazida da região.
Corresponde a Jazida 1A – km 449 + 832. Esta área de empréstimo segundo sua caracterização
apresenta em sua composição granulométrica, como representada na tabela 1, uma grande
quantidade de argila (71%), silte (16%) e uma quantidade pequena de areia (7%) e pedregulho (6%)
sendo essa amostra classificada como uma argila siltosa.
Tabela 1. Composição Granulométrica – COPPE/UFRJ
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte Pedregulho
Fina Média Grossa
71 16 4 2 1 6
CLASSIF.
ÍND. FÍSICOS COMPACTAÇÃO CBR
ST
DO SOLO IG
LL IP HRB SUCS h ótima d(g/cm3) EXP CBR
AES - 01A - Km 449,832 - LE -SEGMENTO 01
1 54,0 24,9 A7-6 SC 16,8 1784 7 0,2 50,0
1A 37,6 15,3 A-26 GC 10,3 2053 0 0,1 113,0
2 55,4 26,6 A2-7 GC 14,8 1912 2 0,1 42,0
2A 37,8 12,7 A2-6 SM 14,2 1961 0 0,1 135,0
3 35,5 13,4 A2-6 SC 13,7 1959 0 0,4 103,0
4 47,0 21,3 A7-6 SC 14,8 1839 2 0,4 62,0
5 52,5 24,8 A7-6 CL 15,5 1820 9 0,6 38,0
Amostra 2:
Corresponde a Jazida 6 – km 475 + 000. Esta área de empréstimo segundo sua caracterização
apresenta em sua composição granulométrica, como representada na tabela 3, uma quantidade
significativa de pedregulho (58%) e argila (35%) e uma quantidade muito pequena de areia (3%) e
silte (4%) sendo essa amostra classificada como um pedregulho argiloso.
FÍSICOS DO SOLO IG
LL IP HRB SUCS h ótima d(g/cm3) EXP CBR
AES - 06 - Km 475+000 - LD -SEGMENTO 02
1A 52,5 24,0 A2-7 GC 14,4 1885 3 0,1 56,0
2A 45,3 17,9 A7-6 SM 14,5 1855 3 0,2 62,0
3 56,5 28,5 A7-6 SC 17,4 1754 10 0,2 44,0
4 55,5 26,4 A7-6 MH 18,4 1756 13 0,2 34,0
5A 45,2 17,7 A7-6 ML 17,6 1751 9 0,6 33,7
6 54,2 25,5 A7-6 SC 17,3 1812 3 0,2 50,0
6A 46,8 20,1 A7-6 SC 16,9 1814 4 0,2 52,0
8 54,5 25,1 A7-6 SC 17,2 1779 5 0,3 36,0
10 44,6 21,6 A7-6 15,5 1847 12 0,2 24,0
Amostra 3:
Corresponde a Jazida 6 – km 475 + 428. Esta área de empréstimo segundo sua caracterização
apresenta em sua composição granulométrica, como representada na tabela, uma grande quantidade
de argila (77%), silte (17%) e uma quantidade muito pequena de areia (6%) sendo essa amostra
classificada como uma argila siltosa.
Tabela 5. Composição Granulométrica – COPPE/UFRJ
Composição Granulométrica ( % ) ( Escala ABNT )
Areia
Argila Silte Pedregulho
Fina Média Grossa
77 17 5 1 0 0
METODOLOGIA
Módulo de Resiliência
MCT
Face a deficiência dos sistemas convencionais de classificação geotécnica quando aplicadas a solos
desenvolvidos em ambientes tropicais, houve a necessidade de se desenvolver uma metodologia
mais adaptada à gênese destes solos. Surgiu então uma nova abordagem para o estudo e a
classificação geotécnica a ser aplicada a solos tropicais denominada Metodologia MCT (de
Miniatura, Compactado, Tropical).
Proposta por Nogami e Villibor (1981) esse método separa os solos em duas classes principais, uma
correspondente a solos de comportamento laterítico e outro de comportamento não – laterítico. Esta
metodologia foi concebida para solos que passam integralmente ou em grande porcentagem pela
peneira de n° 10 (2 x 10-3 m) envolve ensaios de compactação de corpos de prova de 0,05 m de
diâmetro denominado de mini – MCV (Moisture Condition Value), capacidade de suporte através
do ensaio de mini – CBR nas condições de corpo de prova com e sem imersão em água, expansão,
perda de massa por imersão, penetração dinâmica, permeabilidade e infiltração.
Deformação Permanente
Segundo Guimarães (2009) a deformação permanente em solos é afetada por 4 fatores principais:
tensão, carregamento, umidade e agregado.
O corpo de prova utilizado neste ensaio é moldado em um cilindro tripartido de 0,1 m de diâmetro
por 0,2 m de altura. Para realização do ensaio coloca-se uma pedra porosa na parte inferior do Top
Cap, o corpo de prova envolvido por uma membrana impermeável é inserido no equipamento
triaxial, conectam-se os transdutores de deslocamento (LVDT), a câmara de tensão confinante é
montada e por fim programa-se o estado de tensão do ensaio.
RESULTADOS
MCT
2,1
1,3 NA'
1,1 Amostra 3
0,9 LA LA '
0,7 LG '
0,5
0 0,5 1 1,5 2 2,5
c'
Figura 4. Resultados dos ensaios de MCT.
Módulo de Resiliência
Segundo Bernucci (2008) pesquisas têm mostrado que os solos lateríticos podem apresentar
módulos de resiliência de cerca de 100 MPa a 500 MPa, ou mesmo, superiores, dependendo do tipo
de solo laterítico, sendo que os mais argilosos tendem a mostrar módulos menores que os arenosos.
A figura 5 representa a variação do módulo de resiliência das amostras em função da tensão desvio,
pois todas apresentaram um bom enquadramento neste modelo. E os valores de módulo obtidos
podem ser considerados elevados, pois as três amostras correspondem a solos predominantemente
finos compactados com energia equivalente a do ensaio proctor intermediário.
A tabela 6 apresenta a variação do módulo de resiliência das 3 amostras.
Tabela 6 – Variação do Módulo de Resiliência
600
Amostra 2
500
Amostra 3
400
300
200
100
0
0,01 0,10 1,00 10,00
Tensão Desvio (MPa)
Figura 5.. Variação do Módulo de resiliência em função da tensão desvio. Corpos de provas de 0,1 m de diâmetro por
0,2 m de altura.
Deformação Permanente
O ensaio triaxial de cargas repetidas é realizado para avaliar a deformação permanente do material,
os gráficos 6 e 7 representam os resultados desse ensaio que foram realizados para as amostras 2 e
3. Foram utilizados corpos de prova de 0,1 m de diâmetro e 0,2 m de altura e 2 frequencias de
carregamento de 1 Hz.
Para ambas as amostras foram realizados ensaios com 4 estados distintos
intos de tensões:
tensões
Tabela 7 – Estados de Tensões
σd σ3
Ensaios
(MPa) (MPA)
1 200 100
2 280 140
3 400 100
4 420 140
Como podemos observar, no gráfico 6 abaixo, para os ensaios 1 e 2, a amostra apresentou
deformações inferiores a 1 mm. Já para os ensaios 3 e 4 as deformações foram superiores a 1mm.
3,5
2,5
2
Ep (mm)
1,5
0,5
0
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000
N
Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4
Figura 6. Gráfico de avaliação da deformação permanente total da amostra 2.
3,5
2,5
Ep (mm)
1,5
0,5
0
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000
N
Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4
Figura 7. Gráfico de avaliação da deformação permanente total da amostra 3.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BERNUCCI, L.B.; MOTTA, L.M.G.; CERATTI, J.A.P.; SOARES, J.B. Pavimentação asfáltica:
formação básica para engenheiros. Petrobras, ABEDA: Rio de Janeiro, Brasil, 2008.
MEDINA, J.; MOTTA, L.M.G. Mecânica dos pavimentos. COPPE/UFRJ: Rio de Janeiro, Brasil,
2005.
NOGAMI, J.S.; VILLIBOR, D. F. Pavimentação de baixo custo com solos lateríticos. Ed. Villibor:
São Paulo, Brasil, 1995.
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