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1 - ÚLTIMO SUSPIRO
Vontade de calar
de esquecer
esquecer o que falou
o que fez
de jogar tudo pr’o ar
e vê-las voar
sorrindo.
Pasmo
ao ver o mundo
cego
surdo imundo
fétido
mundo pasmo
mudo
a identidade
ao ver
na minha a maldade
sádica
de um povo mudo.
Muda
só aparência
clemência!
surda
irreverência
demência
do mudo mundo.
Calo
marcado mundo
cérebro miúdo
mudo
aumenta o calo
calo!
Voltas
volta mundo
dá a volta
outra
e nada muda
viagem
passagem
vertigem
população
muda
tudo
muda
e eu?!
. . . mudo?
4 - BRINQUEDO
Parecia brincadeira
brincadeira infantil
quebra-cabeça.
Faltavam peças
eu não sabia
mas brincava
sem conseguir.
Re-misturava
Re-tentava
Retornava ao zero
Resistia à falta
Recordava os erros
Remontava as peças
só pra fugir.
Fugir da outra brincadeira
de labirinto minotauriano
do que diziam ser difícil
do que ninguém costuma brincar
ninguém costuma tentar
esse brinquedo de entrar
só pra depois sair.
E parece mesmo difícil
esse negócio de labirinto
mas não é não.
Quebra-cabeça é brincar de vida
labirinto é brincar de amar.
Se as peças faltam,
nem sempre se monta
mas o labirinto
está sempre lá
e com certeza há
um jeito de sair.
Quando se vence
há quem perca:
o minotauro
(os problemas)
que é quem tenta impedir.
No quebra-cabeça não tem perdedor oponente.
Ou você ganha ou perde
e é contra si mesmo.
Nos buracos já sabe o que falta
mas se não há peças mais
não há como concluir.
E perde a brincadeira
desmonta tudo
tenta outra
sem ninguém por perto
pra ser adversário
pra pelo menos rir
porque você perdeu.
Mas mesmo assim
brincamos de vida
quebra-cabeça
perdemos, perdemos, perdemos
vendo que peças faltam
mas só desmontamos
e vamos lá de novo.
Só pra fugir
da outra brincadeira
que parece ser pior
e não sabemos nós
que as brincadeiras são uma só
e o minotauro é que roubou as peças
e esconde-as no labirinto.
E, assim,
Pra vencer só existe um jeito:
recuperar as peças perdidas da vida
no labirinto do amor
enfrentando o minotauro
que é o oponente maior
agora das duas brincadeiras.
Resta às gentes brincarem
porque é o que se deve
mesmo que se não queira. . .
Vida:
Quebra-cabeça
Vitória:
Conseqüência de quem tenta
Amar:
Labirinto finito
Amor:
Prêmio de quem quer
Tenta
Luta
Vence
Vive.
5 - MORTE
morto eu vivo
e corro
persigo a vida
fugindo dela
busco encontra-la bem longe em mim
busco encontrar
eu.
Malogro.
Não busco ma(i)s
já me disseram:
a vida é mesmo estar-se morto
e vou vivendo
sendo defunto.
Todos são mesmo!
Ninguém me disse,
mas eu vi
com alguns dos olhos que ainda vêem
que ainda vejo
que se vivesse aventurava
mas quem ta morto tem medo de viver
isso é normal.
Medo é antônimo de quase tudo
e não tem sinônimo
coragem
vontade
alegria
paz
luta
respeito
contato
medo é antônimo até de amor
e não o ódio
medo é o antônimo da vida
e não a morte
. . . se aventurar.