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A morte:

seus significados e
interpretações

Por João Vitor Prianti Gomes


As crenças das religiões sobre a morte

Cada religião interpreta a morte de uma maneira diferente. Se para algumas a


morte é o fim da existência, para outras é apenas uma etapa. Por isso, abordaremos
algumas curiosidades sobre as principais crenças: catolicismo, budismo,
espiritismo, candomblé, judaísmo, islamismo e protestantismo.
A crença de diversas culturas sobre a
morte
As crenças das religiões sobre a morte
Catolicismo

A morte é uma passagem para a vida eterna, conforme a crença dos católicos. Cada pessoa é julgada pelas
suas ações durante a vida: se perdoado, alcançará o céu, será tocado pelo Senhor e ressuscitará para a vida
eterna. Se condenado, irá para o inferno.

Algumas almas passam pelo purgatório para serem purificadas por meio de uma experiência existencial. A
crença em céu, purgatório e inferno afasta dos católicos a ideia da reencarnação. Alma e corpo, sendo uma só
coisa, tem apenas estes três destinos, sendo que somente no céu se ergue para a vida eterna.
As crenças das religiões sobre a morte
Budismo

Ao contrário dos católicos, os budistas acreditam em reencarnação: após a morte, o espírito volta à vida em
outro corpo. Suas ações em vida influenciam em quais condições voltará, subindo ou descendo na escala
evolutiva dos seres vivos.

Buda compara a morte e a reencarnação ao ciclo de dormir, sonhar e acordar. As reencarnações acontecem
até que o espírito se liberte do carma, que nada mais é do que a lei de causas e efeitos. Para alcançar a
libertação, é preciso se desapegar das coisas materiais, evitar o mal, praticar o bem e purificar o pensamento.
As crenças das religiões sobre a morte
Espiritismo

Os espíritas também acreditam na reencarnação e na inexistência da morte. Todos fomos criados iguais,
simples, ignorantes e somos diferentes na escala evolutiva conforme nossas ações. Em cada vida, o espírito
utiliza seu corpo físico para evoluir.

Aqueles que não praticam o bem, são mais rudimentares, evoluem devagar e recebem novas oportunidades de
melhorias por meio das encarnações. Os bondosos evoluem com mais rapidez por se aproximarem dos valores
morais de Cristo.

Para eles, a consciência é eterna. A morte é o retorno da alma para o mundo espiritual, onde viverá até que ela
esteja pronta para uma nova encarnação.
As crenças das religiões sobre a morte
Candomblé

A religião de matriz africana acredita na continuidade da vida por meio de uma força vital e imortal chamada
ori (cabeça interna, destino). Ela é a parte imperecível de uma pessoa.

Ao morrer, o espírito passa para outra dimensão e se junta a outros espíritos, guias e orixás. Ou seja, a morte
não é o fim, mas uma mudança de estado e de plano de existência.

Uma curiosidade interessante é que o candomblé não permite a cremação do corpo. Ao contrário, ele deve ser
enterrado, pois o retorno à terra completa o ciclo da vida.
As crenças das religiões sobre a morte
Judaísmo

Para os judeus, a alma é eterna. A morte é apenas o fim do corpo, da matéria. Cada um está na Terra por um
motivo e tem uma missão a cumprir.

Porém, não há clareza a respeito da vida após a morte: algumas correntes acreditam na reencarnação
(retorno do espírito a um novo corpo) e outras acreditam na ressurreição (retorno ao corpo original).

A situação do espírito está conectada ao modo como a pessoa viveu no mundo terreno. Assim como no
candomblé, não é permitida a cremação do corpo.
As crenças das religiões sobre a morte
Islamismo

Para o islamismo, a morte é a separação do corpo e da alma, é a passagem desta vida para a eternidade.
Nessa religião, acredita-se em paraíso e inferno, como os católicos e em um juízo final, quando Alá trará à
vida todos os mortos.

Por isso, ao morrer, a alma fica aguardando o dia da ressurreição para ser julgada pelo criador. O islamismo
não permite a cremação do corpo.
As crenças das religiões sobre a morte
Protestantismo

Os protestantes acreditam que a morte é uma passagem para uma vida em comunhão com Deus, até que
ocorra a ressurreição do corpo. A crença em céu e inferno existe, mas com uma diferença sutil à católica: o
julgamento ocorre pela fé da pessoa na palavra de Deus e pelo amor à Ele, não pelas ações da pessoa em vida.
A morte em diferentes sociedades
As diferenças acerca da morte em sociedades diversas, seja em civilizações antigas ou na sociedade atual,
estão ligadas às heranças culturais que, por sua vez, relacionam-se diretamente com a religião que
professamos. Os povos mesopotâmicos, por exemplo, costumavam enterrar os mortos com todos os seus
pertences e com suas marcas de identidade pessoal e familiar. Além de comida, para garantir uma travessia
sem escassez ou dificuldades. Ao contrário, as sociedades hindus incineravam seus corpos para os libertarem
de todos os pecados, apagarem suas memórias e dissolverem sua identidade.

A sociedade africana apresenta uma particularidade pouco vista no mundo ocidental. Suas religiões e cultos
são muito integradas à natureza, e, por isso, a pedagogia da morte é permanente e presente desde a infância.

A morte é, assim, aceita naturalmente, porque há integração com a natureza. É o fechamento necessário ao
circuito vital.
O significado da morte em alguns países
Cada país tem predominância de alguma religião e heranças culturais, o que determina como a morte é
encarada no território. No Brasil, país em que as religiões cristãs predominam, temos os enterros ou a
cremação do corpo, velórios de até 48 horas, orações, flores e velas.

Conforme a religião cristã professada, podemos ter sentimentos de dor e desespero nos velórios, ou de paz e
tranquilidade. Temos aqui, inclusive, o Dia de Finados, em 2 de novembro. Em outros países, como Itália, Suíça
e Estados Unidos, os funerais são feitos em recintos religiosos locais ou em casa, com comida, bebidas e
celebrações, sem qualquer constrangimento.

O México
O México é um país muito peculiar: o dia de finados é comemorado com muita festa e alegria. É a celebração
da vida de quem se foi, que, inclusive, é “chamado” para participar da festa.

Os mexicanos encaram a morte como uma fase de um ciclo infinito, um espelho que reflete como vivemos e
nossos arrependimentos. A morte em diferentes culturas têm significados interessantes que contribuem para
que encaremos a perda de formas diversas.
Memento Mori
e
Danse Macabre
Memento Mori
Memento mori (latim “lembre-se de que você [tem que] morrer’’) é um lembrete artístico ou simbólico da
inevitabilidade da morte.

Na antiguidade clássica

O filósofo Demócrito treinou indo para a solidão e freqüentando tumbas. O Fédon de Platão, onde a morte de
Sócrates é narrada, introduz a ideia de que a prática apropriada da filosofia "trata de nada mais que morrer e
estar morto". Os estóicos da antiguidade clássica eram particularmente proeminentes no uso dessa disciplina,
e as cartas de Sêneca estão repletas de injunções para meditar sobre a morte. O estóico Epicteto disse a seus
alunos que, ao beijar seu filho, irmão ou amigo, eles deveriam se lembrar de que são mortais, restringindo
seu prazer, como fazem "aqueles que estão por trás dos homens em seus triunfos e os lembram de que são
mortais".
Memento Mori
No início do Cristianismo

A expressão memento mori se desenvolveu com o crescimento do Cristianismo, que enfatizava o céu, o
inferno e a salvação da alma na vida após a morte. O escritor cristão do século 2 Tertuliano afirmou que
durante sua procissão triunfal, um general vitorioso teria alguém (em versões posteriores, um escravo) de pé
atrás dele, segurando uma coroa sobre sua cabeça e sussurrando "Respice post te. Hominem te memento" (
"Cuide de você [até o momento após sua morte] e lembre-se de que você é [apenas] um homem."). Embora
nos tempos modernos isso tenha se tornado um tropo padrão, na verdade nenhum outro autor antigo
confirma isso, e pode ter sido uma moralização cristã ao invés de um relato histórico preciso.
Memento Mori
Filosofia
O Hávamál ("Provérbios do Altíssimo"), uma compilação islandesa do século 13 poeticamente atribuída ao
deus Odin, inclui duas seções - o Gestaþáttr e o Loddfáfnismál - oferecendo muitos provérbios gnômicos que
expressam a filosofia memento mori, mais famosa Gestaþáttr número 77:
Deyr fé,
deyja frændur,
deyr sjálfur ið sama;
ek veit einn em aldri deyr,
dómr um dauðan hvern.
Animais morrem,
amigos morrem,
e tu mesmo, também, morrerás;
mas uma coisa eu sei que nunca morre
as histórias de quem morreu.
Memento Mori
O pensamento foi então utilizado no Cristianismo, cuja forte ênfase no julgamento divino, céu, inferno e a
salvação da alma trouxe a morte para o primeiro plano da consciência. Todas as obras de memento mori são
produtos da arte cristã. [No contexto cristão, o memento mori adquire um propósito moralizante bastante
oposto ao tema nunc est bibendum (agora é a hora de beber) da antiguidade clássica. Para o cristão, a
perspectiva da morte serve para enfatizar o vazio e a fugacidade dos prazeres, luxos e realizações terrenos e,
portanto, também como um convite para concentrar os pensamentos na perspectiva da vida após a morte.

Uma injunção bíblica frequentemente associada ao memento mori neste contexto é In omnibus operibus tuis
memorare novissima tua, et in aeternum non peccabis (tradução latina da Vulgata de Ecclesiasticus 7:40, "em
todas as tuas obras, esteja atento ao teu último fim e tu nunca pecará. ") Isto encontra expressão ritual nos
ritos da Quarta-feira de Cinzas, quando cinzas são colocadas sobre as cabeças dos adoradores com as
palavras:" Lembre-se, Homem, de que você é pó e ao pó retornará. "

Memento mori tem sido uma parte importante das disciplinas ascéticas como um meio de aperfeiçoar o
caráter, cultivando o desapego e outras virtudes, e voltando a atenção para a imortalidade da alma e a vida
após a morte.
Danse Macabre
A Danse Macabre (/ dɑːns məˈkɑːb (rə) /, pronúncia francesa: [dɑ̃ s ma.kabʁ]) (da língua francesa),
também chamada de Dança da Morte, é um gênero artístico de alegoria do final da Idade Média no
universalidade da morte: não importa a posição de cada um na vida, o Danse Macabre une todos. Em algumas
culturas, é também chamado de "Dança do Cortchul".

O Danse Macabre consiste em mortos ou uma personificação da morte convocando representantes de todas as
esferas da vida para dançar junto ao túmulo, normalmente com um papa, imperador, rei, criança e
trabalhador. Foi produzido como memento mori, para lembrar as pessoas da fragilidade de suas vidas e quão
vãs eram as glórias da vida terrena. Suas origens são postuladas a partir de textos ilustrados de sermões; o
primeiro esquema visual registrado foi um mural agora perdido no cemitério dos Santos Inocentes em Paris,
datado de 1424 a 1425.
Danse Macabre
Francis Rapp escreve que "os cristãos ficaram comovidos ao ver o Menino Jesus brincando no colo de sua
mãe; seus corações foram tocados pela Pietà; e os santos padroeiros os tranquilizaram com sua presença.
Mas, ao mesmo tempo, a dança macabra os exortava a não para esquecer o fim de todas as coisas terrenas.
"Esta dança macabra foi encenada em desfiles de aldeia e em máscaras da corte, com pessoas" vestindo-se
como cadáveres de vários estratos da sociedade ", e pode ter sido a origem dos trajes usados durante
Allhallowtide.

Os horrores mortais do século 14, como fomes recorrentes, a Guerra dos Cem Anos na França e, acima de
tudo, a Peste Negra, foram culturalmente assimilados por toda a Europa. A possibilidade onipresente de morte
súbita e dolorosa aumentou o desejo religioso de penitência, mas também evocou um desejo histérico de
diversão enquanto ainda possível; uma última dança como um conforto frio. A dança macabra combina os
dois desejos: de muitas maneiras semelhantes às peças de mistério medievais, a alegoria da dança com a
morte era originalmente um poema de diálogo didático para lembrar as pessoas da inevitabilidade da morte e
para aconselhá-los fortemente a estarem sempre preparados para morte (ver memento mori e Ars moriendi).
Danse Macabre
Diálogos em versos curtos entre a Morte e cada uma de suas vítimas, que poderiam ter sido representados
como peças, podem ser encontrados na sequência direta da Peste Negra na Alemanha e na Espanha (onde era
conhecido como Totentanz e la Danza de la Muerte, respectivamente). O termo francês danse macabre pode
derivar do latim Chorea Machabæorum, literalmente "dança dos Macabeus". Em 2 Macabeus, um livro
deuterocanônico da Bíblia, o terrível martírio de uma mãe e seus sete filhos é descrito e era um sujeito
medieval bem conhecido. É possível que os Mártires Macabeus tenham sido homenageados em algumas das
primeiras peças francesas ou que as pessoas apenas associassem as vívidas descrições do livro sobre o
martírio com a interação entre a Morte e sua presa.

Uma explicação alternativa é que o termo entrou na França via Espanha, o árabe: ‫ﻣﻘﺎﺑر‬, maqabir (pl.,
"Cemitérios") sendo a raiz da palavra. Tanto os diálogos quanto as pinturas em evolução eram lições
penitenciais ostensivas que mesmo os analfabetos (que eram a esmagadora maioria) podiam entende.
Danse Macabre
Uma pintura danse macabre pode mostrar uma dança redonda encabeçada pela Morte ou uma cadeia de
dançarinos mortos e vivos alternados. Dos escalões mais altos da hierarquia medieval (geralmente papa e
imperador) descendo até os mais baixos (mendigo, camponês e criança), a mão de cada mortal é segurada
por um esqueleto ou um corpo extremamente deteriorado. O famoso Totentanz de Bernt Notke na Igreja de
Santa Maria, Lübeck (destruído durante o bombardeio aliado de Lübeck na Segunda Guerra Mundial),
apresentava os dançarinos mortos como muito vivos e ágeis, dando a impressão de que estavam realmente
dançando, enquanto sua dança viva parceiros pareciam desajeitados e passivos. A aparente distinção de classe
em quase todas essas pinturas é completamente neutralizada pela Morte como o equalizador final, de modo
que um elemento sociocrítico é sutilmente inerente a todo o gênero. O Totentanz de Metnitz, por exemplo,
mostra como um papa coroado com sua mitra está sendo conduzido ao Inferno pela dança da Morte.
Danse Macabre
Normalmente, um pequeno diálogo é anexado a cada vítima, no qual a Morte a convoca (ou, mais raramente,
ela) para dançar e o convocado geme sobre a morte iminente. No primeiro livro didático de Totentanz impresso
(Anon .: Vierzeiliger oberdeutscher Totentanz, Heidelberger Blockbuch, c. 1460), a Morte aborda, por exemplo,
o imperador:

Imperador, sua espada não vai te ajudar

Cetro e coroa são inúteis aqui

Eu peguei você pela mão

Para você deve vir para a minha dança


Danse Macabre
Na extremidade inferior do Totentanz, a Morte chama, por exemplo, o camponês para dançar, que responde:

Eu tive que trabalhar muito e muito duro

O suor escorria pela minha pele

Eu gostaria de escapar da morte, no entanto

Mas aqui não terei sorte


Danse Macabre

Lübecker Totentanz
O Sétimo Selo:
Um filme sobre a morte
O que é O Sétimo Selo?
O Sétimo Selo
O Sétimo Selo é descrito no Capítulo 8 do Apocalipse de João, livro pertencente à Bíblia Sagrada

8 Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu por mais ou menos meia hora. 2 Então vi os
sete anjos, que se acham em pé diante de Deus, e vi que lhes foram dadas sete trombetas.

3 Depois veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar. Ele estava com um incensário de ouro e foi-lhe dado
muito incenso para ser oferecido com as orações de todo o povo de Deus[a] sobre o altar de ouro que se
encontra diante do trono. 4 E a fumaça do incenso, juntamente com as orações do povo de Deus, subiu da mão
do anjo à presença de Deus. 5 E o anjo pegou o incensário, encheu-o do fogo do altar e o atirou à terra. E
houve trovões, barulhos, relâmpagos e terremoto.

As trombetas dos sete anjos

6 Então os sete anjos que tinham as trombetas prepararam-se para tocá-las. 7 O primeiro anjo tocou a sua
trombeta e fogo e uma chuva de pedras misturados com sangue foram atirados à terra. Uma terça parte da
terra foi queimada, assim como uma terça parte das árvores e toda erva verde.
O Sétimo Selo
O segundo anjo tocou a sua trombeta e uma coisa, que parecia uma grande montanha pegando fogo, foi atirada ao mar.

Uma terça parte do mar tornou-se em sangue, 9 uma terça parte dos animais que viviam no mar morreu e uma terça

parte das embarcações foi destruída.10 O terceiro anjo tocou a sua trombeta e uma grande estrela, que estava

queimando como uma tocha, caiu do céu sobre uma terça parte dos rios e sobre as fontes de água. 11 Uma terça parte

das águas se tornou em absinto[b] (pois o nome da estrela era Absinto) e muitas pessoas morreram porque beberam

daquela água, uma vez que ela tinha se tornado amarga.

12 O quarto anjo tocou a sua trombeta e uma terça parte do sol, da lua e das estrelas foi ferida, de modo que uma terça

parte deles se tornou escura. Assim, uma terça parte do dia e da noite ficou sem luz.

13 Depois eu olhei e ouvi uma águia que voava no meio do céu e dizia em voz alta:

—Ai! Ai! Ai dos que moram na terra, por causa dos restantes sons de trombeta que os outros três anjos ainda têm que tocar.
O Sétimo Selo, de Bergman
O sétimo selo é uma obra-prima cinematográfica de 1957 do diretor e roteirista sueco Ingmar Bergman.

O filme, que se tornou um clássico e faz parte do movimento neo-expressionista, é a adaptação de uma peça de teatro
do mesmo autor.

A trama se passa na Europa, na Idade Média, quando a peste negra ainda rondava a sociedade. Nesse contexto, o
protagonista, Antonius Block, encontra-se com a figura da Morte e a desafia para uma partida de xadrez.

Bastante filosófico, o filme nos brinda com diversos questionamentos e reflexões acerca dos mistérios da vida e das
emoções humanas.
O Sétimo Selo, de Bergman
Resumo de O sétimo selo

Logo no início da história acompanhamos Antonius Block, um cavaleiro templário que havia combatido nas Cruzadas,
realizando sua viagem de retorno à casa depois de dez anos fora.

A cena ocorre em uma praia e, num momento de descanso, Antonius se depara com um ser todo vestido de negro, com
a face bastante pálida e expressão solene. Era a Morte, que veio para buscá-lo.

O protagonista então sugere um duelo de xadrez, propondo que se ele vencesse poderia ganhar a liberdade. Dessa
forma, a partida começa e vemos uma das cenas mais célebres do cinema, com os dois jogando xadrez na praia.
Entretanto, a partida não se conclui, e a Morte virá visitá-lo ao longo de vários dias pra continuarem o jogo.
O Sétimo Selo, de Bergman
Resumo de O sétimo selo

Assim, Block segue seu caminho junto do escudeiro Jons e, durante a jornada, conhece outros personagens.

É quando aparece na trama uma família circense que apresentava-se em espetáculos itinerantes, composta por um
casal, Jof e Mia, e seu filho pequeno.

Além deles, surge um homem cuja esposa o traiu (posteriormente essa mulher adúltera junta-se a ele) e uma
camponesa que estava prestes a ser violentada e é salva por Jons, sendo pressionada a seguir com ele.

Todas essas figuras, de alguma forma e por diferentes motivos, acabam acompanhando Antonius rumo ao seu castelo,
sem saber que este vivia grandes dilemas por estar beirando o fim da vida.

A crise existencial do protagonista fica evidente quando ele vai até uma igreja e se confessa com um "padre", sem
saber que na realidade era a própria Morte, que estava enganando-o. Os dois traçam um diálogo sobre a vida e a
finitude, onde Block expõe seus receios e anseios.
O Sétimo Selo, de Bergman
Resumo de O sétimo selo

Enquanto seguem, outras situações ocorrem que denotam o contexto extremamente religioso da época e o clima
sombrio que pairava.

Uma dessas cenas é quando uma apresentação teatral para camponeses é interrompida por uma procissão macabra,
nela os devotos surgem arrastando-se em flagelos, enquanto o padre profere palavras culpabilizando o povo pelas
desgraças mundanas.

Há ainda a condenação de uma mulher, queimada na fogueira por ser considerada bruxa e culpada pela peste negra.

Apesar de tudo, podemos ver momentos de esperança, por exemplo quando os personagens desfrutam de um
piquenique em uma tarde ensolarada, que faz com que Block reflita sobre o valor dos bons instantes da vida.

Block sabe que seu tempo na Terra está acabando, mas o que ele não desconfia - pelo menos à princípio - é que seus
novos amigos também correm perigo.
O Sétimo Selo, de Bergman
Resumo de O sétimo selo

Curiosamente, o ator da trupe possuía o dom de visualizar figuras sobrenaturais. Assim, em uma das vezes que
Antonius está jogando xadrez com a Morte, o artista é capaz de enxergar a figura sombria e consegue escapar com sua
família, o que altera completamente o destino deles.

Os outros personagens, por sua vez, não tem a mesma sorte e seguem junto com o protagonista ao castelo. Assim que
chegam são recebidos pela esposa do cavaleiro, que o aguardava ansiosa.

De repente surge outra visita, essa indesejada. Era a Morte, que veio para levar todos. Cada personagem reage de uma
maneira. É curioso que Antonius Block passou a história toda duvidando da fé, mas no instante derradeiro apela para
Deus.
O Sétimo Selo, de Bergman
Resumo de O sétimo selo

Do lado de fora do castelo a família de artistas acorda em sua carroça e contempla um dia agradável, muito diferente
da noite anterior, em que ocorria uma forte tempestade.

É então que Jof avista no alto da colina a silhueta de um grupo de pessoas dançando. Eram seus amigos de mãos dadas
sendo conduzidos pela Morte.

Jof descreve sua visão de maneira muito poética à sua esposa, que ouve atentamente. Por fim eles seguem seu
caminho.
O Sétimo Selo, de Bergman
Interpretação e análise do filme

O sétimo selo recebeu esse nome em referência a uma passagem do livro bíblico intitulado Apocalipse, em que Deus
tem 7 selos nas mãos.

A abertura de cada um representa um desastre para a humanidade, sendo o último deles o fim dos tempos de forma
irreversível. Por esse motivo, o filme inicia-se com a frase:

E havendo o Cordeiro, aberto o sétimo selo, fez-se silêncio no céu quase por meia hora.

Apocalipse (8:1)
O Sétimo Selo, de Bergman
Interpretação e análise do filme

A atmosfera misteriosa permeia toda a história e Block passa boa parte do tempo angustiado sobre a existência ou não
de Deus. Na verdade, o principal tema da história é o medo da morte. Entretanto, o diretor também trata do amor, da
arte e da fé.

Vale lembrar que o filme se passa durante a Idade Média, período em que a religião mediava tudo e impunha-se de
maneira dogmática e temerosa, impelindo as pessoas a acreditarem na vida eterna e em Deus como única salvação.

Portanto, a atitude do protagonista contraria o pensamento comum ao questionar a fé e, por consequência, a Igreja
Católica. Ainda que no final, ao perceber que, de fato, não há como escapar, o cavaleiro suplique aos céus pela
salvação. Com esse fato é possível identificar como o ser humano pode ser contraditório.

Há outras cenas que tecem duras críticas ao catolicismo, como a da moça queimada na fogueira e a da procissão de
flagelados.
O Sétimo Selo, de Bergman
Interpretação e análise do filme

A relação do filme com Dom Quixote

São diversas as interpretações que tecem paralelos entre O sétimo selo e a obra literária Dom Quixote de la Mancha, de
Miguel de Cervantes.

O cavaleiro Antonius Block e seu escudeiro possuem personalidades parecidas com a dupla escrita por Cervantes. Isso
porque Jons possui um caráter pragmático, objetivo e distante de grandes indagações, valendo-se apenas de seu
conhecimento prático na vida, da mesma forma que Sancho Pança.

Já Block liga-se à Dom Quixote no que diz respeito à sua capacidade imaginativa e questionadora, indo em busca de
algo que está além de seu entendimento.
O Sétimo Selo, de Bergman
Interpretação e análise do filme

A dança macabra

Ingmar Bergman cria um enredo no qual, ao final, as pessoas são conduzidas pela Morte de mãos dadas e realizam
uma espécie de dança.

Na verdade, a ideia é bastante antiga e se refere à Danse Macabre, uma imagem comumente pintada em afrescos de
igrejas. Nessas pinturas eram representadas várias pessoas dançando com esqueletos, que simbolizavam a morte.
FIM

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