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Melquisedeque da Silva Romano - RA: 33441252

Disciplina: História contemporânea: Até nova ordem mundial - 27.062015


Professor(a): Alexandre Claro Mendes
Turma: 027206A07

2. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman discorre sobre as relações humanas em


tempos atuais. A “vida líquida” e a “modernidade líquida” estão intimamente ligadas.
A “vida líquida” é uma forma de vida que tende a ser levada adiante numa sociedade
líquido-moderna. “‘Líquido-moderna’ é uma sociedade em que as condições sob as
quais agem seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário
para a consolidação, em hábitos e rotinas, das formas de agir” (BAUMAN, 2009, p.
7).

Esses conceitos são fundamentais para entender não apenas a obra de Bauman,
mas para compreender homens e mulheres como seres históricos dentro de um
contexto onde a humanidade ou parte dela parece estar condenada à exclusão
dentro do processo de globalização.

Discorra sobre essa questão tendo como base de sua escrita o conceito de “mundo
liquido”.

R:

Como questão de primeira ordem é essencial como pede a questão entender


aquilo que Bauman compreende como “mundo líquido" para compreender como se
dão as estruturas deste mundo, quando o sociólogo polonês afirma que vivemos em
um ‘mundo líquido” de forma a constituir uma metáfora com a compreensão de uma
confusa efemeridade no mundo que vivemos em amplo aspecto, como mesmo o
autor aponta em seu texto este “mundo líquido" de descer de um processo histórico,
consequentemente de um recorte temporal, assim Bauman está pensando em um
momento de ruptura entre o antigo mundo colonial e aquilo que conhecemos como
capitalismo moderno, se apropriando também do conceito de “nova ordem mundial”
em uma corruptela da ideia ao descrever como “desordem mundial”, assim Bauman
aponta uma modificação do modo de produção capitalista após a vitória da guerra
fria do bloco dos EUA.
O autor então pensa que o novo modelo de capitalismo aliado ao alto grau de
desenvolvimento tecnológico, transforma muitos aspectos de nossa realidade em
"líquidos", os dois mais importantes, ou aqueles que aparecem no trecho acima, são
o econômico e social, estão conectados dialeticamente (MARX), pensando que do
modo como nos reproduzimos materialmente dialeticamente influência em nossas
relações e vice versa, assim se a economia se torna "líquida", em um capitalismo de
rápido consumo e distribuição de dinheiro o processo de exploração imposto por
esse capitalismo se apresenta também com um padrão de liquidez, em que a
pobreza se torna universalizada, globalizada, em um processo de transformação e
modernização em que se compartilha a miséria e não o desenvolvimento técnico
científico, o que ocorre é uma exclusão sistemática, mas agora sem um rosto, o
neoliberalismo permite a extrapolação da individualidade e constituição do mercado
no sentido mais abstrato possível, com o estado adquirindo apenas um local de
regulador do mesmo, assim para Bauman não se tem uma mão dominante clara, a
ordem mundial se torna desordem, os atores não podem ser rastreado pois o lucro
se torna um produto, com ações e uma mercado.

“Neste caso, pelo menos, a redução do tempo de


viagem a zero produz uma nova qualidade: uma total
aniquilação das restrições espaciais, ou melhor, a total
“superação da gravidade”. O que quer que se mova a
uma velocidade aproximada à do sinal eletrônico é
praticamente livre de restrições relacionadas ao
território de onde partiu, ao qual se dirige ou que
atravessa” pp.63

Porém talvez desviando e discordando das interpretações de Bauman


acredito na possibilidade de identificar os responsáveis pela desordem e pelo
compartilhamento da miséria, estas mesmas empresas multinacionais que Bauman
cita, que sequestram o estado e a nação em uma única fronteira do mercado e do
capital e mesmo que abstratas sem exatamente donos são as responsáveis pela
exploração do mundo, deve se achar um modelo então que seja capaz de reverter a
desordem mundial, com a desilusão com o liberalismo e a inventá de democracia e
liberdade: “Além disso, declarava a intenção de tornar semelhantes às condições de
vida de todos, em toda parte, e, portanto, as oportunidades de vida para todo
mundo; talvez mesmo torná-las iguais.” pp.66 poderemos pensar em uma
globalização em uma ordem, momento histórico em que os homens e mulheres
possam ser incluídos, como o geógrafo Milton Santo diz: por uma globalização mais
humana devemos lutar.
Referência bibliográfica
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: As consequências humanas. Jorge Zahar Editor -
Rio de Janeiro - 1999
MARX, Karl. O Capital I, II e III. Obra completa
SANTOS, Milton. O País distorcido. Publifolha (textos escolhidos)

3. (...) apesar da retórica apocalíptica de ambos os lados, mas sobretudo do lado


americano, os governos das duas superpotências aceitaram a distribuição global de
forças no fim da Segunda Guerra Mundial, que equivalia a um equilíbrio de poder
desigual mas não contestado em sua essência.

(HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX, 1995, p. 224.)

Discorra sobre a Guerra Fria a partir do pensamento do historiador Eric Hobsbawm.

R:

Em minha leitura acerca da obra de Hobsbawm se faz clara a compreensão


de um emaranhado de fatores que compõem o recorte da Guerra Fria, que
localizados em um momento de vácuo de poder geopolítico, convergem para um
processo acirrado da disputa de poder político, ideológico e econômico, a frase em
específico do historiador inglês diz respeito então o quão desigual se faz esse
processo de disputa do controle mundial e também como tal disputa se compreende
em uma perspectiva comedida e temerosa, em vista que nenhum dos lados gostaria
de provocar uma terceira guerra mundial, por isso aceitam em certo aspecto
conviver.
Até então, as duas superpotências aceitavam a divisão
desigual do mundo, faziam todo esforço para resolver disputas
de demarcação sem um choque aberto entre suas Forças
Armadas que pudesse levar a uma guerra e, ao contrário da
ideologia e da retórica da Guerra Fria, trabalhavam com base
na suposição de que a coexistência pacífica entre elas era
possível a longo prazo. Na verdade, na hora da decisão,
ambas confiavam na moderação uma da outra, mesmo nos
momentos em que se achavam oficialmente à beira da guerra,
ou mesmo já nela. pp.225 (HOBSBAWM 1995)

Porém precisamos voltar um pouco para entender esse vácuo de poder


político e econômico, após a segunda guerra com a Europa arrasada e o iminente
fim do sistema colonial, tendo em perspectiva os processos que vêm ocorrendo na
América Latina e África, muitos deles posteriormente com o suporte da própria União
Soviética, refletem assim um sentido de esvaziamento do antigo modelo de
capitalismo e um espaço de absorção pós crise em um novo desdobramento do
modo de produção, nesse ambiente que se dá a disputa, criando o que conhecemos
como o mundo bipolar e o embate entre esses dois projetos de mundo, a questão é
que esses embates se constituiu desleal para Hobsbawm, em vista de que o
Estados Unidos da América mesmo ainda em um processo de crise econômica está
muitíssimos passos a frente da União Soviética, diferente de tal, tem grande parte de
sua indústria já desenvolvida, um estado bem consolidado e uma economia ainda
muito forte, já a URSS vêm passando por um processo de modificação do modo de
produção consequentemente um estado recente e inexperiente, nos últimos anos
antes da Revolução de 18 de Outubro poderia ainda ser considerado o país
semi-feudal agrário, tanto que as disputa tecnológica é extremamente nesse recorte
temporal, tanto em uma preparação para uma guerra que tentam evitar, como
corrida no desenvolvimento humano, industrial, competindo feitos como se
apresentassem vitória pontuais de seus projetos de mundo.
Por fim, em âmbito político a disputa também se faz desleal em que o suporte
norte americano se constitui da Europa e de seus alinhamentos com resto do mundo
e as burguesias nacionais em vários países e URSS precisa desdobrar recursos
financeiros e bélicos para financiar revoluções populares de caráter anti imperialistas
nos países que apresentarem a possibilidade e como vemos existem êxitos nestes
projetos, mas força do modelo capitalista assim como capacidade aglutinadora de
recursos e aliados, como de boicotes econômicos e bélicos aos países do eixo
comunista, assim permaneceu a distribuição desigual do mundo, pelas mãos de uma
ordem nova que também representa a desigualdade e a segregação, exploração.

Referência bibliográfica
(HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX, 1995, p. 224.)

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