Lago Batata: Impacto e Recuperação

de um Ecossistema Amazônico

Esteves, F. A;Bozelli, R; Roland,F

UFRJ/UFJF, 2000 - atual
Área aproximada de 2100 hectares
Fonte: Soares, 2015
Rejeito de Bauxita - extração do
alumínio: argila- 40 anos de extração

Mineração Rio do
Norte- disposição no
Lago Batata- Rio
Trombetas/Pará - 1979
 Extração de Bauxita no Platô Monte Branco.

Fonte: Andrade, 2018

Rejeito de Bauxita no Lago Batata

Granulometria do Rejeito

• Areia Grossa – 9%
• Areia Fina – 4%
• Silte – 24%
• Argila – 53%
• Componentes químicos:
• SiO2 – 17%
• Al2O3 – 30%
• Fe2 03 - 21%
• Caulinita – 37%
• Gibsita – 23% Rejeito
Lançamento do Rejeito no Lago Batata
Lago Batata – Rio Trombetas/Pará.
Recebeu diariamente cerca de 50.000 m3 de rejeito de bauxita/ por
10 anos.
Água com a cor da bauxita sai da caixa d’água na Comunidade
Boa Nova. Fonte: Andrade, 2018
 Início: Iniciativas da Empresa
Como eliminar o rejeito
•Velocidade de Sedimentação
•Viscosidade
•Adensamento

Resultado: 1989: a MRN eliminou de vez o lançamento no

Lago Batata, e iniciou o lançamento em tanques de rejeito,
construídos na própria área da mineração. Portanto,
deslocar toda a planta de beneficiamento para próximo a
mina.
 Disposição em Tanques de Rejeito

A Mineração Rio do Norte (MRN), quarta maior produtora de bauxita do

mundo, possui 26 barragens de rejeitos em Oriximiná. É o
município com o maior número desses depósitos de resíduos de
mineração no Pará.

Altura das
Barragens: 15
metros= edifício
de 5 andares

Fonte: https://brasil.mongabay.com/2020/07/o-fantasma-das-
barragens-comunidades-no-para-vivem-na-iminencia-de-um-
desastre-ambiental/
Tanques de Rejeito de Bauxita
 Fonte: https://para.deamazonia.com.br/?q=278-conteudo-98803-quilombolas-temem-
por-rompimento-de-barragens-em-oriximina-pa

O quilombo Boa Vista encontra-se a apenas 430 metros das

barragens que drenam água para o igarapé Água Fria utilizado pela
comunidade.
Comunidade Quilombola Boa Vista: Oriximina/Pa
 Características do Sistema: 25 anos de
Monitoramento (UFRJ/ Prof. Francisco Esteves)
Sistema de Inundação: variação do nível d’agua

Forte Oscilação entre o lêntico (água baixas) e lóticos

(cheias).

Lóticos: comunicação entre os ecossistemas, com diferentes

formações florestais. Estas interações promovem troca de
energia (estoque de material dissolvido e particulado).

•Impactos sobre rejeito de bauxita nestes sistemas: situação

nova. Principalmente a respeito do efeito de partículas
inorgânicas sobre os atributos ecológicos.
Informações Básicas: Diagnóstico Limnológico

•Sobre padrões ecológicos tais como: riqueza, abundância e

distribuição das principais comunidades aquáticas e sobre
processos de produção primária e ciclagem de nutrientes.

•1988: Rede de Estações de Amostragem localizadas nas

áreas impactadas e não impactadas com rejeito de Bauxita no
Lago Batata, no rio Trombetas e no Lago Mussurá (margem
esquerda do rio Trombetas – “padrão”.
 Principais Resultados
• Apesar da ausência de efeito químico, a deposição do rejeito no lago
teve como principal efeito a perda da vegetação do igapó,
causada pela morte do sistema radicular das plantas devido ao
acúmulo de argila na lâmina sedimentar (Esteves, 2000).

• A morte do igapó ocorreu em uma área extensa do lago, já que 30%

da área total do lago (aproximadamente 620 hectares) foi
assoreada devido ao lançamento de 18 milhões m3 .ano-1 de rejeito
de bauxita na porção norte do lago (Panosso et al., 1995; Esteves et
al., 2001).

• Área com Rejeito: Diminuição da profundidade em 6 metros

(assoreamento): diminuição da transparência, produtividade
primária (clorofila-a), fósforo, nitrogênio dissolvidos e matéria
orgânica .
• Padrão temporal no nível da água em quatro fases fluviométricas
no Lago Batata (Enchente, Águas Altas, Vazante, Águas
Baixas), também existem padrões temporais nas características
limnológicas. Portanto, a variação das características limnológicas
e do sedimento não é inteiramente relacionada à presença do
rejeito.

• Dados das Comunidades: o na produtividade e densidade da

comunidade fitoplanctônica, devido ao da Turbidez.
Fonte: https://acta.inpa.gov.br/fasciculos/37-
2/BODY/v37n2a19.html
Macrófitas: Lago Batata é ocupado por quase 3% da sua
superfície com arroz bravo Oryza glumaepatula. Na área do rejeito
esta planta apresentou baixa concentração de nutrientes e com
estruturas mais rígidas – menor digestibilidade (Aumento da
concentração de lignina e celulose
• Zooplancton e Comunidade Bentônica:

• Menor riqueza e abundância de Rotíferos e macroinvertebrados

na área de rejeito

• Peixes: comunidade afetada pela alta turbidez – baixa

diversidade na área com rejeito. Área de igapó (zona de
alimentação). Dinâmica em função da época do ano.
Conclusões importantes para o
delineamento: Restauração
•A ação do rejeito de bauxita sobre os componentes bióticos e
abióticos caracterizava-se por grande complexidade, dada pela
grande área impactada.

•A lago Mussurá não seria um ambiente “padrão” (controle)

•O rejeito de Bauxita tem características peculiares e

diferenciadas quando comparados com agentes impactantes já
estudados (esgotos domésticos e industriais).

•Busca de aperfeiçoamento de novas metodologias

 Efeitos do Rejeito: área de Igapó
•Morte de parte considerável da vegetação de Igapó, como
conseqüência da sedimentação sobre o sedimento natural.

•área estimada de 100 hectares

•Formou-se uma camada compactada de até de 6m

•Resultado: Além da degradação visual, perda de importantes

habitats de espécie de valor econômico, como o peixe
tambaqui, e toda cadeia alimentar.
 Igapó com efeito do rejeito

Vegetação de Igapó: Fonte:

Google.com
 Medidas Mitigadoras
•Recuperação das áreas onde ocorreu perecimento da vegetação
de igapó.

•Constatação que a variação do nível d’água na planície de

inundação, desempenha papel fundamental no processo de
recuperação das áreas impactadas.

•Aporte de material orgânico: fertilização das várzeas

•Processo de Sucessão Ecológica: Principal guia da

recuperação
Alternativas para acelerar o processo
Sucessional

• Estabelecimento de Barreiras físicas para a retenção de

sementes de espécies de igapó

• Plantio de mudas de espécies de Igapó

• Enriquecimento das áreas plantadas com translocação de

“bancos de sementes”

• Formação de Ilhas de Vegetação

• Semeadura do arroz bravo (Oryza glumaepatula)

 Aspecto do Viveiro em Porto
Trombetas, para
reflorestamento na área de
mineração. Fonte: MRN, 1999.

Semeadura de Arroz Bravo; Fonte MRN

Banco de
Sementes.
 Situação Atual
Vídeo: Palestra: 2016
 Resultados no Lago Batata até o
momento. (desde 1987).
• Resultados de duas ações importantes: Re-vegetação
do Igapó (ciclo de enchente e seca)

• E plantio do arroz bravo

• Aumento de Matéria Orgânica

• Aumento da Transparência = Aumento da produção primária (Fito

plâncton)

• Restabelecimento da cadeia alimentar.

• Soares, 2015 - 159 espécies de peixes (área afetada pelo rejeito).

Diminuição da Dominância na área afetada pelo rejeito

• Não se observou diferenças na riqueza, equabilidade e diversidade entre

as áreas (impactada e não impactada) e sim na abundância.
 Ictiofauna

Índice de Diversidade de Shannon-Wiener (H’) das coletas

realizadas na área Natural e na área com Rejeito de 1990 a 2013
no Lago Batata. Fonte: Soares, 2015.
Rompimento da Barragem do Fundão/Mariana/MG- 2015
https://veja.abril.com.br/brasil/onda-de-lama-pode-chegar-ao-espirito-
santo-com-ate-15-metro/
Fonte: Google.com
Distrito de Bento Rodrigues afetado pela Lama
Reservatório da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga) atingido pelos
rejeitos da mineradora Samarco, em Santa Cruz do Escalvado, Minas Gerais.
 Fotografia área da Lama no Mar.

https://www.wikiwand.com/pt/Rompimento_de_barragem_em_Mariana
 Diagnóstico: Fase Inicial
Dados de Qualidade de Água – 6 de Novembro de 2015 a 27 de
Setembro de 2017

Fonte: Richard et al, 2020

Os dados indicaram que as concentrações de 58 parâmetros de
qualidade da água aumentaram com a chegada da onda de
rejeitos liberada pela ruptura, geralmente excedendo os níveis
pré‐rompimento e regulatórios.
 Remediação na área terrestre afetada pelo
rejeito

Diagnóstico: O sedimento contaminado apresentou altos níveis de

éter‐amina (6 mg/kg) e Na (54 mg/kg) em relação aqueles
encontrados na área preservada.

Experimento: Uma floresta riparia foi estabelecida sobre este

sedimento contaminado usando‐se 2 estratégias de remediação:
1-Fito‐remediação com espécies nativas da Mata Atlântica,
previamente selecionadas pela tolerância à toxicidade do sedimento,
2-Remediação físico química pela raspagem superficial do
sedimento e aplicação de matéria orgânica (OM).
Na área experimental (ES) as espécies arbóreas da mata Atlântica
selecionadas foram plantadas sob 2 tratamentos: T1, Raspagem
superficial do sedimento e incorporação da MO, e T2,
sedimento não foi manejado e recebeu aplicação superficial
de MO

Resultados: . Após seis meses do plantio as plantas de T1

apresentaram um maior crescimento em altura e maior taxa
de sobrevivência que as plantas de T2. Além disto ES,
especialmente T1 mostraram um significante declínio do pH (~6.0)
e concomitante redução nos teores de éter‐amina e Na (~0.4
mg/kg e 23 mg/kg, respectivamente)
Fonte: Scotti et al, 2020
Fonte: Scotti et al, 2020
 Referências Bibliográficas

Vídeo: Palestra: 2016

https://www.youtube.com/watch?v=rIR7ByUqthU&list=PLjXcmZKRkLsM
TqSMEbLYu8P6umMMq-WBc&index=69

• Bozelli, R. 2019. O desafio de restaurar ecossistemas aquáticos

continentais tropicais. Acta Limnologica Brasiliensia, vol. 31,
e110

• Scotti, M. R et al, 2020. Remediation of a Riparian Site in the

Brazilian Atlantic Forest Reached by Contaminated Tailings from the
Collapsed Fundão Dam with Native Woody Species. Integrated
Environmental Assessment and Management — Volume 16, Number
5—pp. 669–675.

• Richard, et al, 2020. Influence of Fundão Tailings Dam Breach on

Water Quality in the Doce River Watershed. Integrated Environmental
Assessment and Management — Volume 16, Number 5—pp. 583–595