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AO JUÍZADO ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DA COMARCA

DE SÃO MATEUS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.

DOGIVEL FLORENTINO DA SILVA, brasileiro, casado,


coletor/desempregado, com RG de n° 1393317- ES, CPF de n°
039.126.037-58, residente e domiciliada na Avenida Cricaré, n° 400, bairro
Cacique, São Mateus – ES, CEP: 29932-210, vem respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, por intermédio de sua Advogada
(procuração anexa), com escritório na Rua Barão dos Aymores, 68, sala
201, Centro, São Mateus-ES, tel: (27) 9.9982-8874, propor a presente

AÇÃO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO com


pedido de tutela de urgência.

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, autarquia


federal, localizado na Avenida Jones dos Santos Neves - Centro, São
Mateus - ES, CEP: 29930-710, pelos fatos e fundamentos que passa a
expor:

I – DOS FATOS:

A Parte Autora requereu, junto à Autarquia Previdenciária, a concessão


de benefício de auxílio doença (n° 705.025.463-1), que foi deferido no
período de um mês, conforme comunicado de decisão em anexo.
Com efeito, após ter o benefício cessado, o Autor requereu novamente
a concessão do auxílio doença por duas vezes, todavia foi negado.

Entretanto, o Requerente vem acometido por patologias que o


incapacitam para o trabalho, conforme demonstrado pelos documentos
médicos ora anexados.

Por tal motivo, se ajuíza a presente ação.

II – DA JUSTIÇA GRATUITA

O artigo 5º, incs. XXXIV e XXXV da Constituição Federal assegura a todos


o direito de acesso à justiça em defesa de seus direitos, independente do
pagamento de taxas, e prevê expressamente ainda que a lei não excluirá
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

O Requerente não possui qualquer renda, não dispondo de condições


financeiras para arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu
sustento e de sua família. Para tal benefício, o Autor junta declaração de
hipossuficiência.

Por tais razões, requer o deferimento da gratuidade dos emolumentos


necessários para o deslinde do processo, conforme arts. 98 e 99 do
CPC.

III – DA INCAPACIDADE DO AUTOR

O autor é portador de GONARTROSE – ARTROSE DO JOELHO (CID 10


M17), desde 16 de março de 2020, o que o torna incapacitado para
desenvolver atividade laborativa, conforme cópia de laudo médico.

IV – DO HISTÓRICO MÉDICO
Após um incidente no trabalho, o Requerente passou a sentir dores nos
joelhos, que acabou se agravando com o decorrer dos meses.

Em 16 de março de 2020, o autor descobriu que era portador de


Gonartrose Bilateral, e passou a realizar tratamento médico, não
tendo, contudo, readquirido sua capacidade laboral.

Seu último laudo, no dia 17 de junho de 2020, apresentou indicação


cirúrgica. No entanto, o Requerente é dependente do Sistema Único
de Saúde (SUS), o que agrava ainda mais o seu estado de saúde.

Como comprovação da gravidade e evolução da incapacidade,


junta em anexo os seguintes laudos:

Laudo de 16/03/2020: Paciente portador de Gonartrose Bilateral com


dificuldade de fazer carga. CID M17; CID M23.

Laudo de 17/06/2020: Paciente com dor constante em joelhos, grande


dificuldade em fazer carga, o que evidência Gonartrose bilateral com
indicação cirúrgica. CID 10 M17 (dor desgaste de repetição e
instabilidade bilateral)

V - DO HISTÓRICO OCUPACIONAL

O autor sempre trabalhou com atividade braçal, ou seja, a doença


impede o Requerente de atuar no ramo que já vinha trabalhando,
não sabe ler ou escrever, conforme documento em anexo, e
pelo contexto social, sua idade e qualificação, dificilmente poderá se
ocupar em alguma atividade administrativa.

VI – DA NEGATIVA DO BENEFÍCO – N° 705.926.994-1 / 706.137.074-3

O Demandante realizou o pedido de forma administrativa, e obteve a


concessão do benefício pelo período de um mês, tendo início no dia
02/04/2020. Porém, não obteve êxito nas duas tentativas para a
continuidade da concessão, conforme documentos em anexo.
Número do benefício Período Início Cessação

705.025.463-1 02/04/2020 a 02/04/2020 01/05/2020


30/04/2020

705.926.994-1 Indeferido

706.137.074-3 Indeferido

No entanto, a patologia que acomete o Autor o torna incapaz para o


exercício de toda e qualquer atividade laborativa que lhe garanta
mínimas condições do seu próprio sustento, de acordo com os atestados
médicos em anexo, razão pela qual requer a concessão do benefício de
auxílio doença.

Por fim, cabe ressaltar que o Requerente preenche todos os requisitos de


carência e qualidade de segurado.

VII – DO DIREITO

Nos termos do art. 59 da Lei n° 8.213/91, é necessário a presença de três


requisitos para a concessão do benefício por incapacidade.

Verifica-se a partir dos dispositivos legais, que o Requerente cumpriu os


requisitos previstos para a concessão do benefício de auxílio doença, já
que possuí vínculo com o INSS, mantendo sua qualidade de segurado
(art. 11 da Lei n°8.213/91), período de carência exigido (art. 24 e 25 da Lei
n°8.213/91) e está incapacitado para exercer a sua atividade habitual,
conforme se aduz da sua condição de saúde, comprovada no laudo em
anexo.

Portanto, diante da incapacidade do Autor, bem como de posse da


carência necessária, assim como não perdeu a qualidade de segurado,
faz jus a concessão do benefício.

VIII – DA CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ


Conforme dispõe no art. 62 da Lei 8.213/91, poderá ocorrer a cessação
do auxílio doença na hipótese de constatação da incapacidade
definitiva, o que resultará na conversão em aposentadoria por invalidez.

Dessa forma, o Autor pleiteia, após a concessão do auxílio doença, a


posterior conversão em aposentadoria por invalidez, nos termos do art.
42 da mesma lei.

Dos dispositivos legais, a luz do caso concreto, é claro o pleno


atendimento aos requisitos legais pelo Autor, autorizando a concessão
do benefício, porquanto não possui mais condições de exercer seu labor,
conforme entendimento majoritário nos tribunais:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. APOSENTADORIA POR


INVALIDEZ. ARTS. 59, 42 e 43 da Lei 8.213/91. PERÍODO DE
CARÊNCIA E QUALIDADE DE SEGURADO COMPROVADOS.
INCAPACIDADE LABORATIVA CONTÍNUA E PERMANENTE PARA
DESEMPENHO DE ATIVIDADE LABORATIVA HABITUAL DE
PASSADEIRA. PERÍCIA MÉDICA. COMPROVAÇÃO. JUROS E
CORREÇÃO MONETÁRIA. SÚMULA 56 DO TRF 2ª REGIÃO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 85 DO NCPC. I- No termos do
art. 59 da Lei 8.213/91, o auxílio-doença é devido ao segurado
que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência,
ficar incapacitado para o trabalho ou para atividade habitual
por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, devendo ser
concedido por motivo de incapacidade provisória. II- Por sua vez,
o artigo 42 da Lei nº 8.213/91 prevê que a aposentadoria por
invalidez será devida, cumprida a carência exigida, ao segurado
que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado
incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga
enquanto permanecer nessa situação. III- No caso em apreço,
considerando que a autora é efetivamente segurada da
Previdência Social, uma vez que seu benefício de auxílio-doença
foi cessado em 13/01/2007, resta examinar se realmente
encontra-se incapacitada para o trabalho. IV- Analisando-se o
laudo apresentado pelo perito judicial de fls. 177/179, extrai-se
que restou efetivamente comprovado que a segurada é
portadora de lesão no pé direito, não podendo deambular
normalmente devido à sequela de lesão no nervo fibular, não
sendo passível de cura, sendo a lesão irreversível, tornando a
paciente incapacitada totalmente para as suas ocupações
habituais. Diante do quadro, faz jus a autora ao benefício de
auxílio-doença, devendo o mesmo ser convertido em
aposentadoria por invalidez a partir do laudo do perito judicial.
V- Até a data da entrada em vigor da Lei 11.960/2009, os juros
moratórios, contados a partir da citação, devem ser fixados em
1% ao mês, ao passo que a correção monetária deve ser
calculada de acordo com o Manual de Cálculos da Justiça
Federal. Após a entrada em vigor da Lei 11.960/2009, passam a
incidir o índice oficial de remuneração básica e os juros aplicados
à caderneta de poupança, conforme dispõe o seu art. 5°. VI-
Aplicação do Enunciado 56 da Súmula deste Tribunal, que
dispõe: É inconstitucional a expressão haverá incidência uma
única vez, constante do art. 1°-F da Lei N° 9.494/97, com a
redação dado pelo art. 5° da Lei 11.960/2009. VII- Em referência
aos honorários advocatícios, na forma do art. 85, §4°, II, do NCPC,
tratando-se de acórdão ilíquido proferido em demanda da qual
a Fazenda Pública faça parte, a fixação dos honorários de
sucumbência será feita na fase de liquidação, observando-se os
critérios estabelecidos no art. 85, §§ 2° e 3°, do mesmo diploma
legal. VIII- Dado parcial provimento à remessa necessária e à
apelação.

(TRF-2 00095383220134029999 RJ 0009538-32.2013.4.02.9999,


Relator: SIMONE SCHREIBER, Data de Julgamento: 30/03/2016, 2ª
TURMA ESPECIALIZADA)

Ressalta-se ainda, que mesmo a possibilidade de reabilitação da


incapacidade mediante cirurgia autoriza o deferimento da
aposentadoria por invalidez, pois o segurado não é obrigado a ter que
se submeter a um procedimento cirúrgico de tamanho risco, conforme
entendimento jurisprudencial sobre o tema:

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA.


CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.
RECUPERAÇÃO DA CAPACIDADE LABORAL CONDICIONADA À
REALIZAÇÃO DE CIRURGIA. CORREÇÃO MONETÁRIA. TEMA 810
DO STF. 1. A circunstância de ter o laudo pericial registrado a
possibilidade de recuperação laborativa condicionada à
realização de procedimento cirúrgico, ao qual a parte autora
não está obrigada a se submeter, autoriza a concessão de
aposentadoria por invalidez. 2. Preenchidos os requisitos legais, a
parte autora faz jus à concessão do auxílio-doença desde o
requerimento administrativo, com conversão em aposentadoria
por invalidez a partir da data da perícia judicial. 3. O Supremo
Tribunal Federal reconheceu no RE 870947, com repercussão
geral, a inconstitucionalidade do uso da TR. 4. Deferido efeito
suspensivo pelo STF aos embargos de declaração opostos no RE
nº. 870.947 e considerando que a questão restringe-se à
modulação dos efeitos da decisão de inconstitucionalidade,
nada obsta que se defina na fase de conhecimento, desde logo,
com respeito à decisão também vinculante do STJ no Tema 905,
o estabelecimento do índice aplicável - INPC para os benefícios
previdenciários e IPCA-E para os assistenciais-, cabendo, porém,
ao juízo de origem observar, na fase de cumprimento do presente
julgado, o que vier a ser deliberado nos referidos embargos
declaratórios. Se esta fase tiver início antes da decisão, deverá
ser utilizada, provisoriamente, a TR, sem prejuízo de eventual
complementação.

(TRF-4 - AC: 50047438720184047113 RS 5004743-87.2018.4.04.7113,


Relator: JULIO GUILHERME BEREZOSKI SCHATTSCHNEIDER, Data de
Julgamento: 23/10/2019, SEXTA TURMA)

Portanto, conclui-se que a demandante satisfaz as condições legais e


constitucionalmente exigidas para a obtenção do benefício de auxílio
doença, objeto da presente ação, e mesmo da aposentadoria por
invalidez, pelo que se requer a concessão dos aludidos benefícios
previdenciários.

IX – DA TUTELA DE URGÊNCIA

Nos termos do art. 300 do CPC, é necessário a presença de dois


elementos para a concessão para a concessão da tutela de urgência,
quais sejam, o fumus boni iuris e o periculum in mora.

No presente caso, que visa a pretensão de um benefício previdenciário


por incapacidade, resta evidente o periculum in mora, eis que se trata
de benefício de caráter alimentar. Além disso, o Demandante não reúne
condições de aguardar a realização da perícia médica judicial,
sobretudo considerando a suspensão dos procedimentos avaliativos em
razão da pandemia do Coronavírus (COVID-19).

O fumus boni iuris resta demonstrado através do extrato CNIS, o qual


demonstra o preenchimento dos requisitos genéricos (carência e
qualidade de segurado), bem como, pelos documentos médicos que
evidencia a incapacidade laborativa.

Assim, é notável o risco de ineficácia do provimento final da lide,


exatamente por estar a parte autora desprovida de qualquer fonte de
renda, e por consequência, de manter a digna subsistência.

DOS PEDIDOS
Diante de todo exposto, REQUER a Vossa Excelência:

1) A concessão do Benefício da Justiça Gratuita, por ser o Autor


pobre na acepção legal do termo, conforme art. 98 do CPC;
2) Que seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela, para
determinar a concessão imediata do auxílio doença
3) A citação do Réu, para, querendo, responder a presente ação,
bem como, para apresentar cópia do processo administrativo nos
termos do art. 11 da Lei 10.259/01
4) Seja o pedido julgado procedente para condenar o réu ao
pagamento do benefício de AUXÍLIO DOENÇA, desde maio de
2020, monetariamente corrigido desde o respectivo vencimento e
acrescidos de juros de mora, incidentes até a data do efetivo
pagamento;
5) Posterior conversão em APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, a partir
da data da efetiva constatação da total e permanente
incapacidade;
6) A produção de todos os meios de prova, principalmente a prova
pericial;
7) A condenação do Réu ao pagamento de honorários advocatícios
nos parâmetros previstos no art. 827, §2° do CPC;

Dá-se à causa o valor de R$ 16.737,00 (dezesseis mil setecentos e trinta e


sete reais)

Nestes termos, pede deferimento.

São Mateus – ES, 02 de setembro de 2020


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Lívia Batista Barcelos


OAB-ES 12.707

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Nathalia Verônica Pires de Souza


OAB-ES 34.102

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