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DIREITO ADMINISTRATIVO

Agentes públicos
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AGENTES PÚBLICOS

Tem-se como base dessa matéria os artigo 37 ao 41 da Constituição Federal. Será enten-
dido o que é cargo, função pública, previdência dos servidores e, obviamente, também será
trabalhada a classificação dos agentes públicos.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional
n. 19, de 1998)

A Administração Pública direta é formada pelos órgãos públicos, enquanto que a Adminis-
tração Pública indireta é formada pelas autarquias, fundações, empresas públicas, socieda-
des de economia mista etc.
Tem-se aqui os princípios mínimos; quando o agente público for agir, no mínimo, ele deve
atender aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiên-
cia – LIMPE.
Os princípios que estão presentes no caput do artigo 37 são conhecidos como princípios
explícitos ou expressos no texto constitucional. Logicamente, há outros princípios que não
estão expressos no artigo 37, como, por exemplo, proporcionalidade, razoabilidade, segu-
rança jurídica, motivação, entre outros.
Portanto, o agente público deve atender aos princípios que estão no artigo 37, bem como,
também, todos os demais princípios que orientam o Direito Administrativo.

I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os re-
quisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela
Emenda Constitucional n. 19, de 1998)

Quando se fala que os cargos públicos são acessíveis aos brasileiros, deve-se lembrar
que se fala em brasileiros natos e os naturalizados.
A CF autoriza o estrangeiro a ocupar cargo público e deixa na forma de lei regulamentar
esse tema. O artigo 5º, parágrafo 3º, da Lei n. 8.112/1990, dispõe que:

Art. 5º, § 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão


prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas
e os procedimentos desta Lei.
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O estrangeiro pode ocupar cargo público em universidade ou em instituição de pesquisa


como professor, técnico ou cientista.
Considera-se que um americano venha fazer um concurso para ser professor da UNB. Se
esse americano for aprovado no concurso, ele pode continuar com a sua nacionalidade ame-
ricana e ocupar cargo no Brasil sem problema algum.

DIRETO DO CONCURSO
1. (CESPE/2016/DPU/ANALISTA) Situação hipotética: Giorgio, de quarenta anos de idade,
é cidadão italiano e não tem nacionalidade brasileira. Foi aprovado, dentro do número de
5m
vagas, em concurso público para prover cargo de professor de ensino superior de deter-
minada universidade federal, tem o nível de escolaridade exigido para o cargo e aptidão
física e mental.
Assertiva: Nessa situação, por não ter a nacionalidade brasileira, Giorgio não poderá tomar
posse no referido cargo.

COMENTÁRIO
O estrangeiro pode ocupar cargo de professor, técnico ou de cientista em universidade.

II — a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público


de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de
livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998)

Para o servidor ocupar um cargo público efetivo, obviamente ele deve ser aprovado em
concurso público, bem como para ocupar emprego público. Quem trabalha na Petrobras, na
Caixa Econômica e no Banco do Brasil tem que ser aprovado em concurso público.
O concurso público pode ser de provas ou de provas e títulos. É muito comum na carreira
policial haver além de prova escrita, psicotécnico, teste físico e curso de formação. O con-
curso pode ser apenas uma prova escrita, mas pode ser composto de outras fases.
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Também, o concurso pode ser de provas e títulos, principalmente na área do magistério. O


título receberá uma pontuação que será somada com a nota da prova escrita. Exemplo: o can-
didato apresenta o título de mestrado, doutorado, pós-doutorado ou especialização, e recebe
uma pontuação que será somada à prova escrita para se ter o resultado final do concurso.
O ocupante de cargo em comissão não precisa ser aprovado em concurso público. Qual-
quer um pode exercer cargo em comissão, desde que preencha os requisitos técnicos para
ocupar aquele cargo. Exemplo: determinado candidato a Governador de um estado é eleito
e depois arranja vários cargos em comissão para as pessoas que o ajudaram na campanha.
Essas pessoas não fizeram concurso, e simplesmente irão ocupar um cargo em comissão que
é de livre nomeação e exoneração.

III – o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período;

A Administração Pública pode, por exemplo, realizar um concurso com apenas um ano de
validade. Se ela prorrogar o concurso, prorroga por igual período – ou seja, por mais um ano.
O TCU já fez um concurso com validade de 60 dias. Se o concurso for prorrogado, prorroga-
-se por igual período.
A prorrogação representa uma atividade discricionária da Administração. Basicamente,
hoje, todos os concursos são prorrogados porque é muito caro realizar um concurso público.

IV – durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso


público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados
para assumir cargo ou emprego, na carreira;

10m
A CF autoriza a realização de um novo concurso dentro do prazo de validade do con-
curso anterior. No entanto, é preciso convocar primeiro aqueles aprovados no primeiro con-
curso; depois que nomear todos os aprovados, pode-se começar a nomear os aprovados no
novo concurso
Considera-se o concurso “A” com validade de 2 anos e a Administração prorrogou este
concurso por mais 2 anos. Teve-se mil aprovados no concurso e no edital constava 100 vagas,
assim, há 900 aprovados no cadastro reserva esperando a sua nomeação. Muitas coisas
mudam durante o prazo do concurso: vários servidores se aposentam, outros passam em
outros concursos; a rotatividade é muito grande. Mas, o órgão resolve realizar um outro con-
curso dentro do prazo de validade do concurso “A”. Mas os novos aprovados no concurso “B”
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só poderão ser nomeados após a nomeação de todos os aprovados no concurso anterior, ou,
então, após o prazo de validade do concurso “A”. A lei autoriza esse procedimento para dar
uma certa celeridade.
Se um órgão que está precisando de servidor esperar vencer um concurso para realizar
outro, com certeza isso demorará bastante, o que acarreta em um lapso temporal grande sem
poder nomear qualquer candidato. É comum realizar um novo concurso dentro do prazo de
validade de um outro concurso para o órgão não ficar sem concurso vigente naquele momento,
atendendo a celeridade e o princípio da eficiência dentro da Administração Pública.

V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo,


e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e as-
sessoramento; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 19, de 1998)

A função de confiança é diferente de cargo em comissão. As atribuições são as mesmas


– direção, chefia ou assessoramento –, mas a função de confiança só pode ser ocupada por
15m
servidor concursado, enquanto que o cargo em comissão pode ser ocupado por qualquer um,
inclusive aquele servidor concursado. Se o concursado pode ocupar uma função de confiança,
ele também pode ocupar um cargo em comissão, logicamente que em épocas diferentes.
Quando se fala em função de confiança, considere que determinado servidor trabalha no
Ministério Público e irá exercer uma função de confiança no Ministério da Justiça. O concur-
sado pode ocupar uma função de confiança em outro órgão e em outro Poder sem problema
nenhum. Considere que um servidor trabalhe em uma prefeitura e é convidado para trabalhar
no Ministério. Ao chegar no Ministério, o concursado poderá ocupar uma função de confiança
ou um cargo em comissão.
O candidato aprovado dentro do número de vagas previstas no edital possui direito subje-
tivo à nomeação – ele pode exigir a sua nomeação. O órgão tem todo o tempo de validade do
concurso público para realizar a nomeação, mas, passada a data de validade do concurso e a
nomeação não foi realizada, o interessado pode acionar o Poder Judiciário que, certamente,
irá determinar a nomeação do servidor.
Considere determinado edital com prazo de validade de 1 ano, e com prorrogação de mais
1 ano, que trouxe 50 vagas. Obrigatoriamente, em regra, o órgão tem que nomear, no mínimo,
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50 candidatos. No último dia do concurso, o órgão havia nomeado apenas 40 aprovados. Os


10 aprovados que não foram nomeados podem buscar o Poder Judiciário, e o juiz irá determi-
nar a nomeação desses servidores.
O Judiciário vai além do que apenas os candidatos aprovados dentro do número de vagas
previsto em edital.
Quem foi aprovado em cadastro reserva tem mera expectativa de direito a ser nomeado. A
regra é: quem foi aprovado dentro das vagas previstas em edital pode exigir a sua nomeação,
e quem foi aprovado fora das vagas, no cadastro reserva, tem direito subjetivo à nomeação.
Considera-se que determinado concurso tem 50 vagas, mas o candidato 13º foi nome-
ado e não tomou posse, assim como o 20º, o 23º e o 28º, resultando em 4 desistências. A
Administração se comprometeu em nomear 50 candidatos e, nessa situação hipotética, 46
começaram a trabalhar. Nesse contexto faz surgir direito à nomeação ao 51º, 52º, 53º e 54º
candidatos; eles podem exigir a sua nomeação, porque quando a Administração nomear mais
4 candidatos e eles tomarem posse, a Administração terá cumprido o que foi prometido, que é
justamente preencher 50 cargos.

STF: Tese 784 — Repercussão geral. O direito subjetivo à nomeação do candidato apro-
vado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses:
20m
I – Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital;
II – Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação;

Se o órgão nomeia o 11º na frente do 10º colocado, automaticamente já faz surgir o direito
para o 10º candidato, que foi preterido de maneira ilegal, a exigir a sua nomeação.

III – Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do
certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte
da administração nos termos acima.

A Administração pode abrir um novo concurso dentro do prazo de validade do concurso


anterior. Se, por acaso, o órgão nomear os aprovados no novo concurso em detrimento dos
aprovados do concurso anterior, já faz surgir direito para os antigos aprovados exigirem a
sua nomeação.
Considere que há 10 cargos vagos no órgão, tem um concurso em vigência e o órgão não
nomeia ninguém e, pelo contrário, para economizar dinheiro, contrata terceirizados. Nesse
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contexto, os candidatos, mesmo que fora do número das vagas previstas em edital, podem
contestar essa terceirização e, logicamente, o Poder Judiciário determina que a Administração
venha a contratar os concursados e não faça contrato com terceirizados.
Falou-se inicialmente que o candidato aprovado dentro do número de vagas previstas em
edital tem direito subjetivo à nomeação – direito de exigir a sua nomeação. No entanto, a pró-
pria jurisprudência do STF traz algumas exceções, que serão trabalhadas agora.
A regra é que o servidor seja nomeado e as exceções justificam a não nomeação do can-
didato que foi aprovado dentro das vagas previstas em edital.
Há quatro requisitos que justificam a não nomeação do aprovado dentro das vagas:
a. Superveniência: deve ter acontecido alguma coisa imprevisível após a publicação
do edital;
b. Imprevisibilidade: tem que ser uma circunstância extraordinária;
c. Gravidade: o fato tem que ser realmente grave que venha levar a Administração a não
realizar a contratação;
d. Necessidade: não há outra coisa a fazer, a não ser não nomear esse servidor.

Considera-se o seguinte: um determinado município recebe royalties do petróleo e possui


25m
um capital excelente, mas de uma hora para outra o petróleo da região seca e o munícipio não
recebe mais os royalties do petróleo. O município está sem caixa para realizar novas contra-
tações, mas antes de ocorrer a perda dos royalties houve um concurso com prazo ainda não
vencido. Será que tem como o município justificar a impossibilidade de contratar aqueles que
foram aprovados dentro das vagas?
Sim. Do seguinte modo:
• Superveniência: uma situação nova que aconteceu após a publicação do edital. O can-
celamento do repasse dos royalties foi após a aplicação da prova.
• Imprevisibilidade: uma circunstância extraordinária, uma coisa que ninguém pensava e
que realmente aconteceu.
• Gravidade: tem que justificar, no caso, a gravidade que o problema trouxe ao município
que justifica a não contratação.
• Necessidade: a Administração teve que tomar essa medida porque não havia outra
medida a ser tomada.
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ATENÇÃO
A prova não irá perguntar o que significa cada expressão, mas é importante lembrar que
a superveniência, a imprevisibilidade, a gravidade e a necessidade podem gerar a não
nomeação daquele que foi aprovado dentro das vagas previstas em edital – lembrando que
são medidas excepcionais.

DIRETO DO CONCURSO
2. (VUNESP/2019/PREFEITURA DE CERQUILHO-SP/PROCURADOR) A Prefeitura Munici-
pal de “X” abriu concurso para provimento de cargos técnicos. Houve aprovação de can-
didatos além do número de vagas ofertadas no edital. Houve vacância de novos cargos
após a abertura do certame. O prazo de validade do concurso encontra-se prorrogado até
10/06/2020. O município pretende deflagrar novo concurso. Consultado sobre a dúvida
jurídica, na qualidade de procurador jurídico do município, assinale a alternativa correta.
a. Há inviabilidade de abertura de novo certame até que sejam convocados os exceden-
tes de concurso anterior.
b. A pretensão de deflagrar novo concurso público, no prazo de validade do anterior, é
viável desde que os aprovados no concurso precedente sejam convocados com prio-
ridade sobre os novos aprovados.
c. A Administração é obrigada a nomear candidato aprovado fora do número de vagas
previsto no edital, simplesmente pelo surgimento de vaga em decorrência de vacância.
d. Independentemente do prazo de validade do concurso, todos os aprovados têm direito
líquido e certo à nomeação, mesmo para as novas vagas que forem surgindo, cujo pre-
enchimento não está sujeito a juízo de conveniência e oportunidade da Administração.
e. A Administração é obrigada a nomear candidato aprovado fora do número de vagas
previsto no edital, sempre que a vaga é criada por Lei.
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COMENTÁRIO
a) Pode ser aberto um novo concurso sem ser preciso que sejam convocados os excedentes
do concurso anterior.
c) A Administração não tem a obrigação de nomear candidato aprovado fora do número de
vagas previsto no edital.
d) Independentemente do prazo de validade do concurso, os aprovados não têm direito
líquido e certo à nomeação.
e) A Administração não é obrigada a nomear candidato aprovado fora do número de vagas
previsto no edital.

30m
Retomando a alternativa C: se a Administração Pública não está com recurso para nomear
novos candidatos, ela não precisa nomear aqueles que foram aprovados fora do número de
vagas.
Em razão disso a Administração contrata agentes temporários, terceirizando aquele serviço.
Nesse contexto, tem-se a necessidade da contratação de novos servidores e surge o direito,
mas tudo irá depender de uma decisão judicial ao fim.

3. (CESPE/2018/STM/ANALISTA JURISDIÇÃO) A respeito do Direito Administrativo, dos


atos administrativos e dos agentes públicos e seu regime, julgue o item a seguir.
As funções de confiança, correspondentes a encargos de direção, chefia ou assessora-
mento, só podem ser exercidas por titulares de cargos efetivos.

COMENTÁRIO
As funções de confiança são apenas para o efetivo, enquanto que o cargo em comissão
qualquer um pode ocupar.
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GABARITO
1. E
2. b
3. C

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Rodrigo Cardoso.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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