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Resumo
O presente trabalho tem por objetivo analisar o papel das oficinas terapêuticas utilizadas
como recursos de tratamento para pacientes com transtornos mentais atendidos nos Centros de
Atenção Psicossocial na atualidade. Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico
sistematizado de artigos sobre esta temática nas bases de dados Scielo e Pepsic, analisando
nestes artigos critérios como definição e objetivo das oficinas terapêuticas, público alvo,
profissionais envolvidos e avaliação dos profissionais sobre as oficinas terapêuticas. Dos 7
artigos encontrados, todos eles continham a definição, os objetivos das oficinas terapêuticas e
tinham como público alvo pacientes com transtornos mentais atendidos na rede substitutiva de
atenção a saúde mental. Apenas 4 deles apresentavam claramente os profissionais que
trabalharam nas oficinas terapêuticas, sendo o psicólogo o mais citado. Em relação à
avaliação feita pelos profissionais sobre as oficinas terapêuticas, evidenciou-se que a
aplicação das mesmas é positiva para o tratamento dos pacientes, entretanto, que elas devem
ter objetivos e recursos bem traçados, que exista um espaço para a construção coletiva das
mesmas e para que os pacientes não se tornem apenas reprodutores de estratégias impostas a
eles, mas sujeitos autônomos e ativos em suas vidas, com ampla interação com a sociedade e
comunidade. Durante a história da saúde mental no mundo e no Brasil houve negligencia no
tratamento destes pacientes e com a reforma psiquiátrica e construção do modelo substitutivo
de atenção à saúde mental, o tratamento psicossocial foi priorizado, assim como as oficinas
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Possui graduação em Gestão de Recursos Humanos pela Faculdade de Tecnologia Camões (2008). Graduado
em Psicologia pela Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras (2013). Especialista em
Arteterapia pelo Instituto Tecnológico e Educacional de Curitiba - ITECNE (2015). Atualmente é aluno de Pós-
Graduação em Psicologia da Saúde e Hospitalar pelas Faculdades Pequeno Príncipe (FPP). Mestrando em
Medicina Interna e Ciências da Saúde (Conceito CAPES 5) pela Universidade Federal do Paraná. Membro da
comissão de Psicologia Hospitalar do Conselho Regional de Psicologia do Paraná. Colaborador da pesquisa de
doutorado da psicóloga Cláudia Lúcia Menegatti, no Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do
Adolescente no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Pesquisador do Ambulatório de
Dermatologia do Hospital de Clínicas da UFPR, com a pesquisa "Indicadores de Ansiedade, Depressão e
Qualidade de Vida em Mulheres com Melasma". Psicólogo clínico autônomo em consultório particular no
Centro de Curitiba, Paraná. Possui experiência em Psicologia Social, Políticas Públicas, Saúde Mental,
Psicologia Organizacional, Psicologia Clínica e Necessidades Especiais. Número de CRP/08: 20229. Email:
diedidiego@gmail.com.
ISSN 2176-1396
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terapêuticas. Pouco se tem publicado nas bases de dados sobre o assunto, desta forma faz-se
necessário que mais pesquisas e intervenções nesta área sejam realizadas para que a saúde
mental no Brasil receba, enfim, a prioridade e adequação negligenciadas pela História.
Introdução
O presente artigo tem por objetivo analisar o papel das oficinas terapêuticas utilizadas
como recursos de tratamento para pacientes com transtornos mentais atendidos nos Centros de
Atenção Psicossocial na atualidade. Para Dombi-Barbosa, Neto, Fonseca, Tavares e Reis,
(2009) o campo das ações dirigidas a pessoas com sofrimento psíquico intenso vem sofrendo
alterações desde o final da década de 70 quando surgiram os primeiros movimentos
reformistas. No Brasil, esses movimentos ao contestar a lógica segregadora do sistema
hospitalocêntrico vieram, mais tarde, propor e implementar os termos da Reforma Psiquiátrica
que se consubstanciou na lei 10.216/01. A Reforma Psiquiátrica, a favor do movimento de
reinauguração democrática, confluiu e atou-se ao processo da Reforma Sanitária. Foi no
âmbito desse cenário que surgiram os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), precedidos
antes por outros serviços como os Núcleos de Atenção Psicossociais (NAPS) e os Hospitais
Dia (HD). Atualmente, os CAPS se configuram como dispositivo estratégico para atenção
dirigida ao portador de sofrimento psíquico intenso e persistente, pautada nos princípios do
SUS, voltada à inclusão social e orientada por uma perspectiva de clínica ampliada de base
comunitária e territorial.
Segundo Torre e Amarante (2001) é possível perceber hoje no campo da saúde mental
no Brasil um expressivo processo de transformação do lugar do louco como ator social, como
sujeito político. Uma das faces desse processo refere-se à ampliação do conceito de "reforma
psiquiátrica". O objetivo é não reduzi-lo a um processo exclusivamente restrito a mudanças
administrativas ou técnicas dos serviços. Ou seja, procura-se construir um conceito de
reforma psiquiátrica que não seja sinônimo de reforma da assistência psiquiátrica, a exemplo
dos processos que ocorreram nos anos 60 e 70. A construção coletiva do protagonismo requer
a saída da condição de usuário-objeto e a criação de formas concretas que produzam um
usuário-ator, sujeito político. Isso vem ocorrendo através de inúmeras iniciativas de
reinvenção da cidadania.
De acordo com o Ministério da Saúde (2004) os CAPS devem contar com uma equipe
multiprofissional formada por psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos,
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Método
Resultados
Os resultados das análises feitas nas publicações demonstraram que dos 7 artigos
analisados, todos eles apresentaram a definição de oficina terapêutica, inclusive com a
utilização de referenciais teóricos parecidos, como a Psicanálise. Em relação ao objetivo das
oficinas terapêuticas, 4 artigos de relatos de experiências apresentaram o objetivo de
trabalhos aplicados em instituições de saúde mental, com oficinas de teatro, de saúde, de
beleza, etc. 3 artigos não apresentaram o objetivo de oficinas terapêuticas especificas, pois
tratavam-se de artigos que discorriam sobre esta temática e sobre tratamentos de pacientes
com transtornos mentais de uma forma geral. Ainda assim, estes três artigos mencionaram a
importância de se ter um objetivo bem traçado na aplicação de oficinas terapêuticas com tais
pacientes.
Em relação aos profissionais que atuaram nas oficinas terapêuticas e que apareceram
nas publicações dos artigos, 4 trabalhos apresentaram claramente a profissão de psicólogo
como coordenador das oficinas terapêuticas. 2 trabalhos apresentaram que haviam
profissionais trabalhando nas oficinas terapêuticas, entretanto, não especificaram através de
nomenclaturas as profissões, limitando-se as palavras “técnicos” e “auxiliares”. 1 publicação
não deixa claro o profissional que atuou na oficina terapêutica, apenas deixando a entender
que tratava-se de um psicanalista. Sobre o público alvo das oficinas terapêuticas, os 7 artigos
analisados apresentaram que tratavam-se de pacientes com transtornos mentais atendidos pela
rede substitutiva de atenção à saúde mental.
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O último tópico analisado nos artigos referiu-se a avaliação que os autores fazem
sobre as oficinas terapêuticas de uma forma geral. Em 3 trabalhos, os autores colocam que as
oficinas terapêuticas são importantes e positivas para que o quadro biopsicossocial dos
pacientes melhore. 4 trabalhos apontam que as oficinas terapêuticas são importantes para o
tratamento dos pacientes com transtornos mentais, entretanto, algumas ressalvas são feitas,
como por exemplo, pensar com mais cuidado nas tecnologias desenvolvidas e empregadas
nos serviços substitutivos; construção das atividades coletivamente, sem técnicas prontas e
formatadas, para que não haja somente a reprodução de trabalhos impostos aos pacientes;
ações transformadoras de alcance público, em que o trabalho desempenhado nos serviços
substitutivos alcancem a comunidade, não limitando-se ao interior das instituições; entre
outros.
Discussão
Diante das análises realizadas no presente trabalho, cabe discutir o funcionamento das
oficinas terapêuticas e do tratamento dos pacientes atendidos na rede substitutiva de atenção a
saúde mental. Antes das oficinas terapêuticas começarem, os usuários participam da
assembleia. Segundo Bontempo (2009) o termo assembleia é usado para denominar o espaço
onde os pacientes inseridos na permanência-dia utilizam a palavra como instrumento de
expressão. Pode-se verificar que esse espaço de fala realmente coloca os indivíduos em ação,
ou seja, seus participantes são estimulados a produzir um sentido para as suas questões, suas
dificuldades, suas alegrias, suas tristezas, enfim, para a sua vida. Ronchi e Avellar (2010) os
familiares também devem ser atendidos pela equipe do CAPS. Os principais exemplos de
atendimentos prestados aos familiares são: grupo de mulheres, psicoterapia para os familiares,
atendimento familiar, grupo familiar, atendimento do serviço social à mãe, atendimento
psicológico familiar e atendimento psicológico à mãe.
Os CAPS têm, frequentemente, mais de um tipo de oficina terapêutica. Segundo o
Ministério da Saúde (2004) essas oficinas são atividades realizadas em grupo com a presença
e orientação de um ou mais profissionais, monitores e/ou estagiários. Elas realizam vários
tipos de atividades que podem ser definidas através do interesse dos usuários, das
possibilidades dos técnicos do serviço, das necessidades, tendo em vista a maior integração
social e familiar, a manifestação de sentimentos e problemas, o desenvolvimento de
habilidades corporais, a realização de atividades produtivas, o exercício coletivo da cidadania.
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necessariamente precisam ocorrer intramuros. Pelo contrário, é importante que algumas sejam
realizadas na comunidade e que possam integrar usuários e outros sujeitos que habitam o
mesmo território. É necessário produzir espaços de interação fundamentais para a função que
os CAPS buscam alcançar, com objetivos definidos e claros, e não somente acreditar que os
usuários têm se beneficiado das oficinas porque essas ocupam a mente com oficinas de
beleza, higiene, de música, de expressão corporal.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
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