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Nº de Registo:
Moçâmedes, 2021
Escola Superior Politécnica do Namibe
Nº de Aluno:
Moçâmedes, 2021
DEDICATÓRIA
i
AGRADECIMENTOS
Aos meus maravilhosos pais André e Victória que sempre me incentivaram, apoiaram e nunca
deixaram de estar ao meu lado.
Aos meus irmãos que sempre estiveram ao meu lado torcendo para o nosso sucesso, a minha família
em geral, ao meu Amor Januário pelo amor, companheirismo e paciência nessa longa caminhada.
Ao meu orientador Manuel Vilengalenga, por me ajudar a desenvolver o tema tao interessante, por
todo suporte , paciência e disponibilidade, meu muito obrigado.
Ao casal Harrison e Ruth e aos meus padrinhos África e Yola que sempre apostaram em mim.
As Minhas companheiras de batalha Leila Capoco, Esvalna Paulo e Joycielma Guilherme pelo que
passamos juntas enquanto estivemos na faculdade pela amizade que ficou e que vai perdurar.
Especialmente ao meu colega Fernando Quintino pela força incansável que me deu.
ii
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 1
2.2 Metodologia.............................................................................................................................. 18
2.3.4 Percepção em relação aos possíveis impactos da exploração petrolífera na pesca ........... 30
CONCLUSÕES ................................................................................................................................. 34
SUGESTÕES ..................................................................................................................................... 35
iii
APÊNDICES ...................................................................................................................................... 39
iv
LISTA DE FUGURAS
Figura 13: Audição dos pescadores antes da decisão de exploração de petróleo ............................. 29
Figura 14: Conhecimento dos impactos associados a actividade petrolífera na actividade da pesca
............................................................................................................................................................ 30
Figura 16: Percepção sobre a existência de conflitos entre a actividade petrolífera e actividade
pesqueira ............................................................................................................................................ 32
v
LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS
vi
RESUMO
vii
ABSTRACT
Oil exploration and fishing always generate controversial positions within civil society and especially
among fishermen. In this sense, the present study aimed to analyze the perception of artisanal
fishermen in Moçâmedes about oil exploration in the Namibe basin. Thus, the research focused on
the socioeconomic characterization of artisanal fishermen in the municipality of Moçâmedes,
verification of their participation in the decision-making process for oil exploration, evaluation of
their perception in relation to the possible impacts of oil exploration on their activity and verification
from the view of these, the possible conflicts between fishing activity and oil exploration. To achieve
the objectives, set, a bibliographic review and a questionnaire closed to fishermen were carried out.
In this way, it is concluded that fishing sustains millions of needy households, without specialization,
that need the activity to survive. Artisanal fishermen were not considered in the oil exploration
decision-making process, they realized through the media, however, they do not agree with the
exploration, because they claim that it could harm fishing and consequently their socio-economic
condition. They claim that the oil activity may bring conflicts between the two sectors and are aware
of the possible impacts of oil exploration on their activity. Therefore, from the point of view of
artisanal fishermen, it is not yet the opportune moment to explore oil in the Namibe basin.
viii
INTRODUÇÃO
O sector da pesca emprega uma grande quantidade de pessoas, pois é geradora de várias outras
actividades em terra, como por exemplo o transporte, armazenamento, transformação,
comercialização, construção e reparação das embarcações de pesca, construção de artes e utensílios
de pesca, etc. Além disso, de acordo com a FAO (2004), a nível mundial, a intensa exploração
marinha tem conduzido nas últimas décadas, a uma situação de crise no sector e, a província do
Namibe não foge a regra. Um outro aspecto, está relacionado com o facto de a indústria de exploração
de petróleo e gás no mar, implicar uma série de ameaças ao ambiente marinho e aos territórios
pesqueiros explorados por comunidades de pescadores, uma vez que exigem atenção diferenciada,
devido aos padrões de territorialidade e segregação espacial entre frotas e espécies capturadas, bem
como o distanciamento dos campos petrolíferos.
Exemplos observados em regiões nacionais como Cabinda e Zaire, permitem concluir que a
exploração petrolífera no mar de Moçâmedes, apesar de todos os benefícios inerentes a mesma,
constitui uma ameaça a actividade pesqueira e a todos que dela dependem. Nesse sentido, norteia este
1
trabalho, a seguinte pergunta de investigação: Qual é a percepção dos pescadores artesanais de
Moçâmedes sobre a exploração petrolífera na bacia do Namibe?
Justificativa
Relatos sobre multas astronómicas aplicadas aos pescadores por pescarem em zonas proibidas ou
reservadas à exploração petrolífera, notícias sobre a escassez de pescado em regiões como Cabinda e
Soyo, ocorrências frequentes ou ocasionais de derrames de petróleo, que deixa os pescadores muitos
dias sem irem à pesca e um elevado esforço de pesca por causa da exploração petrolífera, nestas duas
regiões de Angola e em outras latitudes, têm chegado aos pescadores da província do Namibe. Neste
sentido, face ao anúncio da exploração iminente de petróleo na bacia do Namibe, julga-se
fundamental a abordagem desta temática, uma vez que é da pesca que provém o sustento desta franja
da sociedade namibense, além do facto de em muitas comunidades a pesca ser uma actividade que
vem passando de geração a geração.
Relevância social: a pesquisa permite compreender os anseios dos pescadores artesanais sobre a
exploração petrolífera que se prevê no futuro próximo no Namibe e os resultados podem servir de
factor de pressão ao governo no sentido de melhor avaliar a necessidade de tal empreendimento, a
fim de assegurar a viabilidade económica da actividade e evitar-se situações de precariedade social
no seio das comunidades que têm a pesca artesanal como o único meio de sustento.
Relevância científica: a abordagem deste tema contribui para a protecção dos recursos pesqueiros e
seu habitat e promover uma administração local dinâmica, de acordo com os princípios do direito de
acesso aos recursos pesqueiros.
Objectivo geral
Analisar a percepção dos pescadores artesanais de Moçâmedes sobre a exploração petrolífera na bacia
do Namibe.
Objectivos específicos
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Efectuar o levantamento socioeconómico dos pescadores artesanais do município de
Moçâmedes.
Verificar a participação dos pescadores artesanais no processo decisório de exploração
petrolífera.
Avaliar a percepção dos pescadores artesanais em relação aos possíveis impactos da
exploração petrolífera na sua actividade.
Averiguar a partir da visão dos pescadores, os possíveis conflitos entre a actividade pesqueira
e a exploração petrolífera.
Objecto de estudo
Formulou-se como objecto de estudo a percepção dos pescadores artesanais de Moçâmedes ante a
exploração petrolífera na bacia do Namibe.
Hipóteses
Hipótese nula: os pescadores artesanais de Moçâmedes, não concordam ou estão receosos com a
exploração petrolífera local. Pois estão cientes dos impactos negativos e dos conflitos que este
empreendimento trará para a sua actividade pesqueira, porque a têm como o seu único meio de
sobrevivência.
Estrutura do trabalho
Além da presente introdução, este trabalho é constituído por dois capítulos. No primeiro capítulo
Fundamentação teórica da investigação, aborda-se um breve panorama da actividade pesqueira e
petrolífera em Angola e uma visão geral das fases de exploração de petróleo e os impactos inerentes.
No segundo capítulo, são apresentados a caracterização da zona de estudo, os procedimentos
metodológicos, assim como os resultados obtidos, a respectiva análise e discussão. Finalmente, estão
as conclusões do trabalho, as sugestões e as referências bibliográficas.
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CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA INVESTIGAÇÃO
Neste capítulo são abordados os aspectos que constituem a base teórico-científica da presente
investigação. De entre outros, realça-se o panorama da actividade pesqueira em Angola e sua
contribuição para o desenvolvimento económico e social, as fases de exploração petrolífera offshore
e seus impactos na actividade pesqueira assim como a exploração petrolífera em Angola e seu
contributo na socioeconómica nacional.
Angola (figura 1) situa-se na costa central Oeste do continente africano (África austral), tem uma
linha costeira de 1650 km, entre as latitudes S 06º 00’ (foz do rio Congo) e S 17º 25’ (foz do rio
Cunene), e entre as latitudes S 05º 47’ (costa de Cabinda). Limita-se a Norte com a República do
Congo e a República democrática do Congo, a Sul com a República da Namíbia, a Este com a Zâmbia
e a Oeste com o Oceano Atlântico. A plataforma continental ocupa uma área de 51.000 Km2, a zona
económica exclusiva (ZEE) é de 200 milhas náuticas, cobrindo uma área de 330.000 Km2. A
batimetria da costa é caracterizada por uma plataforma continental que varia em profundidade. A
quebra da plataforma continental ocorre em profundidades de 30-40 km da costa e a 100-200 metros
de profundidade. A partir dessa profundidade, o leito descai para 5.000 metros da bacia angolana, a
mais de 2000 km da costa (Morais, Torres, e Martins, 2006).
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Os habitats marinhos e costeiros são bastante diversificados incluindo zonas de oceano aberto, ilhas,
baías, estuários, mangais, lagunas, praias arenosas e rochosas de pouca profundidade. Estes
ecossistemas constituem-se de grande importância para diversas espécies com valor económico e
ecológico que, pela sua raridade e singularidade, têm necessidades de protecção especial (Morais et
al, 2006).
Zona Norte, (Cabinda até Luanda), ou seja a partir da linha do azimute 235° medida desde a
baliza A com as coordenadas 05° 1’ 36,29” de latitude, até ao Cabo Ledo, no paralelo 09° 40’
53,33” de latitude;
Zona Centro, (Luanda até Benguela), limitada entre o Farol de Cabo Ledo no paralelo 09° 40’
53,33’’ de latitude e a foz do rio Coporolo, no paralelo 12° 55’ 56,67” de latitude; e
Zona Sul, (Benguela até Namibe), limitada entre o paralelo que vai da foz do rio Coporolo na
latitude 12° 55’ 56, 67’’ e o paralelo 17° 15’ 00, 00’’ de latitude, na foz do rio Cunene.
A actividade pesqueira realiza-se com maior enfoque na região sul. A costa de Angola é muito rica
em pequenos pelágicos, representando 80% do total das capturas desembarcadas. As principais são:
o carapau do Cunene (Trachurus trecae), o carapau do Cabo (Trachurus capensis), a lombuda
(Sardinella aurita), a palheta (Sardinella maderensis) e a sardinha do reino (Sardinops sagax). Em
relação aos peixes demersais, de acordo com Morais et al, (2006), os grupos de maior valor comercial
são capturados principalmente entre os 100 e 300 m de profundidade
A pesca artesanal ao longo da costa angolana é permitida por lei, numa área inferior a 4 milhas
náuticas da costa. Essa actividade está sujeita a restrições nos campos petrolíferos. Tal limitação rege-
se pelas cláusulas da convenção internacional da lei do mar de 1994. Utilizam-se embarcações que
variam entre pequenos barcos a remo, canoas, chatas e embarcações costeiras motorizadas até 12 m
de comprimento. Actividades de pesca artesanal têm lugar ao longo de toda a costa. A maior parte
dos pescadores estão envolvidos no sector artesanal, que inclui mais de 4.600 embarcações de pesca
artesanal (0 -12 m de comprimento) e 35.000 pescadores artesanais, com cerca de 85.000 pessoas
envolvidas directa e indirectamente no sector.
Segundo Lopes (2004), a pesca artesanal pode ser classificada como Pesca Artesanal de Subsistência
e Pesca Artesanal Comercial ou de Pequena Escala.
A Pesca Artesanal de Subsistência “tem como principal finalidade a obtenção de alimentos para
consumo próprio. Eventualmente, há comercialização do excedente. É praticada com técnicas
rudimentares, possui pouca finalidade comercial e a eventual comercialização é realizada pelo próprio
pescador” (Lopes, 2004, p. 6).
Lopes (2004) advoga ainda que a Pesca Artesanal Comercial ou de Pequena Escala,
Combina a obtenção de alimento para consumo próprio com a finalidade comercial. Utiliza barcos de
médio porte, adquiridos em pequenos estaleiros ou construídos pelos próprios pescadores. Podem ter
propulsão mecanizada ou não. Os petrechos e insumos utilizados não possuem qualquer sofisticação.
Utilizam normalmente equipamentos básicos de navegação, em embarcações geralmente de madeira,
com estrutura capaz de produzir volumes pequenos ou médios de pescado (p. 6).
O diploma principal que regula a actividade pesqueira é a Lei n.º 6-A/04, de 8 de Outubro – Lei dos
recursos biológicos aquáticos (Lei das Pescas), que visa essencialmente estabelecer:
Política geral, princípios e critérios de acesso aos recursos biológicos aquáticos, sua
conservação, ordenamento, gestão e desenvolvimento;
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Contribuição da pesca e actividades conexas para a segurança alimentar e qualidade da
alimentação;
Contribuição dos usos múltiplos do mar e das águas continentais para o bem-estar e qualidade
de vida dos cidadãos;
A pesca é uma das actividades económicas mais importante das comunidades piscatórias. Constitui
uma das principais fontes de subsistência e rendimento das populações ribeirinhas sobrevivendo
maioritariamente da pesca artesanal (Rosa, 2013, citada por Tchiteta, 2019). O sector pesqueiro
contribui significativamente na geração de impostos e de emprego, desde a área administrativa e
institucional através das instituições que garantem a administração do sector (Centros de Investigação
Pesqueira - CIP, o Gabinete Provincial das Pescas e do Mar - GPPM, o Serviço Nacional de
Fiscalização das Pescas e Aquicultura - SNFPA e as variadas organizações de apoio ao sector), o
sector produtivo (captura, e transformação) e o sector da comercialização representado
maioritariamente pelo sexo feminino (Vanda, 2019, citada por Tchiteta, 2019).
Estima-se que a pesca comercial angolana representa cerca de 178 milhões de dólares, são cobradas
receitas direitas de pesca através de taxas de licenciamento de embarcações e do pagamento de quotas
de pesca. A maioria do peixe capturado (mais de 90%) é vendida no mercado nacional, sendo a
procura de peixe per capita elevada e não totalmente satisfeita. O sector de pesca representa uma
grande fonte de emprego para muitos angolanos (Portal Angop, 2020).
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), Angola tem a capacidade sustentável de 450 mil
toneladas anuais de pescado, mas só cerca de metade deste valor é efectivamente pescado. A indústria
pesqueira em Angola, desempenha um papel importante para a economia, através da produção e
comércio, bem como o processamento industrial, criando postos de emprego, ganho de trocas
externas, contribuindo de forma directa ou indirecta na obtenção de receitas. Importa ainda salientar
que o sector industrial pesqueiro também influencia na diversificação da economia nacional (Portal
Angop, 2020).
De acordo com Rocha (2013) na etapa inicial da cadeia produtiva do petróleo, a prospecção, além
dos sobrevoos com radares e emissores magnéticos, um dos métodos mais utilizados é a chamada
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“prospecção sísmica”, que consiste em fazer detonações ou explosões no piso do mar, cujas reflexões
pela estrutura do subsolo podem ser captadas por sensores, levando a uma interpretação ou
modelagem das rochas onde estão entranhados o óleo e o gás.
Segundo Lopes (2004), o objectivo da aquisição de dados sísmicos é mapear estruturas geológicas,
de forma a identificar as que possam vir a possuir acumulações de óleo e/ou gás em condições e
quantidades que permitam seu aproveitamento económico. No caso da sísmica marítima, as ondas
acústicas são geradas por uma fonte que libera ar comprimido à alta pressão, directamente na água.
Essas ondas acústicas atingem o fundo do mar, onde parte é reflectida, parte é refractada e uma
terceira parte é transmitida para as camadas rochosas subjacentes.
A energia reflectida é captada por hidrofones dispostos ao longo de cabos sismográficos, que são
carregados pela embarcação sísmica. Essa energia captada é convertida pelos hidrofones em sinais
eléctricos que são transmitidos para o sistema de registo e processamento, instalado a bordo do navio.
Os dados sísmicos são, dessa forma, processados através de softwares específicos e interpretados,
permitindo a localização de estruturas geológicas favoráveis a acumulações de óleo e/ou gás (Lopes,
2004).
Os navios sísmicos são equipados com grupos de canhões de ar e, na maior parte das vezes, rebocam
cabos sismográficos com comprimentos que variam entre 4 km e 16 km, ocupando uma área em torno
de 10 km² e se deslocam a uma velocidade média de 15 km/h. A actividade é realizada
ininterruptamente 24 horas por dia, com disparos realizados de forma regular em intervalos de 4 e 15
segundos. Por esses motivos, em local de aquisição de dados sísmicos, outras actividades não podem
ser desenvolvidas (Lopes, 2004).
Segundo Lopes (2004), duas modalidades de posicionamento de cabos sismográficos podem ser
utilizadas numa operação de aquisição de dados sísmicos: podem ser utilizados cabos flutuadores
(“streamers”) ou cabos de fundo (“OBC – Ocean Bottom Cable”). A primeira é utilizada, geralmente,
em águas a partir de 20 m de profundidade. A segunda modalidade, que espalha os cabos
sismográficos no fundo do mar, é empregada, normalmente, em áreas de transição (mar/terra) e em
áreas de grande actividade produtora de petróleo, onde há obstruções como plataformas que não
permitem a operação de barcos sísmicos tradicionais rebocando quilómetros de cabos. Existem, ainda,
duas técnicas de levantamento de dados sísmicos para a fase pré- perfuração: a 2D e a 3D. A técnica
de levantamento 2D é utilizada no início da exploração. A técnica 3D é utilizada na fase de detalhe
e, por isso, exige uma malha com linhas menos espaçadas do que na técnica 2D, o que acarreta um
número muito maior de trajectórias do barco sísmico. Isto torna a actividade mais intensa, podendo
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gerar a chamada “barreira sónica” (Souza, 2017). Dados sísmicos podem ser adquiridos de acordo
com duas modalidades. A primeira delas é definida como levantamento de “dados não exclusivos”.
Tais dados são considerados especulativos, pois não são justificados por nenhum objectivo específico,
e por isso, seus levantamentos denominam - se “Levantamentos Spec”. A segunda modalidade, que
é definida como aquisição de “dados exclusivos”, também pode ser chamada de sísmica proprietária
(Lopes, 2004).
Muito tem se discutido acerca dos possíveis impactos directos e indirectos da sísmica sobre a pesca.
Lopes (2004) elenca como consequências da sísmica, prejudiciais à actividade pesqueira: a restrição
de acesso às áreas de realização da actividade, os danos a petrechos dos pescadores e os impactos na
dinâmica populacional de recursos pesqueiros, conforme, a explicação a seguir:
Restrição de acesso às áreas de pesca: para que haja a aquisição de dados sísmicos marítimos, é
necessária a exclusividade de determinado espaço marítimo, enquanto durar a actividade. Isso porque
o arranjo dos cabos sísmicos pode vir a ocupar uma área em torno de 10 km de raio (no caso da sísmica
3D), e o seu deslocamento não pode acontecer com a interrupção da rota da embarcação sísmica. Desta
forma, os barcos pesqueiros que estiverem na rota devem recolher seus petrechos de pesca e se
afastarem da área.
Em situações em que a actividade sísmica ocorre em regiões utilizadas por pescadores artesanais, essa
área de exclusão temporária criada pela actividade sísmica causa mais danos socioeconómicos em
decorrência da menor mobilidade das embarcações pesqueiras (que possuem autonomia restrita à
costa) e ao facto dos pesqueiros na costa serem mais localizados. Assim, em muitos casos, limitar a
área de pesca na costa pode significar, temporariamente, a diminuição ou o fim da fonte de renda e de
subsistência de algumas comunidades.
No caso de levantamentos sísmicos em áreas oceânicas que são frequentadas por frotas pesqueiras
industriais, a redução da área de pesca afecta, principalmente, a captura de espécies que eventualmente
estejam se concentrando nessa região. Porém, as frotas que actuam em áreas oceânicas possuem maior
mobilidade para procurar outros recursos, além do facto de que em águas mais profundas os recursos
pesqueiros se distribuem mais amplamente.
Danos a petrechos de pesca: esses danos são causados por colisão entre cabos sismográficos ou
embarcações sísmicas com petrechos de pesca deixados na área, quando as actividades de pesca e de
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sísmica insistem em conviver no mesmo espaço marítimo. Quando isso ocorre, duas situações podem
acontecer em seguida, isoladas ou conjuntamente: a perda do petrecho e/ou danos nos cabos
sismográficos (o que pode causar vazamentos de fluido de flutuação que se localiza no interior destes
cabos).
Engas et al. (1993, citado por Souza, 2017) relatam que o período e o tempo para que se haja a
normalidade na actividade pesqueira depende da sazonalidade, localidade, duração da actividade
sísmica, disponibilidade de alimentos e se a espécie em questão é migratória. Em seus estudos foi
constatado que há impactos em taxas de pesca e que ocorrem modificações no curto prazo.
Segundo Rocha (2013), a actividade de perfuração marítima é a segunda etapa na busca pelo petróleo.
Lopes (2004) afirma que para se perfurar um poço marítimo, utiliza- se uma sonda de perfuração, que
pode se localizar tanto numa plataforma como num navio. Para facilitar o processo de perfuração é
utilizado um fluido, também chamado de lama de perfuração, que além de lubrificar a broca,
diminuindo o seu desgaste, ajuda a manter a estabilidade do poço ao exercer a pressão nas paredes
deste, evitando o seu desmoronamento. Além disso, a lama de perfuração ao circular entre o poço e
a plataforma, propicia a retirada dos cascalhos gerados na superfície, de forma a permitir a
continuidade da perfuração.
Lopes (2004) advoga que os impactos referentes à pesca causados pela perfuração marítima de um
poço exploratório, podem ser:
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No entanto, não existem provas concretas de que ruídos oriundos de fontes não explosivas tenham
efeito letal em peixes adultos. Os efeitos observados têm sido mais de carácter comportamental, como
por exemplo, os relacionados à dispersão de cardumes e à alteração dos hábitos alimentares desses
animais. Em verdade, a questão de maior importância referente aos conflitos entre ruídos provocados
pelas actividades de perfuração e a indústria pesqueira diz respeito às alterações comportamentais dos
peixes e não propriamente nos recursos pesqueiros. O factor de atracção representado pelas unidades
de perfuração, consequência do lançamento de esgoto e de restos de alimentos, pode compensar o
efeito dispersivo dos peixes. É gerado com isso, entretanto, um novo conflito entre a actividade
pesqueira e a de perfuração, já que é delimitado no entorno do local de actividade uma área de
exclusão (Souza, 2017).
1.2.3 Produção
Plataformas funcionam como atractores para peixes de grande valor comercial e também
atraem pescado para áreas de exclusão à pesca via cadeia alimentar.
Ruído.
Ribeiro et al., (2010, citado por Souza, 2017) defendem que acidentes como é o caso de derramamento
de óleo que compromete a existência de uma série de seres vivos, assim como a parte do óleo que se
espalha pela superfície da água forma uma camada fina que diminui a passagem da luz e prejudica o
processo de fotossíntese realizado pelas algas marinhas.
Clark (1992, citado por Souza, 2017, p. 19) adverte que o nível de impacto em decorrência de
presença de óleo em organismos estuarinos e marinhos depende de factores tais como:
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Quantidade e composição do óleo;
A duração da exposição;
Depreende-se assim que os impactos negativos provocados pela presença de óleo na água são
inúmeros.
Na visão de Silva (2003) dependendo do tipo de óleo e a capacidade de depuração do local atingido,
os hidrocarbonetos perseveram por anos gerando diversos outros impactos.
Prost (2005) é de opinião que o risco de derramamento de petróleo caso venha a ocorrer, prejudicará
milhares de pescadores que dependem do uso de recursos naturais para sua reprodução social que
vivem ao longo de corpos aquáticos que servirá de via de transporte de óleo e derivados.
Segundo (Dufech, 2009, citado por Souza, 2017), a ictiofauna é considerada um excelente indicador
da qualidade do ambiente. Serve não só para avaliar os efeitos de diversos tipos de agentes poluidores
sobre os recursos pesqueiros, como um impacto específico sobre uma única espécie. Os peixes podem
responder tanto a efeitos directos de contaminantes quanto efeitos secundários causados pelo stress,
o que sem dúvidas será importantíssimo para mitigar possíveis impactos gerados por essa actividade.
Para Velho (2015) é fulcral que as empresas petrolíferas tenham como principal objectivo as acções
de prevenção e controlo da poluição resultantes das actividades petrolíferas que apresentem altos
riscos para a saúde e ambiente assim como, a protecção das águas, do solo e do ar contra a poluição
causada por derrames e descargas operacionais de hidrocarbonetos e outros produtos.
O assunto sobre o impacto da exploração petrolífera é bastante controverso, pois há, porém, quem
discorde. Por exemplo Oliveira (2003) defende que, não há qualquer evidência de que a intensa
actividade no mar causada pela indústria do petróleo cause a diminuição dos stocks de peixes. Para
ele, o maior problema da crise que afecta o sector continua sendo a sobrepesca. Entretanto um estudo
realizado por Sevá (2012) revela que a cidade de Macaé no estado do Rio de Janeiro, antes da
actividade petrolífera era um do mais importante centro pesqueiro, tais condições foram se perdendo
com o aumento das dificuldades para a pesca costeira e para o acesso aos pesqueiros tradicionais na
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plataforma continental, as dificuldades foram provocadas principalmente pelas consequências
ambientais e económicas do surto petrolífero regional.
Segundo Walter (2007), o conhecimento da existência de petróleo em Angola é de longa data. Silva,
(2016) advoga que, o início da produção comercial acontece em 1955, após 45 anos do início da
actividade de pesquisa pertencente à Missão de Pesquisa de Petróleo, Petrofina, responsável por
descobrir em 1955 um pequeno jazigo a que deu o nome de Benfica. No entanto, a ascensão de
Angola ao lugar de relevo que hoje ocupa como produtor, não só a nível do continente africano mas
também a nível mundial, começou mais precisamente em 1966, quando após vários anos de insucesso
no onshore de Cabinda a Cabinda Gulf Oil Company, efectuou nos finais de 1966 a descoberta dos
importantes jazigos de Limba e Malongo no offshore da mesma área.
Segundo Silva (2016), a área no offshore angolano está dividido em 76 blocos, dos quais 35 estão
activos, e o Bloco 0 e o 15 compõem a maioria da produção petrolífera angolana, e os espaços para
exploração “blocos” têm uma dimensão standard de 5.000 Km2 (Ganga, 2019).
Segundo Ganga (2019), as principais empresas estrangeiras do sector petrolífero são as companhias
norte-americanas (Chevron Texaco e Conexo Móbil), a francesa (Total), a britânica (British
Petroleum), a anglo-holandesa (Shell), italiana (ENI), a brasileira (Petrobrás) e a portuguesa (Galp),
Somoil, PlusPetrol, e estão disponíveis em concessão por período que varia de 5 a 20 anos.
Velho (2015) salienta que a supervisão das actividades petrolíferas, é da competência do Ministério
dos Recursos Minerais e Petróleos que inclui entre as suas atribuições a missão de coordenar,
supervisionar, fiscalizar e controlar as actividades no sector dos petróleos. Nesta senda, cabe ao órgão
a implementação de políticas ambientais no sector petrolífero.
Segundo (Hodges, 2002, citado por Ganga, 2019), o sector petrolífero desempenha o papel
preponderante na economia angolana, contribuindo de forma significativa para o crescimento e
estabilidade económica do país, assim como é o principal e mais importante fonte de receitas (80%
da receita fiscal) da elaboração do orçamento anual geral do Estado. O petróleo destaca-se na
economia Angolana como parte significativa do PIB (produto interno bruto), pois representando 97%
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das exportações na economia Angolana. Ou seja, maior parte do crescimento do PIB angolano dos
últimos anos tem a ver principalmente com o aumento da produção de petróleo aliada ao preço alto
desta commodity (Almeida, 2011 citado por Ganga, 2019). Portanto, o sector petrolífero é o sector
principal na reconstrução e desenvolvimento do país.
O papel da indústria petrolífera tem vindo a assumir cada vez mais responsabilidades nos sectores
sociais, por vias de assistência directa às populações mais carenciadas com financiamento de
projectos sociais no âmbito da responsabilidade das empresas no sector petrolífero angolano (Walter,
2007). O autor ainda salienta que a melhoria da rede de estradas permite um melhor acesso aos
mercados e reduz os custos, facilitando a mobilidade e comunicação, em particular para as
comunidades que habitam em áreas rurais que dependem da agricultura. O abastecimento de água,
saneamento e energia são essenciais para o desenvolvimento do capital humano e para o aumento da
produção nacional, a construção de habitação social permite alojar e realojar as famílias que vivem
em condições precárias, dando-lhes as condições necessárias para terem uma vida melhor e condigna
(Ganga, 2019).
A baixa dos preços do petróleo levou a grandes cortes em despesas, incluindo a eliminação virtual de
doações de combustível, o cancelamento de despesas de capital e uma redução nas aquisições de bens
e serviços. No entanto, Angola tem acesso a recursos financeiros significativos através de acordos e
empréstimos bilaterais. A China prometeu mais de US$ 20 bilhões para financiar o desenvolvimento
e o comércio de infra-estrutura no país, e já proporcionou a Angola uma estimativa de US$ 12 bilhões
em empréstimos respaldados pelo petróleo (IFAD, 2018).
Segundo a IFAD (2018), fruto da “Petro-dependência”, no início de julho de 2017, Angola foi
reclassificada e baixou para a categoria de país de renda média baixa (Lower-MIC), com base na
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diminuição das receitas públicas do petróleo. Isso demonstra a necessidade de se começar a olhar
para outros recursos além do petróleo.
A vulnerabilidade e a pobreza foram registadas como particularmente altas nas províncias do Sul.
Angola ficou aquém de alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio em 2015 e, até 2017,
ainda estava na categoria de país com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) Baixo. Um dos
principais factores que afectam o nível do IDH em Angola é o nível de desigualdade social no país,
que tem crescido ao longo do tempo.
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CAPÍTULO II: METODOLOGIA, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo apresenta uma breve caracterização da zona em estudo, todos os procedimentos
metodológicos seguidos para a realização desta investigação, os resultados obtidos e a respectiva
análise e/ou discussão com base na literatura especializada.
Namibe (figura 2) é uma província do litoral sul de Angola com uma extensão territorial de 57.091
km2, localiza-se entre os paralelos 15º 11’ 45” S e 12º 9’ 7” E. É limitada à Oeste pelo Oceano
Atlântico, à Norte pela província de Benguela, a Este pela província da Huíla e a Sul pelo rio Cunene
e a República da Namíbia. É composta por 5 municípios, nomeadamente Moçâmedes (sede),
Tômbwa, Bibala, Camucuio e Virei. Destes, apenas Moçâmedes e Tômbwa são litorâneos. Namibe é
um dos principais centros piscatórios do país, pois ao longo dos seus 480 km de extensão marítima,
encontram-se uma variedade e diversidade de recursos pesqueiros. O clima é desértico em toda a
extensão do deserto (prolongando-se até à República da Namíbia), semi-árido, nas zonas de menor
altitude (Caraculo), temperado húmido ao longo do litoral, com variações entre os 15º C e os 32º C e
tropical de altitude, nas zonas limítrofes com a província da Huíla (Saquenha, 2015). A província tem
duas estações, a das chuvas (Outubro- Abril) e a estação seca nos restantes meses.
A pesca constitui a principal actividade económica da província e por esta razão encontra-se dividida
em 3 zonas pesqueiras:
Zona Centro com sede em Moçâmedes; fazem parte as comunidades piscatórias de Porto
Pesqueiro, Baía das pipas, Saco-mar, Baba, Praia Azul e Praia Amelia; e
Zona Sul com sede no Tômbwa integra as zonas piscatórias de Tômbwa sede das Salinas,
Pinda, Paiva, Cafunfo e Fundão).
De acordo com o Gabinete Provincial das Pescas, no ano de 2018 o sector da pesca proporcionou
6026 postos de trabalho directos, sendo 3453 marinheiros ou pescadores e 2573 em terra.
Destes,44,71 % são da pesca artesanal, 33,4% da pesca industrial e 21,9% da pesca semi-industrial.
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Figura 2 : Mapa da província do Namibe e respectivos blocos de petróleo.
Como se pode observar na figura 2, os blocos da província do Namibe são: Bloco 11, 12, 13, 27, 28,
29, 41, 42 e 43, conforme a descrição a seguir.
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O Bloco 11 está localizado a Oeste de Angola, precisamente na Bacia marítima do Namibe,
em águas rasas e com uma lâmina de água que varia entre 0 e 450 m e uma cobertura total de
aproximadamente 5.074,00 Km2.
O Bloco 12 está localizado a Oeste de Angola na Bacia marítima do Namibe, em águas rasas
com uma lâmina de água que varia entre 0 e 450 m e uma cobertura total de aproximadamente
4.218,94 Km2.
O Bloco 13 está localizado a Oeste de Angola na Bacia marítima do Namibe, em águas rasas
com uma lâmina de água que varia entre 0 e 450 m e uma cobertura total de aproximadamente
4.513,31 Km2.
O Bloco 41 está localizado a oeste de Angola na Bacia marítima do Namibe em águas ultras
profundas com uma lâmina de água que varia entre 1.850m e 3.400m e uma cobertura total
de aproximadamente 6.775,30 Km2.
O Bloco 42 está localizado a oeste de Angola na Bacia marítima do Namibe em águas ultras
profundas com uma lâmina de água que varia entre 2.200 m a 3.500 m e uma cobertura total
de aproximadamente 7.511,61 Km2.
O Bloco 43 está localizado a oeste de Angola na Bacia marítima do Namibe em águas ultras
profundas com uma lâmina de água que varia entre 2.650 m e 3.350 m e uma cobertura total
de aproximadamente 7.067,12 Km2.
2.2 Metodologia
De acordo com Marconi e Lakatos (2003) os tipos de pesquisa são classificados sob o ponto de vista
de seus objectivos, forma de abordagem e sob o ponto de vista dos procedimentos técnicos utilizados.
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2.2.1 Tipo de pesquisa
O presente trabalho, do ponto de vista dos objectivos, é uma pesquisa descritiva e exploratória. Para
Cervo, Bervian e da Silva (2007, p.61, 79), a pesquisa descritiva ocorre “quando se regista, analisa e
correlaciona factos ou fenómenos, sem manipulá-los”. Ao passo que a pesquisa exploratória, é aquela
que “não requer a formulação de hipóteses para serem testadas, ela se restringe por definir objectivos
e buscar mais informações sobre determinado assunto de estudo”.
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, é uma pesquisa bibliográfica e estudo de caso.
Segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 52) “as pesquisas bibliográficas são elaboradas a partir de um
material já publicado constituído por livros, revistas, artigos científicos, monografias, jornais, boletins
e teses com o objectivo de colocar o pesquisador em contacto directo com todo material já escrito.”
Ao passo que o estudo de caso, desenvolve-se na exploração intensiva de uma simples unidade de
estudo, onde se salienta a finalidade de descrever de modo preciso os comportamentos de uma
população amostra, onde a mesma será o centro da atenção da investigação (Freixo, 2012).
Quanto a forma de abordagem, o presente trabalho é uma pesquisa com enfoque quantitativo.
2.2.2 Métodos
Para Silva e Menezes (2005, p. 20), “o método científico é o conjunto de processos ou operações
mentais que se devem empregar na investigação”. Assim, para a realização da pesquisa foram
utilizados métodos do nível teórico e do nível empírico.
Questionário: com este método fez-se a obtenção do ponto de vista dos pescadores artesanais.
Cálculo percentual: com este método processou-se e quantificou-se os resultados dos dados
obtidos.
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opinião de pelo menos 60 indivíduos, ou seja, amostra por acessibilidade, por causa da pouca
disponibilidade e aceitação dos pescadores. (Prodanov e Freitas, 2013).
Para a recolha de dados utilizou-se um inquérito por questionário (ver apêndice A e B) fechado
dividido em 5 (cinco) blocos: o primeiro é dedicado aos dados sociodemográficos, composto por seis
(6) questões. O segundo com cinco (5) questões aborda o ponto de vista sobre a exploração petrolífera.
O terceiro com três (3) questões, a participação no processo decisório. O quarto com duas (2)
questões, a percepção em relação aos possíveis impactos da exploração petrolífera na pesca e
finalmente o quinto, com três (3) questões, possíveis conflitos entre a actividade pesqueira e a
exploração petrolífera.
A aplicação do inquérito obedeceu aos critérios da amostragem aleatória simples e casual. A análise
dos dados recolhidos realizou-se no programa Microsoft Excel, o que permitiu a construção de
gráficos para possibilitar maior análise e discussão.
Neste tópico são apresentados os resultados obtidos com a aplicação do questionário aos pescadores
artesanais de Moçâmedes.
Quanto a faixa-etária, a figura 3 ilustra que 26,6%, dos inquiridos têm idades compreendidas entre os
18 e 24 anos de idade, 25% tem idades entre 30 e 39 ao passo que 21, 6% detêm idades entre os 25 e
29 anos. Este cenário demonstra que a maior parte da população que se dedica a pesca artesanal no
município de Moçâmedes é jovem, com aspirações e projectos de vida centrado na actividade
pesqueira. Importa ainda realçar que quanto ao género, a pesquisa revelou que a pesca artesanal é
uma actividade de exclusividade masculina. Embora a presença da mulher é fortemente notada no elo
comercial da cadeia produtiva deste segmento da pesca.
20
Figura 3 : Faixa etária dos pescadores artesanais inquiridos
No que diz respeito as habilitações literárias dos pescadores artesanais inquiridos, a figura 4 revela
que o I Ciclo completo, é o nível académico que mais predomina correspondendo 18,3%. Destaca-se
também o facto de 17% dos pescadores inquiridos não possuírem escolaridade e 16,6% estarem a
frequentar o I ciclo.
21
O panorama na figura 4 revela que actividade pesqueira artesanal se constitui numa das poucas
alternativas que esta franja da sociedade tem para tirar o sustento das suas famílias, em função da
pouca escolaridade que têm, uma vez que outros sectores de empregabilidade exige uma mão-de-obra
mais qualificada. Logo, é fundamental que o Executivo crie ou incentive oportunidades para estes.
No que se refere ao tempo que se dedicam a actividade pesqueira artesanal, a figura 5 espelha que
33,3% dos inquiridos está neste segmento da pesca entre um 1-5 anos, 20,4% entre 6-10 anos e 18,
3% há mais de 20 anos.
33,3%
%
20,4% 18,3%
15,4% 13,7%
Face ao exposto na figura 5, infere-se que a actividade pesqueira artesanal é de facto a base da
economia de muitas famílias no município de Moçâmedes, uma vez que somando as percentagens,
percebe-se que a maior parte, ou seja, cerca de 70% está neste segmento há mais de 10 anos. Portanto,
a pesca artesanal é uma fonte de renda, emprego, proteína animal, combate a fome e a pobreza e uma
forma de muitos indivíduos inserirem-se no meio social.
Procurou-se averiguar se os pescadores artesanais tinham outra ocupação além da pesca. A figura 6
demonstra que 55% dos inquiridos afirmam que têm a pesca como a sua única e exclusiva actividade
para o sustento das suas famílias ao passo que 45% asseveram que se dedicam a outra actividade além
da pesca.
22
Tem outra ocupação além da pesca ?
55%
45%
Sim Não
Nesta senda, os dados confirmam que a maior parte dos pescadores dependem exclusivamente da
indústria pesqueira, isto é, da pesca artesanal para a sobrevivência das suas famílias. Deste modo a
pesca artesanal constitui-se num instrumento de combate ao desemprego e talvez de delinquência.
Quanto a composição dos agregados familiares que dependem directamente da pesca, a figura 7
espelha que 48,2% dos pescadores inquiridos sustentam mais de cinco membros, 23,2% garantem o
sustento de cinco membros e 21,6% utilizam a sua renda mensal para sustentar quatro (4) membros.
48,2%
21,6% 23,2%
1,6% 5,0%
23
Logo, depreende-se que os pescadores artesanais são responsáveis pelo sustento de um número
elevado de pessoas que compõe as suas famílias. Segundo o presidente da Associação Provincial de
Pesca Artesanal, cerca de 21.000 famílias dependem da pesca artesanal, sinónimo de que é crucial a
manutenção deste segmento da pesca como garante de sobrevivência de muitas famílias, que se não
fosse a pesca passariam fome. Portanto, o segmento da pesca artesanal apresenta, em sua grande
maioria, comunidades de baixa renda, o que dificulta o diálogo com órgão de tutela dos petróleos.
98%
2%
Sim Não
O cenário exposto na figura 8, é positivo, pois a percentagem de pescadores artesanais que afirmam
terem domínio da informação sobre a provável exploração de petróleo no Namibe é bastante
considerável.
24
comunicação social, como rádio, Tv e jornais ao passo que 5% aperceberam-se através do Gabinete
Provincial das Pescas.
5%
0%
Através da Através do Gabinete Através do
comunicação social Provincial das Ministério dos
(Rádio, TV e Pescas Petróleos
Jornais)
O exposto na figura 9, abre espaço para concluir que o Ministério dos Petróleos por meio da Agência
Nacional para o Petróleo e Gás, não informou devidamente aqueles que podem sofrer com as
consequências da exploração petrolífera no Namibe.
Logo, recorre-se a França (2006) que alerta que uma das dificuldades para a protecção dos ambientes
naturais está na existência de diferenças nas percepções dos valores e da importância dos mesmos
entre os indivíduos de culturas diferentes ou de grupos socioeconómicos que desempenham funções
distintas, no plano social, nesses ambientes.
25
Concordas com a exploração de petróleo ?
80%
20%
Sim Não
5%
26
Percebe-se assim que os pescadores artesanais possuem a percepção de que o sector pesqueiro será
afectado pela actividade petrolífera nas fases de exploração e produção o qual poderá influenciar na
dinâmica pesqueira de forma conjunta ou individual podendo modificar a actividade e
consequentemente a sua condição socioeconómica.
Na fase de aquisição de dados sísmicos, há restrição do espaço da pesca, sobrando muito pouco espaço
para o desenvolvimento da actividade pesqueira. No caso de o pescador insistir em usufruir o espaço
ocupado pela sísmica, podem ocorrer danos aos seus petrechos de pesca, pelo contacto destes com as
embarcações e com os cabos sismográficos. Em virtude de os pescadores artesanais empregarem, em
sua maioria, métodos primitivos de pesca, seus frágeis equipamentos são mais susceptíveis a danos do
que os equipamentos mais robustos e resistentes dos pescadores de porte industrial. Além disso, a
actividade sísmica pode causar impacto na dinâmica populacional dos recursos pesqueiros pela
formação de uma “barreira sónica” que pode impedir que peixes tenham acesso a seus locais de desova
e por seus impactos sobre o plâncton em áreas de desova e de concentração de larvas. Já em relação à
fase de perfuração, os principais impactos ambientais estão ligados a potenciais vazamentos (os
chamados blowouts) que possam vir a acontecer, quando a pressão do gás dentro do poço que está
sendo perfurado força repentinamente o óleo para fora. Ocorrendo um blowout, ou o derramamento
de qualquer outro produto, com certeza a população de recursos pesqueiros seria seriamente impactada
(pp. 34,36).
Portanto, tais danos são causados principalmente à actividade pesqueira artesanal, já que a pesca
industrial, possui maior mobilidade, tendo, por isso, mais possibilidades de actuação. Isso significa
que os impactos da exploração do petróleo representam para os pescadores a destruição de sua fonte
natural de alimentos, reduzem seu ganho económico e, por conseguinte, compromete as condições de
existência.
Não obstante os pescadores que não concordam com a exploração do petróleo no Namibe, ainda
existe uma minoria que concorda com a exploração. Conforme figura 12 ilustra, 15% dos pescadores
artesanais inquiridos advogam que concordam porque proporcionará mais emprego, ao passo que 5%
alegam que vai melhorar a província do Namibe.
27
Porquê concordas com a exploração?
15%
5%
Este posicionamento não é errado. Entretanto, para esta franja, estes aspectos não se reflectirá nas
suas vidas de forma directa, uma vez que o sector petrolífero exige mão-de-obra altamente
qualificada, até para serviços mínimos e conexos.
Nesta secção apresenta-se o nível de participação dos pescadores artesanais no processo de tomada
de decisão quanto a exploração de petróleo no Namibe.
A figura 13 aponta 63% dos pescadores artesanais inquiridos, alegam que não foram ouvidos antes
do Executivo decidir explorar petróleo na bacia do Namibe, 25% dos inquiridos não conseguem
informar se tal desiderato aconteceu, ao passo que 12% alegam que foram ouvidos.
28
Os pescadores foram ouvidos antes de o Governador
decidir explorar o petróleo no Namibe?
63%
25%
12%
O panorama exposto na figura 13, é preocupante porque faz parte dos princípios de boa governação
a recolha e a consideração da opinião dos pescadores, sobretudo os da pesca artesanal a fim de que o
Governo possa saber o ponto de vista dos actores principais da pesca no Namibe e tomar uma decisão
que não prejudique nenhum dos lados, pois os conflitos na maior parte das vezes agravam-se na
ausência de diálogo.
Recorre-se assim a Vinha (2000) que advoga que, a negociação e a cooperação entre diferentes
interesses são as únicas formas de conferir estabilidade ao sistema social, e consequentemente ao
sistema económico.
Quando questionados aos 63% que responderam que não foram ouvidos, se consideram que o
Executivo deveria ouvir a opinião dos pescadores, 62% afirmam que era necessário que o Executivo
colhesse o seu parecer sobre a exploração do petróleo no Namibe, e somente 1% alega que não era
necessário que o Executivo colhesse o seu parecer.
Procurou-se saber dos 12% que responderam que foram ouvidos, quantos pescadores concordaram
com a exploração de petróleo no Namibe. As respostas foram: nenhum pescador. Isso demonstra mais
uma vez que a maior parte dos pescadores artesanais discordam da exploração de petróleo no Namibe.
29
2.3.4 Percepção em relação aos possíveis impactos da exploração petrolífera na pesca
A indústria de exploração de petróleo e gás no mar implica numa série de ameaças ao ambiente
marinho e aos territórios pesqueiros explorados por comunidades de pescadores, as quais necessitam
de atenção diferenciada, pois, além de formarem um dos grupos de maior vulnerabilidade social, há
padrões de territorialidade e segregação espacial entre frotas e espécies capturadas (Poos et al., 2010,
citado por Souza, 2017). Nesta perspectiva, nesta secção apresenta-se a percepção dos pescadores em
relação aos possíveis impactos da exploração petrolífera na pesca.
A figura 14 demonstra que 90% dos pescadores inquiridos conhecem alguns impactos da actividade
petrolífera na pesca, ao passo que 10% desconhecem.
10%
Sim Não
Figura 14: Conhecimento dos impactos associados a actividade petrolífera na actividade da pesca
O cenário na figura 14 é positivo e permite saber por que razão a maior parte dos pescadores
inquiridos não concordam com a exploração de petróleo na bacia do Namibe.
30
Quais os impactos que se pode esperar na pesca com a
exploração do petróleo no Namibe ?
55%
27%
8,0%
Figura 15: Impactos da exploração petrolífera na actividade pesqueira segundo os pescadores artesanais
Face ao exposto na figura 15, infere-se que a maior parte dos pescadores artesanais temem que o
sustento de suas famílias venha a desaparecer com a efectivação da exploração do petróleo no
Namibe, uma vez que a pesca depende da integridade ambiental dos ecossistemas onde é praticada.
Nesta secção apresenta-se a percepção dos pescadores artesanais sobre os possíveis conflitos entre a
actividade pesqueira e a exploração petrolífera.
Conforme ilustrado na figura 15, 85% dos pescadores inquiridos julgam que a actividade petrolífera
poderá trazer conflitos entre os dois sectores, 12% defendem que não haverá conflitos entre as duas
actividades e 3% desconhecem.
31
Achas que poderá existir conflitos entre a actividade da pesca e a
exploração petrolífera ?
85%
12%
3,00%
Figura 16: Percepção sobre a existência de conflitos entre a actividade petrolífera e actividade pesqueira
Quando solicitados que mencionassem alguns conflitos, a figura 17 ilustra que dos 85% dos
pescadores artesanais que acham que a exploração do petróleo poderá trazer conflitos entre as duas
actividades, 45% advogam que haverá incumprimento de áreas restritas, ao passo que 40% alegam
que haverá problemas na movimentação dos barcos.
45%
40%
Figura 17: Conflitos entre as duas actividades segundo os pescadores. Fonte: resultado da pesquisa
32
Logo, percebe-se que os pescadores temem que a possível exploração do petróleo no Namibe traga
conflitos. Este parecer dos pescadores corrobora com Lopes (2004) quando afirma que,
grosso modo, o conflito diz respeito à restrição do espaço que as actividades de sísmica e de perfuração
impõe à actividade pesqueira, sob a alegação de representar uma medida de segurança. Contudo, em
geral, os pescadores não obedecem os limites, avançando sob a área de risco (p. 37).
Quanto a aqueles de defendem que a exploração petrolífera não trará conflitos entre as duas
actividades, apresentam como justificativas o cenário descrito na figura 18.
14% 13%
12%
10%
8%
6%
4%
2%
2%
0%
Basta que cada parte Por causa das
cumpra a sua função distancias entre as
áreas
33
CONCLUSÕES
A maior parte dos pescadores artesanais têm pouca escolaridade, está neste segmento há mais
de 10 anos, depende exclusivamente deste segmento para a sobrevivência das suas famílias,
cujos agregados ultrapassa os 5 (cinco) elementos, sendo portanto, a pesca artesanal a base da
economia de muitas famílias no município, fonte de emprego para mão-de-obra pouco
qualificada, combate a fome e a pobreza e uma forma de muitos indivíduos inserirem-se no
meio social. Ou seja, a pesca não movimenta fortunas como o ouro negro, mas sustenta muitas
famílias carentes, sem especialização, que precisam da actividade para sobreviver.
Os pescadores artesanais estão cientes dos possíveis impactos da exploração petrolífera na sua
actividade e temem que o sustento de suas famílias venha a desaparecer com a efectivação da
exploração do petróleo no Namibe, uma vez que a pesca depende da integridade ambiental
dos ecossistemas onde é praticada.
De cordo com a visão dos pescadores, a actividade petrolífera poderá trazer conflitos entre os
dois sectores, sendo os principais o incumprimento de áreas restritas e problemas na
movimentação das embarcações. Portanto, do ponto de vista dos pescadores artesanais ainda
não é o momento oportuno para se explorar o petróleo na bacia do Namibe.
Confirma-se a hipótese nula, ou seja, os pescadores artesanais de Moçâmedes, não concordam
ou estão receosos com a exploração petrolífera local. Pois estão cientes dos impactos
negativos e dos conflitos que este empreendimento trará para a sua actividade pesqueira,
porque a têm como o seu único meio de sobrevivência.
34
SUGESTÕES
Diversificar a economia, de modo que se aposte nas actividades como, a pesca, a agricultura,
o turismo e outros sectores da actividade produtiva, do que insistir no petróleo como única via
para robustecer a economia nacional, uma vez que a sua cotação vai baixando cada vez mais
no mercado internacional;
o Adoptar um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) rigoroso de modo que não possa
prejudicar o sector pesqueiro;
o Que haja uma efectiva responsabilidade social por parte das empresas petrolíferas no
sentido de criar infra-estruturas que possam facilitar a vida dos pescadores artesanais
e da população em geral;
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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36
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(Ed.) (Inédito). Rio de Janeiro: FASE: Sindipetro Caxias
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37
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Legislação:
Angola, Lei dos recursos biológicos aquáticos 2004 (6-A). Publicada no diário da república
nº 81, I série, suplemento.
Web grafia:
38
APÊNDICES
APÊNDICE A-QUESTONÁRIOS AOS PESCADORES ARTESANAIS
Sr. Pescador
O presente questionário é parte de uma investigação no âmbito da realização da monografia de
licenciatura em Biologia Marinha na Escola Superior Politécnica do Namibe e visa diagnosticar a
percepção dos pescadores artesanais sobre exploração do petróleo na bacia de Moçâmedes. O
inquérito é confidencial e anónimo. Por favor não assine. As questões servem apenas aos objectivos
do estudo.
I-DADOS BIOGRÁFICOS
Assinala com um X na caixa correspondente à sua resposta:
1. Qual é a sua faixa etária?
1. ( ) 18 á 24 anos 2.( ) 25 á 29 anos 3.( ) 30 á 39 anos 4. ( ) 40 á 49 anos
5.( ) 50 á 60 anos 6.( ) Acima de 60 anos
2.Qual é o seu género?
Masculino Feminino
3. Qual é a sua Habilitação literária?
a. ( ) Sem Escolaridade b. ( ) Ensino primário incompleto c. ( ) Ensino primário Completo
d. ( ) frequência do I ciclo e. ( ) I Ciclo Completo f. ( ) Frequência do II ciclo
g.( ) Técnico médio h. ( ) Frequência do ensino superior i. ( ) Bacharel j. ( ) Licenciado
4. Há quanto tempo é pescador?
a. ( ) 1- 5 anos b. ( ) 6 - 10 anos c. ( ) 11 - 15 anos d. ( ) 16 - 20 anos e. ( ) mais de 20 anos
5. Tem outra ocupação além da pesca?
a. ( ) Sim b. ( ) Não
6. Quantas pessoas dependem da sua renda mensal?
a. ( ) Sim b. ( ) Não
1.1. Se sim, quais o impacto que se pode esperar na pesca, com a exploração do petróleo em
Moçâmedes?
a. ( ) Sim b. ( ) Não
1.1. Se sim, quais o impacto que se pode esperar na pesca, com a exploração do petróleo em
Moçâmedes?
1. Achas que poderá existir conflitos entre a actividade da pesca e a exploração petrolífera?
a. ( ) Sim b. ( ) Não c. ( ) Não sei
1.1. Se sim, quais os conflitos que se pode esperar entre a actividade da pesca e a exploração
petrolífera?