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Brincando de inventar mundos:

a importância da narratividade na creche


To play at inventing worlds:
the importance of narrative in the creche
Solange Frid Patricio*

Resumo: As escolas de educação infantil, ou como são conhecidas, as creches, são


construções contemporâneas advindas do desenvolvimento industrial, que apontam
para outra forma de se pensarem as crianças. Essa forma, num contexto sociohistó-
rico que privilegia a massificação, por vezes, produz formas que engessam os proces-
sos criativos, comprometendo os modos inéditos de existência do ser. Na contramão
de uma prática hegemônica de subjetivação, a narratividade na creche propõe outro
modo de subjetivação, onde a relação entre criação e processos de constituição subje-
tiva está presente.
Palavras-chave: Processos criativos, narratividade, creche.

Abstract: Schools for young children, or creches, are a contemporary creation related to
industrial development which point to another way of understanding childhood. This way,
in a social-historical context which values massification, may produce molds which ham-
per the creative processes, damaging new modes of existence. In the countercurrent of an
hegemonic practice of subjectivation, narrative in the creche proposes another mode of
subjectivation, where the relationship between creation and subjective processes is present.
Keywords: Creative processes, narrative, creche.

* Psicóloga e filósofa, mestre em Psicologia Clínica Puc-Rio, membro associado ao fórum do


CPRJ, pós-graduada em Saúde Mental Infanti-juvenil IPUB-UFRJ, pós-graduada em psico-
pedagogia clínica Ceperj, pós-graduada em literatura Infanto-juvenil UFRJ, pós-graduada em
Atenção Integral à Saúde Materno-Infantil, pós-graduada em Filosofia Moderna e Contempo-
rânea UERJ, formada em Psicomotricidade Aucouturier, formada em Psicologia Biodinâmica
Cebrafapo. Atualmente trabalha na Maternidade-Escola da UFRJ como psicóloga-bolsista de
TTC/FAPERJ - UFRJ

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Introdução

Para falarmos da importância da narratividade na Educação Infantil,


historicamente nomeada de “creche”, é muito importante que possamos con-
textualizar seu espaço na contemporaneidade como um lugar de possibilida-
des e invenções. Para isso, iremos percorrer os caminhos que foram trilhados
para que tivéssemos creches como hoje.
Contemporânea à escola, a creche foi inventada no século XVIII, no iní-
cio da Revolução Industrial, a fim de servir às mulheres com filhos que foram
para o mercado de trabalho. Nessa época, o espaço creche destinava-se a cuidar
da criança enquanto seus pais trabalhavam e esse era seu objetivo principal. No
final da década de 80, houve um deslocamento importante, a creche não existia
apenas para atender às necessidades da mulher trabalhadora, mas, principal-
mente, para atender às necessidades das crianças, tendo em vista as etapas do
seu desenvolvimento. Não foi à toa que, nesse mesmo período no Brasil, foi
firmada, pela Constituição Federal de 1988, a importância do direito à educa-
ção e aos cuidados à criança de zero aos seis anos, no atendimento em creches.
Com isso, ampliou-se o conceito de cuidado e a creche foi compreendi-
da como tendo funções educativas, o que não havia ocorrido antes de 1988,
quando a educação infantil não era valorizada, nem mesmo dentro da estrutu-
ra educacional, por não oferecer um sistema de ensino. Outra mudança, desta
vez, em sintonia com o ECA em 1988, foi a concepção de criança como “pes-
soa em condição peculiar de desenvolvimento”, como sujeito de direitos, le-
vando-se em conta a idade, o grau de desenvolvimento físico e mental e a ca-
pacidade de autonomia e discernimento.
Não é de surpreender que, em meados dos anos 90, a creche tomou ou-
tros rumos, pois além de integrar a ideia de cuidar com a de educar, criaram-se
projetos pedagógicos estruturados em conformidade com a lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional de 1996. Sendo uma inovação nessa área, a Lei no.
9.394/ 96 proclama, no artigo 29: “A educação infantil, primeira etapa da edu-
cação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até
os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da escola”.
Em constante transformação, a creche, nos dias de hoje, não se ocupa
apenas de cuidar das crianças de mulheres trabalhadoras, mas pretende con-
tribuir para o desenvolvimento integral da criança junto a suas famílias. Nesse
contexto dinâmico e criativo, a creche tornou-se um lugar especializado em

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crianças pequenas e a brincadeira de outrora, que servia para passar o tempo,


na atualidade, é compreendida como experiência cultural e de extrema impor-
tância para o desenvolvimento saudável da criança.

Creche: um outro lugar para a narratividade

Tendo em vista esses aspectos, a creche, na atualidade, desempenha dife-


rentes funções, tanto no âmbito educacional como na produção de conhecimen-
tos. Sendo assim, em meio aos cuidados físicos, psíquicos e à socialização, dá-se
atenção à narratividade das cuidadoras nesse processo diário. Tendo em vista que
proporcionar um espaço de narratividade confere sentido às experiências viven-
ciadas pela criança. Assim, a criança pequena teria, além da sua casa, suposta-
mente, outro lugar seguro para expressar suas angústias, seus conflitos, suas difi-
culdades, suas experiências; mas para isso, faz-se necessário um cuidador atento.
Nesse sentido, a narratividade vem ocupar um lugar central no espaço da educa-
ção infantil ao ser reconhecida como um importante ordenador dos processos de
ligação, possibilitando que nos conectemos com o mundo (Stern, 1997) dando
sentido e significado às impressões sensoriais e emocionais e aos aspectos expres-
sivos da comunicação da criança. Dessa maneira, a narrativa nos faz adquirir,
desde pequeninos, a voz de nossa cultura (Invernizzi; Abouzeid, 1995:1).
Essa experiência, que é iniciada na relação mãe-bebê, faz-se presente no
espaço da educação infantil, quando a cuidadora transforma seu monólogo
verbal em diálogo imaginário, supondo assim uma resposta imaginária do
bebê, o que será favorável a um diálogo futuro. Essa dinâmica é possível por
meio de um bebê que convoca a cuidadora, potencializando as suas “capacida-
des maternas” e mostrando suas competências enquanto bebê, através da capa-
cidade motora, ao alcançar um objeto que esteja no seu campo de visão, por
exemplo, e das modificações da mímica facial diante do rosto e/ou da voz hu-
mana, discriminando-as. Essa interação, caso não haja intercorrências, pode
proporcionar “uma coreografia comportamental que faz da relação cuidadora/
bebê um importante e significativo bailado” (Stern, 1980), o que favorece as
interações narrativas. Desse modo, marca-se o pertencimento do sujeito a uma
determinada família e cultura, possibilitando, com isso, a construção de uma
história, de uma identidade familiar e cultural.
No mundo contemporâneo em que o fenômeno da narração está amea-
çado, a creche cumpriria o papel de valorar as narrativas tão importantes para

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a constituição do sujeito, favorecendo o pensamento mágico, numa cultura


que privilegia o pensamento lógico, considerado o mais elaborado.
Entretanto, sabemos que o pouco compromisso da criança com a nor-
matização do pensamento possibilita sua entrada no universo da inventivida-
de. Sustentada pelo desejo de dizer algo que lhe seja peculiar, a criança, por
volta dos dois anos de idade, cria, inventa mundos, reinventa sentidos, o que a
ajuda a reorganizar a experiência subjetiva que tem dela mesma e de sua rela-
ção com os outros, favorecendo a elaboração dos conflitos com os quais se
depara.
Observamos que, na contemporaneidade, costuma-se esquecer de que é
preciso narrar para saber quem ela é e o que deseja. Essa narração, segundo W.
Benjamin (1987), imprime marcas no narrador como os artigos das mãos do
obreiro no vaso de argila. Nessa direção, a experiência singular é constituída
de nossas histórias enredadas no coletivo.
Sendo assim, a experiência narrativa na creche pode promover, por
meio da fala do narrador e da escuta atenta do ouvinte, trocas de experiências
pessoais, gerando, com isso, uma nova história. Por meio da oralidade, brinca-
mos de inventar mundos, a exemplo dos tempos longínquos, a narração de
história é também a forma de se conhecer os costumes, se passar as tradições
de um povo, é uma experiência cultural importante.
Nesse sentido, a creche pode ser um espaço privilegiado da experiência
narrativa, a fim de ajudar a criança a produzir e compreender os nexos de sen-
tidos dispersos em suas várias histórias, familiar, cultural, pessoal. A cuidado-
ra na Educação infantil como uma “mãe suficientemente narrativa” (Golse,
2003) pode proporcionar a expressão dos sentimentos e afetos fundamentais.
Afinal, a narração possibilita que entremos em contato com as representações
de nossa vida psíquica mais arcaica. Dessa forma, vamos construindo um “en-
velope narrativo”, como nomeia D. Stern (1993), que irá conter as nossas ansie-
dades. E ao utilizarmos as narrativas, conforme as nossas necessidades, ama-
durecemos psiquicamente ao inventar algum sentido novo para a nossa vida, o
que R. Diaktine (1993) e A. Ferro (2000) chamam de campo aberto para o
pensamento.
Favorecer a narração é reconhecer a possibilidade de elaboração no dis-
curso narrativo, que tem o outro como testemunha que pode apaziguar as
angústias. Nesse contexto, a experiência da criança, sobre sua verdade narra-
tiva, pode promover a construção de uma rede de significações que tende a
confortá-la, a partir dos enredamentos possíveis de sua história (Freud,

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[1918] 1974). No entanto, quando não é viável representar ou mesmo ressig-


nificar impressões ou vivências afetivas, pode-se manifestar somatizações ou
até despersonalizações na criança (GREEN, 2002), como um transbordamen-
to do indizível.
Esclarecendo, o espaço de narratividade na Educação Infantil é uma
proposta de interações precoces e ordenação de processos de ligação que
permite o compartilhamento de conflitos, dificuldades e experiências, por
vezes impossíveis de serem expressos oralmente, como no caso do bebê
(Golse, 2003). Assim, como na promoção de saúde, num espaço de narra-
ção se busca a qualidade de vida e o bem-estar da criança e não a preven-
ção de doença.
Proporcionar a narratividade na Educação Infantil é desconstruir a ló-
gica dos sistemas tradicionais de pensamento oferecendo à criança o lúdico.
Dessa forma, superamos e construímos a realidade tendo em vista “novos sig-
nificados às práticas opressoras de cuidado à criança pequena, e que também
oprimem os profissionais que com elas trabalham” (Andrade, 2007).
Acreditamos que assim, por meio da narratividade, pode-se criar um
campo potencial para o crescimento e maturação psíquicos na criança. Sendo
esse campo favorecido pelo prazer compartilhado, pode-se criar um lugar para
o viver criativo. Como nos diz Rohenkohl (2003),

O relato pelo adulto só tem sentido para a criança se o


adulto que relata experimenta prazer na sua atividade de
narrador, e é somente no seio de um tal clima emocional
que a criança e o adulto vão poder brincar de relatar,
brincar com a narração, com seus desvios e suas revira-
voltas (p. 48).

Nesse encontro eu-outro, a criança desenvolverá a competência nar-


rativa necessária para que possa reorganizar a experiência subjetiva que tem
dela mesma e de sua relação com os outros. A competência narrativa é um
processo que se inicia, segundo Applebee (1989: 35), na época do primeiro
balbucio estruturado da criança. Desse modo, participando regularmente
de práticas narrativas, a criança aprende a atribuir cronicidade às narrati-
vas, a falar sobre o passado, e mesmo a pensar sobre o passado (Sutton-
-Smith, 1981).

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Resistir é possível: algumas considerações finais

Esse espaço criativo só pode emergir enquanto potência num ambiente


não intrusivo, pois, ativando os nossos processos criativos, que nos constitui
como sujeitos de nossa própria história, é que poderemos existir verdadeira-
mente. Esse campo relacional produtor de modos de existência não se encon-
tra separado do poder de criação. Entretanto, entendemos que inseridos numa
cultura, que também compõe nossa subjetividade, somos convocados a res-
ponder aos imperativos sociais constantemente por estarmos inseridos num
espaço-tempo historicamente marcado.
Por outro lado, quando há uma invasão maciça da realidade externa,
não é possível uma interação saudável com o meio. Dessa maneira, a relação
assimétrica que se coloca, onde o sujeito está de forma radical submisso à cul-
tura, compromete o poder de criação. Diante desses padrões massificantes de
produção de subjetividades, somos impelidos a acreditar em modos de ser hu-
manos que ofusca o ineditismo, então saímos de cena. Isso significa dizer que
a narrativa individual desaparece em meio a uma sociedade que afirma saber-
-dizer sobre o outro. Silenciados, resta-nos consumirmos o desejo que é pro-
duzido em nós, acreditando que a realidade externa é detentora da verdade, da
nossa verdade.
No entanto, mesmo imersos nessa cultura em desacordo com a tradição
narrativa, o espaço da Educação Infantil pode ser um lugar de experiências
transformadoras, produzindo, ao invés de respostas prontas, um duplo movi-
mento que funda o indivíduo e o mundo a partir de uma superfície de contato
entre eles. Esse lugar potencial dos processos criativos ativa um ambiente pes-
soal que inscreve o sujeito na sua história. Entretanto, quando esses processos
criativos diminuem, pouco se resiste a certos imperativos sociais e seu poder
de dominação.
Diante dessa perspectiva, a Educação Infantil, ao proporcionar um es-
paço narrativo, permitirá e concederá uma relação de continuidade; tendo, por
consequência, “a função de ligação” (Golse, 2003), devolvendo a “sensação de
continuidade na vida” (Stern, 2007). Nesse espaço potencial afirmam-se mo-
dos inéditos de existência, sendo essa uma questão ética que coloca em xeque
uma sociedade pautada em valores de um mercado cada vez mais invasivo das
subjetividades, comprometendo a existência de um viver criativo. Na contra-
mão da lógica de mercado, a Educação Infantil poderá proporcionar um mo-
vimento criativo ao abrir mão da massificação, privilegiando a dimensão da

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alteridade por meio da narratividade. Esse lugar polifônico, plural, sempre es-
capa às configurações hegemônicas que se encontram atreladas a valores e
mercado. Assim, apostamos num brincar como espaço de narração e liberdade
que nos faça inventar outras maneiras de agir no mundo, de estar no mundo.

Solange Frid Patricio


solange.frid@gmail.com

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