Você está na página 1de 10
EIMUUE[Y) [pL [eK] E [NSS] tt) “teeming ATALOGRAPICA HARORADA PLO INJAIB) [S[o]u) (| [ht |G] [ei P/O] E [M/A |S orig apr hn 3 Copii by Aga de Caper Coppin 215 sds eam |A/U/G/U/S[T |G] [DJE) (cla iMiP [o/s] EMILY DICKINSON nasceu_em ‘Amherst, Massachusetts, em 1830, rmorreu na mesma cidade em 1886. Viveu avid inteira na casa paterna Conheceu brevemente apenas algu- mas cidades vizihas. Entre 1847 1848 cursou o semingrio feminino ‘de Mount Holyoke, que abandonow depois de se reeusar publicamente a declarar sua f&, Por volta de 1860, Iniiow a fase madura de sua poesia Com poucos contatos pessoas, além dos familiares, compensava a solidz0 ‘com extensa correspondéncia. Em 1862, enviou quatro poemas 20 critica Thomas Higginson, que no chegou a compreender inteiramen- te asa poesia © a desaconselhow a publicé-los. Emily inka 19 anos quando Poe morreu, em 1849. Nio acusainfuéncia deste, Whitman, seu antipoda,nio a interessou. Hé algo de Emerson ¢ da flosofiatranscen- dlentalista em seus pocmas. Mas ela& mais radial e disonante. Shake- speare, Keats € 08 contemporineos Robert ¢ Elizabeth Browning estio entre 0s raros poetasreferidos em seus escritos, Sia poesia nio se parece com a dele. Teve apenas dez pocmas publicados, alguns anoni mamente. A obra poétiea de Emily, muito smaior do que se supunha, 3 veio a ser publica apis sua morte, Uma primeira edigio teve algumas das “inortodoxias” de seus poemas “cor rrigidas” pelos organizadores Mas a edigio critica completa (1.775. poemas), organizada_ por ‘Thomas H. Johnson, s6 velo a ccorrer em 1955. Foi a partir dal que se dew a “re-visio” de Emily Dickinson e que ela passou a per sonifiar a “ur-Cinderela” da poesia moderna, Esse nimero de poemas nda aumentado na posterior edlgo de R. W. Franklin (1999), elevando-se a 1.789 textos. A porsi de Emily —de intensa emosio con entrada — & nica e antecipatéria em termos de densidade léxica © liberdade sinttiea. E continua aval e-surpreendente. (A.C) AUGUSTO DE CAMPOS (Sio Paulo, 1931), um dos fundadores da poesia conereta, tem-se dedicado & tradugio de obras de inovadores, do trovador provencal Arnaut Daniel a Mallarmé, Joyce, Pound, Cummings. Postula 0 ‘que denomina “tradugio-arte". Busca transformar o texto tradurido em wim belo poema em nossa lingua, reci- pperando os seus “achados” estéticos juntamente com as emoges que © ‘motivaram, Em urna reegotar a ori ginalidade do original em portugués, L There isa word Which bears a sword Can pierce an armed man — Irhurlsits barbed syllables And is mute again — Bus where it fell The saved will tell On patriotic day, Some epauletted Brother Gave his breath away. Wherever runs the breathless sun — Wherever roams the day — ‘There is its noiseless onset — “There tts victory! Bebold the keenest marksman! ‘The most accomplished shot! Time's sublimest target Isa soul forgot!” (6.1858) as] Emily Dickinson: Ndo sou ninguém 1 Uma palavra se abre Como um sabre — Pode ferir homens armados Com silabas de farpa Depois se cala— Mas onde ela caiu Quem se salvou diré No dia de desfile Que algum Inmao de armas Parou de respirat, Aonde vi o sol sem ar — Por onde vague o dia — Lista esse assalto mudo — La, a sua vitéria! Observa o atirador arguto! O tiro mais perfeito! Oalvo do Tempo O mais sublime Euum ser “ignoto!” ‘Augusto de Campos (ES 5 Success is counted sweetest By those who neer succeed. To comprehend a nectar Requires sorest need, Not one of all the purple Host Who took the Flag today Can tell the definition So clear of Victory Ashe defeated — dying — On whose forbidden ear The distant strains of triumph Burst agonized and clear! (@. 1859) 36] Emily Dickinson: Néo sou ninguém > © Sucesso é mais doce Aquem nunca sucede. ‘A compreensio do néctar Requer severa sede. Ninguém da Hoste ignara Que hoje desfila em Gloria Pode entender a clara Derrota da Vitéria ‘Como esse — moribunde — Em cujo ouvido o escasso Eco 0co do triunfo Passa como um fracasso! ‘Augusto de Campos lar 2! & "Tis so much joy! "Tis so much jay! If should fail, what poverty! And yet, as por as, Have ventured all upon a throw! Have gained! Yes! Hesitated so — This side the Victory! Life is bus Life! And Death, but Death! Bliss is, but Bliss, and Breath but Breath! And if indeed fail, As leas, to know the worst, is sweet! Defeat means nothing but Defeat, No drearier, can befall! And if I gaint Oh Gun wt Seat Ob Bells, that in the Steeples bet Ai first, repeat it low! For Heaven is a different thing, Conjectured, and waked sudden in — And might extinguish met (@. 1860) Emily Dickinson: Nao sou ninguém 8 Tanto jabilo! Tanto! Se eu errar, que pobreza! Pobres como cu, no cntanto, Tado artiscaram num s6 lance! Ganharam! Sim! Temendo embora — Deste lado a Vitéria! Vida é s6 Vida! E Morte, Morte! ‘AréAne Alegria, Alegria! Ese eu falhar, enfim, E doce ao menos conhecer o ruim! Perder nao é mais que Perdes, Nao hé mais fim que o Fim! ‘Mas se eu genhar! Canhéco no Mar! Sinos nas Torres, pelo ar Ressoem, lentamente! O Céu é muito diferente ‘Quando sonhado; terra firme — Poderia extinguir—me! Augusto de Campos las 14 Im Nobody! Who are you? Are you — Nobody — Too? ‘Then theres a pair of us? Don't tell! hey’ advertise — you know! How dreary — to be — Somebody! How public — like a Frog — To tell one's name — the livelong June — To.an admiring Bog! (« 1862) sal Emily Dickinson: Nao sou ninguém 14 Nao sou Ninguém! Quem é vocé? Ninguém — Também? Entio somos um par? Nao conte! Podem espalhar! Que triste — ser — Alguém! Que piblica — a Fama — Dizer seu nome — comoa Ra — Para as palmas da Lama! ‘Augusto de Campos Iss 25 Some such Butterfly be seen On Brazilian Pampas — Just at noon — no later — Sweet — ‘Then — the License closes — Some such Spice — express and pass — Subject to Your Plucking — As the Stars — You knew last Night — Foreigners — This Morning — (@ 1862) xl Emily bekinson: Néo sou ninguém 25 Algumas Borboleras hé Nos Campos do Brasil — Depois — cessa o Alvar — Alguns Aromas — vém e vio — Atua Escolha, uma s6 vez — Estrelas — que & Noite entrevés — Estranhas — de Manha — ‘Augusto de Campos fe 27 ‘The Martyr Poets — did not tell — But wrought their Pang in syllable — That when their mortal name be numb — Their mortal fate — encourage Some — ‘The Martyr Painters — never spoke — Bequeathing — rather — to their Work — That when their conscious fingers cease — Some seck in Art — the Art of Peace — (1802) Emily Dickinson: Nao sou ninguém 27 Poetas Martires — nao clamam — A Dorem silabas transmudam — Falam por eles seus pocmas — Quando ja estejam mudos. Pintores Martires — nio falam — Com sua Obra eles almejam Que quando jé nao sejam mais — Alguns busquem na Arte — a Paz — Augusto de Campos 30 Me from Myself — t0 banish — Had I Art — Impregnable my Fortress Unto All Heart — But since Myself — assault Me — How have I peace Except by subjugating Consciousness? And since We've mutual Monarch How this be Except by Abdication — Me — of Me? (1802) sa] Emily Dickinson: Néo sou ninguém 30 Banir a Mim — de Mim — Fosse eu Capa — Fortim inacessivel ‘Ao Eu Audaz — Mas se meu Eu — Me assalta — Como ter paz Salvo se a Consciéncia Submissa jaz? Ese ambos somos Rei Que outro Fim Salvo abdicat- Me de Mim? ‘Augusto de Compas [39 52 Too scanty ‘twas to die for you, ‘The merest Greek could that. ‘The living, Swee, is costlier — Lofer even that — ‘The Dying, isa trifle, past, But living, this include The dying multifold — without The Respite to be dead. (@ 1865) 132] Emily Dickinson: Néo sou ninguém Sa ‘Morter por ti era pouco. Qualquer grego o fizera. Viver é mais dificil — eestaa minha oferta — ‘Morrer € nada, nem ‘Mais. Porém viver importa ‘Morte maltipla — sem © Alivio de estar morta. ‘Augusto de Campos ly

Você também pode gostar