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EXELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE

FAMILIA DA COMARCA DE JÕAO PESSOA – PB.

Maria José Fernandes Silva, brasileira, casada em regime de comunhão parcial de bens,
artesã, RG nº. 1234 SSP/PB, inscrita no CPF sob nº. 300.456.987-56, endereço eletrônico:
mariajose@gmail.com, residente e domiciliada na Rua Azul, nº. 12, bairro Mangabeiras,
João Pessoa/PB, CEP: 58.053-026, por seu advogado que a esta subscreve, com escritório
profissional, e-mail e telefone, declinado no rodapé desta, vem mui respeitosamente a
presença de Vossa Excelência com fundamento no § 6º do art. 226 da CR/88, Emenda
Constitucional nº. 66/10, Lei nº. 6.515/77 e demais dispositivos legais, propor a presente

AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO COM PEDIDO DE GUARDA, ALIMENTOS


PROVISÓRIOS, ALTERAÇÃO DE NOME E PARTILHA DE BENS C/S
TUTELA DE URGÊNCIA

em face de Joaquim Dantas Silva, brasileiro, casado em regime de comunhão parcial de


bens, servidor público, RG nº. 32165 SSP/PB, inscrito no CPF sob nº. 654.798.574-54,
endereço eletrônico: dantasil@gmail.com, residente e domiciliado na Rua Azul, nº. 12,
bairro Mangabeiras, João Pessoa/PB, CEP: 58.053-026, local onde deverá ser citado,
pelos fatos e fundamentos de direito adiante aduzidos:

1. DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA


A Requerente é pobre na acepção jurídica do termo, por isso não possui condições de
arcar com taxas, custas processuais, emolumentos ou quaisquer outras despesas judiciais
sem prejuízo de seu sustento e de sua família, conforme declaração de hipossuficiência
anexa. Desta forma, com fundamento no Art. 5º, LXXIV da CF/88, no Art. 98 do CPC,
bem como na Lei nº. 1.060/50, pugna pelos benefícios da justiça gratuita.

2. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Com fundamento no art. 319, VII do CPC, a Requerente declara possuir interesse na
realização de audiência de conciliação.

3. DOS FATOS
As partes casaram-se em 01/03/2013, sob o regime de comunhão parcial de bens,
conforme certidão de casamento anexa. Permaneceram juntos por aproximadamente 08
(quatro) anos, porém em meio a diversas crises, a autora decidiu pela dissolução do
matrimonio.
Dessa união adveio 02 (dois) filhos, Adriana Silva, menor, nascida em 01´04/2016,
atualmente com 05 (cinco) anos de idade e Adriana Silva, menor, nascida em 05/10/2019,
atualmente com 02 (dois) anos de idade, conforme faz prova certidões de nascimento
anexa.
Após o nascimento do segundo filho, começaram ocorrer situações de abuso e violência
psicológica, pois o requerido quando bebia passou a ficar agressivo e desrespeitoso com
a requerente que passou a sofrer com humilhações frequentes. O requerente tentava
contornar a situação com promessas de que tais fatos não se repetiria, mas com decorrer
dos anos o mesmo ficou cada vez mais agressivo e controlador, passando a estabelecer
até mesmo com quem a requerente podia se relacionar entre os familiares e amigos.
O requerente passou a controlar completamente a vida da requerida, inclusive seus
recursos financeiros e seus documentos, usando como justificativa que tal medida é
necessária devido ela ser burra e fácil de ser enganada. Fato é que a requerida perdeu até
mesmo a autonomia profissional, pois a mesma é artesã e produz cerâmicas vendidas sob
encomenda e só pode fazer algum negócio com autorização do requerido, ficando
proibida por ele de manter conta corrente e cartão de crédito, sendo compelida então a
depositar todos os seus rendimentos na conta corrente do requerido.
A requerente, devido ao sofrimento de violência psicológica de maneira constante e das
limitações impostas pelo esposo, passou a ter mais dificuldades em trabalhar.
A requerente após não suportar mais tal situação demonstrou ao esposo o desejo de se
divorciar, momento em que o mesmo começou a fazer ameaças contra sua vida por não
aceitar a separação. No dia 20 de julho de 2021 foi registrado um boletim de ocorrência
das ameaças sofridas onde não houve seguimento do inquérito devido nova reconciliação
do casal, que durou pouco tempo dando lugar a novas brigas, humilhações e dificuldades
financeiras.
O requerido se recusa a sair de casa, também não quer pagar as despesas como retaliação
ao desejo de divórcio por parte da requerente. A vida do casal, com muitas brigas e abusos
alcoólicos passou afetar mais fortemente os filhos que passaram a apresentar regressão
de comportamentos, irritabilidade e dificuldades na escola. As diversas situações de
violência psicológica e patrimonial são testemunhadas por amigos e familiares deixando
a requerente deprimida, com dificuldade de dormir, sem conseguir trabalhar e muito
abalada por medo do comportamento violento do requirido.
O Requerido labora como servidor público, e aufere renda mensal líquida em média de
R$ 10.000,00 (dez mil reais), portanto, possui condição financeira suficiente para auxiliar
no sustendo dos filhos e da requerida enquanto a mesma recupera a aptidão laboral.
Durante a constância do casamento o casal adquiriu três imóveis, sendo a residência onde
moram, um apartamento e uma sala comercial, avaliados cada um em R$ 100.000,00
(cem mil reais)
Assim, diante da omissão do Requerido em cumprir seu dever de pai e a retenção total do
patrimônio da família, surge-se a evidente necessidade de promover a presente ação;
4. DO DIREITO
4.1. Ao Divórcio
O Código Civil contempla expressamente a hipótese em tela, quando dispõe acerca das
hipóteses que dão ensejo à dissolução do vínculo conjugal, por impossibilidade da vida
em comum, quando em seu Art. 1.573, Parágrafo Único, assim estabelece:
Art. 1573 - Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de
algum dos seguintes motivos:
Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a
impossibilidade da vida em comum.
Nesse diapasão, o vínculo conjugal deve ser extinto, com a decretação do divórcio, tendo
em vista a impossibilidade da vida em comum.
4.2. Da Guarda e Regulamentação de Visitas
Dessa união adveio 02 (dois) filhos, Adriana Silva, menor, nascida em 0104/2016,
atualmente com 05 (cinco) anos de idade e Adriana Silva, menor, nascida em 05/10/2019,
atualmente com 02 (dois) anos de idade, conforme faz prova certidões de nascimento
anexa.
Quanto a isso, o caput do Art. 1.583 do Código Civil prevê a perfeita possibilidade que
assim seja mantido:
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. (Grifamos)
Considerando os danos causados pelo comportamento agressivo do genitor e a tenra
idade dos filhos, não resta dúvida que a guarda unilateral deve ser atribuída à genitora.
Desta forma, a Requerente pleiteia a guarda unilateral dos menores com base na
fundamentação jurídica aqui tratada julgando conveniente regulamentar as visitas,
4.3. Da partilha dos Bens
Ao contraírem o matrimonio, as partes elegeram o regime de comunhão parcial de bens,
conforme preceitua o art. 1.658 do Código Civil:
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao
casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.
Definido o regime de comunhão, o art. 1.660 do Código Civil, assim dispõe sobre os bens
a serem partilhados:
I - Os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em
nome de um dos cônjuges.
Seguindo o preceito legal, a Autora requer que os bens acima indicados sejam partilhados
na proporção de 50% (cinquenta por cento) para cada um.
4.4. Do Nome
Quanto ao nome, a Requerente pretende voltar a usar seu nome de solteira, conforme
consta na certidão de casamento anexa.
5. DA TUTELA DE URGÊNCIA
Os pressupostos para antecipação dos efeitos da tutela pretendida, segundo previsão do
artigo 311, inciso II, da Lei nº 13.105/2015 - Código de Processo Civil, encontram-se
presentes, conforme passamos a analisar.
5.1 Separação de corpos;
Conforme o exposto, a convivência do casal está inviável e causando danos a família,
portanto se faz necessário o pedido de urgência em face a separação de corpos, como
disposto no Código Civil em seu Art. 1.562:
Art. 1.562 Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a de separação
judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá requerer a parte,
comprovando sua necessidade, a separação de corpos, que será concedida pelo juiz com
a possível brevidade.
5.2 das medidas protetivas
Em face as ameaças e violências constantes contra a requerente é necessário a aplicação
imediata das medidas protetivas previstas na Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha);
5.3 Alimentos Provisórios;
É necessário fixar pensão alimentícia provisória a ser paga pelo Requerido, uma vez que
não é justo permitir que as despesas essenciais à sobrevivência dos filhos recaiam somente
sobre a responsabilidade da requerente enquanto não resolver o conflito, conforme
disposto no art. 4º da Lei nº 5.478/68, que dispõe sobre a ação de alimentos:
Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem
pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.
5.5 Da Guarda
Considerando os danos causados pelo comportamento agressivo do genitor e a tenra idade
dos filhos, não resta dúvida que a guarda unilateral deve ser atribuída à genitora com a
máxima urgência, visando resguardar a segurança e bem estar dos menores
5.5 Do Arrolamento de bens
A medida acautelatória de sequestro/bloqueio de bens pleiteada em casos como o dos
autos, é necessária como garantidora do resultado útil e eficaz do processo, tendo por
finalidade preservar os bens a serem objeto da partilha, com o fim de se evitar qualquer
espécie de dilapidação do patrimônio do casal.

6. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Ante ao exposto, REQUER:
A) A citação do Requerido, para comparecer à audiência de conciliação a ser designada
com maior brevidade possível, ou querendo, contestar a presente sob pena de sujeitar-se
aos efeitos da revelia;
B) A concessão dos benefícios da justiça gratuita com fundamento no Art. 5º, LXXIV da
CF/88, no Art. 98 do CPC, bem como na Lei nº. 1.060/50, visto que a Requerente é pobre
na acepção jurídica do termo;
C) A fixação da guarda provisória em favor da Requerente, devendo esta ao final ser
confirmada definitivamente;
D) A fixação dos alimentos provisórios no percentual de 30% (trinta por cento) dos
proventos do requerido, correspondente nesta data a R$ 3.000,00 (três mil reais), a ser
descontado diretamente pago até o quinto dia útil de cada mês, mediante depósito na conta
em nome da genitora dos infantes, devendo estes ao final serem convertidos em
definitivos;
E) A expedição de ofício ao empregador do requerido, na pessoa do seu representante
legal, para que proceda o pagamento da pensão alimentícia mediante desconto em folha
de pagamento a ser depositado até o quinto dia útil de cada mês.
F) A concessão cautelar das medidas protetivas previstas na Lei n. 11.340/2006 (Lei
Maria da Penha);
G) A concessão cautelar da separação de corpos, como disposto no Código Civil em seu
Art. 1.562;
H) A concessão de medida acautelatória de sequestro/bloqueio de bens indicados nos
autos como medida garantidora do resultado útil e eficaz do processo
I) A intimação do ilustre Representante do Ministério Público, para que acompanhe o
feito até o final, sob pena de nulidade;
J) Que seja realizada a mudança de nome da autora, a qual passará a assinar com o nome
de solteira, nos termos dos arts. 1.571, §2°, CC e art. 32, da Lei 6.515/1977;
8) Que seja a presente julgada procedente nos termos da exordial., consequentemente,
expeça-se os respectivos mandados de averbações que se fizerem necessários;
9) Seja o Requerido condenado ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios conforme prevê o CPC;

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas,


especialmente pelo depoimento pessoal, juntada de documentos, oitiva de testemunhas, e
todas mais que se fizerem necessárias para ao presente feito, sem prejuízo de outras
provas que se revelarem útil a completa elucidação dos fatos.
Dá-se à causa o valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais).

Nestes termos, pede e aguarda deferimento.


João Pessoa, 21 de novembro de 2021.

Marcelo Reategui de Oliveira


Advogado, OAB/PB nº. 777

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