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Estados-membros da ONU se comprometem a evitar 1,7 milhão de mortes relacionadas à AIDS até 2030

O UNAIDS relatou que estados-membros das Nações Unidas adotaram uma nova Declaração Política
para enfrentar desigualdades e acabar com a AIDS. Caso as metas sejam cumpridas, 3,6 milhões de
novas infecções por HIV e 1,7 milhão de mortes relacionadas à AIDS serão evitadas até 2030.

A Reunião de Alto Nível está sendo realizada em Nova Iorque entre 8 e 10 de junho e conta com a
participação de chefes de estado e governo, ministros e delegados, além de pessoas vivendo com HIV,
organizações da sociedade civil, populações-chave, comunidades afetadas pelo HIV, organizações
internacionais, cientistas e pesquisadores, pesquisadoras e o setor privado.

Os estados-membros concordaram com a meta de garantir que, até 2025, menos de 10% dos países
tenham estruturas jurídicas e políticas restritivas que levem à negação ou limitação do acesso aos
serviços. Também se comprometeram a garantir que menos de 10% das pessoas que vivem com, em
risco de ou afetadas pelo HIV enfrentem estigma e discriminação.

Em 2020, 27,4 milhões das 37,6 milhões de pessoas vivendo com HIV estavam em tratamento, contra
apenas 7,8 milhões em 2010. Estima-se que a implantação de tratamento acessível e de qualidade tenha
evitado 16,2 milhões de mortes desde 2001, evidenciando o progresso no combate à epidemia.

Na Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre AIDS, realizada entre 8 e 10 de
junho em Nova Iorque, os estados-membros da ONU adotaram um novo conjunto de metas para o
combate à doença como parte da Declaração Política aprovada, relata o Programa Conjunto das Nações
Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). Caso as metas sejam cumpridas, 3,6 milhões de novas infecções por
HIV e 1,7 milhão de mortes relacionadas à AIDS serão evitadas até 2030.

A Declaração Política apela aos países para que forneçam acesso a opções de prevenção combinadas e
eficazes a 95% de todas as pessoas expostas a situações de risco de contrair HIV em todos os grupos
epidemiologicamente relevantes, levando em conta faixas etárias e contextos geográficos. O documento
também demanda aos países a garantia de que 95% das pessoas que vivem com HIV conheçam seu
status sorológico, 95% das pessoas que conheçam seu status sorológico estejam sob tratamento
antirretroviral, e 95% das pessoas em tratamento antirretroviral estejam com a carga viral suprimida.

“Nesta Década de Ação, se quisermos cumprir a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável,
todos os Estados-membros devem se comprometer novamente a acabar com a epidemia de AIDS até
2030”, disse o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Volkan Bozkir.
“Para acabar com a AIDS, precisamos acabar com as injustiças que causam novas infecções por HIV e
evitam que as pessoas tenham acesso aos serviços”, disse Amina J. Mohammed, secretária-geral adjunta
das Nações Unidas.

Populações em risco - A Declaração Política observa com preocupação que as populações-chave — gays
e outros homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, pessoas que fazem uso de drogas
injetáveis, pessoas trans e pessoas em privação de liberdade — têm maior probabilidade de serem
expostas ao HIV e enfrentarem violência, estigma, discriminação e leis que restringem sua liberdade ou
acesso aos serviços.

Diante do cenário, os estados-membros concordaram com a meta de garantir que, até 2025, menos de
10% dos países tenham estruturas jurídicas e políticas restritivas que levem à negação ou limitação do
acesso aos serviços. Também se comprometeram a garantir que menos de 10% das pessoas que vivem
com, em risco de ou afetadas pelo HIV enfrentem estigma e discriminação. Uma das estratégias para
atingir a meta é tornar mais conhecido o conceito de indetectável e intransmissível, que diz respeito a
pessoas vivendo com HIV que atingiram a supressão viral e não transmitem o vírus.

“Gostaria de agradecer aos Estados-membros. Eles adotaram uma Declaração Política ambiciosa para
colocar o mundo de volta no caminho certo para acabar com a pandemia da AIDS que assola
comunidades há 40 anos”, disse a diretora-executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima.

Ao expressar preocupação com o número de novas infecções por HIV entre adolescentes, especialmente
na África Subsaariana, os Estados-membros assumiram o compromisso de reduzir o número de novas
infecções por HIV entre meninas adolescentes e mulheres jovens para menos de 50 mil até 2025.
Também se comprometeram a eliminar todas as formas de violência sexual e de gênero, incluindo
violência contra parceiro íntimo, pela adoção e aplicação de leis que abordam as formas múltiplas e
cruzadas de discriminação e violência enfrentadas por mulheres que vivem com, em risco e afetadas
pelo HIV.

Outro compromisso foi o de reduzir, até 2025, para não mais de 10% o número de mulheres, meninas e
pessoas afetadas pelo HIV que vivenciam desigualdades de gênero e violência sexual e de gênero. Além
disso, foram firmados compromissos para garantir que todas as mulheres possam exercer seu direito à
sexualidade, incluindo sua saúde sexual e reprodutiva, livre de coerção, discriminação e violência.
Também foi pedido aos países também que usem dados epidemiológicos nacionais para identificar
outras populações prioritárias que estão em maior risco de exposição ao HIV, como pessoas com
deficiência, minorias étnicas e raciais, povos indígenas, comunidades locais, pessoas que vivem na
pobreza, migrantes, pessoas refugiadas, pessoas deslocadas internamente, militares, pessoas em
emergências humanitárias e em situações de conflito e pós-conflito. Os países também se
comprometeram a garantir que 95% das pessoas que vivem com, em risco de e que são afetadas pelo
HIV sejam protegidas contra pandemias, incluindo a pandemia de COVID-19.

“As gritantes desigualdades expostas pelo encontro das pandemias de HIV e COVID-19 são um alerta
para o mundo priorizar e investir integralmente na efetivação do direito humano à saúde para todas as
pessoas, sem discriminação”, disse Byanyima.

Compromisso com financiamento - Os Estados-membros também se comprometeram a aumentar e


financiar de forma integral a resposta à AIDS. Eles concordaram em investir 29 bilhões de dólares
anualmente até 2025 em países de baixa e média renda. Isso inclui o investimento de pelo menos 3,1
bilhões de dólares em capacitação social, incluindo a proteção dos direitos humanos, redução do
estigma e da discriminação e reforma da legislação. Os Estados-membros também se comprometeram a
incluir a prestação de serviços de HIV liderada por pares, inclusive por meio de contratos sociais e outros
mecanismos de financiamento público.

Com um foco na expansão do acesso às tecnologias mais recentes para prevenção, monitoramento,
diagnóstico, tratamento e vacinação da tuberculose (TB), os Estados-membros concordaram em garantir
que 90% das pessoas que vivem com HIV recebam tratamento preventivo para tuberculose, além do
compromisso em reduzir as mortes por tuberculose relacionadas à AIDS em 80% até 2025.

Os países também se comprometeram a garantir a acessibilidade e disponibilidade global de


medicamentos seguros, eficazes e de qualidade garantida, incluindo genéricos, vacinas, diagnósticos e
outras tecnologias de saúde para prevenir, diagnosticar e tratar a infecção por HIV, suas infecções
oportunistas e outras comorbidades por meio do uso de flexibilidades existentes no âmbito do Acordo
TRIPS (Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio) e
garantir que as disposições sobre direitos de propriedade intelectual nos acordos comerciais não
prejudiquem as flexibilidades existentes, conforme descrito na Declaração de Doha sobre o Acordo
TRIPS e Saúde Pública.
Uma luta de milhões - “A resposta à AIDS ainda está deixando milhões para trás—pessoas LGBTI,
profissionais do sexo, pessoas que usam drogas, migrantes, pessoas em privação de liberdade,
adolescentes, jovens, mulheres e crianças—que também merecem uma vida normal, com os mesmos
direitos e dignidade que a maioria das pessoas gozam nesta sala”, disse Yana Panfilova, mulher vivendo
com HIV e membro da Rede Global de Pessoas Vivendo com HIV (GNP+).

A Reunião de Alto Nível está sendo realizada de forma virtual e presencial em Nova Iorque e conta com
a participação de chefes de estado e governo, ministros e delegados, além de pessoas vivendo com HIV,
organizações da sociedade civil, populações-chave, comunidades afetadas pelo HIV, organizações
internacionais, cientistas e pesquisadores, pesquisadoras e o setor privado. O UNAIDS apoiou as
consultas regionais e a participação da sociedade civil na Reunião de Alto Nível. As organizações da
sociedade civil demandaram aos Estados-Membros a adoção de uma resolução mais forte.

“Embora tenhamos feito algum progresso significativo como comunidade global, ainda estamos errando
o alvo e as pessoas estão pagando o preço com suas vidas. Há uma única razão pela qual estamos
perdendo nosso objetivo: é a desigualdade”, disse Charlize Theron, fundadora do Charlize Theron Africa
Outreach Project (Projeto de Solidariedade Charlize Theron na África, na tradução livre para o
português) e Mensageira da Paz das Nações Unidas.

Os Estados-membros também se comprometeram a apoiar e alavancar os 25 anos de experiência e


conhecimento do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e a financiar
integralmente o programa para que continue liderando os esforços globais contra a AIDS e dando
suporte aos esforços de preparação para pandemias futuras e para a saúde global.

Outros compromissos - Ao tomar em conta a Estratégia Global de AIDS 2021-2026: Fim das
Desigualdades, Fim da AIDS, adotada por consenso em 25 de março de 2021 pela Junta de Coordenação
do Programa do UNAIDS (PCB), e o relatório do Secretário-Geral das Nações Unidas “Superar as
desigualdades e voltar ao caminho certo para acabar com a AIDS até 2030”, lançado em 31 de março de
2021, o UNAIDS teria parabenizado uma série de compromissos. Eles envolvem educação sexual
abrangente, saúde e direitos sexuais e reprodutivos, orientação sexual e identidade de gênero,
aceitação irrestrita de opções de prevenção de HIV baseadas em evidências, como redução de danos,
um apelo à descriminalização da transmissão do HIV, trabalho sexual, uso de drogas e leis que
criminalizam as relações sexuais entre pessoas do mesmo gênero e maior flexibilização das regras de
propriedade intelectual para o acesso a medicamentos, vacinas e tecnologias que salvam vidas.
Avanço em números - Em 2020, 27,4 milhões das 37,6 milhões de pessoas vivendo com HIV estavam em
tratamento, contra apenas 7,8 milhões em 2010. Estima-se que a implantação de tratamento acessível e
de qualidade tenha evitado 16,2 milhões de mortes desde 2001. As mortes relacionadas à AIDS caíram
43% desde 2010. O progresso na redução de novas infecções por HIV também tem acontecido, mas tem
sido marcadamente mais lento — uma redução de 30% desde 2010, com 1,5 milhão de pessoas
infectadas por HIV em 2020, em comparação com as 2,1 milhões de pessoas em 2010.

Acesse aqui para saber mais sobre a Reunião de Alto Nível sobre o fim da AIDS.

Veja o discurso completo da diretora-executiva do UNAIDS, Winnie Byanyi

Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA

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