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DIVISÃO DE ENGENHARIAS

CURSO: ENGENHARIA DE MINAS

TURMA: MINAS A, II ANO

DISCIPLINA: MAQUINARIA

TEMA: RESUMO DO CAPITULO 3

DISCENTES:

 Alexandre Justino Nhanombe;


 Anderson Rafael Tomas Monteiro
 André Teodósio Moiane
 Arnaldo Pedro Baciquete

DOCENTE:

MSc: Fernando Elias Jorge

Tete, Setembro de 2021


Índice
1. OPERAÇÕES E EQUIPAMENTOS PRINCIPAIS DA LAVRA A CÉU ABERTO ............ 3

1.1. Domínio dos terrenos ....................................................................................................... 4

1.2. Ventilação......................................................................................................................... 4

1.3. Esgoto ............................................................................................................................... 4

1.4. Remoção do estéril de cobertura ...................................................................................... 4

1.5. Escavação os equipamentos para o arranque e a carga .................................................... 5

1.5.1. Classificação dos terrenos visando as operações de arranque e de carga ................. 5

1.6. Classificações baseadas no comportamento mecânico sob o ponto de vista de desmonte.


(Almeida. 1958) .......................................................................................................................... 5

1.7. O arranque e a carga mecânica usualmente sem uso de explosivos................................. 8

1.7.1. Máquinas escavadoras estacionárias ......................................................................... 9

1.7.2. A Máquinas escavadoras de balde único ................................................................ 10

Máquinas escavadoras de balde único frontal "Power Shovel" ............................................ 10

1.8. Selecção das dimensões e características das máquinas escavadoras - ela vai depender
da adaptação do equipamento ao trabalho a realizar e das condições exigidas. (Cortez, 1977) 12

1.8.1. Modo operatório das máquinas escavadoras........................................................... 12

1.9. Máquinas escavadoras de balde único de arrasto ou "dragline" .................................... 13

1.9.1. Modo operatório das "draglines" ............................................................................ 13

1.9.2. Modo de locomoção ................................................................................................ 14

1.9.3. Capacidade dos seus baldes .................................................................................... 15

1.10. Retroescavadora "back-Shovel" ou "back hoe ........................................................... 15

1.10.1. Estimativa da capacidade produtiva teórica das máquinas escavadoras ................. 17

1.10.2. Cálculo da capacidade produtiva ............................................................................ 17

2. Referencias Bibliográficas ........................................................................................................ 25

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1. OPERAÇÕES E EQUIPAMENTOS PRINCIPAIS DA LAVRA A CÉU ABERTO

Na lavra mineira para se atingir os seus objectivos, recorre-se a um certo numero de operações
cíclicas, uma mais fundamentais e ou complexas do que as outras, mas todas elas importantes
quando se pretende optimizar o processo produtivo.

Dos equipamentos de remoção utilizados neste tipo de exploração procurará dar-se um


desenvolvimento maior aos que se movimenta sobre pneus ou lagartas, porque a sua utilização é
a mais frequente, quer nos trabalhos mineiros quer nos de construção.

Estes são responsáveis pelo grande desenvolvimento observado nos últimos 30 anos na
exploração mineira, revolucionando e dando origem de novos procedimentos característicos de
exploração como os trackless miningou exploração sem carris, e também aos bulk
mining.(Cortez et al Simões, 1975)

O binário pá carregadora ou escavadora frontal sobre pneus ou lagartas e camião ou ´dumper´ é


mesmo característico de maior parte das explorações minerais de superfície, operando quer com
matérias rochosos duros quer com material fraco, podendo mesmo afirmar-se que o seu uso é
quase geral. Actualmente nas grandes explorações, conforme referido procede-se as lavras de
tipo" bulk mining".(Cortez, 1975)

As operações fundamentais nas lavras a céu aberto são praticamente as mesmas das lavras
subterrâneas, embora algumas delas sejam mais simples e até em certos casos de diminuta
importância, sendo desde já destacar s do sustentamento de tecto e de um menor emprego ou
nulo emprego de explosivos. Mas como se esta orientado no sentido das explorações a céu aberto
dira-se que relativamente as subterrâneas, se caracterizam por uma óbvia maior segurança e pela
não limitação das dimensões dos equipamentos pelos envolventes, permitindo simplicidade de
manobra e elevadas rentabilidades, o que conduz naturalmente a grandes reduções nos custos de
exploração.

É evidente que as operações de carga e transporte ocorrem nos dois tipos e lavras, mas elas
permitem, como referido, o maior emprego de meios mecânicos mais potentes na lavra a céu
aberto.

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1.1.Domínio dos terrenos
O domínio dos terrenos, aspecto de fundamental importância nas lavras subterrâneas, confina-se
aqui ao estabelecimento de ângulos de talude convenientes à sua estabilidade, podendo nos casos
mais complexos conduzir a ancoragens simples, com redes metálicas ou de materiais compósitos,
ou ao revestimento dessas mesmas paredes. Embora constitua operação a não descurar, ela
assume aqui sempre, expressão de menor importância que nas lavras subterrâneas.
Efectivamente, citam-se valores máximos e, respectivamente, de 1 a 24% dos custos totais de
laboração a despender com o domínio dos terrenos nas lavras a céu aberto e nas subterrâneas.
(Almeida, 1958)

1.2.Ventilação
Também aqui a ventilação é fácil e natural, o mesmo acontecendo com a iluminação durante o
dia. Nos turnos nocturnos, quando existam, há necessidade de se recorrer à iluminação artificial e
colectiva, muito embora hoje já todas as máquinas possuam no geral iluminação própria.

1.3.Esgoto
Já quanto ao esgoto, a partir de certas profundidades, e quando se atingem os níveis freáticos, em
regiões de elevada pluviosidade, pode este causar problemas delicados: quer pela sua influência
na estabilidade dos taludes, quer mesmo na deterioração dos pisos de trabalho e podendo
comprometer significativamente a eficiência dos equipamentos que se movimentam sobre pneus
ou lagartas. Deve também a operação de esgoto merecer uma especial atenção quando se
prevêem lavras mistas no mesmo jazigo "a céu aberto e subterrâneas". Em qualquer dos casos
ter-se-á sempre de evitar que as águas atinjam o nível dos trabalhos, bombeando-as e protegendo
a área daqueles das invasões de água provenientes das zonas confinantes (superiores e laterais).

1.4.Remoção do estéril de cobertura


A remoção do estéril de cobertura, inexistente nas lavras subterrâneas, é uma operação
geralmente classificada de subsidiária nas explorações a céu aberto, no entanto, quando a
espessura daquela é elevada, ela pode constituir uma operação de elevado custo. A reconversão
dos terrenos é uma operação olhada com certa importância hoje em dia, bem como os impactos
ambientais.

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Resumida e sintetizadamente, a sequência ou ciclo normal das operações normais fundamentais
da lavra a céu aberto poderá ser vista no diagrama da fig. 1. As diversas operações podem ser
executadas no estéril sobrejacente e ou no minério, simultânea ou desfasadamente, mas aquelas
precedendo sempre estas, libertando-o superficial mente.

Fig1: Ciclo normal das operações

1.5.Escavação os equipamentos para o arranque e a carga

1.5.1. Classificação dos terrenos visando as operações de arranque e de carga


Desnecessário será referir que as máquinas ou equipamentos necessários para efectuar cada uma
das operações da lavra mineira, escavação, carga e transporte terão de se adaptar ao tipo de
terrenos em que se opera.

Ao pretender seleccionar-se os equipamentos para realizar aquelas operações de arranque, de


carga e de transporte, quer na construção civil de obras públicas quer na exploração mineira a
céu aberto, torna-se necessário que se conheçam os terrenos em que se vai operar. Dai até a
necessidade duma sua classificação, sendo o critério usual o que traduz a maior ou menor
dificuldade que eles oferecem o seu destaque maciço rochoso.

1.6.Classificações baseadas no comportamento mecânico sob o ponto de vista de


desmonte. (Almeida. 1958)
2. Rochas trabalhadas sem explosivos (Rochas Brandas)
a) Incoerentes- desmonte à pá ou picareta (areias, terra vegetal, aluviões, etc);
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b) Branda (argila);
c) Fósseis (carvão brando, certos cistos argilosos, etc.).

3. Rochas trabalhadas com explosivos (Rochas duras)


a) Plásticas (carvão duro, xistos, calcários, grés, brando, rochas decompostas, xistos
siliciosos e de um modo geral todas as rochas pobres em sílica). Trabalhadas com
explosivos com velocidades de 1.500 a 4.500m/seg.
b) Friáveis (granitos, micaxisto, quartzitos, conglomerados, calcários cristalinos e de um
modo geral todas as rochas ricas em sílica). Trabalhadas com explosivos com velocidade
entre 4.500 a 7.000 m/seg.

Embora não explicitamente, subentende-se, desta classificação o critério da maior ou menor


dificuldade que as várias formações rochosas oferecem ao seu desmonte, correlacionando-o com
ou recurso o não explosivos, mas não quanto ao seu comportamento relativamente aos
equipamentos de desmonte hoje em dia utilizados nas lavras a céu aberto.

Procurou-se obter uma classificação que fosse simples e pragmática, muito embora admite-se
uma certa dificuldade na sua caracterização nos tipos de transição.

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Quadro1: Classificação dos terrenos sob o ponto de vista do arranque e da carga.

No quadro anterior, estabelecem-se3 quatros classes de terrenos definidos pela maior ou menor
facilidade de penetração dos baldes dos equipamentos capazes de assim efectuar o seu desmonte
mecânico, da sua coesão, da maior ou menor facilidade de enchimento dos baldes e da presença
de blocos de grandes dimensões.

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Existem classificações de terrenos (4, 76, 91, 92, 95, 96, 98,) em que é estabelecido um co-
relacionamento, de processo de desmonte a adoptar em relação coma velocidade de propagação
das ondas sísmicas, conforme pode ser visto no quadro a seguir

Quadro2: Resumo de classificação de terrenos atendendo o tipo de escavação e carga.

É prática coerente, hoje em dia, a utilização de desmonte mecânico em terrenos rochosos que
ainda há bem pouco tempo apenas eram do domínio dos explosivos. A sua explicação é evidente
condicionada não só pela natureza dos terrenos mas também pelo estado de alteração e
fracturação, natural ou provocado do maciço rochoso em causa.

1.7.O arranque e a carga mecânica usualmente sem uso de explosivos


A realização de trabalhos mais ou menos importantes de escavação por processos manuais não
são, nos dias de hoje, de considerar a não ser talvez em países subdesenvolvidos e com excesso
demográficos. Mas desde longe o homem tem procurado eliminar estes trabalhos ou pelo facto
de serem penosos ou porque sentiu uma necessidade de os realizar em tempos mais curtos. Daí a
procura da, também já não recente sua substituição por processos mecânicos, substituição essa
dependente necessariamente de evolução destes. (Ricardo et al Caataline)

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Nesta curta resenha Nesta curta resenha histórica é justo também citar R.G. Le Tourneau que na
década de 1920 a 1930 criou o primeiro "Scraper" rebocado por um tractor, percursor do
"tournapull" que 1938 apareceu e que constitui também um marco importante na moderna
movimentação de terras, primeiro "scraper automotor. (Gabay, 1952). A partir desta data,
assistiu-se a um rápido desenvolvimento de todos os equipamentos para estes fins, com um
consequente aumento da produtividade e melhores condições de trabalho, não podendo ser posta
em dúvida a sua importância na obtenção das elevadas metas de civilização alcançadas pelo
homem as quais não teriam sido atingidas sem contributo destas máquinas.

1.7.1. Máquinas escavadoras estacionárias


As escavadoras são as máquinas habitualmente utilizadas para efectuar mecanicamente as
operações de arranque e ou de carga, tanto dos terrenos estéreis como do minério. São máquinas
estacionárias, porque muito embora possuam órgãos próprios de locomoção, estes praticamente
não participam no ciclo operatório. São pois equipamentos destinados: ou ao arranque e carga de
produtos provenientes de maciços virgens constituídos por rochas brandas; ou à carga de
produtos desmonta dos pela prévia acção dos explosivos, no caso dos maciços formados por
rochas duras. Podem ser subdivididos em dois tipos fundamentais: de balde único e de balde
múltiplo, conforme o quadro abaixo.

Quadro3:

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As escavadoras de balde único podem ainda ser subdivididas nas quatro variantes, conforme tipo
de lança, apresentadas no quadro anterior. Por apresentarem muitas características comuns são
estas tratadas em conjunto, apenas se tratando em separado as características que as diferenciam.

1.7.2. A Máquinas escavadoras de balde único


A constituição destas máquinas é do conhecimento geral, pelo que apenas ela aqui será
sumariamente relembrada. Nela se poderá distinguir uma infra-estrutura e uma superestrutura.

A infra-estrutura inclui uma base que se apoia sobre o sistema de locomoção e sobre o qual se
apoia a superestrutura móvel em torno de um eixo vertical. O mecanismo que permite a rotação
de 360° é constituído por uma roda de coroa e pinhão. A superestrutura está intimamente ligada à
roda de coroa de modo que o accionamento do pinhão provoca a rotação de toda à
superestrutura. Nesta, além, cabine de comando, encontra-se localizado o elemento motor e as
transmissões necessárias para accionar os diversos elementos móveis.

Máquinas escavadoras de balde único frontal "Power Shovel"

Fig1: representação esquemática deste tipo de escavadora carregadora.

Nela se pode observar a lança propriamente dita (1) sustentada por um cabo (6), o qual permite,
aproximadamente, variar o seu ângulo de inclinação entre 35 a 65°. Na parte intermédia da lança
encontra-se o braço móvel que pode rodar em torno de uma articulação (14), executando nesse
movimento, de baixo para cima, o desmonte através do balde (3). O accionamento deste braço é
comandado por intermédio de um cabo (11), accionado pelo guincho (10). Este braço pode
também ter um movimento de translação através de uma cremalheira (9). Este movimento
permite não só facilitar o trabalho de desmonte como também o de carga. A operação de

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descarga do balde pode ser feita frontalmente ou por meio da abertura de uma tampa móvel
situada na parte inferior do balde.

O ciclo de trabalho duma pá mecânica inclui os seguintes movimentos elementares:

 Movimento lento de translação da máquina (1,5 a 2 m/seg.);


 Levantamento do balde;
 Avanço ou recuo do braço móvel através do sistema cremalheira
 Rotação da plataforma superior;
 Descarga pela abertura do fundo ou por basculamento do balde.

Fig2: Movimentos básicos de uma pá mecânica

A electricidade constitui a forma de energia mal aplicada, principalmente nas pás mecânicas de
grande capacidade. Esta forma de energia produzida no exterior, em grandes instalações e no
geral fixas, de grande produção e distribuição vária, é normalmente de menor custo do que
fornecida por unidades mais pequenas, como a dos grupos diesel/eléctricos auto-transportados.

Muito embora, pelas razões expostas, os custos de laboração das unidades escavadoras
diesel/eléctricas sejam relativamente maiores, elas possuem uma maior liberdade de
movimentação e implantação, o que interessa particularmente quando os locais de trabalho se
situam longe das redes gerais de distribuição. Assim, as pás mecânicas com sistema diesel
eléctrico auto-transportado serão de aplicar naqueles casos em que se prevêem trabalhos de
relativamente curta duração mas requerendo frequentes deslocações, enquanto que o sistema de

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alimentação eléctrico do exterior deverá ser aplicado nas situações inversas das acabadas de
indicar.

O accionamento pelo simples sistema diesel, com comando óleo-hidráulico, está naturalmente
indicado e aplicado com vantagem nas unidades pequenas ou médias sendo estas escavadoras
geralmente designadas por escavadoras hidráulicas. E elas têm vindo a ocupar progressivamente
o lugar das que usam os cabos e guinchos na movimentação do balde, particularmente nas de
pequena capacidade, mas mantendo-se aquele accionamento ainda, nas de média ou grande
capacidade.

1.8.Selecção das dimensões e características das máquinas escavadoras - ela vai


depender da adaptação do equipamento ao trabalho a realizar e das condições
exigidas. (Cortez, 1977)
Duma maneira geral, poder-se-á dizer que as unidades de grandes dimensões. serão de empregar
quando:

 As frentes de desmonte tiverem elevadas alturas;


 Os terrenos forem duros e coerentes, em virtude das grandes escavadoras apresentarem
maiores forças de penetração relativamente às mais pequenas;
 Se exigirem elevadas capacidades horárias de produção;
 Os equipamentos de transporte forem de grande dimensão.

É evidente que o critério final de selecção vai, como sempre, ser o do mais, baixo custo unitário
de produção; e sem dúvida que quanto maiores forem estas máquinas menores custos unitários
de laboração poderão ser conseguidos. Ainda nos casos em que se proceda a fragmentações
prévias por explosivos, as grandes unidades, permitem obter custos unitários menores, dados
serem adoptados de baldes que admitem maiores blocos, levando ainda a menores custos de
mão-de-obra.

1.8.1. Modo operatório das máquinas escavadoras


Estas máquinas são fundamentalmente projectadas para realizarem o desmonte mecânico em
terrenos incoerentes ou brandos, podendo no entanto, ser também utilizados em terrenos duros,
quando estes sejam previamente fragmentados por intermédio de explosivos, trabalhando então
como carregadoras. Pelo facto de praticamente poderem executar trabalhos de desmonte e ou de

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carga em todos os tipos ou classes de terrenos (I, II, III e IV) do quadro VI, elas são de uso
comum em quase todos os métodos de exploração a céu aberto, podendo realizar operações tanto
no estéril como no minério, mas sempre em frentes situadas acima do nível do degrau em que se
situam. (Crawford. 1979)

Fig3: Dimensões e alcances das pás mecânicas

1.9.Máquinas escavadoras de balde único de arrasto ou "dragline"


Conforme pode observar-se na figura anterior, as escavadoras deste tipo são constituídas por um
balde ou cesta (9) que se desloca, por meio de cabos, de um lado para o outro, "raspando as
frentes em exploração e enchendo-se dos produtos (minério ou estéril), que são transportados e
descarregados sobre veículos de transporte, silos ou em locais destinados à sua deposição
(constituindo geralmente escombreiras).

1.9.1. Modo operatório das "draglines"


Este é diferente do das pás mecânicas e fundamentalmente por elas operarem em frentes situadas
abaixo do degrau em que se posicionam. A pá de arrasto constitui mesmo um dos únicos
equipamentos deste tipo cujo balde pode operar debaixo de água e o que possui o maior raio de
alcance

Na figura abaixo pode ver-se o sistema de suspensão do balde, que lhe permite posicionamentos
diferentes e possibilita o desmonte, a carga e a descarga através do cabo e do suporte articulado.
Para efectuar a descarga basta soltar o cabo de arrasto, mantendo-se a cesta ou balde na posição
vertical. Todo o sistema de suspensão e o próprio balde são de construção muito aligeirada,
podendo a lança atingir comprimentos duplos dos das pás mecânicas de igual capacidade. Esta
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característica permite-lhes alcances obviamente duplos dos conseguidos pelas pás mecânicas, o
que aliado a maiores simplicidades do balde, lhes possibili8ta manobras mais rápidas.

Fig4: Escavadora do tipo "dragline"

1.9.2. Modo de locomoção


Quanto ao seu modo de locomoção ele pode ser feito sobre e por meio dos equipamentos
normais de transporte (vagões, camiões e similares), sobre lagartas para as de pequena ou de
média dimensão, ou sobre sapatas próprias e móveis accionadas por intermédio de excêntricos
para as escavadoras de grandes dimensões (assentando elas no seu próprio chassis inferior
durante o período de trabalho).

No entanto, se as máquinas do tipo "walking" possuem boas características de estabilidade, o


mesmo já se não verifica relativamente à mobilidade, que é notoriamente afectada (a sua
velocidade de avanço é da ordem dos 150 a 250 m/h contra os 2 km/h que é possível atingir com
outros sistemas de locomoção). Porém, nas frentes de trabalho em que os deslocamentos possam
ser frequentes mas curtos, a desvantagem proveniente da sua baixa mobilidade pode ser
irrelevante.

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Modo operatório

O seu modo operatório baseia-se na queda livre do balde sobre o terreno a desmontar, o que lhe
confere necessária força de penetração ou de arranque. Este procedimento pode ser
complementado através de um movimento provocado e controlado de "arremesso" do balde, cuja
eficiência dependerá da perícia do operador. As máquinas de grande porte, como aquelas a que
nos temos vindo a referir, permitem geralmente a utilização de lanças de diferentes
comprimentos e compatíveis com diferentes capacidades dos baldes.

1.9.3. Capacidade dos seus baldes


As "draglines" são habitualmente designadas pela capacidade dos seus baldes expressa em m³ ou
jardas cúbicas, e que para as unidades de pequena a média dimensão são iguais às das pás
mecânicas, nas quais aliás se podem converter. Na fig. 43 e nos quadros XIII e XIV indicam-se
diversas características dimensionais destas máquinas para diferentes capacidades (pequenas,
médias e grandes).

O campo de emprego das 'draglines" não difere muito do das pás mecânicas, com os quais aliás
competem. O seu rendimento varia entre 50 a 80% do de uma pá mecânica de igual capacidade.
Têm particular aplicação naqueles casos em que convém manter a máquina fora da escavação
por razões de maus terrenos, de acesso, ou de invasão de águas.

Na lavra mineira o seu campo de aplicação ideal, principalmente no caso das grandes máquinas,
é o da remoção dos terrenos de cobertura estéreis pouco espessos e constantes dos jazigos cuja
morfologia aponta para o método de exploração das escombreiras no interior dos contornos da
exploração.

1.10. Retroescavadora "back-Shovel" ou "back hoe


Conforme pode ser observado na figura abaixo, o tipo de lança da retroescavadora é semelhante
ao da pá mecânica, apenas apresentando a diferença no posiciona mento do balde que,
contrariamente ao daquela, é voltado para baixo.

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As retroescavadoras são máquinas concebidas para executarem essencial mente trabalhos de
escavação. Com efeito, o seu raio de alcance é limitado e o balde de pequena capacidade,
afectando uma forma peculiar - "Hoe - o que lhe confere boas características de penetração, pois
os dentes dos seus baldes podem exercer grandes pressões sobre os terrenos. O seu
funcionamento, embora semelhante ao das pás mecânicas, apresenta no entanto, duas
características que as distinguem:

 A posição invertida do balde;


 Uma maior estabilidade, pois dita que se processa o seu enchimento ele aproxima-se da
máquina, contrariamente ao que sucede nas pás mecânicas.

Pelas razões anteriores as retroescavadoras possuem relativamente à pá mecânica:

 Maiores estabilidades axiais e transversais;


 Menores potências consumidas; e
 Melhores repartições dos esforços e consequentes menores efeitos gerais de fadiga.

Compreende-se pois que estas máquinas permitam escavar ou desmontar terrenos um pouco mais
duros que os normalmente escavados pelas pás mecânicas (classe III ou mesmo IV).

O modo operatório parece oferecer certas vantagens, como:

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 Uma boa estabilidade da máquina durante o trabalho, por um apoio total das superfícies
que compõe as lagartas, donde resulta uma excelente degradação das cargas de apoio;
 Menores esforços solicitados aos aparelhos de locomoção;
 Deslocamentos praticamente nulos;
 Cargas mais suaves e devidamente controladas devido a excelente visibilidade
proporcionada ao manobrador (o plano da superfície inferior da caixa dos camiões
coincide com a de apoio das retroescavadoras).

1.10.1. Estimativa da capacidade produtiva teórica das máquinas escavadoras


A determinação da capacidade produtiva ou rendimento destas máquinas é fundamental, pois ela
exprime uma das características mais importantes dos equipamentos.

Na abundante literatura e dos manuais fornecidos pelos seus fabricantes encontram-se referidas,
capacidades produtivas, constituindo elementos de fácil e cómoda consulta. A utilização destes
dados deverá no entanto ser feita com algumas reservas, pois que além de se basearem em
aspectos comercias manifestamente interessados no êxito concorrencial, eles estão mais virados
para as condições de trabalho mais usuais: as da construção civil, as quais no geral, são bem
diferentes das condições reais observadas nos trabalhos mineiros. E pois importante, que os
elementos, úteis sem dúvida, provenientes dessas fontes, sejam objecto de comprovações críticas
por parte de quem os vai utilizar.

1.10.2. Cálculo da capacidade produtiva


O cálculo da capacidade produtiva real das máquinas escavadoras não é um processo preciso,
pois além de depender de diversos parâmetros de difícil quantificação é ainda influenciável por
factores aleatórios. No entanto, um utilizador experimentado e com bom conhecimento da
realidade e das condições reinantes na sua exploração, poderá obter resultados muito próximos
da realidade, mesmo sabendo-se que não há duas minas com características iguais. É aliás esta
faceta que distingue a problemática da aplicação destas máquinas na Construção Civil e nas
Explorações Mineiras.

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O processo de cálculo genérico que a seguir se apresenta é teórico pretende aproximar-se o mais
possível das condições reais, sendo expressa conhecida fórmula geral aplicável a todos os
equipamentos cíclicos:

Em que P é a capacidade produtiva, C a capacidade do balde e f- a frequência do ciclo. Como se

sabe: , sendo o tempo despendido na execução de um ciclo. No que diz respeito a este é

importante relembrar que o tempo de ciclo mínimo é o somatório de todos os tempos


elementares (fixos- e variáveis ) relativos ao menor dos tempos em que seja possível
executar um ciclo , e o tempo de ciclo real ∑ , em que ∑ , são o
somatório de todos os tempos improdutivos.

Capacidade produtiva máxima e teórica do equipamento será:

E a capacidade teórica real Pr

O conceito do rendimento global, ou factor de eficiência - R- da operação, é fundamental para o


cálculo da capacidade produtiva real.

Sendo : verifica-se que ele poderá ser também expresso por

Sendo pois o rendimento afectado pelos tempos improdutivos, que obviamente deverão ser
minimizados no sentido de se obter a majoração de R.

A expressão geral que permite calcular a capacidade produtiva real - Pr - em termos de rocha 'in
situ", será:

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Na qual representa o coeficiente de empolamento dos produtos a manipular e as restantes
letras têm o significado já dado anteriormente. A análise cuidada da expressão anterior mostra
que o rendimento global - R - representa o parâmetro mais influente e significativo na
maximização da capacidade produtiva como tal na minimização dos custos. Com efeito, ele
representa o coeficiente de utilização da máquina expresso pela relação entre o tempo real e o
tempo disponível de trabalho do equipamento.

O rendimento global inclue uma série de factores aleatórios de difícil quantificação e eles
poderão ser de vária natureza, mas deixando-se agrupar em duas categorias bem definidas: uns,
incluídos no denominado rendimento de adaptabilidade e que representam a maior ou menor
adaptação do equipamento às condições locais e até sazonais de trabalho; outros, reunidos no
rendimento de gestão representando a melhor ou pior organização geral da empresa (qualificação
do pessoal, serviços de planeamento, manutenção, compras, gestão de stocks, etc.).

Os movimentos elementares dum ciclo de trabalho duma pá mecânica poderão ser


sequencialmente enunciados da seguinte maneira:

 Enchimento ou carga da pá:


 Rotação com o balde cheio;
 Descarga:
 Rotação com o balde vazio.

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Quadro5: Coeficientes de gestão

A carga e a descarga são usualmente consideradas como tempos fixos, enquanto os movimentos
de rotação são variáveis, dependendo da posição relativa entre a unidade de transporte e a pá
mecânica.

Baseados na semelhança entre a operação de desmonte mecânico realizado por estes


equipamentos e a de certas máquinas-ferramentas utilizadas na metalomecânica (limador),
diversas tentativas têm sido feitas no sentido de ser usado um processo semelhante para o cálculo
da capacidade produtiva. Infelizmente, tal procedimento não é de aplicação integralmente
possível e principalmente pelo motivo terrenos não apresentarem as mesmas características de
homogeneidade dos metais e das suas ligas. Assim sendo, conceitos como, velocidades, ângulos
de corte e de desbaste, profundidade de apara, avanços e outros, não poderão para já, e no estádio
actual dos conhecimentos sobre as características mecânicas das rochas, ser aplicados.

Mas, embora admitindo que tal comparação não possa totalmente ser feita, numa tentativa de
aproximação, consideramos de interesse, como outros, fazer referência a conceitos comuns, quer
às pás mecânicas, quer às máquinas-ferramentas:

 Altura óptima de corte corresponde ao conceito de comprimento de apara de


metalomecânica e ao percurso percorrido pelo balde desde o local de penetração até o seu
enchimento completo;
 Profundidade de corte corresponde à "espessura de apara". (A secção de apara será
numericamente igual ao produto da profundidade pela largura média do balde).
 Passagem-número de ciclos que a máquina pode executar sem efectuar qualquer
deslocamento de translação.
 A altura óptima de corte, dentro do conceito atrás definido, permite compreender a
influência que a altura do degrau ou bancada exerce na selecção da dimensão do balde da
escavadora. Se o balde de uma determinada dimensão efectuar um percurso inferior ao
óptimo não se encherá, e se for superior provocará a queda de blocos, o que obrigará a
um trabalho também menos produtivo. Em ambos os casos haverá sempre uma
diminuição da capacidade produtiva.

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Quadro: Coeficiente de enchimento

Conhecida a capacidade do balde C, o coeficiente de enchimento o empolamento e o


rendimento global R, bastará determinar o tempo de ciclo para se estimar a capacidade produtiva
teórica real duma escavadora através da conhecida fórmula geral:

Nos quadros abaixo estabelecem-se as alturas óptimas de corte e para diversos ângulos de
rotação, e apresentam-se respectivamente: o factor -K-a aplicar para alturas diferentes da óptima
(100%) e o factor de correcção inerente aos ângulos de rotação.

Quadro: Altura óptima de corte para pás mecânicas (m)

21
Quadro: Tempos de ciclo (em segundos) pra pás mecânicas e para alturas óptimas de corte de
acordo com a capacidade nominal dos baldes

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A expressão geral atrás indicada assume então a forma final:

( ) ( )
( )

O acabado de expor refere-se à determinação da capacidade produtiva de uma pá mecânica. Mas,


as estimativas do cálculo da capacidade produtiva para as retroescavadoras é muito semelhante à
apresentada anteriormente para as pás mecânicas operando nas mesmas condições e com a
mesma capacidade do balde. Contudo, quando as alturas dos degraus são elevadas a sua
capacidade é levemente inferior (20% em média).

Também as mesmas considerações, feitas anteriormente, podem ser aplicadas às "draglines". Nos
quadros abaixos, são apresentadas as alturas óptimas de corte, os tempos de ciclo e os factores de
correcção para este tipo de escavadoras.

Quadro6: Altura óptima de corte para draglines –m-

Quadro7: Tempo de ciclo em segundos para draglines e para alturas óptimas de corte de acordo
com as capacidades nominais dos baldes.

23
Quadro: Factor de carga K para alturas diferentes óptimas de "draglines"

Quadro: Factores de correcção Inerentes aos ângulos de rotação

24
2. Referencias Bibliográficas

1. Cortez,.J.A. Simões- Exploração a céu aberto- Apontamentos da cadeira de métodos de


exploração de minas de minas e pedreiras 1975;
2. Almeida. Farinas de. Exploração de minas. 2ª parte . 2ª Volume. Desmonte e
Revestimento. 1956;
3. Almeida. Farinas de. Exploração de minas. 1ª parte . 1ª Volume. Desmonte e
Revestimento. Edição de Engenharia 1956;
4. Ricardo. Hélio de Sousa e Catalani. G." Manual pratico de Escavação" Editora Mc Graw-
Hill do Brasil Ltª 1977;
5. Crawford. Hustruild. Open pit mine planing and Design. American Institute of maning,
Metalurgical and Petroleum Engineers, Inc. New York 1979.

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