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Capı́tulo 3

Campo Elétrico

3.1 O Campo Elétrico


Suponhamos uma distribuição de cargas q1 , q2 ,..., qn fixas no espaço, e ve-
jamos não as forças que elas exercem ente si, mas apenas os efeitos que
produzem sobre alguma outra carga q0 que seja trazida às suas proximida-
des.
Sabemos que a força sobre q0 é:

n
qo qi
F�o = Ko

2
r̂o,i
i=1
ro,i

Assim, se dividirmos F0 por q0 teremos:

n
F�o � qi
= Ko r̂
2 o,i
(3.1)
qo i=1
r o,i

uma grandeza vetorial que depende apenas da estrutura do sistema ori-


ginal de cargas q1 , q2 ,..., qn e da posição do ponto (x,y,z). Chamamos essa
função vetorial de x,y e z de campo elétrico criado por q1 , q2 ,..., qn e usa-

mos o sı́mbolo E . As cargas são chamadas fontes do campo. Desta forma

19
20 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

definimos o campo elétrico de uma distribuição de cargas no ponto (x,y,z):

n

� qi
E(x, y, z) = Ko r̂
2 o,i
(3.2)
i=1
r o,i

F�o = qo E
� (3.3)

Note que utilizamos como condição que as cargas fontes do campo es-
tavam fixas, ou seja, que colocar a carga q0 no espaço não perturbará as
posições ou movimento de todas as outras cargas responsáveis pelos campos.
Muitas pessoas, às vezes, definem o campo impondo à q0 a condição de
→ �
ser uma carga infinitesimal e tomando E como: lim qFo
qo →0
Cuidado! Na realidade este rigor matemático é falso. Lembre-se que no
mundo real não há carga menor que e!

Se considerarmos a Equação 3.2 como definição de E , sem referência
a uma carga de prova, não surge problema algum e as fontes não precisam
ser fixas. Casa a introdução de uma nova carga cause deslocamento das
cargas fontes, então ela realmente produzirá modificações no campo elétrico
e se quisermos prever a força sobre a nova carga, devemos utilizar o campo
elétrico para calculá-la.
Conceito de campo: um campo é qualquer quantidade fı́sica que pos-
sue valores diferentes em pontos diferentes no espaço. Temperatura, por
exemplo, é um campo. Nesse caso um campo escalar, o qual nós escrevemos
como T(x,y,z). A temperatura poderia também variar com o tempo, e nós
poderı́amos dizer que a temperatura é um campo dependente do tempo e
escrever T(x,y,z,t). Outro exemplo é o campo de velocidade de um lı́quido

fluindo. Nós escrevemos v =(x,y,z,t) para a velocidade do lı́quido para cada
ponto no espaço no tempo t. esse é um campo vetorial. Existem várias idéias
criadas com a finalidade de ajudar a visualizar o comportamento dos campos.
A mais correta é também a mais abstrata: nós simplesmente considerarmos
os campos como funções matemáticas da posição e tempo.
3.2. DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA 21

N
O campo é uma grandeza vetorial e na unidade no SI é (Newton/Coulumb).
C
Se tivermos somente uma carga:

� = Ko q r̂
E
r2
Observação 3.1. Campo elétrico é radial e cai com a distância ao quadrado

O Princı́pio da superposição também é aplicado para os campos elétricos,


ou seja, o campo elétrico resultante em um ponto P qualquer será a soma
dos campos elétricos que cada uma das cargas do sistema gera nesse ponto.
E� =E �1 + E
� 2 + ... + E
�n

3.2 Distribuições Contı́nuas de Carga

Figura 3.1: Distribuições contı́nuas de carga

� = � =Ko dq
� �
Usando o Princı́pio da Superposição: E dE r2

3.2.1 Tipos de Distribuições:


a) linear: carga distribuı́da ao longo de um comprimento (ex: fio, barra,
anel).
dq
Densidade linear de carga = λ =
dl
dq = λdl
22 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

� = Ko λdl

E r2

b) superficial: carga distribuı́da ao longo de uma superfı́cie(ex: disco,placa).
dq
Densidade superficial de carga = σ =
ds
dq = λds
� = Ko σds

E 2 r̂
r
c) volumétrica: carga distribuı́da no interior de um volume(ex: esfera,
cubo, cilindro).
dq
Densidade volumétrica de carga = ρ =
dv
dq = ρdv
� = Ko ρdv

E 2 r̂
r

Exercı́cio 3.1. Determinar o campo elétrico no ponto P.

Figura 3.2: Determinação do campo no ponto P

� �
�� � Ko λL Ko Q N
Resolução. Se tomarmos limite quando b>>L temos: �E P� = b2
= b2 C
= carga pontual
3.2. DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA 23

Colocando uma carga q no ponto P, a força é dada por:


� P = qKo λL îN
F� = q E
b(b − L)
Quando lim b >> L temos:
qQ
F� = Ko 2 î = força de Coulomb entre duas cargas pontuais q e Q
b
Observação 3.2. Só funciona para matérias isolantes. Com os metais terı́amos
uma redistribuição de carga no condutor quando a presença da carga q.

Exercı́cio 3.2. Determinar o campo elétrico no ponto P.

Figura 3.3: Determinação do campo no ponto P


24 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

Exercı́cio 3.3. Calcular o campo elétrico a uma distância z de um anel de


raio R

Figura 3.4: Anel de raio R

Resolução.
��r� = z 2 + R2 dl = Rdθ
λRdθ z
dEz = dE cos α = √
z 2 + R2 z 2 + R2
Por simetria só teremos componente na direção z.

�2π
� = k0 z λRdθ � = k0 zRλ2π 3 k̂
E √ 2 2
k̂ ⇒ E
+R z +R
z2
2
(z 2 + R2 ) 2
0
� �
� = 2πk0 λRz3 k̂ N =
E
Qzλ
3 k̂
(z 2 + R2 ) 2 C (z 2 + R2 ) 2
Analisando os limites R → ∞ e z >> R:
3.2. DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA 25

2πλRk0 z k0 Q
z >> R : E = 3
= 2 = carga puntual
z z
1
R → ∞:E → 0, com 3 se Q for fixa
R
1
com 3 se λ constante
R

Exercı́cio 3.4. Calcular o campo elétrico a uma distância z de um disco


com densidade de carga σ.

Figura 3.5: Anel de raio R

Resolução. Pela simetria só temos componente na direção z.


26 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

ds = rdθdr
z
dEz = dE cos α = dE √
r2 + z 2
�2π �R �R
zσrdθdr rdr
E z = k0 √ = k0 zσ2π 3
r2 + z 2 (r2 + z 2 ) (r2 + z 2 ) 2
0 0 0

r2 + z 2 = u du = 2rdr

2 +z 2
R� � 2 2
−1 R +z
du u 2 ��
Ez = k0 zσ2π 3 = k0 zσπ
− 12 � 2

(u) 2
z
z2
� � � �
1 1 z z
Ez = −k0 zσ2π √ − = 2πk0 σ −√
R2 + z 2 |z| |z| R2 + z 2

Analisando os limites:

σ z
z << R : Ez =
2ε0 |z|

 σ
 , z>0
2ε0


E= σ
−
 , z<0
2ε0

z >> R :

�− 12
R2 1 R2 1 R2
� � �
z
1− √ =1+ 1+ 2 =1− 1− + ... ≈
z 2 + R2 z 2 z2 2 z2
2 2
σ R σπR Q
⇒ Ez = = =
2ε0 2z 2 4πε0 z 2 4πε0 z 2
3.2. DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA 27

� �
σ z

 2ε 1 − √ 2 , z>0


0 z + R2
Ez = � �
σ z
−1 − √


 , z<0
2ε0 z 2 + R2
Fazendo os gráficos:

z << R

Figura 3.6: Gráfico para z << R

z >> R

Figura 3.7: Gráfico para z >> R


28 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

3.3 Linhas de Forças


Os esquemas mais utilizados para a representação e visualização de um campo
elétrico são:
a) Uso de vetores associamos um vetor a cada ponto do espaço

Figura 3.8: Linhas de força-vetores

Quando q > 0 o campo é divergente.


Simples campo radial proporcional ao inverso do quadrado da distância.
b) Desenhar as linhas de campo:
Linhas de força de um campo, ou simplesmente linhas de campo são retas
ou curvas imaginárias desenhadas numa região do espaço, de tal modo que, a
tangente em cada ponto fornece a direção e o sentido do vetor campo elétrico
resultante naquele ponto.
As linhas de campo fornecem a direção e o sentido, mas não o módulo. No
entanto, é possı́vel ter uma idéia qualitativa do módulo analisando as linhas.
A magnitude do campo é indicada pela densidade de linhas de campo.

Exemplo 3.1. carga puntual +q


Atenção: o desenho está definido em duas dimensões, mas na realidade
representa as três dimensões.
3.3. LINHAS DE FORÇAS 29

Figura 3.9: Linhas de força de um campo

Figura 3.10: Carga pontual + q

Se considerássemos duas dimensões, a densidade de linhas que passam


através de uma circunferência seria igual a

n
2πr

, o que faria com que


1
E∝
r
Caso 3D a densidade seria igual a

n
4πr2

e
1
E∝
r2
30 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

, o que é correto.

Existem algumas regras para desenhar as linhas:


1) As linhas de campo nunca se cruzam. Caso contrário, terı́amos dois
sentidos diferentes para o campo no mesmo ponto. Isto não faz sentido pois
o campo que elas significam é sempre o resultante.
2) As linhas de campo começam na carga positiva e terminam na carga
negativa, ou no infinito.
3) O número de linhas é proporcional ao módulo das cargas.

Q1 n1
=
Q2 n2

Figura 3.11: Linhas de Campo

Exemplo 3.2.

3.4 Fluxo
Consideremos uma região no espaço, onde existe um campo elétrico como na
figura abaixo:
Uma superfı́cie de área A perpendicular a direção de E.
O fluxo através desta superfı́cie é: f = EA
3.4. FLUXO 31

Figura 3.12: Fluxo na área A

Se esta superfı́cie estiver na mesma direção de


� �
� �a⊥E
E �

Figura 3.13: Fluxo na área A

Se esta superfı́cie estiver inclinada em relação as linhas de campo em um


ângulo θ
Considere agora, uma superfı́cie fechada qualquer. Divida a superfı́cie em
pedacinhos, de tal forma que cada um possa ser considerado plano e o vetor
32 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

Figura 3.14: Fluxo na área A

campo não varie apreciavelmente sobre um trecho.


Não deixe que a superfı́cie seja muito rugosa nem que essa passe por uma
singularidade. (ex: carga puntiforme)

Figura 3.15: Superfı́cie

A área de cada trecho tem certo valor e cada uma define univocamente
uma direção e sentido, a normal à superfı́cie orientada para fora. Para cada

trecho, temos um vetor a j que define sua área e orientação.
3.5. LEI DE GAUSS 33

→ →
O fluxo através desse pedaço de superfı́cie é dado por: Φ =E j . a j
� → →
E o fluxo através de toda a superfı́cie: Φ = Ej . a j
j

� → →
Tornando os trechos menores, temos: Φ = E .d a em toda a superfı́cie

3.5 Lei de Gauss

Tomemos o caso mais simples possı́vel: o campo de uma única carga punti-
forme. Qual é o fluxo Φ através de uma esfera de raio r centrada em q?

Figura 3.16: Fluxo devido a uma carga puntiforme


34 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

� = k0 q r̂
E
r2
d�a = r2 senθdθdϕr̂
q
� ��

Φ = E · d�a = � k0 2 r2 senθdθdϕr̂
r
s s
�π �2π
= k0 q senθdθdϕ =
0 0
4πq q
= 4πk0 q = =
4πε0 ε0
Ou simplesmente:

q q
E × area total = k0 2
4πr2 =
r ε0
Portanto o fluxo não depende do tamanho da superfı́cie gaussiana.
Agora imagine uma segunda superfı́cie, ou balão, mas não esférica envol-
vendo a superfı́cie anterior. O fluxo através desta superfı́cie é o mesmo do
que através da esfera.

Figura 3.17: Fluxo devido a uma carga puntiforme


3.5. LEI DE GAUSS 35

Para ver isto podemos considerar a definição de linhas de campo:


O número de linhas que atravessam as duas superfı́cies é o mesmo.
Ou então podemos considerar um cone com vértice em q.

Figura 3.18: Comparação de fluxos

O fluxo de um campo elétrico através de qualquer superfı́cie que envolve


q
uma carga puntiforme é
εo

Corolário 3.1. Fluxo através de uma superfı́cie fechada é nulo quando a carga
é externa à superfı́cie.

O fluxo através de uma superfı́cie fechada deve ser independente do seu


tamanho e forma se a carga interna não variar.
Superposição:
Considere um certo número de fontes q1 , q2 , ..., qn e os campos de cada
uma
� 1, E
E � 2 , ..., E
�n

O fluxo Φ , através de uma superfı́cie fechada S, do campo total pode ser


escrito:
36 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

� �
Φ= � · d�s =
E �1 + E
(E � 2 + ... + E
� n )·d�s
S S

� i · d�s = qi ⇒ Φ = q1 + q2 + ... + qn = qint



E
ε0 ε0 ε0
S

LEI DE GAUSS:

O fluxo do campo elétrico E através de qualquer superfı́cie fechada é igual
à carga interna dividida por �0 .

� i · d�s = qint

E
ε0
S

Pergunta: A lei de Gauss seria válida se


� �
��� 1
�E � ∝ 3
r

?
Não, pois:
� ·A
� = EAtotal = k0 q 2 q
Φ=E 4πr =
r3 ε0 r
Por meio da lei de Gauss é possı́vel calcular a carga existente numa região
dado um campo. Esta lei simplifica problemas complicados, porém limitados
a sistemas que possuem alta simetria.

3.5.1 Aplicando A Lei De Gauss:


1) Identifique as regiões para as quais E deve ser calculado.
2) Escolha superfı́cies gaussianas observando a simetria do problema,

preferencialmente com E perpendicular e constante ou E paralelo.
3) Calcule �
Φ= � i · d�s
E
S
3.6. APLICAÇÕES DA LEI DE GAUSS 37

4) Calcule qint

5) Aplique a Lei de Gauss para obter E

Figura 3.19: Simetrias mais comuns

3.6 Aplicações da Lei de Gauss


É essencial que a distribuição tenha elemento de simetria (plana, axial,
esférica) de tal forma que se possa exprimir o fluxo tatalo através de uma
superfı́cie gaussiana fechada judiciosamente escolhida para aproveitar a sime-
tria, em termos de magnitude do campo, a mesma em qualquer ponto desta
superfı́cie.
Plano Uniformemente Carregado
Fio Cilı́ndrico de densidade linear λ
Casca Esférica
O campo elétrico externo à camada é o mesmo que se toda a carga da
esfera estivesse concentrada no seu centro.
CAMPO ELÉTRICO NA SUPERFÍCIE DE UM CONDUTOR
A carga pode deslocar-se livremente no interior de um meio condutor.
No equilı́brio não pode haver cargas no interior do condutor, pois as cargas
se deslocariam sob a ação do campo, rompendo o equilı́brio estático. Só é
possı́vel ter componente do campo normal à superfı́cie.
38 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

Figura 3.20: Plano Uniformemente Carregado

Figura 3.21: Fio Cilı́ndrico de densidade linear λ

3.7 Divergência de um vetor e Equação de


Poisson
A lei de Gauss é um indicador global de presença de cargas:

� · d�s = qint

Φ= E
ε0
S
3.7. DIVERGÊNCIA DE UM VETOR E EQUAÇÃO DE POISSON 39

Figura 3.22: Casca esférica

Queremos agora achar um indicador local que analise a presença de fontes


num ponto P.
Considere um ponto P:
Vamos colocar uma gaussiana ∆Σ de volume infinitesimal ∆V, a carga
dentro deste volume é ρ∆V, então:

� s = qint = ρ∆V 1 � s= 1 ρ∆V


� � � �
Φ∆Σ = E.d� ⇒ E.d�
ε0 ε0 ∆V ∆V ε0
∆Σ V V

1 � s = ρ(P )

lim E.d� (3.4)
∆V →0 ∆V ε0
∆Σ

Este limite caracteriza que a densidade de fontes do campo em P inde-


pende de ∆Σ e é uma caracterı́stica local do campo.
Para um vetor qualquer, definimos a divergência como sendo:

1

� v = lim
div�v (P ) = ∇.� �v .d�s
∆V →0 ∆V


onde ∆V é um volume arbitrário que envolve o ponto P e d s (elemento
orientado de superfı́cie).
De acordo com a Equação 3.4
40 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

Figura 3.23: Esquema para aplicação da Lei de Gauss


3.7. DIVERGÊNCIA DE UM VETOR E EQUAÇÃO DE POISSON 41

Figura 3.24: Continuação

Figura 3.25: Gaussiana e volume infinitesimal

� E
∇. � = ρ
εo

Equação de Poisson ou a forma local da Lei de Gauss


→ →
O divergente de E num ponto P é o fluxo para fora de E por unidade de
volume nas vizinhanças do ponto P.
Mas sempre que for calcular o divergente nós temos que calcular pela
definição?
42 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

Figura 3.26: Paralelepı́pedo infinitesimal

� v = lim 1

∇.� �v .d�s
∆V →0 ∆V

Não. Vamos ver a forma do


� v
∇.�

em coordenadas cartesianas:
Segundo a definição ∆V é qualquer. Vamos considerar um paralelepı́pedo
de lados ∆x, ∆y e ∆z centrado no ponto P (x,y,z).


Vamos calcular o fluxo de v na face 2:

vx (2).∆y.∆z
3.7. DIVERGÊNCIA DE UM VETOR E EQUAÇÃO DE POISSON 43


Fluxo v na face 1:

−vx (1).∆y.∆z

Observe que vx (2) �= vx (1)

1 1 ∂vx
vx (2) = vx (x + ∆x, y, z) = vx (x + y + z) + ∆x
2 2 ∂x

1 1 ∂vx
vx (1) = vx (x − ∆x, y, z) = vx (x + y + z) − ∆x
2 2 ∂x
Fluxo sobre 1 e 2:

� ∂vx
f luxos = ∆x∆y∆z
∂x
Da mesma forma se considerarmos as outras faces:
� �
∂vy
Φtotal = ∂v∂x
x
+ ∂y
+ ∂vz
∂z
∆x∆y∆z
� �
Φtotal = ∂v∂x
x
+ ∂v
∂y
y
+ ∂v
∂z
z
∆V
� �
∂vy
Φtotal = ∂ �v • d�s = ∂v ∂vz

∂x
x
+ ∂y
+ ∂z
∆V
Superfı́cie infinitesimal = ∆Σ

� v = ∂vx + ∂vy + ∂vz


∇�
∂x ∂y ∂z

Por outro lado se somarmos para todos os elementos:


� v ∆V =
∇� � v dV
∇�
V

Ao somarmos os fluxos sobre todos os elementos notamos que contri-


buições às superfı́cies internas são iguais a zero.
44 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

� � �
�v d�s = �v d�s
i P
S
∆ i
� �
� v dV =
∇� �v d�s
V S

Vimos que a definição de divergente é:

� v = lim 1

div�v (P ) = ∇.� �v .d�si
∆Vi →0 Vi
Si


sendo v um campo vetorial qualquer, Vi é o volume que inclui o ponto
em questão e Si a superfı́cie que envolve este volume Vi .
→ →
Significado de ∇ . v :
a) Fluxo por unidade de volume que sai de Vi no caso limite de Vi infi-
nitésimo;
b) Densidade de fluxo desse valor através da região;
c) Grandeza escalar que pode variar de ponto para ponto.

3.8 Teorema de Gauss e forma diferencial da


Lei de Gauss
F� d�si

� n � n
Si
F� d�s = F� d�si =
� �
Φ= ∆Vi
i=1 S i=1
∆Vi
S i

Fazendo lim e Vi −→ 0
N →∞
� �
F� d�s = � F� dV

S V

Teorema de Gauss ou Teorema de Divergência


Já tı́nhamos visto a equação de Poisson:
3.8. TEOREMA DE GAUSS E FORMA DIFERENCIAL DA LEI DE GAUSS45

� E
∇. � = ρ
εo
Vamos usar o teorema da divergência para chegar neste resultado:

� ρdV
� s=
Ed� V
ε0
s

Pelo teorema da divergência:

1
� � �
� s=
Ed� � EdV
∇ � = ρdV
ε0
s V V

Como o volume é qualquer, temos:

� E
∇. � = ρ
εo
sendo a relação local entre densidade de carga e campo elétrico
O DIVERGENTE EM COORDENADAS CARTESIANAS:

Figura 3.27: Divergente


46 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

F� = Fx î + Fy ĵ + Fz k̂

� F� = lim 1

∇ F� d�si
Vi →0 Vi
si

→ →
Queremos saber o ∇ . F no ponto P
Sabemos que:

∂Fy Fy (x, y + ∆y, z) − Fy (x, y, z)


=
∂y ∆y

∂Fy ∆y
Fy (x, y + ∆y/2, z) = Fy (x, y, z) +
∂y 2
Fluxo por 2:

� �
∂Fy ∆y
F� A
� = Fy (x, y + ∆y/2, z)∆x∆z = Fy (x, y, z) + ∆x∆z
∂y 2

Fluxo por 1:

� �
� � ∂Fy ∆y
F A = −Fy (x, y − ∆y/2, z)∆x∆z = − Fy (x, y, z) − ∆x∆z
∂y 2

Somando fluxo 1 + fluxo 2:

∂Fy
∆x∆y∆
∂y
Somando fluxo 3 + fluxo 4:

∂Fx
∆x∆y∆z
∂x
Somando fluxo 5 + fluxo 6:
3.8. TEOREMA DE GAUSS E FORMA DIFERENCIAL DA LEI DE GAUSS47

∂Fz
∆x∆y∆z
∂z

Figura 3.28: Superfı́cies consideradas

Fluxo total que sai do volume Vi


� �
∂Fx ∂Fy ∂Fz
+ + ∆x∆y∆z
∂x ∂y ∂z

� �
� F� = lim 1

∂Fx ∂Fy ∂Fz
+ + ∆Vi =
∂Fx ∂Fy ∂Fz
+ +
∆Vi →0 ∆Vi ∂x ∂y ∂z ∂x ∂y ∂z

F� = Fx î + Fy ĵ + Fz k̂

� = ∂ î + ∂ ĵ + ∂ k̂
Operador nabla: ∇
∂x ∂y ∂z
Em coordenadas esféricas: (r,θ,ϕ):

� F� = 1 ∂ (r2 Fr ) + 1 ∂ (senθFθ ) + 1 ∂Fϕ



r2 ∂r rsenθ ∂θ rsenθ ∂ϕ
Em coordenadas cilı́ndricas: (r,ϕ,z):

� F� = 1 ∂ (rFr ) + 1 ∂Fϕ + ∂Fz



r ∂r ρ ∂ϕ ∂z
48 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

Exemplo 3.3. Seja um cilindro com densidade volumétrica de cargas posi-


tivas uniforme.

Figura 3.29: Cilindro com densidade volumétrica de cargas uniforme

Resolução.
ρπr2 L ρπa2 L
E2πrL = ↔ E2πrL =
ε0 ε0


− ρr ρπa2 L
E = r̂ (r < a) ↔ E2πrL =
2ε0 ε0
� �
�E
∇ � (r < a) = 1 ∂ (rEr ) = 1 ∂ r
ρr
r ∂r r ∂r 2ε0

�E
∇ � = ρ
ε0

ρa2
� �
�E
∇ � (r > a) = 1 ∂ (rEr ) = 1 ∂ r
r ∂r r ∂r 2ε0 r

�E
∇ � =0
3.8. TEOREMA DE GAUSS E FORMA DIFERENCIAL DA LEI DE GAUSS49

O divergente do campo só é diferente de zero onde há carga!


CARGA PONTIFORME

� = 1 q
E r̂
4πε0 r2

�E� = q 1 ∂ 2
∇ (r Er ) = 0 , r �= 0
4πε0 r2 ∂r
Não faz sentido calcular o campo em cima dela mesma (a carga), já que
ela gera o campo.
50 CAPÍTULO 3. CAMPO ELÉTRICO

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