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PÁGS.

104-105

LEITURA DO TEXTO

1. Cómico de situação (por ex., o Parvo pergunta se deve entrar a pular ou a voar);
cómico de linguagem (nas falas do Parvo (“de caganeira. / De quê? De cagamerdeira”);
cómico de carácter (de certa forma, poderemos considerar que a própria personagem
apresenta traços de carácter cómicos).
2. Numa peça cujo argumento se centra no julgamento da vida das personagens e cuja
intenção é a crítica à sociedade, o passado só interessa para revelar os pecados
cometidos. Se o Parvo não pode ter cometido nenhum pecado, porque não age com
consciência do mal, não faria sentido referenciar o seu passado.
2.1 Os símbolos cénicos estão relacionados com a vida terrena, ao nível dos pecados
cometidos. Se o Parvo não pecou, não transporta qualquer símbolo. (Os símbolos
também ajudam a caracterizar a personagem, mas o Parvo seria, com certeza,
identificável pelo vestuário).
3. Nem chega a ter oportunidade de argumentar, pois o Anjo não lhe recusa a entrada,
além disso, para ele, embarcar para o Céu é tão simples e natural que nem precisa de
se esforçar.
3.1 Porque Joane é um simples, um pobre de espírito que nunca pecou (“porque em
todos teus fazeres / per malícia não erraste”).
4. A autoapresentação revela a simplicidade, relacionando-se com o destino final, a
salvação.
5. O PARVO é uma personagem de exceção no Auto. Apresenta-se sem nada e, com
graça, simplicidade e ingenuidade, diz-se tolo. Descontraído, queixa-se por ter
morrido, e só se irrita quando o Diabo o quer levar para o Inferno, insultando-o,
revelando o carácter descomedido e sem autocensura, próprio de um pobre de espírito.
Ao Anjo afirma ser talvez alguém (samica alguém = quase ninguém), apresentação
sintetizadora da sua simplicidade. Salva-se porque não há maldade nos seus atos. Este
Joane (assim se chamavam normalmente os Parvos, personagem tipo do teatro
medieval) é a concretização do preceito cristão, “bem aventurados os pobres de
espírito porque deles é o reino dos Céus”.

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