O documento descreve a peça teatral "Auto da Barca do Purgatório" de Gil Vicente. Resume a cena com o Fidalgo, que confia em seu status social para entrar na barca do céu, mas é rejeitado. Seu arrependimento tardio mostra a crítica de Vicente à arrogância e presunção da nobreza.
O documento descreve a peça teatral "Auto da Barca do Purgatório" de Gil Vicente. Resume a cena com o Fidalgo, que confia em seu status social para entrar na barca do céu, mas é rejeitado. Seu arrependimento tardio mostra a crítica de Vicente à arrogância e presunção da nobreza.
O documento descreve a peça teatral "Auto da Barca do Purgatório" de Gil Vicente. Resume a cena com o Fidalgo, que confia em seu status social para entrar na barca do céu, mas é rejeitado. Seu arrependimento tardio mostra a crítica de Vicente à arrogância e presunção da nobreza.
1. Elementos cénicos: pajem, cadeira, manto. Representam o estatuto social de
Fidalgo: o manto (a vaidade pela condição social), o pajem (todos os que o servem e sobre os quais ele exerce a tirania) e a cadeira (os bens materiais e o poder). 2. Começa por parar junto à barca do Diabo, depois dirige-se à do Anjo e, finalmente, regressa à do Diabo. 3. No início da cena, o Fidalgo está muito descontraído e seguro, depois, quando se afasta da barca do Diabo, começa a revelar preocupação e, ao mesmo tempo, irritação, pois chama e ninguém lhe responde. Quando começa a falar com o Anjo, tenta recuperar a segurança, no entanto, ao perceber que não lhe é permitido entrar na barca do paraíso, mostra-se desanimado e um pouco arrependido de ter confiado no seu “estado”. Perto do final, chega a mostrar-se humilde perante o Diabo, implora-lhe que o deixe regressar à vida e, finalmente, mostra-se resignado com o seu destino. 4. Ironia: “Ó poderoso dom Anrique” (l. 1); “Vejo-vos eu em feição / pera ir ao nosso cais…” (ll. 18-19); “Embarqu’a a vossa doçura” (l. 103); “todos bem vos serviremos” (l. 108). 5.1 Com o Diabo, usa o argumento de ter deixado na terra quem reze por ele; com o Anjo usa o argumento de ser fidalgo. 5.2 Defendendo-se com as rezas de outrem, mostra que viveu tão confiante da sua importância e tão habituado a que os outros fizessem tudo por ele que nem lhe ocorre que as orações não seriam suficientes para o salvar. O argumento apresentado ao Anjo mostra a arrogância e presunção do Fidalgo. 6. Gil Vicente pretende criticar a prática errada da religião dos que acreditavam que orações, missas e práticas superficiais eram mais válidas do que as obras e a fé. 7. A alusão à condenação do pai do Fidalgo alarga a crítica à classe social, dando a entender que os nobres são condenados, geração após geração. 8.1 Divertido, ri do Fidalgo, chama-lhe tolo e mostra-lhe como está enganado em relação ao desgosto da mulher e da amante. 8.2 Alarga-se a crítica às mulheres, atribuindo-lhes falsidade, hipocrisia e infidelidade e mostrando que o fingimento é transmitido de mães para filhas. 9.1 O Fidalgo é acusado de ter vivido a seu prazer, de ser presunçoso e vaidoso e de ter sido tirano para o povo. 9.2 Dom Anrique é um fidalgo de solar, vaidoso e presunçoso da sua condição social. O longo manto e o pajem carregando a cadeira revelam essa vaidade e ostentação, tal como a reação inicial face ao Diabo e depois face ao Anjo revela a arrogância de quem sempre esteve habituado a que obedecessem às suas ordens. É no estatuto de nobre que ele confia como razão para ser salvo, tal como sempre confiou ao longo da vida. É por isso que, quando o Anjo o interpela, ele apresenta como único argumento para a salvação o facto de ser “fidalgo de solar” e é também por isso que desdenha da barca a que chama “cortiço” e exige que o tratem por “Vossa Senhoria”. Da vida sentimental ficamos a saber que além da mulher tinha uma amante, no entanto, sabemos também que afinal, ele que era tão poderoso, era igualmente enganado por elas. O Fidalgo é uma personagem tipo, na medida em que representa a nobreza e os seus vícios de tirania, presunção, arrogância e ostentação. É exatamente por isso que, tal como aconteceu com seu pai, é condenado ao Inferno.