Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
John Wesley
'Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos: E ele
abriu sua boca, e falou com eles dizendo': "Abençoados sejam os pobres de espírito: para eles será o reino
dos céus. Abençoados são aqueles que choram: porque eles serão consolados". (Mateus 5:1-4)
1. Nosso Senhor tinha 'percorrido quase toda a Galiléia', (Mateus 4:23), começando no
tempo 'em que João havia sido lançado na prisão' (Mateus 4:12), não apenas 'ensinando em suas
sinagogas, e pregando o Evangelho do reino', mas igualmente, 'curando toda forma de
enfermidade, e todas os tipos de doenças entre o povo'. Foi como conseqüência natural disto, que 'o
seguiu uma grande multidão: da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e da região além
do Jordão' (Mateus 4:25). 'E vendo a multidão', que nenhuma sinagoga poderia conter, mesmo que
houvesse alguma à mão, 'ele foi para as montanhas', onde havia um lugar para todos que vieram até
ele, de todos os cantos. 'E, quando ele se assentou', como era costume dos judeus, 'seus discípulos
vieram até ele. E ele abriu sua boca', (uma expressão denotando o começo de um discurso solene),
'e ensinou a eles, dizendo:' --
2. Vamos observar, quem é este que está aqui falando, e poderemos dar atenção ao que
ouvimos: Trata-se do Senhor dos céus e terra; o Criador de tudo; que,. como tal, tem o direito de
dispor de todas suas criaturas; o Senhor, nosso Governador, cujo reino é para sempre, e reina sobre
tudo; o grande Legislador; quem pode bem impingir todas as suas leis, sendo 'capaz de salvar e de
destruir', sim, punir com a 'destruição eterna, de sua presença e da glória de seu poder'. Trata-se
da Sabedoria eterna do Pai, que sabe para o que fomos feitos, e entende nossa mais íntima estrutura:
que conhece como nos posicionamos com relação a Deus; ao outro; a todas as criaturas que Deus
tem feito, e, conseqüentemente, como adaptar cada lei que ele prescreve, para todas as
circunstâncias nas quais ele tem nos colocado.
Trata-se daquele, que 'ama cada homem; cuja misericórdia é sobre todas as suas obras'; o
Deus do amor, que tendo esvaziado a si mesmo de sua glória eterna, veio de seu Pai declarar sua
vontade para com todos os filhos dos homens, e, então, retornou ao Pai; aquele que é enviado de
Deus 'para abrir os olhos do cego, e dar luz àqueles que estão na escuridão'. É o grande Profeta do
Senhor, concernente a quem Deus declarou solenemente muitos anos atrás: 'E será que qualquer
que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, eu o requererei dele'. (Deut. 18:19),
ou como o Apóstolo expressa: 'Toda a alma que não ouvir este Profeta, deverá ser destruído de
entre as pessoas'. (Atos 3:23).
3. E o que Ele está ensinando? O Filho de Deus, que veio dos céus, está aqui mostrando-nos
o caminho para o céu; para o lugar que Ele tem preparado para nós; a glória que Ele tem, mesmo
antes do mundo. Ele nos está ensinando o verdadeiro caminho para a vida eterna; o caminho real
que nos conduz ao reino; e o único caminho verdadeiro, -- já que não existe outro além; todos os
demais conduzem à destruição. Do caráter do Orador, nós estamos bem seguros de que ele tem
declarado a perfeita e completa vontade de Deus. Ele não tem afirmado coisa alguma mais – nada
mais do que ele recebeu do Pai; nem muito menos, -- Ele não tem evitado declarar toda a
deliberação de Deus; muito menos, ele tem afirmado alguma coisa errada; alguma coisa contrária à
vontade daquele que o enviou. Todas as suas palavras são verdadeiras e corretas, concernentes a
todas as coisas, e deverão permanecer para sempre e sempre.
Nós podemos facilmente notar, que, em explicar e confirmar esses dizeres fiéis e
verdadeiros, ele toma cuidado para refutar não apenas os erros dos Escribas e Fariseus, que, então,
faziam comentários falsos, por meio dos quais os professores judeus daqueles tempos tinham
pervertido a Palavra de Deus, mas todos os erros práticos, os quais eram inconsistentes com a
1
salvação, que poderiam se levantar na Igreja Cristã; todos os comentários, por meio dos quais os
Professores Cristãos (assim chamados) de alguma época ou nação poderiam perverter a Palavra de
Deus, e ensinar às almas descuidadas a buscar a morte no erro de suas vidas.
4. E daí, nós somos naturalmente conduzidos a observar, quem eram aqueles que Ele está
ensinando. Não apenas aos Apóstolos; se assim fosse, ele não precisaria ter ido até as montanhas.
Uma sala na casa de Mateus, ou algum de seus discípulos poderia conter todos os Doze. Nem, de
forma alguma, parece que os discípulos que vieram até ele eram apenas os Doze. Sem colocar
qualquer ênfase sobre a expressão, pode ser entendido que se trata de todos os que desejaram
aprender dele Mas, para colocar isto fora de toda questão, e tornar inegavelmente claro que, onde é
dito, 'Ele abriu sua boca e ensinou a eles', a palavra eles inclui toda aquela multidão que seguiu
com Jesus até a montanha, nós precisamos observar os versos conclusivos do Capítulo sétimo: 'E
aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina, porquanto
os ensinava com autoridade e não como os escribas'. (Mateus 7:28-29).
E não apenas para aquela multidão que estava com Ele no monte, aos quais Jesus agora
ensinava o caminho da salvação; mas a todos os filhos dos homens; toda a raça da humanidade; os
filhos que já nasceram; e todas as gerações que estavam por vir; mesmo para o fim do mundo, e aos
que nunca ouviram palavras como esta na vida.
5. E isto todos os homens concordam, com respeito a algumas partes do discurso resultante.
Nenhum homem, por exemplo, nega que o que ele disse de pobreza de espírito refere-se a toda a
humanidade. Mas muitos têm suposto que outras partes, dizem diretamente apenas aos Apóstolos,
ou aos primeiros Cristãos, ou aos Ministros de Cristo; e nunca foram designadas para a generalidade
dos homens que, conseqüentemente, não tinha coisa alguma a ver com elas, afinal.
Mas nós não podemos justamente inquirir, quem foi que disse isto a eles - que algumas
partes concernem apenas aos Apóstolos, ou aos Cristãos da era apostólica, ou aos Ministros de
Cristo? Expor afirmações não é uma prova suficiente para estabelecer um ponto de tão grande
importância. Então, foi o próprio nosso Senhor que nos ensinou que algumas partes do discurso não
dizem respeito à toda a humanidade? Se tivesse sido assim, sem dúvida, Ele teria nos dito; Ele não
poderia ter omitido uma informação tão necessária. Mas ele nos disse dessa forma? Onde? No
próprio discurso? Não! Aqui não existe a menor insinuação disto. Ele teria dito em algum outro
lugar? Em alguma outra parte dos seus discursos? Nenhuma palavra que sugira isto nós podemos
encontrar em alguma coisa que ele tenha falado – tanto para as multidões, quanto para os discípulos.
Algum dos Apóstolos, ou outros escritores inspirados deixaram tal instrução registrada? Não tal
coisa. Nenhuma afirmação desse tipo é encontrada em todos os oráculos de Deus. Quem, então, são
os homens que são mais sábios do que Deus? – tão sábios que estão acima do que está escrito?
6. Talvez eles irão dizer que a razão da coisa requer tal restrição a ser feita. Se for assim,
deve ser sobre um desses dois relatos; porque, sem tal restrição, o discurso seria aparentemente
absurdo, tanto quanto contradiria alguma outra escritura. Mas este não é o caso. Claramente irá
aparecer, quando nós estivermos examinando as diversas particularidades, que não há absurdo,
afinal, em aplicar tudo o que nosso Senhor tem aqui entregue para toda a humanidade. Nem irá
inferir qualquer contradição a qualquer coisa que ele tenha entregue; nem a alguma outra escritura
tão pouco. Mais ainda: irá aparecer, mais além, que todas as partes desse discurso devem ser
aplicadas a todos os homens em geral, e não parte deles; vendo que eles estão todos conectados;
todos unidos como as pedras em uma colunata; as quais você não pode tirar uma fora, sem destruir
toda a estrutura.
7. Nós podemos, por fim, observar, como nosso Senhor ensina aqui. E, certamente, como em
2
todo o tempo, e, particularmente neste, Ele fala¸'como nenhum homem falou antes'. Nem como os
homens santos do passado; embora eles também falassem, 'como que movidos, pelo Espírito Santo'.
Nem como Pedro, ou Tiago, ou João, ou Paulo: eles eram realmente sábios arquitetos em suas
igrejas; mas, ainda assim, nos patamares da sabedoria divina, o servo não é como seu Senhor. Não;
nem mesmo como ele próprio, em algum outro tempo, ou em alguma outra ocasião. Não parece que
fosse sempre seu objetivo, em algum outro momento ou lugar, estabelecer, de uma só vez, todo o
plano de sua religião; nos dar um panorama completo do Cristianismo; para descrever amplamente
a natureza daquela santidade, sem o que nenhum homem poderá ver o Senhor. Ele tem realmente
descrito, em milhares de ocasiões diferentes, as ramificações particulares disto; mas nunca antes,
além daqui, ele forneceu, deliberadamente, uma visão geral do todo. Mais ainda, nós não temos
coisa alguma como esta, em toda a Bíblia; a menos que alguém exclua aquele pequeno esboço de
santidade entregue por Deus, naquelas Dez Palavras, ou Mandamentos de Moisés, no monte Sinai.
Mas, mesmo aqui, quão larga diferença existe entre um e outro! 'Porque também o que foi
glorificado, nesta parte, não foi glorificado, por causa desta excelente glória. (2Cor 3:10).
8. Acima de tudo, com que amor surpreendente, o Filho de Deus revela aqui a vontade de
seu Pai para o homem! Ele não nos traz novamente 'para o monte que queima com fogo, nem para a
negridão, e escuridão e tempestade'. Ele não fala como quando ele 'trovejou dos céus'; quando o
Altíssimo 'despejou seus trovões, granizos e carvões de fogo'. Ele agora se dirige a nós com sua voz
ainda pequena, -- 'Abençoados', ou felizes, são os pobres em espírito'. Felizes são os que choram;
os mansos; aqueles que têm fome de retidão; os misericordiosos; os puros de coração: Felizes em
seus resultados; no caminho; felizes nessa vida; e na vida eterna! Como se ele tivesse dito: 'Quem é
ele que, entregando-se à luxúria para viver, com prazer, verá bons dias? Observem: eu mostro a
vocês aquilo que suas almas almejam! Vejam o caminho que vocês buscaram, tanto tempo, em vão;
o caminho do deleite; o caminho da calma; da paz jubilosa; do paraíso abaixo e do paraíso
acima!',
9. Ao mesmo tempo, com que autoridade ele ensina! Bem poderiam eles dizer: 'Não como
os escribas'. Observem a maneira, o servo de Deus; não como Abraão, seu amigo; não como algum
dos Profetas; nem como quaisquer dos filhos dos homens. É alguma coisa mais do que humana;
mais do que pode concordar algum ser criado. Ele fala, como um Criador, afinal! Um Deus; um
Deus visível! Sim; o Uno; o Onisciente; Jeová; o Onipotente; o Supremo; o Deus que está sobre
todos, abençoado para sempre!
10. Esse discurso divino, entregue, no método mais excelente, com todas as partes
subseqüentes, ilustrando aquelas que precedem, é, comumente, e não impropriamente, dividido em
três ramificações principais: A Primeira, contida no quinto, -- A segunda, no sexto, -- e a Terceira,
no sétimo capítulo.
II – Na Segunda, estão as regras para aquele propósito correto, que nós deveremos
preservar, em todas as nossas ações exteriores; não misturadas com desejos mundanos, ou cuidados
ansiosos, até mesmo, para com as necessidades da vida.
I
3
1. Nosso Senhor, Primeiro, estabelece a soma de toda religião verdadeira em oito
pormenores, que ele explica e guarda contra as interpretações falsas dos homens, para o final do
quinto capítulo.
Alguns têm suposto que ele designou, nesses, apontar os diversos estágios do curso cristão;
os passos que um cristão toma sucessivamente em sua jornada para a terra prometida; -- outros, que
todas as particularidades aqui colocadas pertencem, todo o tempo, a todos os cristãos. E por que nós
não podemos aceitar tanto uma, quanto a outra? Que inconsistência existe entre elas? Sem dúvida, é
verdade que, tanto a pobreza de espírito, quanto todos os outros temperamentos que estão aqui
mencionados, são encontrados, em um grau maior ou menor, o tempo todo, e em todo cristão real. E
é igualmente verdade que o Cristianismo verdadeiro sempre começa na pobreza de espírito, e segue
na ordem aqui colocada, até que o 'homem de Deus seja feito perfeito'. Nós começamos com o
menor desses dons de Deus; ainda que não para desistir disso, quando somos por Deus, para irmos
para mais alto: Mas o que já temos alcançado, seguramos firmes, 'enquanto prosseguimos, para o
que ainda está mais à frente, para as mais altas bênçãos de Deus em Jesus Cristo.
Não se pode supor, que nosso Senhor olhou aqueles que estavam ao redor dele, e,
observando que os ricos não estavam lá, mas os pobres do mundo, ele aproveitou a oportunidade de
fazer uma transição das coisas temporais para as espirituais. 'Abençoados', diz ele, (ou felizes, --
então, a palavra poderia exprimir ambos os significados, neste verso e nos versos seguintes) 'são os
pobres de espírito'. Ele não diz, eles que são pobres, como circunstâncias exteriores, -- não sendo
impossível, que alguns desses possam estar tão longe da felicidade quanto um monarca encima de
seu trono; mas, por 'pobre em espírito', -- eles que, quaisquer que sejam as circunstâncias
exteriores, têm aquela disposição do coração que é o primeiro passo para a felicidade real e
substancial, tanto neste mundo, quanto naquele que está para vir.
3. Alguns têm julgado que, pobres em espírito, são aqueles que amam a pobreza; aqueles
que estão livres da cobiça; do amor do dinheiro; que temem, preferivelmente, a desejarem, as
riquezas. Talvez, eles tenham sido induzidos a assim julgarem, através de um completo
confinamento de seus pensamentos ao sentido exato do termo; ou por considerarem aquela
observação convincente de Paulo de que 'o amor ao dinheiro é a raiz de todo o mal'. E, daí, muitos
têm se privado totalmente, não apenas das riquezas, mas de todos os bens materiais. Daí, também,
os votos de pobreza voluntária que parece ter-se erguido na Igreja Papista; supondo-se que, tão
eminente degrau dessa fundamental graça deva ser um passo largo em direção ao 'reino dos céus'.
Mas esses não parecem ter observado, Primeiro, que a expressão de Paulo deve ser
entendida com alguma restrição; do contrário, não é verdadeira; já que o amor ao dinheiro não é a
raiz, ou a única raiz, de todo o mal. Existem milhares de outras raízes do mal no mundo, como as
tristes experiências diárias mostram. Seu significado pode apenas ser que ele é a raiz de muitos
males; talvez, mais do que algum vício sozinho. – Em Segundo lugar, que esse sentido da
expressão 'pobre de espírito', de modo algum se adequará ao presente objetivo de Nosso Senhor,
que é estabelecer o alicerce geral, sobre o qual toda a estrutura do Cristianismo pode ser construída;
um objetivo que poderia ser, de maneira alguma, respondido precavendo-se de um único vício em
particular: assim sendo, mesmo que esse fosse suposto ser uma parte do seu significado, não
poderia possivelmente ser o todo. – Em Terceiro Lugar, não se poderia supor que esta seja uma
parte do seu significado - a menos que nós o responsabilizemos com tautologia [vício de linguagem
que consiste na repetição de idéias] declarada: Vendo que, se a pobreza de espírito fosse apenas
4
liberdade da cobiça; do amor do dinheiro; ou do desejo dos ricos, iria coincidir com o que Ele
menciona, logo depois; seria apenas uma ramificação da pureza de coração.
4. Quem, então, são os 'pobres de espírito?'. Sem dúvida, os humildes; eles que conhecem a
si mesmos; que estão convencidos do pecado; aqueles a quem Deus tem dado aquele primeiro
arrependimento, que é anterior à fé em Cristo.
Algum desses já não pode dizer, 'Eu sou rico, e próspero nos bens materiais, e não preciso
de nada'; agora que ele sabe que é 'vil, e pobre, e miserável, e cego, e nú'. Ele está convencido que
é, de fato, pobre espiritualmente; tendo nenhum bem espiritual habitando nele. 'Em mim', ele diz,
'não habita coisa boa', mas o que quer que seja pecaminoso e abominável. Ele tem um profundo
sendo da repugnante podridão [o Sr. Wesley usa a expressão lepra - que é hoje um termo
preconceituoso] do pecado, que foi trazido com ele desde o útero; que se espalhou por toda a sua
alma, e corrompeu totalmente todo o poder e faculdade nela.
Ele vê, mais e mais, os temperamentos maus que brotam da raiz da pecaminosidade; do orgulho e
arrogância do espírito; da inclinação constante de pensar em si mesmo, mais do que deveria pensar;
da vaidade; da sede de estima e honra que vem dos homens; do ódio ou inveja; do ciúme e
vingança; da ira; malícia; ou amargura; da animosidade nata, contra Deus e homem, que aparece de
dez mil formas; do amor do mundo; da vontade própria; dos desejos tolos e danosos, que penetram
no mais íntimo de sua alma. Ele está consciente do quão profundamente ele tem ofendido, através
de sua língua; se não, por palavras profanas, insolentes, inverídicas, ou indelicadas; ainda assim,
através de discursos que não são 'bons para o uso da edificação', não 'apropriados para
ministrarem graça aos que ouvem', o que, conseqüentemente, era, na consideração de Deus,
corrupto e aflitivo ao seu Espírito Santo. Suas obras diabólicas estão agora igualmente à sua vista:
se ele diz delas, elas são mais do que ele é capaz de expressar. Melhor pensar no número dos pingos
da chuva, das areia do mar, ou dos dias da eternidade.
Sua culpa está agora, diante de sua face: Ele conhece a punição que ele tem merecido; ela
seja, apenas, um relato de sua mente carnal; a inteira e universal corrupção de sua natureza; quanto
mais, um relato de todos os desejos e pensamentos pecaminosos; de todas as palavras e ações
pecadoras! Ele não pode duvidar, por um momento, que o menor desses merece a condenação ao
inferno --, 'o remorso que não morre; e o fogo que nunca é extinto'. Acima de tudo, a culpa de 'de
não crer no nome do único Filho criado de Deus', cai pesada sobre ele. Como, diz ele, eu poderei
escapar; aquele que 'negligenciou tão grande salvação?'. 'Ele que não crê já está condenado', e 'a
ira de Deus habita nele'.
6. Mas o que poderá ser dado em troca da sua alma, que foi confiscada para a justa vingança
de Deus? 'Com o que ele deverá se apresentar diante do Senhor?'. Como ele deverá pagar o que
deve? Tivesse ele, desse momento em diante, cumprido a obediência mais perfeita a todos os
mandamentos de Deus, isto não faria qualquer reparo a um simples pecado; a cada ato de
desobediência do passado; vendo que ele deve a Deus todos os serviços que ele é capaz de executar,
desse momento, até a eternidade: Pudesse ele pagar isto, não faria, de qualquer maneira, emendas
ao que ele deve ter feito anteriormente. Ele se vê, por conseguinte, totalmente desamparado com
respeito à expiação de seus pecados passados; inteiramente incapaz de fazer qualquer reparo a
Deus; a pagar qualquer resgate por sua própria alma.
Mas, se Deus pode perdoá-lo de tudo o que se passou, apenas nesta única condição - a de
que ele não peque mais; que para o tempo que está por vir, ele obedeça inteiramente e
constantemente a todos os seus mandamentos; ele bem sabe que isto não seria de proveito algum,
uma vez que esta é uma condição que ele nunca cumpriria. Ele sabe e sente que ele não é capaz de
5
obedecer, até mesmo, os mandamentos exteriores de Deus; já que esses não podem ser obedecidos,
enquanto seu coração permanece, na pecaminosidade e corrupção natural; porquanto uma árvore má
não pode produzir bons frutos. Ele não pode limpar um coração pecador: Para o homem, isto é
impossível: De maneira que ele está inteiramente perdido; até mesmo, em como começar a
caminhar, nos caminhos dos mandamentos de Deus. Ele não sabe como dar um passo adiante neste
caminho. Cercado pelo pecado, e tristeza, e medo, e não encontrando caminho para escapar, ele só
pode clamar: 'Senhor, salve, ou perecerei!'.
7. Pobreza de espírito, então, como ela implica no primeiro passo que nós tomamos na
corrida que se apresenta diante de nós, ela significa a justa sensação de nossos pecados interiores e
exteriores, e de nossa culpa e impotência. Isto, alguns têm disformemente intitulado de 'a virtude da
humildade'; assim, nos ensinando que estarmos orgulhos do saber faz com que mereçamos a
condenação! Mas a expressão de nosso Senhor é completamente de outro tipo; transmitindo
nenhuma idéia ao ouvinte, a não ser aquela da mera necessidade, da nudez do pecado, da culpa e
miséria, impotentes.
8. O grande Apóstolo, onde ele se esforça para trazer os pecadores para Deus, fala de uma
maneira exatamente respondível a isto. 'Porque do céu, a ira de Deus', diz ele 'é revelada sobre
toda impiedade e injustiça dos homens que detém a verdade em injustiça' (Rom. 1:18 em diante); a
responsabilidade que ele fixa imediatamente sobre o mundo pagão, e, por meio disto, prova que eles
estão debaixo da ira de Deus. Ele depois mostra que os judeus eram nada melhores do que eles, e
estavam, por conseguinte, debaixo da mesma condenação; e tudo isto, não com o objetivo de que
eles alcançassem a 'virtude nora da humildade', mas 'que toda boca fosse fechada, e todo o mundo
se tornasse culpado diante de Deus'.
Ele prossegue, para mostrar que eles eram impotentes, tanto quanto culpados; o que é o
sentido claro de todas aquelas expressões: 'Portanto, pelas obras da lei, não haverá carne
justificada': -- 'Mas, agora, a retidão de Deus, que é pela fé em Jesus Cristo, sem a lei, é
manifesta': -- 'Nós concluímos que um homem é justificado, através da fé, sem as obras da lei': --
Expressões todas se inclinando, ao mesmo ponto; até mesmo a 'ocultar o orgulho do homem'; para
humilhá-lo ao pó, sem ensiná-lo a refletir sobre sua humildade, como uma virtude; para inspirá-lo
com aquela convicção completa e penetrante de sua extrema pecaminosidade, culpa e impotência.
Que lança o pecador, despojado de tudo, perdido e arruinado, em seu forte Ajudador, Jesus Cristo, o
Justo.
9. Nós não podemos deixar de observar aqui, que o Cristianismo começa, justamente onde a
moralidade pagã termina; pobreza de espírito; convicção do pecado; a renúncia de nós mesmos; o
não ter a nossa própria retidão (o mesmo primeiro ponto na religião de Jesus Cristo); deixando todas
as religiões pagãs para trás. Isto sempre foi ocultado dos homens sábios desse mundo; de tal
maneira, que todo o idioma romano, até mesmo com todos os melhoramentos da era Agostiniana,
não dispõe, tanto assim, de um nome para a humildade; (a palavra de onde nós emprestamos disso,
como é bem conhecido, tendo em Latim um significado completamente diferente); não, nem uma
foi encontrada em todo o rico idioma do Grego, até que ela foi criada pelo grande Apóstolo.
10. Ó, que nós possamos sentir o que elas não foram capazes de expressar! Pecador, acorda!
Saibas, por ti mesmo! Saibas e sintas, que tu fostes 'formado na maldade', e que, 'no pecado tua
mãe te concebeu'. E que tu mesmo tens empilhado pecado sobre pecado; mesmo depois de
discernires o bem do mal! Mergulha nas poderosas mãos de Deus, como culpado da morte eterna; e
lança fora; renuncia; abomina, toda imaginação de sempre seres capaz de ajudar a ti mesmo! Seja
toda a tua esperança seres lavado no sangue Dele, e renovado pelo seu poderoso Espírito, já que Ele
mesmo 'suportou todos os nossos pecados, em seu próprio corpo, no madeiro!' Assim sendo, que tu
6
sejas testemunha de que 'Felizes são os pobres de espírito; porque deles é o reino dos céus'.
11. Isto é aquele reino dos céus, ou de Deus, que está dentro de nós; mesmo 'retidão, e paz,
e alegria no Espírito Santo'. E qual é a 'retidão', se não, a vida de Deus na alma; a mente que
estava em Jesus Cristo; a imagem de Deus, estampada no coração, agora renovada depois da
semelhança Dele que o criou? O que significa, a não ser o amor de Deus, porque ele primeiro nos
amou, e o amor de toda a humanidade, por causa Dele?
E qual é esta 'paz'; a paz de Deus, a não ser aquela serenidade calma da alma que
docemente repousa no sangue de Jesus, que não deixa dúvida de nossa aceitação nele; que exclui
todo o medo, a não ser o medo de amor filial de ofender nosso Pai que está nos céus?
Este reino interior implica também 'na alegria no Espírito Santo'; que sela em nossos
corações 'a redenção que está em Jesus', a retidão de Cristo, imputada sobre nós 'para a remissão
dos pecados que se passaram'; que nos dá agora 'a garantia de nossa herança', a coroa que o
Senhor, o Juiz justo, irá dar naquele dia. E isto pode bem ser denominado 'o reino dos céus', vendo
que ele é o paraíso já aberto em sua alma; o primeiro brotar daqueles rios de prazer que fluem da
mão direita de Deus eternamente.
12. 'Deles é o reino dos céus'. Quem quer que tu sejas, a quem Deus tem determinado ser
'pobre em espírito', sentindo-te perdido, tu tens direito a isto, através da graciosa promessa Dele que
não pode mentir. È a tua aquisição, através do sangue do Cordeiro, está bem perto: Tu estás à porta
do paraíso! Um outro passo, e estás, no reino da retidão, paz e alegria! Tu és todo pecado? 'Observa
o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!' -- todo impuro? Veja teu 'advogado com o Pai -
Jesus Cristo o Justo!' – Tu és incapaz de expiar, pelo menor de teus pecados? 'Ele é o sacrifício
expiatório para' todos os teus 'pecados'. Agora, creia no Senhor Jesus Cristo, e todos os teus
pecados serão apagados! – Tu és totalmente impuro, na alma e no corpo? Aqui está a 'fonte de água
para lavar todo o pecado e imundície!'. 'Levanta-te e lava teus pecados!'. Não cambaleia mais, na
promessa do descrente! Dá glória a Deus! Atreve-te a crer!
13. Então, tu aprendeste, dele, a ser 'humilde de coração'. E esta é a humildade cristã
verdadeira e genuína que flui da sensação de amor de Deus, reconciliado para nós, em Jesus Cristo.
Pobreza de espírito, nesse significado da palavra, começa quando a sensação da culpa e da ira de
Deus termina; e é uma sensação ininterrupta de nossa dependência total nele; para todo pensamento,
palavra ou obra; de nossa inaptidão absoluta para todo o bem; a não ser que ele 'nos irrigue, todo
momento'; e tenhamos aversão ao elogio dos homens, sabendo que todo louvor é devido a Deus
apenas. Com isto, junta-se a vergonha amorosa, a humilhação terna, diante de Deus; mesmo para os
pecados que nós sabemos ele já perdoou de nós, e para o pecado que ainda permanece, em nossos
corações; embora saibamos que ele não é imputado para nossa condenação.
Não obstante, a convicção que sentimos do pecado inato, é mais e mais profunda, dia após
dia. Quanto mais crescemos na graça, mais vemos a maldade desesperada de nosso coração. Quanto
mais avançamos no conhecimento e amor de Deus, através de nosso Senhor Jesus Cristo, (mesmo
parecendo àqueles que não conhecem o poder de Deus para a salvação, um grande mistério), mais
discernimos de nossa alienação de Deus; da inimizade que está em nossa mente carnal; e da
necessidade de nossa existência, inteiramente renovada, na retidão e santidade verdadeira.
II
1. É verdade, que aquele que agora começa a conhecer o reino dos céus interior dificilmente
tem qualquer concepção disto. 'Em sua prosperidade ele diz, eu nunca sairei do lugar; tu Senhor
7
construíste minha colina tão forte!'. O pecado está tão inteiramente esmagado, debaixo de seus pés,
que ele mal pode acreditar que ele permanece nele. Mesmo a tentação é silenciosa, e não fala
novamente: Ela não pode se aproximar, mas permanece à distância. Ele é nascido nas alturas, nas
carruagens de alegria e amor: Ele se eleva 'como nas asas de uma águia'. Mas nosso Senhor bem
sabe que esse estado triunfante não continua freqüentemente. Ele, por conseguinte, daqui a pouco,
acrescenta: 'Abençoados sejam todos os que choram; porque serão confortados'.
2. Nem podemos imaginar que essa promessa pertence àqueles que murmuram, apenas por
causa de motivos mundanos; aqueles que estão tristes e angustiados, meramente por causa de
problemas ou desapontamentos materiais --, tais como a perda da reputação, amigos, ou diminuição
de suas fortunas. Quão pouco direito a ela têm aqueles que estão se afligindo, por causa do medo de
algum mal temporal; ou que se consomem com cuidados ansiosos, ou aquele desejo de coisas
mundanas que 'torna o coração doente'. Não vamos pensar que esses 'devam receber alguma coisa
do Senhor'. Jesus não está em todos os pensamentos deles. Por conseguinte, é que eles assim
'caminham, em uma tristeza vã, e se inquietando também em vão'. 'E para que vocês tenham o meu
auxílio', diz o Senhor, 'vocês devem se prostrar na tristeza'.
3. Os murmuradores, de quem nosso Senhor fala aqui, são aqueles que murmuram por um
motivo totalmente diferente: Aqueles que murmuram, em busca de Deus; em busca Dele, em quem
eles 'se regozijaram, com alegria inexprimível', quando Ele deu a eles 'a oportunidade de provar o
bem', o perdão, 'a palavra e poderes do mundo que há de vir'. Mas Ele agora 'oculta a sua face, e
eles estão aflitos': Eles não podem ver a Ele, através das nuvens escuras. Mas eles vêem a tentação
e pecado, que eles credulamente supuseram nunca mais retornarem; erguerem-se novamente;
seguindo em busca deles, com toda a velocidade, e segurando-os por todos os lados. Não é de se
estranhar que suas almas estejam agora perturbadas; e a preocupação e aflição tomaram posse deles.
Nem o grande inimigo deles fracassa em tirar proveito da ocasião, para perguntar:
"Onde está teu Deus agora? Onde está a bem-aventurança, da qual falaste, agora? O
começo do reino dos céus? Sim, foi mesmo Deus quem disse que 'teus pecados foram perdoados de
ti?'. Certamente, Deus não deve ter dito isso! Tudo não passou de apenas um sonho; uma mera
ilusão; uma criação de tua própria imaginação. Se teus pecados foram perdoados, por que tu ainda
estás assim? Pode um pecador que fora perdoado ser, dessa maneira, pecaminoso? – E, se, então,
ao em vez de clamarem imediatamente a Deus, eles argumentarem com ele que é mais sábio, eles
estarão angustiados de fato; com uma tristeza no coração; com uma angústia que não podem ser
expressas. Não; mesmo quando Deus brilha novamente sobre a alma, e tira toda a dúvida de sua
misericórdia passada; ainda assim, ele que é fraco na fé pode ser tentado e afligido, por causa do
que virá; especialmente, quando o pecado interior revive, e leva tormento até ele, de maneira que
ele pode cair".
4. Certo, é que essa 'aflição', para o presente, 'não é jubilosa, mas dolorosa; não obstante,
depois disto, ela produza o fruto da paz, junto a eles que foram exercitados nela'. Abençoado,
portanto, são aqueles que assim murmuram, se eles permanecem no descanso do Senhor', e não
sofrem para buscarem os consoladores miseráveis do mundo; se eles resolutamente rejeitam todos
os confortos do pecado, da leviandade, e vaidade; todas as diversões e deleites inúteis do mundo;
todos os prazeres que 'perecem ao uso', e que apenas tendem ao entorpecimento e estupidez da
alma, para que ela não esteja consciente de si mesma, nem de Deus. Abençoados são aqueles que
'continuam ininterruptamente no conhecimento do Senhor', e firmemente recusam todo outro
conforto. Eles serão confortados, pelas consolações de seu Espírito; através da manifestação
renovadora do seu amor; por meio de tal testemunho da aceitação deles no Amado, para não mais
ser arrancado deles. Esta 'segurança total da fé' absorve toda a dúvida, e todo o tormento do medo;
8
Deus dá a eles agora a esperança certa de uma essência duradoura, e 'consolação forte, por meio da
graça'. Sem questionar se será possível a alguns desses 'caírem; os que foram, uma vez, iluminados
pelo Espírito Santo, e feitos seus parceiros', é suficiente para eles perguntarem, através do poder
agora sobre eles, 'quem poderá separá-los do amor de Cristo' – Eu estou persuadido de que, nem a
morte, nem a vida, nem as coisas presentes, nem as que virão, nem a altura, nem a profundidade,
serão capazes de nos separar daquele amor de Deus que está em Jesus Cristo, nosso Senhor'.
(Romanos 8:35-39)
5. Todo esse processo, ambos de murmurar pela ausência de Deus, e de recuperar a alegria
de seu semblante, parece fora do que nosso Senhor falou aos seus Apóstolos, na noite anterior a sua
paixão: 'Vocês indagam daquilo que eu disse: um pouco mais, e vocês não me verão: Em
novamente, um pouco mais, e vocês irão me ver? Na verdade, na verdade, eu lhes digo que vocês
chorarão e lamentarão'; ou seja, quando vocês não me virem; 'mas o mundo irá se regozijar';
deverá triunfar sobre vocês, já que a esperança de vocês chegou agora ao fim. 'E vocês deverão
ficar tristes', por causa da dúvida, do medo, das tentações, do desejo veemente; 'mas a tristeza de
vocês irá se transformar em alegria', por causa do retorno Dele, a quem a alma de vocês amou.
'Uma mulher, quando ela está para dar a luz, tem tristeza, porque é chegada a sua hora. Mas, tão
logo lhe é entregue o filho, ela não mais se lembra da angústia, porque um homem nasceu no
mundo. E vocês agora têm tristeza'; vocês murmuram e não podem ser confortados; 'mas eu irei vê-
los novamente; e seus corações se regozijarão', com calma e alegria interior, 'e essa alegria,
nenhum homem tirará de vocês'. (João 16:19-22).
6. Mas, embora essa murmuração esteja no fim, perdida na alegria santa, por causa do
retorno do Confortador; ainda assim, existe um outro - e que choro abençoado é este que habita nos
filhos de Deus: Eles ainda murmuram, pelos pecados e misérias da humanidade: Eles 'lamentam
com aqueles que lamentam'. Eles choram por aqueles que não choram por si mesmos; pelos
pecadores, que estão contra suas próprias almas. Eles murmuram, por causa da fraqueza e
deslealdade daqueles que estão, em alguma medida, salvos de seus pecados. 'Quem é fraco, e eles
não são fracos? Quem está ofendido, e eles não se ofenderam?. Eles estão aflitos por causa da
desonra continuamente feita à Majestade dos céus e terra. Todo o tempo, eles tem uma terrível
sensação disto, o que traz uma seriedade profunda em seus corações; a seriedade que não está pouco
ampliada, desde que os olhos de seu entendimento foram abertos, por continuamente verem o vasto
oceano da eternidade, sem o fundo ou a orla, que já tragou milhares e milhares de homens, e está
abrindo espaço para devorar os que ainda restam. Eles vêem aqui a casa do Deus eterno nos céus;
lá, inferno e destruição, sem uma cobertura; e, por isto, sentem a importância de cada momento, que
apenas surge, e se vai para sempre!
7. Mas toda essa sabedoria de Deus é tolice para o mundo. Todo esse assunto de choro e
pobreza de espírito é estupidez e idiotice para eles. Mais ainda; está tudo bem, se eles tiverem um
julgamento favorável sobre isto; se eles não o elegem como uma mera lástima e melancolia;
insanidade e distração manifesta. E não é de se admirar, afinal, que esse julgamento possa se passar
por aqueles que não conhecem a Deus. Supondo-se que duas pessoas fossem caminhar juntas; uma
de repente pare, e com os mais fortes sinais de medo e espanto, exclame: 'Sobre que precipício nós
estamos! Veja, você, nós estamos a ponto de sermos feitos em pedaços! Mais um passo, e caímos no
imenso abismo! Pare! Eu não seguirei em frente, por todo o mundo!'. – quando o outro, que parece,
pelo menos a si mesmo, perspicaz, olha em frente e não vê coisa alguma disso; o que ele pensar
poderá com respeito a seu companheiro, a não ser que ele está fora de si; que sua cabeça está
confusa; que muita religião (se ele não for culpado de 'muito aprendizado) tem certamente o
enlouquecido!
8. Mas não permitam que os filhos de Deus, 'os murmuradores em Sião', sejam afligidos por
9
essas coisas. Vocês, cujos olhos estão iluminados, não se preocupem, por causa daqueles que ainda
seguem na escuridão. Vocês que não seguem em uma sombra vã: Deus e eternidade são coisas reais.
Céu e inferno estão na mesma realidade, aberta diante de vocês; e vocês estão na extremidade do
grande abismo. Ele já levou para suas profundezas, mais do que as palavras podem expressar,
nações e famílias, e povos, e línguas, e ainda se abre para devorar - quer eles vejam isto ou não - os
levianos e miseráveis filhos dos homens. Ó gritem alto! Não poupem esforços! Ergam suas vozes,
até Ele que compreende o tempo e a eternidade; ambos para vocês mesmos e seus irmãos, para que
vocês possam ser considerados merecedores de escapar da destruição que virá como um furacão.
Para que vocês possam ser trazidos a salvo, através de todas as ondas e tempestades, para o céu,
onde vocês deverão estar! Lamentem, por si mesmos, até que Ele seque fora as lágrimas de seus
olhos. E, mesmo então, lamentem as misérias que virão sobre a terra, até que o Senhor de todos,
possa por um fim na miséria e pecado; possa enxugar as lágrimas de todas as faces, e 'o
conhecimento do Senhor cubra a terra, como as águas cobrem o mar'.
[Editado por Kimberly Horner, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID),
com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
10
Sobre o Sermão do Monte – Parte II
John Wesley
I.
1. Quando 'o inverno passa', quando 'o tempo de cantar se foi, e a voz da
tartaruga marinha é ouvida da terra'; quando Ele que conforto os murmuradores
retornar, 'para que possa habitar com eles para sempre'; quando, à luz de sua
presença, as nuvens se dispersarem; a nuvens escuras da dúvida e incerteza; as
tempestades de medo desaparecerem; as ondas de tristeza diminuírem, e seus espíritos
se regozijarem novamente no Deus, seu Salvador; então, esta palavra estará
eminentemente cumprida; então, aqueles que ele tem confortado poderão dar
testemunho de que 'Bem-aventurado', ou feliz, 'são os mansos, porque eles herdarão
a terra'.
2. Mas quem são 'os mansos?'. Não aqueles que se angustiam por nada, porque
nada sabem; aqueles que não estão transtornados, por causa das maldades que
ocorrem, já que não discernem o mal do bem. Não aqueles que estão abrigados dos
golpes da vida, por causa da insensibilidade estúpida; que têm, por natureza ou arte, a
virtude de mão se deixarem abalar, e não se ressentem de coisa alguma, porque nada
sentem. Filósofos brutos estão totalmente despreocupados sobre esse assunto. Apatia
está tão longe da mansidão, quanto da benevolência. De modo que alguém não
conceberia facilmente, como alguns cristãos das épocas mais inocentes;
especialmente, alguns dos Patriarcas da Igreja, puderam confundir-se com estes, e
equivocar-se com um dos mais sórdidos erros do Paganismo, como uma ramificação
do Cristianismo verdadeiro.
3. Nem a mansidão cristã implica em se ser, sem zelo, para com as coisas de
Deus, mais do que praticar ignorância ou insensibilidade. Não; ela se mantém distinta
de todo extreme, se, por excesso ou falta. Ela não destrói, mas equilibra as afeições, as
quais o Deus da natureza nunca designou que pudessem ser extirpadas pela graça, mas
apenas traz e mantém debaixo de devidas regras. Ela equilibra a mente. Ela retém uma
escala nivelada, com respeito à ira, tristeza, e medo; preservando o significado, em
cada circunstância da vida, e não declinando, nem para a direita, nem para a esquerda.
6. É evidente, que esse temperamento divino não apenas habita, mas cresce em
nós, dia a dia. As oportunidades de exercitá-lo, e, por meio disto, melhorá-lo, nunca
faltará, enquanto permanecermos sobre a terra. 'Nós necessitamos da paciência, para
que, depois que tivermos feito' e suportado 'a vontade de Deus, possamos receber a
promessa'. Nós necessitamos de resignação, para que possamos, em todas as
circunstâncias dizer: 'Não como eu quero, mas como Tu queres'. E precisamos 'ser
gentis para com todos os homens'; mas, especialmente, em direção ao mal e ingrato:
do contrário, seremos dominados pelo mal, em vez de pagarmos o mal com o bem.
8. Nosso Senhor aqui classifica, como assassínio, mesmo aquela raiva que tem
nenhum outro pai que o coração; que não se mostra, através da indelicadeza exterior;
não; não mais, do que uma palavra impetuosa.
'Quem quer que tenha raiva de seu irmão', de algum homem vivente, vendo
que todos somos irmãos; quem quer que sinta alguma indelicadeza, em seu coração;
algum temperamento contrário ao amor; quem quer que esteja raivoso, sem uma
causa, sem uma causa suficiente, ou mais além do que aquela causa requeira, 'correrá
o risco de julgamento', de, naquele momento, ser réu para o juízo justo de Deus.
Mas quem não se inclinaria a preferir ler aquelas cópias que omitem a palavra
que significa 'sem uma causa'?. Ela não é inteiramente supérflua? Já que, se a raiva
para com as pessoas é um temperamento contrário ao amor, como pode existir uma
causa, uma causa suficiente para ela, -- alguma que irá justificá-la, aos olhos de Deus?
Esta causa seria a raiva ao pecado. Neste sentido, nós podemos estar raivosos,
e ainda assim, não estaremos pecando. Neste sentido, o próprio nosso Senhor uma
vez, registrou ter estado raivoso: 'Ele olhou a todos, em sua volta, com raiva, afligido
por causa da dureza de seus corações'. Ele estava angustiado, diante dos pecados, e
com raiva, por causa dele. E isto é, sem dúvida, correto diante de Deus.
9. 'E qualquer que diga para seu irmão, raca'; -- quem quer que dê motivo
para a raiva, como proferir alguma palavra desdenhosa. Alguns comentaristas
observam que raca é uma palavra Siríaca [da língua Aramaica] que significa
propriamente: inútil, vão, tolo; de maneira que ela é uma expressão inofensiva que
pode ser usada em direção a alguém, com quem estamos insatisfeitos. Mas, ainda
assim, quem quer que a use, como nosso Senhor nos assegurou, 'será réu do
Concílio'; antes, deverá ser réu nisto: Deverá estar sujeito a uma sentença mais severa
do Juiz de toda a terra.
'Mas quem quer que diga, Tu, tolo'; -- quem quer que dê lugar ao diabo, como
irromper injurioso, em uma linguagem intencionalmente vergonhosa e insultante,
'será réu no fogo do inferno'; será, naquele momento, capaz da mais alta condenação.
Deverá ser observado que nosso Senhor descreve todos esses, como réus, para a
punição capital. A primeira, por estrangulamento, usualmente infligida àqueles que
foram condenados em uma das cortes inferiores; a segunda, por apedrejamento, que
era freqüentemente infligida àqueles que foram condenados pelo grande Concílio em
Jerusalém; a terceira, condenação ao fogo, infligida apenas aos mais altos ofensores,
no 'vale dos filhos de Hinnom'; do qual aquela palavra é evidentemente tomada, e que
nós traduzimos como 'inferno'.
11. E que não haja demora, no que tão proximamente concerne a tua alma.
'Entra em acordo com teu adversário rapidamente'; -- agora; imediatamente;
'enquanto tu estás indo a ele'; se for possível, antes dele vir até ti; para que o
adversário, a qualquer tempo, não te entregue ao juiz'; a fim de que ele não apele a
Deus; o Juiz de todos; e o Juiz entregue a ti ao oficial'; para Satanás, o executor da ira
de Deus; e 'tu sejas lançado na prisão'; no inferno, para que sejas reservado para o
julgamento do grande dia: 'Verdadeiramente, digo a ti, tu não deverás, de modo
algum, tornar-te conhecido, por isto, até que tu tenhas pago, até a última moeda'.
Mas isto é impossível de tu fazeres sempre; vendo que tu não tens coisa alguma a
pagar. Portanto, se tu já estás na prisão, a fumaça de teu tormento deverá 'elevar-se
para sempre e sempre'.
12. Nesse meio tempo, 'os mansos deverão herdar a terra'. Tal é a insensata
sabedoria mundana! O sábio do mundo os tem advertido, diversas vezes, -- que, se
eles não se ressentirem de tal tratamento; se eles não se submeterem a serem assim
maltratados, não haverá vida para eles sobre a terra; que eles nunca serão capazes de
procurar as necessidades comuns da vida, nem se alegrarem por coisa alguma.
13. Mas, parece haver ainda um significado, mais além, nessas palavras; a de
que eles terão uma parte mais eminente na 'nova terra, onde habitará a retidão';
naquela herança, cuja descrição geral (e as particularidades, nós iremos saber, daqui a
diante), através do que João nos deu no Capítulo Vigésimo de Apocalipse:
'E vi descer dos céus um anjo que tinha a chave do abismo, -- e ele prendeu o
dragão, a velha serpente, -- e os encerrou por mil anos. – E eu vi as almas deles, que
foram decapitados, para o testemunho de Jesus, e por causa da palavra de Deus; e
daqueles que não adoraram a Besta; nem sua imagem; nem receberam sua marca em
suas testas, ou em suas mãos; e eles viveram e reinaram com Cristo mim anos. Mas o
restante dos mortos não tornou à vida, até que os mil anos tivessem terminado. Esta é
a primeira ressurreição. Abençoado e santo é aquele que tem parte na primeira
ressurreição: sobre estes, a segunda morte não tem poder; eles serão os sacerdotes
de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos'.(Apocalipse 20:1-6).
II
2. Retidão, como foi observado antes, é a imagem de Deus; a mente que estava
em Jesus Cristo. Ela é todo temperamento santo e divino em um; brotando do amor de
Deus, e terminando nele, como nosso Pai e Redentor, e o amor de todos os homens
por sua causa.
3. 'Abençoados são os que têm fome e sede' disto: com o objetivo de entender
completamente o que significa essa expressão, devemos observar:
1o. Que fome e sede são os mais fortes desejos de nossos apetites corpóreos.
De igual maneira, é a sede na alma; essa sede, em busca da imagem de Deus, que é o
mais forte de todos os apetites espirituais, quando uma vez despertado no coração:
Sim. Ela engloba tudo o mais, naquele único desejo, -- sermos renovados na imagem
Dele que nos criou.
2o. Que, do momento em que começamos a sentir fome e sede, esses apetites
não cessam, mas são, mais e mais, ardentes e importunos, até que possamos comer e
beber, ou morrer. E, mesmo assim, do momento em que começamos a sentir fome e
sede, em busca de toda a mente que estava em Cristo, esses apetites espirituais não
cessam, mas clamam em busca de seu alimento, com mais e mais importunidade; nem
eles podem possivelmente cessar, antes que estejam satisfeitos, enquanto existir
alguma vida espiritual restando.
3o. Que fome e sede só se satisfazem com carne e bebida. Se você der àquele
que tem fome, o mundo todo; toda a elegância do vestuário; toda a pompa; todos os
tesouros sobre a terra; sim, milhares de ouro e prata; se você pagar a ele com mais
honra; -- ele se importará com nada disto. Todas essas coisas não terão, então,
consideração com ele. Ele ainda dirá: 'Estas não são as coisas que desejo; dê-me o
que comer, ou perecerei'. O mesmo acontece com cada alma que verdadeiramente tem
fome e sede de justiça Ela não encontrará conforto, em coisa alguma, a não ser isto:
Ela não estará satisfeita com coisa alguma. O que quer que lhe seja oferecido além, é
pouco considerado: sejam riquezas, honra, prazer, ela ainda dirá: 'Não é isto que
quero! Dê-me amor, ou perecerei!'.
4. E é impossível satisfazer tal alma; uma alma que está sedenta de Deus; do
Deus vivo; com o que o mundo relaciona religião; com o que eles consideram
felicidade. A religião do mundo implica em três coisas:
(1) Não causar dano; abster-se do pecado exterior; pelo menos, de tais como
escândalo, roubo, furto, praguejamento comum, bebedeira:
(2) Fazer o bem; aliviar o pobre; ser caridoso – como isto é chamado:
(3) Usar os meios da graça; pelo menos, indo à igreja, e comparecendo à Ceia
do Senhor.
Aqueles, nos quais estas três marcas são encontradas, são denominados, através do
entendimento do mundo, homens religiosos. Mas isto tudo irá satisfazer aquele que
tem sede de Deus? Não! Isto tudo não significa alimento para sua alma. Ele necessita
de uma religião de um tipo mais nobre; uma religião mais elevada e mais profunda do
que esta. Ele não mais se alimenta dessa coisa formal, pobre e superficial, do que ele
poderia 'preencher seu estômago com o vento leste'.A verdade é que ele está
cuidadoso, em abster-se da mesma aparência do mal; ele está zeloso das boas obras;
ele atende a todas as ordenanças de Deus: Mas tudo isto não é o que ele almeja. Esta é
apenas o exterior daquela religião, da qual ele tem fome. O conhecimento de Deus,
em Jesus Cristo; 'a vida que está oculta com Cristo em Deus'; o estar 'uno com o
Senhor, em um só Espírito'; o ter 'camaradagem com o Pai e o Filho'; o 'caminhar,
na luz, como Deus está na luz'; o estar 'purificado, assim como Ele é puro'; -- esta é a
religião, a retidão, dos quais ele tem sede; e ele não poderá descansar, até que ele
possa assim descansar em Deus.
5. 'Bem-aventurados são eles que' assim 'têm sede de justiça; porque serão
saciados'. Eles serão preenchidos com as coisas que eles almejam; mesmo com
retidão e santidade verdadeira. Deus irá satisfazê-los com as bênçãos de sua
excelência, com a felicidade de sua escolha. Ele os alimentará com o pão dos céus.
Com o maná de seu amor. Ele dará a eles de beber do seu prazer, de um rio em que
eles nunca mais terão sede, a não ser, mais e mais da água da vida. E essa sede
permanecerá para sempre.
6. Quem quer que tu sejas; a quem Deus tem dado 'a fome e sede de retidão',
clame a ele, para que nunca mais tu percas este dom inestimável; -- para que este
apetite divino nunca possa cessar de ti. Mesmo que muitos te repreendam, e ofereçam
a ti reter tua paz, não te preocupes com eles; sim; clama ainda mais: 'Jesus, Mestre,
tenha misericórdia de mim. Que eu não possa viver; a não ser, sendo santo, como tu
és santo!'. Não mais, 'gasta teu dinheiro, com aquilo que não é pão; teu trabalho, com
o que não te satisfaz'. Tu esperas encontrar a felicidade na terra; -- encontrá-la, nas
coisas do mundo? Ó, pisa em todos os teus prazeres, a despeito de tuas honras,
considerando-nos esterco e refugo; -- todas as coisas que estão debaixo do sol; -- 'pela
excelência do conhecimento de Jesus Cristo', para a completa renovação de tua alma,
na imagem de Deus, de onde ela foi originalmente criada. Cuida de não extinguir essa
fome e sede abençoada, por causa daquilo que o mundo chama de religião; a religião
da forma, do espetáculo exterior, que deixa o coração ainda mais mundano e sensual
do que nunca. Que ninguém possa satisfazer a ti, a não ser o poder da santidade; a não
ser uma religião, que é espírito e vida; tu vivendo em Deus, e Deus em ti; -- o ser um
habitante da eternidade; o entrar, através do sangue derramado, 'tirando o véu', e
sentando-te 'em lugares celestiais com Jesus Cristo'.
III
1. E, quanto mais eles são preenchidos com o amor de Deus, mais ternamente
eles irão se preocupar com aqueles que ainda estão sem Deus no mundo; ainda
mortos, em transgressões e pecados. Nem deve interessá-los que os outros percam sua
recompensa. 'Bem-aventurados os misericordiosos; porque eles obterão
misericórdia'.
2. Por causa da vasta importância desse amor, -- sem o que, 'embora falemos
com a língua de homens e anjos; embora tenhamos o dom da profecia, e entendamos
todos os mistérios, e todo o conhecimento; embora tenhamos toda a fé, capaz de
remover montanhas; mesmo que demos todos os nossos bens para alimentar o pobre;
e nossos corpos sejam queimados, de nada aproveitaria em nós', -- a sabedoria que
Deus tem nos dado, através de Paulo; um completo e particular relato dela; no que nós
devemos mais claramente discernir quem são os misericordiosos, que deverão obter
misericórdia.
5. Conseqüentemente, 'o amor não sente inveja': É impossível que ele possa
sentir; ele é diretamente oposto àquele temperamento pernicioso. Aquele que tem essa
afeição terna por todos, que sinceramente deseja todas as bênçãos temporais e
espirituais; todas as coisas boas deste mundo, e do mundo que há de vir, a todas as
almas que Deus fez, não pode se afligir que Ele conceda algum bom dom a algum
filho do homem. Se ele próprio recebeu o mesmo, ele não se aflige, mas regozija-se,
que outro compartilhe do benefício comum. Se ele não recebeu, ele dá graças a Deus
que seu irmão, pelo menos, o tenha; e nisto, ele está mais feliz do que estaria se fosse
consigo. E quanto maior é seu amor, mais ele se regozija pelas bênçãos a toda a
humanidade; e mais ele remove todo tipo e grau de inveja, em direção a qualquer
criatura.
6. 'O amor não trata com leviandade'; o que coincide com as palavras
seguintes; mas, preferivelmente, (como a palavra propriamente significa), não é
imprudente ou precipitado no julgamento; ele não irá precipitadamente condenar
quem quer que seja. Ele não dará uma sentença severa, devido a visão superficial ou
apressada das coisas: Ele primeiro pesa todas as evidências; particularmente aquelas
que são trazidas em favor do acusado. Aquele que verdadeiramente ama seu próximo
não é como a generalidade dos homens, que, mesmo nos casos de natureza mais
precisa, 'vê pouco, presume muito, e precipita-se na conclusão'. Não: Ele procede
com prudência e circunspeção; dando atenção a cada passo; concordando de boa-
vontade com aquela regra dos antigos pagãos, (Ó, aonde os modernos cristãos irão se
mostrar!) 'Eu estou tão longe de acreditar superficialmente, no que um homem diz
contra outro, que não facilmente eu irei acreditar no que um homem diz contra si
mesmo. Eu sempre permitirei a ele uma segunda opinião, e muitas vezes, mudar de
idéia também'.
7. Segue-se que 'o amor não se envaidece'. Ele não se inclina ou faz com que
algum homem 'pense mais altamente sobre si mesmo, do que deveria pensar', mas,
antes, pondera com juízo: Sim. Ele reduz a alma ao pó. Ele destrói todos os altos
conceitos; orgulho engendrado; e faz com que nos regozijemos de sermos nada;
sermos poucos e vis; os mais desprezíveis dos homens; os servos de todos. Aqueles
que estão 'cordialmente afeiçoados ao outro com amor fraternal', não pode, a não ser
'pela honra, preferir ao outro'. Aqueles que têm o mesmo amor estão em harmonia, e
fazem, na humildade da mente, 'com que cada um estime ao outro, mais do que a si
mesmos'.
9. E, em se tornando todas as coisas a todos os homens, 'o amor não busca seus
próprios interesses'. Em empenhar-se a agradar a todos os homens, o amante da
humanidade não tem olho para suas vantagens temporais. Ele não almeja ao homem
prata, ouro ou vestuário: Ele não deseja coisa alguma, a não ser a salvação de suas
almas: Sim, em um sentido, pode-se dizer que ele não busca sua vantagem espiritual,
mais do que a temporal; enquanto ele se dedica a salvar suas almas da morte, ele,
como se diz, se esquece de si mesmo. Ele não pensa em si mesmo, por quanto tempo
aquele zelo pela glória de Deus o consome. Mais ainda; algumas vezes, devido ao seu
muito amor, ele pode quase parecer desistir de si mesmo, da sua alma e do seu corpo;
enquanto ele clama como Moisés, em (Êxodo 32:31-32): 'Ora, este povo pecou
pecado grande, fazendo para si deuses de ouro; agora, pois, perdoa o pecado deles;
se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito'. Ou, como Paulo, em
(Romanos 9:3) 'Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor
de meus irmãos, que são meus parentes, segundo a carne'.
10. Não é de se admirar que tal 'amor não se irrita' ou paroxunetai: Que se
observe que a palavra, facilmente inserida de modo singular na tradução, não está no
original: As palavras de Paulo são perfeitas. 'O amor não se irrita': Ele não se ofende
à descortesia, em direção a quem quer que seja. De fato, oportunidades para isto irão
freqüentemente ocorrer; provocações exteriores de vários tipos; mas o amor não se
rende à provocação; ele triunfa sobre tudo. Em todas as tentativas, ele olha para Jesus,
e é mais que vencedor em seu amor.
Não é improvável que nossos tradutores inseriram aquela palavra, como se ela
fosse, para desculpar o Apóstolo; que, como eles supuseram, poderia, do contrário,
pareceria estar em falta com o mesmo amor que ele tão belamente descreve. Eles
parecem ter suposto isto da frase em Atos dos Apóstolos; que está igualmente muito
inadequadamente traduzida. Quando Paulo e Barnabé discordaram, com respeito a
João, a tradução seguiu-se dessa forma: 'E tal contenda houve entre eles, que se
apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. E
Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos à graça de Deus.e
passou pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas' (Atos 15:39).
Isto naturalmente induz o leitor a supor que eles estavam igualmente mordazes
nisto; que Paulo, que está indubitavelmente certo, com respeito ao ponto em questão,
(sendo completamente impróprio levar João com seles novamente, quem tinha
desertado deles anteriormente), estava tão alterado quanto Barnabé, que deu tal prova
de sua ira, que deixou a obra, pela qual ele tinha sido separado pelo Espírito Santo.
Mas o original não importa tal coisa; nem afirma que Paulo estava alterado afinal. Ele
simplesmente diz, 'E houve uma veemência', um paroxismo de raiva; em
conseqüência do que Barnabé deixou Paulo, pegou a João e seguiu seu caminho.
Paulo, então, 'escolhe a Silas, e parte, sendo recomendado pelos irmãos para a graça
de Deus'; (o que não é dito com respeito a Barnabé); 'e segue através da Síria e
Cilícia', como ele tinha proposto, 'confirmando as igrejas' . (Atos 15:39-41).
Mas, retornando....
12. 'Ele não folga com a iniqüidade'; tão comum quanto isto seja, mesmo entre
aqueles que testemunham o nome de Cristo, e que têm escrúpulos, em não se
regozijarem sobre seus inimigos, quando eles caem seja na desgraça, no erro, ou no
pecado. De fato, quão dificilmente podem evitar isto, os que estão tão zelosamente
atados a alguma parte! Quão difícil é para eles não se agradarem com qualquer falta
que eles descobrem, naqueles da parte oposta, -- com alguma mancha real ou suposta,
tanto em seus princípios, quanto em sua prática! Que defensor fervoroso de alguma
causa é mais perspicaz do que esses? Sim; quem está tão sereno, para ser
completamente livre? Quem não se regozija, quando seu adversário dá um passo em
falso, o que ele pensa irá trazer vantagem a sua própria causa? Apenas o homem que
verdadeiramente ama. Apenas ele chora, tanto sobre o pecado, quanto sobre a tolice
de seu inimigo; não tendo prazer em ouvir, ou em repetir isto, mas, preferivelmente,
deseja que ele possa ser esquecido para sempre.
13. Mas ele 'se regozija na verdade', onde quer que ela se encontre; na
'verdade que busca a santidade', que produz seus frutos próprios, santidade de
coração e santidade de conversa. Ele se regozija se certificar que mesmos esses que se
opõem a ele, se com respeito às opiniões, ou alguns pontos da prática, são, não
obstante, amantes de Deus, e em outros aspectos, irrepreensíveis. Ele fica feliz em
ouvir falar bem deles, e fala tudo o que ele pode consistentemente com a verdade e a
justiça. Realmente, o bem, em geral, é sua glória e alegria, em qualquer parte,
espalhado, através da raça humana. Como um cidadão do mundo, ele clama por uma
porção na felicidade de todos os habitantes dele. Porque ele é um homem, ele não está
despreocupado com o bem-estar de qualquer homem; mas se alegra com o que quer
que traga glória a Deus, e promove a paz e boa-vontade entre os homens.
14. Este 'amor encobre todas as coisas': (assim, sem dúvida, 'suporta todas as
coisas'): Porque um homem misericordioso não se regozija na iniqüidade; nem de boa
vontade faz menção disto. O que quer de mal que ele veja, ouça, ou saiba, ele, porém,
se cala. Tanto quanto ele pode, sem tornar-se 'parceiro no pecado de outrem'. Onde
quer, ou com quem quer que ele esteja, se ele vê alguma coisa que ele não aprova, isto
não sai de sua boca; exceto para a pessoa a quem diz respeito, se, por acaso, ele pode
ganhar um irmão. Ele está, muito longe, de fazer, das faltas ou falhas de outros, o
assunto de sua conversa, já que do ausente ele nunca fala, afinal; a não ser, se ele
puder falar bem. O fofoqueiro, o caluniador, o murmurador, o maledicente, é para ele
como um assassino. Assim como ele cortaria a garganta de seu próximo, ele mataria
sua reputação. Assim como ele pensaria em se divertir, ateando fogo na casa de seu
próximo, ele 'distribuiria flechas a sua volta; tição e morte', dizendo, 'eu não estou
praticando esporte?'.
Ele faz apenas uma exceção; algumas vezes, ele está convencido de que é para
a glória de Deus, ou (o que vem a ser o mesmo) o bem de seu próximo, que um mal
não deva ser encoberto. Nesse caso, para o benefício do inocente, ele é constrangido a
declarar o culpado. Mas, mesmo aqui:
1o. Ele não falará, afinal, até que o amor; o amor superior, o obrigue;
2o. Ele não fará isto, de uma visão geral confusa em fazer o bem, ou promover
a glória de Deus, mas de um sinal claro de alguma finalidade pessoal; algum bem
determinado que ele persiga;
3o. Ainda assim, ele não pode falar, a menos que ele esteja completamente
convencido de que esse mesmo meio é necessário para aquela finalidade; que a
finalidade não pode ser respondida; pelo menos, não tão efetivamente, através de
algum outro caminho;
4o. Ele, então, o faz, com a mais extrema tristeza e relutância; usando isto
como um último e pior remédio; um remédio extremo, em um caso extremo; uma
espécie de veneno, que nunca deverá ser usado, a não ser para expelir o veneno;
5o. Conseqüentemente, ele usa isto tão frugalmente quanto possível. E o faz
com temor e tremor, a fim de que não transgrida a lei do amor, por falar demais; mais
do que ele poderia ter feito, não falando, afinal.
15. O amor 'acredita em todas as coisas'. Ele está sempre disposto a pensar o
melhor; a colocar a mais favorável construção sobre tudo. Ele está sempre pronto a
acreditar, no que quer que possa tender ao proveito do caráter de alguém. Ele é
facilmente convencido da inocência (o que ele sinceramente deseja), ou integridade de
qualquer homem; ou, pelo menos, da sinceridade de seu arrependimento; se ele, uma
vez, errou no seu caminho. Ele fica feliz em desculpar o que quer que seja inoportuno;
a condenar o ofensor, tão pouco quanto possível; e a dar toda permissão para a
fraqueza humana, que possa ser feita, sem trair a verdade de Deus.
16. E quando ele não puder acreditar mais, então, o amor 'terá esperança, em
todas as coisas'. Algum mal está relacionado a algum homem? O amor espera que a
relação não seja verdadeira; que a coisa relacionada nunca tenha sido feita. É certo
que ela foi? – 'Mas, talvez, não tenha sido feita, em tais circunstâncias, como está
relatada; de maneira que, aceitando o fato, existe uma oportunidade de esperar que
ela não seja tão ruim quanto está reproduzida'. A ação foi inegavelmente
pecaminosa? O amor espera que a intenção não tenha sido tanto. Está claro que o
objetivo foi pecaminoso também? – 'Ainda assim, ele não deveria brotar de um
temperamento firme do coração, mas de um ímpeto de paixão, ou de alguma tentação
veemente, que precipita o homem fora da compreensão de si mesmo'. E, mesmo
quando não houver dúvida de que todas as ações, objetivos, e temperamentos são
igualmente maus; ainda assim, o amor espera que Deus estenda seu braço, e leve a si
mesmo à vitória; e haverá 'alegria nos céus, por conta', deste 'único pecador que se
arrepende, do que por causa de noventa e nove pessoas que não precisam de
arrependimento'.
17. Por fim: Ele 'suporta todas as coisas'. Isto completa o caráter daquele que
é verdadeiramente misericordioso. Ele não suporta apenas algumas; não muitas coisas
apenas; nem a maioria; mas, absolutamente todas as coisas. O que quer que a
injustiça, malícia, crueldade dos homens podem infligir, ele será capaz de suportar.
Ele não considera coisa alguma intolerável; ele nunca diz de alguma coisa, 'Isto não
pode ser suportado'. Não; ele não apenas faz, mas suporta todas as coisas, através de
Cristo, que o fortalece. E tudo o que ele suporta não destrói seu amor; não o
enfraquece, por fim. É evidência contra tudo. É a chama que queima, mesmo no meio
do grande abismo. 'Muitas águas não podem extinguir' o seu 'amor; nem pode a
inundação sucumbi-lo'. Ele triunfa sobre tudo. Ele 'nunca falha', tanto no tempo,
quanto na eternidade.
18. Por enquanto, você pode dizer, 'Ai de mim, que' estou constrangido 'a
habitar com Mesech, e ter minha morada entre as tendas de Kedar!'. Você pode
verter sua alma, e lamentar a perda do amor verdadeiro e genuíno na terra: Perdido,
realmente! Você bem pode dizer, (mas não, em um sentido remoto): 'Veja como esses
cristãos amam uns aos outros!'. Esses reinos cristãos, que estão dilacerando suas
entranhas mutuamente; devastando uns aos outros, com o fogo e a espada! Esses
exércitos cristãos que estão sendo enviados, aos milhares, rapidamente para o inferno!
Essas nações cristãs que estão sendo tomadas pelo fogo; pelas contendas; partido
contra partido; facção contra facção!
Essas cidades cristãs, onde o dolo e a fraude; opressão e iniqüidade; sim, roubo
e assassinato, não saem de suas ruas! Essas famílias cristãs, feitas em pedaços, pela
cobiça, ciúme, ira, disputa doméstica, inumerável, interminável! Sim. E o que é mais
terrível; o mais lamentável de tudo, essas igrejas cristãs! – Igrejas ('não diga isto, em
Gath' -- mas, meu Deus, como nós poderemos ocultar isto dos judeus, turcos ou dos
pagãos?); que testemunhamos o nome de Cristo, o Príncipe da Paz, promovendo
guerra contínua uns com os outros! Que os pecadores convertidos, os queimam vivos!
Que estão 'embriagados pelo sangue dos santos!' –
Será que essa glória pertence apenas à grande Babilônia, 'a mãe das meretrizes
e abominações da terra?'. Mais do que isto; as Igrejas Reformadas (assim chamadas)
têm sinceramente aprendido a trilhar em seus passos. As Igrejas Protestantes também
sabem oprimir, quando elas têm poder, em suas mãos; mesmo com sangue. E, nesse
meio tempo, como elas também anatematizam umas às outras! Consagram umas às
outras, ao mais baixo inferno! Que ira; que contenda; que malícia; que amargura está
em todos os lugares, encontradas, em meio delas; mesmo quando elas concordam nos
princípios básicos, e apenas diferem em opiniões, ou em pormenores da religião!
Quem segue em busca apenas das 'coisas que trazem paz; e das coisas onde nós
podemos edificar o outro?'. Ó Deus! Por quanto tempo ainda? Será que tua promessa
irá falhar?
Editado por William A. Buckholdt III com correções de Ryan Danker and George
Lyons para o Wesley Center for Applied Theology.
O texto pode ser usado livremente para propósitos pessoais e escolares, ou colocados
em outros web sites, providenciando que esta informação seja deixada intacta. Qualquer uso
desse material para propósitos comerciais de qualquer natureza é estritamente proibido, sem
permissão expressa da Wesley Center at Northwest Nazarene University, Nampa, ID 83686.
Contate o webmaster para permissão.
Sobre o Sermão do Monte – Parte III
John Wesley
1. Quão excelentes coisas são faladas do amor de nosso próximo! Ele é 'o
cumprimento da lei', 'a finalidade do mandamento'. Sem isto, tudo o que temos; tudo
que fazemos; tudo que sofremos, não tem valor algum aos olhos de Deus. A não ser o
amor ao nosso próximo, que brota do amor de Deus: Do contrário, ele mesmo de nada
vale. Cabe a nós, portanto, examinarmos bem sobre que alicerce nosso amor ao
próximo se sustenta; se ele é realmente construído em cima do amor de Deus; se nós
'o amamos, porque Ele primeiro nos amou'; se nós somos puros de coração: porque
este é a fundação a qual nunca deverá ser movida. 'Abençoados, os puros de coração;
porque eles verão a Deus!'.
2. 'Os puros de coração' são aqueles cujos corações Deus tem 'purificado,
assim como Ele é puro'; que são purificados, através da fé, no sangue de Jesus, de
toda afeição profana; que, sendo, 'limpos de toda imundícia da carne e espírito;
santidade perfeita no temor' amoroso 'de Deus'. Eles são, pelo poder de sua graça,
purificados do orgulho, através da mais profunda pobreza de espírito. Da ira, e de toda
paixão indelicada ou turbulenta, através da humildade e gentileza. De todo desejo, a
não ser o de agradar e alegrar a Deus, para conhecer e amá-lo, mais e mais, através
daquela fome e sede de retidão, que agora ocupa toda a sua alma: De maneira que,
agora, eles amam ao Senhor seu Deus com todo seu coração, com toda sua alma,
mente e forças.
3. Mas quão pouco, essa pureza de coração tem sido cuidada, pelos falsos
professores de todas as épocas! Eles têm ensinado os homens a absterem-se, mal e
mal, de tais impurezas exteriores que Deus tem proibido, através da aparência; mas
elas não tocam o coração; e, por não se guardarem contra, em feito, encorajaram as
corrupções interiores.
Um exemplo notável disto, nosso Senhor nos tem dado, nas seguintes palavras,
em (Mateus 5:27) 'Ouvistes o que foi dito aos antigos: não cometerás adultério', e,
em explicar isto, aqueles líderes cegos apenas insistiram que os homens se
abstivessem dos pecados exteriores. 'Eu porém, vos digo, que qualquer que atentar
numa mulher para a cobiça, já em seu coração, cometeu adultério contra ela'.
(Mateus 5:28); já que Deus requer a verdade, daquilo que está, no interior do homem:
Ele inspeciona o coração, e experimenta as afeições; e, se você está inclinado à
iniqüidade com seu coração, o Senhor não irá ouvi-lo.
4. E Deus não admite desculpa, para reter qualquer coisa que dê oportunidade
para a impureza. Por conseguinte, 'se teu olho direito te escandalizar, arranca-o fora,
e atira-o, para longe de ti. Pois é de maior proveito que se perca um dos teus
membros, do que todo o teu corpo seja lançado no inferno'. (Mateus 5:29). Se
pessoas queridas a ti, como teu olho direito, derem uma oportunidade de, assim,
escandalizares a Deus, como estimulando desejos impuros em tua alma, sem demora,
com toda veemência, afasta-te delas. 'E, se tua mão direita te escandalizar, corta-a,
fora, e a atira para longe de ti; porque te é melhor que um dos seus membros se
perca, que todo o teu corpo seja lançado no inferno'. (Mateus 5:30): Se alguém, que
pareça ser tão necessário a ti, quanto a tua mão, for motivo do pecado, do desejo
impuro; mesmo que ele nunca vá mais além do que teu coração; nunca se manifeste
por palavra ou ação; constranja a ti mesmo a um rompimento inteiro e decisivo: tire-o
fora de tua vida, num só golpe: e o entregue aos cuidados de Deus. Qualquer perda,
se de prazer, ou substância, ou amigos, é preferível a perder a tua alma.
Dois passos apenas não serão impróprios tomar, antes de tal separação
absoluta e decisiva:
1o. Experimente que o espírito impuro não possa ser expulso, através de jejum
e oração; cuidadosamente, abstendo-se de toda ação, palavra, olhar, que você possa se
certificar dê oportunidade ao mal;
2o. Se, por esses meios, você não for liberto, então, peça conselho a Ele que
conhece a sua alma; ou, pelo menos, a alguém que tenha experiência, nos caminhos de
Deus, no tocante ao tempo, e a maneira de proceder àquela separação; mas não
outorgue à carne e ao sangue, a fim de que 'não venha a se entregar a uma forte
ilusão, por acreditar numa mentira'.
5. Nem pode o próprio casamento, santo e honrado quanto ele seja, ser usado
como pretexto, para dar livre vazão aos nossos desejos. De fato, 'tem sido dito que,
qualquer que repudie a sua esposa, que ele dê a ela carta de divórcio: E, então, tudo
estará bem; embora ele não alegue causa, a não ser que ele não a ama, ou ama mais a
uma outra. 'No entanto, eu digo que, quem quer que repudie sua mulher, exceto em
caso de fornicação', (ou seja, adultério; a palavra 'porneia' significando 'falta de
castidade', em geral; tanto sendo casado, como sendo solteiro) 'dará oportunidade a
que ela cometa adultério', se ela se casar novamente: 'E qualquer que se casar com
ela, que foi repudiada, cometerá adultério, também', conforme (Mateus 5:31-32).
Toda poligamia é claramente proibida nessas palavras, nas quais nosso Senhor
declara expressamente que, qualquer mulher que tenha um marido vivo, se, se casar
novamente, cometerá adultério. Por analogia, é adultério para qualquer homem que se
casar novamente, por quanto tempo ele tenha uma esposa viva; sim, mesmo que ele
seja divorciado; a menos que aquele divórcio tenha sido por causa de adultério:
apenas neste caso, não existe escrita que o proíba de se casar novamente.
6. Tal é a pureza de coração que Deus requer e opera naqueles que acreditam
no Filho de seu amor. E 'abençoados sejam' os que são assim 'puros no coração;
porque eles verão a Deus'. Ele 'manifestará a si mesmo, junto a eles', não apenas
'como ele faz, para com o mundo', mas como ele nem sempre faz aos seus próprios
filhos. Ele os abençoará com as mais claras comunicações de seu Espírito; a mais
íntima 'camaradagem com o Pai e com o Filho'. Ele fará com que sua presença esteja
continuamente diante deles, e a luz de seu semblante brilhe sobre eles. Esta é a
incessante oração de seus corações: 'Eu implore a ti que me mostre a tua glória'; e
eles têm a petição que pediram dele. Eles agora vêm a Ele, através da fé, (o véu da
carne estando agora transparente); mesmo nas suas obras menores, e em tudo que os
circunda; em tudo que Deus tem criado e feito. Eles vêem Deus, nas alturas, e nas
profundezas abaixo; eles vêem a Ele sendo tudo em tudo. Os puros de coração vêm
todas as coisas completas de Deus. Eles vêem a Ele no firmamento dos céus; na lua;
caminhando no esplendor; no sol, quando se regozija como um gigante que segue seu
curso. Eles vêem a Ele 'fazendo das nuvens suas carruagens, e caminhando nas asas
do vento'. Eles vêem a Deus 'preparando a chuva para a terra, e abençoando o
crescimento dela; fornecendo grama para o gado; e vegetais para o uso do homem'.
Eles vêem o Criador de tudo, sabiamente governando a todos, e 'mantendo todas as
coisas, através da palavra de seu poder'.
'Ó, Senhor, nosso Governador, quão excelente é teu nome em todo o mundo'.
8. Mas de uma maneira mais especial, eles vêem Deus em suas ordenanças. Se
eles aparecem em uma grande congregação, para 'retribuir a Ele uma honra devida a
Seu nome, e adorá-lo na beleza da santidade'; ou 'entrar em seus aposentos', e lá,
derramarem seus corações diante de seu 'Pai que está em secreto'; se eles buscam os
oráculos de Deus, e ouvem os embaixadores de Cristo proclamando as boas novas da
salvação; ou, comendo daquele pão, e bebendo daquele cálice, 'anunciando sua morte,
até que ele venha', nas nuvens dos céus; -- em todos esses seus caminhos apontados,
eles encontram tal aproximação que não pode ser expressa. Eles vêem a Ele, como se
fosse, face a face, e 'falam com ele, como um homem fala com seu amigo'; -- uma
preparação adequada para aquelas mansões acima, onde eles poderão vê-lo como Ele
é.
9. Mas quão longe de ver Deus, estão aqueles que têm ouvido 'o que foi dito
aos antigos: não perjurarás; mas cumprirás teu juramento ao Senhor'. (Mateus
5:33), e o interpretado assim: Não perjurarás, quando tu jurares, através do Senhor
Jeová. Tu 'cumprirás, junto ao Senhor' esses teus 'juramentos'; mas, assim como para
outros juramentos, Ele não tomará conhecimento deles.
Mas nosso Senhor aqui proíbe absolutamente todo juramento comum, tanto
quanto todo juramento falso; e mostra a atrocidade de ambos, através da mesma
consideração terrível de que toda criatura está em Deus, e ele está presente em todo
lugar, em tudo, e sobre tudo. 'Eu, porém,vos digo que, de maneira nenhuma, jureis
nem pelo céu, porque é o trono de Deus' (Mateus 5:34); e, por conseguinte, isto é o
mesmo que jurar, através Dele que se senta no trono dos céus: 'Nem jurarás pela
terra; porque é o escabelo de seus pés' (Mateus 5:35); e ele está tão intimamente
presente na terra, quanto no céu: 'Nem por Jerusalém; porque é a cidade do grande
Rei'; e Deus é bem conhecido em seus palácios. 'Nem jurarás pela tua cabeça, porque
não podes tornar um cabelo branco ou preto' (Mateus 5:36); porque mesmo isto, é
evidente, não te pertence, mas a Deus; o único que pode dispor de tudo que há nos
céus e terra. 'Seja, porém, o vosso falar', (Mateus 5:37); sua conversa; seu discurso
um com o outro 'ser: Sim, sim; Não, Não'; uma afirmação ou negação sim e séria;
'porque o que passar disso, será de procedência maligna'; procedera do diabo, e é a
marca de seus filhos.
10. Que nosso Senhor não proíbe aqui o 'jurar em julgamento e verdade',
quando nós somos requeridos a assim fazê-lo, através de um Magistrado, pode
aparecer:
1o. Quando da ocasião dessa parte de seu discurso, -- o abuso que ele estava
aqui reprovando, -- era o do falso juramento e do juramento comum; sendo o jurar
diante de um Magistrado uma coisa totalmente fora de questão.
2o. Das mesmas palavras onde ele forma a conclusão geral: 'Que sua
comunicação', ou discurso, 'seja:Sim, sim; Não, não'.
3o. Do seu próprio exemplo; já que ele mesmo respondeu sob juramento,
quando requerido pelo Magistrado. Quando o Alto Sacerdote disse junto a ele: 'Pelo
Deus vivo, conjuro-te que nos digas, se tu és o Cristo, o Filho de Deus'; Jesus
imediatamente respondeu na afirmativa: 'Tu o dissestes'; (ou seja, a verdade); 'não
obstante', (ou, antes, além disso), 'digo-vos que, em breve, vereis o Filho do Homem
assentado á direita do Todo-Poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu'. (Mateus
26:63-64)
11. Mas a grande lição que nosso abençoado Senhor repisa aqui, e que Ele
ilustra, através desse exemplo, é que Deus está em todas as coisas, e que nós podemos
ver o Criador no espelho de cada criatura; que nós podemos usar e olhar sobre nada,
como estando separada de Deus; o que, de fato, seria uma espécie de ateísmo prático;
mas, com a verdadeira magnificência do pensamento, inspecionar céus e terra, e tudo
o que nela há, como contida em Deus, na concha de sua mão; quem, pela sua profunda
presença os possui na existência; quem penetra e impulsiona a forma criada, e é, em
um sentido verdadeiro, a alma do universo.
II
5. Ele pratica o bem, até a última gota de seu poder; igualmente, aos corpos de
todos os homens. Ele se regozija em 'repartir seu pão com o faminto', e 'em cobrir o
nu com uma peça de roupa'. Existe algum estranho? Ele o faz entrar, e o alivia, de
acordo com suas necessidades. Alguém está doente ou na prisão? Ele o visita, e
administra tais socorros, de acordo com o que mais precisa. E tudo isto ele faz, não,
junto a homem; mas lembrando-se Dele que disse: 'Porquanto, o que você fizer ao
mais simples destes meus irmãos, será a mim você estará fazendo'.
6. O quanto ele se regozija, se ele pode fazer algum bem à alma de algum
homem! Esse poder, de fato, pertence a Deus. É Ele apenas que muda o coração, sem
o que, todas as outras mudanças seriam mais frívolas do que a vaidade. Não obstante,
agrada a Ele, que opera tudo em todos, ajudar o homem; principalmente, através do
homem; para tornarem conhecidos seu próprio poder, benção e amor, por meio deles.
Portanto, embora seja certo que a 'a ajuda que é feita na terra, seja o próprio Deus
quem a faz';ainda assim, nenhum homem precisa, por isso, permanecer inútil em seu
vinhedo. O pacificador não pode: Ele está sempre se ocupando nele, e é como um
instrumento, nas mãos de Deus, preparando o solo para seu Mestre usar, ou semeando
as sementes do reino, ou regando o que já está semeado, se, por acaso, Deus pode
fazê-lo progredir.
De acordo com a medida da graça que recebe, ele usa de toda diligência; tanto
para reprovar o pecador grosseiro; para reclamar daqueles que se precipitam, para o
caminho mais largo da destruição; quanto para 'fornecer luz àqueles que se sentam na
escuridão', e estão prontos a 'perecer, por falta de conhecimento'; ou para 'auxiliar o
fraco; erguer as mãos que estão abaixadas, e os joelhos débeis; ou para trazer de volta
e curar aquele que estava incapacitado, ou estava fora do caminho. Nem ele é menos
zeloso, ao confirmar aqueles que já estão se esforçando para entrar, pelo portão
estreito; ao fortalecer aqueles que permanecem, a fim de que possam 'correr,
perseverantes, a corrida que se coloca diante deles'; ao edificar, na fé mais santa deles,
aqueles que sabem em quem eles têm acreditado, exortando-os a estimular o dom de
Deus, que está neles, para que, crescendo na graça diariamente, 'uma permissão possa
ser dada a eles, abundantemente, no reino eterno de nosso Senhor e Salvador, Jesus
Cristo'.
III
1. Alguém poderia imaginar que tal pessoa, como a que tem sido acima
descrita, tão cheia de humildade genuína; tão impassivelmente séria; tão equilibrada e
gentil; tão livre de todo objetivo egoísta; tão devotado a Deus, e tal amante ativo dos
homens, seria o preferido da humanidade. Mas nosso Senhor está mais familiarizado
com a natureza humana, em seu estado presente. Ele, por conseguinte, conclui o
caráter desse homem de Deus, mostrando a ele o tratamento que ele deve esperar do
mundo: 'Bem-aventurados', diz ele, 'são os que são perseguidos por causa da justiça;
porque deles é o reino dos céus'.
(Gal. 4:29) 'Mas, como, então, aquele que era gerado, segundo a carne,
perseguia o que o era, segundo o Espírito; assim, é também agora'.
(2 Tim. 3:12) 'Sim', diz o Apóstolo, 'também, todos os que piamente querem
viver em Cristo Jesus padecerão perseguições'.
(João 15:18-20) 'Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, ele
odeia a mim. Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque
não sois do mundo, antes, eu vos escolhi do mundo, por isso, é que o mundo vos
odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: não é o servo maior do que o seu
senhor. Se a mim me perseguiram, também perseguirão a vós'.
Porque eles são pobres em espírito; ou seja, diz o mundo, 'serem pobres em
espírito, significa, que suas almas são fracas, covardes; boas para coisa alguma;
nada adequadas a viverem nele': --
Porque eles são humildes: 'Eles são subjugados, tolos passivos, adequados
exatamente para serem maltratados': --
Porque eles têm fome e sede de justiça: 'são uma parcela dos entusiastas
histéricos; abrindo a boca atrás do que eles não sabem o que; não satisfeitos com a
religião racional, mas enlouquecidos em busca de êxtase e sentimentos interiores:' –
Porque eles são puros de coração': 'São criaturas sem caridade; que
amaldiçoam todo o mundo; a não ser aqueles que são da sua própria estirpe! Patifes
blasfemadores, que pretendem fazer de Deus um mentiroso, estando sem pecado!' –
5. Em Quarto Lugar, se for inquirido, como eles irão persegui-los, poderá ser
respondido, de uma maneira geral, exatamente naquela forma e medida que o sábio
Disponente vê que será melhor para sua glória, -- irá inclinar mais ao crescimento de
Seus filhos na graça, e o alargamento de seu próprio reino. Não existe uma
ramificação do governo de Deus do mundo que seja mais admirável do que este. Seus
ouvidos nunca estão cansados para as ameaças do perseguidor; ou o clamor dos
perseguidos. Seus olhos estão sempre abertos, e sua mão, sempre estendida para
dirigir cada uma das menores circunstâncias. Quando a tempestade deverá começar;
quão alto ela deverá se erguer; que caminho ela apontar seu curso; quando e como ela
deverá terminar, tudo é determinado, através de Sua sabedoria infalível. O descrente é
apenas uma espada Dele; um instrumento que Ele usa a seu prazer, e que, ela mesma,
quando o gracioso fim de sua providência é respondido, é lançada no fogo.
6. Mas raramente Deus consente que a tempestade se erga tão alta, como
tortura, morte, cativeiros ou prisão. Considerando que seus filhos são freqüentemente
chamados para suportar essas espécies mais leves de perseguição; eles freqüentemente
sofrem a desavença da parentela, -- e a perda de amigos que eram como suas próprias
almas. Eles se certificam da verdade das palavras de seu Senhor (no que concerne ao
evento, embora não ao objetivo de sua vinda): (Lucas 12:51) 'Cuidei vós que vim
trazer paz à terra? Eu vos digo, não; mas, antes, dissensão'. E, disso, segue-se
naturalmente a perda de negócio ou empreendimento, e, conseqüentemente de bens
materiais. Mas todas essas circunstâncias, igualmente, estão debaixo da sábia direção
de Deus, que distribui proporcionalmente a todos o que é mais expediente para ele.
7. Mas a perseguição que atende a todos os filhos de Deus é aquela que nosso
Senhor descreve nas seguintes palavras: 'Bem-aventurados sóis vós, quando vos
injuriarem, e perseguirem; e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha
causa'. Isso não pode falhar; este é o mesmo emblema de nosso discipulado; é um dos
selos de nosso chamado; é a porção certa requerida sobre todos os filhos de Deus: Se
nós não tivermos isto, nós seremos bastardos e não filhos. Direto, através da boa ou
má reputação, se estende o único caminho para o reino. O manso de coração, o sério,
o humilde, os amantes zelosos de Deus e homem são os que têm boa reputação, em
meio aos seus irmãos; mas os de má reputação para com o mundo, que os julga e os
ameaça 'são como a sujeita e refugo de todas as coisas'.
8. De fato, alguns têm suposto que, diante da abundância dos gentios que
devem vir, o escândalo da cruz irá cessar [Wesley se refere à perseguição que ele e
seus ministros sofreram]; que Deus fará com que os cristãos sejam estimados e
amados, mesmo por aqueles que estão ainda em seus pecados. Sim; e é certo que,
mesmo agora, Ele, algumas vezes, interrompe temporariamente a contenda, tanto
quanto a ferocidade dos homens; 'ele faz com que os inimigos dos homens estejam em
paz consigo, por algum tempo, e dá a eles favor com seus mais amargos
perseguidores'. Porém, colocando de lado esse caso singular, o escândalo da cruz,
ainda, não está terminado; embora um homem ainda possa dizer, 'Se eu agradar a
homens, eu não sou servo de Cristo. Que nenhum homem, portanto, leve em
consideração aquela sugestão prazerosa (prazerosa, sem dúvida, para a carne e
sangue), de que os homens maus apenas fingem odiar, e desprezar aqueles que são
bons; em vez disto, os amam e estimam em seus corações'. Não é assim: Eles podem
empregá-los, algumas vezes; mas é para o próprio proveito deles. Eles podem colocar
confiança neles; já que eles sabem que seus métodos não são como de outros homens.
Mas, ainda assim, eles não os amam; exceto, na medida em que o Espírito de Deus
possa lutar com eles. As palavras de nosso Senhor são expressas: 'Se vocês fossem do
mundo, o mundo amaria o que lhe pertence; mas, porque vocês não são do mundo,
por conseguinte, o mundo odeia vocês'. Sim, (colocando de lado as exceções que
possam ser feitas, através da graça preventiva ou providência peculiar de Deus), ele
odeia a eles tão cordialmente e sinceramente, como sempre o fizeram para com seu
Mestre.
10. Ainda assim, não pense que você pode sempre evitá-la; tanto por esse
meio, quanto por outros. Sempre que aquela imaginação desocupada roubar, dentro de
seu coração, faça-a voar, através daquela precaução severa: 'Lembrem-se do que eu
disse a vocês: o servo não é maior do que seu Senhor. Se eles perseguiram a mim,
certamente, irão perseguir a vocês'.'Sejam sábios como serpentes, e inofensivos como
pombas'. Mas isto irá abrigá-los da perseguição? Não; a menos que vocês sejam mais
sábios do que seu Mestre, ou mais inocentes do que o Cordeiro de Deus.
12. Nesse meio tempo, não permita que a perseguição faça com que você saia
do seu caminho de humildade e mansidão; de amor e beneficência. 'Ouvistes o que foi
dito: olho por olho, dente por dente'.(Mateus 5:38), e seus miseráveis professores
têm, desde então, permitido vingarem-se; retornarem o mal com o mal: 'Mas eu digo a
vós, que não resistais ao mal': -- Não dessa forma; não o retornando dessa maneira.
'Mas, preferivelmente a isto, quando baterem em teu rosto, oferece-lhe a outra
também. E, se algum homem quiser pleitear contigo, e tirar a tua vestimenta, larga-
lhe também a capa. E, qualquer que vos obrigar a caminhar com ele uma milha,
caminha com ele, duas'.
Permita que tua mansidão seja assim invencível. E teu amor seja adequado a
isto. Dá a ele o que pediu a ti; e dele que obteve emprestado de ti, não pede de volta'.
Apenas não dá o que pertence a outro homem, e que não seja teu. Por conseguinte:
(1) Cuida de não deveres coisa alguma a homem algum: porque o que tu
deves não te pertence, mas a outro homem.
(2) Supre aqueles de tua própria casa: Isto também Deus tem requerido de ti;
e o que é necessário para sustentá-los na vida e religiosidade também não
te pertence.
(3) Então, dá ou faze empréstimo de tudo que restar, do dia a dia; de ano a
ano. Apenas, primeiro, vendo que tu não podes dar ou emprestar a todos,
contempla o lar com a fé..
13. A mansidão e amor que vocês devem sentir; a delicadeza que vocês devem
mostrar a eles que os perseguem, por causa da retidão; nosso Senhor descreve, mais
além, nos seguintes versos, em (Mateus 5:43), 'Vocês têm ouvido o que lhes
disseram: Amem ao seu próximo; e odeiem ao seu inimigo'. Deus, de fato, havia dito
apenas a primeira parte: 'Vocês devem amar ao seu próximo': mas, os filhos do diabo
acrescentaram a segunda: 'e odeiem ao seu inimigo': 'Mas eu digo a vocês':
(1) 'Amem aos seus inimigos': Vejam que vocês testemunhem uma boa-
vontade terna, para com aqueles que têm um espírito mais amargo contra
vocês; aqueles que desejam a vocês toda a forma de mal.
(2) 'Abençoem aqueles que os praguejam'. Alguns dos amargos de espírito
irrompem em palavras ásperas contra vocês? Eles estão continuamente
praguejando e reprovando vocês, quando vocês estão presentes, e dizendo
'toda forma de maldade contra vocês', quando estão ausentes? Tanto mais,
preferivelmente, vocês devem abençoá-los: nas conversas com eles, usem
de todo equilíbrio e delicadeza de linguagem. Reprovem-nos, sendo bons
exemplos, diante deles; mostrando a eles como eles deveriam ter falado.
E, ao falarem deles, digam tudo de bom que vocês puderem, sem violarem
as regras da verdade e justiça.
(3) 'Faça o bem aos que os odeiam'. Que suas ações mostrem que vocês são
tão verdadeiros no amor, quanto eles no ódio. Paguem o mal com o bem.
'Não sejam dominados pelo mas, mas dominem o mal, com o bem'.
(4) Se vocês não puderem fazer mais coisa alguma, pelo menos, 'orem por
eles que, acintosamente, usam vocês e os perseguem'. Vocês nunca
deverão ser incapazes de fazerem isto; nem toda a malícia e violência
deles poderão impedir vocês. Derramem suas almas a Deus; não apenas
por aqueles que fizeram isto uma vez, mas agora se arrependeram: --
Está é uma pequena coisa: 'E, se pecar contra ti, sete vezes no dia, e, sete vezes
no dia vier ter contigo, dizendo: arrependo-me, perdoa-lhe' (Lucas 17:4); ou seja, se,
depois de tantos relapsos, ele der a ti motivo para acreditares que ele está realmente e
totalmente mudado; então, tu deverás perdoá-lo; de maneira a confiares nele; a
colocá-lo em teu seio, como se ele nunca tivesse pecado contra ti, afinal: --
Mas ora; luta com Deus, por aqueles que não se arrependeram; que agora
maliciosamente usam a ti e te perseguem. E os perdoa; 'não até sete vezes; mas
setenta vezes sete' (Mateus 18:22). Quer tenham se arrependido ou não; sim, embora
eles parecem muito e muito distante disto; ainda assim, mostra a eles este exemplo de
bondade: 'Para que possas ser filhos'; para que possas aprovar a ti mesmo, como
filhos legítimos, 'do Pai que está nos céus', aquele que mostra Sua bondade, através
de tais bênçãos, de que eles são capazes, mesmo aos seus mais intratáveis inimigos;
'aquele que faz o sol brilhar sobre o mal e o bom; e envia a chuva sobre o justo e o
injusto'. 'Pois, se amares os que vos amam, que galardão tereis? Os publicanos não
fazem também o mesmo? (Mateus 5:46) – os que não fingem ter alguma religião; os
que vocês mesmos reconhecem que estão sem Deus no mundo. 'E, se vocês
saudarem'; mostrarem delicadeza, na palavra ou ação, para com 'seus irmãos', seus
amigos, ou parentela, 'apenas; o que farão de mais?' – àqueles que não têm religião,
afinal? 'Os publicanos não fazem o mesmo?' (Mateus 5:47). Mais do que isto, sejam
um modelo melhor do que eles. Na paciência, na longanimidade; na misericórdia, na
beneficência de toda espécie, para com todos; mesmo aos seus mais intratáveis
perseguidores; 'sejam' cristãos, 'perfeitos', na maneira, embora não na proporção,
'como seu Pai, que está nos céus, é perfeito'. (Mateus 5:48).
IV
Ó, que nós não sejamos apenas ouvintes dele! – 'como um homem, olhando seu
próprio rosto no espelho; e que segue seu caminho, diretamente, esquecendo-se da
espécie de homem que ele era'. Mais ainda; que nós, firmemente, 'busquemos, essa lei
perfeita de liberdade, e continuemos nela'. Que não descansemos, até que toda sua
linha seja transcrita em nossos corações. Que vigiemos, e oremos, e acreditemos, e
amemos, e 'esforcemo-nos para a maestria', até que cada parte dela possa aparecer em
nossa alma; gravada lá, pelos dedos de Deus; até que sejamos 'santos, como Ele, que
nos tem chamado, é santo; perfeitos, como nosso Pai, que está nos céus, é perfeito'.
Editado por Jennette Descalzo – correções de Ryan Danker e George Lyons - para a Wesley
Center for Applied Theology.
Sobre o Sermão do Monte – Parte IV
John Wesley
'Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com o que há de se salgar? Para nada
mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado por homens. Vós sois a luz do
mundo. Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende
a candeia e se coloca debaixo do alqueire; mas no velador, e dá luz a todos que estão
em casa. Assim, resplandeça a vossa luz, diante dos homens, para que eles possam
ver as suas boas obras, e glorificarem seu Pai que está no céu'. (Mateus 5:13-16)
2. Se a religião, no entanto, não fosse levada, mais além do que isto, eles não
teriam dúvidas concernente e ela; eles não teriam objeção, em irem ao seu encalço,
com todo o ardor de suas almas. 'Mas, por que', eles perguntam, 'ela está obstruída
com outras coisas? Qual a necessidade de oprimi-la - com fazer e sofrer? Não são
essas coisas que refreiam o vigor da alma, e a fazem sucumbir a terra novamente?
Não é suficiente seguir em busca do amor?'; elevar-se nas asas do amor? Não será
suficiente adorar a Deus, que é um Espírito, com o espírito de nossas mentes, sem
sobrecarregarmos a nós mesmos, com coisas exteriores; ou mesmo, pensando sobre
elas, afinal? Não é melhor que toda a extensão de nossos pensamentos possa ser
elevada, através de uma contemplação elevada e divina; e que, ao em vez de ocupar a
nós mesmos, afinal, com coisas externas, nós poderíamos apenas comungar com Deus
em nossos corações?
4. Não é necessário que alguém fale a nosso Senhor dessa obra-prima de nossa
sabedoria; esse mais fiel de todos os conselhos, por meio dos quais, Satanás tem
pervertido os caminhos corretos do Senhor! E, Ó, que instrumentos ele tem
encontrado, de tempos em tempos, para empregar nesse seu serviço; para manejar
essa grande máquina do inferno contra algumas das mais importantes verdades de
Deus! – Os homens que 'ludibriariam, se fosse possível, os próprios escolhidos'; os
homens de fé e amor; sim, que têm, por algum tempo, enganado e conduzido fora um
número não insignificante deles, que têm caído, em todas as épocas, na armadilha
dourada; e, dificilmente, escapado com o esmalte de seus dentes.
5. Mas nosso Senhor tem estado em falta sobre o que lhe cabe? Ele não nos
tem suficientemente guardado contra essa ilusão prazerosa? Ele não nos tem armado
aqui com a armadura do testemunho, contra Satanás 'transformado em anjo de luz?'.
Sim, verdadeiramente: Ele aqui defende, da maneira mais clara e forte, a religião ativa
e paciente que ele tinha justamente descrito. O que pode ser mais completo e claro do
que as palavras que ele anexa imediatamente ao que ele tem dito sobre fazer e sofrer?
'Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com o que há de se salgar?
Para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado por homens. Vós
sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire; mas no velador, e dá luz a
todos que estão em casa. Assim, resplandeça a vossa luz, diante dos homens, para
que eles possam ver as suas boas obras, e glorificarem seu Pai que está no céu'.
(Mateus 5:13-16)
1o. Que o Cristianismo é essencialmente uma religião social; e que fazer dele
uma religião solitária é destruí-lo.
2o. Que ocultar essa religião é impossível, assim como extremamente contrário
ao objetivo de seu Autor.
Por Cristianismo, eu quero dizer aquele método de adoração a Deus, que está
aqui revelado ao homem, através de Jesus Cristo. Quando eu digo que ele é
essencialmente uma religião social, eu não quero dizer apenas que ele não subsistiria
assim tão bem, mas que ele não subsistiria, afinal, sem a sociedade, -- sem viver e
conversar com outros homens. E, em mostrando isto, eu devo confinar a mim mesmo
àquelas considerações que irão se erguer do mesmo discurso diante de nós. Mas, se
for assim mostrado, então, sem dúvida, tornar isto uma religião solitária é destruí-la.
Não que devemos, de maneira alguma, condenar a solidão e retiro, misturados, com a
sociedade. Isto não é apenas permitido, mas conveniente; mais ainda, isto é
necessário, como as experiências mostram diariamente, a todos que, tanto já são,
quanto os que desejam ser cristãos verdadeiros.
Dificilmente, pode ser que nós passemos um dia inteiro, em um intercurso
continuado com homens, sem sofrermos perda, em nossas almas; e, em alguma
medida, afligirmos o Espírito Santo de Deus. Nós temos necessidade diariamente de
nos retirarmos do mundo, pelo menos de manhã e à noite, para conversarmos com
Deus, para comungarmos mais livremente com nosso Pai, que está em secreto. Nem,
de fato, pode um homem de experiência condenar mesmo as mais longas épocas de
retiro religioso, de modo que eles não implicam alguma negligência do emprego
mundano, onde a providência de Deus tem nos colocado.
2. Ainda assim, tal retiro não deve ocupar todo o nosso tempo; isto iria
destruir, e não trazer progresso à verdadeira religião. Já que aquela religião, descrita
por nosso Senhor, nas palavras precedentes, não pode subsistir, sem a sociedade; sem
nosso viver e conversar com outros homens, fica evidente nisto, que diversas das mais
essenciais ramificações dela não terão lugar, se nós não tivermos um intercurso com o
mundo.
3. Não existe disposição, por exemplo, que seja mais essencial ao Cristianismo
do que a humildade. Agora, até porque ela implica resignação para com Deus, e
paciência, na dor e sofrimento, ela pode subsistir no deserto, em uma cela hermética,
na total solidão; ainda assim, como ela implica (o que não é menos necessariamente
feito), indulgência, gentileza, e longanimidade, ela não pode possivelmente ter uma
existência; ela não teria lugar debaixo dos céus, sem um intercurso com outros
homens. De maneira que, tentar tornar isto em uma virtude solitária, é destruí-la da
face da terra.
Mas isto é aparentemente colocado de lado, por todos que nos chamam ao
deserto; que recomendam a inteira solidão, tanto aos bebês, aos jovens, quanto aos
adultos em Cristo. Pode algum homem afirmar que um cristão solitário (assim
chamado, embora seja pouco menos do que uma contradição, em termos) possa ser
um homem misericordioso, -- ou seja, alguém que aproveita todas as oportunidades
para fazer o bem a todos os homens? O que pode ser mais claro do que, sem a
sociedade; sem nosso viver e conversar com outros homens, este ramo fundamental da
religião de Jesus Cristo não pode possivelmente subsistir?
Mas o Apóstolo não nos proíbe de ter algum intercurso, afinal; mesmo com os
homens que não conhecem a Deus! 'Porque, para isto', diz ele, 'nós precisaríamos
sair do mundo!'; o que ele nunca poderia aconselhá-los a fazer. Mas, ele anexa: 'Se
algum homem que seja chamado de irmão', que professe a si mesmo como um cristão,
'for um adúltero, um avarento, um idólatra, um maldizente, um bêbado, um
extorquidor';(I Co. 5:11); eu agora tenho escrito a vocês, para não estarem em
companhia deles; com estes, não comam'. Isto deve necessariamente implicar que
nós devemos romper toda a familiaridade; toda a intimidade de conhecimento com
estes. 'Todavia, não o tenhais', diz o Apóstolo, em outro lugar, 'como um inimigo, mas
admoestai-o como irmão' (2 Tess. 3:15); mostrando claramente que, mesmo em tal
caso como este, nós não devemos renunciar toda amizade com ele. De modo que aqui
não é aconselhável separar-se totalmente, até mesmo do homem pecaminoso. Sim.
Essas mesmas palavras nos ensinam a fazer completamente ao contrário.
6. Mais do que isto, as palavras de nosso Senhor; estão longe de nos direcionar
a romper todo o comércio com o mundo, o que sem ele, de acordo com sua
consideração de Cristianismo, nós não podemos ser cristãos, afinal. Seria fácil mostrar
que alguns intercursos, mesmo com os homens descrentes e impuros, são
absolutamente necessários, com o objetivo de uma completa aplicação de cada
temperamento que ele tem descrito, como caminho para o reino; e que são
indispensavelmente necessários, para o completo exercício da pobreza de espírito, do
murmurar e de qualquer outra disposição que tenha um lugar aqui, na religião genuína
de Jesus Cristo. Sim. Eles são necessários, para a própria existência de diversos deles;
-- daquela mansidão, por exemplo, que, em vez de exigir 'olho por olho; dente por
dente', 'não resiste ao mal', mas faz com que, preferivelmente, quando lhe baterem 'na
face direita, seja-lhe dado a outra, também'; -- daquela misericórdia, por meio da
qual, 'nós amamos nossos inimigos; abençoamos a quem nos praguejam; fazemos o
bem a todos que nos odeia; e oramos por aqueles que maliciosamente nos usam e nos
perseguem'; -- daquele enredamento do amor e todos os temperamentos santos que
são exercitados no sofrer por causa da retidão. Agora, todos esses, é claro, não teriam
existência, não tivéssemos intercurso com algum deles, a não ser com os cristãos
reais.
9. Com respeito àqueles que nunca provaram da boa palavra, Deus está realmente
compadecido, e tem uma misericórdia terna. Mas a justiça toma lugar, no que se
refere àqueles que já provaram que o Senhor é gracioso; mas, mais tarde, voltaram
atrás, 'nos santos mandamentos', então, 'entregues a eles'. 'Porque é impossível que os
que já uma vez foram iluminados' (Hebreus 6:4-6); em cujos corações Deus uma vez
brilhou, para iluminá-los com o conhecimento da Sua glória, na face de Jesus Cristo;
'e provaram o dom celestial' - a redenção em seu sangue, o perdão dos pecados; 'e se
fizeram participantes do Espírito Santo', da humildade, da mansidão, e do amor de
Deus e homem, espalhados por todo seu coração, através do Espírito Santo que foi
dado junto a eles: mas 'caíram'; -- (aqui não se trata de uma suposição, mas de uma
declaração clara do fato) 'para renová-los novamente no arrependimento; vendo que
eles de novo crucificaram o filho de Deus e o expuseram à vergonha declarada'.
Mas, para que ninguém possa interpretar mal essas terríveis palavras, deve ser
cuidadosamente observado:
1o. Quem são estes, de quem se está falando aqui; ou seja, eles, tão somente,
que uma vez foram, assim, 'iluminados'; eles apenas, 'que provaram' daquele 'dom
celestial, e foram', assim, 'feitos parceiros do Espírito Santo'; de modo que todo
aquele que não experimentou essas coisas está totalmente fora deste contexto?
2o. Do que se trata o terem caído, de que se fala aqui: trata-se de uma apostasia
[mudança de religião] absoluta e total. Um crente pode cair; porém, não cair fora. Ele
pode cair; mas se erguer novamente. E, se ele pode cair, até mesmo no pecado, ainda
assim, esse caso, terrível como ele é, não é desesperador. Porque 'nós temos um
Advogado com o Pai, Jesus Cristo, o justo; e Ele é a reparação de nossos pecados'.
Mas que o crente possa, acima de todas as coisas, tomar cuidado, a fim de que
seu 'coração não se endureça por causa da aparência enganosa do pecado'; a fim de
ele não possa sucumbir, para mais e mais baixo, até que tenha caído totalmente; até
que ele se torne como o sal que perdeu seu sabor: Porque, se nós pecamos, assim,
intencionalmente, depois de termos recebido 'o conhecimento' experimental 'da
verdade; não restará lá sacrifício algum para os pecados; a não ser, certamente, um
olhar temeroso, por causa da indignação flamejante, que devora os adversários'.
II
4. Tão impossível quanto é manter nossa religião, sem ser vista, a menos que
nós a lancemos fora; tão tolo quanto é o pensamento de esconder a luz, a menos que a
coloquemos fora! Certo é que a religião secreta, desapercebida, não pode ser a religião
de Jesus Cristo. Qualquer que seja a religião que possa ser oculta, ela não é
Cristianismo. Se um cristão pudesse ser oculto, ele não teria sido comparado a uma
cidade sobre uma colina; à luz do mundo; ao sol que brilha no firmamento, e que é
visto por todo o mundo abaixo. Por conseguinte, que nunca entre no coração daquele
que Deus tem renovado no espírito de sua mente, esconder esta luz; guardar sua
religião para si mesmo; especialmente considerando que não é apenas impossível
ocultar o Cristianismo verdadeiro, mas que isto é, de igual forma, absolutamente
contrário ao desígnio do grande Autor dele.
6. Assim, Deus tem falado, em todas as épocas, ao mundo; não apenas por
preceitos, mas por exemplo também. Ele não tem 'deixado a si mesmo, sem
testemunha', em qualquer nação, onde o som do Evangelho tenha surgido, sem que
alguns tenham testificado sua verdade, através de suas vidas, tanto quanto, através de
suas obras. Esses têm sido 'como as luzes, brilhando em um lugar escuro'. E, de
tempos em tempos, eles têm sido os meios de iluminar alguns; preservando uma
sobra, uma pequena semente que foi 'confiada junto ao Senhor por gerações'. Eles
têm conduzido algumas pobres ovelhas, para fora da escuridão do mundo, e guiado
seus pés para o caminho da paz.
7. Alguém poderia imaginar que, onde ambas, a Escritura e a razão das coisas, falam
tão claramente e expressamente, não poderá haver muito avanço do outro lado, pelo
menos não com alguma aparência de verdade. Mas eles, que pensam dessa forma,
sabem pouco das profundezas de Satanás. Afinal de contas, toda esta Escritura e razão
têm dito que os pretextos para a religião solitária; para que um cristão saia do mundo,
ou, pelo menos, se esconda nele, são tão excessivamente plausíveis; que nós
precisamos de toda a sabedoria de Deus para vermos, através da armadilha, e todo o
poder de Deus, para escaparmos dela; tantas e fortes são as objeções que têm sido
trazidas contra o fato de serem cristãos sociais, abertos e presentes.
III
1. Para responder a esses, eu proponho uma terceira coisa. Primeiro, que tem
sido freqüentemente objetado que a religião não se situa nas coisas exteriores; mas no
coração, no mais íntimo da alma; que se trata da união da alma com Deus; a vida de
Deus, na alma do homem; que a religião exterior não é válida - vendo que Deus 'não
se satisfaz com as burnt-offerings, nos serviços exteriores, mas que um coração - puro
e santo - é 'um sacrifício que ele não irá desprezar'.
É verdade também que essa religião exterior desnudada, que não tem raiz no
coração, não tem valor; que Deus não está satisfeito com tais serviços exteriores; não
mais do que com as 'burnt-offerings' dos judeus; e que um coração puro e santo é um
sacrifício do qual ele se agrada. Mas ele também está muito feliz com todo aquele
serviço exterior que se ergue do coração; com o sacrifício de nossas orações (quer
públicas ou privadas), de nossos louvores e ações de graça; com o sacrifício de nos
bens, humildemente devotados a ele, e empregados totalmente para sua glória; e com
aquele de nossos corpos, que ele peculiarmente reivindica; que o Apóstolo implora a
nós, 'pelas misericórdias de Deus, que apresentemos junto a Ele, como um sacrifício
vivo, santo e aceitável ao Pai'.
3. 'Mas o Apóstolo não nos direciona a seguir em busca do amor?'. E ele não
denomina isto 'um caminho mais excelente?' – Ele nos direciona a 'seguir em busca
do amor'; mas não em busca dele apenas. Suas palavras são: 'seguir em busca do
amor'; e 'procurar com zelo os dons espirituais'. (I Cor. 14:1). Sim. 'Busque o amor',
e deseje usar e ser usado por seus irmãos. 'Seguir em busca do amor'; e quando tiver
oportunidade, fazer o bem a todos os homens.
Mas supondo-se que o Apóstolo tenha falado da religião exterior, assim como
da interior, e as comparado, uma com a outra; supondo-se que, na comparação, ele
tenha dado preferência muito mais à segunda; supondo-se que ele tenha preferido
(como ele justamente poderia) o coração amoroso, diante de todas as obras exteriores,
quaisquer que fossem; ainda assim, isto não significaria que nós deveríamos rejeitar,
tanto uma quanto a outra. Não. Deus as tem reunido, desde o começo do mundo; e que
nenhum homem as coloque em separado.
Aprendam o que isto significa, vocês pobres reclusos, para que vocês possam
discernir claramente sua própria insignificância de fé. Sim. Que vocês possam não
mais julgar os outros, por vocês mesmos, e seguirem e aprenderem o que aquilo
significa: --
6. Mas a grande objeção ainda está atrás: 'Nós apelamos', eles dizem, 'para a
experiência. Nossa luz brilhou; nós usamos de todas as coisas exteriores, durante
muitos anos; e, ainda assim, elas não valeram de nada. Nós atendemos a todas as
ordenanças; mas nós não ficamos coisa alguma melhor; nem, realmente, qualquer
outro. Mais do que isto, nós ficamos piores; já que nós nos supúnhamos cristãos, por
assim estarmos agindo, quando nós não sabíamos o que o Cristianismo significava'.
Eu reconheço o fato: Eu concordo que você, e outros dez mil mais, têm assim
abusado das ordenanças de Deus; tomando os meios pelos fins; supondo que fazendo
essas, ou outras obras exteriores, tanto seria a religião de Jesus Cristo, quanto seria
aceitável no lugar dela. Mas permita que esse abuso seja tirado fora, e use o que
permanecer. Agora, use todas as coisas exteriores, mas a use com um olho constante,
para a renovação de sua alma, na retidão e santidade verdadeira.
7. Mas isto não é tudo: Eles afirmam: 'A experiência mostra igualmente, que
tentar fazer o bem é trabalho perdido. Que proveito existe em alimentar e vestir o
corpo dos homens, se ele serão atirados no fogo eterno? E que bem estará algum
homem fazendo às suas almas? Se essas coisas pudessem mudar, Deus mesmo se
incumbiria disto. Tanto dos homens que são bons, ou desejosos de assim serem,
quanto os que são obstinadamente maus. Agora, os primeiros não precisam de nós;
que eles peçam, então, ajuda a Deus, e ela será dada a eles: E os últimos, não irão
receber o que se pode considerar ajuda de nós. Mais ainda: nosso Senhor proíbe
'atirar pérolas aos porcos!'.
Eu respondo:
2. Embora seja Deus unicamente quem muda os corações; ainda assim, Ele
geralmente o faz, através do homem. Esta é a parte que nos cabe fazer, em tudo o que
ele nos coloca, tão diligentemente, como se nós pudéssemos mudá-los por nós
mesmos; e, então, deixarmos o que for acontecer a Ele.
3o. Deus, em respeito às orações deles, edificou seus filhos, um por um, com
todo bom dom: nutrindo e fortalecendo todo o 'corpo, para que com isso, todas as
juntas sejam supridas'. De maneira que 'o olho não possa dizer para a mão: eu não
preciso de ti'; não; nem mesmo 'a cabeça aos pés: eu não tenho necessidade de você'.
Por fim, como vocês podem afirmar que essas pessoas, diante de vocês, são cães ou
porcos? Não os julguem, até que vocês tenham tentado. 'Quanto tu sabes, ó homem,a
não ser que tu podes ganhar um irmão'; -- a não ser que tu podes, debaixo de Deus,
salvar sua alma da morte? Quando ele rejeitar teu amor, e blasfemar das boas
palavras, então, será hora de entregá-lo aos cuidados de Deus.
É muito provável que este fato também seja verdadeiro; que vocês tenham
tentado fazer o bem, e não tenham tido sucesso; sim, que esses que pareceram
reformados, reincidiram no pecado, e seu estado final tenha sido pior do que o
anterior. E qual a admiração disto? É o servo acima de seu mestre? Quão
freqüentemente, Ele se esforçou para salvar pecadores, e eles não puderam ouvir; ou
quando o seguiram, por algum momento, eles voltaram atrás, como um cão para seu
vômito! Mas ele, no entanto, não desistiu de se esforçar em fazer o bem: Quanto mais,
vocês, qualquer que seja o resultado. É a parte de vocês, fazerem como ele ordenou: O
resultado está nas mãos de Deus. Vocês não são responsáveis por isto. Deixem com
ele que ordena todas as coisas para o bem. 'Pela manhã, semeia a tua semente e, à
tarde, não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela,
ou se ambas igualmente serão boas'. (Eclesiastes 11:6)
Mas a tentativa inquieta e aborrece suas almas. Talvez, isto aconteça, nessa
mesma ocasião, porque vocês pensaram que fossem responsáveis pelo resultado, o
que homem algum é, e nem de fato pode ser, -- ou, talvez, porque vocês não estavam
se protegendo; vocês não estavam vigiando seus próprios espíritos. Mas isto não é
motivo para vocês desobedecerem a Deus. Tentem novamente; mas façam, com maior
prudência do que antes. Faça o bem (como vocês esqueceram) 'não sete vezes apenas,
mas até setenta vezes sete'. Apenas sejam mais sábios, através da experiência?
Empreendam isto, todo o tempo, mais cuidadosamente do que antes. Sejam mais
humildes, diante de Deus; mais profundamente convencidos de que de vocês mesmos,
vocês não podem fazer coisa alguma. Sejam mais zelosos, sobre seu próprio espírito;
mais gentis, e atentos junto às orações. Assim, 'mesmo lançando seu pão nas águas,
vocês irão encontrá-lo novamente, depois de muitos dias'.
IV
1. Não obstante todas esses pretextos plausíveis para ocultá-la, 'permitam que
a luz de vocês brilhe, diante dos homens; que eles possam ver suas boas obras, e
glorificarem o Pai que está nos céus'. Esta é a aplicação prática que o próprio nosso
Senhor faz nas considerações a seguir:
2. 'Permitam, assim, que a luz de vocês brilhe diante de homens, de modo que
eles possam ver as boas obras': -- Tanto quanto um cristão está sempre objetivando
ou desejando ocultar a própria religião! Pelo contrário, que seja desejo de vocês não
escondê-la; não colocar a luz, debaixo do alqueire. Que seja a tarefa de vocês colocá-
la 'sobre um castiçal, para que possa iluminar a todos que estão na casa'. Apenas,
atentem para não buscarem o seu próprio mérito nisto; a não desejarem alguma honra
para vocês mesmos. Mas que seja seu único objetivo, que todos aqueles que vejam
suas boas obras 'possam glorificar seu Pai que está nos céus'.
3. Seja este seu objetivo final, em todas as coisas. Com esta visão, sejam claro,
abertos, sem disfarces. Permitam que o amor de vocês seja sem dissimulação: Por que
vocês esconderiam um amor justo e desinteressado? Que a malícia não seja
encontrada em suas bocas: Permitam que suas palavras sejam a pintura genuína do
coração de vocês. Que não haja escuridão, ou segredos em suas conversas; nenhum
disfarce em seus comportamentos. Deixem isto para aqueles que têm outros objetivos
em vista; objetivos que não suportam a luz. Sejam naturais e simples, para com toda a
humanidade; para que todos vejam a graça de Deus que está em vocês. E, embora
alguns venham endurecer os próprios corações; ainda assim, outros levarão ao
conhecimento, que vocês têm estado com Jesus, e, ao retornarem para si mesmos
"para o grande Bispo da alma deles, 'glorificarem o Pai de vocês que está nos céus'".
4. Com este único objetivo, que os homens possam glorificar a Deus em vocês,
sigam em nome Dele, e no poder de Sua força. Não se envergonhem mesmo que
fiquem sós; que seja nos caminhos de Deus. Permitam que a luz, que está em seus
corações brilhe, em todas as boas obras – obras de devoção e obras de misericórdia. E,
com o objetivo de ampliar a sua habilidade em fazer o bem, renunciem a toda as
superficialidades. Cortem foram toda despesa desnecessária, em comida, móveis,
vestuário. Sejam bons mordomos de todo dom de Deus; mesmo desses seus dons
menores. Eliminem todos os gastos desnecessários de tempo; todos os
empreendimentos supérfluos e inúteis; e 'o que quer que suas mãos encontrem o que
fazer, que vocês façam com toda a força de vocês'. Na palavra, sejam cheios de fé e
amor; façam o bem; sofram o mau. E, nisto, sejam 'firmes, imutáveis'; sim, 'sempre
abundando nas obras de Deus; visto que vocês sabem que o trabalho de vocês não
será em vão no Senhor'.
[Edited por John Edwin Walker, Jr., estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID),
com correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
Sobre o Sermão do Monte – Parte V
John Wesley
'Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas
cumprir. Porque, em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um jota
ou til se omitirá da lei, até que ela seja cumprida. Qualquer, pois, que violar um
desses menores mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no
Reino dos céus: aquele, porém, que os cumprir e os ensinar, será chamado grande no
Reino dos céus' (Mateus 5:17-20).
2. E não é improvável que alguns poderiam esperar que Ele fosse abolir a
velha religião e trazer uma outra, -- uma em que eles tivessem a esperança de ser um
caminho mais fácil para os céus. Mas nosso Senhor refuta isto, nessas palavras, tanto
as vãs esperanças de uns, quanto as calúnias infundadas de outros. Eu devo considerá-
las, na mesma ordem, em que elas se colocam, tomando cada verso do discurso, num
título distinto.
I. ''Não pensem que vim destruir a Lei, ou os Profetas: eu não vim destruir,
mas cumpri-las'.
3. 'Eu não vim destruir a lei, mas cumpri-la'. Alguns têm imaginado que nosso
Senhor quis dizer, -- Eu vim para cumpri-la, através de minha inteira e perfeita
obediência a ela. Mas isto não parece ser o que Ele pretende aqui, sendo estranho à
extensão de seu presente discurso. Sem dúvida, seu significado neste lugar é,
(consistentemente com tudo o que vem antes e segue depois) – Eu vim estabelecê-la,
em sua plenitude, a despeito de todo a aparência enganosa dos homens: Eu vim situá-
la, em seu entendimento completo e claro, por mais difícil de entender e obscura que
seja: eu vim declarar a verdade, e o completo significado de cada parte dela; para
mostrar o comprimento e largura; a inteira extensão de todo mandamento contido
nela; e a altura e profundidade, a sua pureza e espiritualidade inimagináveis, em todas
as suas ramificações.
II
'Um jota':-- Literalmente, nem um iota [letra grega]; nem a mais insignificante
vogal: 'Nem um til', -- um ângulo, ou ponto de uma consoante. Esta é uma expressão
proverbial que significa que nenhum mandamento contido na lei moral; nem a menor
parte de algum dele, por mais insignificante que seja, deverá ser anulado.
'Não deverá, de maneira nenhuma, deixar de cumprir a lei'. A negativa dupla,
aqui usada, fortalece o sentido, de modo a admitir nenhuma contradição: E pode ser
observado, que não se trata apenas do futuro, declarando o que será; mas tem
igualmente a força de um imperativo, ordenando que deverá ser. Esta é uma palavra
de autoridade, expressando a soberana vontade e poder Dele que fala; Dele, cuja
palavra é a lei do céu e terra, e se mantém para sempre e sempre.
'Um jota ou um til deverá, de maneira alguma, passar, até que o céu e terra
passem'; ou como está expresso imediatamente depois, até que tudo (ou melhor, todas
as coisas) sejam cumpridas; até a consumação de todas as coisas. Aqui não existe, por
conseguinte, lugar para aquela pobre evasão (com a qual alguns têm livrado a si
mesmos grandemente) de que 'nenhuma parte da lei deveria para passar, até que toda
a lei fosse cumprida: Mas ela já foi cumprida por Cristo; portanto, agora, deverá
passar, para que o Evangelho possa ser estabelecido'. Não é assim; a palavra todo
não significa toda a lei, mas todas as coisas no universo; nem o termo 'cumprida', faz
qualquer referência à lei, mas a todas as coisas no céu e terra.
2. De tudo isto nós podemos aprender que não existe contradição entre a lei e o
Evangelho; que não existe necessidade da lei ser extinta, para que o Evangelho possa
ser estabelecido. De fato, nem um deles substitui o outro, mas concordam
perfeitamente bem juntos. Sim, as mesmas palavras, consideradas em diferentes
aspectos, são partes, tanto da lei, quanto do Evangelho. Se eles são considerados como
mandamentos, eles são parte da lei; se, como promessas, do Evangelho. Assim, 'Tu
deves amar ao Senhor teu Deus com todo teu coração', quando considerado como um
mandamento, é uma ramificação da lei; quando levado em conta de promessa, é uma
parte essencial do Evangelho; -- o Evangelho, sendo nada mais do que os
mandamentos da lei, dispostos, através do caminho das promessas. Assim sendo,
pobreza de espírito; pureza de coração e qualquer outro que esteja anexa na santa lei
de Deus, não é outra coisa, quando vista sob a luz do Evangelho, do que as tão
grandes e preciosas promessas.
3. Existe, por conseguinte, uma conexão intima que pode ser concebida, entre
a lei e o Evangelho. De um lado, a lei continuamente cria o caminho para o
Evangelho, e nos aponta até ele; do outro, o Evangelho continuamente nos conduz a
um cumprimento mais exato da lei. A lei, por exemplo, requer que amemos a Deus,
que amemos nosso próximo, que sejamos humildes, mansos e santos. Nós sentimos
que não somos suficientes para essas coisas; sim, que 'com o homem isto é
impossível': Mas nós vemos a promessa de Deus, nos dando aquele amor, e nos
tornando humildes, mansos e santos: Nós nos agarramos a esse Evangelho; a essas
boas novas; e isto é feito junto a nós, de acordo com nossa fé; e a 'retidão da lei é
cumprida em nós', através da fé que está em Jesus Cristo.
Nós podemos ainda observar, mais além, que todo mandamento nas Escrituras
Sagradas é apenas uma promessa encoberta. Porque, através daquela declaração
solene: 'Esta é a aliança que eu farei, diz o Senhor; eu irei colocar as leis em suas
mentes, e escrevê-las em seus corações'. Deus se comprometeu a dar o que quer que
ele ordene. Ele nos ordena, então, que 'oremos, sem cessar?'. Que 'nos regozijemos,
mais e mais?'. 'Que sejamos santos, como Ele é santo?'. É o suficiente. Ele irá operar
em nós essas mesmas coisas. Elas serão em nós, de acordo com sua palavra.
4. Mas, se essas coisas são assim, nós não podemos estar perdidos quanto ao
que pensar sobre aqueles que, em todas as épocas da Igreja, têm empreendido mudar
ou substituir alguns mandamentos de Deus, como eles professaram, através da direção
peculiar de seu Espírito. Cristo aqui tem nos dado uma regra infalível, por meio da
qual, julga todas essas pretensões. O Cristianismo, como ele inclui toda a lei moral de
Deus; tanto pelo caminho da injunção, quanto da promessa, se nós entendermos que
ele é designado de Deus para ser a última de todas as suas revelações; não haverá
outra a vir depois disso. Isto deve durar até a consumação de todas as coisas. Como
conseqüência, essas tais novas revelações são de Satanás, e não de Deus; e todas essas
pretensões à outra revelação, por mais perfeitas que sejam, caem por terra,
afinal.'Céus e terra passarão'; mas esta palavra 'não passará'.
III
3. 'E ensinarem aos homens dessa maneira'. De alguma forma, pode ser dito
que, qualquer que abertamente viola algum mandamento, ensina aos outros o mesmo;
porque o exemplo fala, e muitas vezes, mais alto do que a regra. Neste sentido, é
aparente que cada bêbado declarado é um professor de alcoolismo; todo aquele que
viola o sábado, constantemente ensina seu próximo a profanar o dia do Senhor. Mas
isto não é tudo: Um violador habitual da lei, raramente está satisfeito em parar por
aqui; ele geralmente ensina outros homens a fazerem o mesmo, através de palavras,
assim como, de exemplo; especialmente, quando ele se embrutece, e odeia ser
reprovado. Tal pecador, logo se principia, em um advogado para o pecado; ele
defende o que ele está resolvido a não renunciar; ele desculpa o pecado que ele não irá
deixar, e, assim, ensina diretamente todo pecado que ele comete.
'Ele será chamado o menor no reino dos céus'; -- ou seja, não terá parte nele;
Ele é um estranho ao reino dos céus, que está na terra; ele não terá porção naquela
herança; não compartilhará daquela 'retidão, e paz, e alegria no Espírito Santo'. Nem,
em conseqüência, poderá ter alguma parte na glória a ser revelada.
4. Mas, se até mesmo esses que assim violam, e ensinam a outros a violarem
'um dos menores desses mandamentos, serão chamados menores no reino dos céus';
não terão parte no reino de Cristo e de Deus; se estes deverão ser lançados para dentro
da 'escuridão exterior, onde existe lamentação e ranger de dentes', então, como será
para aqueles que nosso Senhor, principalmente e originalmente, pretende nessas
palavras, -- aqueles que, não obstante, levem o caráter de Professores enviados de
Deus, violam seus mandamentos; sim, e abertamente ensinam a outros a assim
procederem; sendo corruptos tanto na vida quanto na doutrina?
7. Mas, acima de todos estes, no mais alto pódio dos inimigos do Evangelho
de Cristo, estão aqueles que abertamente e explicitamente 'julgam a lei', por si
mesma, e 'falam mal dela'; aqueles que ensinam os homens a violarem, (a
dissolverem, a desprenderem-se, a se desobrigarem dela), não apenas de um
mandamento, quer seja ele o menor, ou o maior, mas de todos, de uma tacada só; os
que ensinam, sem qualquer pretexto, em tantas palavras: 'O que nosso Senhor fez com
a lei? Ele a aboliu. Não existe outra obrigação, a não ser crer. Todos os
mandamentos são inadequados para nossos tempos. Nenhum homem é obrigado
agora a seguir um passo; a gastar um centavo; a retirar ou omitir um pedaço, de
qualquer exigência da lei'. Isto, realmente, é levar os assuntos com um pulso forte;
isto é opor-se a nosso Senhor, e dizer a Ele que Ele não soube como entregar a
mensagem para o qual Ele fora enviado. Ó, Senhor, não coloque este pecado na
responsabilidade deles! Perdoa-lhes, Pai; porque eles não sabem o que fazem!
9. É impossível, de fato, ter tão alta estima pela 'fé do eleito de Deus'. E nós
devemos todos declarar: 'Pela graça,você é salvo, através da fé; não da obras, a fim
de que homem algum possa gabar-se'. Devemos clamar alto para todo pecador
penitente: 'Creia no Senhor Jesus Cristo, e você será salvo'. Mas, ao mesmo tempo,
nós devemos cuidar que todos os homens saibam, que nós não estimamos a fé, a não
ser aquela que é operada, através do amor. 'Porque em Jesus Cristo, nem a
circuncisão, nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim a fé que opera pelo
amor'. (Gálatas 5:6); e que nós não somos salvos pela fé, a menos que sejamos
libertos do poder e da culpa do pecado. E, quando nós dizemos: 'Creia, e você será
salvo'; nós não queremos dizer: 'Creia, e você dará um passo do pecado para o céu,
sem alguma santidade entre eles; a fé substituindo a santidade'; mas: 'Creia, e você
será santo; acredite em nosso Senhor Jesus, e terá paz e poder juntos. Você terá a paz
Dele, em que você crê, para colocar o pecado debaixo de seus pés; terá poder, para
amar o Senhor teu Deus, com todo o seu coração; e para servi-lo com todas as suas
forças:terá poder 'pela perseverança continua em fazer o bem, em buscar pela glória,
e honra e imortalidade; você deverá tanto cumprir, como ensinar os mandamentos de
Deus - do menor até o maior: Você deverá ensiná-los, através de sua vida, assim
como de suas palavras, e assim sendo, 'ser chamado grande no reino dos céus'.
1. Qualquer que seja o outro caminho que ensinemos para o reino dos céus,
para a glória, honra e imortalidade; seja ele chamado de caminho da fé, ou por algum
outro nome, ele será, na verdade, o caminho para a destruição. Ele não irá trazer paz
ao homem, por fim. Para isto, disse o Senhor: '[Verdadeiramente] digo a vocês, que
com exceção à sua retidão que deve exceder a retidão dos Escribas e fariseus, você,
de maneira alguma, entrará no reino dos céus'.
Muitos dos Escribas eram da seita dos fariseus. Assim o próprio Paulo, que foi
educado por um Escriba, primeiro na Universidade de Tarsus; e, mais tarde, naquela
em Jerusalém, sob a responsabilidade de Gamaliel, (um dos mais ilustrados Escribas
ou Doutores da lei que existiam, então, na nação) declara de si mesmo, perante o
Concílio: 'Varões, irmãos, eu sou um fariseu, filho de fariseu!' (Atos 23:6). E, diante
do Rei Agrippa: 'Sabendo de mim, desde o princípio (se o quiserem testificar), que,
conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu'. (Atos 26:5). E todo o
corpo de Escribas, geralmente, estimava e atuava, em concordância com os fariseus.
Por isto, nós encontramos nosso Senhor, tão freqüentemente, unindo os dois, em
muitos aspectos, debaixo da mesma consideração. Assim sendo, eles parecem ter sido
mencionados juntos, como os mais eminentes professores de religião; os primeiros
deles, considerados os mais sábios, -- os últimos, os mais santos dos homens.
IV
3. O que 'a retidão dos Escribas e fariseus' realmente eram, não é difícil
determinar. Nosso Senhor tem preservado um relato autêntico, do que um deles deu
de si mesmo: E ele é claro e completo na descrição de sua própria retidão; e não se
pode supor que tenha omitido alguma parte dele. Ele fora, realmente, 'até o templo
para orar'; mas estava tão concentrado em suas próprias virtudes, que ele se esqueceu
do porquê tinha vindo. Porque é digno de nota, que ele não orou propriamente, afinal.
Ele apenas disse a Deus quão sábio e bom ele era. 'Deus, eu agradeço a ti, que eu não
seja como os outros homens, extorquidores, injustos, adúlteros; ou mesmo como esse
publicano. Eu jejuo duas vezes, na semana: Eu dou o dízimo de tudo que possuo'. Sua
retidão, por conseguinte, consistiu de três partes:
1o. Disse ele,'eu não sou como os outros homens'; Eu não sou um extorquidor,
um homem injusto, um adúltero; nem 'mesmo como esse publicano'.
'Eu não sou como outros homens são'. Este não é um ponto pequeno. Não é
todo homem que pode dizer isto. Isto é como se ele tivesse dito: 'Eu não me deixarei
levar embora por esta grande correnteza, o hábito. Eu não vivo, através do que é de
costume, mas, através da razão; não pelos exemplos de homens, a não ser a Palavra
de Deus. Eu não sou um extorquidor, um injusto, um adúltero; não obstante, o quão
comuns esses pecados sejam, mesmo entre esses que são chamados o povo de Deus;
(extorsão, em particular, -- uma espécie de injustiça legal, não punível, através de
alguma lei humana; o obter ganho da ignorância ou carência de outro, tendo
preenchido cada canto da terra): nem mesmo como esse publicano; nem culpado de
algum pecado declarado ou presumido; nem um pecador exterior; mas um homem
justo e honesto, de vida e conversa irrepreensíveis".
4. 'Eu jejuo duas vezes na semana'. Existe mais coisa incluída nisto, do que
nós podemos, a princípio estar sensíveis a respeito. Todos os estritos fariseus
observavam os jejuns semanais; ou seja, toda segunda e quinta-feira. No primeiro dia,
eles jejuavam, em memória de Moisés ter recebido, naquela data, (como a tradição
deles ensina), as duas tábuas de pedra escritas pelo dedo de Deus; no último, em
memória da expulsão deles de suas terras, quando ele viu o povo dançando em volta
do bezerro de ouro. Nesses dias, eles não se alimentavam, afinal, até três horas da
tarde; a hora que começavam a oferecer o sacrifício vespertino no templo. Até esta
hora, era costume deles permanecerem no templo, em alguns cantos, salas, ou pátio
dele; para que eles pudessem estar prontos para assistir todos os sacrifícios, e
reunirem-se em todas as orações públicas. O tempo de espera eles estavam
acostumados a empregar, parcialmente em recomendações pessoais a Deus;
parcialmente no estudo das Escrituras, em ler a Lei e os Profetas, e em meditação
depois disso. Assim, muito está subtendido em 'Eu jejuo duas vezes na semana'; a
segunda ramificação da retidão de um fariseu.
5. 'Eu dou o dízimo de tudo que possuo'. Isto os fariseus faziam com a mais
extrema exatidão. Eles não faziam exceção da coisa mais insignificante; não, nem
hortelã, anis verde, e cominho. Eles não trariam de volta a menor parte do que eles
acreditavam pertencer propriamente a Deus; mas davam um décimo inteiro de todo
recurso anualmente, e de todo o ganho, qualquer que ele fosse.
6. Esta era 'a retidão dos Escribas e fariseus'; uma retidão que, em muitos
aspectos, vai muito além da concepção que muitos estão acostumados a tomar em
consideração, no que concerne a ela. Mas, talvez, seja dito: 'Era tudo falso e
dissimulado; porque eles eram todos uma companhia de hipócritas'. Alguns deles,
sem dúvida, eram; homens que não tinham religião alguma realmente; nenhum temor
a Deus, ou desejo de agradá-lo; que não tinham preocupação pela honra que vem de
Deus, mas apenas pelo reconhecimento de homens. E esses são aqueles que nosso
Senhor condena severamente; reprova tão categoricamente, em muitas ocasiões.
Nós não podemos supor, porque muitos fariseus eram hipócritas, que, por
conseguinte, todos eram assim. Nem de fato é a hipocrisia, por meio de algum
significado, os princípios básicos do caráter de um fariseu. Esta não é a marca
característica da seita deles. Ela é, preferivelmente, de acordo com o relato de nosso
Senhor, isto: 'Eles confiavam em si mesmos, que eles eram retos, e menosprezavam
outros'. Este é o distintivo genuíno deles. Mas o fariseu desse tipo não era um
hipócrita. Ele devia ser, em um senso comum, sincero; do contrário, ele não poderia
'confiar em si mesmo que ele fosse justo'. O homem que estava aqui recomendando a
si mesmo a Deus, inquestionavelmente acreditava que era reto. Conseqüentemente,
ele não era hipócrita; ele mesmo não era consciente de alguma insinceridade. Ele
agora falava para Deus, exatamente o que ele pensava; ou seja, que ele era
abundantemente melhor do que outros homens.
Mas o exemplo de Paulo, não existisse algum outro, é suficiente para colocar
isto fora de toda questão. Ele não poderia apenas dizer, quando cristão, 'E, por isto,
procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, em direção a Deus e em direção a
homens' (Atos 24:16); mas mesmo concernente ao tempo em que era um fariseu,
'Varões e irmãos, eu tenho vivido em boa consciência, diante de Deus, até esse dia'.
(Atos 23:1). Ele era, portanto, sincero, enquanto fariseu, tanto quanto, quando foi um
cristão. Ele não era mais hipócrita, quando ele perseguia a Igreja, do que quando ele
pregou a fé que uma vez ele perseguiu. Que a isto, então, seja acrescentado: 'a retidão
dos Escribas e fariseus', -- uma crença sincera de que eles eram justos, e, em todas as
coisas, fazendo o serviço de Deus'.
7. E ainda, 'com exceção de sua retidão', diz nosso Senhor, exceder a retidão
dos Escribas e fariseus; ainda assim, de maneira alguma, entrará no reino dos céus'.
Uma declaração solene e importante, e que coube a todos os que eram chamados pelo
nome de Cristo, considerarem séria e profundamente. Mas, antes que perguntemos
como nossa retidão pode exceder a deles, vamos examinar se, no momento, nós nos
aproximamos dela.
Primeiro, um fariseu não era 'como outros homens eram'. No exterior ele era
singularmente bom. Nós somos assim? Nós nos atrevemos a sermos singulares,
afinal? Nós não preferimos nadar com a correnteza? Nós não prescindimos da religião
e da razão juntas, muitas vezes, porque não pareceríamos singulares? Nós não
estamos mais temerosos de estarmos fora da moda, do que de estarmos fora do
caminho da salvação? Nós temos coragem de enfrentar a maré? – de andar na
contramão do mundo? – 'de obedecer a Deus, preferivelmente, a homem'. Do
contrário, o fariseu nos deixa para trás, no mesmo primeiro passo. Seria bom, se nós o
alcançássemos mais.
Mas, para chegar perto, nós podemos usar sua primeira justificativa com Deus,
que é, em substância: 'Eu não causo dano: Eu não vivo em pecado exterior. Eu não
faço coisa alguma, pela qual meu coração me condena'. Você não faz? Você está
certo disto? Você não vive, em uma prática, pela qual seu coração o condena? Se você
não é um adúltero, se você não é lascivo, tanto na palavra ou ação, você não é injusto?
A grande medida da justiça, assim como da misericórdia é: 'Não faça aos outros, o
que você não quer que seja feito a você'. Você caminha por esta regra? Você nunca
fez a alguém o que você não gostaria que ele fizesse a você? Mais ainda: você não é
grosseiramente injusto? Você não é um extorquidor? Você não obtém ganho com a
ignorância e carência de alguém; nem comprando, nem vendendo? Suponha que você
esteja envolvido em um comércio: Você demanda; você recebe não mais do que o
valor real do que você vende? Você demanda; você recebe, não mais do ignorante do
que do instruído, -- de uma criança pequena, do que de um experiente comerciante?
Se você faz, porque seu coração não o condena? Você é um extorquidor descarado!
Você não exige de alguém que esteja em necessidade premente, mais do que o preço
usual das mercadorias, -- a quem você deve, e isto sem demora, as coisas com as quais
você apenas pode prover a ele? Se você procede assim, isto também é uma extorsão
clara. De fato, você não alcança a retidão de um fariseu.
Quantos são eles que chamam a si mesmos cristãos, e, ainda assim, são
extremamente descuidados disto, -- ainda assim, não comem daquele pão; ou bebem
daquela taça, por meses; talvez, anos, juntos? Você ouve, lê e medita sobre as
Escrituras, todos os dias? Você se reúne em oração com a grande congregação,
diariamente, se você tem oportunidade; se não, quando você pode; particularmente,
naquele dia que você 'lembra de mantê-lo santo?'. Você se esforça para 'criar
oportunidades?'. Você fica feliz, quando eles dizem a você: 'Vamos à casa do
Senhor?'. Você é zeloso e diligente nas orações privadas? Você não suporta um dia
passar sem elas? Antes, alguns de vocês não estão tão longe de passarem nisto, (como
os fariseus) diversas horas, no dia, de maneira a pensarem que uma hora já é
completamente suficiente, se não, muito? Você passa uma hora de um dia, ou de uma
semana, em oração para o Pai que está em secreto? Sim, uma hora em um mês? Você
passa uma hora, reunido em oração privada, desde que você nasceu? Ah! Pobres
cristãos! O fariseu não deveria se levantar em julgamento contra vocês e condena-los?
A retidão dele está tão acima da sua, quanto os céus estão acima da terra!
10. E, mesmo que apenas se iguale à deles, de que proveito seria? 'Porque,
verdadeiramente, eu digo, que, exceto, se a retidão de vocês excederem à retidão dos
Escribas e fariseus, vocês, de modo algum, entrarão no reino dos céus'. Mas como
ela poderá exceder a deles? Em que a retidão de um cristão excederia aquela de um
Escriba e fariseu? A retidão cristã excede a deles:
11. Realmente, pode ser que alguns dos Escribas e fariseus se esforçaram para
manterem todos os mandamentos; e, conseqüentemente foram, no tocante à retidão da
lei, ou seja, de acordo com a letra dela, irrepreensíveis. Mas, ainda assim, a retidão de
um cristão excede todas essas retidões de um Escriba e fariseu, no cumprimento do
espírito, tanto quanto da letra da lei; através da obediência interior e exterior. Nisto, na
espiritualidade dela, não se admite comparação. Este é o ponto que nosso Senhor tem
tão largamente provado, em todo o teor deste discurso. A retidão deles era apenas
externa: a retidão cristã está no intimo do homem. O fariseu 'limpava o exterior da
taça e da travessa'; o cristão é limpo por dentro. O fariseu esforçava-se para
apresentar a Deus uma vida boa; o cristão, um coração santo. Um livrava-se das
folhas, talvez dos frutos do pecado; o outro, 'deitava o machado na raiz', não estando
contente com a forma da santidade exterior, por mais exata que ela pudesse ser, a
menos que a vida, o Espírito e o poder de Deus junto à salvação, fossem sentidos, no
mais íntimo da alma.
Assim sendo, não causar mal, fazer o bem, e atender a todas as ordenanças de
Deus (a retidão de um fariseu) eram todas externas; considerando que, ao contrário, a
pobreza de espírito, o murmurar, a humildade, a fome e sede em busca da retidão, o
amor nosso próximo, e a pureza do coração - (a retidão de um cristão) - são todas
internas. E mesmo a pacificação (ou fazer o bem), e sofrer por causa da retidão, dão
direito às bênçãos anexadas a eles, apenas porque implicam nessas disposições
interiores que brotam deles, são exercitadas e confirmadas neles. Assim, considerando
que a retidão dos Escribas e fariseus era tão somente externa, pode-se dizer, em algum
sentido, que a retidão de um cristão é apenas interna: todas as suas ações e
sofrimentos, como não sendo nada em si mesmos, e sendo considerados, diante de
Deus, apenas, através dos temperamentos do qual elas brotam.
12. Quem quer que, por conseguinte, você seja, que carregue o nome santo e
honrado de um cristão, veja, primeiro, que a sua retidão não se resuma na retidão de
um Escriba e fariseu. Não seja você, 'como os outros homens'. Ouse permanecer
sozinho, em ser 'um exemplo contra o singularmente bom'. Se você 'seguir a
multidão', afinal, será como 'praticar o mal'. Não permita que o costume e a moda
sejam seus guias, mas a razão e a religião. A prática de outros é nada para você: 'Cada
homem dará um relato de si mesmo a Deus'. De fato, se você não pode salvar a alma
de outro, tente, pelo menos, salvar a sua, -- a própria alma. Caminhe, não nos passos
do morto, porque é largo, e muitos caminham nele. Mais ainda, por essa mesma
marca, você pode identificá-lo. É este o caminho, no qual você caminha – um
caminho largo, bem freqüentado, moderno? Então, ele infalivelmente o conduzirá
para a destruição. Oh! Não seja 'condenado, apenas por companhia!'. Cesse o mal;
fuja do pecado, como da face de uma serpente! Por fim, não cause dano. 'ele que
comete o pecado é do diabo'. Que você não seja encontrado neste número! No tocante
aos pecados exteriores, certamente a graça de Deus é, mesmo agora, suficiente para
você. 'Nisto', pelo menos, 'exercite-se para ter uma consciência que evita a ofensa,
em direção a Deus, e em direção ao homem'.
Segundo. Não permita que sua retidão esteja abaixo da deles, com respeito às
ordenanças de Deus. Se a sua força de trabalho ou corpórea não lhe permite jejuar
duas vezes na semana, de qualquer modo, proceda fielmente com sua alma, e jejue tão
freqüentemente quanto suas forças permitam. Não omita a oportunidade pública ou
privada de derramar a sua alma em oração. Não negligencie a ocasião de comer do
pão e beber daquela taça que é a comunhão do corpo e sangue de Cristo. Seja
diligente em buscar as Escrituras: leia-nas, o quanto pode, e medite nelas dia e noite.
Regozije-se em abraçar cada oportunidade de ouvir 'a palavra da reconciliação'
declarada pelos 'embaixadores de Cristo', os 'administradores dos mistérios de Deus'.
Em usar todos os meios da graça; em um atendimento constante e cuidadoso a cada
ordenança de Deus, esteja à altura (até que você possa ir além) 'da retidão dos
Escribas e fariseus'.
Em Terceiro lugar: Não esteja abaixo de um fariseu, no fazer o bem. Dê
donativos de tudo o que possui. Alguém está faminto? Alimente. Está com sede? Dê-
lhe de beber. Nu? Cubra-o com uma vestimenta. Se você tem esses bens materiais,
não limite sua beneficência a uma proporção insuficiente. Seja misericordioso, ao
extremo do seu poder. Por que não, tanto quanto esse fariseu? Agora, 'faça amizade
com eles', enquanto o tempo é do 'espírito de cobiça da retidão', para que, quando
caíres¸ quando esse tabernáculo terrestre for dissolvido, 'eles possam receber a ti nas
habitações eternas'.
13. Mas não fique por aqui. Deixe que sua 'retidão exceda a retidão dos
Escribas e fariseus'. Não fique satisfeito 'em manter toda a lei, e ofender em algum
ponto'. Cumpra rapidamente todos os mandamentos Dele, e, todos 'os falsos
caminhos, abomine totalmente'. Faça todas as coisas que Ele tem ordenado, e isto,
com toda a sua força. Você pode fazer todas as coisas, através de Cristo que o
fortalece; embora, sem ele, você nada possa.
*.*
[Editado por Dekek e Beryl Johnson (semi-aposentado pastor Metodista e esposa, em Meadpark, UK,)
com correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology of Northwest Nazarene
College (Nampa, ID.)]
Sobre o Sermão do Monte – Parte VI
John Wesley
Guarda-te de fazer a tua oferta, diante de homens, para que sejas visto por eles: Do
contrário, não terás recompensa junto a teu Pai que está nos céus. Por conseguinte,
quando deres tua oferta, não faças alarde diante de ti, como fazem os hipócritas nas
sinagogas, e nas ruas, a fim de que possam ter a glória de homens. Verdadeiramente
eu vos digo, que eles já tiveram a recompensa deles. Quando, portanto, tu deres a tua
oferta, não permite que tua mão esquerda saiba o que tua mão direita faz: tua oferta
deve ser feita em secreto: E teu Pai, que vê em secreto, Ele mesmo irá recompensar a
ti abertamente.
E, quando tu orares, não usa de repetições vãs, como os ateus o fazem: Já que eles
pensam que serão ouvidos, por muito falarem. Não sejas, por conseguinte, como eles:
Porque teu Pai sabe daquilo que tu precisas, antes de peças a Ele.
'Pai nosso, que estás no céu. Santificado seja teu nome. Venha o teu reino. Seja feita a
tua vontade, na terra, como ela é feita nos céus. Dá-nos, este dia, o nosso pão. E
perdoa os nossos débitos, como perdoamos os nossos devedores. E não nos permita a
tentação, mas livra-nos do mal. Porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para
sempre. Amém'.
Porque se perdoares as transgressões dos homens, o teu Pai celeste irá perdoar a ti:
Mas se tu não perdoares as transgressões de homens; nem o teu Pai irá perdoar as
tuas (Mateus 6:1-15).
I. Cuide para que sua oferta não vise a sua própria glória.
2. 'Cuidem que vocês não façam donativos diante de homens, para que não
sejam vistos por eles'. – A coisa que está aqui proibida, não é meramente o fazer o
bem às vistas dos homens; essa circunstância apenas, a que outros vejam o que nós
fazemos, não torna a ação nem pior, nem melhor; mas o fazer isto diante de homens,
'para que sejam vistos por eles', visando essa intenção apenas. Eu digo, essa intenção
apenas; já que isto pode, em alguns casos, ser uma parte de nossa intenção; nós
podemos objetivar que algumas de nossas ações possam ser vistas, e ainda assim, elas
possam ser aceitáveis para Deus. Nós podemos pretender que nossa luz brilhe, diante
de homens, quando nossa consciência é testemunha com o Espírito Santo, que nossa
finalidade maior, em desejar que eles possam ver nossas boas obras, é 'que eles
possam glorificar nosso Pai que está no céu'. Mas cuidem que vocês não façam a
menor coisa, visando a própria glória de vocês. Guardem que o cuidado para com a
oração de homens não tenha lugar, afinal, em suas obras de misericórdia. Se vocês
buscam a sua própria glória; se vocês têm como objetivo ganhar a honra que vem dos
homens, o que quer que seja feito com essa visão de nada valerá; se não for feito junto
ao Senhor; Ele não aceitará. 'Vocês não terão galardão', por isto, 'do seu Pai que está
no céu'.
3. 'Portanto, quando vocês derem o seu donativo, não façam alarde, como os
hipócritas o fazem, nas sinagogas e nas ruas, para que possam ter louvor de homens'.
-- A palavra sinagoga não significa aqui um lugar de adoração, mas algum lugar
público muito freqüentado, tal como um mercado, ou casa de câmbio. Era uma coisa
comum, em meio aos judeus, que eram homens de grandes fortunas, particularmente
entre os fariseus, fazerem alarde diante deles, na maioria das partes públicas da
cidade, quando eles estavam prestes a dar alguma doação considerável. A razão
pretendida para isto era reunir os pobres para recebê-la; mas o real objetivo era que
eles tivessem louvor de homens. Mas que vocês não sejam como eles. Não deixem
que uma trombeta seja ouvida diante de vocês. Não usem de ostentação ao fazerem o
bem. A honra do donativo vem de Deus apenas. Aqueles que buscam o louvor de
homens já têm sua recompensa: Eles não terão o louvor de Deus.
4. 'Mas, quando vocês doarem, que a mão esquerda não saiba o que a direita
faz' – Está é uma expressão proverbial, e o significado dela é – Façam-no em secreto,
da maneira que for possível; tão secreto quanto seja consistente com o fazê-la afinal,
(já que ela não poderá deixar de ser feita; não omitam oportunidade alguma de
fazerem o bem; se secretamente ou abertamente), e ao fazerem isto, da maneira mais
efetiva. Porque aqui também existe uma exceção a ser feita: quando vocês estão
completamente persuadidos, em suas mentes que, por não ocultarem o bem que é
feito, isto tanto irá capacitá-los, quanto instigará outros a fazerem mais o bem, então,
vocês não podem esconder o que estão fazendo. Deixem que a luz de vocês apareça, e
'brilhe para todos que estão na casa'. Mas, a menos onde a glória de Deus, e o bem da
humanidade os obriguem ao contrário, ajam da maneira tão privada e desapercebida,
quanto a natureza das coisas admitir; -- 'para que os donativos possam ser em secreto;
e o Pai que vê em secreto irá recompensar a vocês abertamente'; talvez, no mundo
presente, -- muitos exemplos disto mantém-se registrado em todas as épocas; mas
infalivelmente, no mundo que há de vir, diante da assembléia geral de homens e anjos.
II
2. Mas não se trata apenas de ter um olho para o louvor de homens, que
elimina qualquer recompensa no céu: que não nos deixa espaço para esperar a bênção
de Deus sobre as nossas obras, se de devoção ou misericórdia. Pureza de intenção e
igualmente destruída, visando-se alguma recompensa temporal qualquer que seja. Se
nós repetimos nossas orações; se nós atendemos à oração pública de Deus; se nós
aliviamos o pobre, com vista a algum ganho ou interesse, não será, nem um pouco,
mais aceitável para Deus, do que se estivéssemos fazendo com o objetivo do louvor
próprio. Qualquer visão temporal; qualquer motivo desse lado da eternidade; qualquer
objetivo, a não ser aquele de promover a glória de Deus, e a felicidade de homens, por
amor a Deus, tornam toda a ação, não obstante, quão justa ela possa parecer aos
homens, uma abominação junto ao Senhor.
5. 'Não sejam, portanto, como eles'. –Vocês que testaram da graça de Deus,
em Jesus Cristo, estão totalmente convencidos de que 'seu Pai sabe quais as coisas de
que precisam, antes que peçam'. De maneira que a finalidade de suas orações não é
informar a Deus, como se ele já não soubesse de suas necessidades; mas, antes,
informar a vocês; fixar o sentido daquelas necessidades mais profundamente, em seus
corações; e o sentido de sua contínua dependência Dele, único capaz de suprir tudo
que precisam. Não é mais importante sensibilizar a Deus, que está sempre mais pronto
a dar do que a pedir, quanto sensibilizar vocês mesmos de que vocês podem estar
desejosos e prontos para receber as boas coisas que Ele tem preparado para vocês.
III
3o. Que ela contém todas as nossas obrigações, para com Deus e homem; quer
as coisas sejam puras ou santas; o que quer que Deus requeira dos filhos dos homens;
o que quer que seja aceitável aos seus olhos; o que quer que ela seja, por meio da qual
nós podemos favorecer nosso próximo, estando expresso e subtendido nela.
4. 'Nosso Pai': Se ele é o Pai, então, Ele é bom; então, Ele é amoroso para com
seus filhos. E aqui está a primeira e grande razão para a oração. Deus está desejoso de
abençoar; vamos pedir por uma benção.
'Nosso Pai', -- nosso Criador; o Autor de nossa existência; Ele que nos ergueu
do pó da terra; que soprou em nós o fôlego da vida, e nos tornamos almas viventes.
Mas, se ele nos fez, permita-nos pedir, e ele não irá reter coisa alguma boa das obras
de suas próprias mãos.
'Nosso Pai'; -- nosso Preservador; aquele que, dia a dia, mantém a vida que ele
deu; de cujo amor contínuo, nós agora e todo o momento, recebemos vida e fôlego, e
todas as coisas.
6. 'Que estás nos céus'. – Nas alturas e suspenso; Deus sobre todos,
abençoado para sempre: Quem, sentando no círculo dos céus, observa todas as coisas,
ambas dos céus e terra; cujos olhos penetra toda a esfera do ser criado; sim, e da noite
não criada; junto a quem 'são conhecidas todas as suas obras', e todas as obras de
cada criatura; não apenas 'do começo do mundo', (uma tradução pobre, vulgar e fraca),
mas desde toda a eternidade; do eterno para o eterno; que constrange a multidão dos
céus, tanto quanto os filhos dos homens, a clamarem com admiração e espanto: Ó,
profundeza!'. 'A profundeza dos ricos, ambos da sabedoria e conhecimento de Deus'.
7. 'Santificado seja teu nome'. – Esta é a primeira das seis petições, de onde a
própria oração é formada. O nome de Deus é o próprio Deus; a natureza de Deus,
tanto quanto possa ser revelado ao homem. Quer dizer, portanto, junto com sua
existência, todos seus atributos e perfeições; Sua Eternidade, particularmente
significada por seu grande e incomunicável nome, Jeová, como o Apóstolo João o
interpreta: 'O Alfa, o Omega; o Começo e o Fim; Ele que é, e que foi, e que será'; --
Sua Plenitude de Ser, denotada pelo seu outro grande nome: Eu Sou o que Sou! –
Orando para Deus, ou para seu nome, para que possa 'ser santificado', ou
glorificado, nós oramos para que ele possa ser conhecido, tal como ele é, através de
todos que sejam capazes disto; através de todos os seres inteligentes, e com afeições
adequadas àquele conhecimento; para que ele possa ser devidamente honrado, e
temido, e amado, por todos no céu, e na terra; através de todos os anjos e homens, aos
quais para esta finalidade ele tem tornado capazes de conhecer e amá-lo para a
eternidade.
8. 'Venha o teu reino'. – Isto tem uma conexão intima com aquela petição
precedente. Com o objetivo de que o nome de Deus possa ser santificado, nós oramos
para que seu reino, o reino de Cristo, possa vir. Esse reino, então, vem para uma
pessoa em particular, quando ele 'se arrepende e crê no Evangelho'; quando ele é
ensinado de Deus, não apenas para conhecer a si mesmo, mas para conhecer Jesus
Cristo, e nele crucificado. Que 'esta é a vida eterna; conhecer o único Deus
verdadeiro, e Jesus Cristo a quem Ele enviou'; assim, é o reino de Deus, trazido para
baixo, estabelecendo-se no coração do crente; o Senhor Deus Onipotente', então,
'reina'; quando ele é conhecido, através de Jesus Cristo. Ele toma, junto a si, seu
poder imenso, para que possa subjugar todas as coisas em si mesmo. Ele segue na
alma, conquistando, e para conquistar, até que tenha colocado todas as coisas debaixo
de seus pés; até que 'todo pensamento seja trazido cativo para a obediência de
Cristo'.
Quando, portanto, Deus 'dará a seu Filho os pagãos, para sua herança, e as
partes mais extremas da terra para sua possessão'; quando 'todos os reinos se
curvarão diante dele, e todos as nações o obedecerão; quando 'a montanha da casa
do Senhor', a Igreja de Cristo, 'for estabelecida no topo das montanhas'; quando 'a
plenitude dos gentios vierem, e toda a Israel for salva'; então, será visto que 'o Senhor
é Rei, e colocou sua vestimenta gloriosa', aparecendo a toda a alma humana, como
Rei dos reis, e Senhor dos senhores. E certificando-se que todos os que amam sua
vinda; oram para que ele possa apressar o tempo; para que este seu reino, o reino da
graça, venha rapidamente, e absorva todos os reinos da terra; para que toda a
humanidade, recebendo-o como seu Rei, verdadeiramente crendo em seu nome, possa
ser preenchida, com retidão, paz, alegria; com a santidade e felicidade -- Até que seja
removida para seu reino celeste; e lá, reine com ele, para sempre e sempre.
Para isto, também, nós oramos nessas palavras: 'Venha o teu reino': Nós
oramos para que a vinda de seu reino eterno; o reino da glória no céu; que é a
continuação e a perfeição do reino da graça na terra. Conseqüentemente esta, tanto
quanto a petição precedente, é oferecida ao alto, por toda a criação inteligente; por
aqueles que estão interessados neste grande evento: a renovação final de todas as
coisas; Deus colocando um fim na miséria e pecado, na enfermidade e morte;
tomando todas as coisas em suas próprias mãos, e estabelecendo o reino que
permanece através de todos os tempos.
Como a vontade de Deus é feita, através dos anjos no céu, -- por aqueles que
agora circundam Seu trono, regozijando-se? Eles o fazem, de boa vontade; eles amam
Seus mandamentos, e agradavelmente escutam com atenção Suas palavras. É o comer
e beber deles fazer a vontade de Deus; é a mais alta glória e alegria. Eles a praticam
continuamente; não existe interrupção em seus serviços de boa vontade. Eles não
descansam de dia, nem de noite; mas empregam cada hora (humanamente falando;
uma vez que, nossas medidas de duração – dias, noites e horas - não têm lugar na
eternidade), em cumprir Seus mandamentos; em executar seus desígnios; em
desempenhar o conselho de Sua vontade. E eles a fazem, perfeitamente. Nenhum
pecado, nenhum defeito pertence a essas mentes angelicais. É verdade, 'as estrelas
não são puras aos Seus olhos', mesmo as estrelas da manhã que cantam diante Dele.
'Aos seus olhos', ou seja, em comparação a Ele, os próprios anjos não são
puros. Mas isto não implica que eles não sejam puros, em si mesmos. Sem dúvida,
eles são; eles são sem mácula e culpa. Eles são completamente devotados à sua
vontade, e perfeitamente obedientes a todas as coisas. Se nós virmos isto, sob uma
outra luz, podemos observar que os anjos de Deus no céu fazem todas as vontades
Dele. Nada mais, a não ser o que eles absolutamente asseguram seja Sua vontade. E
novamente: Eles fazem a vontade de Deus, como Ele a deseja; da maneira que agrada
a Ele, e não a outro. Sim. E eles fazem isto, apenas porque é a vontade Dele; para esta
finalidade, e nenhuma.
10. Quando, portanto, oramos, para que a vontade de Deus possa 'ser feita na
terra, como ela é feita no céu', o significado é que todos os habitantes da terra, mesmo
toda a raça humana, possa fazer a vontade de seu Pai que está no céu, de tão boa
vontade quanto os anjos santos; que possam fazê-la continuamente; assim como eles,
sem qualquer interrupção de seu serviço de prontidão; sim, e fazê-la perfeitamente, --
que o Deus da paz, através do sangue de sua aliança eterna, possa torná-los perfeitos,
em cada boa obra; para realizar Sua vontade, e operar neles tudo 'o que for prazeroso
aos seus olhos'.
Em outras palavras, nós oramos para que nós e toda a humanidade possamos
fazer a completa vontade de Deus, em todas as coisas; e nada mais; nem a menor
coisa, a não ser o que é a santa e aceitável vontade de Deus. Nós oramos para que
possamos fazer a vontade de Deus, como ele deseja; da maneira que agrada a Ele: E,
por fim, que nós possamos fazê-la, porque é a Sua vontade; para que esta possa ser a
única razão e alicerce; o motivo total e único do que quer que pensemos, falemos ou
façamos.
11. 'Dê-nos hoje o pão nosso de cada dia' – Nas três primeiras petições nós
temos orado por toda a humanidade. Viemos agora, mais particularmente, desejar um
suprimento para nossas próprias necessidades. Não que estejamos direcionados,
mesmo aqui, a confinar nossas orações completamente a nós mesmos; esta, e cada
uma das petições seguintes, podem ser usadas para toda a Igreja de Cristo na terra.
Por 'pão', nós podemos entender todas as coisas necessárias; se para nossas
almas ou corpos; -- as coisas concernentes à vida e santidade: Nós entendemos não
meramente o pão exterior, que nosso Senhor denomina 'o alimento que perece'; mas
muito mais o pão espiritual, a graça de Deus, o alimento 'que dura a vida eterna'. Foi
o julgamento de muitos de nossos antepassados, que nós devemos entender aqui o pão
sacramental também; recebido diariamente, no início, por toda a Igreja de Cristo, e
altamente estimado, até que o amor de muitos se tornou frio, assim como o grande
canal, por meio do qual a graça de seu Espírito era transportada para as almas de todos
os filhos de Deus.
'Nosso pão diário'. -- A palavra, diário, tem sido diferentemente explicada por
diferentes estudiosos. Mas o sentido mais simples e natural dela parece ser este, que é
mantido, na maioria das traduções, tanto antigas, quanto modernas; -- o que seja
suficiente para este dia; e assim, para cada dia, quando ele sucede.
12. 'Dá-nos': -- Porque reivindicamos nada por direito, mas apenas pela
misericórdia gratuita. Nós não merecemos o ar que respiramos, a terra que nos
carrega, ou o sol que brilha sobre nós. Todo nosso deserto, o nosso próprio, é o
inferno: Mas Deus nos amou livremente; portanto, nós pedimos a ele para dar, o que
não podemos obter por nós mesmos, não mais do podemos merecer de suas mãos.
'Este dia': -- Porque não devemos nos preocupar com o amanhã. Para esta
mesma finalidade nosso sábio Criador dividiu a vida nessas pequenas porções de
tempo, tão claramente separadas umas das outras, que nós podemos observar cada dia,
como um dom renovado de Deus, uma outra vida, que nós podemos devotar para Sua
glória; e que cada anoitecer possa ser como o encerrar da vida, além do que, nós
podemos ver mais nada, a não ser a eternidade.
13. 'E perdoa as nossas transgressões, assim como perdoamos os que nos
tem ofendido'. – Como nada, a não ser o pecado pode impedir a generosidade de Deus
de fluir adiante sobre cada criatura, então esta petição naturalmente segue a anterior;
para que todos os obstáculos sejam removidos, para que possamos mais claramente
confinar no Deus de amor, para cada coisa que seja boa.
'Nossas transgressões': -- A palavra significa propriamente nossos débitos.
Assim, nossos pecados estão freqüentemente representados nas Escrituras; cada
pecado, deitando-se sobre nós, debaixo de um novo débito a Deus, a quem nós já
devemos, como se fossem dez mil talentos. O que, então podemos responder, quando
Ele diz: 'Paga-me o que tu deves? Que nós estamos completamente falidos; nós não
temos com o que pagar; nós destruímos todo nosso capital. Portanto, se ele negociar
conosco, de acordo com o rigor da lei; se ele cobrar o que Ele justamente pode, ele
deverá ordenar que tenhamos as mãos e pés amarrados, e sejamos entregues aos
atormentadores'.
De fato, nós já estamos com as mãos e pés amarrados, através das correntes de
nossos próprios pecados. Estes, considerados com respeito a nós mesmos, são
correntes de ferro, e algemas de bronze. Eles são os ferimentos, por meio dos quais, o
mundo, a carne, e o diabo, têm nos atacado profundamente, e nos destroçado, por
todos os lados. Esses são as enfermidades que esvaziam nosso sangue e espíritos, que
nos trazem para as sepulturas. Mas considerados, como eles são aqui, com respeito a
Deus, são débitos imensos e incontáveis. No entanto, embora vendo que não temos
com o que pagar, que possamos clamar junto a Ele. para que Ele possa 'francamente
perdoar' a todos nós!
14. 'Como perdoamos os que nos tem ofendido'. – Nessas palavras, nosso
Senhor claramente declara, em que condição, e em que grau ou maneira, nós podemos
buscar sermos perdoados por Deus. Todas as nossas transgressões e pecados são
perdoados, se nós perdoarmos, e como nós perdoamos, aos outros.
[Primeiro, que Deus nos perdoa, se nós perdoamos outros]. Este é um ponto da
maior importância. E nosso abençoado Senhor é tão zeloso, para que, a qualquer
tempo, não possamos divagar em nossos pensamentos, que ele não apenas a insere no
contexto de Sua oração, mas presentemente depois, a repete mais duas vezes. 'Se', diz
Ele, 'perdoarem aos homens suas transgressões, seu Pai celeste irá perdoar a vocês'
(Mateus 6:14-15).
Em Segundo Lugar, Deus nos perdoa, assim como perdoamos aos outros.
Assim sendo, se nenhuma malícia ou amargura; se nenhuma mancha de indelicadeza,
ou ira, permanecerem; se nós não claramente e completamente, do nosso coração,
perdoamos as transgressões de todos os homens, seremos impedidos de termos o
perdão para os nossos: Deus não pode claramente e completamente perdoar a nós: Ele
pode nos mostrar alguns graus de misericórdia, mas nós não experimentaremos dele o
apagar nossos pecados, e perdoar todas as nossas iniqüidades.
Nesse meio tempo, enquanto nós não perdoamos, do fundo de nosso coração,
as ofendas de nosso próximo, que tipo de oração estamos oferecendo a Deus quando
exprimimos essas palavras? Nós, de fato, estamos colocando Deus em um desafio
declarado: nós estamos desafiando a Deus que faça o seu pior. 'Perdoe a nós, nossas
transgressões, tanto quanto perdoamos as transgressões deles contra nós!'. Que
significa, em termos claros: 'Tu não nos deve perdoar, afinal; nós desejamos nenhum
favor de tuas mãos. Nós oramos para que tu mantenhas nossos pecados na memória,
e para que tua ira habite sobre nós'. Mas, você pode seriamente oferecer tal oração a
Deus: E ele já não o terá lançado rapidamente no inferno? Ó não o tente mais! Agora,
mesmo agora, pela sua graça, perdoa, assim como você seria perdoado!Tenha
compaixão agora do seu próximo, assim como Deus teve e terá piedade de você'!
15. 'E não nos deixa cair em tentação, mas livra-nos do mal', -- '[E] não nos
conduza a tentação'. A palavra traduzida, tentação, significa experimentação de
algum tipo. A palavra inglesa para tentação foi tomada antigamente, em um sentido
indiferente, embora agora, ela seja usualmente entendida da solicitação para pecar.
Tiago usa a palavra, em ambos esses sentidos; primeiro, em sua generalidade; então,
em sua restrita aceitação. Ele a toma no primeiro sentido, quando diz: 'Meus irmãos,
tende grande gozo, quando cairdes em várias tentações... Bem aventurado o varão
que sofre a tentação, porque quando for tentado', ou aprovado de Deus, 'receberá a
coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam. (Tiago 1:12-13). Ele
imediatamente acrescenta, tomando a palavra em seu segundo sentido: 'Que nenhum
homem, quando tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser
tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada homem é tentado, quando traído e
engodado pela sua própria concupiscência', ou desejo, saindo de Deus, em quem
apenas ele está salvo, -- 'e seduzido'; pego, como um peixe com a isca. E assim é,
quando ele se aparta e é seduzido, que ele propriamente 'entra em tentação'. Então, a
tentação o cobre como uma nuvem; ela cobre toda sua alma. E quão dificilmente ele
escapará da armadilha!
[Editado por Vince Bos, estudante na Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de
George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.] Web Server http://gbgm-umc.org/
Sobre o Sermão do Monte – Parte VII
John Wesley
'Além do mais, quando jejuares, não sede como os hipócritas de semblante triste. Porque eles
desfiguram seus rostos, para que pareçam aos homens que jejuam, Verdadeiramente eu digo
que eles já receberam as suas recompensas. Mas tu, quando jejuares, unge a tua cabeça, e
lava seu rosto; para que não pareças aos homens que jejuam, mas junto ao teu Pai que está
em secreto: E teu Pai, que está em secreto, os recompensará. (Mateus 6:16-18)
Muitos, em todas as épocas, têm um zelo para com Deus, mas não de acordo
com o conhecimento; têm estado rigorosamente atados à 'retidão da lei'; na execução
das obrigações exteriores; mas, nesse meio tempo, completamente descuidados da
retidão interior; a 'retidão que é de Deus, pela fé'. E muitos têm corrido para o
extremo oposto, descuidando das obrigações exteriores; talvez, até mesmo, falando
mal da lei, e criticando a lei', na medida em que ela ordena o desempenho deles.
I.
5. O menor tipo de jejum, se pode ser chamado por este nome, é o abster-se de
alguma comida agradável. Disto, nós temos diversos exemplos nas Escrituras., além
daquele de Daniel e seus irmãos, quem de uma consideração pessoal, ou seja, a que
eles 'não poderiam se corromper com a porção do manjar do rei, nem com o vinho
que ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se
contaminar', (uma provisão diária a qual o Rei tinha designado para eles), requerida e
obtida, do príncipe dos eunucos, grãos de leguminosas para comer e água para beber.
(Daniel 1:8-12). Talvez, de uma imitação enganosa disto poderia brotar o mesmo
costume antigo de abster-se de carne e vinho, durante tais épocas, como era reservar-
se para o para jejum e abstinência; -- se, antes, esse costume não se erguesse da
supertição de que esses eram os alimentos mais preferidos, e uma crença de que era
próprio usar o que era menos agradável naquele tempo de solene aproximação a Deus.
6. Nas igrejas judias, havia alguns jejuns determinados. Tais eram o jejum do
sétimo mês, apontado pelo próprio Deus, para ser observado por toda Israel, debaixo
de mais severa penalidade. E o Senhor falou a Moisés dizendo: No décimo dia desse
sétimo mês, será o Dia da Expiação: tereis santa convocação, e afligireis a vossa
alma, e oferecereis oferta queimada ao Senhor. E, naquele mesmo dia, nenhuma obra,
vós fareis, porque é o Dia da Expiação, para fazer expiação por vós, perante o
Senhor vosso Deus. Porque, toda alma que naquele mesmo dia, se não afligir, será
extirpada do seu povo' (Levítico 23:26-30). Diversos outros jejuns determinados
foram acrescidos a esse, no tempo subseqüente. Assim, menção é feita, pelo Profeta
Zacarias, do jejum, não apenas 'do sétimo, mas também do quarto, do quinto e do
décimo mês'. (Zacarias 8:19) 'Assim diz o Senhor dos exércitos : O jejum do quarto
mês , e o jejum do quinto, e o jejum do sétimo, e o jejum do décimo mês, serão para a
casa de Judá, gozo, e alegria, e festividade solene; amai pois, a verdade e a paz'.
Nas igrejas cristãs antigas, havia igualmente jejuns determinados, e esses, ambos
anual e semanalmente. Do primeiro tipo, era aquela antes da Páscoa, observada por
alguns, durante vinte e quatro horas; por outros, por uma semana inteira; por muitos,
por duas semanas; não fazendo uso de alimento até o entardecer de cada dia: Do
último, aqueles do quarto e sexto dias da semana, (como Epifanius escreve,
comentando como um fato inegável), -- que eram observados, em toda terra habitável;
pelo menos, em cada parte onde alguns cristãos construíram sua morada.
E, de igual maneira, pessoas comuns, que prestam atenção aos seus caminhos,
e desejam caminhar humildemente e intimamente com Deus, irão encontrar freqüentes
oportunidades para, em determinadas épocas, afligirem assim suas almas diante de seu
Pai que está em secreto. E é para este tipo de jejum que as direções, dadas aqui,
principalmente e primeiramente se referem.
II
Primeiro, os homens que estão debaixo de fortes emoções da mente, que foram
afetados com alguma paixão veemente, tais como tristeza e medo, são freqüentemente
tragados por elas, e, até mesmo, se esquecem de comer do seu pão. Em tais ocasiões
eles têm pouco cuidado com o alimento, nem mesmo com o que é necessário para
sustentar a natureza; muito menos, por alguma iguaria ou variedade; sendo tomado
por pensamentos completamente diferentes. Assim, quando Saul disse: 'Mui
angustiado estou, porque os filisteus guerrearam contra mim, e Deus se tem desviado
de mim, e não me responde mais, nem pelos ministérios dos profetas; nem por
sonhos; por isso te chamei a ti, para que me faças saber o que hei de fazer'. É
registrado que 'Ele não tinha comido ´pão todo o dia, nem toda a noite' (I Samuel
28:15-20). Assim, aqueles que estavam no navio com Paulo, quando nenhuma
pequena tempestade caiu sobre eles, e toda a esperança de que pudessem ser salvos
tinha ido embora... É já hoje o décimo-quarto dia que esperais e permaneceis sem
comer, não havendo provado nada'; nenhum alimento regular, por quatorze dias
seguidos (Atos 27:33). E, assim, Davi, e todos os homens que estavam com ele,
quando eles ouviram que as pessoas fugiram da batalha, e que muitas das pessoas
tinham caído mortas, e Saul e Jônatas, seu filho, estavam também mortos. 'E
prantearam, e choraram, e jejuaram, até à tarde por Saul, e por Jônatas, seu filho, e
pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel, porque tinham caído à espada'. (2 Samuel
1:12).
Mais ainda: Muitas vezes, eles, cujas mentes estavam tão profundamente
comprometidas, são impacientes de alguma interrupção, e, até mesmo repugnam de
seu alimento necessário, como que, desviando seus pensamentos do que eles desejam,
fosse ocupar toda sua atenção: Até mesmo Saul, quando, na ocasião mencionada
anteriormente, tinha 'caído, durante todo o tempo, sobre a terra, e não havia forças
nele', ainda assim, disse: 'Eu não irei comer', até 'que seus servos, juntos com a
mulher, o obrigaram'.
2. Aqui, então, está o alicerce natural do jejum. Alguém que está debaixo de
profunda aflição, oprimido com a tristeza, por causa do pecado, e uma forte
compreensão da ira de Deus, ele poderia, sem qualquer regra, sem saber ou considerar
se seria um comando de Deus ou não, 'esquecer-se de comer seu pão'; abster-se, não
apenas do que lhe é agradável, mas, até mesmo do alimento necessário; -- como
Paulo, que, depois de ser conduzido a Damasco, 'ficou três dias sem ver, e não comeu,
nem bebeu' (Atos 9:9).
3. Uma outra razão ou fundamento do jejum é este: Muitos dos que temem a
Deus estão profundamente sensíveis pelo quão freqüentemente eles pecaram contra
Ele, pelo mau uso dessas coisas legítimas. Eles sabem o quanto eles têm pecado pelo
excesso de comida; por quanto tempo eles têm transgredido as santas leis de Deus,
com respeito ao equilíbrio, se não, a sobriedade também; como eles têm se cedido aos
seus apetites sexuais, talvez, enfraquecendo sua saúde corpórea, -- certamente, para o
não pequeno dano de suas almas; já que, por meio disto, eles continuamente
alimentaram, e aumentaram aquela insensatez divertida; aquela volubilidade da
mente; aquela frivolidade de temperamento; aquela divertida desatenção para com as
coisas do mais profundo interesse; aquela irreflexão e descuido de espírito, que eram
não outro que a embriaguez da alma, que entorpeceu todas as suas faculdades mais
nobres, não menos do que o excesso de vinho ou bebida forte. Para remover,
entretanto, o efeito, eles removem a causa. Eles se mantêm distantes de todo o
excesso. Eles se abstêm, tanto quanto possível, daquilo que tem, por acaso, os
arrastado para a perdição eterna. Eles freqüentemente refreiam totalmente; sempre
cuidado para serem frugais e equilibrados em todas as coisas.
E quão poderoso instrumento isto é para impedir a ira de Deus, nós podemos
aprender do notável exemplo de Acabe. 'Não existe ninguém como aquele que não
vendeu a si mesmo' -- que deu a si mesmo totalmente ao alto, como um escravo
comprado com dinheiro – 'para operar perversidade'. Ainda assim quando ele rasgou
suas roupas e colocou aniagem sobre sua carne e jejuou, e veio mansamente, a palavra
do Senhor veio a Elias dizendo: 'Vê tu, como Acabe humilhou-se diante de mim?
Porque ele se humilhou diante de mim, eu não irei trazer o mal aos seus dias'. (I Reis
21:27-30).
Foi para essa finalidade, impedir a ira de Deus, que Daniel buscou a Deus 'com
jejum, e aniagem, e cinzas'. Isto aparece de todo o teor de sua oração; particularmente,
da solene conclusão dela: 'Ó Senhor,de acordo com toda tua retidão', ou
misericórdias, 'permita que tua ira se vá de tua montanha sagrada. – Ouça a oração
de teu servo, e faça tua face brilhar sobre o teu santuário, que está devastado, -- Ó
Senhor, ouve; Ó Senhor, perdoa;Ó Senhor,escuta atentamente e faze, por amor do
Senhor'. (Daniel 9:3, 17).
8. Mas não é apenas do povo de Deus que podemos aprender, quando sua ira é
movida para buscar a Ele, através de jejum e oração; mas mesmo dos pagãos. --
Quando Jonas declarou: 'E levantou-se Jonas e foi a Nínive, segundo a Palavra do
Senhor; era, pois Nínive uma grande cidade, de três dias de caminho. E começou
Jonas a entrar na cidade, caminho de um dia, e ´pregava, e dizia: Ainda quarenta
dias e Ninive será derrotada', o povo de Nínive proclamou um jejum, e vestiu
aniagem, do maior ao menor. 'Para que o Rei de Nínive se levantasse de seu trono, e
tirasse de si as suas vestes, e se cobrisse com panos de saco, e sentasse em cinzas. E
ele fez com que fosse proclamado e publicado, através de Nínive, que não era
permitido que homem ou animal; rebanho, nem manada, provassem alguma coisa:
Que eles não se alimentem, nem bebam água': (não que o animal tivesse pecado, ou
pudesse se arrepender; mas que, pelo exemplo deles, o homem pudesse ser
admoestado, considerando que, por seus pecados, a ira de Deus estava dependurada
sobre todas as criaturas): 'Quem poderá dizer se Deus irá voltar atrás e arrepender-
se, e se apartar do furor de sua ira, para que não pereçamos?'. E o trabalho deles não
foi em vão. O furor da ira de Deus afastou-se dele. 'Deus viu suas obras": (os frutos
daquele arrependimento e daquela fé que ele tem forjado neles, por seu Profeta); 'e
Deus arrependeu-se do mal que ele tinha dito que viria sobre eles, e não o fez'.
(Jonas 3:4, em diante).
Assim, Samuel reuniu toda Israel, quando eles foram cativos dos filisteus, 'e
eles jejuaram naquele dia' diante do Senhor: E, então, 'os filisteus se aproximaram
para a batalha contra Israel, o Senhor fez trovejar' sobre eles 'com um grande trovão
e os confundiu; e eles foram derrotados diante de Israel. (I Samuel 7:6-10).
Assim, Esdras: 'Eu proclamei um jejum no rio Aava, para que pudéssemos
afligir a nós mesmos diante de nosso Deus, e buscar a ele no caminho certo para nós,
e para os nossos filhos; e suplicamos a ele'. (Esdras 8:21).
Assim, Neemias: 'Eu jejuei e orei diante do Deus dos céus e disse: Ah! Senhor,
Deus dos céus, Deus grande e terrível, prospere-me, eu oro a ti, teu servo esse dia,
conceda a ele misericórdia aos olhos desse homem'. E Deus concedeu a ele
misericórdia aos olhos do rei (Neemias 1:4-11).
Sim, que as bênçãos são para serem obtidas, na utilização desses meios, as
quais, de outro modo, não são atingíveis, nosso Senhor declara expressamente na
resposta aos seus discípulos dizendo: 'Então,os discípulos, aproximando-se de Jesus,
em particular,disseram: Por que não podemos nós expulsá-los? E Jesus lhes disse:
Por causa da vossa pequena fé; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé, como
um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá – e há de passar, e
nada vos será impossível. Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela
oração e pelo jejum'. (Mateus 17:19-21). – Esses sendo os meios designados de obter
aquela fé, por meio da qual mesmos os demônios ficam sujeitos a você.
11. Esses foram os meios apontados: Já que não foi meramente pela luz da
razão, ou da consciência natural, como ela é chamada, que o povo de Deus tem sido,
em todas as épocas, direcionados a fazer uso de jejuns como um meio para esses fins;
mas eles têm sido ensinados do próprio Deus, de tempos em tempos, através das
revelações claras e declaradas de sua vontade. Tal como aquela notável, através do
Profeta Joel: 'Ainda assim, agora mesmo, diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo
o vosso coração, e isso com jejuns e com choro e com pranto. E rasgai o vosso
coração, e não as vossas vestes, e vos convertei ao Senhor, vosso Deus, porque ele é
misericordioso e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em beneficência e se
arrepende do mal. Quem sabe, se ele se voltar e se arrepender, e deixar uma bênção,
atrás dele? Tocai a trombeta de Sião, santificai o jejum, congregai solenemente: --
Então, o Senhor terá zelo da sua terra e se compadecerá do seu povo. Sim, e o senhor
responderá e dirá ao seu povo: eis que envio o trigo, e o mosto, e o óleo, e deles
sereis fartos, e vos não entregarei mais ao opróbrio entre os pagãos'. (Joel 2:12-19)
Agora, não são apenas as bênçãos temporais que Deus direciona seu povo a
esperar do uso desses meios. Já que, ao mesmo tempo, que ele prometeu àqueles que
pudessem buscá-lo com jejum, e prantear, e murmurar, 'eu irei restaurar a você os
anos que o gafanhoto tem comido; e as locustas, e o pulgão, e a oruga, o meu grande
exército que enviei contra vocês'; ele anexa, 'De modo que poderão também saberão
que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor seu Deus'. E,então,
imediatamente segue a grande promessa evangélica: E há de ser que, depois,
derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas
profetizarão; os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões: E também
sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito'. (Joel
2:25-29)
12. No entanto, quaisquer que tenham sido as razões para estimular aqueles do
passado, no zelo e constante desempenho dessa obrigação, eles têm a mesma força
para ainda estimular a nós. Mas acima de todos esses, nós temos um motivo pessoal
para 'jejuarmos freqüentemente', ou seja, a ordem Dele, através de cujo nome somos
chamados. De fato, nesse lugar, Ele não ordena expressamente, tanto o jejum, o fazer
donativos, quanto o orar; mas suas direções, em como jejuar, fazer donativos, e orar,
são da mesma força que tais injunções. Enquanto, nos ordenar para fazer alguma coisa
assim, é uma ordem inquestionável para que façamos aquela coisa; é impossível
executa-la dessa forma, se ela não for executada afinal. Conseqüentemente, o dizer:
'Faça donativos, ore, jejue', dessa maneira, é uma ordem clara para executar todas
essas obrigações; tanto quanto executá-las, da maneira que possa, de modo algum,
perder sua recompensa.
III
----------------
2. 'Mas não é melhor' (como tem sido objetado, em Segundo Lugar) 'abster-se
do orgulho e vaidade; da insensatez e desejos danosos; da impertinência, e ira, e
descontentamento do que da comida?'. Sem duvida. Mas aqui também nós temos
necessidade de lembrar você das palavras do Senhor: 'Essas coisas vocês devem fazer;
e as outras, não devem deixar sem serem feitas'. E, de fato, a posterior é apenas em
ordem da anterior; é um meio para aquela grande finalidade.
Nós nos abstemos da comida com essa visão, -- para que, pela graça de Deus,
transmitida às nossas almas, através desse meio exterior, em conjunção com todos os
outros canais da graça, que Ele tem apontado, possamos ser capazes de nos abster de
toda paixão e temperamento que não são agradáveis aos seus olhos. Abstermo-nos de
uma, fornecida do alto, nós possamos ser capazes de refrear a outra. De maneira que
seu argumento prova justamente o contrario do que você pretendeu: Ele prova que
devemos jejuar. Porque se nós devemos nos abster dos temperamentos e desejos
pecaminosos, então, nós devemos nos abster da comida; já que esses pequenos
exemplos de abnegação são os caminhos que Deus tem escolhido, por meio do qual
concede aquela grande salvação.
3. 'Mas nós não nos certificamos disto de fato': (Esta é a Terceira objeção)
'Nós temos jejuado, muito freqüentemente; mas qual tem sido o proveito? Nós não
ficamos em nada melhores; nós não encontramos bênçãos nisso. Mais ainda: nós
temos nos certificado que ele é um empecilho, em vez, de ajuda. Ao contrário de
prevenir raiva, por exemplo, ou mau-humor, ele tem sido um meio do crescimento
deles; de tal maneira, que nós nem podemos suportar os outros, nem a nós mesmos'.
Isto, muito provavelmente, deva ser o caso. É possível jejuar e orar, de tal
maneira, a nos sentirmos piores do que antes; mais infelizes, mais impuros. Ainda
assim, a falha não está nos meios, por si só, mas na maneira de usá-los. Utilize-se
deles ainda, mas de uma maneira diferente. Faça o que Deus ordena, da maneira que
Ele ordena; e então, sem dúvida, a promessa Dele não falhará: Suas bênçãos não
ficarão retidas por mais tempo; mas, quando você jejuar em secreto, 'Ele que está em
secreto, irá recompensá-lo abertamente'.
4. 'Mas, não se trata de mera supertição', (então, este tem sido a Quarta
objeção) 'imaginar que Deus leva em consideração, tais pequenas coisas como
essas?'. Se você diz que é assim, você condena todas as gerações anteriores dos filhos
de Deus. Mas você poderá dizer que esses eram todos homens fracos e supersticiosos?
Você pode tão duramente afirmar isto, ambos de Moisés e Josué; de Samuel e Davi;
de Josafá, Esdras, Neemias, e todos os outros profetas? Sim; daquele que está acima
de todos eles, -- do próprio Filho de Deus? O certo é, que nosso Mestre e todos esses
seus servos não imaginaram que o jejum fosse uma coisa sem importância, e que Ele,
que é o Altíssimo, deu atenção a ele.
5. 'Mas se jejuar for, de fato, uma coisa de tão grande importância, e atendeu
tais bênçãos, não seria melhor' — dizem alguns, em Quinto lugar, — 'jejuarmos
sempre? Não o fazermos, de vez em quando, mas nos mantermos em um jejum
continuo? Usarmos de tanta abstinência, todo o tempo, até onde as forças corpóreas
suportarem?'. Que ninguém seja desencorajado de fazer isto. De qualquer maneira,
faça uso de alimento em pequena quantidade, e modestamente; exercite abnegação
nisto, todo o tempo, tanto quanto suas forças corpóreas suportarem. E isto poderá
conduzi-lo, pelas bênçãos de Deus, a diversas das grandes finalidades acima
mencionadas. Mas isto não é jejum; não o jejum bíblico; e não foi denominado assim,
em toda a Bíblia. Ele, em alguma medida, responde algumas das finalidades; mas
ainda assim, se trata de uma outra coisa. Pratique isto, de qualquer forma; mas não de
tal maneira a colocar de lado, por meio disto, um mandamento de Deus, e um meio
instituído de prevenir Seus julgamentos, e obter as bênçãos dos Seus filhos!
Por fim: Você já esteve com os irmãos em Antioquia, no tempo em que eles
jejuaram e oraram, antes do envio de Barnabé e Saul; pode você possivelmente
imaginar que sua temperança e abstinência teriam sido causa suficiente para não se
juntar nisso? Sem dúvida, se você não tivesse feito, você poderia ter sido extirpado da
comunidade cristã. Você teria sido, merecidamente, extirpado de entre eles, como que
trazendo confusão dentro da Igreja de Deus.
IV
1. Eu vou, por fim, mostrar de que maneira nós devemos jejuar, para que ele
possa ser um serviço aceitável junto ao Senhor.
Primeiro: Que ele seja feito, junto ao Senhor, com nosso olho, isoladamente,
fixo Nele. Que nossa intenção nisto seja esta; apenas esta: glorificar nosso Pai que
está nos céus; expressar nossa tristeza e vergonha, por nossas muitas transgressões à
sua santa lei; esperar pelo crescimento da graça purificadora; conduzir nossas afeições
para as coisas do alto; acrescentar seriedade e sinceridade às nossas orações; impedir a
ira de Deus; e obter todas as grandes e preciosas promessas que ele tem feito a nós em
Jesus Cristo.
Que possamos nos precaver de zombar de Deus, ao fazermos com que nosso
jejum, tanto quanto nossas orações, sejam uma abominação a Ele, através da mistura
de qualquer visão temporal; particularmente, o louvor de homens. Contra isto, nosso
abençoado Senhor mais particularmente nos orienta nas palavras do texto:
'Além do mais, quando jejuares, não sede como os hipócritas' -- Assim eram
os muitos que foram chamados de povo de Deus; 'de semblante triste': amargurado,
sensivelmente triste, colocando seus olhares de uma forma peculiar. 'Porque eles
desfiguram seus rostos', não apenas, através de distorções artificiais, mas também os
cobrindo, com poeira e cinzas; 'para que pareçam aos homens que jejuam'; esta era o
principal, se não o único objetivo. 'Verdadeiramente eu digo que eles já receberam as
suas recompensas'; até mesmo a admiração e louvor de homens. 'Mas tu, quando
jejuares, unge a tua cabeça, e lava seu rosto; para que não pareças aos homens que
jejuam'; que isto não faça parte de tua intenção; se eles souberem disto, sem qualquer
desejo de tua parte, não importa, tu não serás o melhor, nem o pior; --'mas junto ao
teu Pai que está em secreto: E teu Pai, que está em secreto, os recompensará.
(Mateus 6:16-18)
4. Sim, o corpo pode algumas vezes ser muito afligido; de maneira a ficar
incapacitado para as obras de nosso chamado. Isto também nós, diligentemente, nos
guardamos contra; já que devemos preservar a saúde, como um bom dom de Deus.
Portanto, deve-se tomar cuidado, quando quer que jejuemos, de tornar o jejum
proporcional às nossas forças. Porque nós não podemos oferecer a Deus um
assassinato como sacrifício, ou destruirmos nossos corpos, para ajudarmos nossas
almas.
Mas, nessas épocas solenes, nós podemos, mesmo em grande fraqueza do
corpo, evitar o outro extremo, pelo qual Deus condena aqueles que no passado
discutiram com ele por não aceitar seus jejuns. 'Para que temos jejuado, dizem eles, se
tu não vês? – Observem, se no dia do jejum de vocês, vocês encontraram prazer, diz o
Senhor'. Se nós não podemos nos abster totalmente do alimento, que, pelo menos,
nos abstenhamos do alimento prazeroso; e, então, nós não estaremos buscando a face
do Senhor, em vão.
5. Que cuidemos de afligir nossas almas, tanto quanto nossos corpos. Que cada
ocasião, em jejum público ou privado, seja uma oportunidade de exercitar todas
aquelas afeições santas, que estão inseridas, no coração quebrantado, e arrependido.
Que seja uma oportunidade do murmurar religioso; da tristeza santa pelo pecado; tal
tristeza como aquelas dos Coríntios, concernente ao que o apóstolo diz:
Porventura, não é também para que repartas teu pão com o faminto, e para que
recolhas em tua casa o pobre que foi expulso? E vendo o nu, o cubras; e não ocultes a
ti mesmo de tua própria carne? Então, que a tua luz possa brilhar como a manhã, e tua
cura possa brotar rapidamente; e tua retidão possa seguir diante de ti; a glória do
Senhor será a tua recompensa. Assim, tu chamarás e o Senhor irá te responder: Tu
clamarás, e ele dirá: 'Aqui eu estou'. – Se, 'quando jejuaste, tu abristes a tua alma ao
faminto; e satisfizeste a alma aflita; então tua luz se erguerá na obscuridade, e tua
escuridão será como o meio-dia. E o Senhor será teu guia continuamente, e satisfará
tua alma na estiagem, e fortificará teus ossos: E tu serás como um jardim regado, e
como uma fonte de água, cujas águas nunca faltam'. (Isaías 58:6 em diante).
[Editado por Jason Boldt, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de
George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
Sobre o Sermão do Monte – Parte VIII
John Wesley
'Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e os ladrões
minam e roubo. Mas ajuntai tesouros nos céus, onde nem a traça, nem a ferrugem consomem,
e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará
também o vosso coração. Os olhos são a luz do corpo: de modo que, se teus olhos forem
bons, todo teu corpo será cheio de luz. Mas, se teus olhos foram maus, todo teu corpo será
cheio de escuridão. Se, portanto, a luz que há em ti for trevas, quão grandes serão tais trevas'
(Mateus 6:19-23).
E, sem dúvida, a mesma pureza de intenção, que faz com que nossos donativos
e devoções sejam aceitos, também deve fazer com que nosso trabalho ou
empreendimento seja um oferecimento apropriado para Deus. Se um homem exerce
seu trabalho, de modo que ele possa elevar-se a um estado de honra e riqueza no
mundo, não por muito tempo, ele irá servir a Deus em sua ocupação, e não terá mais
direito à recompensa de Deus, do que aquele que dá donativos, para que ele possa ser
visto; ou aquele que ora, de modo que seja ouvido por homens. Porque desejos vãos e
mundanos não são mais aceitáveis, em nossas ocupações, do que em nossas doações e
devoções. Eles não são apenas maus, quando eles se misturam com nossas boas obras;
com nossas ações religiosas, 'mas eles têm a mesma natureza má, quando eles entram
na tarefa comum de nossas ocupações. Se fosse permitido desempenhá-las, em nossos
empreendimentos mundanos, seria permitido desempenhá-las em nossas devoções.
Mas, como nossos donativos não são um serviço aceitável, a não ser quando
procedem de uma intenção pura, assim nossa ocupação comum não pode ser
considerada um serviço para Deus, a não ser quando é executada com a mesma
fidelidade de coração'.
3. 'Se os teus olhos forem'', assim, 'único'; assim, fixado em Deus, 'todo teu
corpo será cheio de luz'. 'Todo teu corpo'. – tudo que é guiado pela intenção, como o
corpo é pelo olho. Tudo o que você é; tudo o que você faz; seus desejos,
temperamentos, afeições; seus pensamentos, palavras e ações. A totalidade desses
'deverá ser cheia de luz'; cheia do conhecimento divino. Esta é a primeira coisa que
podemos aqui entender por luz. 'Em Sua luz, tu verás a luz'. 'Ele que, do passado,
ordenou que a luz brilhasse nas trevas, deverá brilhar em teu coração': Ele iluminará
os olhos do teu entendimento com o conhecimento da glória de Deus. Seu Espírito
revelará a ti as coisas profundas de Deus. A inspiração do Espírito Uno dará a ti
entendimento, e fará com que conheças a sabedoria secretamente. Sim. A unção que
tu recebestes dele 'irá habitar em ti e ensinar-te todas as coisas'.
Como a experiência confirma isto! Até mesmo depois que Deus abriu os olhos
de nosso entendimento, se nós buscamos ou desejamos alguma coisa a mais do que
Deus, quão breve nosso tolo coração é enegrecido! Então, novamente as nuvens
descansam sobre nossas almas. Dúvidas e medos novamente nos oprimem. Somos
sacudidos de lá para cá, e não sabemos o que fazer; ou qual o caminho que devemos
tomar. Mas, quando desejamos ou buscamos nada mais, a não ser Deus, as nuvens e
dúvidas desaparecem. Nós que 'estivemos, algumas vezes, nas trevas, agora, somos
luz no Senhor'. A noite agora brilha como dia, e nós nos certificamos 'que o caminho
correto é a luz'. Deus nos mostrou o caminho, por onde devemos ir, e tornou claro o
caminho diante de nossa face.
4. A segunda coisa que nós podemos entender aqui, por luz, é santidade.
Enquanto buscas a Deus nas coisas, tu o encontras em tudo; a fonte de toda santidade,
continuamente preenchendo a ti, com sua própria semelhança, com justiça,
misericórdia e verdade. Enquanto tu olhas para Jesus, e para Ele somente, tu és
preenchido, com a mente que estava nele. Tua alma é renovada, dia a dia, na busca da
imagem Dele que a criou. Se o olho de tua mente não for afastado dele; se tu resistes
'na busca dele que é invisível'; buscando nada mais no céu ou na terra, então, como tu
olhaste a gloria do Senhor, tu serás transformado 'na mesma imagem, de glória em
glória, pelo Espírito do Senhor'.
E também é assunto de experiência diária que, 'pela graça, nós somos' assim
'salvos pela fé'. É pela fé que o olho da mente é aberta, para ver a luz do amor
glorioso de Deus. E, tanto quanto ela está firmemente fixada nisto, sobre Deus, em
Cristo, reconciliando o mundo em si mesmo, nós somos mais e mais preenchidos com
o amor de Deus e homem; com a humildade; gentileza; longanimidade; com todos os
frutos da santidade, que são, através de Jesus Cristo, para a glória do Deus, o Pai.
5. A luz que preenche a ele que tem um olho bom, implica, em Terceiro Lugar,
felicidade, tanto quanto santidade. Certamente, 'a luz é doce e uma coisa agradável é
ver o sol': Mas, quanto mais, é ver o Sol da Retidão, continuamente brilhando sobre a
alma! Se existe alguma consolação em Cristo; se existe algum conforto de amor;
alguma paz que excede todo entendimento; se existe algum regozijo na esperança da
glória de Deus, eles todos pertencem àqueles que têm o olho puro [único]. Assim é
'todo seu corpo cheio de luz'. Ele caminha na luz, como Deus está na luz; regozijando-
se, mais e mais; orando sem cessar; e em todas as coisas dando graças; desfrutando do
que quer que seja a vontade de Deus, concernente a ele, em Jesus Cristo.
6. 'Mas, se teu olho for mau, todo teu corpo será cheio de escuridão'. 'Se teu
olho for mau': -- Nós vemos que não há meio termo entre um olho bom, e um olho
mau. Se o olho não é bom, então, ele é mau. Se a intenção, no que quer que façamos,
não for unicamente endereçada a Deus; se buscarmos alguma coisa mais, então,
'nossa mente e consciência estarão corrompidas'.
Nossos olhos são maus se, em alguma coisa que fazemos, nós almejamos uma
outra finalidade do que Deus; se nós temos alguma visão, a não ser conhecermos e
amarmos a Deus; agradarmos e servimos a Ele, em todas as coisas; se nós temos
algum outro objetivo do que nos regozijarmos em Deus, do que sermos felizes nele,
agora e para sempre.
7. Se teu olho não estiver unicamente fixado em Deus, 'todo teu corpo será
cheio de trevas'. O véu ainda deve permanecer sobre teu coração. Tua mente deverá
ser mais e mais cega, através 'do deus desse mundo', 'a fim de que a luz do glorioso
Evangelho de Cristo não possa brilhar sobre ti'. Tu serás cheio de ignorância e erro
no tocante às coisas de Deus; não sendo capaz de receberes ou de a discernires. E,
mesmo quando tu tens algum desejo de servir a Deus, tu estarás cheio de incerteza,
quanto à maneira de servi-lo; encontrando dúvidas e dificuldades em todo lado, e não
vendo algum caminho para escapar.
Sim. Se teu olho não for único; se tu buscares algumas das coisas da terra, tu
serás cheio de descrença e iniqüidade; teus desejos, temperamentos, afeições, estarão
fora de curso, permanecendo nas trevas, sendo vis e inúteis. E tua conversa será
pecaminosa, assim como teu coração, não 'temperado com sal', ou 'apropriado para
ministrar graça junto aos que ouvem'; mas ineficiente, não proveitoso, corrupto e
repugnante para o Espírito Santo de Deus.
'Se a luz que está em ti for escuridão, quão grande é esta escuridão!'. Se a
intenção que deve iluminar toda a alma; preenchê-la com conhecimento, e amor, e
paz, e o que, de fato, acontece, por quanto tempo ela é pura; por quanto tempo ela
almeja a Deus somente – se ela for escuridão; se ela almejar alguma coisa além de
Deus, e, conseqüentemente cobrir a alma com escuridão, em vez de luz; com
ignorância e erro; com pecado e miséria: Ó quão enorme será esta escuridão! Ela é a
mesma fumaça que sobe do abismo insondável! É a noite essencial que reina na
depressão profunda, na terá de sombra e morte!
Não é fácil dizer, quando nós comparamos a maior parte das nações da Europa
com esses na América, se a superioridade se estenda de um lado ou de outro. Pelo
menos os americanos não têm muita vantagem. Mas nós não podemos afirmar isto
com respeito aos mandamentos agora diante de nós. Aqui o ateu tem uma adiantada
pré-eminência. Ele deseja e busca nada mais do que um alimento simples e um
vestuário simples para vestir. E ele busca isto apenas, dia a dia. Ele não reserva; ele
não armazena coisa alguma; a não ser tanto milho, de uma estação do ano, quanto ele
irá precisar antes que aquela estação retorne.
Ele poderia bem estar ainda oculto em seu Grego original, já que algum
registro eles tomam dele. Em que cidade cristã nós encontramos um homem de
quinhentos anos que tenha o menor escrúpulo de armazenar tanto tesouro quanto ele
possa? – de aumentar seus bens, tanto quanto seja capaz? Realmente, existem aqueles
que não fariam isto injustamente; existem muitos que não irão roubar, nem furtar; e
alguns que não irão trapacear seu próximo; mais ainda, que não irão tirar proveito
tanto de sua ignorância quanto de sua necessidade. Mas isto é completamente outro
ponto. Mesmo esses não têm escrúpulos da coisa, mas da maneira dela. Eles não têm
escrúpulos de 'deitarem tesouros na terra', mas de deitá-los, através da desonestidade.
Eles não começam desobedecendo a Cristo, mas numa brecha da moralidade pagã. De
modo que mesmo esses homens honestos não mais obedecem a esse mandamento do
que um ladrão de estrada ou um ladrão que invade residências. Mais ainda, eles não
objetivaram obedecer isto. Desde a juventude isto nunca entrou em seus pensamentos.
Eles foram educados por seus pais, mestres, e amigos cristãos, sem qualquer
instrução, concernente a isto, afinal; exceto se fosse este – violá-lo tão logo, e tanto
quanto eles pudessem, continuando a violá-lo, até o fim de suas vidas.
10. Não existe, no mundo, exemplo algum de obsessão espiritual que seja mais
espantoso do que este. A maioria desses mesmos homens lê ou ouve a leitura Bíblica,
-- muitos deles, todos os dias do Senhor. Eles têm lido ou ouvido essas palavras,
centenas de vezes, e, ainda assim, nunca suspeitam que eles mesmos estão
condenados por isso; mais do que por aqueles que proíbem pais de oferecerem seus
filhos ou filhas junto a Moloch [ídolo fenício, para quem as crianças eram entregues
em sacrifício]. Ó que Deus possa falar, com sua própria voz; sua voz poderosa, para
esses miseráveis que enganam a si mesmos! Que eles possam, por fim soltarem-se das
armadilhas do diabo, e as escamas possam cair de seus olhos!
11. Você pergunta o que significa 'deitar tesouros na terra?'. Será necessário
examinar isto completamente. E nos permita observar, primeiro, o que não é proibido
nesse mandamento, para que possamos, então, discernir claramente o que significa.
2o. Nem o Senhor nos proíbe aqui de provermos tais coisas, para nós mesmos,
quando são necessárias para o corpo; uma suficiência do alimento básico e saudável; e
vestuário discreto para vestir. Sim; é nossa obrigação, por quanto tempo Deus coloca
em nosso poder, providenciar essas coisas também; para que possamos 'comer de
nosso próprio pão', e não sermos onerosos para homem algum.
3o. Nem ainda, estamos proibidos de provermos para nossos filhos, e para
aqueles de nossa própria família. Isto também é nosso dever fazer; mesmo que sobre
os princípios da moralidade pagã. Todo homem deve prover as necessidades básicas
da vida, para sua esposa e filhos; e colocá-los em condições de providenciarem essas,
para si mesmos, quando ele se for dali, e não mais puder ser visto. Eu quero dizer com
providenciar isto, prover as necessidades básicas da vida; não regalos; nem
superficialidades; -- e que, por meio do trabalho diligente deles; já que não é
obrigação do homem supri-los, e nem a si mesmo, com os meios da luxúria ou ócio.
Mas se algum homem não provém, tanto assim, para seus filhos (tanto quanto para as
viúvas de sua própria casa, das quais, Paulo fala principalmente naquelas bem
conhecidas palavras a Timóteo, ele praticamente terá 'negado a fé, e será pior do que
um infiel', ou ateu).
Por último: Nós não estamos proibidos, por essas palavras, de economizar, de
tempos em tempos, o que é necessário para a sustentação de nosso trabalho secular; de
tal maneira e grau, a ser suficiente para responder os propósitos precedentes; -- de tal
maneira a, Primeiro, não dever a homem algum; Segundo, prover a nós mesmos as
necessidades da vida; e, Terceiro, suprir aqueles de nossa própria casa, enquanto
vivermos, e com os meios de conseguirem, por si mesmos, quando tivermos ido para
Deus.
12. Nós podemos agora, discernir claramente (a menos que não estejamos
dispostos a discernir isto) o que está proibido aqui. É o procurar intencionalmente
mais dos bens do mundo, que irá responder aos propósitos precedentes; o trabalhar em
busca de uma maior quantidade de bens materiais; um grande acúmulo de ouro e
prata, -- armazenar além do que essas finalidades requerem, -- é o que está
expressamente e absolutamente proibido aqui. Se as palavras têm algum significado,
afinal, ele deve ser este; porque elas não são capazes de outro. Conseqüentemente,
aquele que não deve a homem algum; e tem alimento e vestuário para si mesmo e sua
família, junto com a suficiência para conduzir seu trabalho secular, dessa forma,
responde esses propósitos precedentes; entretanto, eu digo que, quem já estiver,
nessas circunstâncias, e ainda assim, buscar uma maior porção na terra; estará
vivendo uma declarada negação habitual ao Senhor que o comprou. Ele está
praticamente negado a fé, e é pior do que um africano ou americano 'infiel'.
13. Ouçam isto, vocês, que habitam no mundo, e amam o mundo, onde
habitam. Vocês podem ser 'grandemente estimados por homens'; mas vocês são 'uma
abominação aos olhos de Deus'. Por quanto tempo, suas almas serão fiéis ao pó? Por
quanto tempo, vocês irão transportar, vocês mesmos, nessa argila espessa? Quando
vocês irão acordar e ver que os pagãos declarados e especulativos estão mais perto do
reino dos céus do que vocês? Quando vocês serão persuadidos a escolher a melhor
parte; esta que não pode ser tomada de vocês? Quando vocês buscarão apenas
'armazenar tesouros no céu'; renunciando, temendo, e tendo repugnância de todos os
outros? Se vocês almejarem 'juntar tesouros na terra', vocês não estarão meramente
perdendo seu tempo e gastando suas forças, por aquilo que não é alimento: já que
qual é o fruto do sucesso de vocês? - Vocês assassinaram suas próprias almas! Vocês
extinguiram a última centelha de vida espiritual nela! Realmente, em pleno vigor da
vida, vocês estão mortos! Vocês são homens viventes, mas cristãos mortos. 'Porque
onde o tesouro de vocês está, lá estarão também os seus corações'. O coração de
vocês está submerso no pó, suas almas aderidas ao chão. Suas afeições estão ficadas,
não nas coisas acima, mas nas coisas da terra; no pobre exterior, sem qualquer valor, e
que pode envenenar, mas não pode satisfazer um espírito eterno feito por Deus. O
amor de vocês; sua alegria; seus desejos estão em todos colocados nas coisas que
perecem ao uso. Vocês jogaram fora os tesouros do céu: Deus e Cristo estão perdidos!
Vocês obtiveram riquezas e o fogo do inferno!
14. Ó 'quão dificilmente eles que têm riquezas devem entrar no reino de
Deus!'. Quando os discípulos de nosso Senhor ficaram atônitos de ouvi-lo falar assim,
Ele esteve tão longe de retroceder nisso, que repetiu a mesma verdade importante, nos
termos mais fortes do que antes. 'É mais fácil um camelo passar pelo olho de uma
agulha, do que para um homem rico entrar no reino de Deus'. Quão difícil é isto para
aqueles cujas mesmas palavras são aplaudidas, não por serem sábias aos seus próprios
olhos! Quão difícil não ver felicidade em suas riquezas, ou nas coisas subordinadas a
elas; em gratificar o desejo da carne; o desejo dos olhos; o orgulho da vida! Quão
difícil é para eles não pensarem que são melhores do que o pobre, o simples, a massa
inculta de homens! O quanto não é difícil buscarem felicidade em suas riquezas, ou
nas coisas subordinadas a elas; na gratificação do desejo da carne, no desejo do olho,
ou o orgulho da vida! Ó, vocês que são ricos, como poderão escapar da condenação
do inferno? Apenas com Deus, todas as coisas serão possíveis!
15. E mesmo que vocês não tenham sucesso, qual será o fruto de seu esforço,
ao juntarem tesouros na terra? 'Eles que serão ricos'; (eles que desejam; que se
esforçam em busca disso, quer tenham sucesso ou não), 'caem na tentação, e na
armadilha', -- numa cilada, no laço do diabo; 'e entregam-se a luxúrias tolas e
danosas'; desejos, com os quais a razão não tem coisa alguma a fazer; desejos tais que
não pertencem propriamente às existências racional e imortal, mas apenas às bestas
rudes que não têm entendimento; -- 'que submergem os homens na destruição e
perdição', na miséria presente e eterna. Que nós possamos abrir nossos olhos, e
vermos diariamente as provas melancólicas disto, -- homens que, desejando,
decidindo-se serem ricos, sujeitando-se, em busca do dinheiro, a raiz de todo o mal, já
têm perfurado a si mesmos, com muitas tristezas, e antecipado o inferno para o qual
estão indo!
16. Ó quem deverá aconselhar essa geração de víboras a fugir da ira que está
por vir! Não esses que se deitam em seus portões, ou são servis aos seus pés,
desejando serem alimentados com as migalhas que caem de suas mesas. Não aqueles
que cortejam seus favores ou temem suas carrancas: nenhum desses que se dedicam às
coisas terrenas. Mas, se existe um cristão sobre a terra; se existe um homem que tem
dominado o mundo, que deseja nada, a não ser a Deus, e não tema a ninguém, mas a
Ele que é capaz de destruir ambos o corpo e sua alma no inferno; tu, Ó homem de
Deus, fala e não economiza; ergue a tua voz como uma trombeta! Grita alto, e mostra
a esses honoráveis pecadores as condições miseráveis em que se encontram! Pode ser,
que um em mil, possa ter ouvidos para ouvir; possa erguer-se e tirar de sobre si
mesmo o pó; possa abrir as algemas que o mantêm atado a terra, e por fim, armazenar
tesouro nos céus.
17. E se, alguns desses for, pelo imenso poder de Deus, acordado, e perguntar,
'O que devo fazer para ser salvo?', a resposta, de acordo com os oráculos de Deus é
clara, completa e rápida. Deus não diz a ti, 'Vende tudo que possuis'. Realmente, Ele
que vê o coração dos homens, vê que é necessário dar a isto, um caráter peculiar,
daquele do rico administrador jovem. Mas ele nunca impõe uma regra geral para
todos os homens ricos, em todas as gerações sucessivas. Sua direção geral é, Primeiro,
'não sejas presunçoso'. Deus não vê como o homem vê. Ele estima a ti, não por causa
de tua riqueza, grandeza ou equipagem; por qualquer qualificação ou habilidade que
seja direta ou indiretamente devido à tua prosperidade, que pode ser comprada ou
buscada por meio disto. Todos esses são para Ele como esterco e refugo: que eles
sejam assim para contigo também. Cuida-te para não pensares que tu sejas um
mínimo mais sábio e melhor, por causa de todas essas coisas. Pese a ti mesmo em
outra balança: estime a ti mesmo apenas pela medida da fé e amor que Deus tem dado
a ti. Se tu tens mais do conhecimento e amor de Deus do que ele, tu és por esse
motivo, e não outro, mais sábio e melhor, mais valoroso e honrado, do que ele que
está com os cães de teu rebanho. Mas se tu não tens esse tesouro, tu és mais tolo, mais
vil, mais verdadeiramente desprezível, eu não direi, do que o servo mais inferior
debaixo do seu teto, mas do que o mendigo deitado em teu portão, cheio de feridas.
18. Em segundo Lugar, 'não confia em riquezas incertas. Não confia nelas
para ajuda: Não confia nelas para a felicidade.
19. Mas existe, à mão, uma preocupação maior do que todas essas. Tu deverás
morrer! Tu deves virar pó; retornares ao chão do qual foste tomado, para misturar-te
com a argila comum. Teu corpo tornará a terra como era, enquanto teu espírito
retornará para Deus que o deu. E o tempo aproxima-se: os anos passam velozes,
mesmo que em passos silenciosos. Talvez, teu dia esteja longe de terminar: O meio-
dia da vida, e as sombras do entardecer comecem a descansar sobre ti. Tu sentes, em ti
mesmo, uma decadência aproximando-se. As primaveras da vida passaram a passos
acelerados. Agora que ajuda existe em tuas riquezas? Elas amenizam a morte? Elas
tornarão agradáveis estas horas solenes? Completamente o reverso! Ó morte, quão
amarga tu és para o homem que viveu apoiado em suas posses!'. Quão inaceitável é
para ele esta terrível sentença, 'Esta noite, tua alma será requerida de ti!'. – Ou as
riquezas irão impedir o golpe inoportuno, ou prolongar hora terrível? Elas poderão
livrar tua alma, para que ela não possa ver a morte? Elas poderão restaurar os anos
que se passaram? Elas poderão acrescentar, ao teu tempo determinado, um mês, um
dia, uma hora, um instante? – Ou as boas coisas que tu escolheste para tua porção aqui
irão seguir-te para o grande abismo? Não assim. Nu como vieste ao mundo; nu tu
deverás retornar.
20. E não confia nelas para a felicidade: Porque também aqui, elas se revelarão
'enganosas se consideradas atentamente'. Na verdade, isto, todo homem razoável
pode inferir do que já tem sido observado. Porque, se nem milhares de ouro e prata,
nem quaisquer das vantagens e prazeres adquiridos por meio deles, pode impedir de
sermos miseráveis, evidentemente se segue, que elas não poderão nos tornar felizes.
Que felicidade elas podem fornecer a ele que, em meio a tudo, sente-se constrangido a
clamar alto:
De fato, a experiência aqui é tão completa, forte e inegável, que torna todos os
outros argumentos desnecessários. Apelemos, portanto, aos fatos. Os ricos e
poderosos são os únicos homens felizes? E cada um deles é mais ou menos feliz, na
proporção da medida de suas riquezas? Afinal, eles são felizes? Eu, a pouco, disse que
eles eram, de todos os homens, os mais miseráveis! Homens ricos, pelo menos uma
vez, fala a verdade de teu coração. Fala, por ti mesmo, e por teus irmãos!
Certamente, que confiar nas riquezas para a felicidade é a maior tolice de todas
que estão debaixo do sol! Estás tu convencido disso? É possível que ainda esperes
encontrar felicidade no dinheiro, ou em tudo que ele pode proporcionar: O que!
Podem a prata e ouro; o comer e beber; cavalos, servos; vestuário resplandecente; e
diversões e prazeres (como são chamadas) fazer com que sejas feliz? Eles podem tão
logo te tornar imortal!
21. Essas são todas aparências mortas. Não as leva em consideração. Confia
no Deus vivo; e então, estarás a salvo debaixo da sombra do Altíssimo; sua fidelidade
e verdade serão teu escudo e proteção. Ele é um socorro bem presente, nos momentos
de aflição; tal ajuda que nunca falha. Assim sendo, deverás dizer, se todos os teus
amigos morreram, 'O Senhor vive, e abençoado seja meu forte ajudador!'. Ele irá te
lembrar que quando tu estiveres doente acamado; quando a ajuda de homens for
inútil. Quando todas as coisas na terra não puderem dar suporte, ele 'afofará tua cama
em tua enfermidade'. Ele irá amenizar tua dor; as consolações de Deus farão com que
batas as mãos em chamas. E mesmo quando tua casa na terra estiver quase por
desmoronar; quando ela estiver preste a cair no pó, Ele irá ensinar-te a dizer, "O,
morte, onde está tua dor aguda? Ó, sepultura, onde está tua vitória? Abençoado seja
Deus que me deu 'a vitória através' de meu Senhor 'Jesus Cristo'".
Ó confia Nele para a felicidade, assim como para a ajuda. Todas as fontes de
felicidade estão Nele. Confia Nele 'que nos deu todas as coisas ricamente para
desfrutarmos', -- quem, de sua própria riqueza e livre misericórdia, as segurou firme
para nós, como em suas próprias mãos; para que, as recebendo como seu dom, e como
garantia de seu amor, pudéssemos desfrutar de tudo que possuímos. É seu amor que
nos deu o paladar de tudo que provamos, -- colocou vida e doçura em tudo, enquanto
cada criatura nos conduz para o alto para o grande Criador, e toda a terra é uma escala
para o céu. Ele transfunde as alegrias, que estão em sua mão direita, em tudo que ele
concedeu aos seus filhos agradecidos; que, tendo camaradagem com o Pai, e com seu
Filho, Jesus Cristo, desfrutam Dele, em tudo e acima de tudo.
22. Em Terceiro Lugar, não busca aumentar os bens materiais. 'Não junteis
para' ti mesmo 'tesouros na terra'. Este é um mandamento claro e positivo; tão claro
quanto - 'tu não deves cometer adultério'. Como, então, é possível para um homem
rico, ficar ainda mais rico, sem negar o Senhor que o comprou? Sim; como pode
algum homem que já tem o necessário da vida ganhar ou almejar ainda mais, e estar
sem culpa? 'Não junteis', diz o Senhor, 'tesouros na terra'. Se, a despeito disto, você
o faz, e armazena dinheiro ou bens, que 'as traças e a ferrugem consomem, ou os
ladrões mimam e roubam'. Se você adiciona casa a casa; ou campo ao campo, -- por
que você chama a si mesmo cristão? Você não obedece a Jesus Cristo. Você não
objetiva isto. Por que você denomina a si mesmo por seu nome? 'Por que você chama
a mim, Senhor, Senhor', diz ele mesmo, 'e não faz as coisas que eu digo?'.
23. Se você perguntar: 'Mas o que devo fazer com meus bens, vendo que tenho
mais do que tenho oportunidade de usar, se eu não posso armazená-los? Posso jogá-
los fora?'. Eu respondo: Se você jogá-lo ao mar; se você atirá-los ao fogo, e consumi-
los, eles terão melhor uso do que agora. Você não poderá encontrar uma maneira tão
prejudicial de jogá-los fora; de armazená-los para a posteridade, ou juntá-los para si
mesmos, em tolices e superficialidades. De todos os métodos possíveis de jogá-los
fora, esses dois são os piores; os que mais se opõem ao Evangelho de Cristo, e os mais
perniciosos para sua própria alma.
Quão pernicioso para sua própria alma é o último desses, tem sido
excelentemente mostrado por um recente escritor:
'Se nós gastamos nosso dinheiro, nós não somos apenas culpados de
desperdiçar um talento que Deus nos deu, mas culpados de causarmos a nós mesmos
um dano além, o de tornamos esse talento útil, um meio poderoso de corromper a nós
mesmos; gastando de maneira errada; para sustentarmos alguns temperamentos
errados, gratificando alguns desejos vãos e irracionais, que como cristãos nós somos
obrigados a renunciar'.
"Ao usarmos as riquezas onde eles não têm uso real; e nem nós mesmos temos
alguma necessidade real, nós apenas as usamos para nosso grande prejuízo, em
criarmos desejos desmedidos, em alimentarmos temperamentos doentios, em
induzirmos às paixões tolas, e sustentando uma mudança vã de mente. Porque comida
e bebida dispendiosas, finas roupas e finas casas, propriedades e equipagem,
prazeres e diversões animadas. Todos eles naturalmente causam dano e desordem ao
nosso coração. Eles são o alimento e a nutrição de todas as tolices e fraquezas de
nossa natureza. Eles todos são o suporte de alguma coisa que não deve ser
sustentada. Eles são contrários àquela sobriedade e devoção de coração que têm
prazer nas coisas divinas. Existem tantos pesos sobre a nossa mente, que nos tornam
menos capazes e menos inclinados a erguermos nossos pensamentos e afeições para
as coisas do alto".
'De maneira que, aquele dinheiro assim gasto, não é meramente desperdiçado
ou perdido, mas é gasto para propósitos maus e efeitos miseráveis; para a corrupção
e desordem de nossos corações; para nos tornar incapazes de seguir as doutrinas
sublimes do Evangelho. É como sonegar o dinheiro do pobre para comprar veneno
para nós mesmos'.
24. Igualmente indesculpáveis são aqueles que armazenam o que eles não
precisam para alguns propósitos razoáveis: -
'Se um homem tivesse mãos, e olhos, e pés, que pudesse dar para aqueles que
têm necessidade deles; se ele os guardasse à chave em um baú, em vez de dá-los aos
seus irmãos que são cegos e aleijados, nós não poderíamos justamente supor que ele
é um patife inumano? Se ele, antes, escolhesse entreter-se, juntando-os, do que se dar
direito à recompensa eterna, por dá-los àqueles que necessitam de olhos e mãos, nós
não poderíamos justamente considerá-lo louco?
'Agora o dinheiro tem a mesma natureza dos olhos e pés. Se, portanto, nós o
trancamos em um baú, enquanto o pobre e aflito precisa dele para seu uso
necessário, nós não estamos longe da crueldade daquele que escolhe, antes,
armazenar mãos e olhos do que dá-los para aqueles que necessitam deles. Se nós
escolhemos ajuntar, preferivelmente, do que nos darmos direito a uma recompensa
eterna, por dispormos de nosso dinheiro bem, nós somos culpados de sua loucura
que, antes, escolhe guardar, em um baú, olhos e mãos, do que tornar a si mesmo,
para sempre abençoado, por dá-los àqueles que necessitam deles'.
25. Esta não pode ser uma outra razão, porque os homens ricos tão
dificilmente entram no reino dos céus? A vasta maioria deles está debaixo de uma
maldição; debaixo de uma maldição peculiar de Deus; não obstante, no teor geral de
suas vidas, essas pessoas não estejam apenas roubando a Deus continuamente,
apropriando-se e desperdiçando os bens do Senhor, e por esses mesmos meios,
corrompendo suas próprias almas; mas também roubando o pobre, o faminto, o nu;
causando injustiça à viúva e órfão; e tornando a si mesmas responsáveis por todas as
necessidades, aflições e infortúnio que elas podem remover, mas não o fazem. Sim;
será que o sangue de todos esses que perecem, por necessitarem daquilo que elas tanto
economizam quanto gastam desnecessariamente, grita contra elas da terra? Ó que
relato terão eles dado a Ele que está pronto para julgar os vivos, e os mortos!
27. Nós 'instruímos' você, portanto, 'que é rico neste mundo', como tendo
autoridade do grande Senhor e Mestre, -- a habitualmente fazer o bem; viver em um
curso de boas obras. 'Seja misericordioso, como seu Pai que está nos céus é
misericordioso'; aquele que faz o bem, e não cessa. 'Seja misericordioso', -- até onde?
De acordo com o seu poder; com toda a habilidade que Deus lhe deu. Faça esta sua
única medida de fazer o bem; não apenas axiomas desprezíveis, ou costumes do
mundo. Nós instruímos você a 'ser rico em boas obras'; quando você tiver muito, dar
abundantemente. 'Livremente, nós temos recebido. Livremente, damos'; assim é não
juntar tesouros, a não ser no céu. Esteja 'pronto para distribuir' a todos, de acordo
com a sua necessidade. Distribua amplamente; dê ao pobre; reparta seu pão com o
faminto; cubra o nu com uma vestimenta; entretenha o estranho; traga ou envie alívio
àqueles que estão na prisão. Cure o doente; não por milagre, mas através da bênção de
Deus, sobre sua assistência adequada. Permita que as bênçãos dele que está pronto a
perecer, pela necessidade, seja imputada a você. Defenda o oprimido; advogue a causa
do órfão; e faça o coração da viúva cantar de alegria.
28. Nós exortamos você, em nome do Senhor Jesus Cristo, a estar 'disposto a
comunicar-se'; a ser do mesmo espírito (embora não do mesmo estado exterior)
daqueles crentes dos tempos antigos, que permaneceram firmes, naquela abençoada e
santa camaradagem, onde 'ninguém dizia que alguma coisa era sua própria, mas eles
tinham todas as coisas em comunidade'. Seja um mordomo; um fiel e sábio
administrador de Deus e do pobre; diferindo deles nessas duas circunstâncias apenas:
que suas necessidades sejam, primeiro, supridas, fora da porção dos bens de seu
Senhor, que permanecem em suas mãos, e que você tenha a bem-aventurança de dar.
Assim, 'estabeleça para você mesmo um bom alicerce', não no mundo que
agora existe, mas, preferivelmente, 'para o tempo que há de vir, para que você possa
se agarrar à vida eterna'. O grande alicerce, na verdade, de todas as bênçãos de Deus,
se temporais ou eternas, é o Senhor Jesus Cristo, -- sua retidão e sangue, -- o que Ele
fez, e o que Ele sofreu por nós. E o 'outro alicerce', nesse sentido, 'nenhum homem
pode estabelecer'; não; nem um Apóstolo; nem um anjo do céu. Mas, através de seus
méritos; o que quer que nós façamos, em seu nome, é alicerce para a boa recompensa
naquele dia, em que 'cada homem receberá o seu galardão, segundo as suas próprias
obras'. Portanto, 'trabalhe, não para a carne que perece, mas para o que preserva a
vida eterna'. Por conseguinte, o que quer que sua mão' agora 'encontre o que fazer,
faça-o com toda a sua força'.
[Editado por Jean Fogerson, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com
correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
Sobre o Sermão do Monte – Parte IX
John Wesley
1. Está registrado que as nações que o Rei da Assíria estabeleceu nas cidades
de Samaria, depois de ter levado Israel cativo, temiam ao Senhor, e, ao mesmo tempo,
serviam aos seus próprios deuses'. 'Essas nações', diz o escritor inspirado, 'temiam o
Senhor'; desempenhavam um serviço exterior a Ele (uma prova clara de que eles
tinham um temor por Deus, embora não de acordo com o conhecimento); 'e serviam
suas próprias imagens esculpidas; ambos seus filhos, e os filhos de seus filhos: Assim
como seus antepassados; e como eles até esse dia'. (2 Reis 17:33 em diante).
3. Quão inútil, é para qualquer homem visar isto: -- tentar servir a dois
mestres! É difícil prever qual deva ser a conseqüência inevitável de tal tentativa?
'Tanto ele irá odiar um, e amar o outro; quanto irá dedicar-se a um, e desprezar o
outro'. As duas partes dessa sentença, embora separadamente propostas, devem ser
entendidas, em conexão uma com a outra; porque a última parte é uma conseqüência
da primeira. Ele irá naturalmente dedicar-se a quem ele ama. Ele irá, então, apegar-se
a ele, prestando a ele um serviço concorde, fiel e diligente. E, nesse meio tempo, ele
irá, da mesma forma, desprezar o mestre que ele odeia, e não terá o menor cuidado
com respeito às suas ordens, e irá obedecê-las, se, afinal, de uma maneira inadequada
e descuidada. Portanto, quaisquer que sejam os homens sábios do mundo, podemos
supor que 'não se pode servir a Deus e a mammon'.
Mas o que podemos entender aqui, por servir a Deus, e o que significa servir a
mammon?
Nós não podemos servir a Deus, exceto se acreditarmos Nele. Este é a única
condição verdadeira para servi-lo. Por conseguinte, acreditando em Deus, como
'reconciliando o mundo para si mesmo, através de Jesus Cristo; o acreditar Nele,
como um Deus amoroso, redentor, é a primeira grande ramificação de seu serviço.
7. Uma coisa mais, nós devemos entender por servir a Deus, e esta é
obedecermos a Ele; glorificarmo-lo, com nossos corpos, assim como, com nossos
espíritos; mantendo seus mandamentos exteriores; zelosamente fazendo aquilo com a
qual Ele se agrada; cuidadosamente, evitando o que Ele tem proibido; executando
todas as ações comuns da vida, com um olhar único, e um coração puro; oferecendo
todas elas, no amor santo e ardente, como sacrifícios a Deus, através de Jesus Cristo.
8. Vamos considerar agora o que nós entendemos, por outro lado, como
servirmos a mammon. Primeiro, isto implica em confiarmos nas riquezas; no dinheiro;
ou nas coisas adquiridas por meio dele, como nossa força, -- como os meios para
conseguirmos o que quer que tenhamos em mão; em confiarmos nele como nosso
ajudador, -- através do qual, buscamos ser confortados, ou libertos da preocupação.
Isto implica em confiarmos no mundo para a felicidade; supondo que 'a vida
do homem', o conforto de sua vida, 'consiste na abundância de coisas que ele possui';
buscarmos descanso nas coisas que são vistas; contentamento, na plenitude exterior;
esperarmos satisfação nas coisas do mundo, e que nunca poderão ser encontradas fora
de Deus.
E, se nós fazemos isto, nós não podemos deixar de fazer do mundo nossa
finalidade; nosso objetivo último; se não, de todos, pelo menos, de muitos de nossos
entendimentos; muitas de nossas ações e desígnios; nos quais nós almejamos apenas a
melhora da saúde; obter prazer ou louvor; ganhar uma maior medida de coisas
temporais, sem qualquer referência às coisas eternas.
Agora, o que pode ser mais inegavelmente claro do que não podermos, assim,
servir a Deus e a mammon?
12. Será que os homens não vêem que não se pode confortavelmente servir a
ambos? Que se posicionar, entre Deus e o mundo, é o caminho certo para ficar
desapontado em ambos, e não ter descanso, tanto em um, quanto em outro? Em que
condição desconfortável está aquele que teme a Deus, mas não o ama, -- que, serve a
Ele, mas não com todo seu coração, -- que tem apenas as lutas, mas não as alegrias da
religião! Ele tem religião suficiente para torná-lo miserável, mas não o suficiente para
fazê-lo feliz: Sua religião não o deixará desfrutar o mundo, e o mundo não permitirá
que ele se alegre com Deus. Assim sendo, hesitando entre ambos, ele perde a ambos;
e não tem lugar tanto em Deus quanto no mundo.
13. Será que os homens não vêem que ele não pode servir a ambos
consistentemente consigo mesmo? Que consistência mais evidente pode ser
concebida, do que a que deve continuamente aparecer em todo o comportamento,
daquele que está se esforçando para obedecer a ambos esses mestres, -- empenhando-
se para 'servir a Deus e mammon?'. Ele é, na verdade, 'um pecador que segue dois
caminhos'; dando um passo adiante, e um outro para trás. Ele está continuamente
construindo com uma mão, e colocando abaixo com a outra. Ele ama e odeia o
pecado: Ele está sempre buscando, e, ainda assim, sempre fugindo de Deus. Ele
poderia e não poderia. Ele não é o mesmo homem, um dia inteiro; não, nem por uma
hora consecutiva. Ele é uma mistura heterogênea de tuas espécies de contrariedades;
um amontoado de contradições misturadas desordenadamente em um. Ó seja
consistente consigo mesmo; ou um caminho, ou o outro! Vire para a direita, ou para
a esquerda. Se mammon for seu deus, sirva a ele; se o Senhor o for, então sirva ao
Senhor. Mas nunca pense em servir um e outro, afinal, exceto de todo o seu coração.
14. Será que cada homem razoável, racional, não vê que ele não pode
possivelmente servir a Deus e a mammon? Porque existe a mais absoluta
contrariedade; a mais irreconciliável animosidade entre eles. A contrariedade entre as
coisas mais opostas na terra; entre fogo e água; escuridão e luz; desfazendo-se em
nada, quando comparadas com a contrariedade entre Deus e mammon. Assim sendo,
no que quer que sirva a um, você necessariamente renuncia ao outro.
Você acredita em Deus, através de Cristo? Você confia Nele como sua força;
sua ajuda; seu escudo; e sua grande recompensa? Como sua felicidade? Sua finalidade
em tudo, acima de todas as coisas? Então, você não pode confiar nas riquezas. É
absolutamente impossível que você possa, por quanto tempo você tenha fé em Deus.
Confia assim nas riquezas? Então, você tem negado a fé. Você não confia no Deus
vivo. Você ama a Deus? Você busca e encontra felicidade Nele? Então, você não pode
amar o mundo; nem as coisas do mundo. Você está crucificado para o mundo, e o
mundo crucificado para você.
Você ama o mundo? As suas afeições estão fixadas nas coisas abaixo? Você
busca felicidade nas coisas terrenas? Então, é impossível que você possa amar a Deus.
Então, o amor do Pai não está em você. Você se assemelha a Deus? Você é
misericordioso como o Pai é misericordioso? Você está transformado, através da
renovação de sua mente, na imagem Dele que o criou? Então, você não pode estar em
conformidade com o mundo presente. Você tem renunciado a todas essas afeições e
luxúrias.
Você está de acordo com o mundo? A sua alma ainda carrega a imagem
terrestre? Você obedece a Deus? Você é zeloso para fazer Sua vontade na terra, como
os anjos fazem no céu? Então, é impossível que você possa obedecer a mammon.
Você coloca o mundo em desafio declarado. Você coloca seus costumes e máximas
debaixo de seus pés, não segue, e nem é conduzido por eles. Você segue o mundo?
Você vive como os outros homens? Você agrada a homens? Você agrada a si mesmo?
Então, você não pode ser um servo de Deus. Você é um servo de seu mestre e pai, o
diabo.
15. Portanto, 'você deve adorar o Senhor seu Deus; e a Ele apenas servir'.
Deve colocar de lado todos os pensamentos de obedecer a dois mestres; de servir a
Deus e a mammon. Não deve propor a si mesmo, resultado, ajuda, felicidade, a não
ser Deus. Não deve buscar coisa alguma na terra, ou no céu, a não ser ele: Não deve
almejar coisa alguma, a não ser conhecer, amar e deleitar-se Nele. E porque este é
todo o seu trabalho abaixo; a única visão que você pode razoavelmente ter; o único
objetivo que você deve perseguir em todas as coisas, -- 'Por isso vos digo': (como
nosso Senhor continua seu discurso) 'Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo
que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo
que haveis de vestir':-- Uma direção profunda e convincente, que nos importa
considerar e entender completamente bem.
16. Nosso Senhor, não requer aqui que possamos estar completamente sem
propósito, mesmo no tocante ao que concerne a esta vida. Um temperamento leviano,
descuidado, está bem distante de toda a religião de Jesus Cristo. Nem Ele requer que
sejamos 'indolentes no trabalho'; sejamos negligentes e dilatórios nisso. Isto,
igualmente, é contrário a todo espírito e caráter de Sua religião. Um cristão abomina
preguiça, assim como bebedeira; e foge da inatividade, assim como ele faz do
adultério. Ele conhece bem que existe uma espécie de pensamento e cuidado com que
Deus está bem agradado; que é absolutamente necessário para a devida execução
dessas obras exteriores, junto as quais a providência de Deus o tem chamado.
É a vontade de Deus, que cada homem possa trabalhar para comer seu próprio
pão; sim, e que cada homem possa prover para si mesmo; e para aqueles de sua
própria casa. É igualmente Sua vontade que 'não devamos a homem algum, mas que
providenciemos as coisas, honestas aos olhos de todos os homens'. Mas isto não pode
ser feito, sem tomar algumas considerações; sem ter algum cuidado sobre nossas
mentes; sim, e freqüentemente, não, sem uma reflexão longa e séria; não, sem muito
cuidado, e cuidado sincero. Conseqüentemente, essa preocupação, para prover para
nós mesmos, e para os de nossa casa; essa preocupação, em como restituir o que
devemos a eles, nosso abençoado Senhor não condena. Sim, isto é bom e aceitável aos
olhos de Deus, nosso Salvador.
'E por que se preocuparem com o vestuário?'. Vocês já não têm uma
reprovação, para onde quer, que vocês virem seus olhos? 'Olhem para os lírios do
campo, como crescem; não trabalham nem fiam; contudo eu lhes digo que nem
mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. Pois, se Deus assim
veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno', (que é cortada,
queimada e não mais vista) 'quanto mais não vai vestir a vocês, homens de pouca fé?'.
Vocês, aos quais Ele fez para que vivessem para sempre; para serem os retratos de sua
própria eternidade! Vocês são, de fato, de pouca fé; do contrário, não poderiam
duvidar de seu amor e cuidado; não; nem por um momento.
19. 'Portanto, não se preocupem, dizendo: Que havemos de comer', se nós não
ajuntamos tesouros na terra? 'Que havemos de beber', se nós servimos a Deus com
toda nossa força; se nossos olhos estão unicamente fixados Nele? 'Com que nos
havemos de vestir', se nós não estamos em conformidade com o mundo; se nós não
obedecemos aqueles, através dos quais poderíamos ter proveito? 'Pois a todas estas
coisas os gentios procuram', -- os ateus que não conhecem a Deus. Mas vocês estão
conscientes de que 'seu Pai celestial sabe que vocês têm necessidade de todas essas
coisas'. E Ele tem apontado um caminho infalível de vocês estarem constantemente
sendo supridos nisto: 'Busquem, primeiro o Seu reino, e a Sua justiça, e todas estas
coisas lhes serão acrescentadas'.
20. 'Busquem, primeiro o reino de Deus': -- Antes de dar lugar a alguma outra
preocupação ou cuidado, que seja sua única preocupação que o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo (que 'deu Seu único Filho Unigênito', para que, todo que nele
crer, 'não pereça, mas tenha a vida terna') possa reinar em seus corações; possa
manifestar a si mesmo em suas almas; e habitar, e lá comandar; que Ele possa 'atirar
ao chão toda coisa imponente que exalta a si mesma contra o conhecimento de Deus,
e traga cativo todo pensamento de obediência a Cristo'. Que Deus tenha o único
domínio sobre vocês: Deixem-no reinar sem rival: Deixem que Ele possua todo o
coração de vocês, e os comande sozinho. Que Ele seja o único desejo de vocês; a
alegria, o amor; de modo que tudo que está em você possa continuamente clamar: 'O
Senhor Deus Onipotente reina'.
'Sua retidão'. – Isto é toda sua retidão ainda: É o seu próprio dom, livre para
nós, por amor a Jesus Cristo, o justo, através de quem unicamente é conseguida para
nós. E é sua obra; é Ele apenas que opera isto em nós, através da inspiração do
Espírito Santo.
21. Talvez, observar bem isto, possa dar uma luz para algumas outras
Escrituras, que nós não temos entendido sempre tão claramente. Paulo, falando em
sua Epístola aos Romanos, concernente aos descrentes judeus, disse: 'Eles, sendo
ignorantes da retidão de Deus, e pretendendo estabelecer sua própria retidão, não
têm se submetido à retidão Dele. Eu acredito que isto possa ser o único sentido das
palavras: Eles eram 'ignorantes da retidão de Deus'; não apenas da retidão de Cristo,
imputada a cada crente, por meio da qual, todos os seus pecados são apagados, e ele é
reconciliado para o favor de Deus: Mas (o que parece aqui ser mais imediatamente
entendido) eles eram ignorantes daquela retidão interior; daquela santidade de
coração, que é, com a mais extrema propriedade, denominada retidão de Deus; como
sendo seus dons livres, através de Cristo; e sua própria obra, por meio de seu Todo-
Poderoso Espírito. E, porque eles eram 'ignorantes' disso, eles 'empreenderam
estabelecer sua própria retidão'. Eles trabalharam para estabelecer aquela retidão
exterior que poderia muito propriamente ser denominada sua própria. Já que ela nunca
foi forjada pelo Espírito de Deus, nem pertenceu ou foi aceita por Ele. Eles teriam
operado isto, eles mesmos, através da própria força natural; e, quando o fizeram, foi
um fedor para suas narinas. Ainda assim, confiando nisso, eles 'não se submeteram à
retidão de Deus'. Sim; eles se endureceram contra aquela fé, por meio da qual apenas,
é possível ater-se a ela. 'Porque Cristo é a finalidade da lei, para a retidão de todo
que crê'. Cristo, quando disse, 'Está terminado!', colocou um fim àquela lei, -- à lei
dos ritos e cerimônias externas, que ele poderia trazer para uma melhor retidão,
através de seu sangue; através daquela única oblação de si mesmo, uma vez oferecida,
até mesmo a imagem de Deus, no mais íntimo da alma de cada um que crê.
23. 'Busquem, primeiro' este 'reino de Deus', em seus corações; esta retidão,
que é o dom e obra de Deus; a imagem de Deus renovada em suas almas; 'e todas
essas coisas devem ser acrescidas a vocês'; todas as coisas necessárias para o corpo;
tal a medida de tudo como Deus vê, a maioria para a promoção de seu reino. Essas
serão acrescentadas, -- elas serão acrescentadas, além. Em buscar a paz e o amor de
Deus, vocês não apenas encontrarão o que vocês mais imediatamente procuram,
mesmo o reino que não pode ser movido; mas também o que vocês não buscam, --
não, afinal, por causa dele, mas apenas em referência ao outro. Vocês encontrarão em
seu caminho para o reino, todas as coisas exteriores, tanto quanto elas sejam
convenientes para vocês. Esse cuidado Deus tem tomado sobre si mesmo: Joguem
sobre Ele todas as suas preocupações. Ele conhece suas necessidades; e o que quer
que esteja faltando, Ele não falhará em suprir.
24. 'Portanto, não se preocupem com o amanhã'. Não apenas não tenham
preocupação em como ajuntarem tesouros na terra; como fazerem aumentar os bens
materiais; não se preocupem, em como procurarem mais alimento do que aquele que
vocês podem comer; ou mais vestuário do que podem vestir; ou mais dinheiro do que
o dia a dia de uma vida simples e com propósitos razoáveis pode requerer; -- nem
tenham um pensamento inquietante, mesmo no que concerne àquelas coisas que são
absolutamente necessárias para o corpo. Não aflijam a si mesmos agora, com o que
deverão fazer numa época ainda distante. Talvez, aquela época nunca chegue; ou não
dirá mais respeito a vocês; -- antes, então, vocês terão passado por todas as ondas, e
terão embarcado na eternidade. Todas essas visões distantes não pertencem a vocês;
vocês são criaturas do dia a dia. Mais ainda, o que vocês poderão fazer pelo amanhã,
mais estritamente falando? Por que causarem confusão a si mesmos, sem
necessidade? Deus providencia para vocês hoje o que é necessário para sustentarem a
vida que Ele tem dado a vocês. É o suficiente. Entreguem-se nas mãos deles. Se vocês
forem viver mais um dia, Ele providenciará para este também.
25. Acima de tudo, não tenham preocupação com coisas futuras, com a
pretensão de negligenciarem o dever presente. Este é o caminho mais fatal de 'se
preocupar com o amanhã'. E quão comum é isto entre os homens! Muitos, se nós os
exortamos a manterem a consciência isenta de ofensa; para absterem-se daquilo que
estamos convencidos seja mal, não têm escrúpulos em replicar: 'Como, então,
devemos viver? Nós não devemos nos preocupar conosco mesmos e com nossas
famílias?'. E isto eles imaginam ser razão suficiente para continuarem em pecado
conhecido e terrível. Eles dizem, e talvez pensem, que poderiam servir a Deus agora,
não fossem eles, mais tarde, perder seu alimento. Eles se preparariam para a
eternidade; mas estão temerosos pela falta do que é necessário para a vida. Assim,
eles servem o diabo, por causa de um pedacinho de pão; eles se apressam para o
inferno, por medo da necessidade; eles atiram fora suas pobres almas, a fim de que
eles não possam, algum tempo ou outro, não alcançar o que é necessário para seus
corpos!
Não é estranho que eles que lidam com o assunto, fora das mãos de Deus,
possam estar tão freqüentemente desapontados das mesmas coisas que eles buscam;
que, enquanto eles atiram fora o céu, para assegurar as coisas da terra, eles perdem
uma, mas não ganham a outra? O zeloso Deus, no sábio curso de sua providência,
freqüentemente permite isto. De maneira que, estes que não colocam suas
preocupações em Deus; que têm aflições por coisas temporais, têm pouco interesse
pelas coisas eternas; perdem a mesma porção que eles têm escolhido. Existe uma
influência maléfica visível, em todas as suas incumbências; o que quer que eles
façam, não prospera; de tal maneira que, depois de terem preterido Deus ao mundo,
eles perdem o que eles buscaram, tanto quanto o que eles não buscaram: Eles não
alcançam o reino de Deus, e sua retidão; nem ainda as outras coisas são acrescentadas
a eles.
26. Existe uma outra maneira de 'nos preocuparmos com o amanhã', que é
igualmente proibido nessas palavras. É possível preocuparmo-nos de modo errado,
mesmo com respeito às coisas espirituais; sermos tão cuidadosos a respeito do que
pode acontecer mais tarde, a ponto de negligenciarmos o que é requerido agora de
nossas mãos. Quão insensivelmente nós deslizamos nisto, se não estamos
continuamente vigiando com oração! Quão facilmente somos levados, em uma
espécie de sonho acordado, projetando cenas remotas, e desenhando cenários
aprazíveis em nossa própria imaginação! E nós pensamos, no que iremos fazer,
quando estivermos em tal lugar, ou quando tal tempo chegar! Quão útil seria; quão
produtivo nas boas obras, quando nós estivermos mais facilmente nessas nossas
condições. Quão sinceramente serviremos a Deus, quando tal obstáculo estiver fora do
caminho!
Ou, talvez, vocês estejam agora na opressão da alma: Deus, como aconteceu,
esconde sua face de vocês. Vocês vêem pouco da luz de seu semblante: vocês não
podem testar seu amor redentor. Em tal temperamento de mente, quão natural é dizer:
'Ó como eu irei louvar a Deus, quando a luz de seu semblante tiver novamente se
erguido na minha alma! Como eu irei exortar outros a louvá-lo, quando seu amor
estiver novamente espalhado em meu coração! Então, eu irei fazer assim e assim: eu
irei falar para Deus em todos os lugares: Eu não irei me envergonhar do Evangelho
de Cristo. Eu irei redimir o tempo: e usar o mais aprimorado talento que eu tenho
recebido'. Não acreditem em si mesmos. Vocês não irão fazer isto, então, a menos que
o façam agora.
'Aquele que é fiel no pouco', de qualquer espécie que seja, se for bens
materiais, ou o temor, ou amor de Deus, 'será fiel naquilo que é muito'. Mas se vocês
agora escondem um talento na terra, vocês irão esconder, então, cinco: Ou seja, se
eles alguma vez forem dados; mas existe uma pequena razão para esperar que eles
sempre serão. De fato, 'junto a ele que tem', ou seja, que usa o que tem, 'será dado, e
ele terá mais abundantemente. Mas aquele que não tem', ou seja, que não usa da
graça que ele já tem recebido, que, menor ou maior grau, 'será tomado mesmo o que
ele tem'. (Lucas 8:18).
Agora são vocês que estão sobre a terra. 'Regozijem-se', ó jovens, nos dias de
sua juventude! Desfrutem muito, muito agora, alegrando-se com Ele, 'cujos dias não
acabam'. Permitam que seus olhos estejam singularmente fixos Nele, 'que não é
inconstante, nem demonstra a menor mudança!'. Agora dêem a Ele os seus corações;
permaneçam Nele? Sejam santos, como Ele é santo. Abracem a oportunidade
abençoada de fazer a Sua vontade aceitável e perfeita. Regozijem-se 'para suportarem
a perda de todas as coisas', assim, vocês poderão 'ganhar a Cristo'.
29. Felizes, por suportarem hoje, por amor a Seu nome, o que quer que Ele
permita que venha, neste dia, sobre vocês. Mas não se preocupem com o amanhã. 'É
suficiente a cada dia o seu mal'. O mal é, falando da maneira dos homens, a
reprovação, a necessidade, a dor ou enfermidade; mas na linguagem de Deus, tudo é
bênção: É o precioso bálsamo preparado pela sabedoria de Deus, e distribuído,
diferentemente, entre seus filhos, de acordo com as várias enfermidades de suas
almas. E Ele dá, em um dia, o suficiente para aquele dia; proporcionado à necessidade
e força do paciente. Se, por conseguinte, vocês quiserem hoje, o que pertence ao
amanhã; se vocês acrescentarem isso ao que já é dado a vocês, isto será muito mais do
que poderão suportar: Este é o caminho não para a cura, mas para a destruição de suas
próprias almas. Tomem, portanto, a medida exata do que Ele deu a vocês, hoje. Hoje,
façam e suportem o que é da vontade Dele! Hoje, entreguem-se; seus corpos, almas e
espírito, a Deus, através de Jesus Cristo; desejando nada mais, a não ser que Deus
possa ser glorificado em tudo que vocês são; em tudo que vocês fazem; em tudo que
suportam; não buscando coisa alguma, a não ser conhecer a Deus, e ao Seu Filho,
Jesus Cristo, através do Espírito eterno; nada almejando, a não ser amar a Ele, servi-
lo, e alegrar-se Nele nessa hora, e para toda a eternidade!
Agora, junto 'a Deus, o Pai, que fez a mim e a todo o mundo'; junto a 'Deus,
o Filho, que tem me redimido e a toda a humanidade' junto 'a Deus, o Espírito Santo,
que santificou a mim e a todo o povo eleito de Deus'; seja a honra e louvor;
majestade e domínio, para sempre e sempre! Amém!
.
[Editado por Joel Nye, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com
correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
Sobre Sermão do Monte – Parte X
John Wesley
Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes, vós sereis
julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que tu
reparas no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?
Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do
teu irmão. Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro
do olho do teu irmão. Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas
pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.
Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede,
recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á. E qual de entre vós é o
homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? - E, pedindo-lhe peixe, lhe
dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos,
quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? Portanto, tudo o
que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lo também vós, porque esta é a lei e os
profetas.
(Mateus 7:1-12)
6. Ainda assim, não parece que nosso Senhor designou essa advertência
apenas, ou principalmente para os filhos de Deus; mas, preferivelmente, para os filhos
do mundo – para os homens que não conhecem a Deus. Esses não podem deixar de
ouvir desses que não são do mundo; que seguem em busca da religião acima descrita;
que se esforçam para serem humildes, sérios, gentis, misericordiosos, e puros de
coração; que sinceramente desejam tais medidas daqueles temperamentos santos,
quando eles não obtiveram, e esperam por eles, fazendo todo o bem a todos os
homens, pacientemente suportando o mal. Quem quer que vá, assim tão longe, não
pode ser oculto – não mais do que 'uma cidade encima de uma colina'. E por que não
aqueles que 'vêem' suas 'boas obras glorificarem seu Pai que está no céu?'. Que
desculpa, eles têm para não trilharem seus passos? — para não imitarem o exemplo
deles, e serem seus seguidores, como eles também são seguidores de Cristo? Por que,
com o objetivo de providenciarem uma desculpa para si mesmos, eles condenam
aqueles a quem eles deveriam imitar? Eles passam seu tempo, em se certificarem das
faltas de seu próximo, em vez de emendarem as suas próprias. Eles estão tão
ocupados a respeito dos outros saírem de seus caminhos, que eles mesmos nunca
entraram nele, afinal; pelo menos, nunca avançaram; nunca seguiram além da pobre
forma morta de santidade sem poder.
7. É, mais especialmente, para esses, que nosso Senhor diz: 'E por que tu
reparas no argueiro que está no olho do teu irmão', -- as enfermidades, os enganos, a
imprudência, a fraqueza dos filhos de Deus; -- 'e não vês a trave que está no teu
olho?'. Tu não ponderaste a condenável obstinação no erro; o orgulho satânico; a
execrável vontade própria; o amor idólatra ao mundo, que estão em ti mesmo, e que
fazem com que toda a sua vida seja uma abominação para o Senhor. Acima de tudo,
com que indolente negligência e indiferença tu estás dançando sobre a boca do
inferno! E 'como, então', com que graça, com que decência e modéstia, 'tu irás dizer
ao teu irmão, deixa-me tirar o argueiro de teu olho'; -- o excesso de zelo; a abnegação
extrema; o imenso desembaraço das preocupações e empreendimentos mundanos; o
desejo de estar, dia e noite, em oração; ou ouvir as palavras da vida eterna? –
'Observa a trave que está em teu próprio olho!'. Não um cisco, como um
desses. 'Tu, hipócrita!', que pretendes cuidar dos outros, e não tens cuidado com tua
própria alma; que mostras um zelo pela causa de Deus, quando, na verdade, tu nem
amas, nem temes a Ele! 'Primeiro, tira a trave de teu próprio olho': Joga fora a trave
da impenitência! Conhece a ti mesmo! Vê e sente que tu mesmo és um pecador! Sente
que teu interior é muito perverso; tu és completamente corrupto e abominável; e que a
ira de Deus habita sobre ti! Atira fora a trave do orgulho; abomina a ti mesmo; afunde
como na poeira e cinzas; sejas cada vez menor, e insignificante, e comum, e vil aos
teus próprios olhos! Tira a trave da vontade própria! Aprende o que significa, 'se
algum homem quiser me seguir, que ele renuncie a si mesmo'. Nega a ti mesmo, e
tome tua cruz diária. Deixa que toda tua alma clame: 'Eu vim do céu', -- porque assim
tu vieste; teu espírito imortal, se tu o conheces ou não, -- 'não para fazer minha
própria vontade, mas a vontade Dele que me enviou'.
Atira fora a trave do amor ao mundo! Não ama o mundo, nem as coisas do
mundo. Sê tu crucificado para o mundo, e o mundo crucificado para ti. Usa o mundo
apenas para agradar a Deus. Busca toda tua felicidade Nele! Acima de tudo, atira fora
a maior trave: o descuido e a indiferença, indolentes! Considera profundamente, que
'uma coisa é necessária'; a única coisa que tu tens dificilmente pensado a respeito:
Sabe e sente que tu és um miserável ser humano, pobre vil e culpado, tremendo sobre
o grande abismo! O que tu és? Um pecador nascido para morrer; uma folha levada
pelo vento; um vapor pronto a desaparecer; apenas surgindo, e, então, movimentando-
se depressa no ar, para não mais ser visto! Vê isto! E, assim, tu deverás ver
claramente, para lançar fora o cisco do olho de teu irmão'. Então, se tiveres tempo
livre das preocupações de tua própria alma, tu saberás como corrigir teu irmão
também.
10. Mas nós não podemos apenas cair no pecado de julgamento, por
condenarmos o inocente; mas também, em Segundo Lugar, por condenarmos o
culpado, além do que ele merece. Esta forma de julgamento é igualmente uma ofensa
contra a justiça, assim como a misericórdia; e ainda, tal ofensa, quando nada mais
pode, nos assegura, a não ser da mais forte e terna afeição. Sem isto, nós rapidamente
suporíamos que alguém, reconhecidamente em falta, seja mais culpado do que ele
realmente é. Nós subestimaríamos qualquer bem que fosse encontrado nele. Mais
ainda, nós não seríamos facilmente induzidos a acreditar que alguma coisa boa pode
permanecer nele, em quem nós teríamos encontrado nada que fosse mal.
11. Tudo isso mostra a manifesta necessidade daquele amor que não pensa
mal; que nunca esboça uma conclusão injusta ou indelicada, quaisquer que sejam as
premissas. O amor nunca irá inferir da queda de alguém, uma vez encontrado numa
atitude de pecado declarado, o qual está acostumado a praticar, que ele já é culpado: E
se ele foi culpado uma vez, o amor não conclui que ele ainda seja, muito menos, que
se ele é agora culpado disso, por conseguinte, deve ser culpado de outros pecados
também. Essas conclusões maldosas pertencem àquele julgamento pecaminoso, do
qual nosso Senhor nos alerta contra; e do qual nós estamos altamente preocupados a
evitar, se nós amamos a Deus ou nossas próprias almas.
12. Mas, supondo que nós não condenamos o inocente, nem o culpado, mais
além do que ele merece; ainda assim, nós não podemos estar completamente fora da
armadilha: Porque existe, em Terceiro Lugar, uma forma de pecado de julgamento,
que é o condenar alguma pessoa, onde não existe evidência suficiente, afinal. E
mesmo que os fatos que supomos sejam verdadeiros; ainda assim, isto não nos
absolve. Porque eles não deveriam ter sido supostos, mas provados; e ainda que
fossem, nós não deveríamos ter formado julgamento; -- eu digo, ainda que fossem;
nós não poderíamos ser desculpados; mesmo que os fatos admitissem sempre provas
tão fortes; a menos que aquelas provas tivessem sido produzidas, antes que
executássemos a sentença, e comparadas com a evidência de outro lado. Nem
poderíamos ser desculpados, se alguma vez, nós executamos a sentença completa,
antes que o acusado tenha falado por si mesmo. Mesmo um judeu poderia nos ensinar
isto, como uma mera lição de justiça abstraída do amor misericordioso e fraternal.
'Não julgue', diz Nicodemos, 'porventura condena a nossa lei um homem sem
primeiro o ouvir e ter conhecimento do que faz?' (João 7:51). Sim, um pagão poderia
responder, quando o chefe da nação judaica desejou julgar seu prisioneiro: 'Não é a
maneira dos romanos' julgar 'homem algum, antes que o acusado esteja face a face
com seus acusadores, e tenha permissão de responder por si mesmo, concernente ao
crime que lhe é imputado'.
14. Mas quão raramente nós poderíamos condenar ou julgar um outro, pelo
menos, quão logo poderia aquele mal ser remediado, se nós caminhássemos através
daquela regra clara e expressa que o próprio nosso Senhor nos ensinou! – 'Se teu
irmão cometer falta contra ti', ou, se tu ouvires, ou acreditares que ele o fez, 'vai e
dize a ele da sua falta, entre ele e ti somente'. Este é o primeiro passo que deves
tomar. 'Mas se ele não ouvir, toma contigo um ou dois mais, para que na boca de
duas ou três testemunhas, toda palavra possa ser estabelecida'. Este é o segundo
passo. 'Se ele negligenciar ouvi-los, diga-o à igreja', tanto ao inspetor nela, ou à
congregação toda. Tu terás, então, feito a tua parte. Assim sendo, não te preocupes
mais, mas recomenda tudo a Deus.
15. Mas supondo que tu tenhas, pela graça de Deus, 'tirado a trave de teu
próprio olho', e agora 'podes ver claramente o cisco ou a trave que está no olho de
teu irmão', cuida de não causares dano a ti mesmo, por esforçar-te para ajudá-lo.
Ainda assim, 'não dá o que é santo aos cães'. Não tenha a mais leve preocupação que
alguém possa ser dessa forma; mas, se evidentemente parecer que ele mereça o título,
então, 'não atira pérolas aos porcos'. Toma cuidado quanto aquele zelo que não está
de acordo com o conhecimento. Porque este é um outro grande obstáculo no caminho
daqueles que poderiam 'ser perfeitos, como o Pai celestial é perfeito'. Eles que
desejam isto, não podem deixar de desejar que toda humanidade possa fazer parte da
bênção comum. E, quando nós mesmos, primeiro participarmos do dom celestial, da
'evidência divina das coisas que não são vistas', nós nos admiraremos que toda a
humanidade não veja as coisas que nós vemos tão claramente; e não teremos dúvida,
afinal, de que devemos abrir os olhos de todos aqueles com os quais temos intercurso.
16. 'Não dêem o que é santo aos cães'. Acautelem-se para não pensarem que
alguém mereça essa apelação, até que haja prova completa e incontestável, tal como
vocês não poderão resistir muito tempo. Mas, quando for provado, claramente e
indiscutivelmente, que eles são homens impuros e pecaminosos, não apenas estranhos,
mas inimigos de Deus, e de toda retidão e santidade verdadeira; 'não dêem o que é
santo', -- 'as coisas santas' – enfaticamente, assim chamadas – a esses. As doutrinas
santas e peculiares do Evangelho – tais que estiveram 'ocultas nas épocas e gerações'
dos antigos, e agora se tornaram conhecidas a nós, através da revelação de Jesus
Cristo, e a inspiração de seu Espírito Santo. Não que os embaixadores de Cristo
possam refrear de declará-las na grande congregação, onde alguns desses
provavelmente estejam; nós devemos falar, quer os homens vão ouvir, ou quer eles
reprimam; mas este não é o caso com os cristãos privados. Eles não suportam esse
terrível caráter; nem estão debaixo da obrigação de forçar essas grandes e gloriosas
verdades neles, que as contradizem e blasfemam; que tem a inimizade enraizada
contra elas. Mais ainda, eles não devem proceder assim, mas preferivelmente conduzi-
los, na medida em que eles sejam capazes de suportar. Não comecem um discurso
sobre remissão dos pecados e o dom do Espírito Santo; mas falem com eles da
maneira própria deles, e de acordo com seus próprios princípios. Com o racional,
honorável, e injusto epicurista, a razão 'da retidão, temperança e julgamento a vir'.
Este é o caminho mais provável de fazerem Felix tremer. Reservem os seus assuntos
mais importantes para homens de grande entendimento.
17. 'Nem atirem pérolas aos porcos'. Mas relutem muito em fazer esse
julgamento a algum homem. Porém, se de fato for claro e inegável; claro, além de
toda controvérsia; se os "suínos" não se esforçarem, para dissimularem a si mesmos,
antes, glorificam-se em suas vergonhas, não tendo pretensão de purificar tanto o
coração quanto a vida, mas executam toda sujeira com ganância; então, 'não atirem'
suas pérolas diante deles. Não falem sobre os mistérios do reino; sobre as coisas que
os olhos não vêem; nem os ouvidos ouvem; o que, em conseqüência de eles não terem
outros meios de conhecimento, nenhum dos sentidos espirituais, não pode entrar em
seus corações conceberem. Não digam a eles 'das promessas excessivamente grandes
e preciosas', que Deus nos tem dado, no Filho de seu amor.
Que concepção, aqueles que nem mesmo desejam escapar da corrupção que
está no mundo, através da luxúria, podem ter de serem feitos parceiros da natureza
divina? Tanto quanto o conhecimento que os suínos têm das pérolas; tanto quanto o
prazer que têm por elas; assim eles serão quanto às coisas profundas de Deus; ao que
conhecem dos mistérios do Evangelho; imersos que estão, na mira desse mundo; nos
prazeres, desejos e cuidados terrenos. Ó, não atirem pérolas diante desses, 'para que
não as pisem!' – a fim de que eles não desprezem extremamente o que eles não podem
entender, e falem mal das coisas que eles não conhecem. Mais ainda, é provável que
esta não seja a única inconveniência que poderia se seguir. Não seria estranho se eles,
de acordo com a sua natureza, 'se virassem contra vocês, e os despedaçassem'; se eles
retribuíssem o bem com o mal; praguejando e blasfemando; e a boa vontade com o
ódio. Tal é a inimizade da mente carnal contra Deus e todas as coisas de Deus. Tal é o
tratamento que vocês devem esperar desses, se vocês oferecerem a eles uma
imperdoável afronta de esforço para salvar suas almas da morte; para tirá-los, como se
fossem carvões, do fogo.
Por conseguinte, agora, pelo menos, 'peçam, e lhes será dado'. Peçam, que
vocês poderão experimentar completamente, e perfeitamente, a prática de toda aquela
religião que nosso Senhor tem aqui tão maravilhosamente descrito. E vocês deverão
ser santos, como Ele é santo, no coração, e em tudo que falarem. Busquem, no
caminho que ele ordenou; estudando as Escrituras; ouvindo Sua Palavra; meditando
nela; jejuando; partilhando da Ceia do Senhor, e, certamente, encontrarão: Vocês
encontrarão está pérola de grande valor; aquela fé que supera o mundo; aquela paz
que o mundo não pode dar; aquele amor que é a garantia da herança de vocês. Batam;
continuem em oração, e em todo o outro caminho do Senhor: Não sejam enfadonhos e
fracos em suas mentes. Prossigam até a marca do verdadeiro cristão: não rejeitem: não
deixem que Ele se vá, antes que Ele os abençoe. E as portas da misericórdia, da
santidade, dos céus possam estar abertas a vocês
20. Para eliminar toda pretensão à descrença, nosso abençoado Senhor ilustra,
nos seguintes versos, ainda mais além do que Ele disse, através de um apelo quanto ao
que se passa em nossos próprios sentimentos. 'Que homem', diz ele, 'existe entre
vocês, que, se seu filho pedir pão, lhe dará uma pedra?'. Será que mesmo a afeição
natural irá permitir que vocês recusem um pedido razoável de alguém que vocês
amam? 'Ou se ele pedir um peixe, lhe dará uma serpente?'. Vocês irão dar a ele algo
nocivo, em vez de proveitoso? De modo que, mesmo daquilo que vocês sentem e
vocês mesmos fazem, vocês possam receber a mais completa segurança, de que, por
um lado, nenhum mau propósito pode possivelmente atender seu pedido; e, por outro,
que ele será atendido com aquele bom propósito; um completo suprimento de todas as
suas necessidades. Porque 'se vocês que são maus, sabem dar o que é bom para seus
filhos, quanto mais seu Pai que está no céu', que é puro, e essencialmente bom, 'dará
boas coisas àqueles que pedirem a Ele!'. Ou, (como Ele expressa isto em outra
ocasião), 'dar o Espírito Santo àqueles que pedem a Ele?'. Nele estão incluídas todas
as boas coisas; toda a sabedoria, paz, alegria, amor; todos os tesouros da santidade e
felicidade; tudo que Deus tem preparado para aqueles que o amam.
21. Mas para que sua oração possa ter seu valor completo para com Deus, veja
que vocês sejam misericordiosos com todos os homens; porque, do contrário, será
mais igualmente como trazer uma maldição, do que uma bênção sobre suas cabeças;
nem vocês poderão esperar receber alguma bênção de Deus, enquanto vocês não
tiverem misericórdia em direção ao seu próximo. Portanto, permitam que esse
obstáculo seja removido sem demora. Confirmem seu amor para com o outro, e para
com todos os homens. E os amem, não apenas na palavra, mas na ação e na verdade.
'Por conseguinte, em todas as coisas,o que quer que vocês queiram que os homens
façam a vocês, façam o mesmo a eles; porque esta é a lei e os profetas'.
22. Esta é aquela lei real, a regra de ouro da misericórdia, assim como da
justiça, que, mesmo o Imperador pagão fez com que fosse escrita sobre os portões de
seu palácio; uma regra que muitos acreditam estar naturalmente gravada na mente de
cada um que vem para o mundo. E, sendo assim, é certo que ela ordena a si mesma, a
toda consciência e entendimento do homem, tão logo seja ouvida; considerando que
nenhum homem pode sabidamente desobedecê-la, sem carregar sua condenação em
seu próprio peito.
23. 'Esta é a lei e os profetas'. O que quer que esteja escrito naquela lei que
Deus dos antigos revelou para a humanidade, e quaisquer que sejam os preceitos que
Deus tem dado, através de seus santos profetas, desde que o mundo começou, está
tudo resumido nessas poucas palavras; está contido nessa direção resumida. E isto,
corretamente entendido, condensa a totalidade daquela religião que nosso Senhor veio
estabelecer sobre a terra.
24. Ela pode ser entendida, tanto em um sentido positivo quanto negativo. Se
entendida em um sentido negativo, o significado é: 'o que quer que vocês não queiram
que os homens façam a vocês, não façam a eles também'. Aqui está uma regra clara;
sempre pronta à mão; sempre fácil de ser aplicada. Em todas as circunstâncias,
relacionadas ao seu próximo, façam das circunstâncias dele as suas próprias
circunstâncias. Supondo-se que as circunstâncias devam ser mudadas, e vocês
mesmos devam ser justos como ele é agora. Então, cuidem para que vocês não
favoreçam algum temperamento ou pensamento; para que nenhuma palavra saia de
seus lábios; para que vocês não dêem um passo que possa condená-los, diante de tais
mudanças de circunstâncias. Se entendido, em um sentido direto e positivo, o
significado claro é: 'o que quer que vocês possam razoavelmente desejar dele,
supondo-se que vocês mesmos estejam nessas circunstâncias, que façam, ao extremo
de seu poder, a todos os filhos do homem'.
25. Para aplicar isto, em um ou dois exemplos óbvios: Está claro à consciência
de todos os homens que nós não gostaríamos que os outros nos julgassem; que
pudessem, injusta ou levianamente, pensar mal de nós; muito menos gostaríamos que
alguém pudesse falar mal de nós - pudesse espalhar nossas faltas ou enfermidades
reais. Apliquem isto em si mesmos: Não façam ao outro, o que não gostariam que
fosse feito a vocês; e nunca mais irão julgar seu próximo; nunca, injustamente ou
levianamente, pensarão mal de alguém; muito menos falarão mal; vocês nunca irão
mencionar, até mesmo a falta real de uma pessoa ausente, a menos que vocês estejam
assim convencidos de que seja necessário para o bem de outras almas.
26. Novamente: Nós gostaríamos que todos os homens pudessem nos amar e
nos estimar; e se comportassem em direção a nós, de acordo com a justiça,
misericórdia e verdade. E nós podemos razoavelmente desejar que eles possam fazer a
nós todo o bem que eles puderem, sem afligirem a si mesmos. Agora, então, que
possamos caminhar pela mesma regra: que façamos a todos como gostaríamos que
eles nos fizessem. Que amemos e honremos todos os homens. Que a justiça,
misericórdia, e verdade governem nossas mentes e ações.
27. Esta é a moralidade pura e genuína. Façam isto, e viverão. 'E a todos
quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles', porque eles são
'o Israel de Deus'. (Gálatas 6:16). Que seja observado que ninguém pode caminhar
por esta regra (nem mesmo, desde a criação do mundo); ninguém pode amar seu
próximo como a si mesmo, a menos que primeiro ame a Deus; e ninguém pode amar a
Deus, a menos que acredite em Cristo; a menos que tenha redenção através de seu
sangue, e o Espírito de Deus testemunhe com seu espírito que ele é filho de Deus. Fé,
portanto, é a raiz de tudo; da salvação presente, assim como da futura. Ainda nós
podemos dizer a todos os pecadores: 'Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo'. Tu
poderás ser salvo agora, para que possas ser salvo para sempre; salvo na terra; para
que possas ser salvo no céu. Crê nele, e tua fé será operada pelo amor. Tu irás amar o
Senhor teu Deus, porque ele amou a ti: Tu irás amar teu próximo como a ti mesmo: E,
então, será tua glória e alegria, manifestar e aumentar esse amor; não meramente por
abster-te do que é contrário a isto, de todo pensamento indelicado, palavra e ação, mas
por mostrares toda esta delicadeza, para com todos os homens, da mesma forma que
tu gostarias que eles pudessem mostrar para contigo.
[Editado por Dekek e Beryl Johnson (pastor Metodista e esposa em Meadpark, UK,) com
correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
Sobre o Sermão do Monte – Parte XI
John Wesley
'Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz
à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e
apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem'.(Mateus 7:13-14)
1. Nosso Senhor, tendo nos alertado quanto aos perigos que facilmente nos
atacam, em nosso primeiro ingresso na religião; aos obstáculos que naturalmente
surgem nela; às maldades de nossos próprios corações; agora prossegue, para nos
avisar dos obstáculos de fora; particularmente, o mau exemplo e o mau conselho.
Através de um ou outro desses, milhares, que uma vez seguiram bem, retornaram para
a perdição; — sim, muitos desses que não eram noviços na religião, e que fizeram
algum progresso na retidão. A precaução Dele, portanto, contra esses ele impõe sobre
nós, com toda a gravidade possível, e repete isto, várias vezes, nas mais variadas
expressões, a fim de que não permitamos, por quaisquer que sejam os meios, que ela
passe desapercebida. Assim, Ele nos protege eficazmente contra a primeira: 'Entrem',
Ele diz, 'pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que
conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e
apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem': Para nos
assegurar da última, 'Tomem cuidado', diz Ele, 'com os falsos profetas'. Nós iremos,
no momento, considerar apenas a primeira.
2. 'Entrem', diz nosso abençoado Senhor, 'pela porta estreita; porque larga é a
porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por
ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há
que a encontrem':
III. Em Terceiro lugar, uma exortação séria fundamentada nisso: 'Entrem pelo
portão estreito'.
Nós nos denominados cristãos; sim, e estes da mais pura espécie: Nós somos
protestantes; cristãos reformados! Mas, ai de mim! Quem poderá continuar a reforma
de nossas opiniões, em nossos corações e vidas? Não existe um motivo? Porque quão
inumeráveis são nossos pecados; — e estes dos mais abjetos! Será que as mais
grotescas abominações, de toda a espécie, não abundam entre nós, dia a dia? Os
pecados, de toda a sorte, não cobrem a terra, como as águas cobrem o mar? Quem
poderá contá-los? Melhor contar as gotas da chuva, ou as areias do ancoradouro.
Então, 'largo é o portão', assim 'amplo é o caminho que conduz à destruição!'.
5. 'E muitos existem que entram', por aquele portão; muitos que caminham
naquele caminho; — quase tantos quanto entram para o portão da morte; os que
mergulham nas câmaras das sepulturas. Porque não pode ser negado, (embora nem
nós podemos conhecer isto, a não ser com a vergonha e tristeza do coração), que,
mesmo nestas que são chamadas de regiões cristãs, a generalidade de todas as idades e
sexo, de toda profissão e empreendimento; de todo nível e grau; alto e baixo; rico e
pobre, estão caminhando no caminho da destruição. A maior parte dos habitantes
dessa cidade, até esse dia, vive no pecado; em alguma transgressão palpável,
costumeira e conhecida da lei que eles professam observar; sim, em alguma
transgressão exterior; alguma espécie de descrença e iniqüidade grosseira e visível;
alguma violação declarada de suas obrigações; para com Deus ou homem. Esses,
então, ninguém pode negar, estão todos no caminho que conduz à destruição.
Acrescente a esses, aqueles que têm um nome que, de fato, eles vivem, mas
que nunca estiveram vivos para Deus; aqueles que exteriormente parecem justos para
os homens, mas que interiormente estão cheios de imundície; cheios de orgulho e
vaidade; de ira ou desejo de vingança; de ambição ou cobiça; amantes de si mesmos;
amantes do mundo; amantes do prazer mais do que amantes de Deus. Esses, na
verdade, podem ser altamente estimados por homens; mas eles são uma abominação
para o Senhor; e quão grandemente irão esses 'santos do mundo' aumentar o número
dos filhos do inferno!
Sim, acrescente a todos, o que quer que eles sejam na consideração de outros;
o que quer que eles tenham, mais ou menos, da forma da santidade; quem 'sendo
ignorantes da retidão de Deus, buscam estabelecer sua própria retidão', como
alicerce da reconciliação deles com Deus, e a aceitação Nele, e, em conseqüência, não
têm 'submetido a si mesmos à retidão que é de Deus', pela fé. Agora, junte todas essas
coisas, em uma só, quão horrível verdade é aquela afirmação de nosso Senhor: 'Largo
é o portão, e amplo o caminho que conduz à destruição, e muitos são os que entram
por ele!'.
6. Nem isto diz respeito apenas ao rebanho vulgar, — à parte pobre, e simples,
da humanidade. Homens de eminência no mundo; homens que têm muitos campos e
juntas de bóias, não desejam ser excluídos desses. Pelo contrário, 'muitos homens
sábios, segundo a carne', de acordo com os métodos humanos de julgamento; 'muito
consideráveis', no poder, na coragem, na riqueza; muitos 'nobres', são chamados;
chamados para o caminho amplo, através do mundo, da carne e do diabo; e eles não
são desobedientes daquele chamado. Sim, quanto mais alto se erguem em suas
fortunas e poder, mais profundamente eles mergulham na iniqüidade. Quanto mais
bênçãos receberam de Deus, mais pecados cometem; usando suas honras ou riquezas;
seu aprendizado ou sabedoria, não como meio de operarem sua salvação, mas, antes,
de distinguirem-se no vício, e assim assegurarem sua própria destruição!
II
5. Mas, enquanto tão poucos são encontrados no caminho da vida, e tantos são
encontrados, no caminho da destruição, existe um grande perigo de que a torrente de
exemplos possa nos arrastar com eles. Mesmo um simples exemplo, se ele estiver
sempre à nossa frente, está apto a causar muita impressão sobre nós; especialmente,
quando ele tem a natureza do seu lado; quando ele incorre em nossas próprias
inclinações. Quão grande, então, deve ser a força de tão numerosos exemplos,
continuamente diante de nossos olhos; e todos conspirando juntos com nossos
próprios corações, para nos levar para baixo da correnteza da natureza! Quão difícil
deve ser represar a maré, e nos mantermos 'incólumes no mundo'.
6. O que aumenta a dificuldade ainda mais, é que eles não são a parte rude e
insensível da humanidade, pelo menos, não esses somente, que nos apresentam o
exemplo, que enchem o caminho declinante, mas o polido; o bem educado; o sábio; os
homens que entendem o mundo; os homens de conhecimento; de aprendizado
profundo e diverso; o racional; o eloqüente! Esses são todos, ou quase todos, contra
nós. E como nós devemos nos colocar contra eles? As línguas deles não gotejam
maná; e eles não aprenderam todas as artes da sutil persuasão? — E de raciocínio
também; porque esses são versados em todas as controvérsias, e discussão oral.
Portanto, trata-se de uma pequena coisa, para eles, provarem que o caminho está
correto, porque é amplo; que ele que segue a multidão não pode fazer mal, mas apenas
aquele que não a segue; que o caminho de vocês deve estar errado, porque é estreito, e
porque existem poucos que o encontram. Esses irão tornar claro para uma
demonstração, que o mal é bom, e o bom é mal; que o caminho da santidade é o
caminho da destruição, e o caminho do mundo, o único caminho para o céu.
10. Acrescentem a estes, aqueles que não são homens nobres e honrados: Se
eles fossem, vocês poderiam tolerar suas loucuras. Eles são homens de nenhum
interesse, nenhuma autoridade, nenhuma consideração no mundo. Eles são simples e
comuns; inferiores na vida; e tal como não têm poder, não têm desejo de causar dano
a vocês. Portanto, não existe nada, afinal, que deva ser temido deles; e não existe
coisa alguma, afinal, para se esperar: Uma vez que a grande parte deles pode dizer:
'Prata e ouro eu não tenho'; pelo menos, uma quantia moderada. Mais ainda, alguns
deles dificilmente têm alimento, ou vestuário para colocar. Por essa razão, tanto
quanto porque seus caminhos não são iguais àqueles dos outros homens, falam mal
deles, em qualquer lugar; são menosprezados; eles têm seus nomes banidos como
prejudiciais; são variavelmente perseguidos; e tratados como a imundície e refugo do
mundo. De modo que, tanto os seus temores, as suas esperanças, e todos os seus
desejos (exceto aqueles que você têm imediatamente de Deus), sim, todas as suas
paixões naturais, continuamente inclinam você a retornar para o caminho largo.
III
1. Assim sendo, é que nosso Senhor tão sinceramente exorta: 'Entrem pelo
portão estreito'. Ou (como a mesma exortação está expressa em outra parte):
'Esforcem-se para entrar', — 'lutem, como em agonia': 'Porque muitos', diz nosso
Senhor, 'o buscarão, esforçando-se indolentemente, 'e não serão capazes'.
2. É verdade, que Ele anuncia o que pode ser considerada uma outra razão para
o fato de não serem capazes de entrar, nas palavras que imediatamente se seguem a
essas. Porque, depois de ter dito: 'Em verdade, eu lhes digo, que muitos buscarão
entrar, e não serão capazes'; Ele anexa: 'Quando o pai de família se levantar, e cerrar
a porta, e vocês começarem, de fora', — permanecer do lado de fora parece ser
apenas uma expletiva elegante [partícula, palavra ou frase desnecessária ao enunciado
estrito, mas que confere ênfase ou colorido à linguagem] — 'a bater à porta, dizendo:
Senhor, Senhor, abre-nos; e, respondendo Ele, lhes disser: Não sei de onde vocês são;
apartem-se de mim, vocês todos que praticam a iniqüidade. Ali haverá choro e ranger
de dentes' (Lucas 12:24-28).
3. Pode parecer, numa visão superficial dessas palavras, que a demora para
buscar, afinal, preferivelmente, à maneira deles buscarem, era a razão porque eles não
eram capazes de entrar. Mas isto é, em efeito, a mesma coisa. Eles eram, portanto,
ordenados a partir, porque eles tinham sido 'trabalhadores da iniqüidade'; porque eles
tinham caminhado na estrada larga; em outras palavras, porque eles não tinham se
afligido 'para entrarem pelo portão estreito'. Provavelmente, eles buscaram, antes que
a porta fosse fechada; mas não foi o suficiente: E eles se esforçaram, depois que a
porta foi fechada; mas, então, era tarde demais.
4. Portanto, se esforcem, nesse seu dia, 'para entrar pelo portão estreito'. E
com esse objetivo, coloquem, em seus corações; e permitam que predomine, em seus
pensamentos, que vocês estão no caminho largo; que vocês estão o caminho que
conduz à destruição. Se muitos vão com vocês, tão certo quanto Deus existe, eles,
assim como vocês, estão indo para o inferno! Se vocês estão caminhando como a
generalidade dos homens caminha, vocês estão caminhando para o abismo sem fim!
Muitos dos sábios, ricos, poderosos ou nobres estão viajando com vocês nesse mesmo
caminho? Por esse sinal, sem ir mais longe, vocês sabem que ele não conduz à vida.
Aqui está uma regra resumida, clara e infalível, antes de vocês entrarem nos
particulares. Em qualquer profissão que vocês estejam engajados, vocês devem ser
singulares, ou serão condenados! O caminho para o inferno não tem nada singular
nele; mas o caminho para o céu é singularidade em seu todo. Se vocês moverem, a um
passo que seja, em direção a Deus, vocês não serão como os outros homens. Mas não
se esqueça disto. É muito melhor permanecerem sós, do que caírem em um abismo.
Corram, então, com perseverança, a corrida que se coloca diante de vocês, embora
suas companhias sejam poucas. Não será sempre assim. Mais algum tempo, e vocês
terão 'a inumerável companhia de anjos, para a assembléia geral da Igreja de seu
primogênito, e os espíritos dos homens justos que se tornaram perfeitos'.
[Editado por Diane Williams, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com
correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]
Sobre o Sermão do Monte – Parte XII
John Wesley
'Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas,
interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura se colhem
uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e
toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore
má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo.
Portanto, pelos seus frutos os conhecereis'. (Mateus 7:15-20)
2. Para advertir a humanidade disso; para preservar tantos quantos for possível
contra esse contágio, Deus tem ordenado aos seus vigias para gritarem bem alto, e
mostrarem às pessoas o risco que elas correm. Para esta finalidade, ele tem enviado
seus servos, os Profetas, em suas sucessivas gerações, para indicar o caminho estreito,
e exortar todos os homens a não estarem de acordo com esse mundo. Mas o que fazer,
se os próprios vigias caem na armadilha, contra a qual eles deveriam advertir a
outros? O que fazer, se 'os Profetas profetizam fraudes?'. Se eles 'fazem com que as
pessoas errem o caminho?'. O que deve ser feito, se eles indicam, como o caminho da
vida eterna, o que, em verdade, é o caminho da morte eterna; e exortam outros a
caminhar, como eles mesmos fazem, no caminho largo, e não no estreito?
3. Mas será que esta é uma coisa sem precedente; uma coisa incomum? Não;
Deus sabe que não. Os exemplos dela são quase incalculáveis. Nós podemos
encontrá-la em todas as épocas e nações. Mas quão terrível é isto! – quando os
embaixadores de Deus tornam-se agentes do diabo! –quando eles que são
comissionados para ensinar o caminho para o céu aos homens, de fato, ensinam a eles
o caminho para o inferno! Estes são como os gafanhotos do Egito, 'que comeram o
resíduo que tinha escapado; que permaneceu depois do granizo'. Eles devoram até
mesmo o restante dos homens que tem escapado; que não foi destruído pelo exemplo
maléfico. Não é, portanto, sem motivo, que nosso sábio e gracioso Mestre, tão
solenemente, nos acautela contra eles, 'Acautelem-se, diz Ele, 'dos falsos profetas, que
vêm até vocês com roupas de cordeiro, mas interiormente são como lobos vorazes'.
Esses são os falsos profetas, que ensinam o caminho falso para o céu; um
caminho que não conduz a ele; ou, (o que vem para o mesmo ponto), aqueles que não
ensinam a verdade.
4. Para ser mais específico: O único caminho para o céu é aquele indicado no
sermão precedente. Portanto, são falsos os profetas que não ensinam os homens a
caminharem por ele.
5. Não importa como eles chamam este outro caminho. Eles podem chamá-lo de fé;
ou de boas obras; ou fé e obras; ou arrependimento; ou arrependimento, fé, e nova
obediência. Todas essas são palavras boas: Mas, se sob esses, ou quaisquer outros
termos que forem, eles ensinam aos homens algum caminho distinto desse, eles são
propriamente falsos profetas.
6. Quanto mais incorrem naquela condenação, os que falam mal desse bom
caminho; -- acima de tudo, aqueles que ensinam o caminho diretamente oposto: o
caminho do orgulho, da leviandade, da paixão, dos desejos mundanos, do amor ao
prazer, mais do que o amor a Deus, da indelicadeza para com nosso próximo, da
despreocupação pelas boas obras, enfrentando o mal, e não sendo perseguidos por
causa da retidão!
7. Se for perguntado: 'Quem são os que sempre ensinaram, e ensinam que este
é o caminho para o céu?'. Eu respondo que são os milhares de homens sábios e
honrados; mesmo todos aqueles de qualquer denominação, que encorajam o orgulho;
o frívolo; o passional; o amante do mundo; o homem de prazer; o injusto ou
indelicado; o vulgar; o negligente; o inofensivo; a criatura inútil; o homem que não
sofre reprovação por causa da retidão, por imaginar que ele está no caminho do céu.
Esses são os falsos profetas, no mais alto sentido da palavra. Esses são os traidores
tanto de Deus quanto do homem. Esses não são outros do que os primogênitos de
satanás; os filhos mais velhos de Apollyon, o Destruidor. Esses estão muito acima da
categoria dos degoladores comuns; já que eles são assassinos das almas dos homens.
Eles estão continuamente povoando os reinos da noite; e quando eles seguirem as
pobres almas que eles destruíram, 'o inferno se moverá nas profundezas para
encontrá-los na sua vinda!'.
II
1. Mas eles vêm agora em sua forma própria? De modo algum. Se fosse assim,
eles não poderiam destruir. Vocês poderiam ficar alertas, e tentariam salvar suas
vidas. Entretanto, eles se revestem de uma aparência completamente diferente: (o que
será a segunda coisa a ser considerada) 'Eles vêm até você, em roupas de ovelhas,
embora interiormente, sejam lobos ferozes'.
2. 'Eles vêm até você, em roupas de ovelhas'; ou seja, com uma aparência
benéfica. Eles vêm de uma maneira mansa e inocente, sem qualquer marca ou sinal de
animosidade. Quem poderia imaginar que essas criaturas quietas causariam algum
dano a quem quer que fosse? Talvez, eles não possam ser tão zelosos e ativos em
fazerem o bem, como alguém poderia esperar que eles fossem. Entretanto, vocês não
vêem motivos para suspeitarem que eles tenham mesmo o desejo de causarem algum
dano. Mas isto não é tudo.
4. Eles vêm, em Terceiro Lugar, com uma aparência de religião. Tudo o que
eles fazem é por causa da consciência! Eles asseguram a vocês, que não é pelo mero
zelo por Deus, que eles estão fazendo Dele um mentiroso. Não é pela pura
preocupação com a religião, que eles destruiriam a raiz e ramificações dela. Tudo o
que eles falam, é apenas de um amor à verdade, e um temor, a fim de que ela não
venha a sofrer; e, pode ser por uma preocupação pela igreja, e um desejo de
defendê-la de todos os seus inimigos.
5. Acima de tudo, eles vêm com uma aparência de amor. Eles tomam todas
essas dores, apenas para o bem de vocês. Eles não deveriam se preocupar com
respeito a vocês, a não ser em benefício de vocês. Eles farão grandes declarações, de
bom grado; com respeito ao perigo em que vocês se encontram; e do sincero desejo de
preservarem vocês do erro, e de que sejam envolvidos nas novas e prejudiciais
doutrinas. Eles sentiriam muito de ver alguém que estivesse bem, apressar-se para
algum extremo, perplexo com noções estranhas e ininteligíveis, ou iludido pelo
entusiasmo. É por este motivo que eles aconselham a vocês a se manterem quietos, no
meio termo, e para se precaverem de 'serem demasiadamente retos', a fim de que não
possam 'destruir a si mesmos'.
III
1. Mas como nós podemos saber o que eles realmente são, apesar da aparência
honesta deles? Esta é a Terceira coisa, na qual foi proposto inquirir. Nosso abençoado
Senhor viu quão necessário foi para todos os homens conhecerem os falsos profetas,
mesmo que, disfarçados. Ele viu, igualmente, quão incapaz a maioria dos homens foi
de deduzir a verdade, através de uma longa sucessão de conseqüências. Ele, por
conseguinte, nos forneceu uma regra breve e clara, fácil de ser entendida pelos
homens das mais inferiores capacidades, e fácil de ser aplicada a todas as ocasiões:
'Nós podemos conhecê-los, através dos seus frutos'.
2. Para todas as ocasiões vocês podem facilmente aplicar essa regra. Com o
objetivo de saber, se os que falam em nome de Deus são falsos ou verdadeiros
profetas, é fácil observar:
Primeiro: Quais são os frutos sobre a doutrina deles, sobre eles mesmos? Que
efeito ela tem sobre suas vidas? Eles são santos e sem culpa, em todas as coisas? Que
efeito ela tem sobre seus corações? Aparece através do teor geral de suas conversas,
que o temperamento deles é santo, sagrado e divino? Que a mente que está neles, é a
que estava em Jesus Cristo? Eles são meigos, humildes, pacientes, e amantes de Deus
e homem, e zelosos das boas obras?
Em Segundo Lugar: Quais são os frutos da doutrina deles, sobre aqueles que
os ouvem; em muitos, pelo menos, embora não em todos; já que nem mesmo os
Apóstolos converteram todos os que os ouviram. Esses têm a mente que estava em
Cristo? E eles caminham como Ele também caminhou? E foi por ouvir esses homens
que eles começaram a assim proceder? Eles eram interiormente e exteriormente
pecaminosos, até que eles os ouviram? Se assim for, é uma prova manifesta de que
eles são verdadeiros profetas, professores enviados de Deus. Mas, se não for assim, se
eles efetivamente não ensinam nem a si mesmos ou aos outros a amarem e servirem a
Deus, é uma prova manifesta de que eles são falsos profetas; de que Deus não os
enviou.
4. Uma declaração dura esta! Quão poucos podem suportá-la! Disto nosso
Senhor era sensível, e, por esta razão, dignou-se a provar, amplamente, através de
argumentos claros e convincentes. 'Os homens', diz Ele, 'porventura, colhem uvas dos
espinheiros, ou figos dos abrolhos?' (Mateus 7:16). Será que eles esperam que esses
homens pecaminosos possam trazer bons frutos? Igualmente, vocês poderiam esperar
que espinheiros produzissem uvas, ou que os figos pudessem crescer em abrolhos!
'Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus'
(Mateus 7:17). Todo profeta verdadeiro, todo professor que eu tenho enviado, produz
os bons frutos da santidade. Mas um falso profeta, um professor que eu não tenho
enviado, produz apenas pecado e maldade. 'Não pode a árvore boa dar maus frutos;
nem a árvore má dar frutos bons'. Um falso profeta, um professor enviado de Deus,
não apenas produz bons frutos, algumas vezes apenas, mas sempre; não
acidentalmente, mas através de um tipo de necessidade. De igual maneira, um falso
profeta, alguém a quem Deus não enviou, não pode produzir frutos maus
acidentalmente, ou algumas vezes apenas, mas sempre, e da necessidade. 'Toda a
árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo' (Verso 19). Tal
infalivelmente acontecerá a uma grande quantidade de profetas que não produz bons
frutos; que não salva almas do pecado; que não traz os pecadores ao arrependimento.
'Portanto', que esta seja uma regra eterna, 'pelos seus frutos os conhecereis'.
(Mateus 7:20). Eles que, de fato, fazem com que os amantes do mundo, orgulhosos,
passionais, e cruéis, se tornem humildes, gentis, amantes de Deus e homem, - são os
verdadeiros profetas; são os enviados por Deus, que, por conseguinte, confirma a
palavra deles. Por outro lado, eles, cujos ouvintes, se pecaminosos antes, permanecem
pecaminosos ainda, ou, pelo menos, invalidam qualquer retidão que 'exceda a retidão
dos escribas e fariseus', -- são os falsos profetas; eles não foram enviados de Deus;
portanto, a palavra deles cai ao chão: E, sem o milagre da graça, eles e seus ouvintes
caem no abismo sem fim!
6. Mas , talvez, vocês perguntem: 'Se existe tal perigo de ouvi-los, eu devo
ouvi-los, afinal?. Esta é uma questão importante, tal que merece a mais profunda
consideração, e não deve ser respondida, a não ser com o pensamento mais sereno, a
reflexão mais deliberada. Por muitos anos, eu tenho estado temeroso de falar, afinal,
concernente a ela; estando incapaz de determinar um caminho ou o outro; ou fazer
qualquer julgamento sobre ele. Muitas razões existem que prontamente ocorrem, e
inclinam-me a dizer, 'Não os ouçam'. E, ainda assim, o que nosso Senhor fala
concernente aos falsos profetas de seu próprio tempo, parece deduzir o contrário.
'Então Jesus, falou à multidão, e para seus discípulos dizendo, Os escribas e fariseus
que se sentam no trono de Moisés' -- são os professores comuns, mencionados em sua
igreja: Tudo, por conseguinte, o que quer que eles ordenem vocês observarem, que
observem e façam. Mas não façam segundo suas obras; 'porque eles dizem e não
fazem'. Agora, que esses foram falsos profetas, no mais alto sentido, nosso Senhor tem
mostrado durante todo o curso de seu ministério; como, realmente, eles fazem nessas
mesmas palavras, 'Eles dizem e não fazem'. Portanto, por seus frutos seus discípulos
não podem deixar de conhecê-los, vendo que eles foram revelados aos olhos de todos
os homens. Portanto, Ele os adverte, várias vezes, para se precaverem desses falsos
profetas. Mas, ainda assim, não os proíbe de ouvirem, até mesmos esses: Mais do que
isto, Ele, em efeito, ordena a eles para assim o fazerem, nessas palavras: 'Tudo, por
conseguinte, que eles ordenem vocês observarem e fazerem': Porque, a menos que
eles os ouçam, eles não poderiam saber, muito menos observar, o que eles têm
ordenado fazer. Aqui, então, o próprio nosso Senhor oferece uma direção clara, a
ambos os seus Apóstolos, e toda multidão, em algumas circunstâncias, para ouvirem,
até mesmo, os falsos profetas, conhecidos e reconhecidos por serem assim.
7. Mas, talvez, seja dito: 'Ele apenas direciona ouvi-los, quando eles lêem as
Escrituras na congregação'. Eu respondo que, ao mesmo tempo, em que eles assim
lêem as Escrituras, eles geralmente as expõem também. E aqui não é uma espécie de
sugestão que eles devam ouvir aquele, e não o outro também. Mais ainda, os mesmos
termos, 'Todas as coisas que eles os ordenam observar', excetua qualquer tal
limitação.
10. Eu não posso concluir, sem endereçar algumas poucas palavras àqueles de
quem eu tenho falado ultimamente. Ó, vocês, falsos profetas! Ó, vocês, de ossos
secos! Ouçam, pelo menos uma vez, a palavra do Senhor! Por quanto tempo, vocês
continuarão mentindo, em nome de Deus, dizendo: 'Deus tem falado'; e Deus não tem
falado através de vocês? Por quanto tempo, vocês irão perverter os caminhos certos
do Senhor, irão trocar as trevas pela luz, e a luz pelas trevas? Por quanto tempo, vocês
irão ensinar o caminho da morte, e chamar a isto de caminho da vida? Por quanto
tempo, vocês irão entregar a satanás as almas às quais vocês professam trazer para
Deus?
11. 'Ai de vocês, líderes cegos de cegos! Porque vocês fecham os reinos dos
céus para os homens. Nem vocês mesmos entram, nem permitem que aqueles que
estão entrando, entrem'. Aqueles que 'estão se esforçando para entrarem pelo portão
estreito', vocês chamam de volta para o portão largo. Aqueles que, com dificuldade,
têm dado um passo nos caminhos de Deus, vocês diabolicamente advertem para não
irem mais longe. Aqueles que mal começaram ' a sentir fome e sede de justiça', vocês
avisam para não 'serem demasiados retos'. Assim, vocês fazem com que eles
tropecem no mesmo limiar; sim, com que venham a cair, e não mais se ergam. Ó, por
que motivo, vocês fazem isto? Que proveito existe no sangue deles, quando eles caem
no precipício? Proveito miserável a vocês! 'Eles devem perecer em suas iniqüidades;
mas o sangue deles, Deus irá requerer das tuas mãos!'.
12. Onde estão seus olhos? Onde está o entendimento de vocês? Vocês irão
enganar os outros, até que enganem a si mesmos também? Quem tem requerido de
suas mãos, para que ensinem o caminho que vocês nunca conheceram? Vocês não
estarão se entregando a tão 'forte desilusão', de maneira que vocês não apenas
ensinam, mas 'acreditam na mentira?'. E como é possível acreditarem que Deus os
tem enviado? Que vocês são Seus mensageiros? Mais ainda, se foi o Senhor quem os
enviou, a Sua obra iria prosperar em suas mãos. Assim como o Senhor vive, se vocês
forem os mensageiros de Deus, ele iria 'confirmar a palavra de seus mensageiros'.
Mas a obra do Senhor não prospera nas mãos de vocês. Vocês não trazem os
pecadores ao arrependimento. O Senhor não confirma a palavra de vocês; porque
vocês não salvam as almas da morte.
13. Como vocês podem se evadir da força das palavras de nosso Senhor, -- tão
completas, tão fortes, tão claras? Como vocês podem se esquivar de se conhecerem
por seus frutos, -- os frutos maus, de árvores más? E como pode ser mostrado o
contrário? 'Porventura se colhem uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?'.
Tomem isto para si mesmos, vocês a quem isto pertence! Ó, vocês árvores estéreis,
por que vocês obstruem o solo? 'Toda árvore boa, produz bons frutos'. Vocês vêem
que vocês não, e que aqui não existe exceção? Reconheçam, então, que vocês não são
boas árvores; porque vocês não produzem bons frutos. 'Mas uma árvore corrupta
produz maus frutos'; e assim vocês têm feito, desde o início. A conversa de vocês,
como sendo de Deus, tem apenas confirmado aqueles que a ouvem, nos
temperamentos, se não, nas obras, do diabo. Ó tomem a advertência Daquele, em cujo
nome vocês falam, antes que a sentença que ele tem pronunciado tome seu lugar:
'Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo'.
14. Meus queridos irmãos, não endureçam seus corações! Vocês têm, há tanto
tempo, fechado seus olhos para a luz. Abram-nos, antes que seja muito tarde; antes
que vocês sejam lançados para a mais distante escuridão! Não permitam que alguma
consideração temporal tenha influência sobre vocês; porque a eternidade está em
jogo! Vocês têm participado, antes de terem sido enviados. Ó, não vão mais longe!
Não persistam em condenar a si mesmos e a eles que os ouvem! Vocês não têm os
frutos de seu trabalho. E por que é isto? É porque o Senhor não está com vocês. Vocês
podem ir à luta às suas próprias custas? Não podem. Então, humilhem-se diante Dele.
Clamem junto a Ele, como pó, para que Ele possa, primeiro, vivificar suas almas; e
fornecer a fé que é operada pelo amor; que é humilde e mansa; pura e misericordiosa,
zelosa das boas obras, regozijando-se na tribulação, na reprovação, na aflição, na
perseguição por causa da retidão! Assim, 'O Espírito da glória e de Cristo repousarão
sobre vocês', e parecerá que Deus os tem enviado. Desse modo, vocês, realmente,
'farão a obra de um Evangelista, e produzirão a prova completa de seus ministérios'.
Dessa forma, a palavra de Deus, na boca de vocês, será 'um martelo que quebra as
rochas em pedaços!'. E, então, pelos frutos de vocês, vocês serão conhecidos como os
profetas do Senhor, até mesmo, pelos filhos que Deus tem dado a vocês. E tendo
'transformado a muitos para a retidão', vocês deverão 'brilhar como estrelas, para
todo o sempre!'.
Editado por Kristen Chamberlain, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com
correções por George Lyons for the Wesley Center for Applied Theology.]
Sobre o Sermão do Monte – Parte XIII
John Wesley
'Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, nós não
profetizamos em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não
fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos
de mim, vós que praticais a iniqüidade. Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras,
e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; E
desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não
caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não
as cumpre, eu compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; E
desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e
foi grande a sua queda'. (Mateus 7:21-27)
2. Para que assim, diz o Senhor, ninguém possa alguma vez conceber que
existe algum outro caminho do que este, 'Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos
céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, nós não profetizamos em teu
nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas
maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim,
vós que praticais a iniqüidade. Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e
as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a
rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela
casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas
minhas palavras, e não as cumpre, eu compará-lo-ei ao homem insensato, que
edificou a sua casa sobre a areia; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram
ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda'.
I. Primeiro, considerar o caso daquele que construir sua casa sobre a areia:
II. Segundo, mostrar a sabedoria daquele que construiu sobre a rocha:
III. Terceiro, concluir com uma aplicação prática.
1. Primeiro, eu vou considerar o caso daquele que constrói sua casa sobre a
areia. 'Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele
que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus'. E este é um decreto que não pode
passar; que permanece firme para todo sempre. Ele, por conseguinte, nos importa, no
mais alto grau, para que possamos entender completamente a força dessas palavras.
Mas, o que nós entendemos por aquela expressão, 'Aquele que diz a mim, Senhor,
Senhor?'. Ela indubitavelmente significa supor ir para o céu, por algum outro caminho
do que aquele que eu tenho agora descrito. Ela implica, portanto, (para começar do
ponto mais baixo) todas as boas obras, toda a religião verbal. Ela inclui quaisquer que
sejam os credos que possamos exercitar; quaisquer que sejam as profissões de fé que
façamos; qualquer que seja o número de orações que possamos repetir; quaisquer que
sejam as ações de graças que leiamos ou façamos para Deus. Nós podemos falar bem
do Seu nome, e declarar a Sua bondade para com os filhos dos homens. Nós podemos
falar de todos os seus atos poderosos, e dizer de sua salvação dia a dia. Confrontando
as coisas espirituais com o intelecto, nós podemos mostrar o significado dos oráculos
de Deus. Nós podemos explicar os mistérios do Seu reúno, que tem estado oculto,
desde o começo do mundo. Nós podemos falar com a língua dos anjos,
preferivelmente, à língua dos homens, no que se refere às coisas profundas de Deus.
Nós podemos proclamar os pecadores, 'a observarem o Cordeiro de Deus, que tira os
pecados do mundo!'.
Sim, nós podemos fazer isto, com tal medida do poder de Deus, e tal
demonstração de seu Espírito, como para salvar muitas almas da morte, e ocultar uma
grande quantidade de pecados. Mas, ainda assim, é muito provável, que tudo isto
possa ser não mais do que dizer, 'Senhor, Senhor'. Que, depois de eu ter pregado com
êxito para outros, eu mesmo possa ser um réprobo. Eu posso, pelas mãos de Deus,
arrebatar muitas almas do inferno, mas, ainda assim, cair nele, quando eu terminar. Eu
posso trazer os muitos outros para o reino dos céus, e eu mesmo não entrar lá. Leitor,
se, alguma vez, Deus abençoou minhas palavras para sua alma, ore para que Ele possa
ser misericordioso para comigo, um pecador!
4. Se algum homem ficar chocado com isso, que ele reconheça que é um
estranho para toda a religião de Jesus Cristo; e, em particular, para aquela imagem, a
qual Ele coloca diante de nós, nesse discurso. Porque quão resumido é tudo isto,
diante daquela retidão e santidade verdadeira que Ele tem descrito nisto! Quão
extensamente distante daquele reino dos céus interior que está agora aberto na alma
do crente, -- que é a primeira semente no coração, como um grão de mostrada, e que,
mais tarde, estenderá grandes ramos, nos quais crescerão todos os frutos da retidão;
todo bom temperamento, e palavra e obra.
5. Mesmo assim, tão claramente quanto Ele tem afirmado isto; tão
freqüentemente quanto Ele tem repetido que ninguém que não tenha esse reino de
Deus nele, entrará no reino dos céus; nosso Senhor bem soube que muitos não
receberiam essa palavra, e, até por isso, confirma novamente: 'Muitos', (diz Ele: não
uma pessoa; não algumas apenas: este não é um caso raro ou incomum) 'deverão dizer
a mim, naquele dia, não somente, nós temos feito muitas orações; nós temos louvado
a Ti; nós temos reprimido o mal; nós temos exercitado a nós mesmos em fazer o bem
-- mas, o que é abundantemente maior do que isto, 'nós temos profetizado em Teu
nome; em Teu nome nós expulsamos demônios; em Teu nome fizemos muitas obras
maravilhosas. 'Nós temos profetizado'; -- nós temos declarado Tua vontade à
humanidade; nós temos mostrado aos pecadores o caminho da paz e glória. E nós
temos feito isto, 'em Teu nome'; de acordo com a verdade do Teu Evangelho; sim, e
através de Tua autoridade, que confirmou a palavra com o Espírito Santo enviado dos
céus. Porque em Teu nome, ou através do Teu nome; pelo poder do Teu Espírito, 'nós
temos expulsado demônios'; das almas que eles, há muito, têm pretendido como sendo
deles próprios, e das quais eles têm posse completa e tranqüila. 'E em Teu nome', pelo
Teu poder, não o nosso, 'nós temos feito muitas obras maravilhosas'; de tal maneira
que, 'mesmo o morto ouviu a voz do Filho de Deus', falando através de nós, e viveu.
'E eu irei afirmar', até mesmo, 'junto a eles, que eu nunca conheci vocês'; não, nem
mesmo, quando vocês estavam 'expulsando demônios, em meu nome': Eu não conheço
vocês como meus; porque os corações de vocês não foram corretos em direção a
Deus. Vocês não foram submissos e humildes; vocês não foram amantes de Deus, e de
toda humanidade; vocês não foram renovados na imagem de Deus; vocês não foram
santos como eu sou santo. 'Afastem-se de mim, vocês', que, não obstante, tudo isso,
são 'trabalhadores da iniqüidade' -- anarquistas -- Vocês são transgressores de minha
lei, e minha lei do amor santo e perfeito.
II
3. Ele é um homem sábio, mesmo na consideração de Deus; uma vez que 'ele
construiu sua casa sobre a rocha'; sobre a Rocha dos Tempos, a rocha eterna, o
Senhor Jesus Cristo. Ele é assim, adequadamente chamado; porque Ele não muda: Ele
é 'o mesmo ontem, hoje, e para sempre'. A Ele, ambos o homem de Deus do passado e
o Apóstolo, mencionando suas palavras, testemunham: 'Tu, Senhor, no princípio
fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos:Eles perecerão, mas tu
permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão, e como um manto, os
enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão'
(Hebreus 1:10-12). Sábio, portanto, é o homem que é construído sobre Ele; aquele
que tem a Ele como seu único alicerce; que se edifica apenas sobre seu sangue e
retidão; sobre o que Ele tem feito e sofrido por nós. Nessa pedra angular, ele fixa sua
fé, e descansa todo o peso de sua alma. Ele é ensinado por Deus a dizer: 'Senhor, eu
tenho pecado; eu mereço o mais baixo inferno; mas eu estou justificado livremente,
pela Tua graça, através da redenção que está em Jesus Cristo; e a vida que eu agora
vivo; isto é, uma vida divina, sagrada;é a vida que está oculta com Cristo em Deus.
Eu agora vivo, mesmo na carne; a vida do amor; do amor puro a Deus e ao homem;
a vida de santidade e felicidade; louvando a Deus, e fazendo todas as coisas para sua
glória'.
4. Ainda assim, que alguém não pense que ele não mais verá a guerra; que ele
está agora fora do alcance da tentação. Ela ainda permanece, para que Deus prove a
graça que Ele tem dado: Ele deverá ser tentado como ouro no fogo. Ele deverá ser
tentado, não menos do que eles que não conhecem a Deus: Talvez, abundantemente
mais; porque satanás não irá falhar ao tentar, ao extremo, aqueles a quem ele não será
capaz de destruir. Assim sendo, 'a chuva' irá cair, impetuosamente; apenas que, em
tais momentos, e de tal maneira, como se parecesse bom, não ao príncipe do poder do
ar, mas a Ele 'cujo reino reina sobre tudo'. 'As correntezas', ou torrentes, virão; elas
erguerão suas ondas e rugirão horrivelmente. Mas a elas também, o Senhor que se
situa acima das correntezas das águas, que permanece Rei para sempre irá dizer. 'Até
aqui, vocês deverão vir, e não mais longe. Aqui suas ondas de orgulho deverão estar
situadas'. 'Os ventos irão soprar, e bater contra a casa', como se eles pudessem fazê-
la em pedaços, desde o alicerce: Mas eles não prevalecerão: Ela não cairá; porque está
alicerçada sobre a rocha. Ele habita em Cristo, pela fé e amor; por conseguinte, não
deverá se abater. 'Não deverá temer, mesmo que a terra se mova, e mesmo que as
colinas sejam levadas para o alto mar'. 'Embora as águas do mar se enfureçam e
aumentem de volume, e as montanhas estremeçam com seu movimento; ainda assim,
'habitará debaixo da defesa do Altíssimo, e estará a salvo debaixo da sombra do
Onipotente'.
III
2. Você não pode, você não se atreveria, descansar aqui. Sobre o que mais
você irá construir sua esperança de salvação? – sobre a sua inocência? Sobre o seu
não causar dano? Sobre o fato de não cometer injustiça ou causar prejuízo a alguém?
Bem; permitindo que esse argumento seja verdadeiro. Você é justo em toda as suas
condutas; você é evidentemente um homem honesto; você paga todo homem o que lhe
pertence; você nunca trapaceia, nem extorque; você age fielmente com toda a
humanidade; e você tem uma consciência em direção a Deus; você não vive em
pecado algum conhecido. Assim tão longe está tudo bem: Mas ainda assim, não é isso.
Você pode chegar assim, tão distante, mas nunca vir para o céu. Quando toda essa
inocência flui de um princípio correto, ela é a menor parte da religião de Cristo. Mas,
em você, ela não flui de um princípio correto, e, portanto, não faz parte, afinal, da
religião. De modo que, em alicerçar sua esperança de salvação nisto, você estará ainda
construindo sobre areia.
3. Você chega assim tão longe? Você acrescenta o não causar dano, o atender a
todas as ordenanças de Deus? Você, em todas as oportunidades, toma parte da Ceia do
Senhor? Usa das orações públicas e privadas? Jejua freqüentemente? Ouve e busca as
Escrituras, e medita nela? Essas coisas, igualmente, você deve ter feito, desde os
primeiros momentos em que você fixou seu rosto em direção aos céus. Ainda assim,
essas coisas também não são nada, estando sozinhas. Elas são nada, sem 'o peso as
questões mais relevantes da lei'. E essas questões você tem esquecido: Pelo menos,
não as tem experimentado: -- Fé, misericórdia, e amor a Deus; santidade de coração; e
o céu escancarado, na alma. Portanto, ainda assim, você constrói sobre a areia.
4. Além disso tudo, você é zeloso das boas obras? Você, quando tem tempo,
faz o bem a todos os homens? Você alimenta o faminto, veste o desnudo, e visita o
órfão e a viúva, nos momentos de aflição deles? Você visita aqueles que estão
doentes? Conforta os que estão na prisão? Se alguém é estranho, você o acolhe?
Amigo, vá para mais alto! Você 'profetiza' em 'nome' de Cristo? Você prega a verdade
como ela está em Jesus? E a influência do Espírito Dele atende sua palavra, e a
transforma no poder de Deus para a salvação? Ele o capacita para trazer os pecadores,
das trevas para a luz; do poder de satanás, para o poder de Deus? Então, vá e aprenda
o que você tem ensinado freqüentemente: 'Através da graça, você será salvo pela fé':
'Não pelas obras da retidão que nós temos feito, mas da própria misericórdia Dele,
Ele nos salva'. Aprenda a se pendurar, despido, na cruz de Cristo, considerando tudo o
que tem feito como esterco e coisa inútil. Recorra a Ele, como no espírito do ladrão
moribundo; da prostituta com seus sete demônios! Do contrário, você ainda estará na
areia; e mesmo depois de salvar outras almas, você irá perder sua alma!
5. Senhor, aumente minha fé, se eu agora creio! Caso contrário, dê-me a fé,
mesmo que como um grão de mostarda! – Mas 'que proveito terá um homem que tem
fé, e não tem as obras? Pode aquela 'fé salvá-lo?'. Ó não! Aquela fé, sem obras; a fé
que não produz a santidade interior e exterior, que não estampa a imagem total de
Deus no coração, e nos purifica como Ele é puro; aquela fé que não produz a
totalidade da religião descrita nos capítulos precedentes, não é a fé do Evangelho, não
é a fé cristã, não é a fé que conduz à glória.Ó, tome cuidado, acima de tudo, com as
outras armadilhas do diabo – o descansar na fé não santa, que não salva! Se você não
dá a devida consideração a isto, você estará perdido para sempre. Você ainda estará
construindo sua casa sobre a areia. Quando 'a chuva cair, e a inundação vier, ela irá
certamente cair, e grande será sua queda!'.
6. Agora, portanto, construa sobre uma rocha. Pela graça de Deus, conheça a si
mesmo. Saiba e sinta que você foi moldado na maldade; e, no pecado, sua mãe o
concebeu; e, desde que não pôde discernir o bem do mal, você tem empilhado pecado
sobre pecado. Reconheça-se culpado da morte eterna; e renuncie toda a esperança de
ser capaz de salvar a si mesmo. Seja esta toda a sua esperança: ser lavado no sangue
de Jesus Cristo, e purificado pelo Seu Espírito, 'que apagou' todos 'os seus pecados,
em seu próprio corpo sobre o madeiro'. E, se você sabe que Ele levou embora todos
os seus pecados, tanto mais humilhe a si mesmo, diante Dele, em um contínuo senso
de sua dependência total Nele, para todo bom pensamento, e palavra, e obra; e de sua
extrema incapacidade para todo bem, a menos que Ele 'o preencha a todo o momento'.
7. Agora, lamente por seus pecados, e murmure em busca de Deus, até que ele
transforme a sua aflição em alegria. E, mesmo então, lamente com aqueles que
lamentam; e por aqueles que lamentam, não por si mesmos. Murmure pelos pecados e
misérias da humanidade; e veja, bem diante de seus olhos, o oceano imenso da
eternidade, sem fundo e sem margem, que já tem tragado milhões e milhões de
homens, e está abrindo uma brecha para devorar aqueles que ainda permanecem! Veja
aqui, a casa de Deus, eterna nos céus! E lá, o inferno e a destruição, sem uma
cobertura – e, por esta razão, aprenda a importância de todo momento, que apenas
surge, e se vai para sempre!
9. Agora, estejam famintos e sedentos, não pela 'carne que perece, mas pelo
que dura a vida eterna'. Pisoteie o mundo, e as coisas do mundo; todas essas riquezas,
honras, e prazeres. O que é o mundo para você? Deixe que os mortos enterrem seus
mortos; mas siga em busca da imagem de Deus. Abstenha-se de extinguir aquela sede
abençoada, se ela já excitou a sua alma, pelo que é vulgarmente chamado religião; um
pobre e estúpido disfarce; a religião da forma, da mostra exterior, que deixa o coração
ainda apegado ao pó; tão mundano e sensual, como nunca. Que nada satisfaça a você,
a não ser o poder da santidade; a não ser a religião, que é espírito e vida; o habitar em
Deus, e Deus em você; o ser um habitante da eternidade; o entrar, através do sangue
do aspergido 'sem máscara', e 'sentando-se em lugares celestiais com Jesus Cristo!'.
10. Agora, vendo que você tudo pode, porque Cristo o fortalece, seja
misericordioso como seu Pai que está no céu é misericordioso! Ame ao seu próximo
como a si mesmo! Ame seus amigos e inimigos como a sua própria alma! E permita
que o seu amor seja longânime e paciente em direção a todos os homens. Que ele seja
gentil, delicado, benigno; inspirando você com a doçura mais amável, e a mais
fervorosa e terna afeição. Que ele se regozije na verdade, onde quer que ela seja
encontrada; a verdade que está em busca da santidade. Desfrute do que quer que traga
a glória para Deus, e promova a paz e a boa-vontade entre os homens. No amor,
cubra todas as coisas, -- do morto e do ausente não fale coisa alguma, a não ser o que
é bom; creia em todas as coisas que, de alguma forma, possa limpar o caráter de seu
próximo; espere todas as coisas em seu favor; e suporte todas as coisas, triunfando
sobre toda oposição: porque o amor verdadeiro nunca falha, no tempo, ou na
eternidade.
11. Agora, seja puro de coração; purificado, através da fé, de toda afeição não
santa; 'limpando a si mesmo de toda sujidade da carne e espírito; e aperfeiçoando a
santidade no temor de Deus'. Sendo, através do poder de sua graça, purificado do
orgulho, pela profunda pobreza de espírito; da ira, de toda paixão indelicada e
turbulenta, pela humildade e misericórdia; de todo desejo, a não ser o de agradar e
satisfazer a Deus, pela fome e sede de justiça; agora, ame ao Senhor seu Deus, com
todo o seu coração, e com todas as suas forças!.
12. Em uma palavra: Que sua religião seja a religião do coração. Que ela se
estenda profundamente, no mais íntimo de sua alma. Seja pequeno, comum,
insignificante e vil (além do que as palavras possam expressar) aos seus próprios
olhos; maravilhado e humilhado ao pó, pelo amor de Deus que está em Jesus Cristo.
Seja sério. Permita que todo o fluxo de seus pensamentos, palavras e ações fluam da
mais profunda convicção de que você se situa na beira do grande abismo – você, e
todos os filhos dos homens, prontos para caírem, tanto na glória eterna, quanto no
fogo eterno! Permita que sua alma seja preenchida com mansidão, gentileza,
paciência, longanimidade, em direção a todos os homens; -- ao mesmo tempo, tudo
que esteja em você seja sedento de Deus, do Deus vivo; desejando acordar em busca
de sua semelhança, e estar satisfeito com ela! Seja um amante de Deus e de toda a
humanidade! Em seu espírito faça e sofra todas as coisas. Assim, mostre a sua fé,
através de suas obras; assim, 'faça a vontade de seu Pai que está nos céus!'. E, assim,
como é certo que agora você caminha com Deus na terra, você também reinará com
Ele na glória!
[Editado por Debi Carter, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções de
George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]