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2 Técnica Incendiária
guitarra
método de

Técnica Incendiária
Marcos De Ros

Palhetada alternada
Arpejos
Frases com escala pentatônica
Cromatismos
Sweep picking
Palhetada híbrida
Isolamento
Sequências eruditas
Arpejos extendidos
Novos padrões
...e muito mais!

Autor Coordenação Musical


Marcos De Ros André Martins
www.deros.com.br (www.andremartins.com.br)
marcosderos@hotmail.com

Fotografia Arte e diagramação


Carlos Cecconello e divulgação Fabíola Contiero Macadura
www.editorahmp.com.br
Impresso pelo processo direct-to-plate por Parque Gráfico da Editora Parma

Marcos De Ros 3
índice
1- Descendo a lenha com a palhetada alternada exemplos-do 01 ao 06

08 01 Lux Perpetua
09 02 Alternator
10 03 Burning the Fretboard
11 04 The Picking Hand
14 05 Hungarian
15 06 Hungarian Lick

2- Alguns exercícios espetaculares com arpejos exemplos-do 07 ao12

17 07 Arpejos com 7
17 08 Am Big Arpeggio
18 09 Classical Sequence
19 10 Little Arpeggio Study
21 11 Amaj7 Journey
22 12 Arpeggio from Silly Walks

3- Umas mirabolantes frases pentatônicas exemplos-do 13 ao 18

24 13 Silly Walks Pentatonic Lick


25 14 New Pentatonic Shape
25 15 The 9 Lick
26 16 The 13 Lick
27 17 The 11 Lick
27 18 Puct Pect Komdo

4- Cromatismos pirotécnicos exemplos-do 19 ao 22

29 19 Ad Dei Gloriam
31 20 Chromatic Overdose
32 21 Finger Twister
33 22 The Flight of the Bumblebee

5- Encrenca - mistura de “alternate” com “sweep” exemplos-do 23 ao 28

41 23 C blues fast lick


41 24 Gates of Firmament
43 25 Gibberish
44 26 Gibberish second guitar
45 27 Heaven’s Call
46 28 Universe

4 Técnica Incendiária
Introdução

Essa edição da “Toque de Mestre” tem a


intenção de ampliar horizontes. Não é uma
edição com dicas para quem está começando
o aprendizado da guitarra, mas sim para
aqueles que já tem um razoável domínio
técnico do instrumento e querem novos
desafios! Para aqueles que já tem uma boa
técnica e não querem mais ficar praticando
escalas ou arpejos que parecem algo sem
conexão com música!
Aqui vocês encontrarão exercícios aplicáveis
dentro de um contexto musical, pois várias
frases deste método eu já usei em algumas
de minhas músicas. Inclusive, aqui vocês
encontrarão transcrições de alguns solos tanto
do “Akashic” quanto da banda “De Ros”.
Ok, eu te desafio a tocar os exercícios a
seguir! E se você tocar eles com muita
precisão, velocidade, concatenação, controle,
fluidez, de maneira limpa e clara, você ganha
um prêmio incrível! Sabe qual? Uma técnica
incendiária...

Que a batalha se inicie!!!


Marcos De Ros

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6 Técnica Incendiária
1. Descendo a lenha com
a palhetada alternada

Uma palhetada alternada clara e


limpa é uma das marcas de vários
grandes guitarristas.
Você pode tocar com todo o
braço, usando só o pulso ou
mesmo com o movimento dos
dedos que seguram a palheta! A
regra mais importante é manter
a uniformidade das notas, tanto
na dinâmica quanto no ritmo.
Observe a postura das mãos,
pegue o metrônomo e concentre-se!
Vamos lá! Agora!! JÁ!!!!!!

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01. Lux Perpetua
Nesse trecho extraído do CD “Universe”, da banda “De Ros”, podemos ver uma aplicação simples, porém muito efetiva
da palhetada alternada. O mais importante nesse exemplo não é a velocidade, mas sim a acentuação e a quantização das
notas. Para conseguir isso, sempre exagero um pouco no stacatto, fazendo com que as notas repetidas mantenham a
clareza e nunca percam o ritmo.

8 Técnica Incendiária
02. Alternator
Este é um estudo muito legal, pois se tocado com fluidez você vai conseguir ouvir as “ondas musicais” que ele forma. Está
todo na escala de C maior, mas essa moleza de tocar tudo no mesmo tom já vai acabar... O negócio aqui é “descer a lenha” na
palhetada e nunca deixar nenhuma corda solta soando.
Vai lá, ele é bem mais fácil de decorar do que parece!

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03. Burning the Fretboard
Outro exercício para “fritar” no braço da guitarra. Mas é isso aí, a gente está aqui para estudar técnica, não é? E técnica
incendiária, não? Então, “let’s burn, baby...” Preste atenção nas repetições de oitavas que ocorrem e na solução encontrada para
recomeçar o exercício. Aqui outra vez o uso do metrônomo é altamente recomendável.

04. The Picking Hand


Olha, não quero me gabar nem nada... Mas esse aí já dá um pouco mais de trabalho! Ele acaba por explorar regiões mais
difíceis de tocar no braço, tem várias trocas de tonalidade e pede uma precisão muito grande na palhetada! Mas tenho certeza
que um guri estudioso que nem tu não vai ter problemas com isso! Toca ficha aí que tu vai ver que beleza de exercício!!!

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12 Técnica Incendiária
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05. Hungarian
O objetivo deste método não é ensinar novas escalas ou se deter na parte teórica, então vou demonstrar aqui uma forma da
escala húngara ou cigana e nem vou comentar que a formação dela é tônica, segunda maior, terça menor, quarta aumentada,
quinta justa, sexta menor e sétima maior. Também não vou dizer que ela é quase igual a menor harmônica, mas além do
intervalo característico da já citada menor harmônica, que é uma terça menor entre a sexta menor e a sétima maior, ela tem
o “plus” de um intervalo de terça menor entre a terça menor e a quarta aumentada. Sem falar no pequeno cromatismo entre
quarta aumentada, quinta justa e sexta menor.
Agora, imagina se eu fosse falar sobre a formação dessa escala...

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06. Hungarian Lick
Agora que você já decorou o “shape” da escala húngara, vamos pegar um pequeno padrão e descer o sarrafo por uma meia hora
sem parar, só pra a tua mãe vir ver o que que está acontecendo, se tu tá ficando maluco de tocar a mesma coisa doida e ainda
por cima nesse volume insuportável...

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2. Alguns exercícios
espetaculares
com arpejos

Quando nos referimos a arpejos, geralmente pensamos em


algo com sonoridade clássica, algo mais a ver com música
dos grandes mestres eruditos do que com nossa vivência
contemporânea. Mas atenção, essa regra vai funcionar
principalmente quando se usa os arpejos tríades, os
dominantes e os diminutos. Se você começar a explorar os
arpejos tétrades, tétrades com notas acrescentadas, arpejos
híbridos e algumas outras formas de executar arpejos que
discutiremos mais profundamente numa próxima edição,
você vai descobrir que nem só de pão vive o homem e nem
só de música erudita vivem os arpejos...

16 Técnica Incendiária
07. Arpejos com 7
Olha aí! Uma seqüência de arpejos que nunca foi tocada antes!!! Tudo bem, talvez tu já tenha ouvido isso em algum lugar (que tal em
87,3% das músicas “Metal Melódico” e 93,7% das músicas de guitarristas que querem fazer um solo com a menor harmônica?...)
Mas o exemplo é ótimo para praticar esses arpejos com sétima, afinal, eu tenho certeza que tu não vai usar essa seqüência em
uma música da tua banda, não é...?
Cuida a palhetada do primeiro arpejo. Ela repete em todos os outros então não tem segredo.

08. Am Big Arpeggio


Ta aí uma coisa bacana, bem comum dos “guitarristas virtuoses!” Um “arpejão” em Am usando quase toda a extensão do braço
da guitarra com um tapping por cima, para coroar a maestria e a destreza técnica do cara...
Uau, que incrível! Nossa, o cara que faz um troço desses só pode ser muito bom! Caramba! O melhor guitarrista do mundo! O
mais rápido! O mais bonito!
Ok, eu estou exagerando, mas é o seguinte: Quando bem aplicado, este arpejo fica bom! É só não usar mais de uma vez a cada
três anos que tá tudo certo!

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09. Classical Sequence
Ta aqui o típico exemplo de arpejos com sonoridade bem clássica. Algo muito semelhante está no meu primeiro CD, o “Ad Dei
Gloriam” da banda “De Ros”. Observe que novamente temos um tapping em alguns arpejos, mas tem que ser no tempo certo,
senão degringola tudo, a massa fica “abatumada” e o leite azeda. Vai com calma, cozinhe em fogo brando e mexa lentamente
até adquirir consistência. Tire do fogo quando dourar ou ficar cor-de-ros. Rende duas porções.

10. Little Arpeggio Study


Esse exercício faz parte de uma música ainda inédita, mas é tão legal de fazer que não resisti e estou passando ele pra vocês.
Harmonia simples, mas com uma rítmica bem diferente, onde os acentos é que vão dar o balanço da frase. Toque com o
metrônomo e não esqueça de manter as semicolcheias pulsando!

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20 Técnica Incendiária
11. Amaj7 Journey
Ah… agora eu comecei a abrir o jogo… Arpejos que não tem nada a ver com música erudita! Aqui eu vou bem tranqüilo,
misturando um Amaj7 com um Dmaj7 até chegar num final onde eu meto um A5 (sem terça) bem animal. Se você quer estudar
algo pouco usual, este aqui tá uma beleza! Você até vai querer usa-lo numa música pop da tua banda, mas não adianta, o
vocalista vai achar que não tem nada a ver...

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12. Arpeggio from Silly Walks
Aqui eu uso um arpejo de A dominante estendido, por quase todo o braço da guitarra. Essa frase está na música Silly Walks, do
CD “Universe” da banda “De Ros”.

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3. Umas mirabolantes
frases pentatônicas

Pentatônicas! Provavelmente a primeira escala que


muitos guitarristas aprendem a tocar e a improvisar com.
Mas geralmente depois de decorar alguns shapes, os
guitarristas costumam deixar de estudá-la e na hora
de improvisar, puxam o mesmo padrão e as mesmas
digitações dessa velha amiga. Aqui vão alguns exercícios
que vão mudar um pouco a prática das pentas, sugerindo
novas digitações e idéias. Aproveite bem, afinal, o Brasil
ainda é penta... Mas se tudo der certo, daqui a alguns
anos, uma edição especial só com a escala hexafônica...

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13. Silly Walks Pentatonic Lick
Olha só, aqui a gente pega um padrão com três notas por corda e faz uma sextina em cada região. Olhando a partitura, até
parece difícil, mas é tri fácil e muito bacana de usar! Se você quiser fazer com ligados, também funciona, mas eu gosto bem
mais de ouvir a palheta batendo nas cordas, tudo meio staccatto. Mas esse eu até deixo tu escolher como vai tocar, desde que
seja muito, mas muito limpo! Olha lá, hein...

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14. New Pentatonic Shape
Ok, aqui é uma sugestão de shape para a penta. Se a pentatônica, como o próprio nome diz, tem cinco notas, se a gente pegar
duas notas numa corda e três na próxima, teremos todas as notas da escala, certo?
Depois, é só fazer tudo uma oitava acima e depois mais uma! Ta aí o segredo do negócio todo! Para quem está com o “alternate”
em dia, é só alegria. Se você tiver dificuldades, volte cinco casas ou comece o jogo novamente!

15. The 9 Lick


Usando essa nova digitação da penta, aqui temos um padrão que repete a cada nove notas (noninas?). O bom é que dá para
fazer numa velocidade muita alta, onde quase não dá para reconhecer a sonoridade de pentatônica. E os bluseiros vão falar:
“Mas qual é a vantagem de fazer uma penta tão rápida que nem dá pra reconhecer que é penta?”
E eu vou responder: Vantagem nenhuma, mas que é bem legal conseguir fazer, isso é...

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16. The 13 Lick
A mesma idéia da frase anterior, mas agora com treze notas por tempo!!! E fica no ar a pergunta - Será que o De Ros consegue
tocar isso com o metrônomo? E eu já dou a resposta: Do jeito que está escrito, nem a pau!!!!
Mas daí eu faço uma malandragem – transformo tudo em semicolcheias ou tercinas, o que for, e vou deixando os acentos caírem
nos tempos fracos do compasso. É meu filho, sincopes são sempre bem vindas!!!

17. The 11 Lick


Como é que eu vou fazer para que você não pense que esse exercício é só para encher lingüiça, afinal, é só mais uma
variação do anterior? Fácil, é só falar de outra coisa!!!
Então é assim, não esqueça de que ter uma rotina de estudo, num ambiente agradável, com material didático a mão,
com toda a coleção “toque de mestre” e toda a coleção de CDs do “De Ros” por perto é imprescindível para sua
evolução enquanto músico...

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18. Puct Pect Komdo
Esse exercício é um clássico, pelo menos para mim! Já o usei incontáveis vezes durante uma improvisação em E. Adoro a
sonoridade dele, aqui na versão ligados (pode ser todo palhetado também). Ele está na sessão pentatônicas para demonstrar
como alguns guitarristas pensam nessa escala. Aqui temos a inclusão da quarta aumentada (blue note) da sexta e da nona
maior (dórico). Muita gente, além de usar essas notas, acaba por colocar pequenos cromatismos entre as notas da penta, sem
se preocupar com quais intervalos está usando. Quer saber? Costuma funcionar também!
O que nos leva ao próximo assunto...

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4. Cromatismos
pirotécnicos
Nos cromatismos geralmente encontramos uma
dificuldade que é pouco estudada no mundo da
guitarra, que é tocar frases com os quatro dedos
da mão esquerda. Geralmente nos acostumamos
a fazer escalas com três notas por corda e nem
pensamos em faze-las com quatro, como no violino,
por exemplo. Então, se você tiver dificuldades
no começo, use aqueles velhos exercícios de
coordenação básica com quatro notas por corda,
repetindo duas vezes cada corda da casa um até a
doze. Aqui vai a tabela:

1234, 1243, 1324, 1342, 1423, 1432.


2134, 2143, 2314, 2341, 2413, 2431.
3124, 3142, 3214, 3241, 3412, 3421.
4123, 4132, 4213, 4231, 4312, 4321.

Eu particularmente acho esses exercícios


chatíssimos e só os estou mostrando por uma
questão didática, uma vez que nunca os pratico.
Acho bem mais legal pegar um “Vôo do Besouro”,
por exemplo, para estudar cromatismo...

28 Técnica Incendiária
19. Ad Dei Gloriam
Esse trecho de uma música da banda “De Ros” é um bom exemplo de cromatismo. Primeiro, pegamos uma célula e vamos
fazendo pequenas alterações cromáticas até chegarmos ao final onde usamos a escala cromática de fato! Note que existe uma
alteração na figura rítmica, passando de semicolcheias para sextinas e voltando a semicolcheias na mesma escala cromática.
Fora isso, não há maiores dificuldades para tocar esse exemplo. Para executar bem, recomendo comprar o “Ad Dei Gloriam” e
escutar três vezes por dia, após as refeições. Mas atenção, só funciona com CD original! O “genérico”, baixado ou copiado, não
faz o mesmo efeito...
Na ausência de melhora dos sintomas, o professor de guitarra deverá ser consultado.

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30 Técnica Incendiária
20. Chromatic Overdose
Ok, agora a coisa ficou preta pro teu lado… É o seguinte: tu vai ter que fazer esse exercício numa tal velocidade que dê a
impressão de duas guitarras! Uma guitarra parece que toca sempre a mesma coisa (A, B, C, B, A) enquanto a “outra” guitarra
faz uma descida cromática de G# até C e volta. Não entendeu? Toca bem rápido e limpo que vai cair a ficha!!!

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21. Finger Twister
Adoro passar este exercício para os alunos que já tem um grande domínio técnico, porque não importa a velocidade que ele é
tocado, ele sempre parece lento! É verdade! É que como ele sempre vai e volta até chegar na próxima nota e ainda por cima,
avança cromaticamente, ele demora 35 notas até completar a primeira oitava! Num arpejo tríade, em 4 notas você já completa
uma oitava, e aqui, só com 35 você chega nesse ponto!!! É muita nota...

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22. The Flight of the Bumblebee
Aqui eu passo a minha versão para o Vôo do Besouro, de R. Korsakoff. O importante é que nessa versão, eu não uso muitas
trocas de cordas, facilitando muito o uso da palheta. Eu gravei essa música no CD Masterpieces a 200bpm.
Dá para fazer mais rápido, mas acho que nessa velocidade já se consegue o efeito de um besouro voando pelo jardim. Dá um
pouco de trabalho decorar tudo isso, mas pegue por partes, como está marcado na partitura! Vale a pena!

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5. Encrenca - mistura de
“alternate” com “sweep”
Agora a coisa vai esquentar! Vamos
dar uma misturada nas técnicas, o
que aumenta muito a dificuldade!
Vá bem devagar e tenha certeza
de manter a pulsação rítmica, pois
a tendência é correr muito na parte
“sweep” de cada frase que mostro
aqui. Você vai reparar que passo
vários trechos de músicas, tanto da
banda “De Ros” quanto do “Akashic”.
É que na verdade, na hora de fazer
música, o que importa são as notas,
e não a técnica. Por isso que é muito
importante dominar várias técnicas,
pois assim você vai poder tocar a
nota ou frase que quiser, sem se
preocupar com qual é a técnica que
vai usar, afinal, você tem (ou deveria
ter) um bom domínio de todas...

40 Técnica Incendiária
23. C Blues Fast Lick
Nesse exercício começamos a ver a mistura das técnicas “sweep” e “alternate”. Olhe bem a palhetada que está indicada - As três primeiras
notas (o arpejo de C) são todas para baixo e o restante da frase (C dórico/blues) é alternado. Tocado lento, a primeira vez que aparece
o Eb levamos um choque, pois a nota parece não pertencer à frase. Porém quando você tocar na velocidade certa, vai notar a intenção
de ambigüidade maior/menor bem característica do blues. Depois que você dominar bem a frase, faça o “test-drive”. Sabe como é? É
fácil! Vá a loja de instrumentos musicais mais próxima, e pede para testar “aquela” guitarra (se eu tivesse um endorsement de guitarra,
era aqui que a mídia gratuita apareceria...). Liga ela num Meteoro, que é para ter certeza que tu vai ter um timbre bom, e mete essa frase
à no mínimo 180 bpm, repete umas quatro vezes e para. Olha para os lados e faz as contas – se 50% das pessoas que estavam na loja
pararam tudo e ficaram te olhando pasmas, volte para estudar mais. Se foi 70%, tá no caminho, mais uma semana e você estará pronto.
Se conseguir 100%, é isso aí, objetivo alcançado e muda para a próxima frase. Agora, se o vendedor desligou o Meteoro “puto da cara”
e o pessoal da loja ficou rindo, bom... Está na hora de pegar um professor gabaritado e ouvir o que ele tem para te dizer...

24. Gates of Firmament


Agora que estamos misturando as técnicas que o problema da velocidade aparece. O problema não é fazer rápido, mas sim
manter a velocidade enquanto troca-se de técnica! Todo o começo é alternado, mas depois entra uma parte com ligados e
em seguida, arpeggios e escalas se alternam, aumentando consideravelmente a dificuldade do trecho. Mas calma, se tu tiver
dificuldades com isso, basta rezar um pouco pra São Serapião e mandar o irmão menor correndo comprar o CD “Timeless
Realm”, do “Akashic”, onde tem essa música! Daí tu ouve com calma e vai ver que é tri fácil, basta um pouco de paciência e
vontade de tocar guitarra (se você chegou até aqui, é certo tu que tem...).

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25. Gibberish
Esse trecho está no CD “Universe”, da banda “De Ros”. Ele é muito legal de estudar porque soa muito musical, com influências
clássicas (arpejos tríades e diminutos) e um pouco exótico, pelo uso da escala húngara (que já foi vista lá no começo, lembra?).
Como já foi dito antes, é de suma importância manter o tempo. Já pensou em comprar um metrônomo? Dizem que é bem bom...
Ah, tu tem um? E porque nunca tirou da caixa? Tá, não vou mais dar indiretas, vou ser bem direto – Ou estuda com metrônomo ou
vai apanhar já, mocinho!!! Olha que eu tiro a cinta!!!!!!

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26. Gibberish second guitar
Essa transcrição é para você que tem um amiguinho que também toca guitarra. Combinem de cada um tirar uma das vozes e
depois toquem junto. Depois, analisem a falta de criatividade do compositor ao fazer uma segunda guitarra usando somente o
intervalo de terça. Critiquem a maneira como ele conduziu a frase para um final previsível usando arpejos diminutos. Riam do uso
inocente de apenas arpejos tríades. Escarnem da tentativa pífia de soar exótico pela presença da quarta aumentada. E depois
dessa humilhação toda, façam um trecho muito melhor. Aliás, uma música muito mais legal. E depois montem uma banda,
ensaiem, gravem um CD com a música e, por fim, editem seu método de guitarra “toque de mestre” que eu vou comprar, tocar
a frase, achar bem legal e ensinar para os meus alunos!! (Tudo isso porque eu não tinha nada para escrever aqui...).

44 Técnica Incendiária
27. Heaven’s Call
Bem no final da música “Heaven´s Call”, do CD “Timeless Realm” do Akashic, encontramos com essa linha tocada pela guitarra
e teclado em uníssono. Ou seja, nada de sair fora do tempo, tem que ser tudo bem certinho, senão vira uma bagunça!
Temos aqui uma mistureba de técnicas tão grande que nem sei explicar o que está acontecendo, mas vou tentar: Nos dois
primeiros compassos temos a presença sempre alegre da nossa amiga, a palhetada alternada, seguida de um compasso onde
misturamos ”sweep” e “alternate”, depois temos alguns “sweeps” com pulo de corda e para terminar, uma serie de duzentos
abdominais, alongamento, banho, uma tigela de açaí e nada de sair pra balada hoje!

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28. Universe
Para o último exercício, mais um trecho musical. Essa frase foi extraída da música “Universe”, do CD homônimo da banda
“De Ros”. Numa análise musical, encontramos a escala pentatônica de Cm utilizada para soar mais parecida a um arpejo,
toda em semicolcheias, depois a mesma escala se torna um arpejo de F sem terça e finalmente executa-se um arpejo de
Cm7 em sextinas, para voltar ao começo. Muito cuidado com os ligados indicados e observe bem a palhetada, pois ela
dará um maior sentido rítmico à frase. O grande desafio é tocar a sextina e voltar na semicolcheia no tempo exato. Quando
você conseguir isso, o resto se torna fácil.

46 Técnica Incendiária
Considerações finais:

Quando um músico toca uma frase, uma idéia musical que estará completa. O ouvinte pode indentificar-se com a música
ele criou ou está improvisando ou ainda, que outra pessoa ou não, isso é algo pessoal e muito abstrato, mas, ao meu
criou e ele está executando, algo mágico acontece. De onde ver, o músico tem obrigação de passar essa idéia da maneira
surgiu essa idéia, essa música? Quem criou? Como? mais genuína possível, com a atitude certa. Com a suavidade
Imagine que o músico tirou essa idéia do ar. Essa idéia ou força necessárias, com a velocidade e expressão corretas,
estava flutuando ao redor dele e ele, ao percebe-la, tirou-a com dinâmica e articulação. Enfim, o músico tem que tocar a
do ar e a tocou, transformando-a em ondas acústicas, idéia de uma forma segura.
devolvendo-a para o ar, para que as outras pessoas possam Para isso que se estuda técnica. Para que a comunicação
ouvi-la também. entre músico/ouvinte seja fácil, para que as emoções fluam e
Se ele consegue demonstrar essa idéia de forma clara, limpa, os sentimentos se congreguem.
concisa, as pessoas vão compreende-la e a comunicação Para te ajudar a conseguir isso que eu escrevi este método.

Marcos De Ros 47
Biografia
Iniciou sua carreira aos 9 anos, copiando alguns acordes e
melodias no violão. Em 85, com 14 anos, já fazia shows com sua
primeira banda de rock, o GARGANTHUAE, e em 88 tocava em
várias bandas, desde jazz-fusion até thrash-metal. Nesta mesma
época começou a ter aulas de violino.
No ano seguinte foi admitido como violinista na Orquestra
Sinfônica de Caxias do Sul. Em 91, com 20 anos, formou o power
trio DE ROS, com o baterista Sandro Stecanela e o baixista Fábio
Alves. Com esta formação, a banda gravou algumas demos e fez
vários shows na região e no centro do país.
No ano de 92 foi contratado como músico de estúdio para gravar
o disco Radicci, lançado pelo selo Official Bootlegs. Em 94 lançou
seu primeiro disco com a banda DE ROS, o LP independente
AD DEI GLORIAM, que em 96 foi relançado em formato CD, e
conseguiu uma ótima repercussão, tanto em termos de público
quanto de critica.
No começo de 97 gravou UNIVERSE, pelo selo Megahard
Records, um CD com mais peso e músicas que refletem um grande
amadurecimento, além de algumas surpresas como o uso mais
acentuado de teclados, a cargo de Éder, a participação de uma
cantora, Franciele, que faz uma vocalização belíssima em “Eternal
Life” e algumas passagens acústicas, como “Para- Bhakti”, que
trazem à tona um estilo diferente e muito musical.
No ano de 1999 lançou o seu terceiro CD instrumental,
MASTERPIECES. Este CD é na verdade uma idéia inovadora, pois
se trata de uma releitura de músicas eruditas de compositores
consagrados, como Mozart, Bach, Villa-lobos e Paganini, entre
outros. Difícil explicar o tipo de emoção que a audição deste
CD desperta no ouvinte, uma vez que além de contar com a
colaboração de excelentes músicos e com uma intensa pesquisa
de arranjos e timbres no estúdio, Marcos De Ros ainda foi muito feliz
na escolha do repertório, sabendo dosar o lirismo da “Ave Maria”
com a força do “O Vôo do Besouro”; a sutileza da “Meditação de
Thais” ao virtuosismo do “Capricho XXVII”.
Em 2000 o guitarrista junto à banda AKASHIC, realizou uma
extensa turnê na Europa, tocando Em Portugal, Espanha, França,
Suíça, Bélgica e Holanda, fazendo vários shows e workshops
nestes paises. Esta turnê culminou com a gravação do CD
TIMELESS REALM, lançado em outubro do mesmo ano no Brasil,
pela Hellion Records, CD este que angariou uma verdadeira legião
de fãs em todo o Brasil, gravado em Portugal com a produção de
Luis Barros.
No ano seguinte, o músico trabalhou intensamente em
workshops e participou de alguns projetos de artista locais e
também do Terceiro festival internacional de Violão Erudito de
Caxias, sendo o único professor palestrante a tocar guitarra elétrica
no festival. Também participou das coletâneas Hellion Collection
vol. 3 e Guitarapalooza.
48 Técnica Incendiária
O ano de 2002 foi marcado pelo intenso número de ensaios, na AKASHIC e no Chile e Bolívia junto ao Pablo Soler. Neste
pré-produção do novo álbum do AKASHIC, além do lançamento ano também foram lançados o pedal distortion /booster
do primeiro CD-Rom instrucional feito por um guitarrista brasileiro, da Wavebox, modelo Marcos De Ros, concebido sob as
o ADVANCED GUITAR TECHNIQUES, que foi lançado com especificações do próprio, e a correia de guitarra modelo
exclusividade pelo site norte-americano Chops From Hell. No Marcos De Ros, pela Ibox. Também foi lançado um DVD
mesmo ano o guitarrista participou como convidado do CD do contendo dois shows da banda DE ROS, o “Live 9793”.
guitarrista Português Paulo Barros. O músico continua com seu projetos de turnês pela
No inicio de 2003, o AKASHIC gravou seu novo CD, - A américa latina. Também desenvolve um trabalho junto ao
BRAND NEW DAY, que novamente contou com a produção do acordeonista Oscar Dos Reis que resultará na gravação de
Português Luis Barros e a masterização de Tommy Newton, um CD no inicio de 2008.
CD que está sendo ansiosamente aguardado pelos fãs e pela - Marcos De Ros já foi citado várias vezes, pela critica
critica especializada. No decorrer do mesmo ano participou da especializada e pelos leitores de revistas especializadas
coletânea Virtual Guitar Virtuosos, lançada exclusivamente no (Rock Brigade, Roadie Crew) como um dos melhores
mercado Tailandês. guitarristas do Brasil.
Em 2004 fez uma extensa turnê pela Argentina, Bolívia e Paraguai - Fez shows e workshops em vários paises, como
ao lado do guitarrista Argentino Pablo Soler, turnê esta chamada Alemanha, Argentina, Bélgica, Bolívia, Chile, Espanha,
de South American Guitar Masters e participou do CD Shawn França, Holanda, Paraguai, Portugal e Suíça.
Lane Tribute vol II (Lion Records, Finlândia) com uma composição - É o primeiro guitarrista Brasileiro a lançar um CD-Rom
inédita e fez uma participação no CD APPASSIONATO, de Yasu didático no exterior.
Matsushita (Japão). No mesmo ano gravou Masterpieces 2, CD - É o proprietário da escola “De Ros – Centro de Estudos
este que obteve incrível projeção nacional. de Guitarra”, com sede em Caxias do Sul, uma das escolas
No ano de 2005 gravou seu segundo CD Rom, INTENSE com metodologia mais moderna do país.
PICKING, pelo selo Chops From Hell, e no lançamento nacional Marcos De Ros usa: guitarras Walczak / amplificadores
o CD do Akashic, tocou na casa de espetáculos paulista Via Meteoro / suportes e correias Ibox pedais Wavebox
Funchal ao lado das bandas Pain Of Salvation e Evergrey. ...e poderia usar a SUA marca, se ela for de grande qualidade
2006 foi marcado por intensas turnês e estudos. Neste ano e se você tiver interesse em apoiar os músicos Brasileiros!
também foi gravada uma vídeo aula conjunta com o colega
Argentino Pablo Soler. www.deros.com.br
Em 2007 o musico fez turnê na Alemanha com sua banda marcosderos@hotmail.com

Discografia

DE ROS “AD DEI GLORIAM” “MASTERPIECES” “MASTERPIECES 2”


(CD)- 1992 (CD)- 1999 (CD)- 2004

DE ROS “LIVE 9793”


(DVD)- 2007

DE ROS “UNIVERSE” AKASHIC“TIMELESS REALM” AKASHIC “A BRAND NEW DAY”


(CD)- 1997 (CD)- 2000 (CD)- 2005
Marcos De Ros 49
Agradecimentos

A Elenir De Ros, pelo constante apoio e


dedicação – isso é que é mãe!!! E a Máira,
por ser o amor da minha vida e por me ajudar
tão intensamente! E a Deus, por ter colocado
essas mulheres maravilhosas na minha vida!!!
Também agradeço ao Zé Luiz e a Kika - Meteoro,
ao Marcelo e ao Mota - Wavebox, ao Adriano e
ao Ismael - Ibox e ao Leandro – Walczak, por
acreditarem e confiarem no meu trabalho!
E claro, ao André Martins, que me deu a maior
força nesse projeto!! Valeu gente!!!!
Marcos De Ros.

50 Técnica Incendiária

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