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Campos Pedro Generos Do Jornalismo
Campos Pedro Generos Do Jornalismo
in which everything melds together in the térias jornalísticas por seu conteúdo Infor-
concreteness of a greater text. There, the mativo (as notícias curtas), Opinativo (os
reporter shall not hide his opinion, shall be editoriais e colunas assinadas), Interpreta-
able to be playful in the narrative, will pass tivo (os textos mais explicativos, que inter-
dependable information and will interpret pretam o fato através de reportagens e entre-
the fact with consummate skill, placing it vistas contextualizadas) e Recreativo (mais
in a context, explaining and making it clear. voltado para o lazer e a diversão do leitor).
However, it is both useful and opportune to A professora Cremilda Medina entende que
study the genres, as well as interview techni- o Gênero Recreativo não é uma terminolo-
ques and the Advanced Literary Journalism. gia adequada, tendo em vista as transfor-
mações que os jornais estão experimentando
Key words: Journalism; Genres; Quality; com as novas tecnologias e com as pesqui-
Service. sas3 que identificam a adequada segmenta-
ção de público à qual correspondem os con-
teúdos de cada gênero. Ao fim e ao cabo, o
1 Informativo
que os jornais e toda a mídia buscam é al-
A questão dos gêneros na práxis informativa cançar a maior audiência possível porque é
ainda é uma área muito polêmica. Entretanto isto que atrai anunciantes e melhora o fatu-
faz-se necessário estabelecer uma classifica- ramento publicitário. Esse interesse pelo as-
ção de tendências em que a informação se pecto econômico-financeiro que permeia, de
processa.1 Pelo menos no impresso, ao abrir fato, todo o processo de produção capitalista
um jornal, por exemplo, o leitor mais atento voltado para a acumulação,4 está suficiente-
perceberá o predomínio de artigos assina-
Assim, outros autores reúnem os textos jornalísticos
dos e matérias claramente opinativas como o mais de acordo com a forma que o conteúdo: Entre-
Editorial. Nas páginas seguintes terá notícias vistas, Reportagens, Artigos, Colunas, Editoriais, Pe-
curtas e algumas reportagens mais extensas. quenas Notas etc.
3
No caderno final e nos suplementos especi- Em palestra sobre Novos Paradigmas da Ciên-
cia, na Unesp, campus de Bauru, por ocasião da Se-
alizados terá uma informação mais amena,
mana Nacional de Ciência e Tecnologia, em 5 out.
até com uma linguagem mais alegre como 2005, a psicóloga e doutora em filosofia pela UFRJ,
na crônica esportiva ou nas crônicas propri- Viviane Mosé, produtora do quadro do Fantástico (TV
amente ditas. Há ainda reportagens farta- Globo), revelou que a emissora carioca - líder de au-
mente ilustradas sobre viagens, saúde, lazer, diência no país - faz pesquisas permanentemente para
verificar as demandas do gosto popular, com o obje-
comportamento, literatura, além de palavras
tivo de não investir em gêneros e produtos de pouca
cruzadas, tiras, horóscopo, adivinhações etc. aceitação. No caso do quadro sobre os grandes filó-
Por isto alguns autores2 classificam as ma- sofos - Ser ou não Ser - a pesquisa de opinião pública
constatou, segundo ela, que as pessoas estão interes-
1
Cf. MEDINA, 1988, p. 55 sadas em formação, e não apenas em informação.
2
Para Todorov (citado por Manuel Carlos Cha- 4
"As flores do campo e as paisagens têm um grave
parro, em Sotaques D’Aquém e D’Além Mar - Per- defeito: são gratuitas. O amor à natureza não estimula
cursos e Gêneros do Jornalismo Português e Brasi- a atividade de nenhuma fábrica", afirma o Diretor de
leiro. Portugal: Editora Jortejo, 1998, p. 117) "gêne- Incubação e Condicionamento em Admirável Mundo
ros são classes de textos com propriedades comuns". Novo, de Aldous Huxley,1981, p. 20.
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Gêneros do Jornalismo e Técnicas de Entrevista 3
mente resumido no título da obra clássica da Para tanto “é preciso descobrir na notícia um
professora Medina: Notícia - Um Produto à ponto de interesse, de contato, uma brecha
Venda.5 que sirva para atrair o espírito do leitor”.8
Neste artigo vamos tentar caracterizar um Geralmente o leitor se interessa por assun-
pouco melhor cada um desses quatro gêneros tos relacionados com sexo, morte, destino,
do jornalismo. dinheiro, situação do tempo, atos de genero-
De início vale ressaltar que qualquer gê- sidade e a piedade presente nos casos absur-
nero é, antes de tudo, Informativo, pois a no- dos e emocionantes. Para Pierre Lévy,9 “no-
tícia é a matéria-prima do jornalismo. “Que tícia é a virtualização do fato através do real
vem a ser essa figura tão importante, es- simbólico”.
pécie de prima donna da imprensa, vedete
insubstituível no domínio jornalístico?”, in-
2 Recreativo
daga Luiz Amaral.6 E responde com múl-
tiplas definições: “Notícia é algo que você Como vimos, o recreativo é uma forma ainda
não sabia antes”. “É um pedaço do social mais discutível de classificar os gêneros do
que volta ao social”. “É tudo que o público jornalismo. Como relacionar na categoria de
necessita saber, tudo que o público deseja "recreativa"uma matéria de comportamento
falar”. Ela se torna tanto mais significativa que trata de situações extremas diante das
e interessante em função de sua atualidade doenças graves ou terminais ou mesmo da
(imediatismo), proximidade (local), impor- própria morte? A reportagem sobre desco-
tância (valor intrínseco), transmissibilidade bertas científicas pode ser definida como re-
(clareza), conflito (polêmica), suspense (ca- creativa? E as matérias sobre Educação? O
pacidade de prender a atenção), emoções que outros autores defendem – como Alberto
(presença do ser humano) e conseqüências Dines - é um estilo leve, bem humorado,
(tendência futura). Encontramos no regis- mais arejado, que não deve ficar confinado
tro de Amaral7 a grande lição que o jorna- a este ou aquele caderno, mas que deve per-
lismo deveria observar, sempre, quando pro- passar todo o jornal, do Esporte ao Editorial.
duz notícia: “Um acontecimento só nos de- A este respeito, o jornalista Márcio Moreira
tém quando, de uma forma ou de outra, te- Alves critica a linguagem rígida dos editori-
mos a impressão de participação ou identifi- ais brasileiros que, na sua opinião, parecem
cação...para ser compreendido pelo público querer atingir a cabeça do leitor como uma
o repórter deve partir daquilo que ele co- pedrada, tentando enfiar-lhes goela abaixo a
nhece bem – ele próprio - e falar a lingua- persuasão imaginada pelo editorialista. 10
gem do coração”. O mestre está nos ensi- De qualquer forma – com esta ou aquela
nando a não abrir mão da emoção, a colocar- classificação – o jornalismo precisa dar aten-
nos no lugar do outro, a sentir a sua dor ou ção ao leitor que busca um pouco de lazer,
o seu prazer, suas angústias, suas alegrias. 8
id. ibid.
9
5
Cf. Editora Summus, 1988. Cf. LÉVY, 1998, p. 55.
10
6
Cf. AMARAL, 1997, p. 39. Citado por AMARAL, L. Técnica de Jornal e
7
id., p. 42. Periódico, p. 140.
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4 Pedro Celso Campos
de recreação, de divertimento, algo para pas- cumpre seu papel social a serviço do recep-
sar o tempo, descompromissadamente. A tor, agindo com transparência, passando se-
cultura do lazer é uma presença crescente riedade e credibilidade. É necessário que os
no estressante ritmo da vida atual predomi- jornalistas tenham liberdade para comentar a
nantemente urbana. Antigamente condenado realidade, orientando seus leitores. Infeliz-
como “preguiça”, hoje o ócio com dignidade mente, entretanto, não é sempre assim, nem
é visto como hábito saudável, sinal de in- mesmo em países mais desenvolvidos. Basta
teligência emocional, traço cultural e sócio- lembrar o sensacionalismo dos tablóides in-
econômico, como define o sociólogo italiano gleses ou a demissão do jornalista Peter Ar-
Domenico De Masi. Isto significa que os jor- nett, em 2004, nos EUA, por ter criticado a
nais e toda a mídia devem valorizar o noti- invasão do Iraque. É o que nos leva a consta-
ciário sobre cultura, esporte, teatro, cinema, tar, infelizmente, que não existe liberdade de
viagens, humor, as crônicas e sátiras, o hu- imprensa, apenas liberdade de empresa. Por
mor em geral...a própria educação ambien- isto muitos jornalistas se acomodam, como
tal pode ser passada, com excelentes resulta- denuncia Ignacio Ramonet, do Le Monde Di-
dos, através da informação lúdica, dos jogos plomatique, aceitando as regras do mercado
em forma de infográficos, dos desenhos e ti- e silenciando quando deviam se manifestar.
ras, das histórias em quadrinhos, das crôni- Para Luiz Beltrão12 é a opinião que “valoriza
cas etc. 11 e engrandece a atividade do jornalista, pois
quando expressa com honestidade e digni-
dade, com a reta intenção de orientar o lei-
3 Opinativo
tor, sem tergiversar ou violentar a sacrali-
Mas o jornalismo não tem apenas o dever de dade das ocorrências, se torna fator impor-
informar e divertir – mesmo quando educa. tante na opção da comunidade pelo mais se-
Também tem o direito e o dever de opinar. É guro caminho à obtenção do bem-estar e da
com a opinião segura, abalizada, bem fun- harmonia social”.
damentada, que o veículo de comunicação No que se refere especificamente ao Jor-
11
nalismo Ambiental, o “dever de opinar” é
"Os momentos escolhidos para ler os jornais
são os intervalos de repouso: o descanso que segue igualmente sagrado, pois trata-se de infor-
ao almoço, a espera do jantar ou a hora de dormir. mar claramente sobre situações que aparen-
[...] a leitura dos jornais é a distração consciente- temente são vantajosas para a sociedade mas
mente procurada, nas salas de espera, nos (domin- que escondem ciladas e intenções não reve-
gos e) feriados, quando chove", afirma Jean Stoet-
ladas pelos interesses ideológicos em jogo.
zel ao relacionar a recreação como a segunda função
psicossocial da imprensa (após a função de atualiza- Mas para opinar é preciso conhecer, estudar,
ção), acrescentando que o próprio público considera pesquisar, checar dados, confrontar fontes,
a leitura dos jornais como uma atividade de prazer. “gastar sola de sapato” como se diz. É isto
Ao mesmo tempo, para o político e jornalista francês que faz o diferencial entre os bons e os maus
Jean-Jacques Servan-Schreiber, em sua obra O Desa-
jornalistas, entre os que têm garra e os que
fio Americano, "uma das principais características da
civilização pós-industrial é o número de horas de la- 12
Cf. BELTRÃO, L. Jornalismo Opinativo. Porto
zer, cada vez maior, que o homem poderá desfrutar". Alegre: Sulina, 1980, p. 14.
Cf. AMARAL, 1978, p. 20-21
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Gêneros do Jornalismo e Técnicas de Entrevista 5
têm preguiça, entre os que são céticos e os dois lados na notícia, mas muitos lados, tal-
que acatam tudo....qual jornalista se lembrou vez alguns conflitantes. Por isto é necessário
de pesquisar melhor quando, décadas atrás, checar, conferir, confrontar dados, ouvir de
um laboratório lançou o medicamento Tali- novo as mesmas fontes, se necessário.
domida para uso na gravidez? Mas todos Este é, talvez, o gênero mais difícil - talvez
noticiaram, anos mais tarde, o nascimento por isto o mais gratificante - do jornalismo
de crianças com defeitos físicos em todo o porque exige ainda mais apuração, mais en-
país... trevistas, mais consultas, mais investigação,
mais envolvimento da equipe para que o tra-
balho saia “redondo”, na expressão de Al-
4 Interpretativo
berto Dines13 , para que o leitor receba to-
Aparentemente o gênero Interpretativo - cuja das as informações relacionadas com aquele
base é a investigação acurada - confunde-se tema e possa tirar, com segurança, suas pró-
com o Opinativo. Mas não se trata da mesma prias conclusões.
coisa. Enquanto o Opinativo parte da infor- Entretanto, é neste gênero que se desta-
mação ou de um pressuposto que configura cam os grandes jornalistas. Basta lembrar
uma hipótese a ser provada, desenvolvendo que foi com a ferramenta do Interpretativo
em seguida uma argumentação lógica base- que surgiu o "new journalism", nos Estados
ada em boa pesquisa, terminando com uma Unidos, com destaque para os textos da re-
conclusão persuasiva, o Interpretativo deixa vista Time, em 1923, que inaugurou um es-
para o leitor a decisão de acatar ou não a in- tilo mais explicativo para noticiar os fatos da
formação passada do modo mais claro e mais semana, influenciando o surgimento de pu-
explicativo possível, sempre buscando a con- blicações semelhantes como The New Yor-
textualização histórica, o entorno do fato, os ker (celeiro dos primeiros livros-reportagem
detalhes do acontecido ou declarado, para ir como A Sangue Frio, de Truman Capote; O
além do meramente declaratório. Advoga- Segredo de Joe Gould, de Joseph Mitchell
se, na verdade, um jornalismo que possa etc), L’Express, na França; Der Spiegel, na
mostrar ao leitor as tendências futuras, isto Alemanha; L’Europeo, na Itália etc. Gran-
é, o encaminhamento que o fato pode tomar, des nomes se revelaram no gênero interpre-
mas não a partir de futurologia irresponsá- 13
Alberto Dines lembra, entretanto, que "o gênero
vel, e sim de um relacionamento "ótimo"com investigativo foi sendo abandonado, aos poucos, pela
as fontes do setor. O relacionamento com a imprensa brasileira, justamente quando os grandes
fonte é ótimo quando a cumplicidade profis- jornais preferiram a linha ’empresarial’, que consiste
sional preserva a ética e o respeito mútuo, basicamente em informar sem se comprometer. O
golpe fatal lhe foi desferido paradoxalmente quando
quando o profissional preserva o nome da
a ’febre’ da comunicação e do seu controle invadiu as
fonte nas declarações em off e quando nem instituições brasileiras [na década de 1970]. Organis-
um nem outra usam o jornalismo com outro mos privados ou públicos passaram a organizar seus
propósito que não o de levar a informação departamentos de informações para filtrar e divulgar
verdadeira ao público alvo. Naturalmente o através de notas e releases, a matéria de seu interesse
ou que lhes era solicitada.". Cf. O Papel do Jornal,
bom repórter sabe que é necessário checar as
1986, p. 91.
informações e também sabe que não existem
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6 Pedro Celso Campos
tativo como John Reed, Tom Wolfe, Norman O "Jornalismo de Autor-- como Dines
Mailler, Ernest Hemingway, Gay Talese, Ga- chamava o "Novo Jornalismo brasileiro--
briel Garcia Marques (Colômbia) e também também teve seu espaço na fase pioneira
o herói nacional de Cuba, José Martí, entre da revista Veja, seguindo-se, depois, os
outros. livros-reportagem de Fernando Morais, Zu-
No Brasil esse modo de fazer jornalismo enir Ventura, Ruy Castro, Caco Barcelos e
de qualidade apareceu em 1928, na revista os estudos acadêmicos na área do Jornalismo
O Cruzeiro, de Assis Chateaubriand, regis- Literário (como veremos a seguir) com o
trando seu auge nos anos 50, com os me- professor Edvaldo Pereira Lima (ECA-USP)
moráveis textos de David Nasser, Joel Sil- e Celso Falaschi (PUC-Campinas) criadores
veira, Edmar Morel e tantos outros. Mas foi do site www.textovivo.com.br.
em 1951, com a reforma do Diário Carioca, Hoje o texto interpretativo está despresti-
onde Pompeu de Souza introduziu pela pri- giado, embora já se observe uma tendência à
meira vez na imprensa brasileira a técnica sua retomada, diante do "cansaço"provocado
americana do lead e o Manual de Redação pelo excesso de informações curtas e super-
- como forma de sistematizar e padronizar a ficiais que os meios despejam sobre o re-
produção de notícias - que teve início a fase ceptor sem apresentar qualquer diferencial.
moderna da imprensa brasileira, já a essa al- O que tem ocorrido, infelizmente, é que a
tura operando em moldes empresariais. mesma tecnologia que situou o jornalismo
Outro passo importante na melhoria de como uma atividade de ponta na indústria
qualidade do nosso jornalismo foi a reforma gráfica do país, empurra os meios de comu-
do Jornal do Brasil, por Alberto Dines, nicação para a necessidade de disputar mer-
que também trouxe da imprensa americana cado através da multiplicidade de pequenas
a idéia do Caderno de Pesquisa e do Ca- notícias, abordando todos os assuntos, po-
derno Especial de Domingo onde os profis- rém de forma superficial e meramente quan-
sionais poderiam escrever textos mais ame- titativa. Parte-se do princípio que o apres-
nos, mais contextualizados, afinal, interpre- sado leitor de nossos dias não tem mais
tando melhor a realidade. Uma Realidade tempo para “saborear” longas reportagens.
que surgiu como revista mensal em 1966 Por isto mesmo as empresas não investem
(preservando as características originais de mais em coberturas de fôlego, preferindo re-
narrativa diferenciada até 1968), ícone da duzir custos com a produção de notícias cur-
imprensa brasileira, consolidando em nosso tas que muitas vezes chegam pelas Agên-
país o "Novo Jornalismo", juntamente com cias de Notícia dispensando a contratação de
o Jornal da Tarde, em São Paulo, também bons jornalistas. Quando o jornal é regional,
em 1966, dando asas à imaginação cria- então, a cobertura local fica praticamente en-
dora de nomes ontológicos como José Ha- tregue a alguns interesses políticos e empre-
milton Ribeiro, Luiz Fernando Mercadante, sariais. Até mesmo parte expressiva do no-
Domingos Meirelles, Joel Silveira, Mauro ticiário ambiental é “importado” de regiões
Santayana e tantos outros que Audálio Dan- distantes como se no “local” não existissem
tas reuniu no livro Repórteres, em 1997, com problemas ambientais. Assim, não há inter-
apoio da Editora Senac. pretação da realidade, não há explicação do
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Gêneros do Jornalismo e Técnicas de Entrevista 7
fato e o jornalismo perde sua vocação princi- jornalismo já têm liberdade para montar cur-
pal que não é disputar espaço com os meios rículos mais adaptados às caraterísticas soci-
eletrônicos mas fazer o aprofundamento que ais, culturais e econômicas de cada região do
o leitor espera, a contextualizaçãp que o fato país, o que abre perspectivas para currículos
exige. mais compreensivos em relação às deman-
A este respeito, afirma o professor Ulisses das sociais da atualidade. Novos métodos
Capozolli, presidente da Associação Brasi- de ensino centralizado no aluno, nos quais
leira de Jornalismo Científico: o professor é mais uma instância de apren-
dizado, e não a única, com a necessária im-
A imprensa tem pela frente um enorme de- plosão das paredes que cercam a sala de aula
safio: o de fazer jornalismo interpretativo, - através do uso adequado da Internet, ferra-
ou seja, de contextualização histórica dos menta que revolucionou profissões como as
acontecimentos como esforço para oferecer
dos comunicadores - permitem à área aca-
uma inteligibilidade possível do mundo. Essa
dêmica proporcionar um ensino em sintonia
deve ser a alternativa, ao menos para a im-
prensa escrita, de enfrentar o caos informa-
com os "novos tempos"de que fala o profes-
tivo trazido pela Internet. Essa é a nova fun- sor Capozolli.
ção da imprensa, resultado do impacto não só Algumas escolas do país - poucas ainda -
da tecnologia..mas do que se poderia chamar, estão introduzindo a disciplina "Jornalismo
novamente, de ’novos tempos’. Ambiental"na graduação, na pós-graduação
e também nas especializações. Esta é uma
Alguns observadores da mídia chegam a disciplina que oferece a oportunidade de le-
afirmar que o espaço para o jornalismo inter- var o aluno ao questionamento da sociedade
pretativo, de qualidade, já está de volta, em e dos modelos econômicos vigentes, desper-
parte da mídia, e que em muitas redações o tando nele o senso crítico inerente ao profis-
que falta mesmo é profissional com a neces- sional que se destaca do lugar comum. Afi-
sária sensibilidade, a indispensável força de nal, trata-se de uma matéria intensamente in-
vontade e a natural capacidade de escrever terdisciplinar, que abarca várias áreas do co-
bem para relançar o gênero. nhecimento (economia, antropologia, socio-
A se confirmarem tais prognósticos, ca- logia, política etc) e que pode servir de mo-
berá, naturalmente, à escola preparar profis- delo para a preparação de futuros jornalistas
sionais mais criativos, menos propensos aos com visão ampliada na análise da complexi-
bitolamentos tradicionais da objetividade ra- dade do mundo. Este esforço de estudo in-
cionalista que teima em ter sempre a bordo terdisciplinar é próprio da característica sis-
os instrumentos inibidores da criatividade têmica que envolve o conceito de meio am-
que são a apuração apressada, o excessivo biente permanentemente aberto em sua mul-
formalismo do lead, os rigores do Manual da tiplicidade de abordagens e métodos. Para
Redação, a pauta fechada (que não dá aber- Edgar Morin,
tura de abordagem ao repórter) etc.
Com a flexibilização curricular aprovada ...devemos, pois, pensar o problema do en-
pelo Ministério da Educação e Cultura em sino, considerando, por um lado, os efeitos
1996 e regulamentada em 2002, os cursos de cada vez mais graves da compartimentação
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8 Pedro Celso Campos
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Gêneros do Jornalismo e Técnicas de Entrevista 9
nos lembra Roszak.15 Por isto o JLA reco- histórias de classe e família, da fama efê-
menda a História de Vida em substituição à mera, do sucesso com o chefe circunstan-
doutrinação quando o objetivo é a persuasão. cial, das facilidades momentâneas e, literal-
Vimos isto lá atrás, em Agostinho e Fran- mente, como se dizia há alguns anos, ’pisar
cisco, que pregavam através de exemplos. no barro’, é um salto no escuro", como ad-
Para CAPRA (1994, p. 69) "todo conheci- verte Cremilda Medina.17 E acrescenta:
mento significativo é conhecimento contex-
São várias etapas. Abrir-se, aprender a ouvir,
tual, e grande parte dele é vivencial e tá- a respeitar o diverso, a lidar com os desiguais,
cita". Por outro lado, para transmitir a "vi- a ser descrente e apurar, a recuperar visões
vência"do outro, é necessário que o próprio distintas, a eleger o pequeno como parte es-
jornalista se faça "outro", de tal modo a pas- sencial do todo e a todos tratar igualmente.
sar para o receptor não a narrativa da expe- Porque nessa tarefa o que eqüivale é a hu-
riência, mas a experiência em si que agora manidade. E a informação bem trabalhada
já será como que "sua"experiência, por estar é patrimônio da humanidade. Seja entre as
incorporado nela. A este respeito, afirma Pe- mulheres afegãs, as africanas esterilizadas, as
reira Lima nordestinas famintas e malcuidadas, as mo-
delos tornadas objetos de consumo ou os se-
Na visão holística do mundo, o observador nhores de todos os poderes.
não pode ter uma leitura correta da realidade
se não se preparar, ele próprio, para a condi-
Contar boas histórias. Contá-las bem.
ção necessária à nova perspectiva de enten- Com emoção. Este é o grande diferencial
dimento. Observador, observado e a coisa para a narrativa jornalística dos "novos tem-
observada transformam-se em interação sis- pos". Mas se agir friamente e apressada-
têmica, crescem para novos níveis de com- mente, se não se preparar, o jornalista não
preensão. Só assim, mediante a experiência alcançará a empatia que Erasmo de Rotter-
própria, o jornalista terá capacidade de des- dam (1469-1536) ensina:
pertar, no leitor, os estados de percepção si-
O homem é feito de maneira que as ficções
milares aos que vivenciou. (Edvaldo Pereira
lhe causam muito mais impressão que a ver-
Lima. In: Páginas Ampliadas, 1995 p. 258-
dade. Quereis uma prova clara e sensível?
259). 16
Ide a vossas igrejas quando lá se prega. Se o
orador trata de algum assunto sério, as pes-
Todavia, "descobrir o outro, revelá-lo
soas se aborrecem, bocejam, dormem; mas
para os outros reivindica renúncia e cora-
se, mudando subitamente de tom e de as-
gem. Desvestir-se das crenças pessoais, das sunto, [...] o pregador põe-se a recitar com
15
"A informação é apresentada como a base do ênfase alguma velha história popular, a audi-
pensamento, enquanto que, na realidade, a mente hu- ência logo muda de atitude: todos despertam,
mana pensa com idéias e não com informações. [...] se aprumam, escutam, todos são olhos e ou-
Idéias são padrões integrativos que não derivam da vidos. (ROTTERDAM, Elogio da Loucura,
informação, mas sim da experiência". Cf. Theodore 2005: p .69 - 70). 18
Roszak. In The Cult of Information. Citado por CA-
17
PRA, p. 69. Cf. A Arte de Tecer o Presente, p. 149.
16 18
Edvaldo Pereira Lima. In: Páginas Ampliadas, Cf. Erasmo de Rotterdam. In Elogio da Lou-
1995 p. 258-259. cura, 2005, p. 69 - 70.
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10 Pedro Celso Campos
Contudo, se a característica da narrativa ções (aprendendo mais sobre Islã, China, Ín-
pelo JLA é o rompimento do lead raciona- dia), a Psicologia Arquetípica de Jung 20 , a
lista, para deixar passar todas as influências Teoria dos Campos Morfogenéticos ampli-
benéficas do nosso campo morfogenético, é ada por Rupert Sheldrake,21 a mitologia mo-
preciso lembrar, com clareza, que a narra- derna estudada por Joseph Campbell22 etc.
tiva sempre parte do fato real acontecido, vez Sobre a importância de estudar os mitos, e
que o JLA trabalha com a literatura da reali- até mesmo o próprio sonho, Campbell dirá:
dade. O que faz toda diferença é que no JLA "Uma coisa que se revela nos mitos é que,
a pauta é totalmente flexível e a captação não no fundo do abismo, desponta a voz da sal-
é apressada, do mesmo modo que a narrativa vação. O momento crucial é aquele em que a
não está estrangulada pelo arcabouço das pi- verdadeira mensagem de transformação está
râmides invertidas, do lead, do sub-lead, do 20
Carl Gustav Jung (1875- 1961), fundador da psi-
dead-line imediato etc. cologia analítica, rompeu com o pai da psicanálise
Já nos primeiros anos da faculdade, os (Freud) por discordar - dentre outras teses - que o sub-
estudantes de jornalismo que pretendem se consciente humano tivesse uma natureza predominan-
aprofundar na opção pelo JLA para escreve- temente sexual. Jung considerava, além do inconsci-
ente individual, o inconsciente coletivo, constituído
rem suas reportagens experimentais ou seus
por símbolos universais, transmitidos de geração em
trabalhos de conclusão de curso, geralmente geração e cristalizados nos arquétipos, como a anima,
preferem a "cabeça bem-feita"à "cabeça bem que é a faceta feminina da personalidade masculina,
cheia"de que fala Montaigne, explicado por e o animus, que é a faceta masculina da personali-
Edgar Morin: dade feminina [...] Os arquétipos, enquanto patrimô-
nio comum a toda a humanidade, podem ser encon-
trados na literatura, na arte, e em outros produtos cul-
O significado de uma cabeça bem cheia (g.
turais. No indivíduo, eles se manifestam nos sonhos
n) é óbvio: é uma cabeça onde o saber é acu- e constituem fatores determinantes da personalidade
mulado, empilhado, e não dispõe de um prin- e da conduta. Em Jung a terapia para os males psi-
cípio de seleção e organização que lhe dê sen- cológicos está na busca do equilíbrio. Exemplos de
tido. Uma cabeça bem-feita (g. n.) signi- arquétipos do inconsciente coletivo são o mito do pa-
fica que, em vez de acumular o saber, é mais raíso perdido, a figura do velho sábio, o herói etc. Cf.
importante dispor ao mesmo tempo de uma Eniclopédia Tudo. São Paulo: Abril Cultural, [s.d.],
aptidão geral para colocar e tratar os proble- p. 131 e 748.
21
A Teoria dos Campos Morfogenéticos trata da
mas [e dispor, igualmente, de] ...princípios determinação, da visualização e da projeção mental
organizadores que permitam ligar os saberes que podem solucionar problemas aparentemente in-
e lhes dar sentido. (MORIN, 2003, p. 21). 19 contornáveis, segundo Pereira Lima (1995, p. 255).
Rupert Sheldrake é autor de O Renascimento da Na-
Normalmente esses alunos pesquisam as tureza e de Os Sete Experimentos que Podem Mudar
novas ciências, como as Ciências da Terra o Mundo", publicados pela Editora Cultrix, de São
Paulo.
(entre elas a Geografia), a Cosmologia (que 22
Os estudos de Campbell (1904-1987) sobre mi-
trata do Universo), a Ecologia (que trata tologia moderna, com vários livros publicados, influ-
dos ecossistemas), a História das Civiliza- enciaram grandes criadores do cinema mundial como
Spielberg e George Lucas (de Guerra nas Estrelas, In-
19
MORIN, A Cabeça Bem-Feita - Repensar a Re- diana Jones etc). A citação referida no texto está em
forma, Reformar o Pensamento, 2003, p. 21 O Poder do Mito, 1990, p. 39.
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12 Pedro Celso Campos
nha, maquiavélica. Por outro lado, o próprio reman, realizada em 1974, no Zaire. O autor
jornalista deve se precaver para não se en- entrou "em comunhão"com seu personagem,
volver em situações ilegais. Em depoimento interagindo com ele, sentindo suas dores,
à imprensa, no início de 2003, sobre seu li- experimentando suas alegrias, participando
vro a respeito de um traficante, Caco Barce- de corridas com ele, convivendo em sua
los contou que estabeleceu algumas normas, casa, no Zaire, tornando-se quase uma
segundo as quais não tomaria conhecimento "extensão"da pessoa. Afinal, essa luta tinha
– durante as entrevistas – de fatos criminosos algo de ideológico entre o americanismo
em andamento ou futuros, apenas de fatos escancarado de Foreman e o muçulmanismo
passados. Também é necessário obter, logo combativo de Clay, aquela coisa de Bem
de início, um documento assinado em que o contra o Mal tão própria do judaísmo-cristão
entrevistado autoriza a divulgação de texto e e tão cara aos que continuam se achando no
imagem a seu respeito, o que poderá livrar o direito de mapear o "eixo do mal"sobre a
profissional de futuros e caros processos por terra.
uso indevido de imagem. O polêmico Truman Capote passou seis
Uma vez conquistada a simpatia do entre- anos fazendo entrevistas, coletando dados,
vistado, é necessário passar a conviver com lendo documentos, pesquisando, até publi-
ele em seu próprio ambiente. Foi assim que car, em 1965, o clássico A sangue frio
Joseph Mitchell escreveu uma das mais boni- [sic], por ele considerado o primeiro livro-
tas reportagens, em meados do séc. XX, con- reportagem com recursos literários, baseado
tando a história de um boêmio do Greenwich em fato real, narrando um crime ocorrido
Village, em Nova York, o popular Joe Gould, em 1959 no interior do Kansas, no meio-
que estaria escrevendo uma História Oral oeste americano. Para uma verdadeira "imer-
maior que a Bíblia. Mitchell sempre evitava são"no contexto dos fatos, o autor mudou-se
os lugares-comuns do jornalismo: celebrida- – por um ano – para a cidadezinha de Hol-
des, poderosos, "olimpianos"... Seus perso- comb, onde um casal e seus dois filhos fo-
nagens viviam à sombra, anônimos. Suas ram assassinados friamente, numa tragédia
reportagens eram buriladas anos a fio e fo- que causou comoção nacional.
ram elas que melhor capturaram o espírito Ao posfaciar o relançamento de A sangue
de Nova York entre as décadas de 30 e 60. O frio [sic], pela Editora Companhia das Le-
primeiro perfil de Joe Gould foi publicado na tras, em 2003, o jornalista Matinas Suzuki
revista The New Yorker no fim de 1942. Em Jr. baseou-se em longa entrevista concedida
1964, Joseph Mitchell completaria o perfil de pelo próprio Capote a George Plimpton, pu-
Joe Gould, sete anos após a morte de seu per- blicada em 16 de janeiro de 1966, em The
sonagem, com o qual conviveu longamente New York Times, para expor o método de
nos bares da cidade até "percebê-lo"nos mí- apuração que o autor utilizou até chegar ao
nimos detalhes. que batizou de "romance de não-ficção". As
Não agiu diferente outro destacado informações que Matinas Suzuki Jr. coletou
jornalista-literário norte-americano, Norman no referido depoimento revelam que
Mailer, ao descrever "a luta do século"entre
Cassius Clay (Muhamed Ali) e George Fo- Capote entrevistou por longo tempo um
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Gêneros do Jornalismo e Técnicas de Entrevista 13
grande número de pessoas sem fazer anota- quase perfeita entre homem e máquina, tal
ções ou gravá-las. Segundo ele, a anotação como conta Edvaldo Pereira Lima a respeito
e a gravação prejudicam o tempo dedicado à de Ayrton Senna25 ao conquistar suas melho-
observação dos personagens e do ambiente, e res marcas com pneus de chuva, exatamente
intimidam os entrevistados, que perdem a na- quando os concorrentes não conseguiam a
turalidade e deixam de fazer revelações im- concentração suficiente para evitar as fatídi-
portantes. Gay Talese, outro expoente do jor- cas derrapagens. Muitos fazem entrevistas,
nalismo literário, também condena o uso de
muitos se põem a fazer perguntas durante
gravador e das anotações na frente do entre-
dias a fio a um personagem determinado para
vistado. Capote dizia ter treinado com um
amigo uma técnica de prestar atenção abso-
escrever uma "história de vida". Mas pou-
luta ao que ouvia (o amigo lia longos trechos cos se perguntam por que Mitchell, Capote
de um livro em voz alta, e depois Capote, e todos os ases do jornalismo literário eram
qual um "fotógrafo literário", tentava repro- tão cuidadosos na apuração e levavam tanto
duzir literalmente o trecho lido). Ele gabava- tempo para produzir o relato. Tudo bem que
se de conseguir cerca de 95% de total preci- contavam com o apoio (inclusive, ou prin-
são. cipalmente, financeiro, coisa que falta hoje
em dia) do fundador da revista The New Yor-
A citação literal do texto tem o objetivo ker, Harold Ross, e do editor Willian Shawn,
de lançar luz sobre a já referida dúvida que que financiaram os dois autores e publicaram
muitos profissionais têm na hora de regis- seus livros, inicialmente, em capítulos.
trar a apuração. Entretanto, mais do que a Na verdade, resolvido o problema finan-
expressão mecânica do método - gravar ou ceiro, não se pode ter pressa para produ-
anotar ou um dos dois ou nem um nem ou- zir o jornalismo literário. Este é um gê-
tro, o que resulta bastante relativo conforme nero em que não basta registrar os fatos, é
as situações profissionais que se apresentam preciso pensar a narrativa, rechecar informa-
ou conforme as capacidades e limitações de ções, conferir dados, ficar atento ao anda-
cada entrevistador - o mais importante é re- mento da situação. No caso de A sangue frio,
ter o conceito do método. Trata-se, com por exemplo, a obra pareceria incompleta ou
efeito, de exigir do entrevistador uma con- menos importante sem a solução final repre-
centração especialíssima sobre o que está ou- sentada pela execução dos criminosos. Seria
vindo, uma capacidade de percepção do real transformar uma tragédia de grande reper-
muito superior ao que normalmente chama- cussão em conto da carochinha, parodiando
mos de "prestar atenção". Não basta prestar os clássicos dos irmãos Grimm: "E ficaram
atenção, é preciso "entrar"na história, pensar presos para sempre"... Também J. Mitchell
junto com o entrevistado, "copiar"o seu vôo, só revelou o segredo do seu personagem de-
como se diz no jargão da aviação quando o pois que Joe Gould morreu.
piloto precisa repetir, em vôo, as manobras Além dessas técnicas de entrevista, de nar-
do colega ou da equipe, como faz a Esqua- rativa, dos gêneros etc o jornalista conta com
drilha da Fumaça. A segurança da manobra 25
Cf. Ayrton Senna, Guerreiro de Aquário, 1995,
depende literalmente dessa capacidade de in-
p. 94.
teração do piloto com o grupo, numa fusão
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14 Pedro Celso Campos
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