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Complementação Pedagógica

Coordenação Pedagógica – IBRA

DISCIPLINA

LIBRAS BÁSICO E AVANÇADO

as
1. Língua e Linguagem 5
Distinção entre Língua e Linguagem 5
Língua de Sinais Brasileira considerada como Língua 7
Língua 10
O que é um Mito? 12
Surdos e ouvintes 14

2. Língua de Sinais Brasileira – Libras 19


Conceitos fundamentais 19
Como a Libras chegou ao Brasil 20
Principais Características da Libras 22
Alfabeto Manual da Língua de Sinais Brasileira 25
Datitologia 25
Sistema de Transcrição para Libras 27
Empréstimos Linguísticos 27
Parâmetros da Língua de Sinais Brasileira - Libras 28
Direção dos Movimentos 30
Tipos de Movimentos 31
Locação (L) 33
Orientação (Or) 35
Expressões não-manuais (ENM) 36
Exemplos de Parâmetros na Libras 38

3. Fundamentos Históricos da Educação dos Surdos 41


Histórico da Educação dos Surdos 41
Fundação da Primeira Escola Pública para
Surdos na França 44
A Educação dos Surdos nos Estados Unidos
(Século XVIII) 46
O Congresso de Milão 47
Comunicação Total 48
Bilinguismo 49
Quadro Resumo das Principais Abordagens
na Educação dos Surdos 50

02
Histórico no Brasil 50

4. Legislação Específica 52
Legislação na Antiguidade 52
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e a Constituição
Brasileira 52
Lei de Oficialização da Libras nº 10.436 53
Decretos e Leis que Antecederam a Oficialização
da Lei de Libras 54
Decreto 5.626 de 22 de Dezembro de 2005 55
Capítulo III 56
Da Garantia do Direito à Educação das Pessoas
Surdas ou com Deficiência Auditiva 57
Os Profissionais Intérpretes da Língua de Sinais 58
Exame Prolibras 63
Projeto de Lei que Reconhece a Profissão de
Intérprete 64
Acessibilidade 66
Símbolo Internacional de Surdez 67

5. Referências Bibliográficas 70

3
04
APOSTILA DE LIBRAS

1. Língua e Linguagem

Distinção entre Língua e linguagem natural.


Linguagem  a linguagem das máquinas e
dos computadores, que
emitem sinais sonoros ou
L inguagem é comumente
utilizada para designar toda e
qualquer forma de comunicação,
visuais para transmitirem
alguma informação, estes, são
chamados de sistemas
possuindo um sentido mais amplo, artificiais.
quer sejam sistemas naturais ou
artificiais. Pesquisas desenvolvidas sobre
Assim temos: o comportamento das abelhas por
 a linguagem dos animais, Karl Von Frisch, foram analisados
como por exemplo: os por Benveniste para explicar o
macacos quando estão à funcionamento da comunicação
procura de alimento ou de animal. Para Benveniste apud
acasalamento, emitem sons Temóteo (2008), a comunicação das
que caracterizam a sua
abelhas “não é linguagem, é um
solicitação específica, sendo
assim considerada como uma código de sinais”, porque esta é

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APOSTILA DE LIBRAS

limitada, não permitindo criar ou São próprias das comunidades


inseridas, que as tem como
decodificar realidades diferentes do
meio espontâneo de
seu habitat natural, resumindo a sua comunicação. Podendo ser
comunicação ao grupo no qual está adquiridas, através do convívio
social, como primeira Língua
inserida por não haver a (ou Língua Materna), por
reciprocidade necessária para a qualquer um de seus membros
linguagem. Ele refuta a desde a mais tenra idade.
interpretação linguística behavioris-
ta, demonstrando que a linguagem Acompanhando o pensamento
humana, diferentemente das de Benveniste apud Temóteo
linguagens das abelhas e outros (2008), no que diz respeito à
animais, não pode ser simplesmente caracterização da linguagem, ele
reduzida a um sistema de estímulo- afirma que esta “se reduz a
resposta. De acordo com LOPES elementos que se deixam combinar
(2000, p.37-38), “a linguagem dos livremente seguindo regras
animais não é um produto cultural, definidas (...) – de onde nasce à
(...) é invariável; (...) composta de variedade da linguagem humana,
índices (isto é de um dado físico que é capacidade de dizer tudo” e
ligado a outro dado físico por uma caracteriza-se pela sua dupla
causalidade natural); (...) e não é articulação, ou seja, as diferentes
articulada”. Por outro lado, a formas pelas que Língua pode
linguagem humana é natural, não é combinar os seus elementos
herdada como a linguagem das formando novas palavras e
abelhas, mas o homem aprende a significados. Para as Língua Orais é
sua Língua e é dotado de cultura e da a “organização da língua em duas
capacidade de expressar sentidos camadas – a camada dos sons que se
diferentes de acordo com as combinam em uma segunda camada
diferentes situações, ela se compõe de unidades maiores – é conhecida
de signos que nascem das como dualidade ou dupla
convenções feitas pelos homens e, articulação”. QUADROS &
finalmente, a linguagem humana é KARNOPP (2004, p.27).
articulada, ou seja, se deixa A linguagem humana faz parte
decompor em elementos menores da natureza do homem e é através
que sejam discriminadores de dela que o ser humano exprime seus
significado. De acordo com Kojima pensamentos assim como o animal
& Segala (2008, p.4), as Línguas são expressa os impulsos. Para HALL,
consideradas naturais quando: apud LYONS (1987, p.28), a

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APOSTILA DE LIBRAS

linguagem é a maneira pela qual há operacional, mas a comunicação em


uma interação através de canais língua de sinais é tão eficaz quanto
orais – auditivos. Desta maneira, os na língua oral.” ALMEIDA (2000,
grupos sociais que são formados, p.02).
redefinem a linguagem através do Apesar de surdos e ouvintes
uso de símbolos que decodificam a terem línguas diferentes é possível
sua realidade e expressão à vontade que vivam em comunidade sem
do ser social. Ele afirma que “(...) a tantos atritos na comunicação,
língua que é usada por determinada desde que haja um esforço mútuo de
sociedade é parte da cultura daquela aproximação pelo conhecimento das
sociedade”. duas línguas, tanto por parte dos
A opinião de HALL apesar de ouvintes como dos Surdos.
ser muito relevante, se limita às
línguas orais, pois, para ele, a Língua de Sinais Brasileira
lingua(gem) só cabe aos humanos considerada como Língua
dotados de audição e oralidade,
requisito inacessível às pessoas
Surdas que não são capazes de ouvir
e, consequentemente, não podem
falar para se comunicar.
Segundo Temóteo (2008), ao
contrário do que muitas pessoas
pensam os surdos não possuem má
formação no aparelho fonador, o
fato de não poderem ouvir não os
torna aptos para reproduzir os sons Foi inicialmente através dos
da fala. O surdo pode falar, mas isso trabalhos do americano William
depende de quanto ele percebe Stokoe (1960), que as línguas de
auditivamente a fala e do quanto ele sinais começaram a ser analisadas e
fala sobre a Língua Portuguesa. estudadas, recebendo o status de
Diferentemente das pessoas língua. Comparando a Língua de
“ouvintes” os surdos possuem outro Sinais Americana (ASL) com a
canal comunicativo para a língua inglesa, ele começou a
transmissão e recepção da observar que a ASL apresentava
mensagem. “Língua de sinais e todos os requisitos e critérios
língua oral apresentam semelhanças exigidos para ser considerada como
e diferenças do ponto de vista língua.

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APOSTILA DE LIBRAS

Stokoe observou que os sinais complexas por que “permitem a


não eram imagens, mas símbolos expressão de qualquer significado
complexos, com uma complexa decorrente da necessidade
estrutura interior. Ele foi o primeiro, comunicativa e expressiva do ser
portanto, a procurar uma estrutura, humano”. Por meio dela, os seus
a analisar os sinais, dissecá-los e a usuários podem discutir e estudar
pesquisar suas partes constituintes. sobre os mais diversos assuntos,
(QUADROS & KARNOPP, 2004, p. desde um simples bate-papo a
30). questões mais complexas, como o
Em sua obra Sign Language estudo de disciplinas escolares,
Structure e Dictionary of ASL, política, religião, esportes, filosofia,
William Stokoe, marca a história trabalho, dentre outros. Pela
como uma fase de transição no que ausência da voz (fala), forma
diz respeito à compreensão do que normalmente utilizada entre os
seria língua e linguagem. indivíduos ouvintes na
(QUADROS & KARNOPP, 2004). comunicação, surge à necessidade
Da mesma forma, por volta de de uma Língua que não utilize o
1970-1980, a pesquisadora Lucinda canal oral-auditivo, mas sim, um
Ferreira Brito e outros canal espaço-visual, em que a visão,
pesquisadores, começaram a as mãos e o corpo em si, sirvam de
estudar a língua de sinais brasileira mecanismos para atingir a
e observaram que esta também transmissão da mensagem entre os
possui os mesmos critérios que a Surdos.
classificam como língua, ou seja, LYONS (1987, p. 18; 28),
aspectos fonológicos, morfológicos, diferentemente de HALL, teve a
sintaxe, semântica e pragmática. preocupação de examinar a Língua
É importante lembrar, que de modo a englobar não apenas os
este grupo de pesquisadores “ouvintes”, mas também os Surdos,
fundamentou seus estudos nas ele assegura que:
obras inicialmente produzidas por
William Stokoe. Assim, aqui no Não se pode falar sem usar a
Brasil, estes pesquisadores língua (isto é, sem falar uma
determinada língua), mas é
começaram a produzir material e possível usar a língua sem falar
pesquisas atestando a autenticidade (p.18). (...) é perfeitamente
possível, embora raro, que se
da Libras como língua.
aprenda uma língua escrita sem
De acordo com BRITO (1998, haver o comando prévio da
p.19), as Línguas de Sinais são língua falada correspondente
(...) tais como os sistemas

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APOSTILA DE LIBRAS

utilizados pelos surdos-mudos patamar igual, somente a partir


(...) não se deve colocar ênfase
excessiva na prioridade
dela, as barreiras de comunicação
biológica da fala. entre surdos e ouvintes podem ser
minimizadas, assim como a
Para Temóteo (2008), a diminuição do atraso no
Língua de Sinais é viva, e assim desenvolvimento cognitivo que o
como as Línguas Orais, ela também surdo carrega pela ausência da
é natural, imbuída de sentidos que linguagem em relação ao ouvinte,
podem passar despercebidas aos que recebe estímulos auditivos
olhos dos “ouvintes”. A linguagem constantemente. SACKS (2007, p.
reflete o cotidiano em que o homem 34; 42), faz um comentário acerca da
vive e para chegar a transmitir Língua de Sinais e a Língua falada:
aquilo que se pensa, o surdo procura
fazer uma aproximação com o real Tanto as Línguas de Sinais
durante a comunicação, projetando como as Línguas Orais são
canais distintos de
em sua mente a imagem daquilo que comunicação, contudo ambas
se deseja transmitir. Para identificar são independentes para a
transmissão e a recepção da
uma pessoa, por exemplo, ele habilidade linguística. O uso da
procura enxergar um atributo fala (discurso) está
marcante, que chame a atenção, intrinsecamente ligado ao
conhecimento de uma Língua,
geralmente de fácil reconhecimento não necessariamente ao ato de
para diferenciá-lo dos demais, quer falar, mas na percepção do
entendimento das estruturas
seja por suas características físicas: semânticas que compõem a
cabelo cacheado ou liso, dentuço, comunicação, quer seja nas
magrelo, uso de aparelho dentário, Línguas Orais ou de Sinais.
cicatriz...; por meio da profissão:
“As línguas de sinais são,
professor, policial, médico,
portanto, consideradas pela
dentista...; por uso de algum
linguística como línguas naturais ou
acessório: óculos, chapéu, relógio...
sistema linguístico legítimo e não
São infinitas as possibilidades de
como um problema do surdo ou uma
representações e percepções do
patologia da linguagem”.
surdo acerca do outro.
QUADROS & KARNOPP (2004, p.
Da mesma maneira que os
30).
ouvintes conseguem discutir todo e
Embora a Linguística tenha
qualquer tipo de assunto, os surdos,
reconhecido a forma de
graças a Língua de Sinais, estão em

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APOSTILA DE LIBRAS

comunicação usada pelos Surdos expressão, em que o sistema


linguístico de natureza visual-
como autêntica foram os Psicólogos motora, com estrutura
Experimentais, especificamente gramatical própria, constitui
Willian Wundt, quem primeira- um sistema linguístico de
transmissão de ideias e fatos,
mente reconheceu o status de oriundos de comunidades de
Língua às Línguas de Sinais, pessoas surdas do Brasil.
conforme CAPOVILLA (2001, p.
1480): A oficialização da lei de Libras,
como ficou assim conhecida, é
Coube à Psicologia a honra de caracterizada como um marco
ter precedido a própria histórico das lutas travadas pela
Linguística no reconhecimento
comunidade surda brasileira.
do status linguístico da Língua
de Sinais. Em sua Psicologia Através desse fato, os surdos têm
étnica, o fundador da Psicologia conquistado cada vez mais espaços
Experimental, William Wundt
(1911), foi o primeiro acadêmico consistentes na sociedade, tanto no
a defender a concepção de que diz respeito a espaços
Língua de Sinais como idioma
profissionais como educacionais. A
autônomo, e do Surdo como
povo com cultura própria. lei de Libras proporcionou o resgate
da cidadania, identidade surda e de
Por meio das Línguas de sua aceitação como língua natural.
Sinais, as pessoas Surdas se Por isso, é interessante que hajam
relacionam no meio social em que pesquisas sobre a língua de sinais a
vivem. No Brasil, a Língua utilizada fim de haver uma multiplicação
pelos Surdos foi oficialmente desse conhecimento.
reconhecida através da lei nº 10.436.
A comunidade surda brasileira Língua
comemorou no dia 24 de abril de
2002 o reconhecimento de sua Conforme estudamos, as
Língua, a Língua de Sinais línguas são sistemas complexos,
Brasileira, Libras, como meio legal capazes de comunicar sentimentos,
de comunicação e expressão; no seu emoções, ideias abstratas ou
artigo primeiro, parágrafo único da simplesmente conversações
referida Lei traz a definição: cotidianas como “Oi!”, “Tudo bem?”.
É ainda, um sistema padronizado
Entende-se como Língua pelo qual podemos construir um
Brasileira de Sinais – Libras a
forma de comunicação e número infinito de sentenças.

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APOSTILA DE LIBRAS

Língua não se confunde com para ameaçar ou prometer,


linguagem: é somente uma para solicitar a cooperação dos
parte determinada, essencial
companheiros. É possível
dela, indubitavelmente. É ao
mesmo tempo produto da ainda fazer referência ao
faculdade da linguagem e um passado, presente e futuro”.
conjunto de convenções  Arbitrariedade: A palavra e
necessárias, adotadas pelo os sinais não apresentam
corpo social para permitir o semelhanças com o referente.
exercício dessa faculdade nos
indivíduos. (SAUSURRE apud
Por exemplo, o objeto MESA, é
QUADROS, p.24, 2004). designado dessa forma por
uma convenção, e não por ter
Vejamos agora algumas um significado associado. O
que implica dizer que a
características intrínsecas das arbitrariedade é convencional.
línguas.  Descontinuidade:
Apresenta uma diferença
Traços Únicos das Línguas entre forma e significado com
relação à morfologia da
palavra (ou seja, o estudo da
forma da palavra). Observe o
exemplo das palavras: maca e
mala. Ambas diferem um
pouco tanto na morfologia
como na língua falada, embora
apresentem semelhanças
entre si.
 Criatividade: É a
característica que permite a
construção e a compreensão
de novas sentenças regidas por
Segundo Quadros (2004), as regras gramaticais.
línguas apresentam traços únicos (QUADROS, 2004).
como: flexibilidade, arbitrariedade,  Dupla articulação: Toda
língua é formada de fonemas,
descontinuidade, criatividade, dupla
que se articulam uns com os
articulação e um padrão. Veremos a outros para formar as
seguir uma breve descrição de cada palavras, possuindo assim um
um desses traços. significado.
 Flexibilidade: Segundo  Padrão: Os elementos nas
Lyons apud Quadros (2004, línguas apresentam um
p.25), “pode-se usar a língua padrão de combinação dos
para dar vazão às emoções, elementos. Se tomarmos como

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APOSTILA DE LIBRAS

exemplo as palavras: rapaz, como lenda, folclore ou um conto de


rapidamente, caminhou, o, há fadas.
três combinações possíveis: “O Existem muitos mitos sobre as
rapaz caminhou rapidamente;
línguas de sinais os quais nos
Rapidamente o rapaz
caminhou, caminhou o rapaz e conduzem a concepções errôneas.
o rapaz rapidamente Vejamos alguns mitos descritos por
caminhou. As outras Quadros (2004):
combinações que forem
formadas além destas são Mito 1
agramaticais e no caso da
língua portuguesa, ela A língua de sinais seria uma
apresenta restrições na
maneira em que os itens mistura de pantomima e
ocorrem juntos, ou seja, gesticulação concreta, incapaz de
apresentam um padrão”. expressar conceitos abstratos
(QUADROS, 2004). (QUADROS, 2004, p. 31).
 Dependência estrutural: As línguas de sinais expressam
Segundo Quadros (2004, conceitos abstratos. Os usuários
p.28), “Uma língua contém podem discutir sobre todo e
estruturas dependentes que
qualquer assunto como: política,
possibilitam um
entendimento da estrutura filosofia, economia, matemática,
interna de uma sentença, física e psicologia (QUADROS,
independe do número de 2004).
elementos linguísticos
envolvidos”. Mito 2
Como exemplo, observe o quadro
Haveria uma única e universal
abaixo: (Quadros, 2004).
língua de sinais usada por todas as
pessoas surdas (QUADROS, 2004,
A criança
Gritou

Ela p. 33). A Língua de Sinais Brasileira


A criança doente e machucada não é universal, cada país possui a
sua. Dessa forma, temos aqui no
O que é um Mito? Brasil (Libras), nos Estados Unidos
(American Sign Language – ASL) e
Os mitos são ideias falsas de na França (Langue de Signes
natureza simbólica sobre alguma Française - LSF).
pessoa, sobre um determinado lugar
ou assunto. Pode ser caracterizado

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APOSTILA DE LIBRAS

Mito 3 Mito 5

Haveria uma falha na As línguas de sinais


organização gramatical da língua de derivariam da comunicação gestual
sinais, que seria derivada das espontânea dos ouvintes.
línguas de sinais, sendo um pidgin, (QUADROS, 2004, p. 36).
sem estrutura própria, subordinado As línguas de sinais são
e inferior às línguas orais consideradas línguas naturais,
(QUADROS, 2004, p. 34). autônomas e surgem de forma
As línguas de sinais não estão espontânea, em face da necessidade
subordinadas às línguas orais e nem que o surdo tem em se comunicar
são consideradas inferiores. As uns com os outros.
línguas de sinais são línguas
naturais, de modalidade diferencia- Mito 6
da (gestual-visual), possuindo
estrutura e gramática própria. As línguas de sinais, por serem
organizadas espacialmente, esta-
Mito 4 riam representadas no hemisfério
direito do cérebro, uma vez que esse
A língua de sinais seria uma hemisfério é responsável pelo
mistura de comunicação superficial, processamento de informação
com conteúdo restrito, sendo espacial, enquanto que o esquerdo
estética, expressiva e linguistica- pela linguagem (QUADROS, 2004,
mente inferior ao sistema de p. 36).
comunicação oral. (QUADROS, Pesquisas realizadas por
2004, p. 35). Bellugi e Klima apud Quadros
Segundo “pesquisas realizadas (2004, p. 36), indicaram que as
por Klima e Bellugi apud Quadros línguas de sinais são processadas no
(2004, p. 35), mostram que poesias, hemisfério esquerdo, assim como
piadas, trocadilhos, jogos originais, quaisquer outras línguas. Esse
entre outros são uma parte estudo comprova que a linguagem
significativa do saber da cultura humana independe da modalidade
surda”, possuindo assim um das línguas.
conteúdo irrestrito.

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APOSTILA DE LIBRAS

Surdos e ouvintes costumam sinalizar a expressão:


Você é ouvinte ou surdo?
Povo surdo
Comunidade Surda: (...) não é só de
surdos, já que tem sujeitos ouvintes
Os surdos são pessoas que junto, que são família, intérpretes,
compartilham os mesmos valores, professores, amigos e outros que
ideologias, cultura; possuem uma participam e compartilham os
mesmos interesses em comuns em
identidade e não são caracterizados um determinado localização. (...)
como deficientes e sim como Geralmente em associação de surdos,
diferentes. Eles se organizam sob a federações de surdos, igrejas e outros.
(STROBEL apud PERLIN & SROBEL
ótica da não-medicalização da 2006, p. 58)
surdez, dessa forma, a surdez não é
considerada como uma patologia Pré-Conceito e Estigma
que necessita de cura e sim como
algo que os torna diferentes, O Pré-conceito é um conceito
compondo assim a diversidade prévio a respeito de alguma coisa ou
humana. de alguém, antes mesmo de
conhecer verdadeiramente. É
Povo Surdo: “O conjunto de sujeitos marcado por estereótipos ou
surdos que não habitam no mesmo
local, mas que estão ligados por uma
rótulos, impossibilitando um
origem, tais como a cultura surda, determinado segmento da sociedade
costumes e interesses semelhantes, de ser incluído e aceito com suas
histórias e tradições comuns e
qualquer outro laço”. especificidades.
(STROBEL apud PERLIN & STROBEL No caso das pessoas com
2006, p. 8) necessidades especiais, mais
restritamente os deficientes
Comunidade surda auditivos e os surdos, objetivo de
estudo da presente unidade, o
Alguns surdos não se
estereótipo causa a negação da sua
consideram assim por ouvirem um
identidade, os rotula como
pouco e fazerem uso da leitura
incapazes, deficientes, doentes,
labial, nesse caso, preferem ser
marginalizados e excluídos em suas
chamados de deficientes auditivos,
potencialidades.
outros, na mesma situação, se
autodenominam surdos. As maiorias dos pesquisadores
No primeiro contato entre discretamente se limitaram nos
surdos e ouvintes, quando os surdos registros nos quais os sujeitos
surdos eram vistos como seres
querem identificar alguém, eles

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APOSTILA DE LIBRAS

‘deficientes’, conforme a diretamente para ele, falarmos


definição de ‘ouvintismo’,
pausadamente e demonstrarmos
assim como pronuncia a
pesquisadora surda Perlin através da expressão facial o que
(2004) “As narrativas surdas queremos comunicar.
constantes à luz do dia estão
cheias de exclusão, de opressão,
Por vezes, faz-se necessário
de estereótipos”. (p.80) uso da escrita para comunicar algo,
(STROBEL, 2006, p.8). lembrando que, nem todos os surdos
fazem leitura labial ou não sabem se
Qualquer pessoa que queira comunicar através dos sinais.
conhecer um determinado grupo, Não podemos esquecer ainda
precisa primeiramente abandonar que, ao chamá-lo, nunca devemos
os pré-conceitos, participar e gritar ou chamar a sua atenção
aprender a conviver respeitando as dando-lhe tapas.
peculiaridades de cada cultura e de
cada povo. Associações de Surdos no
Assim deve acontecer também Brasil
com aqueles que desejam conhecer e
interagir com a cultura surda, é
necessário antes de tudo haver uma
quebra de paradigmas, o
rompimento de ideias pré-
concebidas, errôneas sobre os
surdos e a sua língua, objetivando
assim a aceitação dos surdos na sua
totalidade, como pessoa, ser
humano, cidadão e parte integrante
da sociedade.

Comunicação Surdo e Ouvinte


Fonte. www.feneis.com.br.

É importante sabermos que,


As associações são espaços
entre os cinco sentidos que
existentes em todo o Brasil, onde os
possuímos: tato, paladar, olfato,
surdos se reúnem para juntos
visão e audição; a visão é o sentido
lutarem pelos seus direitos. É
mais aguçado nas pessoas surdas.
estruturada através de uma diretoria
Então, parauma comunicação
composta por surdos, a qual é
eficaz, é imprescindível olharmos
responsável por administrá-la,

15
APOSTILA DE LIBRAS

sendo que, os ciclos de eleições são Federação Nacional de


regidos por estatutos, havendo Educação e Integração do
também a participação e Surdo – Feneis
envolvimento das pessoas ouvintes.
"A federação nacional de
educação e integração dos surdos
(FENEIS) é uma entidade não
governamental, registrada no
Conselho Nacional de Serviço
Social-CNAS e não está subordinada
à CBDS, sendo filiada a World
Federation of The Deaf" (FELIPE, p.
Povo Surdo: Você sabia que: 63, 2002). A principal função da
“Ferdinand Berthier, Surdo, francês, Feneis tem sido ministrar e divulgar
intelectual, Foi professor de surdos e o
seu método de ensino tinha por base a Libras através de cursos, oficinas,
a identidade surda. Foi fundador da palestras. A Feneis também
primeira Associação de Surdos da organiza ações políticas e
qual se originaram outras no mundo
todo”. manifestações em prol dos direitos
(PERLIN & STROBEL, p.15, 2006.) da comunidade surda brasileira. É
ainda uma entidade filantrópica
Podemos dizer ainda, que as com objetivos educacionais e
associações dos surdos é como se sociais.
fossem a sua própria pátria, pois Segundo Felipe (2002, p. 64),
nela, eles se sentem em liberdade “a fundação da Feneis data do ano de
para expressarem seus pensamentos 1987, quando a liderança da
e manifestarem suas ideias. São nas Federação Nacional de Educação e
associações, que eles organizam Integração do Deficiente Auditivo
eventos como campeonatos, cursos, (FENEIDA) foi assumida pelos
palestras, onde muitos aprendem a surdos”. Possui sede no Rio de
língua de sinais e obtêm Janeiro, mas já possui regionais
informações variadas. É ainda o como, por exemplo, em: Belo
lugar onde simplesmente eles se Horizonte, São Paulo, Porto Alegre,
encontram para se relacionar e fazer Distrito Federal, Fortaleza, Rio de
amizades. Existem associações de Janeiro, Amazonas, Pernambuco,
surdos espalhadas por todo o Brasil, etc.
veja o mapa a seguir e para maiores
informações acesse www.feneis.
com.br.

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APOSTILA DE LIBRAS

Confederação Brasileira de
Desporto de Surdos – CBDS

A Confederação Brasileira de
Desporto de Surdos (CBDs) é a
organização que visa promover a
integração do surdo por meio do
esporte. Através dela, os surdos
participam de campeonatos e
torneios nas mais diversas
modalidades em todo o território
nacional.
Há pouco tempo a CBDs se
associou a confederação
internacional, dessa forma, os
surdos também podem participar
dos jogos esportivos em nível
internacional.
“A CBDs, fundada em 1984,
tem como proposta o
desenvolvimento esportivo dos
surdos do Brasil, por isso promove
campeonatos masculinos e
femininos em várias modalidades
em nível nacional” (FELIPE, p.63,
2006).
Segundo Felipe (2006, p. 63),
“é composta de forma hierárquica,
sendo formada por uma CBDS, seis
Federações Desportivas e 58
associações, clubes, sociedades,
congregações”.

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1
8
APOSTILA DE LIBRAS

2. Língua de Sinais Brasileira – Libras

Conceitos fundamentais necessidade destes, em se


comunicarem uns com os outros.

A Língua de Sinais Brasileira


(Libras) é a língua materna dos
surdos brasileiros. É uma língua
Diferencia-se da linguagem, por
possuir todos os requisitos que a
conferem como língua, tais como:
viva, autônoma, capaz de transmitir aspectos fonológicos, morfológicos,
todo e qualquer conceito, dos mais sintaxe, semântica e pragmática. As
complexos até os mais abstratos. Os línguas faladas como o inglês, o
usuários da Libras, podem discutir espanhol e o francês, são
sobre todo e qualquer assunto, consideradas línguas orais-
desde economia, política, física, auditivas. As línguas sinalizadas
literatura, histórias de humor, etc. como a Libras, são de modalidade
É considerada como língua gestual-visual, também conhecida
natural, uma vez que, ela surge de com viso-espacial, onde o canal
forma espontânea no meio da emissor da comunicação são as
comunidade surda, em face da mãos, através dos sinais, e o canal

19
APOSTILA DE LIBRAS

receptor é a visão. Sinal de CIDADE usado pelos


surdos na cidade de São Paulo
Línguas orais-auditivas: o canal
emissor da comunicação é a voz,
através da fala e o canal receptor da
comunicação são os ouvidos, através
da audição.
Línguas gestuais-visuais: o canal
emissor da comunicação são as mãos,
através dos sinais e o canal receptor
da comunicação são os olhos, através Sinal de CIDADE usado pelos
da visão.
surdos no estado do Ceará.
As línguas de sinais aumentam
seus vocabulários com novos sinais
criados e introduzidos pelas
comunidades surdas espalhadas por
todo o Brasil.

O léxico pode ser definido como o Como a Libras chegou ao


conjunto de palavras de uma língua. Brasil
“Ele se relaciona com o processo de
nomeação e com a cognição da
realidade. Constitui ainda uma forma
de registrar o conhecimento do
universo. Quando o homem nomeia
os seres e objetos, ele está os
classificando simultaneamente. O ato
de nomear gerou o léxico das línguas
naturais.”
(BIDERMAN, 2006)

Dessa forma, as línguas de


sinais, apresentam em seu léxico,
regionalismos. Os regionalismos,
também conhecidos como dialetos, A Língua de Sinais Brasileira
são expressões características de teve sua origem através do alfabeto
uma determinada localidade. Assim, manual francês. A convite de D.
podemos sinalizar a palavra Pedro II, um Padre surdo da França,
CIDADE, em São Paulo de uma chamado Ernest Huet, veio ao Brasil
forma e sinalizar no Ceará de outra por volta de 1857. Na cidade do Rio
forma. de Janeiro, ele encontrou surdos
cariocas mendigando e

20
APOSTILA DE LIBRAS

perambulando pelas ruas, sem difundidos para várias localidades


saberem se comunicar. Foi através do Brasil quando estes voltavam
do “método combinado”, utilização para os seus estados.
da língua de sinais como meio para
o ensino da fala, que Ernest Huet Prédio onde funciona o INES,
começou a trabalhar com os surdos desde 1915 – Rio de Janeiro
do Brasil.

Em 1857, foi fundada a


primeira escola para surdos no
Brasil, O Instituto Nacional de
Surdos-Mudos. Hoje, Instituto
Nacional de Educação de
Surdos (INES). Foi a partir
desse instituto que surgiu, da
mistura da Língua de Sinais
Francesa, trazida por Huet,
com a língua de sinais brasileira
antiga, já usada pelos surdos
das várias regiões do Brasil, a
Aos poucos, essa língua foi
Língua Brasileira de Sinais.
(FELIPE, p.121, 2002). sendo construída com novos sinais
criados e incorporados ao léxico pela
Em contato com D. Pedro II, comunidade surda brasileira.
Ernest Huet propõe a criação da Apesar de ter uma origem francesa,
primeira escola de surdos da época, a Língua de Sinais Brasileira, já
o Instituto Nacional de Educação de possui hoje sua própria estrutura.
Surdos (INES), estabelecido na Aqui no Brasil, até pouco
cidade do Rio de Janeiro, que tempo foi considerada como
antigamente funcionava em regime linguagem, mas como vimos na
de internato, onde apenas os surdos unidade 01, graças aos trabalhos de
masculinos de várias partes do país, linguistas e pesquisadores
mudavam para o Rio de Janeiro para comprovando a autenticidade da
estudar e nas férias eles voltavam Libras como língua, ela foi
para junto de suas famílias. Apenas reconhecida oficialmente pela lei
em 1931, é que fora criado um 10.436 de 24 de abril de 2002, como
externato com oficina de costura e meio de comunicação legal da
bordado para as mulheres surdas. comunidade surda brasileira.
Dessa forma, os sinais que os surdos A Língua de Sinais Brasileira
aprendiam nos períodos em que não é universal, cada país possui a
ficavam no INES, eram facilmente sua. Assim como em diferentes

21
APOSTILA DE LIBRAS

países os ouvintes falam línguas Principais Características


diferentes, também ocorre com as da Libras
línguas de sinais, cada comunidade
surda espalhada pelos mais variados Segundo TEMÓTEO (2008),
países possuem a sua própria língua ao invés de palavra, na Língua
de sinais. Dessa forma temos aqui Portuguesa, tem-se o sinal na
no Brasil (Libras), nos Estados Libras. A respeito de sinal, diz que é
Unidos (American Sign Language – um gesto que possui significado. O
ASL) e na França (Langue de Signes sinal é o fio condutor capaz de
Française - LSF). transmitir, propagar e difundir a
“palavra” em suas diferentes
LIBRAS foi a sigla aceita e realizações através das mãos, ele
aprovada em 1993 pela
FENEIS. Brito e Felipe (1989) tem vida própria e, no geral, leva
utilizavam a sigla LSCB – consigo uma semelhança que remete
Língua de Sinais dos Centros a forma ou coisa representada, tem a
Urbanos. Há, no entanto, um
movimento, liderado pelo propriedade de reproduzir por
pesquisador surdo Nelson semelhança o mundo real, como
Pimenta, que defende o uso da também, comunicar signos
sigla LSB – Língua de Sinais
Brasileira. A linguista R. abstratos, independentemente de
Quadros (2002) também seu grau de subjetividade.
utiliza, em seus trabalhos, LSB, Conforme FELIPE (1998,
sigla que segue os padrões
internacionais de p.83), “O que é denominado de
denominações das línguas de palavra ou item lexical, nas línguas
sinais. No entanto, conforme orais-auditivas, é denominado sinal
declaração da Profª Myrna S.
Monteiro, da UFRJ, a sigla LSB nas línguas de sinais”. Conforme o
já era usada pela COPADIS – exemplo:
Comissão Paulista de Defesa
dos Direitos dos Surdos, desde
1996 (LEITE, 2004, p. 9). Apito: Palavra ou item lexical

A sigla Libras é comumente


usada aqui no Brasil, contudo,
outras siglas têm sido usadas como
LSB (Língua de Sinais Brasileira)
seguindo o padrão internacional de O léxico de uma língua são as
L (Língua) + S (Sinais) + a inicial do palavras que servem para nomear os
país. seres, os objetos e a classificá-los
simultaneamente. Assim, os sinais

22
APOSTILA DE LIBRAS

nas línguas sinalizadas, represen- Abraço


tam o léxico das línguas de sinais,
uma vez que, representam um
determinado ser ou objeto.
Os sinais da Libras são
classificados em icônicos e
arbitrários. Os sinais icônicos são
aqueles que se assemelham ao seu
referente. Na maioria das vezes esta
relação de iconicidade é estabelecida
quando um sinal é criado na COUTINHO (2000:19) define
comunidade Surda, onde se busca os sinais icônicos como “aqueles que
resgatar uma imagem que torne o apresentam semelhanças físicas e
sinal mais concreto. geométricas com os seres
Para BRITO (1998, p. 19,20), representados”. Quanto aos sinais
os sinais icônicos são “formas arbitrários a autora diz que “são
linguísticas que tentam copiar o aqueles não apresentam tais
referente real e suas características semelhanças, que não dependem de
visuais”. São exemplos de sinais regras”.
icônicos: sal, abraço e banana, que Os sinais arbitrários, assim
estabelecem uma relação com a como as palavras das Línguas em
forma e/ou o significado: geral, não estabelecem qualquer
ligação com a forma ou significado
Sinais Icônicos do sinal, eles estão, na maioria dos
Sal casos, relacionados a conceitos
abstratos, como é o caso dos sinais
vontade e saúde, conforme o quadro
abaixo:

23
APOSTILA DE LIBRAS

Sinais Arbitrários unidades formacionais dos


sinais (Configuração de mão,
locação e movimento) e, ao
Vontade estudo de suas combinações
propôs o termo quirologia (do
grego mão). O dicionário
Aurélio Buarque de Holanda
apud Quadros (2004) define
quirologia como a arte de
conversar com as mãos por
Saúde meio de sinais feitos com os
dedos; dactilologia
(QUADROS, p. 49, 2004).

Posteriormente, um grupo de
pesquisadores, incluindo Stokoe em
outras edições (1978), adotou os
termos fonema e fonologia, tendo
em vista que estes agregam os
A área da linguística que
princípios linguísticos para a
estuda os constituintes básicos que
modalidade gestual-visual.
formam os sinais é a fonologia, esta
Estudando a composição dos
área se propõe a analisar como as
sinais, Stokoe os dissecou e
unidades mínimas se combinam e
observou que eles eram formados
quais as variações que podem
por três unidades mínimas a qual ele
existir.
chamou de parâmetros:
Como sabemos as línguas de
Configuração de Mão (CM), Locação
sinais e as línguas faladas, se
(L) e Movimento (M),
articulam em modalidades
analogamente, estas três unidades
diferenciadas, a primeira é oral-
seriam os fonemas nas línguas de
auditiva e a segunda gestual-visual.
sinais que se combinam para forma
Mesmo com estas diferenças, a
os morfemas.
fonologia também tem sido utilizada
para descrever e estudar os
Análises das unidades
elementos básicos que formam os
formacionais dos sinais, posteriores
sinais, ou seja, os fonemas.
à de Stokoe, sugeriram a adição de
informações referentes à orientação
Historicamente, entretanto,
para marcar a diferença entre da mão (Or) e aos aspectos não-
esses dois sistemas linguísticos, manuais (NM) – expressões faciais e
Stokoe (1960) propôs o termo corporais (BATTISON, 1974, 1978
quirema para denominar as

24
APOSTILA DE LIBRAS

apud QUADROS, 2004).


Dessa forma, as unidades
mínimas de formação dos sinais, os
fonemas ou ainda, parâmetros da
Língua de Sinais são: Configuração
de mão (CM), Locação (L),
Movimento (M), Orientação (Or) e
Expressões Não-Manuais (NM).
Estudaremos mais sobre as
unidades mínimas ou parâmetros
com mais detalhes na unidade 4.
Fique atento!

Alfabeto Manual da Língua


de Sinais Brasileira Datitologia

O alfabeto manual também é Quando a palavra tem que ser em


um recurso usado quando não datilologia, então é conveniente
há um sinal próprio da Língua colocar em letra maiúscula e
Brasileira de Sinais, ou seja, é separada por hífens, para as pessoas
feita uma soletração do saberem o que está escrito.
português no espaço. Esse
movimento envolve uma A datilologia é usada ainda
sequência de configurações de
mão que tem correspondência quando uma determinada palavra
com a sequência de letras em português não possui um sinal
escritas do português. A próprio, então é necessário fazer
soletração manual é linear,
sendo utilizada para “escrever soletração manual, seguida da
no ar” palavras emprestadas explicação do conteúdo semântico.
das línguas auditivo-orais.
Outro uso da datilologia é
(GUARINELLO, p. 52, 2007).
quando as pessoas ouvintes que
Acompanhe agora através das ainda não possuem um sinal pessoal
figuras abaixo, o alfabeto manual. de identificação se apresentam, elas
fazem uso da soletração manual
para dizerem os seus nomes, ou seja,
o signo que a representa.
Em seguida, ela pode solicitar
a um surdo que lhe conceda um
sinal, processo também conhecido
como “batismo”. Assim, sempre que

25
APOSTILA DE LIBRAS

estiverem conversando, não será Sinais de “Bom dia”, “Boa


mais necessário soletrar o nome da tarde” e “Boa noite”
pessoa com as letras do alfabeto o
tempo todo, eles farão apenas aquele
sinal representativo da pessoa.
Geralmente quando os surdos
se encontram o primeiro sinal
utilizado por eles, é o sinal de “OI”
ou os cumprimentos como “BOM
DIA”, “BOA TARDE” e “BOA
NOITE”. Caso eles não conheçam
ainda a pessoa, em seguida eles
perguntarão o nome e a “batizarão”
com um sinal. Sinal de “OI”
Observe os sinais abaixo de
apresentação pessoal e de
cumprimentos.
Fique atento, esses são os
sinais essenciais para o primeiro
contato com as pessoas surdas.

Sinal de “Tudo bem?”

Formas de apresentação
pessoal: “NOME?”

Agora que você já conhece


como as pessoas surdas se
apresentam e se cumprimentam

26
APOSTILA DE LIBRAS

através da Libras. Vejamos agora Empréstimos Linguísticos


como acontece o processo de
transcrição para Libras. Os empréstimos linguísticos,
são expressões de outro país que são
Sistema de Transcrição adotadas pelos falantes de
para Libras determinada nacionalidade. Por
exemplo, em português, fizemos o
A escrita da língua de sinais empréstimo linguístico da língua
ainda está em processo de pesquisa inglesa de palavras como: show,
e aceitação. Porém, algumas rock in roll, chock, equalization etc;
convenções já foram estabelecidas estas palavras passaram a integrar o
para tal. Apresentamos algumas léxico do português.
dessas convenções citadas por No caso da Língua de Sinais,
Felipe apud Silva et all, p.15, 2007. segundo Battison apud Quadros
 Os sinais em Libras serão (2004, p.88), “palavras do
representados por uma glosa português podem ser emprestadas à
(sistema de anotação) da língua de sinais brasileira, via
Língua Portuguesa em letras soletração manual, ou seja, através
maiúsculas. Exemplos:
da “representação ortográfica do
TRABALHAR, QUERER,
NÃO-TER. português envolvendo uma
 A datilologia é usada para sequência de configurações de mão
expressar nome de pessoas, de que tem correspondência com a
localidades e outras palavras sequência de letras escritas em
que não possuem um sinal, português”.
está representada pela palavra Por exemplo, “o sinal de AZL
separada, letra por letra, por ou AL é derivado da soletração
hífen. Exemplos: HOTEL I-T-
A-G-U-A-Ç-U. manual.
 Na Libras não há desinên- A-Z-U-L, assim o sinal N-U-N
cias para gênero (masculino e é derivado da soletração N-U-N-C-
feminino). O A, conforme ilustram os exemplos
sinal,representado por palavra abaixo”. (QUADROS, p. 89, 2004).
da língua portuguesa que
possui marcas de gênero, está
terminado com o símbolo @
para reforçar a ideia de
ausência e não haver confusão.
Exemplos: EL@ (ela, ele),
AMIG@S (amigos ou amigas).

27
APOSTILA DE LIBRAS

Azul
“Conforme Ferreira-Brito
apud Quadros (2004, p. 53), a língua
de sinais brasileira apresenta 46
CMs, um sistema bastante similar
àquele da ASL. Para a autora, as
CMs foram descritas a partir de
dados coletados nas principais
capitais brasileiras, sendo
Nunca agrupadas verticalmente segundo a
semelhança entre elas”.
As 46 CMs da Libras (Ferreira-
Brito e Langevin, 1995) apud
Quadros (2004, p.53).

Parâmetros da Língua de
Sinais Brasileira - Libras

Configuração de Mão – CMs

A configuração de mão é o
formato que a mão assume para a
realização de um determinado sinal.
Alguns sinais podem
A mão pode estar configurada em
apresentar a mesma configuração de
uma das letras do alfabeto ou pode
mão e significados diferentes.
assumir outro formato.
Observe os exemplos a seguir:

Sinal de TRABALHAR

Mão configurada em “L”

28
APOSTILA DE LIBRAS

movimento, outros não, depende do


sinal. Por exemplo, o sinal de
PENSAR, tem movimento, já o sinal
de AJOELHAR e EM-PÉ, não tem
movimento. Quanto a disposição
das mãos na realização dos sinais na
Libras, pode ser feita com a mão
Sinal de APRENDER dominante ou por ambas as mãos.

Mão configurada em “S” Sinal de FAMÍLIA


Tem movimento

Sinal de SÁBADO

Mão configurada em “S” Sinal de FACULDADE


Tem movimento

Sinal de TELEVISÂO

Mão configurada em “L”

Movimento

Alguns sinais apresentam

29
APOSTILA DE LIBRAS

Sinal de DESCULPAR
Exemplos de Sinais na ASL
Não tem movimento (Baker e Paden, 1978, p.12)
apud Quadros (2004, p.54)

Sinal de AJOELHAR

Não tem movimento

“Mudanças no movimento
servem ainda para diferenciar itens
lexicais, por exemplo, nomes e
verbos”. (SUPALLA E NEWPORT,
1978 apud QUADROS, 2004).
Algumas variações no
movimento são bastante
significativas na Libras e para que Direção dos Movimentos
haja movimento, é preciso haver
Os movimentos podem ser
objeto e espaço. “Nas línguas de
classificados quanto a sua direção
sinais, as mãos do enunciador
em: unidirecionais, bidirecionais ou
representam o objeto, enquanto
multidirecionais.
espaço em que o movimento se
realiza (o espaço da enunciação) é a
área em torno do corpo do
enunciador”. (FERREIRA-BRITO E
LANGEVIN, 1995 apud QUADROS,
2004, p.54).
Observe agora as variações
significativas do sinal AZUL na ASL.
Pequenas variações no movimento
correspondem a outro sinal.

30
APOSTILA DE LIBRAS

Unidirecional

Movimento em uma direção


no espaço, durante a realização de
um sinal.
Exemplo: Máquina de costura

Tipos de Movimentos

Pode ser retilíneo, circular,


semicircular, helicoidal, angular e
sinuoso:

Retilíneo
Bidirecional
Exemplo: Mostrar
Movimento realizado por uma
ou ambas as mãos, em duas direções
diferentes.
Exemplo: Coração

Helicoidal

Exemplo: Alto
Multidirecional

Movimentos que exploram


várias direções no espaço, durante a
realização de um sinal.
Exemplo: Cérebro

31
APOSTILA DE LIBRAS

Circular Observe ainda as categorias do


parâmetro movimento na língua de
Exemplo: Piauí sinais brasileira (FERREIRA-
BRITO, 1990 apud QUADROS,
2004, p.56).

TIPO
o Contorno ou forma geométrica:
retilíneo, helicoidal, circular,
semicircular, sinuoso, angular e
pontual.
o Interação: alternado, de
Semicircular aproximação, de separação, de
inserção, cruzado.
Exemplo: Egoísta o Contato: de ligação, de agarrar, de
deslizamento, de toque, de esfregar,
de riscar, de escovar ou de pincelar.
o Torcedura do pulso: para cima,
para baixo.
o Interno das mãos: abertura,
fechamento, curvamento e
dobramento (simultâneo-gradativo).
Angular DIRECIONALIDADE
Direcional
Exemplo: Enganar o Unidirecional: para cima, para
baixo, para a direita, para a
esquerda, para dentro, para fora,
para o centro, para a lateral inferior
esquerda, para a lateral inferior
direita, para a lateral superior
direita, para a lateral superior
esquerda, para específico ponto
referencial.
o Bidirecional: para cima e para
Sinuoso baixo, para a esquerda e para a
direita, para dentro e para fora, para
laterais opostas – superior direita e
Exemplo: Propaganda inferior esquerda.
o Não-direcional

MANEIRA
o Qualidade, tensão e
velocidade: Contínuo | De
retenção | Refreado

FREQUÊNCIA
o Repetição: Simples | Repetido

32
APOSTILA DE LIBRAS

Fonte. Ferreira-Brito, 1990 apud rosto


Quadros & Karnopp, 2004, p.56 Orelha
o Olhos
Locação (L) o Nariz
o Boca
Conhecido também como Bochechas
Queixo
Ponto de Articulação (PA) ou locus
de movimento do sinal; a locação é
Friedman apud Quadros
onde é feito um determinado sinal.
(2004, p.56 e 57), afirma que
Que pode ser na cabeça, no tronco,
locação “é aquela área do corpo, ou
na mão ou ainda no espaço neutro
no espaço de articulação definido
em frente ao corpo.
pelo corpo, em que ou perto da qual
Observe o quadro abaixo das
o sinal é articulado”.
locações propostas por Friedman
(1977) e que foram adaptadas por
FerreiraBrito e Langevin (1995)
apud Quadros (2004, p. 58).

CABEÇA TRONCO
o Topo da o Pescoço
cabeça Ombro
Testa o Busto
o Rosto Estômago
o Parte o Cintura
superior do o Braços
rosto o Braço| Sinal de AMAZONAS
o Parte Antebraço|
inferior do Cotovelo A locação é na testa.
rosto o Pulso
o Orelha
o Olhos
o Nariz
o Boca
Bochechas
Queixo

CABEÇA ESPAÇO NEUTRO


o Topo da
cabeça
Testa
o Rosto
o Parte
superior
o do rosto
o Parte
inferior do

33
APOSTILA DE LIBRAS

Sinal de FRACO TOQUE

A locação é no queixo Exemplo: Bisavô

Sinal de BANCO

A locação é no pescoço.

Duplo TOQUE

Exemplo: Alemanha

Sinal de CUIDADO
A locação é no nariz.

RISCO
Exemplo: Pessoa

Durante a realização dos


sinais, a mão entra em contato com
o corpo, por meio do toque, duplo
toque, risco ou deslizamento:

34
APOSTILA DE LIBRAS

DESLIZAMENTO Or: Palma para dentro

Exemplo: Educação

Or: Palma para fora

Orientação (Or)

Segundo Quadros (2004, p.


59), “orientação é a direção para a
qual a palma da mão aponta na Or: Palma para os lados
produção do sinal”. (direito ou esquerdo)
Ferreira-Brito (1995), na
língua de sinais brasileira, e
Marentette (1995), na ASL, apud
Quadros (2004, p.59), enumeraram Palma para o lado esquerdo
seis tipos de orientações da palma da Fonte. Sinais retirados do Dicionário
mão na língua de sinais brasileira: Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da
para cima, para baixo, para o corpo, Língua de Sinais Brasileira. Capovilla
e Raphael (2000). Volume I - Sinais de
para a frente, para a direita ou para A a L e Volume II - Sinais de M a Z.
a esquerda. (Ilustradora: Silvana Marques)
Observe os exemplos abaixo:
A orientação apresenta ainda
Or: Palma para cima uma direção, e a inversão pode
significar oposição. Possuindo ainda
um aspecto de direcionalidade.
Como exemplo, podemos citar os
sinais de QUERER e QUERER-
NÃO, IR e VIR.
Or: Palma para baixo

35
APOSTILA DE LIBRAS

Sinal de QUERER Expressões não-manuais


(ENM)
Palma da mão voltada para cima.

As expressões não-manuais
são denominadas também de
expressões faciais e corporais. São
marcas diferenciadoras que
acompanham o sinal e que
expressam pelo canal gestual-visual,
Sinal de QUERER-NÃO o que um determinado sinal deseja
Palma da mão voltada para baixo.
representar.
Segundo Silva (2007, p. 28)
“expressões faciais são formas de
comunicar algo, um sinal pode
mudar completamente seu
significado em função da expressão
Sinal de IR facial utilizada”. Elas podem retratar
uma interrogação, exclamação,
Apresenta uma oposição. negação, afirmação ou ordem.
Quadros e Pimenta (2006)
apud Silva (2007, p.28), explicam
que existem dois tipos diferentes de
expressões faciais: as afetivas e as
gramaticais (lexicais e sentenciais).
 As afetivas são as expressões
ligadas a sentimentos /
Sinal de VIR emoções.
 As expressões faciais
Apresenta uma oposição. gramaticais lexicais estão
ligadas ao grau dos adjetivos.
 As expressões faciais
gramaticais sentenciais estão
ligadas às sentenças.

Entenda melhor através dos


desenhos a seguir:

36
APOSTILA DE LIBRAS

Expressões Faciais Afetivas Interrogativas

Afirmativas / Negativas

Expressões Faciais Gramati-


cais Lexicais

Como exemplos podem citar


em sistema de transcrição de glosa:
 BONIT@ (bonito ou bonita)
 BONITINH@ (bonitinho ou Exclamativas
bonitinha)
 BONIT@O - LIND@O
(bonitão ou bonitona – lindão
ou lindona)

Expressões Faciais Grama-


ticais Sentenciais

37
APOSTILA DE LIBRAS

Exclamativas o Cabeça projetada para frente,


olhos levemente cerrados
sobrancelhas franzidas
o Cabeça projetada para trás e
olhos arregalados

TRONCO
o Para frente
o Para trás
o Balanceamento alternado dos
ombros
o Balanceamento simultâneo
dos ombros
o Balanceamento de um único
Acompanhe agora o quadro ombro
proposto por FerreiraBrito e
Langevin, (1995) baseados nos Exemplos de Parâmetros
trabalhos de Baker (1983), apud na Libras
Quadros (2004, p. 61).
“As palavras da Libras e do
ROSTO
o Parte superior
português se estruturam a partir de
o Sobrancelhas franzidas unidades mínimas sonoras e
o Olhos arregalados espaciais, respectivamente. Essas
o Lance de olhos
o Sobrancelhas levantadas unidades ou fonemas, são
o Parte inferior distintivas, porque quando
o Bochechas infladas substituídas uma por outra, geram
o Bochechas contraídas
o Lábios contraídos e projetados uma nova forma linguística com um
e sobrancelhas franzidas significado distinto” (Ferreira
o Correr da língua contra a parte
Brito,1995, p16).
inferior interna da
o bochecha Veja os exemplos de pares
o Apenas bochecha direita mínimos em Libras abaixo:
inflada
o Contração do lábio superior
o Franzir do nariz Aprender

CABEÇA
o Balanceamento para frente e
 CM: “C” e “A”;
para trás (sim)  PA: testa;
o Balanceamento para os lados  Movimento: abrir e fechar.
(não)
o Inclinação para frente
o Inclinação para o lado
o Inclinação para trás

ROSTO E CABEÇA

38
APOSTILA DE LIBRAS

Sábado

 CM: “C” e “A”;


 PA: frente à boca;
 Movimento: abrir e fechar.

39
APOSTILA DE LIBRAS

3. Fundamentos Históricos da Educação dos Surdos

Histórico da Educação dos caso dos surdos, o ouvido do surdo


Surdos era a parte mais importante, logo, os
surdos eram também mudos e não

N a antiguidade, as pessoas com


deficiência, eram
consideradas seres castigados pelos
podiam falar nada. Nessa época e
durante muito tempo, os surdos não
tinham direito a voto e nem a
deuses. Quando alguém nascia com receber herança.
alguma deficiência, a sociedade Ainda no século XIV, Bartollo
enclausurava e não permitia a della Marca d’Ancona, fez a primeira
participação dessas pessoas da vida alusão a possibilidade de instruir os
social, pois as deficiências eram Surdos por meio da língua de sinais
entendidas como doenças e da linguagem oral. No século XVI,
contagiosas e que poderiam se um médico italiano chamado
disseminar e contaminar a muitos. Girolano Cardano, desenvolveu
Na concepção Aristotélica, no pesquisas médicas com o intuito de

41
APOSTILA DE LIBRAS

encontrar a cura para a surdez, pois ficavam a margem, era-lhes negado


além de ser médico, ele tinha um o direito a educação.
filho surdo. Ele começou a estudar o Não se tem muito registro
nariz, o ouvido e o cérebro. sobre o método que Pedro Ponce de
Desenvolveu ainda um método de Léon utilizava para educar os
ensino para surdos, mas nunca surdos. O que se tem registrado, é
colocou em prática. que ele utilizava um método
Ainda neste século, o monge primitivo do alfabeto manual (que
beneditino espanhol não é o que utilizamos hoje).
Pedro Ponce de Léon, foi Em 1620, o espanhol Juan
considerado o primeiro professor de Pablo Bonet foi considerado um dos
surdos da história. Ele foi convidado precursores do oralismo após
pelas famílias dos nobres para publicar o livro: “Reducción de las
educar os seus filhos, ele os ensinava letras y artes para ensenar a hablar a
a ler, escrever, fazer contas e a orar; los mudos”. Bonet acreditava que os
com o objetivo de que eles fossem surdos deveriam aprender a leitura e
reconhecidos pela sociedade e a escrita.
pudessem assinar os testamentos
para herdar os títulos das famílias. Oralismo: abordagem educacio-nal
que se preocupa com o ensino da fala
e da escrita através da leitura labial.

Em 1640, John Bulwer,


Publica o 1º. Livro em inglês sobre a
Língua de Sinais, chamado
Chirologia; considerado um avanço
uma vez que, as línguas de sinais
estavam em processo de formação.
Na Inglaterra, em 1650,
devido o surgimento de teorias
sobre a aprendizagem da fala e da
Como você deve ter percebido, linguagem, William Holder
nessa época, o direito a educação desenvolveu pesquisas sobre o
ficava concentrado apenas nas mãos ensino da fala e o reverendo John
dos nobres, que possuíam capital Wallis foi considerado o pai do
para pagar os monges que método escrito da educação dos
ensinavam os seus filhos. Logo, os surdos, ele utilizava a palavra como
surdos de classe sociais mais baixas, meio de ensino e educou dois surdos

42
APOSTILA DE LIBRAS

para que se desenvolvessem Histórico da Educação dos


intelectualmente. Surdos
No século XVII, o escocês
Dalgarno descreveu um sistema Contudo, para que você possa
primitivo do alfabeto manual. entender melhor a importância da
criação do Instituto Nacional para
“Dalgarno declarou que os surdos Surdos-Mudos de Paris, é importante
tinham o mesmo potencial que os ressaltar que a sociedade francesa no
século XVIII estava vivendo
ouvintes para aprender e poderiam
constantes atritos. Vejamos um
alcançar níveis iguais de pouco dessa história.
desenvolvimento se recebessem
educação adequada” (GUARINE- A pequena burguesia da época
LLO, 2007, p. 23). estava crescendo com o apoio de
No século XVIII, o alemão camponeses e artesãos. Esse grupo
Wilhelm Keger, defendeu a era contra a ascensão dos senhores
educação obrigatória para os feudais que continuavam no pódio
Surdos. Em contrapartida, o da monarquia francesa. Na
espanhol Jacob Rodrigues Pereire, concepção dessa crescente
priorizava a fala e proibia o uso dos burguesia, as leis impostas e
gestos. Seu objetivo era ensinar os restrições impostas pelo comércio e
surdos a se comunicarem através do pela indústria; os benefícios que
método oral. eram concedidos a nobreza e ao
Na França, em 1750, o abade clero, estavam impedindo o
L’Epée foi o primeiro a considerar desenvolvimento do comércio. A
que os Surdos tinham uma língua. alternativa então que lhes restava
Ele iniciou seus trabalhos ensinando para que conquistassem a ascensão
duas irmãs surdas e escrever e a social, era apoiar as manifestações
falar, mas foi com os surdos que revolucionárias, ou seja, os levantes;
perambulavam pelas ruas, contribuindo assim para uma
considerados como vagabundos, mudança política na sociedade.
que L’Epée aprendeu a língua de Diante dessa situação, os
sinais da França e criou o Instituto camponeses, artesãos e burguesia
Nacional para Surdos-Mudos de (membros do terceiro estado), unem
Paris. Ele foi o primeiro a defender forças em busca de um objetivo em
que os surdos tinham uma língua e comum: acabar com os benefícios do
em 1760 ele funda o Instituto clero e da nobreza (primeiro e
Nacional de Surdos-Mudos de Paris. segundo estado). Porém, como a
burguesia liderava o terceiro estado,

43
APOSTILA DE LIBRAS

após as lutas, apenas ela consolidava mente como os artesãos e


seus objetivos, ganhando força e camponeses, também queriam “ser
conquistando espaço. Consequente- alguma coisa”, como bem disse o
mente, os artesãos e campo neses abade Sievès”.
eram usados como força de trabalho
e continuavam à margem de Fundação da Primeira
qualquer liderança e ascensão Escola Pública para Surdos
social. na França
Nessa época, o processo de
industrialização baseado no modo
capitalista de produção, estava em
expansão, diante dessa nova
realidade, pequenos grupos de
pessoas e artesãos, deixam as suas
atividades para fazerem parte de
uma nova ordem econômica e social
nas cidades. É diante desse contexto
que as comunidades surdas
começaram a surgir. A fundação da primeira escola
Manacorda apud Quadros pública para surdos da França, o
(2006, p.20) relata que, na segunda Instituto Nacional de Surdos-Mudos
metade do século XVIII, “a nova de Paris, ocorreu através da
produção de fábrica gera o espaço participação da burguesia, que
para o surgimento da moderna queria as cender socialmente e
instituição escolar pública. Fábrica e encontraram no surgimento da
escola nascem juntas”. É durante instituição escolar uma oportuni-
essa fase que surge a primeira escola dade para tal. Esse grupo se une a
pública para surdos de Paris. L’Epée na fundação do Instituto de
A burguesia passa então, a Surdos-Mudos de Paris.
conceber o processo educacional A educação daquela época,
através das artes mecânicas como tanto para surdos como para
um viés para a conquista da ouvintes, tinha a principal missão de
ascensão social. É nesse sentido, que ensinar a leitura e a escrita. Na
segundo Quadros (2006, p. 21), “os metodologia utilizada por L’Epée, a
surdos que faziam parte do Terceiro língua utilizada era a língua de
Estado, mesmo que sujeitos às sinais. Ele fazia demonstrações do
relações sociais vigentes, provavel- seu método em praças públicas para

44
APOSTILA DE LIBRAS

comprovar o que os surdos apren- uma célebre controvérsia entre


Heinicke e L’Epée. Uma das
diam.
grandes diferenças entre os
dois educadores é que L’Epée
“Na Escola Pública para Surdos difundiu seu método,
em Paris, após cinco ou seis apresentando-o inclusive em
anos de formação, os surdos praças públicas, pois achava
dominavam a língua de sinais que assim a população poderia
francesa, o francês escrito, o ver seu êxito. Durante essas
latim e uma outra língua demonstrações, seus alunos
estrangeira também de forma deveriam responder, em
escrita. Além da leitura e da francês, em latim e em italiano,
escrita em três línguas a duzentas perguntas sobre
distintas, os alunos surdos religião e fazer os sinais de
tinham acesso aos duzentos verbos. Já Heinicke
conhecimentos de geografia, não costumava mostrar seu
astronomia, álgebra, etc., bem método” (GUARINELLO,
como artes de ofício e 2007, p. 24).
atividades físicas.” (Quadros,
2006, p. 22).
Heinicke, em uma das cartas
Sánchez apud Quadros (2006, enviadas a L’Epée, afirmou:
p.23), destaca que “a divulgação dos “nenhum outro método pode ser
trabalhos do abade L’Epée e a comparado ao que eu inventei e
adoção de seu método pedagógico prático porque esse se baseia
em muitas escolas públicas, totalmente na articulação da
permitiram aos surdos, não só da linguagem oral” (SKLIAR apud
França, mas também em países GUARINELLO, 2007, p. 25).
como Rússia, Escandinávia, Itália e Em 1821, o médico francês
Estados Unidos, a possibilidade de Jean Marc Gaspar Itard, começou a
destacarem-se e ocuparem cargos praticar vários procedimentos
importantes na sociedade de seu médicos com o objetivo de curar a
tempo. surdez, o que ficou conhecida como:
Enquanto na França, L’Epée Medicalização da Surdez. Era
defendia o uso da língua de sinais na comum ele aplicar eletricidade no
educação dos surdos, na Alemanha, ouvido dos alunos surdos do
Samuel Heinicke criou o Método Instituto de Paris e colocar
Oral e fundou a 1ª. Escola Pública sanguessugas no pescoço dos
Alemã para Surdos baseada nesse surdos, pois ele acreditava que o
método. Isso deu origem a uma sangramento pudesse ajudar de
célebre controvérsia entre os dois. alguma forma na cura da surdez.
Segundo Lane apud
“No fim do século XVIII, surgiu Guarinello (2007, p. 25 e 26),

45
APOSTILA DE LIBRAS

“nenhum dos experimentos de Itard era fundar uma escola para surdos
teve resultados satisfatórios. Para o na América.
mesmo autor, após várias tentativas Ao chegar na França, L’Epée
frustradas de curar a surdez, Itard apresenta Laurent Clerc, instrutor
concluiu que o ouvido dos surdos surdo, que passa a acompanhar
estava morto e que não havia nada Gallaudet ensinando a língua de
que a medicina pudesse fazer a sinais e o instruindo. Contratado por
respeito”. Gallaudet, ambos viajam para os
Estados unidos com o objetivo de
A Educação dos Surdos nos implantar a primeira escola pública
Estados Unidos (Século para surdos naquele país. Em 1817,
XVIII) eles conseguem atingir o objetivo
proposto fundando o que ficou
conhecida por Connecticut Asylum
for the Education and Instruction of
Deaf and Dumb Persons.
Para Lane apud Guarinello
(2007, p.27), “Laurent Clerc é
considerado a figura mais impor-
tante no desenvolvimento da língua
de sinais e da comunidade surda nos
Estados Unidos. Em sua época ele já
afirmava que os surdos faziam parte
Já nos Estados Unidos, até o de uma comunidade linguística
Século XVIII, não havia escolas para minoritária e que o bilinguismo
Surdos. As famílias que queriam que deveria ser um objetivo para eles”.
seus filhos estudassem, Como a Connecticut Asylum
costumavam mandá-los para a for the Education and Instruction of
Europa. Foi então que Thomas Deaf and Dumb Persons foi fundada
Hopkins Gallaudet, o primeiro por um instrutor francês,
americano a se interessar pela inicialmente os professores
educação dos surdos, ouve falar do aprendiam a língua de sinais
método desenvolvido por L’Epée na francesa, sendo aos poucos
França para educar os surdos e substituída pela língua de sinais
decide viajar para aprender de perto americana, até então em processo de
sobre o método e conhecer o formação.
Instituto de Paris, pois o seu objetivo Em 1821, todas as escolas

46
APOSTILA DE LIBRAS

americanas já utilizavam a Internacional de Milão. Nesse


American Sign Language (ASL – congresso, um grupo defendia a
Língua de Sinais Americana). “Em abordagem oral (uso da fala, escrita
1824, o National Deaf-Mute College, e da leitura labial na educação) e
uma escola para surdos localizada outro grupo acreditava que os
em Washington, foi transformado surdos tinham uma língua e que
no Gallaudet College, em poderiam ser ensinados através
homenagem a Thomas Gallaudet. dela.
Atualmente essa escola é a Surdos e ouvintes foram
Universidade Gallaudet” (GUA- convocados a participarem do
RINELLO, 2007, p. 27). congresso e da votação, porém
Uma dessas pessoas que ficou houve um boicote e os professores
conhecida como o inimigo mais surdos foram excluídos da votação.
temido dos surdos americanos, foi o “Bell, aproveitou-se de todo o seu
escocês Alexandre Gran Bell, o prestígio em defesa do oralismo e
inventor do telefone. Sua mãe e es- ajudou na votação. O uso do
posa eram surdas e ele era a favor do Oralismo venceu, sendo o uso da
método oral. Objetivava acabar com língua de sinais oficialmente
as línguas de sinais, pois acreditava proibido” (GUARINELLO, 2007, p.
que a comunicação através dos 29).
sinais isolaria os surdos em Skliar apud Quadros (2006, p.
pequenos grupos, fazendo com que 25) cita o conjunto de resoluções
estes, adquirissem muito poder. votadas no Congresso que
demonstram a substituição da
Em 1869, com a morte de Clerc, o língua de sinais pela língua oral na
oralismo começou a ganhar força,
surgindo pessoas que passaram a educação de surdos:
proclamar que a língua de sinais era I. Considerando la indudable
prejudicial e consequentemente superioridad de la palabra
defendendo o oralismo.
sobre los gestos para restituir
al sordomudo a la lengua, el
O Congresso de Milão Congresso declara que o
método oral deve ser preferido
Em 1880, em Milão, na Itália, al de la mímica para la
aconteceu um congresso decisivo educación e instrución de los
sordo-mudos.
sobre qual método deveria ser
II. Considerando que el uso
adotado pelas escolas do mundo simultáneo de la palabra y de
todo na educação dos surdos, e que lo gestos mímicos tiene la
ficou conhecido como Congresso desventaja de dañar la

47
APOSTILA DE LIBRAS

palabra, la lectura sobre los Comunicação Total


lábios y la precisión de las Em 1970, devido à insatisfação
ideas, el Congresso declara com os resultados do Oralismo,
que o método oral debe ser
alguns estudiosos propuseram uma
preferido [...]
abordagem conhecida como
Depois do Congresso de Milão, Comunicação Total. Definido como
a língua de sinais foi proibida em o uso de vários recursos, tais como:
todas as escolas. Era comum a fala, escrita, gestos, mímica,
prática de amarrarem as mãos das pantomima, sinais e outros para a
crianças para trás a fim de que evitar educação dos surdos. Todo recurso
que elas se comunicassem através existente era aceitável para
dos sinais. Os surdos perderam o seu comunicar alguma ideia.
emprego e houve uma queda na
qualidade da educação.
Oralismo então foi adotado
pelas escolas de toda a Europa até os
fins de 1970. Porém, a abordagem
utilizada nesse período
descaracterizou o surdo,
subordinando a sua educação à
oralidade. O que ficou considerado
como um retrocesso grotesco na
educação dos surdos do mundo
Rapidamente essa abordagem
todo.
foi disseminada, adquirindo um
De acordo com Sanchez, “a reconhecimento maior do que
educação dos surdos, sempre outros métodos americanos já
nas mãos dos ouvintes, existentes como: “Rochester (que
manteve quase que
invariavelmente um sentido de utilizava o alfabeto manual e a fala
reabilitação, de oferecer aos na educação dos surdos) e o Cued
educandos a possibilidade de Speech (que combina o uso da
superar sua limitação auditiva,
para agir como ouvintes e com audição residual e da leitura
ouvintes, e, dessa forma, orofacial a formato de mão,
integrar-se como se fossem correspondentes aos fonemas da
ouvintes na sociedade dos
ouvintes” (SANCHEZ apud linguagem oral)” (GUARINELLO,
GUARINELLO, 2007, p. 29). 2007, p. 31).

48
APOSTILA DE LIBRAS

“De fato, não se pode negar o contexto escolar.


valor dos métodos da
O bilinguismo propõe que os
Comunicação Total para a
visualização da língua falada surdos devem usar a sua língua
em uma série de aplicações da natural, a libras, que é a sua
língua escrita. No entanto,
havia outros aspectos críticos
primeira língua (L1) e
em que os problemas posteriormente devem aprender a
começavam a acumular-se. Tais língua portuguesa, pois para eles é
problemas diziam respeito ao
fato importante de que,
segunda língua (L2). Ressaltando
embora, por princípio, a que, as línguas de sinais são
Comunicação Total apoiasse o autônomas e não estão
uso simultâneo da língua de
sinais com sistemas de sinais;
subordinadas as línguas orais. No
na prática, tal conciliação entanto, como os surdos vivem em
nunca foi e nem seria países que oficialmente possui duas
efetivamente possível, devido à
natureza extremamente línguas, é interessante que eles
distinta da língua de sinais” aprendam também a primeira
(CAPOVILLA, 2001, p. 1.485). língua do seu país.
Segundo Skliar apud
Bilinguismo Guarinello (2007, p.32), “a adoção
do bilinguismo é compatível com a
concepção socioantropológica de
sujeito surdo e surdez”.
Essa concepção compreende
que os surdos se agrupam em
comunidades linguísticas
minoritárias, as comunidades
surdas; compartilham valores,
crenças, hábitos, cultura e uma
língua entre si. Essa concepção
concebe os surdos como seres
Porém, no final da década de integrantes da sociedade, como
1970, inicia-se um movimento de cidadãos pró-ativos, com direitos e
reivindicação pela língua de sinais, deveres. Os surdos passam assim a
surgindo então à abordagem serem vistos como diferentes e não
bilíngue para Surdos. O bilinguismo mais como deficientes.
é uma proposta de ensino usada por
escolas que pretendem tornar
acessível à criança duas línguas no

49
APOSTILA DE LIBRAS

Quadro Resumo das dentro das salas de aula. Porém, se-


Principais Abordagens na gundo Vieira citado por Guarinello
Educação dos Surdos (2007, p. 34), “apesar de todas as
proibições, a língua de sinais sempre
‘O oralismo’ é um dos recursos foi utilizada pelos alunos às
Oralismo

que usa o treinamento de fala,


escondidas”.
leitura labial, e outros.
Perlin e Strobel (2006, p. 20). Em 1970, assim como
aconteceu nas escolas de surdos do
A Comunicação Total inclui
mundo todo, como o oralismo não
Comunicação Total

todo o espectro dos modos


linguísticos: gestos criados produziu os resultados esperados, a
pelas crianças, língua de sinais, comunicação total foi adotada pelas
fala, leitura oro-facial, alfabeto
manual, leitura e escrita. escolas. Entre os anos de 1970 e
Denton apud Freeman, Carbin, 1980, iniciam-se os estudos sobre a
Boese (1999), por Perlin e língua de sinais brasileira através
Strobel (2006, p. 23).
das pesquisas desenvolvidas pela
O Bilinguismo tem como linguista Lucinda Ferreira Brito e
pressuposto básico que o surdo
posteriormente por outros
deve ser Bilíngue, ou seja, deve
Bilinguismo

adquirir como língua materna a pesquisadores.


língua de sinais, que é Atualmente aqui no Brasil, a
considerada a língua natural
dos surdos e, como Segunda
proposta aceita e que vem sendo
língua, a língua oficial de seu largamente utilizada pelas escolas,
país. Goldfeld apud Perlin e associações e institutos, é a
Strobel (2006, p. 24).
abordagem bilíngue. As pesquisas
dos linguistas e pesquisadores
Histórico no Brasil
contribuíram de forma positiva para
Enquanto isso no Brasil, em que a língua de sinais fosse
1911, o Brasil, em obediência as reconhecida oficialmente como
decisões tomadas no Congresso meio legal de comunicação e
Internacional de Milão, decide expressão através da lei 10.436 de 24
também proibir o uso da língua de de abril de 2002, promulgada pelo
sinais em território nacional e ex-presidente da República
adotar o método oralista. Fernando Henrique Cardoso.
Em 1957, a ex-diretora do
Instituto Nacional de Educação de
Surdos, Ana Rimola de Faria Doria,
proibiu o uso da língua de sinais

50
51
APOSTILA DE LIBRAS

4. Legislação Específica

Legislação na Antiguidade Apenas após os trabalhos do


americano William Stokoe em 1960,

O s surdos na antiguidade, não


tinham direito a receber
comprovando e conferindo a língua
de sinais o status de língua, é que
muitos países passam a se com-
herança, não tinham direito a
educação e nem ao voto, logo, eram prometer legalmente com a
excluídos da sociedade, sendo educação dos surdos.
considerados pessoas com doenças
contagiosas, representando assim, Lei de Diretrizes e Bases
uma ameaça a saúde da população. (LDB) e a Constituição
Rômulo, o fundador de Roma, por
Brasileira
volta de 753 a.C. decretou que todos
os surdos recém-nascidos e crianças
até aos três anos de idade teriam de Aqui no Brasil, em 1961, a Lei
ser inseminadas, porque eram um de Diretrizes e Bases da Educação
peso e problema para o Estado? Nacional (LDB) em seus artigos 88 e
(RADUTZKY apud STROBEL (2006, p.
46) 89, assegura os direitos a educação

52
APOSTILA DE LIBRAS

das pessoas excepcionais. No artigo modalidades de educação oferecidas


89, declara que o governo se aos portadores de necessidades
compromete em ajudar as educacionais especiais. Defende
organizações não governamentais que, de preferência, a educação
(ONGs) a prestarem serviços aos dessas pessoas deve acontecer na
deficientes, entre eles os surdos escola regular. Assegura que é dever
(STROBEL, 2006). do estado a oferta de educação
infantil na faixa etária de 0 a 6 anos
Segundo Strobel (2006, p. 47), e confere que devam existir ainda
“na Constituição brasileira de
1967, há também alguns artigos métodos, técnicas e profissionais
assegurando aos surdos o adequados com vistas a atender as
direito de receber educação. Do especificidades das pessoas
mesmo modo, a atual
Constituição datada de 1988, especiais.
abre espaço a nossos direitos à
educação diferenciada uma vez Lei de Oficialização da
que assegura o direito à
diferença cultural”. Libras nº 10.436

Segue o texto da constituição A Língua de Sinais Brasileira -


atual datada de 1998, onde um de Libras, a língua materna do surdo
seus artigos refere-se sobre a brasileiro, foi oficializada através da
cultura. lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002,
pelo ex-presidente da república
Art. 215. O Estado garantirá a todos o Fernando Henrique Cardoso, como
pleno exercício dos direitos culturais e
acesso às fontes da cultura nacional, e meio de comunicação legal e como
apoiará e incentivará a valorização e a segunda língua do Brasil. Esta lei foi
difusão das manifestações culturais. regulamentada através do decreto
§ 1º - o Estado protegerá as
manifestações das culturas nº 5.626 de 22 de dezembro de
populares, indígenas e afro- 2005.
brasileiras, e das de outros grupos
participantes do processo civilizatório
Convido você a fazer uma
nacional. leitura minuciosa da lei nº 10.436, a
§ 2º - a lei disporá sobre a fixação de fim de que você possa compreender
datas comemorativas de alta
significação para os diferentes
melhor o assunto que estamos
segmentos étnicos nacionais. estudando.
Lei nº 10.436 de 24 de
A Lei de Diretrizes e Bases da abril de 2002
Educação Nacional (LDB) de 1996, Dispõe sobre a Língua
no capítulo V, descreve as Brasileira de Sinais - Libras e dá

53
APOSTILA DE LIBRAS

outras providências. portadores de deficiência auditiva,


de acordo com as normas legais em
O Presidente da República vigor.
Art. 4º. O sistema educacional
Faço saber que o Congresso federal e os sistemas educacionais
Nacional decreta e eu sanciono a estaduais, municipais e do Distrito
seguinte Lei: Federal devem garantir a inclusão
Art. 1º É reconhecida como nos cursos de formação de Educação
meio legal de comunicação e Especial, de Fonoaudiologia e de
expressão a Língua Brasileira de Magistério, em seus níveis médio e
Sinais - Libras e outros recursos de superior, do ensino da Língua
expressão a ela associados. Brasileira de Sinais - Libras, como
Parágrafo único. Entende-se como parte integrante dos Parâmetros
Língua Brasileira de Sinais - Libras a Curriculares Nacionais - PCNs,
forma de comunicação e expressão, conforme legislação vigente.
em que o sistema linguístico de Parágrafo único. A Língua
natureza visual-motora, com Brasileira de Sinais - Libras não
estrutura gramatical própria, poderá substituir a modalidade
constitui um sistema linguístico de escrita da língua portuguesa.
transmissão de ideias e fatos, Art. 5º Esta Lei entra em vigor
oriundos de comunidades de na data de sua publicação.
pessoas surdas do Brasil. Brasília, 24 de abril de 2002;
Art. 2º. Deve ser garantido, 181º da Independência e 114º da
por parte do poder público em geral República.
e empresas concessionárias de
serviços públicos, formas Fernando Henrique Cardoso
institucionalizadas de apoiar o uso e Paulo Renato Souza
difusão da Língua Brasileira de
Sinais - Libras como meio de Decretos e Leis que
comunicação objetiva e de utilização Antecederam a Oficializa-
corrente das comunidades surdas do
ção da Lei de Libras
Brasil.
Art. 3º. As instituições Art. 1º - A Lei nº 9.394, de 20 de
públicas e empresas concessionárias dezembro de 1996, passa a vigorar
acrescida do seguinte art. 26-B:
de serviços públicos de assistência à
"Art. 26-B - Será garantida às pessoas
saúde devem garantir atendimento e surdas, em todas as etapas e
tratamento adequado aos modalidades da educação básica, nas
redes públicas e privadas de ensino, a

54
APOSTILA DE LIBRAS

oferta da Língua 10.436, conhecida como lei de


Brasileira de Sinais - LIBRAS, na
condição de língua nativa das pessoas
Libras, institui sobre as conquistas
surdas". que contribuíram para a liberdade
Art. 2º - Esta Lei entra vigor na data de de expressão do surdo através do
sua publicação.
uso da língua de sinais.
É importante ressaltar que,
antes disso, o decreto 9.394 de 20 de Decreto 5.626 de 22 de
dezembro de 1996, já assegurava o Dezembro de 2005
direito à comunicação através da
língua de sinais em seus artigos 26 e O decreto inicia em seu artigo
27. segundo, descrevendo que a pessoa
Em pouco tempo depois do surda, é aquela que tem perda
decreto 9.394 de 1996, surgiu o auditiva, compreende e interage
Projeto de Lei do Senado nº 180, DE com o mundo por meio de
2004 que alterou a Lei nº 9.394, de experiências visuais, manifestando
20 de dezembro de 1996, que esta- sua cultura principalmente pelo uso
beleceu as diretrizes e bases da da Língua Brasileira de Sinais -
educação nacional, fazendo o Libras.
enquadramento no currículo oficial
Audiometria: exame da audição
da Rede de Ensino à obrigatoriedade realizado por meio de instrumentos e
da oferta da Língua Brasileira de avaliação da capacidade para
Sinais - LIBRAS - em todas as etapas apreender os diferentes sons da fala e
de classificação de surdez em vários
e modalidades da educação básica graus.
(STROBEL, 2006, p. 50).
Hoje, graças à efetivação da lei Considera como deficiência
de Libras e da regulamentação do auditiva a perda bilateral, parcial ou
decreto, as comunidades surdas total, de quarenta e um decibéis (dB)
espalhadas por todo o Brasil podem ou mais, aferida por audiograma nas
se expressar livremente através da frequências de 500Hz, 1.000Hz,
língua de sinais, sem mais repressão 2.000Hz e 3.000Hz.
como aconteceu ao longo da história O artigo 3º, aponta para a
em anos anteriores. A Lei de Libras inclusão da Libras como disciplina
foi uma conquista e um marco curricular obrigatória nos cursos de
fundamental na vida dos surdos formação de professores para o
brasileiros. exercício do magistério em nível
Vejamos agora o que o decreto médio e superior, e nos cursos de
nº 5.626 que regulamenta a lei Fonoaudiologia, de instituições de

55
APOSTILA DE LIBRAS

ensino, públicas e privadas, do licenciatura plena em Letras: Libras


sistema federal de ensino e dos ou em Letras: Libras/Língua
sistemas de ensino dos Estados, do Portuguesa como segunda língua.
Distrito Federal e dos Municípios. Parágrafo único. As pessoas
A inclusão de Libras como surdas terão prioridade nos cursos
disciplina curricular, torna-se um de formação previstos no caput.
ponto extremamente relevante, em Art. 5º. A formação de
face da necessidade crucial de docentes para o ensino de Libras na
termos profissionais capacitados em educação infantil e nos anos iniciais
Libras para o ensino, atendimento e do ensino fundamental deve ser
interpretação da libras para língua realizada em curso de Pedagogia ou
portuguesa e vice-versa, objetivando curso normal superior, em que
promover a inclusão efetiva do Libras e Língua Portuguesa escrita
surdo na sociedade. tenham constituído línguas de
Sobre a formação desses instrução, viabilizando a formação
profissionais, é imprescindível que bilíngue.
você conheça de que forma deve §1º. Admite-se como formação
acontecer essa formação, quem são mínima de docentes para o ensino
esses profissionais e qual o tempo de Libras na educação infantil e nos
previsto. Para tanto, convido você a anos iniciais do ensino fundamental,
fazer uma leitura minuciosa de a formação ofertada em nível médio
alguns trechos do decreto 5.626; um na modalidade normal, que
dos mais importantes para a viabilizar a formação bilíngue,
comunidade surda brasileira. referida no caput.
§2º. As pessoas surdas terão
Capítulo III prioridade nos cursos de formação
previstos no caput.
Da Formação do Professor §1º. A formação do instrutor
de Libras e do de Libras pode ser realizada também
Instrutor de Libras por organizações da sociedade civil
representativa da comunidade
Art. 4º. A formação de surda, desde que o certificado seja
docentes para o ensino de Libras nas convalidado por pelo menos uma
séries finais do ensino fundamental, das instituições referidas nos incisos
no ensino médio e na educação II e III.
superior deve ser realizada em nível §2º. As pessoas surdas terão
superior, em curso de graduação de prioridade nos cursos de formação

56
APOSTILA DE LIBRAS

previstos no caput. Língua Portuguesa.


Art. 9º A partir da publicação
deste Decreto, as instituições de Da Garantia do Direito à
ensino médio que oferecem cursos Educação das Pessoas
de formação para o magistério na Surdas ou com Deficiência
modalidade normal e as instituições Auditiva
de educação superior que oferecem
cursos de Fonoaudiologia ou de Art. 22. As instituições
formação de professores devem federais de ensino responsáveis pela
incluir Libras como disciplina educação básica devem garantir a
curricular, nos seguintes prazos e inclusão de alunos surdos ou com
percentuais mínimos: deficiência auditiva, por meio da
I. até três anos, em vinte por organização de:
cento dos cursos da I. escolas e classes de educação
instituição; bilíngue, abertas a alunos
II. até cinco anos, em sessenta surdos e ouvintes, com
por cento dos cursos da ins- professores bilíngues, na
tituição; educação infantil e nos anos
III. até sete anos, em oitenta por iniciais do ensino
cento dos cursos da insti- fundamental;
tuição; II. escolas bilíngues ou escolas
IV. dez anos, em cem por cento comuns da rede regular de
dos cursos da instituição. ensino, abertas a alunos
surdos e ouvintes, para os anos
Parágrafo único. O processo finais do ensino fundamental,
de inclusão da Libras como ensino médio ou educação
disciplina curricular deve iniciar-se profissional, com docentes das
diferentes áreas do
nos cursos de Educação Especial,
conhecimento, cientes da
Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, singularidade linguística dos
ampliando-se progressivamente alunos surdos, bem como com
para as demais licenciaturas. a presença de tradutores e
Art. 10. As instituições de intérpretes de Libras - Língua
educação superior devem incluir a Portuguesa.
Libras como objeto de ensino,
pesquisa e extensão nos cursos de §1º. São denominadas escolas
formação de professores para a ou classes de educação bilíngue
educação básica, nos cursos de aquelas em que a Libras e a
modalidade escrita da Língua
Fonoaudiologia e nos cursos de
Tradução e Interpretação de Libras- Portuguesa sejam línguas de

57
APOSTILA DE LIBRAS

instrução utilizadas no as públicas dos sistemas de ensino


desenvolvimento de todo o processo federal, estadual, municipal e do
educativo. Distrito Federal buscarão
§2º. Os alunos têm o direito à implementar as medidas referidas
escolarização em um turno neste artigo como meio de assegurar
diferenciado ao do atendimento aos alunos surdos ou com
educacional especializado para o deficiência auditiva o acesso à
desenvolvimento de comunicação, à informação e à
complementação curricular, com educação.
utilização de equipamentos e Art. 24. A programação visual
tecnologias de informação. dos cursos de nível médio e superior,
§3º. As mudanças decorrentes preferencialmente os de formação
da implementação dos incisos I e II de professores, na modalidade de
implicam a formalização, pelos pais educação à distância, deve dispor de
e pelos próprios alunos, de sua sistemas de acesso à informação
opção ou preferência pela educação como janela com tradutor e
sem o uso de Libras. intérprete de Libras - Língua
§4º. O disposto no §2º deste Portuguesa e subtitulação por meio
artigo deve ser garantido também do sistema de legenda oculta, de
para os alunos não usuários da modo a reproduzir as mensagens
Libras. veiculadas às pessoas surdas,
Art. 23. As instituições conforme prevê o Decreto nº 5.296,
federais de ensino, de educação de 2 de dezembro de 2004.
básica e superior, devem
proporcionar aos alunos surdos os Os Profissionais Intérpre-
serviços de tradutor e intérprete de tes da Língua de Sinais
Libras - Língua Portuguesa em sala
de aula e em outros espaços
educacionais, bem como
equipamentos e tecnologias que
viabilizem o acesso à comunicação, à
informação e à educação.
§1º. Deve ser proporcionado
aos professores acesso à literatura e
informações sobre a especificidade
linguística do aluno surdo.
§2º. As instituições privadas e

58
APOSTILA DE LIBRAS

criada a página dos intérpretes de


língua de sinais
www.interpretels.hpg.com.br.
Também foi aberto um espaço para
participação dos intérpretes através
Sinal retirado do Dicionário de uma lista de discussão via e-mail
Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da
(Quadros, 2004).
Língua de Sinais Brasileira. Capovilla
e Raphael (2000). Volume I - Sinais de Em 2001, em Montevidéu no
A a L e Volume II - Sinais de M a Z. Uruguai, foi realizado um encontro
(Ilustradora: Silvana Marques) internacional sobre a formação de
intérpretes de língua de sinais com o
Os profissionais intérpretes de apoio da Federação Mundial de
libras são responsáveis pela Surdos.
tradução e interpretação A seguir são apresentadas as
simultânea, da língua portuguesa principais conclusões e
para língua de sinais e de língua de recomendações feitas por ocasião
sinais para língua portuguesa. Ele deste encontro respeitando as
deve ser fluente em Libras e em características e situação de cada um
língua portuguesa e deve interpretar dos países participantes, conclui-se
fielmente a informação oral em primeiro lugar que é necessário,
transmitida. principalmente (Quadros, 2004, p.
Existem profissionais 44):
intérpretes de língua de sinais em
 Que a comunidade de pessoas
todo mundo. Aqui no Brasil, o surdas seja consciente da im-
aparecimento de profissionais portância de sua própria
intérpretes em instituições língua e dos Intérpretes
religiosas iniciou-se em 1980. Em profissionais;
1988, aconteceu o I Encontro  Que as associações e
Nacional de Intérpretes de Línguas federações de pessoas surdas
sejam fortalecidas em todos os
de Sinais organizado pela Feneis
aspectos, por si mesmas, e
para promover o encontro entre os com o apoio de organismos
intérpretes do Brasil e a discussão públicos e internacionais;
sobre temas relevantes.  Que em todos os países se
Dos anos 90 em diante, muitas reconheça a Língua de Sinais a
unidades de intérpretes foram nível;
formadas, filiadas aos escritórios  Que exista reconhecimento da
regionais da Feneis. Em 2000, foi profissão e titulação de
Intérprete de Língua de Sinais;

59
APOSTILA DE LIBRAS

 Que exista reconhecimento da interesse, liderar os cursos;


profissão e titulação de
formador de Intérpretes de Que exista uma base de
Língua de Sinais. lineamentos gerais para planejar um
curso de Língua de Sinais como, por
E logo, no terreno da exemplo:
capacitação e formação: a. objetivos;
 Que se dê importância b. conteúdos;
equivalente à Língua de Sinais c. tempo;
e à Língua Oficial do país; d. metodologia;
 Que os programas deformação e. atividades;
incluam um estudo sistemá- f. materiais e recursos;
tico de ambas as línguas; g. avaliação;
 Que se estimule e favoreça a h. continuação e prática;
garantia à primeira língua;
 Que se destine maior tempo à  Que os quatro países que
investigação linguística com atualmente dispõem de cursos
respeito à Língua de Sinais; de Língua de Sinais e de
 Que a comunidade de pessoas formação de intérpretes
surdas assuma um papel pro- (Argentina, Brasil, Colômbia e
tagônico nos processos de Uruguai) prestem seu apoio
investigação, junto com os aos países que ainda não
especialistas; contam com estes cursos
 Que exista um trabalho (Bolívia, Paraguai, Chile,
conjunto ente intérpretes e Equador, Peru e Venezuela)
pessoas surdas na formação de para o qual cada um dos
futuros intérpretes e de primeiros quatro designará a
futuros formadores de duas pessoas: uma ouvinte e
intérpretes; outra surda especialistas em
formação, que sirvam como
 A elaboração, execução e
formadores, assessores e
avaliação dos programas de
consultores dos futuros
formação devem ser
agentes multiplicadores de
conceitualmente
cada um dos seis países. Os
interculturais e interdis-
critérios para selecionar os
ciplinares;
agentes multiplicadores
 Que os centros de formação de deverão ser desenvolvidos. A
intérpretes façam o inter- Federação Mundial de Surdos
câmbio de suas metodologias e designará um especialista que
experiências, dinamicamente; será o coordenador de todo
 Preferivelmente as federações esse processo;
ou Associações deveriam, em  Os agentes multiplicadores,
função de sua capacidade e

60
APOSTILA DE LIBRAS

com a ajuda do especialista co- imparcial durante o


ordenador, contribuirão para transcurso da sua
o estabelecimento de um pro- interpretação e adotar uma
grama de capacitação em conduta adequada de se vestir,
Língua de Sinais e outro de sem adereços, mantendo a
Formação de Intérpretes em dignidade da profissão, sem
cada país. Estes programas chamar a atenção
poderão aplicar-se de forma indevidamente sobre si
sequencial (primeiro um mesmo.
depois o outro) ou  Segue abaixo o código de ética
paralelamente (ambos os dos intérpretes que é parte
programas de uma vez, consi- integrante do Regimento
derando que, por exemplo, os Interno do Departamento
intérpretes empíricos sejam os Nacional de Intérpretes
primeiros alunos dos cursos de (FENEIS).
Formação de Intérpretes). O  D - Registro dos Intérpretes
acompanhamento deste para Surdos (em 28-29 de
processo se dará entre os janeiro de 1965, Washington,
quatro países e o especialista EUA) Tradução do original
coordenador; Interpreting for Deaf People,
 Os usuários devem conhecer o Stephen (ed.) USA por Ricardo
código ético pelo qual se rege a Sander. Adaptação dos
interpretação; Representantes dos Estados
 Que a Federação Mundial de Brasileiros - Aprovado por
Surdos continue respaldando ocasião do II Encontro
estes processos. Nacional de Intérpretes - Rio
 Segundo o código de ética dos de Janeiro/RJ/Brasil - 1992
intérpretes (documento (Quadros, 2004, p.28).
orientador da profissão), os
intérpretes de libras devem ter Capítulo 1
um alto caráter moral, ser Princípios Fundamentais
honesto, consciente e ter
equilíbrio emocional; Artigo 1º. São deveres
interpretar fielmente e com o fundamentais do intérprete: 1°. O
melhor da sua habilidade,
intérprete deve ser uma pessoa de
sempre transmitindo o
pensamento, a intenção e o alto caráter moral, honesto,
espírito do palestrante; consciente, confidente e de
reconhecer seu próprio nível equilíbrio emocional. Ele guardará
de competência e ser prudente informações confidenciais e não
quanto a aceitar tarefas; poderá trair confidencias, as quais
manter sempre uma atitude foram confiadas a ele;

61
APOSTILA DE LIBRAS

2º. O intérprete deve manter de interpretação, em situações onde


uma atitude imparcial durante o fundos não são possíveis;
transcurso da interpretação, 7°. Acordos em níveis
evitando interferências e opiniões profissionais devem ter
próprias, a menos que seja remuneração de acordo com a tabela
requerido pelo grupo a fazê-lo; de cada estado, aprovada pela
3º. O intérprete deve FENEIS.
interpretar fielmente e com o
melhor da sua habilidade, sempre Capítulo 3
transmitindo o pensamento, a Responsabilidade Profissional
intenção e o espírito do palestrante.
Ele deve lembrar dos limites de sua 8°. O intérprete jamais deve
função e não ir além de a encorajar pessoas surdas a
responsabilidade; buscarem decisões legais ou outras
4°. O intérprete deve em seu favor;
reconhecer seu próprio nível de 9º. O intérprete deve
competência e ser prudente em considerar os diversos níveis da
aceitar tarefas, procurando Língua Brasileira de Sinais bem
assistência de outros intérpretes como da Língua Portuguesa; 20°.
e/ou profissionais, quando Em casos legais, o intérprete deve
necessário, especialmente em informar à autoridade qual o nível
palestras técnicas; de comunicação da pessoa
5°. O intérprete deve adotar envolvida, informando quando a
uma conduta adequada de se vestir, interpretação literal não é possível e
sem adereços, mantendo a o intérprete, então terá que
dignidade da profissão e não parafrasear de modo claro o que está
chamando atenção indevida sobre si sendo dito à pessoa surda e o que ela
mesmo, durante o exercício da está dizendo à autoridade;
função. 11º. O intérprete deve
procurar manter a dignidade, o
Capítulo 2 respeito e a pureza das línguas
Relações com o Contratante envolvidas. Ele também deve estar
do Serviço pronto para aprender e aceitar
novos sinais, se isso for necessário
6°. O intérprete deve ser para o entendimento;
remunerado por serviços prestados 12°. O intérprete deve
e se dispor a providenciar serviços esforçar-se para reconhecer os

62
APOSTILA DE LIBRAS

vários tipos de assistência ao surdo e seu quadro de funcionários


fazer o melhor para atender as suas intérpretes de Libras, para
necessidades particulares. promoverem acessibilidade na
comunicação entre surdos e
Capítulo 4 ouvintes, quando percorremos as
Relações com os Colegas instituições e empresas, podemos
facilmente perceber, que ainda falta
13°. Reconhecendo a
muito para que a acessibilidade na
necessidade para o seu desen-
comunicação através do intérprete
volvimento profissional, o intérprete
aconteça na sua totalidade.
deve agrupar-se com colegas
O intérprete de língua de
profissionais com o propósito de
sinais, além de ser uma pessoa de
dividir novos conhecimentos de vida
alto caráter moral, ético, se faz
e desenvolver suas capacidades
necessário que possua formação
expressivas e receptivas em
superior em nível de graduação ou
interpretação e tradução.
pós-graduação e que tenha sido
Parágrafo único. O intérprete
habilitado através da Proficiência
deve esclarecer o público no que diz
em Língua de Sinais – Prolibras,
respeito ao surdo sempre que
exame promovido em nível nacional
possível, reconhecendo que muitos
que visa habilitar os intérpretes e
equívocos (má informação) têm
professores para a profissão, mas
surgido devido à falta de
que não substitui a formação em
conhecimento do público sobre a
todos os níveis educacionais.
área da surdez e a comunicação com
o surdo. A Universidade Federal de Santa
É um direito do surdo que Catarina (UFSC) é a instituição
todas as instituições, tanto educa- coordenadora do Prolibras desde
2006.
cionais, como financeiras,
comerciais, públicas e privadas,
Exame Prolibras
disponham de profissionais
intérpretes para intermediarem a O exame Prolibras não
comunicação com os surdos. substitui a formação em todos os
Infelizmente, a presença do níveis educacionais.
profissional intérprete em todas as Vejamos o que o Decreto nº
instituições brasileiras ainda não é 5.626/2005 artigos sétimo e oitavo
uma realidade. Apesar de muitas regulamentam sobre o Prolibras.
Universidades, escolas e até mesmo Leia com atenção, pois atualmente
agências bancárias, terem hoje em

63
APOSTILA DE LIBRAS

esse exame tem sido uma dos competência para o ensino dessa
assuntos mais discutidos entre língua.
surdos e ouvintes. §1º. O exame de proficiência
Art. 7º. Nos próximos dez em Libras deve ser promovido,
anos, a partir da publicação deste anualmente, pelo Ministério da
Decreto, caso não haja docente com Educação e instituições de educação
título de pós-graduação ou de superior, por ele credenciadas para
graduação em Libras para o ensino essa finalidade.
dessa disciplina em cursos de §2º. A certificação de
educação superior, ela poderá ser proficiência em Libras habilitará o
ministrada por profissionais que instrutor ou o professor para a
apresentem pelo menos um dos função docente.
seguintes perfis: §3º. O exame de proficiência
I. professor de Libras, usuário em Libras deve ser realizado por
dessa língua com curso de pós- banca examinadora de amplo
graduação ou com formação conhecimento em Libras,
superior e certificado de
constituída por docentes surdos e
proficiência em Libras, obtido
por meio de exame promovido linguistas de instituições de
pelo Ministério da Educação; educação superior.
II. instrutor de Libras, usuário Os intérpretes de Libras
dessa língua com formação de também já possuem um projeto de
nível médio e com certificado lei que reconhece a sua profissão.
obtido por meio de exame de Faça uma leitura desse projeto e
proficiência em Libras,
conheça mais sobre essa profissão.
promovido pelo Ministério da
Educação;
III. professor ouvinte bilíngue: Lei nº 12.319, de 1º de
Libras – Língua Portuguesa, setembro de 2010.
com pós-graduação ou
formação superior e com Regulamenta a profissão de
certificado obtido por meio de
exame de proficiência em Tradutor e Intérprete da Língua
Libras, promovido pelo Brasileira de Sinais - LIBRAS.
Ministério da Educação. Art. 1º Esta Lei regulamenta o
exercício da profissão de Tradutor e
Art. 8º. O exame de Intérprete da Língua Brasileira de
proficiência em Libras, referido no Sinais - LIBRAS.
art. 7º, deve avaliar a fluência no Art. 2º O tradutor e intérprete
uso, o conhecimento e a terá competência para realizar

64
APOSTILA DE LIBRAS

interpretação das 2 (duas) línguas Portuguesa.


de maneira simultânea ou Parágrafo único. O exame de
consecutiva e proficiência em proficiência em Tradução e
tradução e interpretação da Libras e Interpretação de Libras - Língua
da Língua Portuguesa. Portuguesa deve ser realizado por
banca examinadora de amplo
Art. 3º (VETADO) conhecimento dessa função,
Art. 4º A formação constituída por docentes surdos,
profissional do tradutor e intérprete linguistas e tradutores e intérpretes
de Libras - Língua Portuguesa, em de Libras de instituições de
nível médio, deve ser realizada por educação superior.
meio de: Art. 6º São atribuições do
I - cursos de educação tradutor e intérprete, no exercício de
profissional reconhecidos pelo suas competências:
Sistema que os credenciou; I - efetuar comunicação entre
II - cursos de extensão surdos e ouvintes, surdos e surdos,
universitária; e surdos e surdos-cegos, surdos-cegos
III - cursos de formação e ouvintes, por meio da Libras para
continuada promovidos por a língua oral e vice-versa;
instituições de ensino superior e II - interpretar, em Língua
instituições credenciadas por Brasileira de Sinais - Língua
Secretarias de Educação. Portuguesa, as atividades didático-
Parágrafo único. A formação pedagógicas e culturais
de tradutor e intérprete de Libras desenvolvidas nas instituições de
pode ser realizada por organizações ensino nos níveis fundamental,
da sociedade civil representativas da médio e superior, de forma a
comunidade surda, desde que o viabilizar o acesso aos conteúdos
certificado seja convalidado por uma curriculares;
das instituições referidas no inciso III - atuar nos processos
III. seletivos para cursos na instituição
Art. 5º Até o dia 22 de de ensino e nos concursos públicos;
dezembro de 2015, a União, IV - atuar no apoio à
diretamente ou por intermédio de acessibilidade aos serviços e às
credenciadas, promoverá, atividades-fim das instituições de
anualmente, exame nacional de ensino e repartições públicas; e
proficiência em Tradução e V - prestar seus serviços em
Interpretação de Libras - Língua depoimentos em juízo, em órgãos

65
APOSTILA DE LIBRAS

administrativos ou policiais.
Brasília, 1º de setembro de
Art. 7º O intérprete deve 2010; 189o da Independência e 122o
exercer sua profissão com rigor da República.
técnico, zelando pelos valores éticos
a ela inerentes, pelo respeito à Acessibilidade
pessoa humana e à cultura do surdo
e, em especial:
I - pela honestidade e
discrição, protegendo o direito de
sigilo da informação recebida;
II - pela atuação livre de
preconceito de origem, raça, credo
religioso, idade, sexo ou orientação
sexual ou gênero;
III - pela imparcialidade e
fidelidade aos conteúdos que lhe Art. 2º. Acessibilidade: possibilidade e
couber traduzir; condição de alcance para utilização,
com segurança e autonomia, dos
IV - pelas postura e conduta espaços, mobiliários e equipamentos
adequadas aos ambientes que urbanos, das edificações, dos
transportes e dos sistemas e meios de
frequentar por causa do exercício
comunicação, por pessoa portadora
profissional; de deficiência ou com mobilidade
V - pela solidariedade e reduzida.
consciência de que o direito de
expressão é um direito social, É importante que você saiba
independentemente da condição que, outras leis promoveram para a
social e econômica daqueles que efetivação dos direitos da pessoa
dele necessitem; surda em âmbito nacional. Uma
VI - pelo conhecimento das delas é a lei de acessibilidade das
especificidades da comunidade pessoas portadoras de deficiência ou
surda. com mobilidade reduzida, lei nº
Art. 8º (VETADO) 10.098 de 10 de dezembro de 2000.
Vejamos primeiramente o conceito
Art. 9º (VETADO) de acessibilidade descrita na lei
acima citada.
Art. 10. Esta Lei entra em Em seu artigo 17, lei nº
vigor na data de sua publicação. 10.098, cita a promoção da

66
APOSTILA DE LIBRAS

eliminação de barreiras de os símbolos da surdez e a sua


comunicação e estabelece meca- importância. Eles foram criados
nismos e alternativas que tornem mediante a lei nº 8.160 de janeiro de
acessíveis os sistemas de 1991, que dispõe sobre a
comunicação e sinalização às caracterização de símbolos que
pessoas portadoras de deficiência permitam a identificação de pessoas
sensorial e com dificuldade de portadoras de deficiência auditiva.
comunicação, para garantir-lhes o
direito de acesso à informação, à
comunicação, ao trabalho, à
educação, ao transporte, à cultura,
ao esporte e ao lazer. Veja também o
que propõe o artigo 18.

Art. 18. O Poder Público implementará


a formação de profissionais
intérpretes de escrita em braile,
linguagem de sinais e de guias-
intérpretes, para facilitar qualquer Fonte. http://www.detran.pe.gov.br/
tipo de comunicação direta à pessoa
boletim.shtml
portadora de deficiência sensorial e
com dificuldade de comunicação.
Lei No. 8.160 De Janeiro De 1991
Os sistemas de radiodifusão O Presidente De República,
sonora e de sons e imagens são
também responsáveis pela Faço saber que o Congresso
promoção da acessibilidade ao Nacional decreta e eu sanciono a
surdo. De acordo com o art. 19, eles seguinte lei:
devem adotar planos de medidas Art. 1º. É obrigatória a
técnicas com o objetivo de permitir colocação, de forma visível, do
o uso da linguagem de sinais ou "Símbolo Internacional de Surdez"
outra subtitulação, a fim de garantir em todos os locais que possibilitem
o direito de acesso à informação às acesso, circulação e utilização por
pessoas portadoras de deficiência pessoas portadoras de deficiência
auditiva. auditiva, e em todos os serviços que
forem postos à sua disposição ou
Símbolo Internacional de que possibilitem o seu uso.
Surdez Art. 2º. O "Símbolo
Internacional de Surdez" deverá ser
Neste tópico você vai conhecer

67
APOSTILA DE LIBRAS

colocado, obrigatoriamente, em ex/paginas/42/1991/8160.htm


local visível ao público, não sendo Acesso em 26 de dezembro de
2009.
permitida nenhuma modificação ou
adição ao desenho reproduzido no
anexo a esta lei.
Art. 3º. É proibida a utilização
do "Símbolo Internacional de
Surdez" para finalidade outra que
não seja a de identificar, assinalar ou
indicar local ou serviço habilitado ao
uso de pessoas portadoras de
deficiência auditiva.
Parágrafo único. O disposto no
caput deste artigo não se aplica à
reprodução do símbolo em
publicações e outros meios de
comunicação relevantes para os
interesses do deficiente auditivo, a
exemplo de adesivos específicos
para veículos por ele conduzidos.
Art. 4º. O Poder Executivo
regulamentará esta lei no prazo de
noventa dias, a contar de sua
vigência.
Art. 5º. Esta lei entra em vigor
na data de sua publicação.
Art. 6º. Revogam-se as
disposições em contrário.
Brasília, 8 de janeiro de 1991;
170º da Independência e 103º da
República.

FERNANDO COLLOR
Jarbas Passarinho
Margarida Procópio
Texto disponível em:
http://www81.dataprev.gov.br/sisl

68
69
APOSTILA DE LIBRAS

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Mestrado. 113f. Programa de Pós acao/direduc.html)
graduação. Instituto de Estudos da
Linguagem, Universidade Estadual de | Lei no 10.172, de 9 de janeiro de 2001
Campinas, São Paulo, 2005. (Disponível (http://www.presidencia.gov.br/ccivil_0
em http://libdigi.unicamp.br/do- 3/LEIS/LEIS_2001/L10172.htm)
cument/? code=vtls000349698).
Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002
PAGURA, Reynaldo. A Interpretação (http://www.presidencia.gov.br/CCIVIL/
de Conferências: interfaces com a LEIS/2002/L10436.htm.
tradução escrita e implicações para
a formação de intérpretes e Imagens. CAPOVILLA & RAPHAEL
tradutores. D.E.L.T.A., 19, ESPECIAL, (2001, p. 408) (Ilustração: Silvana
2003. p.209-236. (Disponível em Marques)
http://www.scielo.br/pdf/delta/v19nspe/
13.pdf).

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