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Os Desafios do Atendimento Odontológico no Pré Natal

Durante a Pandemia do Covid-19


DISCIPLINA: PROJETO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE – ATENÇÃO
PRIMÁRIA

DOCENTE: KATIUCIA TICILA DE SOUZA DE NASCIMENTO

ALUNOS: Anna Julia Santos Dantas / Enzo Gasparelo Santi / Igor Gabriel da
Silva Santos / Ivaneide Oliveira / Jamile Silva dos Anjos / Joílson Salomão
Santos Filho / Monaliza Aparecida Regis Matos de Souza / Paula dos Santos
Silva / Priscila de Jesus Amorim / Ronald Rodrigues Dourado / Vinícius dos
Santos de Souza / Viviane Miranda Teles

RESUMO

Objetivo: O propósito do trabalho é instruir os desafios do atendimento odontológico no pré-


natal durante a pandemia do Coronavírus (COVID-19). Revisão bibliográfica: Com a chegada
da pandemia do coronavírus (COVID-19) os desafios do atendimento odontológico no pré-natal
aumentaram, posto que, a COVID-19 é uma doença altamente contagiosa, é importante que o
profissional oriente tanto a sua equipe quanto seus pacientes em relação aos fatores de risco e
aos cuidados que devem ser tomados para evitar o contágio, tendo em vista a vulnerabilidade
da saúde bucal, uma das principais vias de contágio da doença. Considerações finais: é
necessário reconhecer a importância do acompanhamento odontológico durante a gestação, é
de vital importância a ida periodicamente ao dentista desde que todos os materiais de
biossegurança sejam adotados afim de prestar atendimento essencial e de forma segura,
buscando minimizar os riscos inerentes a uma determinada atividade.

Palavras-chave: Sistema Único de Saúde. Educação em Saúde. Pré-Natal.


Infecções por Coronavirus.
INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 30 de janeiro de


2020, que o surto da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19)
constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional – o
mais alto nível de alerta da Organização, conforme previsto no Regulamento
Sanitário Internacional (OPAS/OMS, 2020).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a maioria dos
pacientes com COVID-19 (cerca de 80%) podem ser assintomáticos e cerca de
20% dos casos podem necessitar de atendimento hospitalar por apresentarem
dificuldade respiratória e desses casos aproximadamente 5% podem necessitar
de suporte para o tratamento de insuficiência respiratória (suporte ventilatório).
É importante ressaltar que essa patologia continua se alastrando em ritmo
acelerado em número de casos e mortes desde que foi identificada pela
primeira vez na cidade de Wuhan, China, em dezembro de 2019 (OPAS/OMS,
2020; Rasmussen et al., 2020;).
Sabe-se que o período de gestação por si só leva a maior vulnerabilidade
para patologias respiratórias devido ao aumento do consumo de oxigênio,
elevação diafragmática e diminuição da complacência torácica o que,
consequentemente, resulta na diminuição da tolerância à hipoxemia. Tais
transformações podem provocar em parto prematuro, crescimento intrauterino
restrito, ruptura prematura de membranas e natimortalidade. Por essas razões,
as gestantes foram adicionadas aos grupos de risco para a COVID-19
(CASTRO P, et al., 2020).
A assistência pré-natal é de suma importância à saúde das mulheres
durante o período de gestação e está relacionada a melhores resultados
perinatais. Entretanto, apesar de carecerem de maiores cuidados, as gestantes
têm enfrentado dificuldades para realizar a supervisão durante o pré-natal em
consequência do cancelamento de consultas, consultas via teleatendimento ou
adiamento nos casos de suspeita ou confirmação de infecção pelo COVID-19
(DING W, et al., 2021).
Para Paixão JN, et al. (2021) outros aspecto como a necessidade de
isolamento levaram ainda mais dificuldades para as gestantes, dificultando o
contato com seus familiares e amigos, além da obrigação de enfrentar as
notícias e informações a respeito do crescimento do número de casos
confirmados e óbitos causados pelo coronavírus. Houve um crescimento
significativo de sintomas deprimente e ansiosos em gestantes, quando
comparados ao mesmo período antes da pandemia deste mesmo grupo.
Durante a realização da consulta no pré-natal é importante que todos os
cuidados sejam tomados, para que não ocorra uma exposição desnecessária
da gestante. É importante que seja assegurado o pré-natal de todas as
gestantes, podendo ocorrer um intervalo maior entre as consultas. Para
aperfeiçoar, aconselha-se inserir as coletas de exames e ultrassonografias no
dia da consulta presencial. O retorno para acompanhamento de consultas
durante o pré-natal deverá ser definido levando em conta a idade e o tempo de
gestação, a existência ou não de patologias maternas ou fetais, comorbidades
e a evolução da gestação (AZIZ et al., 2020).
Conhecer as novas estratégias definidas e as orientações existentes, é
muito importante pois auxilia na diminuição da ansiedade da maioria das
gestantes, bem como as instrui sobre qual a melhor maneira de se proteger e o
que esperar dos serviços de saúde nesse período de pandemia (Turrentine et
al., 2020).

FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA

O comportamento da COVID-19 difere em cada região do mundo, por


causa das influências geográficas e socioeconômicas (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2020). No início da pandemia grande parte dos relatos na literatura
indicavam que a maioria das mulheres no período da gestação apresentavam
quadros clínicos leves ou moderados, sendo que um percentual muito baixo
precisava de auxílio ventilatório ou cuidados em unidades de terapia intensiva
(UTI). Contudo, foi identificado que existia um maior risco de problemas em
gestantes, especialmente no último trimestre da gravidez e no puerpério
(RASMUSSEN AS e JAMIESON DJ, 2020). No brasil, desde o início da
pandemia do COVID-19, estudos estão sendo publicados com o intuito de
alertar as gestantes pelo risco de morte pelo vírus (NAKAMURA-PEREIRA M,
et al., 2020; TAKEMOTO MS, et al., 2020; SOUZA AR e ALMEIDA M,2021).
Um dos primeiros países a inserir as mulheres gravidas ou no período
puerperal que sofreram perdas fetais ou abortamento, como pertencentes ao
grupo de risco para a COVID-19 foi o Brasil. O ministério da saúde foi o
responsável pela criação do Manual de Recomendações para Assistência à
Gestante e Puérpera frente à Pandemia do Covid-19 sendo uma medida
adotada para orientar por meio de diretrizes o acesso à saúde, diminuindo
assim as chances de contágio, morbimortalidade materna e agravos ao
concepto (CASTRO P, et al., 2020; MINISTÉRIO DA SÚDE, 2020).
No cenário da pandemia o cotidiano da saúde durante a gestação foi
alterado, seguindo as determinações do ministério da saúde, os atendimentos
odontológicos durante a gestação foram descontinuados com o propósito de
diminuir o número de contaminados pela covid-19. Levando em consideração o
altíssimo risco de contágio no decorrer do atendimento, com isso mantiveram
apenas os atendimentos de urgência e emergência odontológicas, onde, os
pacientes que necessitavam deste serviço passavam por uma anamnese,
sendo orientados e quando necessária prescrita medicação (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2020).
O abandono aos tratamentos e acompanhamento durante o pré-natal foi
uma questão muito importante que podemos destacar, onde foram observados
uma diminuição de 46% nos procedimentos clínicos, 44% da taxa de
atendimento no pré-natal e 36% no número de consultas médicas, quando são
comparadas ao período anterior a pandemia (CHISINI LA, et al., 2021). Logo, a
assistência à saúde da mulher sofreu diminuição pela pandemia, sendo o medo
de procurar assistência à saúde devido às incertezas, o receio de sair de casa
pela grande facilidade de contagio e as medidas imposta para o controle e
disseminação do vírus (SOUZA AR, et al., 2020).
A fragilidade das mulheres durante a gestação na pandemia do COVID-19
é uma realidade, momento em que a gestante apresenta várias mudanças que
podem comprometer sua saúde mental, com isso a pandemia é mais um
componente causador do aumento do sofrimento psíquico. A falta ou acesso a
informações, o medo de serem infectadas, a ansiedade, a hora do parto, a
presença ou não do acompanhante, dúvidas sobre amamentação, as
mudanças gerais da assistência são problemas que afetam a saúde das
gestantes (HERMANN A, et al., 2020).
Segundo Di Mascio et al. (2020), importantes complicações podem ser
identificadas na gestação durante a COVID-19 como o nascimento prematuro,
pré-eclâmpsia, cesariana e morte perinatal; ainda não houve casos clínicos
relevantes de transmissão vertical na literatura, contudo, é necessário que os
dados sejam atualizados e analisados constantemente, as pesquisas
relacionadas a este público são muito limitadas, pois são acompanhadas por
um curto período de tempo. No Brasil o Ministério da Saúde ainda não divulgou
dados precisos sobre o número de gestantes infectadas ou em casos de óbitos.
Caso a gestante apresente sintomas gripais e ou teste
positivo para o COVID-19 a recomendação é que a
consulta de pré-natal seja adiada e ela continue em seu
isolamento. A grávida precisa ser avaliada de forma
intensa pela equipe que utilizará ferramentas alternativas
para o seu cuidado, afinal a mulher grávida precisa de
um intensivo monitoramento, por exemplo da sua
frequência respiratória, sinais vitais, sintomas presentes,
saturação, pressão arterial, entre outros (FUNDAÇÃO
OSVALDO CRUZ, 2020).

As dificuldades de acesso aos serviços necessários foram alteradas


devido a COVID-19, por conta do fechamento e reorganização para atender a
demanda das diretrizes de combate a pandemia, as medidas de isolamento
social dificultaram o deslocamento de mulheres gestante para realizarem o pré-
natal (FIGO,2020). Sugere-se o uso da telemedicina durante a gestação, este é
uma plataforma que oferece atendimento virtual para situações clinicas mais
simples, onde evita-se que a gestante seja exposta ao risco de contaminação.
O Ministério da Saúde publicou diretrizes de regulamentação e
operacionalização como uma medida de enfrentamento, com foco em
desafogar o sistema de saúde (BRASIL, 2020a).
A utilização da telemedicina, em caráter excepcional e temporário, foi uma
das ferramentas utilizada no combate contra o contagio da COVID-19, quem
tem em suas características a teleorientação, telemonitoramento e
teleinterconsulta, com o objetivo de evitar ou diminuir as aglomerações
desnecessárias (BARRETO, 2020). A telemedicina possibilita atendimento
remoto, incluindo à assistência suporte, monitoramento e segmento, sendo
realizado entre o paciente e médico, por meio da tecnologia da informação e
comunicação, que asseguram a integralidade e sigilo das informações, as
informações sobre o atendimento é registrado em prontuário (MESQUITA et al.,
2020)

CONCLUSÃO

Conclui-se que, a fragilidade das mulheres durante a gestação na pandemia do


COVID-19 é uma realidade, momento em que a gestante apresenta várias
mudanças que podem comprometer sua saúde mental, com isso a pandemia é
mais um componente causador do aumento do sofrimento psíquico. A falta ou
acesso a informações, o medo de serem infectadas, a ansiedade, a hora do
parto, a presença ou não do acompanhante, dúvidas sobre amamentação, as
mudanças gerais da assistência são problemas que afetam a saúde das
gestantes.
É necessário reconhecer a importância do acompanhamento odontológico
durante a gestação, é de vital importância a ida periodicamente ao dentista
desde que todos os materiais de biossegurança sejam adotados afim de
prestar atendimento essencial e de forma segura, buscando minimizar os riscos
inerentes a uma determinada atividade. O retorno para acompanhamento de
consultas durante o pré-natal deverá ser definido levando em conta a idade e o
tempo de gestação, a existência ou não de patologias maternas ou fetais,
comorbidades e a evolução da gestação.

REFERÊNCIAS

AZIZ A., et al. Telehealth for High-Risk Pregnancies in the Setting of the Covid-19 Pandemic.
American Journal of Perinatology, v.37, n.8, p.800-808, 2020.

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23 de março de 2020. Dispõe, em caráter excepcional e temporário, sobre as ações de
telemedicina, com o objetivo de regulamentar e operacionalizar as medidas de enfrentamento
da emergência de saúde pública de importância internacional previstas no art. 3º da Lei nº
13.979, de 6 de fevereiro de 2020, decorrente da epidemia de COVID-19. Diário Oficial da
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