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7908433211112
GHC-RS
GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.
Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA
Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.
Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br
Vamos juntos!
ÍNDICE
Língua Portuguesa
1. Interpretação de textos: Leitura e compreensão de informações. Identificação de ideias principais e secundárias. Intenção comunica-
tiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Vocabulário: Sentido de palavras e expressões no texto. Substituição de palavras e de expressões no texto. Sinônimos e antôni-
mos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3. Aspectos linguísticos: Grafia correta de palavras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Separação silábica. Localização da sílaba tônica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
5. Acentuação gráfica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
6. Relação entre letras e fonemas, identificação de dígrafos e encontros consonantais e diferenças entre sons de letras. . . . . . . . . . 17
7. Família de palavras. Flexão, classificação e emprego dos substantivos, artigos, adjetivos e pronomes. Emprego de verbos regulares e
irregulares e tempos verbais. Emprego e classificação dos numerais. Emprego de preposições, combinações e contrações. Emprego e
classificação dos advérbios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
8. Noções básicas de concordância nominal e verbal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
9. Regras gerais de regência nominal e verbal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
10. Sinais de pontuação: Emprego do ponto final, ponto de exclamação e ponto de interrogação. Usos da vírgula e do ponto-e-vírgula.
Emprego dos dois pontos. Uso do travessão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
11. Processos de coordenação e subordinação. Sintaxe do período simples. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
12. Elementos de coesão no texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
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LÍNGUA PORTUGUESA
– Separe fatos de opiniões. CACHORROS
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
mutável). espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
– Retorne ao texto sempre que necessário. seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
enunciados das questões. precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
– Reescreva o conteúdo lido. comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
tópicos ou esquemas. casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
outro e a parceria deu certo.
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
são uma distração, mas também um aprendizado. to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. As informações que se relacionam com o tema chamamos de
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
do texto. fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, capaz de identificar o tema do texto!
ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões
apresentadas na prova. Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um -secundarias/
significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso
o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e TEXTOS VARIADOS
nunca extrapole a visão dele.
Ironia
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo novo sentido, gerando um efeito de humor.
significativo, que é o texto. Exemplo:
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atra-
ído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
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LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo:
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LÍNGUA PORTUGUESA
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. berdade para quem recebe a informação.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, Fato
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
Diferença entre compreensão e interpretação uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- Exemplo de fato:
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O A mãe foi viajar.
leitor tira conclusões subjetivas do texto.
Interpretação
Gêneros Discursivos É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou sas, previmos suas consequências.
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
dárias. ças sejam detectáveis.
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente Exemplos de interpretação:
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única tro país.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
encaminham-se diretamente para um desfecho. do que com a filha.
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LÍNGUA PORTUGUESA
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS NÍVEIS DE LINGUAGEM
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do Definição de linguagem
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
e o do leitor. da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
Parágrafo cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
sentada na introdução. e caem em desuso.
Língua escrita e língua falada
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria Linguagem popular e linguagem culta
prova. Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. o diálogo é usado para representar a língua falada.
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado Linguagem Popular ou Coloquial
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con- guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto- que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do perí- expressão dos esta dos emocionais etc.
odo, e o tópico que o antecede.
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto A Linguagem Culta ou Padrão
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
para a clareza do texto. se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
sem coerência. mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta- conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento Gíria
mais direto. A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário comportamentos, nas leis jurídicas.
de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, Características principais:
“mina”, “tipo assim”. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
Linguagem vulgar do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco • Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
comida”. Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
Linguagem regional ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala- nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
Tipos e genêros textuais perior para formação de oficiais.
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e Tipo textual expositivo
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns pode ser expositiva ou argumentativa.
exemplos e as principais características de cada um deles. A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
Tipo textual descritivo neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma Características principais:
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
um movimento etc. • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
Características principais: mar.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
caracterizadora. de ponto de vista.
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- • Apresenta linguagem clara e imparcial.
meração.
• A noção temporal é normalmente estática. Exemplo:
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
ção. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- terminado tema.
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
Exemplo: Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
Era uma casa muito engraçada sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não Tipo textual dissertativo-argumentativo
Porque na casa não tinha chão Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Ninguém podia dormir na rede sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Porque na casa não tinha parede apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Ninguém podia fazer pipi clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Porque penico não tinha ali tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Mas era feita com muito esmero (leitor ou ouvinte).
Na rua dos bobos, número zero
(Vinícius de Moraes)
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LÍNGUA PORTUGUESA
Características principais: GÊNEROS TEXTUAIS
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté- de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo, dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su- funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são pas-
gestão/solução). síveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservan-
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações do características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textu-
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e ais que neles predominam.
um caráter de verdade ao que está sendo dito.
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. Descritivo Diário
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de- Relatos (viagens, históricos, etc.)
senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Biografia e autobiografia
Notícia
Exemplo: Currículo
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Lista de compras
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Cardápio
administração política (tese), porque a força governamental certa- Anúncios de classificados
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Injuntivo Receita culinária
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Bula de remédio
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Manual de instruções
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo Regulamento
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Textos prescritivos
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Expositivo Seminários
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Palestras
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Conferências
cobrança efetiva (conclusão). Entrevistas
Trabalhos acadêmicos
Tipo textual narrativo Enciclopédia
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta Verbetes de dicionários
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu- Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, Carta de opinião
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Resenha
Artigo
Características principais: Ensaio
• O tempo verbal predominante é o passado. Monografia, dissertação de
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- mestrado e tese de doutorado
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
Narrativo Romance
onisciente).
Novela
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em
Crônica
prosa, não em verso.
Contos de Fada
Fábula
Exemplo:
Lendas
Solidão
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- nitos e mudam de acordo com a demanda social.
rem, um tirou do outro a essência da felicidade.
Nelson S. Oliveira INTERTEXTUALIDADE
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurre- A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
ais/4835684 seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
ambos: forma e conteúdo.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri- Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
provérbios, charges, dentre outros. mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
Tipos de Intertextualidade domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen- que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
(parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (se- O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
melhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorís- enunciador está propondo.
ticos. Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
significa a “repetição de uma sentença”. admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí- crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha mento de premissas e conclusões.
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter- Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) A é igual a B.
e “graphé” (escrita). A é igual a C.
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção Então: C é igual a A.
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re- que C é igual a A.
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo Outro exemplo:
“citação” (citare) significa convocar. Todo ruminante é um mamífero.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros A vaca é um ruminante.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois Logo, a vaca é um mamífero.
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são o Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. também será verdadeira.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ARGUMENTAÇÃO a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
propõe. instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir outro fundado há dois ou três anos.
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
vista defendidos. pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas der bem como eles funcionam.
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
sos de linguagem. na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
escolher entre duas ou mais coisas”. não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
zado numa dada cultura.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de Argumento Argumento quase lógico
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa- É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu- e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são
mento. Exemplo: chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi-
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os
Argumento de Autoridade elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí-
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en-
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica.
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur- Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo”
so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver- correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
dadeira. Exemplo: tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para indevidas.
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
cimento. Nunca o inverso. Argumento do Atributo
Alex José Periscinoto. É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- que é mais grosseiro, etc.
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
acreditar que é verdade. tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
de.
Argumento de Quantidade Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
largo uso do argumento de quantidade. dizer dá confiabilidade ao que se diz.
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
Argumento do Consenso de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não por bem determinar o internamento do governador pelo período
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- tal por três dias.
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
carentes de qualquer base científica. Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
Argumento de Existência ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas texto tem sempre uma orientação argumentativa.
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
do que dois voando”. homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa outras, etc. Veja:
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela vam abraços afetuosos.”
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na-
vios, etc., ganhava credibilidade.
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LÍNGUA PORTUGUESA
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras Desse ponto de vista, a dissertação pode ser definida como dis-
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse cussão, debate, questionamento, o que implica a liberdade de pen-
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, samento, a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente.
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. A liberdade de questionar é fundamental, mas não é suficiente para
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- organizar um texto dissertativo. É necessária também a exposição
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: dos fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- de vista.
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá- Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
injustiça, corrupção). seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
o argumento. ver as seguintes habilidades:
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por mente contrária;
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir ria contra a argumentação proposta;
outros à sua dependência política e econômica”. - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
ta.
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
o assunto, etc). válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
dades não se prometem, manifestam-se na ação. ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
comportamento. da verdade:
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- - evidência;
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- - divisão ou análise;
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio - ordem ou dedução;
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em - enumeração.
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen-
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
mica e até o choro. e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
caracteriza a universalidade.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo- Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
o efeito. Exemplo: que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
pesquisa.
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
Fulano é homem (premissa menor = particular) a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
Logo, Fulano é mortal (conclusão) todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par- reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci- o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
O calor dilata o ferro (particular) das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
O calor dilata o bronze (particular) o relógio estaria reconstruído.
O calor dilata o cobre (particular) Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
O ferro, o bronze, o cobre são metais meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, relacionadas:
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de lha dos elementos que farão parte do texto.
sofisma no seguinte diálogo: Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
- Lógico, concordo. racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
- Claro que não! por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Exemplos de sofismas: lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Dedução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Todo professor tem um diploma (geral, universal) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Fulano tem um diploma (particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
Indução nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
cular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
– conclusão falsa)
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- sabiá, torradeira.
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden- Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
ados nos sentimentos não ditados pela razão.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé- - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de dida;d
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é diferenças).
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
(Garcia, 1973, p. 302304.) consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in- vra e seus significados.
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio- pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam. necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
de vista sobre ele. mentação coerente e adequada.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
- o termo a ser definido; cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
- o gênero ou espécie; raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
- a diferença específica. cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
ma espécie. Exemplo: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
Elemento especiediferença causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
a ser definidoespecífica que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
virtude de, em vista de, por motivo de.
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como:
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está assim, desse ponto de vista.
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
ou instalação”; elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
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LÍNGUA PORTUGUESA
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
que, melhor que, pior que. to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra-
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade que gera o controle demográfico”.
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir- Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi- desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li- elaboração de um Plano de Redação.
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
caráter confirmatório que comprobatório. tecnológica
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse ta, justificar, criando um argumento básico;
caso, incluem-se - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
mortal, aspira à imortalidade); que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- (rever tipos de argumentação);
dos e axiomas); - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ-
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se ência);
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
parece absurdo). argumento básico;
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con- argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
cretos, estatísticos ou documentais. mento básico;
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau- quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, menos a seguinte:
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, Introdução
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex- - função social da ciência e da tecnologia;
presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na - definições de ciência e tecnologia;
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar- Desenvolvimento
gumentação: - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran- vimento tecnológico;
do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu- - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; condições de vida no mundo atual;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
dadeira; desenvolvidos;
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali- - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
dade da afirmação; sado; apontar semelhanças e diferenças;
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis- - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto- banos;
ridade que contrariam a afirmação apresentada; - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
mais a sociedade.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Conclusão
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequências maléficas;
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos apresentados.
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de redação: é um dos possíveis.
Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos que
compõem este estudo.
Antônimo e Sinônimo
Começaremos por esses dois, que já são famosos.
O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o significado
de uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é antônimo de mulher.
Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é muito im-
portante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos exemplos,
para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.
Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperônimo
designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais domés-
ticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo
coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!
Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:
Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.
As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:
https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/
Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por
estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.
ORTOGRAFIA OFICIAL
• Mudanças no alfabeto:O alfabeto tem 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y.
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui,
que, qui.
Regras de acentuação
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba)
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
– Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú,
tuiuiús, Piauí.
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LÍNGUA PORTUGUESA
– Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
e ôo(s). SEPARAÇÃO SILÁBICA. LOCALIZAÇÃO DA SÍLABA TÔ-
NICA
Como era Como fica
A cada um dos grupos pronunciados de uma determinada pa-
abençôo abençoo lavra numa só emissão de voz, dá-se o nome de sílaba. Na Língua
crêem creem Portuguesa, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal, não existe síla-
ba sem vogal e nunca mais que uma vogal em cada sílaba.
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/ Para sabermos o número de sílabas de uma palavra, devemos
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. perceber quantas vogais tem essa palavra. Mas preste atenção, pois
as letras i e u (mais raramente com as letras e e o) podem represen-
Atenção: tar semivogais.
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. Classificação por número de sílabas
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, Monossílabas: palavras que possuem uma sílaba.
reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Exemplos: ré, pó, mês, faz
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
palavras forma/fôrma. Dissílabas: palavras que possuem duas sílabas.
Exemplos: ca/sa, la/ço.
Uso de hífen
Regra básica: Trissílabas: palavras que possuem três sílabas.
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho- Exemplos: i/da/de, pa/le/ta.
mem.
Polissílabas: palavras que possuem quatro ou mais sílabas.
Outros casos Exemplos: mo/da/li/da/de, ad/mi/rá/vel.
1. Prefixo terminado em vogal: Divisão Silábica
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, - Letras que formam os dígrafos “rr”, “ss”, “sc”, “sç”, “xs”, e “xc”
semicírculo. devem permanecer em sílabas diferentes. Exemplos:
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis- des – cer
mo, antissocial, ultrassom. pás – sa – ro...
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on-
das. - Dígrafos “ch”, “nh”, “lh”, “gu” e “qu” pertencem a uma única
sílaba. Exemplos:
2. Prefixo terminado em consoante: chu – va
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub- quei – jo
-bibliotecário.
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su- - Hiatos não devem permanecer na mesma sílaba. Exemplos:
persônico. ca – de – a – do
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. ju – í – z
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LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação por intensidade
-Tônica: sílaba com mais intensidade. RELAÇÃO ENTRE LETRAS E FONEMAS, IDENTIFICAÇÃO
- Átona: sílaba com menos intensidade. DE DÍGRAFOS E ENCONTROS CONSONANTAIS E DIFE-
- Subtônica: sílaba de intensidade intermediária. RENÇAS ENTRE SONS DE LETRAS
Classificação das palavras pela posição da sílaba tônica Muitas pessoas acham que fonética e fonologia são sinônimos.
As palavras com duas ou mais sílabas são classificadas de acor- Mas, embora as duas pertençam a uma mesma área de estudo, elas
do com a posição da sílaba tônica. são diferentes.
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons Sintetizando: a fonética estuda o movimento físico (da boca,
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para lábios...) que cada som faz, desconsiderando o significado desses
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras. sons.
Vejamos um por um:
Fonologia
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre A fonologia também é um ramo de estudo da Linguística, mas
aberto. ela se preocupa em analisar a organização e a classificação dos
Já cursei a Faculdade de História. sons, separando-os em unidades significativas. É responsabilidade
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre da fonologia, também, cuidar de aspectos relativos à divisão silábi-
fechado. ca, à acentuação de palavras, à ortografia e à pronúncia.
Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este Sintetizando: a fonologia estuda os sons, preocupando-se com
caso afundo mais à frente). o significado de cada um e não só com sua estrutura física.
Sou leal à mulher da minha vida.
Bom, agora que sabemos que fonética e fonologia são coisas
As palavras podem ser: diferentes, precisamos de entender o que é fonema e letra.
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
-já, ra-paz, u-ru-bu...) Fonema: os fonemas são as menores unidades sonoras da fala.
– Paroxítonas:quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, sa- Atenção: estamos falando de menores unidades de som, não de sí-
-bo-ne-te, ré-gua...) labas. Observe a diferença: na palavra pato a primeira sílaba é pa-.
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima Porém, o primeiro som é pê (P) e o segundo som é a (A).
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) Letra:as letras são as menores unidades gráfica de uma palavra.
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: Sintetizando: na palavra pato, pa- é a primeira sílaba; pê é o
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, primeiro som; e P é a primeira letra.
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...) Agora que já sabemos todas essas diferenciações, vamos en-
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N, tender melhor o que é e como se compõe uma sílaba.
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS,ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...) Sílaba: A sílaba é um fonema ou conjunto de fonemas que emi-
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S), tido em um só impulso de voz e que tem como base uma vogal.
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, A sílabas são classificadas de dois modos:
dói, coronéis...)
Classificação quanto ao número de sílabas:
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais As palavras podem ser:
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...) – Monossílabas: as que têm uma só sílaba (pé, pá, mão, boi,
luz, é...)
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei- – Dissílabas: as que têm duas sílabas (café, leite, noites, caí,
nar e fixar as regras. bota, água...)
– Trissílabas: as que têm três sílabas (caneta, cabeça, saúde,
circuito, boneca...)
– Polissílabas: as que têm quatro ou mais sílabas (casamento,
jesuíta, irresponsabilidade, paralelepípedo...)
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LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação quanto à tonicidade Classificação dos substantivos
As palavras podem ser:
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
-já, ra-paz, u-ru-bu...) apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
– Paroxítonas:quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, sa- sua estrutura. macaco/João/sabão
-bo-ne-te, ré-gua...)
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima SUBSTANTIVOS Macacos-prego/
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) COMPOSTOS: são formados porta-voz/
por mais de um radical em sua pé-de-moleque
Lembre-se que: estrutura.
Tônica: a sílaba mais forte da palavra, que tem autonomia fo- SUBSTANTIVOS Casa/
nética. PRIMITIVOS: são os que dão mundo/
Átona: a sílaba mais fraca da palavra, que não tem autonomia origem a outras palavras, ou população
fonética. seja, ela é a primeira. /formiga
Na palavra telefone: te-, le-, ne- são sílabas átonas, pois são
mais fracas, enquanto que fo- é a sílaba tônica, já que é a pronun- SUBSTANTIVOS Caseiro/mundano/
ciada com mais força. DERIVADOS: são formados populacional/formigueiro
por outros radicais da língua.
Agora que já sabemos essas classificações básicas, precisamos SUBSTANTIVOS Rodrigo
entender melhor como se dá a divisão silábica das palavras. PRÓPRIOS: designa /Brasil
determinado ser entre outros /Belo Horizonte/Estátua
Divisão silábica da mesma espécie. São da Liberdade
A divisão silábica é feita pela silabação das palavras, ou seja, sempre iniciados por letra
pela pronúncia. Sempre que for escrever, use o hífen para separar maiúscula.
uma sílaba da outra. Algumas regras devem ser seguidas neste pro-
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
cesso:
referem-se qualquer ser de cachorro/prima
Não se separa:
uma mesma espécie.
• Ditongo: encontro de uma vogal e uma semivogal na mesma
sílaba (cau-le, gai-o-la, ba-lei-a...) SUBSTANTIVOS Leão/corrente
• Tritongo: encontro de uma semivogal, uma vogal e uma semi- CONCRETOS: nomeiam seres /estrelas/fadas
vogal na mesma sílaba (Pa-ra-guai, quais-quer, a-ve-ri-guou...) com existência própria. Esses /lobisomem
• Dígrafo: quando duas letras emitem um único som na pala- seres podem ser animadoso /saci-pererê
vra. Não separamos os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu (fa-cha-da, co- ou inanimados, reais ou
-lhei-ta, fro-nha, pe-guei...) imaginários.
• Encontros consonantais inseparáveis: re-cla-mar, psi-có-lo- SUBSTANTIVOS Mistério/
-go, pa-trão...) ABSTRATOS: nomeiam bondade/
ações, estados, qualidades confiança/
Deve-se separar: e sentimentos que não tem lembrança/
• Hiatos: vogais que se encontram, mas estão é sílabas vizinhas existência própria, ou seja, só amor/
(sa-ú-de, Sa-a-ra, ví-a-mos...) existem em função de um ser. alegria
• Os dígrafos rr, ss, sc, e xc (car-ro, pás-sa-ro, pis-ci-na, ex-ce-
-ção...) SUBSTANTIVOS Elenco (de atores)/
• Encontros consonantais separáveis: in-fec-ção, mag-nó-lia, COLETIVOS: referem-se a um acervo (de obras
rit-mo...) conjunto de seres da mesma artísticas)/buquê (de flores)
espécie, mesmo quando
empregado no singular e
FAMÍLIA DE PALAVRAS. FLEXÃO, CLASSIFICAÇÃO E constituem um substantivo
EMPREGO DOS SUBSTANTIVOS, ARTIGOS, ADJETIVOS comum.
E PRONOMES. EMPREGO DE VERBOS REGULARES E
IRREGULARES E TEMPOS VERBAIS. EMPREGO E CLAS- NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS
SIFICAÇÃO DOS NUMERAIS. EMPREGO DE PREPOSI- PALAVRAS QUE NÃO ESTÃO AQUI!
ÇÕES, COMBINAÇÕES E CONTRAÇÕES. EMPREGO E
CLASSIFICAÇÃO DOS ADVÉRBIOS Flexão dos Substantivos
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi-
no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou
CLASSES DE PALAVRAS uniformes
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
Substantivo uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi- presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen- – Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única
timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá-
veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira
macho/palmeira fêmea.
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LÍNGUA PORTUGUESA
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a tes-
temunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente, o/a
estudante, o/a colega.
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
Adjetivo
É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substantivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão compos-
ta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo: golpe
de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vespertino).
Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o feminino: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria japo-
nesa, aluno chorão/ aluna chorona.
• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namoradores,
japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.
• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos.
Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.
Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.
• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.
• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.
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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).
• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.
• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.
Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.
• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).
• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes
A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância.
As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando,
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima,
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc.
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.
Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:
Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado).
• Conjunções Coordenativas
• Conjunções Subordinativas
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LÍNGUA PORTUGUESA
Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor,
Comparativas
etc.
Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que,
Consecutivas
etc.
Integrantes Que, se.
Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das
pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!
Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a fun-
ção de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.
Concordância Nominal
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se
referem.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amistosa.
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quando
advérbios:
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou meia dúzia de ovos.
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.
Concordância Verbal
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enormes.
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LÍNGUA PORTUGUESA
REGRAS GERAIS DE REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL SINAIS DE PONTUAÇÃO: EMPREGO DO PONTO FINAL,
PONTO DE EXCLAMAÇÃO E PONTO DE INTERROGA-
• Regência Nominal ÇÃO. USOS DA VÍRGULA E DO PONTO-E-VÍRGULA. EM-
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan- PREGO DOS DOIS PONTOS. USO DO TRAVESSÃO
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar-
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple- Pontuação
mento é estabelecida por uma preposição. Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a
• Regência Verbal organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as
verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BE-
Isto pertence a todos. CHARA, 2009, p. 514)
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a
Regência de algumas palavras importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns
sinais gráficos assim distribuídos:os separadores (vírgula [ , ], ponto
Esta palavra combina com Esta preposição e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reticências [
... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos [ : ], aspas
Acessível a simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], travessão
Apto a, para duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses retos [ [ ] ],
chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).
Atencioso com, para com
Coerente com Ponto ( . )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau-
Conforme a, com
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo
Dúvida acerca de, de, em, sobre de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as
Empenho de, em, por reticências.
Estaremos presentes na festa.
Fácil a, de, para,
Junto a, de Ponto de interrogação ( ? )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati-
Pendente de va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
Preferível a Você vai à festa?
Próximo a, de
Ponto de exclamação ( ! )
Respeito a, com, de, para com, por Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama-
Situado a, em, entre tiva.
Ex: Que bela festa!
Ajudar (a fazer algo) a
Aludir (referir-se) a Reticências ( ... )
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou
Aspirar (desejar, pretender) a porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com
Assistir (dar assistência) Não usa preposição breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor
Deparar (encontrar) com nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Ex: Essa festa... não sei não, viu.
Implicar (consequência) Não usa preposição
Lembrar Não usa preposição Dois-pontos ( : )
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída.
Pagar (pagar a alguém) a Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação
Precisar (necessitar) de (discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva.
Proceder (realizar) a
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa.
Responder a
Visar ( ter como objetivo a Ponto e vírgula ( ; )
pretender) Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas,
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume-
QUE NÃO ESTÃO AQUI! ração (frequente em leis), etc.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam-
bém uma linda decoração e bebidas caras.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Travessão ( — ) Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces-
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com sário:
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta- • Separa termos de mesma função sintática, numa enumera-
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir ção.
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter- Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a
calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de serem observadas na redação oficial.
um diálogo, com ou sem aspas. • Separa aposto.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
• Separa vocativo.
Parênteses e colchetes ( ) – [ ] Brasileiros, é chegada a hora de votar.
Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico • Separa termos repetidos.
mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in- Aquele aluno era esforçado, esforçado.
timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên-
tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados • Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli-
aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza- ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo,
dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi- ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com
rem uma nova inserção. efeito, digo.
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go- O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara,
vernador) ou seja, de fácil compreensão.
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LÍNGUA PORTUGUESA
• Período Composto: formado por mais de uma oração.
O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.
Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da prepo-
sição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de preposi-
ção.
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica um
verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.
Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).
Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não •
passa no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúrguer, ora
quer comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.
Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá in-
de mau humor. veja.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de orações subordinadas
As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.
Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento
nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Substantivas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto
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LÍNGUA PORTUGUESA
Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele,
conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassifica- EXERCÍCIOS
ções das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.
1. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é
a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO
se fundamenta em intertextualidade é:
ELEMENTOS DE COESÃO NO TEXTO (A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morri-
do há muito tempo.”
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de (B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se
um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são mete onde não é chamada.”
organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compre- (C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a
ensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de mobili- gente mesmo!”
zar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coerente, além (D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo,
de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada. tudo bem.”
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”
Coerência
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. Leia o texto abaixo para responder a questão.
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se- A lama que ainda suja o Brasil
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
outra”). A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen- ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
elementos formativos de um texto. peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
elementos textuais. ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo- funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística, coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
imediato a coerência de um discurso. se tornou uma bomba relógio na região.”
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos
A coerência: de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun-
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto; do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei- barragens de mineração em todo o País apresentam condições de
tual; insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór-
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
o aspecto global do texto; Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar-
Coesão co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori-
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto, dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos
numa linha de sequência e com os quais se estabelece um víncu- judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
lo ou conexão sequencial.Se o vínculo coesivo se faz via gramática, Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário, o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
tem-se a coesão lexical. FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala- QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo- 2. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
nentes do texto. I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical, fato.
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge- II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir gênero textual editorial.
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais. que se trata de uma reportagem.
A coesão: IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; se trata de um editorial.
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
componentes do texto;
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Analise as assertivas e responda: 6. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003)
(A) Somente a I é correta. Indique o item em que todas as palavras estão corretamente em-
(B) Somente a II é incorreta. pregadas e grafadas.
(C) Somente a III é correta (A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po-
(D) A III e IV são corretas. der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de
qualquer excesso e violência.
3. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que ain- (B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata-
da suja o Brasil”: mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo
no desenvolvimento do assunto. isso, num modo de intervenção específico.
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro- (C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o
blemas no uso de conjunções e preposições. poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento
III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol-
de palavras e da ordem sintática. ta que ambos possam suscitar.
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão (D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po-
temática e bom uso dos recursos coesivos. der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o
Analise as assertivas e responda: corpo dos supliciados.
(A) Somente a I é correta. (E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um
(B) Somente a II é incorreta. campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con-
(C) Somente a III é correta. trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua
(D) Somente a IV é correta. organização em delinqüência.
4. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo 7. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alterna-
metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente tiva em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão.
de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre- (A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”.
sente no texto: (B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”.
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação (C) “sérios”, “potência”, “após”.
equânime em ambientes coletivos de trabalho; (D) “Goiás”, “já”, “vários”.
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação (E) “solidária”, “área”, “após”.
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho, 8. (NCE/UFRJ – TRE/RJ – Auxiliar Judiciário – 2001) O item abai-
cada sujeito possui atribuições próprias. xo que apresenta erradamente uma separação de sílabas é:
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente cole- (A) trans-o-ce-â-ni-co;
tivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do (B) cor-rup-te-la;
sujeito. (C) sub-li-nhar;
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, (D) pneu-má-ti-co;
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais.
9. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na
5. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS – oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba-
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli-
o seguinte par de palavras: nhados classificam-se, respectivamente, em
(A) estrondo – ruído; (A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
(B) pescador – trabalhador; (B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
(C) pista – aeroporto; (C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
(D) piloto – comissário; (D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
(E) aeronave – jatinho. (E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.
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LÍNGUA PORTUGUESA
11. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda-
des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a GABARITO
nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase
acima, na ordem dada, as expressões:
(A) a que – de que; 1 E
(B) de que – com que; 2 C
(C) a cujas – de cujos;
(D) à que – em que; 3 D
(E) em que – aos quais. 4 D
5 E
12. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM
DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de 6 B
pontuação em: 7 A
(A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi-
dados e retirou-se da sala: era o final da reunião. 8 A
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra- 9 B
teiramente pela porta?
(C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se 10 E
tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo. 11 A
(D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui-
12 E
to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os
irmãos e o mundo mágico dos brinquedos. 13 C
(E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre- 14 E
penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia. 15 A
______________________________________________________
30
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
1. Política Nacional de Atenção Básica aprovada pelo Ministério da Saúde do Brasil. Diretrizes e Normas para a Atenção Básica para a
Estratégia Saúde da Família e o Programa Agentes Comunitários de Saúde. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria MS número 2.436
de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da
Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Estatuto do Idoso. BRASIL. Lei n° 10.741, de 1° de outubro de 2003. Dispõe sobre o estatuto do idoso e dá outras providências. . . . . 22
3. Pacto pela Saúde 2006 e consolidação do SUS. BRASIL. Portaria n° 399/GM/MS, de 22 de fevereiro de 2006. Divulga o pacto pela saúde
2006 - consolidação do SUS e aprova as diretrizes operacionais do referido pacto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4. Estatuto da Criança e do Adolescente. BRASIL. Lei no 8069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília,
1991. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5. Constituição Federal: Artigos 196, 197, 198, 199 e 200. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
6. Organização do Sistema Único de Saúde - SUS, planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa. BRASIL.
DECRETO Nº 7.508, DE 28 de Junho de 2011. Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização
do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras provi-
dências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
7. Lei Orgânica da Saúde e condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes. Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 e suas alterações posteriores. Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. . . 108
8. Participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e as transferências intergovernamentais de recursos finan-
ceiros na área da saúde. Lei nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema
Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providên-
cias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 1º Esta Portaria aprova a Política Nacional de Atenção Bási-
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA APROVADA ca - PNAB, com vistas à revisão da regulamentação de implantação
PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL. DIRETRIZES E e operacionalização vigentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde
NORMAS PARA A ATENÇÃO BÁSICA PARA A ESTRATÉ- - SUS, estabelecendo-se as diretrizes para a organização do compo-
GIA SAÚDE DA FAMÍLIA E O PROGRAMA AGENTES CO- nente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde - RAS.
MUNITÁRIOS DE SAÚDE. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚ- Parágrafo único. A Política Nacional de Atenção Básica consi-
DE. PORTARIA MS NÚMERO 2.436 DE 21 DE SETEMBRO dera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária à Saúde -
DE 2017. APROVA A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO APS, nas atuais concepções, como termos equivalentes, de forma
BÁSICA, ESTABELECENDO A REVISÃO DE DIRETRIZES a associar a ambas os princípios e as diretrizes definidas neste do-
PARA A ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA, NO ÂM- cumento.
BITO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) Art. 2º A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde indi-
viduais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção,
PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017 proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos,
cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com
a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no equipe multiprofissional e dirigida à população em território defini-
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). do, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária.
§1º A Atenção Básica será a principal porta de entrada e centro
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora
lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Cons- das ações e serviços disponibilizados na rede.
tituição, e § 2º A Atenção Básica será ofertada integralmente e gratui-
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990, que dis- tamente a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e
põe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação demandas do território, considerando os determinantes e condicio-
da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspon- nantes de saúde.
dentes, e dá outras providências, considerando: § 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero,
Considerando a experiência acumulada do Controle Social da raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação sexual, identida-
Saúde à necessidade de aprimoramento do Controle Social da Saú- de de gênero, estado de saúde, condição socioeconômica, escolari-
de no âmbito nacional e as reiteradas demandas dos Conselhos Es- dade, limitação física, intelectual, funcional e outras.
taduais e Municipais referentes às propostas de composição, orga- § 4º Para o cumprimento do previsto no § 3º, serão adotadas
nização e funcionamento, conforme o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.142, estratégias que permitam minimizar desigualdades/iniquidades, de
de 28 de dezembro de 1990; modo a evitar exclusão social de grupos que possam vir a sofrer
Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de 2006, estigmatização ou discriminação, de maneira que impacte na auto-
que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple- nomia e na situação de saúde.
mentares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde; Art. 3º São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a serem ope-
Considerando a Portaria nº 2.715/GM/MS, de 17 de novembro racionalizados na Atenção Básica:
de 2011, que atualiza a Política Nacional de Alimentação e Nutrição; I - Princípios:
Considerando a Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de janeiro a) Universalidade;
de 2014, que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde b) Equidade; e
das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no c) Integralidade.
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); II - Diretrizes:
Considerando as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal; a) Regionalização e Hierarquização:
Considerando a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, que b) Territorialização;
Institui o Programa Mais Médicos, alterando a Lei no 8.745, de 9 de c) População Adscrita;
dezembro de 1993, e a Lei no 6.932, de 7 de julho de 1981; d) Cuidado centrado na pessoa;
Considerando o Decreto nº 7.508, de 21 de junho de 2011, que e) Resolutividade;
regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor f) Longitudinalidade do cuidado;
sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planeja- g) Coordenação do cuidado;
mento da saúde, a assistência à saúde, e a articulação interfede- h) Ordenação da rede; e
rativa; i) Participação da comunidade.
Considerando a Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro de Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritá-
2007, que regulamenta o financiamento e a transferência de recur- ria para expansão e consolidação da Atenção Básica.
sos federais para as ações e serviços de saúde, na forma de blocos Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias de
de financiamento, com respectivo monitoramento e controle; Atenção Básica, desde que observados os princípios e diretrizes
Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de 2006, que previstos nesta portaria e tenham caráter transitório, devendo ser
aprova a Política de Promoção da Saúde; estimulada sua conversão em Estratégia Saúde da Família.
Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, Art. 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e Atenção Bá-
que estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à sica é condição essencial para o alcance de resultados que atendam
Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); às necessidades de saúde da população, na ótica da integralidade
Considerando a Resolução CIT Nº 21, de 27 de julho de 2017 da atenção à saúde e visa estabelecer processos de trabalho que
Consulta Pública sobre a proposta de revisão da Política Nacional de considerem os determinantes, os riscos e danos à saúde, na pers-
Atenção Básica (PNAB). agosto de 2017; e pectiva da intra e intersetorialidade.
Considerando a pactuação na Reunião da Comissão Intergesto-
res Tripartite do dia 31 de agosto de 2017, resolve:
1
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 6º Todos os estabelecimentos de saúde que prestem ações XVI - garantir espaços físicos e ambientes adequados para a for-
e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de acordo com mação de estudantes e trabalhadores de saúde, para a formação
esta portaria serão denominados Unidade Básica de Saúde - UBS. em serviço e para a educação permanente e continuada nas Unida-
Parágrafo único. Todas as UBS são consideradas potenciais espaços des Básicas de Saúde;
de educação, formação de recursos humanos, pesquisa, ensino em XVII - desenvolver as ações de assistência farmacêutica e do
serviço, inovação e avaliação tecnológica para a RAS. uso racional de medicamentos, garantindo a disponibilidade e aces-
so a medicamentos e insumos em conformidade com a RENAME,
CAPÍTULO I os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, e com a relação es-
DAS RESPONSABILIDADES pecífica complementar estadual, municipal, da união, ou do distrito
federal de medicamentos nos pontos de atenção, visando a integra-
Art. 7º São responsabilidades comuns a todas as esferas de go- lidade do cuidado;
verno: XVIII - adotar estratégias para garantir um amplo escopo de
I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e de ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica, compatíveis
gestão com base nos princípios e nas diretrizes contidas nesta por- com as necessidades de saúde de cada localidade;
taria; XIX - estabelecer mecanismos regulares de auto avaliação para
II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da Família as equipes que atuam na Atenção Básica, a fim de fomentar as prá-
- ESF como estratégia prioritária de expansão, consolidação e quali- ticas de monitoramento, avaliação e planejamento em saúde; e
ficação da Atenção Básica; XX -articulação com o subsistema Indígena nas ações de Educa-
III - garantir a infraestrutura adequada e com boas condições ção Permanente e gestão da rede assistencial.
para o funcionamento das UBS, garantindo espaço, mobiliário e Art. 8º Compete ao Ministério da Saúde a gestão das ações de
equipamentos, além de acessibilidade de pessoas com deficiência, Atenção Básica no âmbito da União, sendo responsabilidades da
de acordo com as normas vigentes; União:
IV - contribuir com o financiamento tripartite para fortaleci- I -definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na Co-
mento da Atenção Básica; missão Intergestores Tripartite (CIT), as diretrizes da Política Nacio-
V - assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e orde- nal de Atenção Básica;
nado às ações e serviços de saúde do SUS, além de outras atribui- II - garantir fontes de recursos federais para compor o financia-
ções que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores; mento da Atenção Básica;
VI - estabelecer, nos respectivos Planos Municipais, Estaduais e III - destinar recurso federal para compor o financiamento tri-
Nacional de Saúde, prioridades, estratégias e metas para a organi- partite da Atenção Básica, de modo mensal, regular e automático,
zação da Atenção Básica; prevendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para cus-
VII -desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organiza- teio e investimento das ações e serviços;
cionais de qualificação da força de trabalho para gestão e atenção IV - prestar apoio integrado aos gestores dos Estados, do Distri-
à saúde, estimular e viabilizar a formação, educação permanente e to Federal e dos municípios no processo de qualificação e de conso-
continuada dos profissionais, garantir direitos trabalhistas e previ- lidação da Atenção Básica;
denciários, qualificar os vínculos de trabalho e implantar carreiras V - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação junto
que associem desenvolvimento do trabalhador com qualificação às gestões estaduais e municipais do SUS, com vistas à instituciona-
dos serviços ofertados às pessoas; lização da avaliação e qualificação da Atenção Básica;
VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de profissio- VI - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e dis-
nais de saúde para a Atenção Básica com vistas a promover ofertas ponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que facilitem o
de cuidado e o vínculo; processo de gestão, formação e educação permanente dos gestores
IX - desenvolver, disponibilizar e implantar os Sistemas de In- e profissionais da Atenção Básica;
formação da Atenção Básica vigentes, garantindo mecanismos que
VII - articular com o Ministério da Educação estratégias de
assegurem o uso qualificado dessas ferramentas nas UBS, de acor-
indução às mudanças curriculares nos cursos de graduação e pós-
do com suas responsabilidades;
graduação na área da saúde, visando à formação de profissionais e
X - garantir, de forma tripartite, dispositivos para transporte em
gestores com perfil adequado à Atenção Básica; e
saúde, compreendendo as equipes, pessoas para realização de pro-
VIII -apoiar a articulação de instituições, em parceria com as
cedimentos eletivos, exames, dentre outros, buscando assegurar a
Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e do Distrito Federal,
resolutividade e a integralidade do cuidado na RAS, conforme ne-
para formação e garantia de educação permanente e continuada
cessidade do território e planejamento de saúde;
para os profissionais de saúde da Atenção Básica, de acordo com as
XI - planejar, apoiar, monitorar e avaliar as ações da Atenção
Básica nos territórios; necessidades locais.
XII - estabelecer mecanismos de autoavaliação, controle, regu- Art. 9º Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao Distrito
lação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados Federal a coordenação do componente estadual e distrital da Aten-
pelas ações da Atenção Básica, como parte do processo de planeja- ção Básica, no âmbito de seus limites territoriais e de acordo com
mento e programação; as políticas, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsa-
XIII - divulgar as informações e os resultados alcançados pelas bilidades dos Estados e do Distrito Federal:
equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a utilização dos I - pactuar, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e Colegia-
dados para o planejamento das ações; do de Gestão no Distrito Federal, estratégias, diretrizes e normas
XIV - promover o intercâmbio de experiências entre gestores para a implantação e implementação da Política Nacional de Aten-
e entre trabalhadores, por meio de cooperação horizontal, e esti- ção Básica vigente nos Estados e Distrito Federal;
mular o desenvolvimento de estudos e pesquisas que busquem o II - destinar recursos estaduais para compor o financiamento
aperfeiçoamento e a disseminação de tecnologias e conhecimentos tripartite da Atenção Básica, de modo regular e automático, pre-
voltados à Atenção Básica; vendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para custeio e
XV - estimular a participação popular e o controle social; investimento das ações e serviços;
2
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
III - ser corresponsável pelo monitoramento das ações de Aten- XI -prestar apoio institucional às equipes e serviços no processo
ção Básica nos municípios; de implantação, acompanhamento, e qualificação da Atenção Bási-
IV - analisar os dados de interesse estadual gerados pelos sis- ca e de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família;
temas de informação, utilizá-los no planejamento e divulgar os re- XII - definir estratégias de institucionalização da avaliação da
sultados obtidos; Atenção Básica;
V -verificar a qualidade e a consistência de arquivos dos sis- XIII -desenvolver ações, articular instituições e promover aces-
temas de informação enviados pelos municípios, de acordo com so aos trabalhadores, para formação e garantia de educação perma-
prazos e fluxos estabelecidos para cada sistema, retornando infor- nente e continuada aos profissionais de saúde de todas as equipes
mações aos gestores municipais; que atuam na Atenção Básica implantadas;
VI - divulgar periodicamente os relatórios de indicadores da XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais que
Atenção Básica, com intuito de assegurar o direito fundamental de compõem as equipes multiprofissionais de Atenção Básica, em con-
acesso à informação; formidade com a legislação vigente;
VII - prestar apoio institucional aos municípios no processo de XV -garantir recursos materiais, equipamentos e insumos sufi-
implantação, acompanhamento e qualificação da Atenção Básica e cientes para o funcionamento das UBS e equipes, para a execução
de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família; do conjunto de ações propostas;
VIII - definir estratégias de articulação com as gestões munici- XVI - garantir acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial neces-
pais, com vistas à institucionalização do monitoramento e avaliação sário ao cuidado resolutivo da população;
da Atenção Básica; XVII -alimentar, analisar e verificar a qualidade e a consistência
IX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e peda- dos dados inseridos nos sistemas nacionais de informação a serem
gógicos que facilitem o processo de formação e educação perma- enviados às outras esferas de gestão, utilizá-los no planejamento
nente dos membros das equipes de gestão e de atenção; das ações e divulgar os resultados obtidos, a fim de assegurar o di-
X - articular instituições de ensino e serviço, em parceria com reito fundamental de acesso à informação;
as Secretarias Municipais de Saúde, para formação e garantia de XVIII - organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia das re-
educação permanente aos profissionais de saúde das equipes que ferências a serviços e ações de saúde fora do âmbito da Atenção
atuam na Atenção Básica; e Básica e de acordo com as necessidades de saúde das mesmas; e
XI -fortalecer a Estratégia Saúde da Família na rede de serviços IX - assegurar o cumprimento da carga horária integral de todos
como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica. os profissionais que compõem as equipes que atuam na Atenção
Art. 10 Compete às Secretarias Municipais de Saúde a coorde- Básica, de acordo com as jornadas de trabalho especificadas no Sis-
nação do componente municipal da Atenção Básica, no âmbito de tema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente e
seus limites territoriais, de acordo com a política, diretrizes e priori- a modalidade de atenção.
dades estabelecidas, sendo responsabilidades dos Municípios e do Art. 11 A operacionalização da Política Nacional de Atenção Bá-
Distrito Federal: sica está detalhada no Anexo a esta Portaria.
Art. 12 Fica revogada a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 de ou-
I -organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de Aten-
tubro de 2011.
ção Básica, de forma universal, dentro do seu território, incluindo as
Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
unidades próprias e as cedidas pelo estado e pela União;
RICARDO BARROS
II - programar as ações da Atenção Básica a partir de sua base
territorial de acordo com as necessidades de saúde identificadas
ANEXO
em sua população, utilizando instrumento de programação nacio-
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO
nal vigente;
BÁSICA OPERACIONALIZAÇÃO
III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas de
CAPÍTULO I
cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na Rede de DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
Atenção à Saúde entre os diversos pontos de atenção de diferentes
configurações tecnológicas, integrados por serviços de apoio logís- A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da
tico, técnico e de gestão, para garantir a integralidade do cuidado. experiência acumulada por um conjunto de atores envolvidos his-
IV -estabelecer e adotar mecanismos de encaminhamento res- toricamente com o desenvolvimento e a consolidação do Sistema
ponsável pelas equipes que atuam na Atenção Básica de acordo Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, população, tra-
com as necessidades de saúde das pessoas, mantendo a vinculação balhadores e gestores das três esferas de governo. Esta Portaria,
e coordenação do cuidado; conforme normatização vigente no SUS, que define a organização
V - manter atualizado mensalmente o cadastro de equipes, pro- em Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um cuida-
fissionais, carga horária, serviços disponibilizados, equipamentos e do integral e direcionado às necessidades de saúde da população,
outros no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de destaca a Atenção Básica como primeiro ponto de atenção e porta
Saúde vigente, conforme regulamentação específica; de entrada preferencial do sistema, que deve ordenar os fluxos e
VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção Básica contra fluxos de pessoas , produtos e informações em todos os pon-
atue como a porta de entrada preferencial e ordenadora da RAS; tos de atenção à saúde.
VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir espaços
para a participação da comunidade no exercício do controle social;
VIII - destinar recursos municipais para compor o financiamen-
to tripartite da Atenção Básica;
IX - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e Secreta-
ria Estadual de Saúde pelo monitoramento da utilização dos recur-
sos da Atenção Básica transferidos aos município;
X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede de servi-
ços como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica;
3
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da Famí- - Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela equi-
lia sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da Aten- pe de saúde que atendam às necessidades da população adscrita
ção Básica. Contudo reconhece outras estratégias de organização nos campos do cuidado, da promoção e manutenção da saúde, da
da Atenção Básica nos territórios, que devem seguir os princípios prevenção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação, redução
e diretrizes da Atenção Básica e do SUS, configurando um processo de danos e dos cuidados paliativos. Inclui a responsabilização pela
progressivo e singular que considera e inclui as especificidades loco oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reco-
regionais, ressaltando a dinamicidade do território e a existência de nhecimento adequado das necessidades biológicas, psicológicas,
populações específicas, itinerantes e dispersas, que também são de ambientais e sociais causadoras das doenças, e manejo das diversas
responsabilidade da equipe enquanto estiverem no território, em tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins, além da
consonância com a política de promoção da equidade em saúde. ampliação da autonomia das pessoas e coletividade.
A Atenção Básica considera a pessoa em sua singularidade e 1.2 - Diretrizes
inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral, incor- - Regionalização e Hierarquização: dos pontos de atenção da
porar as ações de vigilância em saúde - a qual constitui um processo RAS, tendo a Atenção Básica como ponto de comunicação entre
contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e dissemina- esses. Considera-se regiões de saúde como um recorte espacial es-
ção de dados sobre eventos relacionados à saúde - além disso, visa tratégico para fins de planejamento, organização e gestão de redes
o planejamento e a implementação de ações públicas para a pro- de ações e serviços de saúde em determinada localidade, e a hierar-
teção da saúde da população, a prevenção e o controle de riscos, quização como forma de organização de pontos de atenção da RAS
agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde. entre si, com fluxos e referências estabelecidos.
Destaca-se ainda o desafio de superar compreensões simplistas, - Territorialização e Adstrição: de forma a permitir o planeja-
nas quais, entre outras, há dicotomia e oposição entre a assistência mento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de
e a promoção da saúde. Para tal, deve-se partir da compreensão de ações setoriais e intersetoriais com foco em um território específi-
que a saúde possui múltiplos determinantes e condicionantes e que co, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes
a melhora das condições de saúde das pessoas e coletividades pas- da saúde das pessoas e coletividades que constituem aquele es-
sa por diversos fatores, os quais grande parte podem ser abordados paço e estão, portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria,
na Atenção Básica. considerasse Território a unidade geográfica única, de construção
descentralizada do SUS na execução das ações estratégicas destina-
1 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA das à vigilância, promoção, prevenção, proteção e recuperação da
saúde. Os Territórios são destinados para dinamizar a ação em saú-
Os princípios e diretrizes, a caracterização e a relação de servi- de pública, o estudo social, econômico, epidemiológico, assisten-
ços ofertados na Atenção Básica serão orientadores para a sua orga- cial, cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada
nização nos municípios, conforme descritos a seguir: unidade geográfica e subsidiando a atuação na Atenção Básica, de
1.1 - Princípios forma que atendam a necessidade da população adscrita e ou as
- Universalidade: possibilitar o acesso universal e contínuo a populações específicas.
serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como III - População Adscrita: população que está presente no terri-
tório da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de relações
a porta de entrada aberta e preferencial da RAS (primeiro contato),
de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população, ga-
acolhendo as pessoas e promovendo a vinculação e corresponsabi-
rantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade
lização pela atenção às suas necessidades de saúde. O estabeleci-
do cuidado e com o objetivo de ser referência para o seu cuidado.
mento de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento
- Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o desenvolvimento
pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do serviço de ações de cuidado de forma singularizada, que auxilie as pesso-
de saúde que parte do princípio de que as equipes que atuam na as a desenvolverem os conhecimentos, aptidões, competências e a
Atenção Básica nas UBS devem receber e ouvir todas as pessoas confiança necessária para gerir e tomar decisões embasadas sobre
que procuram seus serviços, de modo universal, de fácil acesso e sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais efetiva. O
sem diferenciações excludentes, e a partir daí construir respostas cuidado é construído com as pessoas, de acordo com suas neces-
para suas demandas e necessidades. sidades e potencialidades na busca de uma vida independente e
- Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as diferenças plena. A família, a comunidade e outras formas de coletividade são
nas condições de vida e saúde e de acordo com as necessidades elementos relevantes, muitas vezes condicionantes ou determinan-
das pessoas, considerando que o direito à saúde passa pelas dife- tes na vida das pessoas e, por consequência, no cuidado.
renciações sociais e deve atender à diversidade. Ficando proibida - Resolutividade: reforça a importância da Atenção Básica ser
qualquer exclusão baseada em idade, gênero, cor, crença, naciona- resolutiva, utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuida-
lidade, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, estado de do individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada capaz de
saúde, condição socioeconômica, escolaridade ou limitação física, construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente
intelectual, funcional, entre outras, com estratégias que permitam efetivas, centrada na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus
minimizar desigualdades, evitar exclusão social de grupos que pos- de autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz de
sam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de maneira que resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população,
impacte na autonomia e na situação de saúde. coordenando o cuidado do usuário em outros pontos da RAS, quan-
do necessário.
4
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
VI - Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a continuidade incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras (diagnósticas
da relação de cuidado, com construção de vínculo e responsabili- e terapêuticas), além da articulação da Atenção Básica com outros
zação entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo pontos da RAS.
permanente e consistente, acompanhando os efeitos das interven- Os estados, municípios e o distrito federal, devem articular
ções em saúde e de outros elementos na vida das pessoas , evi- ações intersetoriais, assim como a organização da RAS, com ênfase
tando a perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia nas necessidades locorregionais, promovendo a integração das re-
que são decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da ferências de seu território.
falta de coordenação do cuidado. Recomenda-se a articulação e implementação de processos
que aumentem a capacidade clínica das equipes, que fortaleçam
VII - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e organizar práticas de microrregulação nas Unidades Básicas de Saúde, tais
o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS. Atuando como gestão de filas próprias da UBS e dos exames e consultas des-
como o centro de comunicação entre os diversos pontos de aten- centralizados/programados para cada UBS, que propiciem a comu-
ção, responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários em qualquer nicação entre UBS, centrais de regulação e serviços especializados,
destes pontos através de uma relação horizontal, contínua e inte- com pactuação de fluxos e protocolos, apoio matricial presencial e/
grada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da aten- ou a distância, entre outros.
ção integral. Articulando também as outras estruturas das redes de Um dos destaques que merecem ser feitos é a consideração e
saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais. a incorporação, no processo de referenciamento, das ferramentas
VIII - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde de telessaúde articulado às decisões clínicas e aos processos de re-
da população sob sua responsabilidade, organizando as necessi- gulação do acesso. A utilização de protocolos de encaminhamento
dades desta população em relação aos outros pontos de atenção servem como ferramenta, ao mesmo tempo, de gestão e de cuida-
à saúde, contribuindo para que o planejamento das ações, assim do, pois tanto orientam as decisões dos profissionais solicitantes
como, a programação dos serviços de saúde, parta das necessida- quanto se constituem como referência que modula a avaliação das
solicitações pelos médicos reguladores.
des de saúde das pessoas.
Com isso, espera-se que ocorra uma ampliação do cuidado clí-
IX - Participação da comunidade: estimular a participação das
nico e da resolutividade na Atenção Básica, evitando a exposição
pessoas, a orientação comunitária das ações de saúde na Atenção
das pessoas a consultas e/ou procedimentos desnecessários. Além
Básica e a competência cultural no cuidado, como forma de ampliar
disso, com a organização do acesso, induz-se ao uso racional dos
sua autonomia e capacidade na construção do cuidado à sua saúde recursos em saúde, impede deslocamentos desnecessários e traz
e das pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o maior eficiência e equidade à gestão das listas de espera.
enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, atra- A gestão municipal deve articular e criar condições para que a
vés de articulação e integração das ações intersetoriais na organi- referência aos serviços especializados ambulatoriais, sejam realiza-
zação e orientação dos serviços de saúde, a partir de lógicas mais dos preferencialmente pela Atenção Básica, sendo de sua respon-
centradas nas pessoas e no exercício do controle social. sabilidade:
a) Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de atenção
2 - A ATENÇÃO BÁSICA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE da RAS;
b) Gerir a referência e contrarreferência em outros pontos de
Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS, define atenção; e
a organização na RAS, como estratégia para um cuidado integral e c) Estabelecer relação com os especialistas que cuidam das
direcionado às necessidades de saúde da população. As RAS cons- pessoas do território.
tituem-se em arranjos organizativos formados por ações e serviços
de saúde com diferentes configurações tecnológicas e missões as- 3 - INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DA
sistenciais, articulados de forma complementar e com base terri- ATENÇÃO BÁSICA
torial, e têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a Atenção
Básica estruturada como primeiro ponto de atenção e principal Este item refere-se ao conjunto de procedimentos que objetiva
porta de entrada do sistema, constituída de equipe multidisciplinar adequar a estrutura física, tecnológica e de recursos humanos das
que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado e UBS às necessidades de saúde da população de cada território
atendendo as necessidades de saúde das pessoas do seu território. 3.1 Infraestrutura e ambiência
O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que regulamenta
a Lei nº 8.080/90, define que “o acesso universal, igualitário e orde- A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao quanti-
nado às ações e serviços de saúde se inicia pelas portas de entrada tativo de população adscrita e suas especificidades, bem como aos
do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada”. processos de trabalho das equipes e à atenção à saúde dos usuá-
rios. Os parâmetros de estrutura devem, portanto, levar em consi-
Para que a Atenção Básica possa ordenar a RAS, é preciso reco-
deração a densidade demográfica, a composição, atuação e os tipos
nhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabi-
de equipes, perfil da população, e as ações e serviços de saúde a
lidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção à
serem realizados. É importante que sejam previstos espaços físicos
saúde, contribuindo para que a programação dos serviços de saúde
e ambientes adequados para a formação de estudantes e trabalha-
parta das necessidades das pessoas, com isso fortalecendo o plane- dores de saúde de nível médio e superior, para a formação em ser-
jamento ascendente. viço e para a educação permanente na UBS.
A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada pre- As UBS devem ser construídas de acordo com as normas sanitá-
ferencial do SUS, possui um espaço privilegiado de gestão do cui- rias e tendo como referência as normativas de infraestrutura vigen-
dado das pessoas e cumpre papel estratégico na rede de atenção, tes, bem como possuir identificação segundo os padrões visuais da
servindo como base para o seu ordenamento e para a efetivação Atenção Básica e do SUS. Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema
da integralidade. Para tanto, é necessário que a Atenção Básica de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de
tenha alta resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e acordo com as normas em vigor para tal.
5
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento de 3.3 - Funcionamento
populações dispersas (rurais, ribeirinhas, assentamentos, áreas
pantaneiras, etc.), com reconhecimento no SCNES, bem como nos Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde tenham seu
instrumentos de monitoramento e avaliação. A estrutura física dos funcionamento com carga horária mínima de 40 horas/semanais,
pontos de apoio deve respeitar as normas gerais de segurança sa- no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos 12 meses do ano, possi-
nitária. bilitando acesso facilitado à população.
A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico (arquitetô- Horários alternativos de funcionamento podem ser pactuados
nico), entendido como lugar social, profissional e de relações inter- através das instâncias de participação social, desde que atendam
pessoais, que deve proporcionar uma atenção acolhedora e huma- expressamente a necessidade da população, observando, sempre
na para as pessoas, além de um ambiente saudável para o trabalho que possível, a carga horária mínima descrita acima.
dos profissionais de saúde. Como forma de garantir a coordenação do cuidado, ampliando
Para um ambiente adequado em uma UBS, existem componen- o acesso e resolutividade das equipes que atuam na Atenção Bási-
tes que atuam como modificadores e qualificadores do espaço, re- ca, recomenda-se :
comenda-se contemplar: recepção sem grades (para não intimidar i) - População adscrita por equipe de Atenção Básica (eAB) e de
ou dificultar a comunicação e também garantir privacidade à pes- Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500 pessoas, localizada dentro
soa), identificação dos serviços existentes, escala dos profissionais, do seu território, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção
horários de funcionamento e sinalização de fluxos, conforto térmi- Básica.
co e acústico, e espaços adaptados para as pessoas com deficiência Além dessa faixa populacional, podem existir outros arranjos
em conformidade com as normativas vigentes. de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e dinâmica comu-
Além da garantia de infraestrutura e ambiência apropriadas, nitária, facultando aos gestores locais, conjuntamente com as equi-
para a realização da prática profissional na Atenção Básica, é neces- pes que atuam na Atenção Básica e Conselho Municipal ou Local de
sário disponibilizar equipamentos adequados, recursos humanos Saúde, a possibilidade de definir outro parâmetro populacional de
capacitados, e materiais e insumos suficientes à atenção à saúde responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do que
prestada nos municípios e Distrito Federal. o parâmetro recomendado, de acordo com as especificidades do
território, assegurando-se a qualidade do cuidado.
3.2 Tipos de unidades e equipamentos de Saúde ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou Saúde da
Família), para que possam atingir seu potencial resolutivo.
São considerados unidades ou equipamentos de saúde no âm- iii) - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de equipes de
bito da Atenção Básica: Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família (eSF), com ou sem os
a) Unidade Básica de Saúde
profissionais de saúde bucal, pelas quais o Município e o Distrito
Recomenda-se os seguintes ambientes:
Federal poderão fazer jus ao recebimento de recursos financeiros
Consultório médico e de enfermagem, consultório com sani-
específicos, conforme a seguinte fórmula: População/2.000.
tário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para assistência
iv) - Em municípios ou territórios com menos de 2.000 habitan-
farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de procedimentos, sala
tes, que uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou de Atenção Básica
de coleta/exames, sala de curativos, sala de expurgo, sala de este-
(eAB) seja responsável por toda população;
rilização, sala de observação e sala de atividades coletivas para os
Reitera-se a possibilidade de definir outro parâmetro popula-
profissionais da Atenção Básica. Se forem compostas por profissio-
cional de responsabilidade da equipe de acordo com especificida-
nais de saúde bucal, será necessário consultório odontológico com
equipo odontológico completo; des territoriais, vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária res-
a. área de recepção, local para arquivos e registros, sala mul- peitando critérios de equidade, ou, ainda, pela decisão de possuir
tiprofissional de acolhimento à demanda espontânea , sala de ad- um número inferior de pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB)
ministração e gerência, banheiro público e para funcionários, entre e equipe de Saúde da Família (eSF) para avançar no acesso e na
outros ambientes conforme a necessidade. qualidade da Atenção Básica.
b) Unidade Básica de Saúde Fluvial Para que as equipes que atuam na Atenção Básica possam atin-
Recomenda-se os seguintes ambientes: gir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a coordenação do
a. consultório médico; consultório de enfermagem; área para cuidado, ampliando o acesso, é necessário adotar estratégias que
assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina; sala de proce- permitam a definição de um amplo escopo dos serviços a serem
dimentos; e, se forem compostas por profissionais de saúde bucal, ofertados na UBS, de forma que seja compatível com as necessi-
será necessário consultório odontológico com equipo odontológico dades e demandas de saúde da população adscrita, seja por meio
completo; da Estratégia Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de
b. área de recepção, banheiro público; banheiro exclusivo para Atenção Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o
os funcionários; expurgo; cabines com leitos em número suficiente cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios. Essa oferta
para toda a equipe; cozinha e outro ambientes conforme necessi- de ações e serviços na Atenção Básica devem considerar políticas e
dade. programas prioritários, as diversas realidades e necessidades dos
c) Unidade Odontológica Móvel territórios e das pessoas, em parceria com o controle social.
Recomenda-se veículo devidamente adaptado para a finalida- As ações e serviços da Atenção Básica, deverão seguir padrões
de de atenção à saúde bucal, equipado com: essenciais e ampliados:
Compressor para uso odontológico com sistema de filtragem; Padrões Essenciais - ações e procedimentos básicos relaciona-
aparelho de raios-x para radiografias periapicais e interproximais; dos a condições básicas/essenciais de acesso e qualidade na Aten-
aventais de chumbo; conjunto peças de mão contendo micro-motor ção Básica; e
com peça reta e contra ângulo, e alta rotação; gabinete odontológi- - Padrões Ampliados -ações e procedimentos considerados es-
co; cadeira odontológica, equipo odontológico e refletor odontoló- tratégicos para se avançar e alcançar padrões elevados de acesso e
gico; unidade auxiliar odontológica; mocho odontológico; autocla- qualidade na Atenção Básica, considerando especificidades locais,
ve; amalgamador; fotopolimerizador; e refrigerador. indicadores e parâmetros estabelecidos nas Regiões de Saúde.
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
A oferta deverá ser pública, desenvolvida em parceria com o Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e vulne-
controle social, pactuada nas instâncias interfederativas, com finan- rabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% da população
ciamento regulamentado em normativa específica. com número máximo de 750 pessoas por ACS.
Caberá a cada gestor municipal realizar análise de demanda do Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade de carga
território e ofertas das UBS para mensurar sua capacidade resoluti- horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os profissio-
va, adotando as medidas necessárias para ampliar o acesso, a quali- nais de saúde membros da ESF. Dessa forma, os profissionais da
dade e resolutividade das equipes e serviços da sua UBS. ESF poderão estar vinculados a apenas 1 (uma) equipe de Saúde da
A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá estar dis- Família, no SCNES vigente.
ponível aos usuários de forma clara, concisa e de fácil visualização, 2 - Equipe da Atenção Básica (eAB): esta modalidade deve aten-
conforme padronização pactuada nas instâncias gestoras. der aos princípios e diretrizes propostas para a AB. A gestão munici-
Todas as equipes que atuam na Atenção Básica deverão garan- pal poderá compor equipes de Atenção Básica (eAB) de acordo com
tir a oferta de todas as ações e procedimentos do Padrão Essencial características e necessidades do município. Como modelo priori-
e recomenda-se que também realizarem ações e serviços do Padrão tário é a ESF, as equipes de Atenção Básica (eAB) podem posterior-
Ampliado, considerando as necessidades e demandas de saúde das mente se organizar tal qual o modelo prioritário.
populações em cada localidade. Os serviços dos padrões essenciais, As equipes deverão ser compostas minimamente por médicos
bem como os equipamentos e materiais necessários, devem ser ga- preferencialmente da especialidade medicina de família e comu-
rantidos igualmente para todo o país, buscando uniformidade de nidade, enfermeiro preferencialmente especialista em saúde da
atuação da Atenção Básica no território nacional. Já o elenco de família, auxiliares de enfermagem e ou técnicos de enfermagem.
ações e procedimentos ampliados deve contemplar de forma mais Poderão agregar outros profissionais como dentistas, auxiliares de
flexível às necessidades e demandas de saúde das populações em saúde bucal e ou técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de
cada localidade, sendo definido a partir de suas especificidades lo- saúde e agentes de combate à endemias.
corregionais. A composição da carga horária mínima por categoria pro-fis-
As unidades devem organizar o serviço de modo a otimizar os sional deverá ser de 10 (dez) horas, com no máximo de 3 (três)
processos de trabalho, bem como o acesso aos demais níveis de profissionais por categoria, devendo somar no mínimo 40 horas/
atenção da RAS. semanais.
Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários, ofere- O processo de trabalho, a combinação das jornadas de trabalho
cendo o registro de elogios, críticas ou reclamações, por meio de dos profissionais das equipes e os horários e dias de funcionamento
livros, caixas de sugestões ou canais eletrônicos. As UBS deverão devem ser organizados de modo que garantam amplamente aces-
assegurar o acolhimento e escuta ativa e qualificada das pessoas, so, o vínculo entre as pessoas e profissionais, a continuidade, coor-
mesmo que não sejam da área de abrangência da unidade, com denação e longitudinalidade do cuidado.
classificação de risco e encaminhamento responsável de acordo A distribuição da carga horária dos profissionais é de responsa-
com as necessidades apresentadas, articulando-se com outros ser- bilidade do gestor, devendo considerar o perfil demográfico e epi-
viços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas de cui- demiológico local para escolha da especialidade médica, estes de-
dado estabelecidas. vem atuar como generalistas nas equipes de Atenção Básica (eAB).
Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada da UBS: Importante ressaltar que para o funcionamento a equipe deve-
- Identificação e horário de atendimento; rá contar também com profissionais de nível médio como técnico
- Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe; ou auxiliar de enfermagem.
- Identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos 3 - Equipe de Saúde Bucal (eSB): Modalidade que pode compor
componentes de cada equipe da UBS; as equipes que atuam na atenção básica, constituída por um cirur-
- Relação de serviços disponíveis; e gião-dentista e um técnico em saúde bucal e/ou auxiliar de saúde
- Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe. bucal.
Os profissionais de saúde bucal que compõem as equipes de
3.4 - Tipos de Equipes: Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB) e de devem estar
vinculados à uma UBS ou a Unidade Odontológica Móvel, podendo
1 - Equipe de Saúde da Família (eSF): É a estratégia prioritária se organizar nas seguintes modalidades:
de atenção à saúde e visa à reorganização da Atenção Básicano país, Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde bucal
de acordo com os preceitos do SUS. É considerada como estratégia (ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e;
de expansão, qualificação e consolidação da Atenção Básica, por Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro TSB.
favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior po- Independente da modalidade adotada, os profissionais de Saú-
tencial de ampliar a resolutividade e impactar na situação de saúde de Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção Básica (eAB) ou
das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante re- equipe de Saúde da Família (eSF), devendo compartilhar a gestão e
lação custo-efetividade. o processo de trabalho da equipe, tendo responsabilidade sanitária
Composta no mínimo por médico, preferencialmente da espe- pela mesma população e território adstrito que a equipe de Saúde
cialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro, preferen- da Família ou Atenção Básica a qual integra.
cialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de Cada equipe de Saúde de Família que for implantada com os
enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). Podendo fazer profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir pela primei-
parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os pro- ra vez os profissionais de saúde bucal numa equipe já implantada,
fissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente es- modalidade I ou II, o gestor receberá do Ministério da Saúde os
pecialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal. equipamentos odontológicos, através de doação direta ou o repas-
O número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo se de recursos necessários para adquiri-los (equipo odontológico
com base populacional, critérios demográficos, epidemiológicos e completo).
socioeconômicos, de acordo com definição local.
7
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
4 - Núcleo Ampliado de Saúde da A definição das categorias profissionais é de autonomia do ges-
Família e Atenção Básica (Nasf-AB) tor local, devendo ser escolhida de acordo com as necessidades do
territórios.
Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar com-
posta por categorias de profissionais da saúde, complementar àse- 5 - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS):
quipes que atuam na Atenção Básica. É formada por diferentes ocu-
pações (profissões e especialidades) da área da saúde, atuando de É prevista a implantação da Estratégia de Agentes Comunitá-
maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) rios de Saúde nas UBS como uma possibilidade para a reorganiza-
aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Aten- ção inicial da Atenção Básica com vistas à implantação gradual da
ção Básica (eAB). Estratégia de Saúde da Família ou como uma forma de agregar os
Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da Atenção agentes comunitários a outras maneiras de organização da Atenção
Básica, vivendo integralmente o dia a dia nas UBS e trabalhando Básica. São itens necessários à implantação desta estratégia:
de forma horizontal e interdisciplinar com os demais profissionais, a.a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita no SC-
garantindo a longitudinalidade do cuidado e a prestação de serviços NES vigente que passa a ser a UBS de referência para a equipe de
diretos à população. Os diferentes profissionais devem estabelecer agentes comunitários de saúde;
e compartilhar saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma vi- b.o número de ACS e ACE por equipe deverá ser definido de
são comum e aprender a solucionar problemas pela comunicação, acordo com base populacional (critérios demográficos, epidemioló-
de modo a maximizar as habilidades singulares de cada um. gicos e socioeconômicos), conforme legislação vigente.
Deve estabelecer seu processo de trabalho a partir de pro- c.o cumprimento da carga horária integral de 40 horas sema-
blemas, demandas e necessidades de saúde de pessoas e grupos nais por toda a equipe de agentes comunitários, por cada membro
sociais em seus territórios, bem como a partir de dificuldades dos da equipe; composta por ACS e enfermeiro supervisor;
profissionais de todos os tipos de equipes que atuam na Atenção d.o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar cadastrados
Básica em suas análises e manejos. Para tanto, faz-se necessário o no SCNES vigente, vinculados à equipe;
compartilhamento de saberes, práticas intersetoriais e de gestão do e.cada ACS deve realizar as ações previstas nas regulamenta-
cuidado em rede e a realização de educação permanente e gestão ções vigentes e nesta portaria e ter uma microárea sob sua respon-
de coletivos nos territórios sob responsabilidade destas equipes. sabilidade, cuja população não ultrapasse 750 pessoas;
Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como serviços f. a atividade do ACS deve se dar pela lógica do planejamen-
com unidades físicas independentes ou especiais, e não são de livre to do processo de trabalho a partir das necessidades do território,
acesso para atendimento individual ou coletivo (estes, quando ne- com priorização para população com maior grau de vulnerabilidade
cessários, devem ser regulados pelas equipes que atuam na Aten- e de risco epidemiológico;
ção Básica). Devem, a partir das demandas identificadas no traba- g. a atuação em ações básicas de saúde deve visar à integralida-
lho con-junto com as equipes, atuar de forma integrada à Rede de de do cuidado no território; e h.cadastrar, preencher e informar os
Atenção à Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros dados através do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção
equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e comunitá- Básica vigente.
rias.
Compete especificamente à Equipe do Núcleo Ampliado de 3.5 - EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA
Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf- AB): PARA POPULAÇÕES ESPECÍFICAS
a. Participar do planejamento conjunto com as equipes que
atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas; Todos os profissionais do SUS e, especialmente, da Atenção
b. Contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do Básica são responsáveis pela atenção à saúde de populações que
SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxi- apresentem vulnerabilidades sociais específicas e, por consequên-
liando no aumento da capacidade de análise e de intervenção so- cia, necessidades de saúde específicas, assim como pela atenção
bre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos à saúde de qualquer outra pessoa. Isso porque a Atenção Básica
quanto sanitários; e possui responsabilidade direta sobre ações de saúde em determi-
c. Realizar discussão de casos, atendimento individual, compar- nado território, considerando suas singularidades, o que possibilita
tilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuti- intervenções mais oportunas nessas situações específicas, com o
cos, educação permanente, intervenções no território e na saúde objetivo de ampliar o acesso à RAS e ofertar uma atenção integral
de grupos populacionais de todos os ciclos de vida, e da coletivida- à saúde.
de, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde, Assim, toda equipe de Atenção Básica deve realizar atenção à
discussão do processo de trabalho das equipes dentre outros, no saúde de populações específicas. Em algumas realidades, contudo,
território. ainda é possível e necessário dispor, além das equipes descritas an-
Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código Brasileiro teriormente, de equipes adicionais para realizar as ações de saúde
de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico Acupunturista; Assis- à populações específicas no âmbito da Atenção Básica, que devem
tente Social; Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêuti- atuar de forma integrada para a qualificação do cuidado no terri-
co; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; tório. Aponta-se para um horizonte em que as equipes que atuam
Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Mé- na Atenção Básica possam incorporar tecnologias dessas equipes
dico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico específicas, de modo que se faça uma transição para um momento
Internista (clinica médica), Médico do Trabalho, Médico Veterinário, em que não serão necessárias essas equipes específicas, e todas as
profissional com formação em arte e educação (arte educador) e
pessoas e populações serão acompanhadas pela eSF.
profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na
São consideradas equipes de Atenção Básica para Populações
área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou
Específicas:
graduado diretamente em uma dessas áreas conforme normativa
vigente.
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
3.6 - ESPECIFICIDADES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta
por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida-
1 - Equipes de Saúde da Família para o atendimento da Popu- de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente
lação Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira: Considerando as especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de
especificidades locorregionais, os municípios da Amazônia Legal e enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte
Pantaneiras podem optar entre 2 (dois) arranjos organizacionais da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
para equipes Saúde da Família, além dos existentes para o restante bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em
do país: saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal.
a. Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR): São equipes Devem contar também, com um (01) técnico de laboratório e/
que desempenham parte significativa de suas funções em UBS ou bioquímico. Estas equipes poderão incluir, na composição míni-
construídas e/ou localizadas nas comunidades pertencentes à área ma, os profissionais de saúde bucal, um (1) cirurgião dentista, pre-
adstrita e cujo acesso se dá por meio fluvial e que, pela grande dis- ferencialmente especialista em saúde da família, e um (01) Técnico
persão territorial, necessitam de embarcações para atender as co- ou Auxiliar em Saúde Bucal.
munidades dispersas no território. As eSFR são vinculadas a uma Poderão, ainda, acrescentar até 2 (dois) profissionais da área
UBS, que pode estar localizada na sede do Município ou em alguma da saúde de nível superior à sua composição, dentre enfermeiros
comunidade ribeirinha localizada na área adstrita. ou outros profissionais previstos para os Nasf - AB
A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta Para as comunidades distantes da Unidade Básica de Saúde de
por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida- referência, a eSFF adotará circuito de deslocamento que garanta o
de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos a cada
especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de 60 (sessenta) dias, para assegurar a execução das ações de Atenção
enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte
Básica.
da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ribei-
bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em
rinhas dispersas no território de abrangência, onde a UBS Fluvial
saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal.
não conseguir aportar, a eSFF poderá receber incentivo financeiro
Nas hipóteses de grande dispersão populacional, as ESFR po-
dem contar, ainda, com: até 24 (vinte e quatro) Agentes Comunitá- de custeio para logística, que considera a existência das seguintes
rios de Saúde; até 12 (doze) microscopistas, nas regiões endêmicas; estruturas:
até 11 (onze) Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e 1 (um) Auxiliar/ a. até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e
Técnico de saúde bucal. As ESFR poderão, ainda, acrescentar até 2 informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi-
(dois) profissionais da área da saúde de nível superior à sua com- gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada
posição, dentre enfermeiros ou outros profissionais previstos nas a atenção de forma descentralizada; e
equipes de Nasf-AB. b. até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas
Os agentes comunitários de saúde, os auxiliares/técnicos de para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin-
enfermagem extras e os auxiliares/técnicos de saúde bucal cumpri- culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica.
rão carga horária de até 40 (quarenta) horas semanais de trabalho e 1 - Equipe de Consultório na Rua (eCR) -equipe de saúde com
deverão residir na área de atuação. composição variável, responsável por articular e prestar atenção in-
As eSFR prestarão atendimento à população por, no mínimo, tegral à saúde de pessoas em situação de rua ou com características
14 (quatorze) dias mensais, com carga horária equivalente a 8 (oito) análogas em determinado território, em unidade fixa ou móvel, po-
horas diárias. dendo ter as modalidades e respectivos regramentos descritos em
Para as comunidades distantes da UBS de referência, as eSFR portaria específica.
adotarão circuito de deslocamento que garanta o atendimento a to- São itens necessários para o funcionamento das equipes de
das as comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (sessenta) dias, Consultório na Rua (eCR):
para assegurar a execução das ações de Atenção Básica. Caso ne- a. Realizar suas atividades de forma itinerante, desenvolven-
cessário, poderão possuir unidades de apoio, estabelecimentos que do ações na rua, em instalações específicas, na unidade móvel e
servem para atuação das eSFR e que não possuem outras equipes também nas instalações de Unidades Básicas de Saúde do territó-
de Saúde da Família vinculadas. rio onde está atuando, sempre articuladas e desenvolvendo ações
Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ri- em parceria com as demais equipes que atuam na atenção básica
beirinhas dispersas no território de abrangência, a eSFR receberá do território (eSF/eAB/UBS e Nasf-AB), e dos Centros de Atenção
incentivo financeiro de custeio para logística, que considera a exis- Psicossocial, da Rede de Urgência/Emergência e dos serviços e ins-
tência das seguintes estruturas:
tituições componentes do Sistema Único de Assistência Social entre
a) até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e
outras instituições públicas e da sociedade civil;
informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi-
b. Cumprir a carga horária mínima semanal de 30 horas. Porém
gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada
seu horário de funcionamento deverá ser adequado às demandas
a atenção de forma descentralizada; e
b) até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas das pessoas em situação de rua, podendo ocorrer em período diur-
para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin- no e/ou noturno em todos os dias da semana; e
culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica. c. As eCR poderão ser compostas pelas categorias profissionais
Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações devem especificadas em portaria específica.
estar devidamente informadas no Cadastro Nacional de Estabeleci- Na composição de cada eCR deve haver, preferencialmente, o
mento de Saúde vigente, a qual as eSFR estão vinculadas. máximo de dois profissionais da mesma profissão de saúde, seja
Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): São equipes que de nível médio ou superior. Todas as modalidades de eCR poderão
desempenham suas funções em Unidades Básicas de Saúde Fluviais agregar agentes comunitários de saúde.
(UBSF), responsáveis por comunidades dispersas, ribeirinhas e per-
tencentes à área adstrita, cujo acesso se dá por meio fluvial.
9
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
O agente social, quando houver, será considerado equivalente - Realizar o cuidado integral à saúde da população adscrita,
ao profissional de nível médio. Entende-se por agente social o pro- prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de Saúde, e quando
fissional que desempenha atividades que visam garantir a atenção, necessário, no domicílio e demais espaços comunitários (escolas,
a defesa e a proteção às pessoas em situação de risco pessoal e so- associações, entre outros), com atenção especial às populações que
cial, assim como aproximar as equipes dos valores, modos de vida e apresentem necessidades específicas (em situação de rua, em me-
cultura das pessoas em situação de rua. dida socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.).
Para vigência enquanto equipe, deverá cumprir os seguintes - Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de
requisitos: saúde da população local, bem como aquelas previstas nas priori-
I - demonstração do cadastramento da eCR no Sistema de Ca- dades, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, assim como, na
dastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES); e oferta nacional de ações e serviços essenciais e ampliados da AB;
II - alimentação de dados no Sistema de Informação da Atenção V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, buscan-
Básica vigente, conforme norma específica. do a integralidade por meio da realização de ações de promoção,
Em Municípios ou áreas que não tenham Consultórios na Rua, proteção e recuperação da saúde, prevenção de doenças e agravos
o cuidado integral das pessoas em situação de rua deve seguir sen- e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realiza-
do de responsabilidade das equipes que atuam na Atenção Básica, ção das ações programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e
incluindo os profissionais de saúde bucal e os Núcleos Ampliados à incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive Práticas
Saúde da Família e equipes de Atenção Básica (Nasf-AB) do territó- Integrativas e Complementares;
rio onde estas pessoas estão concentradas. VI. Participar do acolhimento dos usuários, proporcionando
Para cálculo do teto das equipes dos Consultórios na Rua de atendimento humanizado, realizando classificação de risco, identi-
cada município, serão tomados como base os dados dos censos po- ficando as necessidades de intervenções de cuidado, responsabili-
pulacionais relacionados à população em situação de rua realizados zando-se pela continuidade da atenção e viabilizando o estabeleci-
por órgãos oficiais e reconhecidos pelo Ministério da Saúde. mento do vínculo;
As regras estão publicadas em portarias específicas que disci- VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da população
plinam composição das equipes, valor do incentivo financeiro, dire- adscrita ao longo do tempo no que se refere às múltiplas situações
trizes de funcionamento, monitoramento e acompanhamento das de doenças e agravos, e às necessidades de cuidados preventivos,
equipes de consultório na rua entre outras disposições. permitindo a longitudinalidade do cuidado;
1 - Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São compostas VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a pessoas,
por equipe multiprofissional que deve estar cadastrada no Sistema famílias e grupos sociais, visando propor intervenções que possam
Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, e com responsabi- influenciar os processos saúde-doença individual, das coletividades
lidade de articular e prestar atenção integral à saúde das pessoas e da própria comunidade;
privadas de liberdade. IX. Responsabilizar-se pela população adscrita mantendo a co-
Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas privadas de li- ordenação do cuidado mesmo quando necessita de atenção em ou-
berdade no sistema prisional ao cuidado integral no SUS, é previsto tros pontos de atenção do sistema de saúde;
na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Priva- X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica vigente
das de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de para registro das ações de saúde na AB, visando subsidiar a gestão,
saúde no sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede planejamento, investigação clínica e epidemiológica, e à avaliação
de Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a Atenção dos serviços de saúde;;
Básica no âmbito prisional como porta de entrada do sistema e or- XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a partir
denadora das ações e serviços de saúde, devendo realizar suas ati- da Atenção Básica, participando da definição de fluxos assistenciais
vidades nas unidades prisionais ou nas Unidades Básicas de Saúde na RAS, bem como da elaboração e implementação de protocolos
a que estiver vinculada, conforme portaria específica. e diretrizes clínicas e terapêuticas para a ordenação desses fluxos;
XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a prática do
4 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA encaminhamento desnecessário, com base nos processos de regu-
lação locais (referência e contrarreferência), ampliando-a para um
As atribuições dos profissionais das equipes que atuam na processo de compartilhamento de casos e acompanhamento lon-
Atenção Básica deverão seguir normativas específicas do Ministério gitudinal de responsabilidade das equipes que atuam na atenção
da Saúde, bem como as definições de escopo de práticas, proto- básica;
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, além de outras normativas XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de atenção de
técnicas estabelecidas pelos gestores federal, estadual, municipal diferentes configurações tecnológicas a integração por meio de ser-
ou do Distrito Federal. viços de apoio logístico, técnico e de gestão, para garantir a integra-
4.1 Atribuições Comuns a todos os membros das Equipes que lidade do cuidado;
atuam na Atenção Básica: XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor medi-
- Participar do processo de territorialização e mapeamento da das para reduzir os riscos e diminuir os eventos adversos;
área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indiví- XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das atividades
duos expostos a riscos e vulnerabilidades; nos sistemas de informação da Atenção Básica, conforme normati-
- Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e outros va vigente;
dados de saúde das famílias e dos indivíduos no sistema de infor- XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de no-
mação da Atenção Básica vigente, utilizando as informações siste- tificação compulsória, bem como outras doenças, agravos, surtos,
maticamente para a análise da situação de saúde, considerando as acidentes, violências, situações sanitárias e ambientais de impor-
características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epide- tância local, considerando essas ocorrências para o planejamento
miológicas do território, priorizando as situações a serem acompa- de ações de prevenção, proteção e recuperação em saúde no ter-
nhadas no planejamento local; ritório;
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos de ur- V - Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando neces-
gência/emergência por causas sensíveis à Atenção Básica, a fim de sário, usuários a outros serviços, conforme fluxo estabelecido pela
estabelecer estratégias que ampliem a resolutividade e a longitudi- rede local;
nalidade pelas equipes que atuam na AB; VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em domicílio técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em conjunto com os
às famílias e pessoas em residências, Instituições de Longa Perma- outros membros da equipe;
nência (ILP), abrigos, entre outros tipos de moradia existentes em VII - Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem
seu território, de acordo com o planejamento da equipe, necessida- e ACS;
des e prioridades estabelecidas; VIII - Implementar e manter atualizados rotinas, protocolos e
XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com problemas de fluxos relacionados a sua área de competência na UBS; e
saúde controlados/compensados com algum grau de dependência IX - Exercer outras atribuições conforme legislação profissional,
para as atividades da vida diária e que não podem se deslocar até a e que sejam de responsabilidade na sua área de atuação.
Unidade Básica de Saúde; 4.2.2 - Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem:
XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe, inte- I - Participar das atividades de atenção à saúde realizando pro-
grando áreas técnicas, profissionais de diferentes formações e até cedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS
mesmo outros níveis de atenção, buscando incorporar práticas de e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais
vigilância, clínica ampliada e matriciamento ao processo de traba- espaços comunitários (escolas, associações, entre outros);
lho cotidiano para essa integração (realização de consulta compar- II - Realizar procedimentos de enfermagem, como curativos,
tilhada reservada aos profissionais de nível superior, construção administração de medicamentos, vacinas, coleta de material para
de Projeto Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras exames, lavagem, preparação e esterilização de materiais, entre ou-
estratégias, em consonância com as necessidades e demandas da tras atividades delegadas pelo enfermeiro, de acordo com sua área
população); de atuação e regulamentação; e
XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de acompanhar III - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
e discutir em conjunto o planejamento e avaliação sistemática das na sua área de atuação.
ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis, visan- 4.2.1 - Médico:
do a readequação constante do processo de trabalho; I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua res-
XXII. Articular e participar das atividades de educação perma- ponsabilidade;
nente e educação continuada; II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgi-
XXIII. Realizar ações de educação em saúde à população ads- cos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário,
no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, asso-
trita, conforme planejamento da equipe e utilizando abordagens
ciações entre outros); em conformidade com protocolos, diretrizes
adequadas às necessidades deste público;
clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas es-
XXIV.Participar do gerenciamento dos insumos necessários
tabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito
para o adequado funcionamento da UBS;
Federal), observadas as disposições legais da profissão;
XIV. Promover a mobilização e a participação da comunidade,
III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados
estimulando conselhos/colegiados, constituídos de gestores locais,
para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun-
profissionais de saúde e usuários, viabilizando o controle social na
to aos demais membros da equipe;
gestão da Unidade Básica de Saúde;
IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos
XXV. Identificar parceiros e recursos na comunidade que pos- de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsa-
sam potencializar ações intersetoriais; bilidade o acompanhamento do plano terapêutico prescrito;
XXVI. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação da V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar,
Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do Programa Bolsa mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa;
Família (PBF), e/ou outros pro-gramas sociais equivalentes, as con- VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
dicionalidades de saúde das famílias beneficiárias;e ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e
XXVII. Realizar outras ações e atividades, de acordo com as VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
prioridades locais, definidas pelo gestor local. na sua área de atuação.
4.2. São atribuições específicas dos profissionais das equipes 4.2.2 - Cirurgião-Dentista:
que atuam na Atenção Básica: I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da
4.2.1 - Enfermeiro: saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha-
I - Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a
às equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outras), grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
em todos os ciclos de vida; nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou-
II - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, solicitar tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e
exames complementares, prescrever medicações conforme proto- em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas,
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outras normativas téc- bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor
nicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as
Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão; disposições legais da profissão;
III - Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta qua- II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi-
lificada e classificação de risco, de acordo com protocolos estabe- demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal
lecidos; no território;
IV - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados
para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun-
to aos demais membros da equipe;
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci- na sua área de atuação.
rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases 4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal
dentárias (elementar, total e parcial removível); para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro- e protocolos de atenção à saúde;
moção da saúde e à prevenção de doenças bucais; II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es-
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do
à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar ambiente de trabalho;
saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar; III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi- clínicas,
liar em saúde bucal (ASB); IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos bucal;
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida- saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica,
dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis-
junto aos demais membros da equipe; e ciplinar;
IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
na sua área de atuação. transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto-
4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB): lógicos;
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das VII - Processar filme radiográfico;
famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo VIII - Selecionar moldeiras;
na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos IX - Preparar modelos em gesso;
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros), X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu-
segundo programação e de acordo com suas competências técnicas tenção e conservação dos equipamentos;
e legais; XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen- miológicos, exceto na categoria de examinador; e
tos odontológicos; XII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à na sua área de atuação.
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi-
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; 4.2.5 - Gerente de Atenção Básica
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre- Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o
venção e promoção da saúde bucal; objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro-
V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú- cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao
de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi-
saúde; pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A
VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
saúde e na prevenção das doenças bucais; necessidade do território e cobertura de AB.
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide- Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre-
miológicos, exceto na categoria de examinador; ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane-
VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e
bucal; comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação
IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc- e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
nica definida pelo cirurgião-dentista; profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua
X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi- experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior,
vamente em consultórios ou clínicas odontológicas; e dentre suas atribuições estão:
XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló- I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire-
gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate- trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta-
riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista; dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional
XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven- de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo
ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo; de trabalho na UBS;
XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci- II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós-
rurgião Dentista; tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian-
XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de
esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e saúde, junto aos demais profissionais;
do ambiente de trabalho; III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho
XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para
antes e após atos cirúrgicos; implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem
XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, como para a mediação de conflitos e resolução de problemas;
manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos; IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais
XVII - Processar filme radiográfico; envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela
XVIII - Selecionar moldeiras; sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco-
XIX - Preparar modelos em gesso; rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas
XX - Manipular materiais de uso odontológico. relacionados à segurança;
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida
de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio- no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde
nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi-
análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob- víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e
tidos; condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares;
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das
trabalho em equipe; doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de
equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida- transmissão de doenças infecciosas e agravos;
do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes
recursos; transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co-
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma- letiva;
nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami-
bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento; nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins- comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território;
tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me-
território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção
realizada na UBS; no ambiente para o controle de vetores;
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência saúde disponíveis;
e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas públi-
pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá- cas voltadas para a área da saúde;
veis; X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter- potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da
qualidade de vida da população, como ações e programas de edu-
ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia-
cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e
da para as vulnerabilidades existentes no território;
XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção,
b) Atribuições do ACS:
e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base
própria UBS, ou com parceiros;
geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man-
XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa-
-tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção
ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social;
Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da
XIV - Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac-
quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade; terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio-
e lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa-
XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo nhadas no planejamento local;
gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com- II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que
petências. apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade;
4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com- III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento
bate a Endemias (ACE) das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e
Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético;
Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi-
de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter- pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte-
venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví-
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser duos e grupos sociais ou coletividades;
integradas. V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas
Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da e exames agendados;
equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE: VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção
a) Atribuições comuns do ACS e ACE Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no
I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental, que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e
epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin- exames solicitados;
do para o processo de territorialização e mapeamento da área de VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
atuação da equipe; gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven- gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu-
território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis-
regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi-
domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos
epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou- adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o
tros profissionais da equipe quando necessário; paciente para a unidade de saúde de referência.
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti- V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú-
vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí- saúde;
lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da
mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que saúde e na prevenção das doenças bucais;
atuam na Atenção Básica; VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar; miológicos, exceto na categoria de examinador;
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril, bucal;
com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc-
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, nica definida pelo cirurgião-dentista;
mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa; X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi-
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos vamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló-
VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate-
na sua área de atuação. riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista;
4.2.2 - Cirurgião-Dentista: XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven-
I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo;
saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha- XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci-
mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a rurgião Dentista;
todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e
grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e
nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou- do ambiente de trabalho;
tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório,
em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, antes e após atos cirúrgicos;
bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos;
disposições legais da profissão; XVII - Processar filme radiográfico;
II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi- XVIII - Selecionar moldeiras;
demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal XIX - Preparar modelos em gesso;
no território; XX - Manipular materiais de uso odontológico.
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci- na sua área de atuação.
rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases 4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal
dentárias (elementar, total e parcial removível); para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro- e protocolos de atenção à saúde;
moção da saúde e à prevenção de doenças bucais; II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es-
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do
à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar ambiente de trabalho;
saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar; III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi- clínicas,
liar em saúde bucal (ASB); IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos bucal;
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida- saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica,
dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis-
junto aos demais membros da equipe; e ciplinar;
IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
na sua área de atuação. transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto-
4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB): lógicos;
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das VII - Processar filme radiográfico;
famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo VIII - Selecionar moldeiras;
na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos IX - Preparar modelos em gesso;
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros), X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu-
segundo programação e de acordo com suas competências técnicas tenção e conservação dos equipamentos;
e legais; XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen- miológicos, exceto na categoria de examinador; e
tos odontológicos; XII -. Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à na sua área de atuação.
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi-
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar;
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre-
venção e promoção da saúde bucal;
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
4.2.5 - Gerente de Atenção Básica XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos
Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no
objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro- processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção,
cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na
fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi- própria UBS, ou com parceiros;
pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa-
inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social;
necessidade do território e cobertura de AB. XIV -Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível
Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre- quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade;
ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane- e
jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo
comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com-
e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja petências.
profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua 4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com-
experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior, bate a Endemias (ACE)
e dentre suas atribuições estão: Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em
I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire- Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas
trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta- de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter-
dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as
de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser
de trabalho na UBS; integradas.
II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós- Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da
tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian- equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE:
do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de a) Atribuições comuns do ACS e ACE
saúde, junto aos demais profissionais; I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental,
III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin-
das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para do para o processo de territorialização e mapeamento da área de
implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem atuação da equipe;
como para a mediação de conflitos e resolução de problemas; II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven-
IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no
envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares
sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco- regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no
rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação
relacionados à segurança; epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou-
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas tros profissionais da equipe quando necessário;
de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio- III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida
nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde
análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob- da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi-
tidos; víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares;
trabalho em equipe; IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das
VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada
equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida- aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de
do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses transmissão de doenças infecciosas e agravos;
recursos; V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma- transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co-
nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo letiva;
bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento; VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami-
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins- nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e
tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território;
território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me-
realizada na UBS; didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos no ambiente para o controle de vetores;
profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de
e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes saúde disponíveis;
pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá- IX.-Estimular a participação da comunidade nas políticas públi-
veis; cas voltadas para a área da saúde;
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter- X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia- potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da
da para as vulnerabilidades existentes no território; qualidade de vida da população, como ações e programas de edu-
cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- V - Executar ações de campo em projetos que visem avaliar
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo novas metodologias de intervenção para prevenção e controle de
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. doenças; e
b)Atribuições do ACS: VI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man- gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
-tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção Básica
Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da (eAB) ou uma equipe de Saúde da Família (eSF) e serem coordena-
equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac- dos por profissionais de saúde de nível superior realizado de forma
terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio- compartilhada entre a Atenção Básica e a Vigilância em Saúde. Nas
lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa- localidades em que não houver cobertura por equipe de Atenção
nhadas no planejamento local; Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que vincular à equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde
apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade; (EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à equipe de vi-
III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento gilância em saúde do município e sua supervisão técnica deve ser
das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e realizada por profissional com comprovada capacidade técnica,
outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético; podendo estar vinculado à equipe de atenção básica, ou saúde da
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi- família, ou a outro serviço a ser definido pelo gestor local.
pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte-
rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví-
5. DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA
duos e grupos sociais ou coletividades;
A Atenção Básica como contato preferencial dos usuários na
V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas
rede de atenção à saúde orienta-se pelos princípios e diretrizes do
e exames agendados;
VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção SUS, a partir dos quais assume funções e características específicas.
Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no Considera as pessoas em sua singularidade e inserção sociocultural,
que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e buscando produzir a atenção integral, por meio da promoção da
exames solicitados; saúde, da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do tra-
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- tamento, da reabilitação e da redução de danos ou de sofrimentos
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo que possam comprometer sua autonomia.
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. Dessa forma, é fundamental que o processo de trabalho na
Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu- Atenção Básica se caracteriza por:
nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis- I - Definição do território e Territorialização - A gestão deve de-
tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi- finir o território de responsabilidade de cada equipe, e esta deve co-
pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos nhecer o território de atuação para programar suas ações de acordo
adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o com o perfil e as necessidades da comunidade, considerando dife-
paciente para a unidade de saúde de referência. rentes elementos para a cartografia: ambientais, históricos, demo-
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti- gráficos, geográficos, econômicos, sanitários, sociais, culturais, etc.
vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; Importante refazer ou complementar a territorialização sempre que
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí- necessário, já que o território é vivo. Nesse processo, a Vigilância
lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes em Saúde (sanitária, ambiental, epidemiológica e do trabalhador)
mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que e a Promoção da Saúde se mostram como referenciais essenciais
atuam na Atenção Básica; para a identificação da rede de causalidades e dos elementos que
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar; exercem determinação sobre o processo saúde-doença, auxiliando
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com na percepção dos problemas de saúde da população por parte da
material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril, equipe e no planejamento das estratégias de intervenção.
com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e Além dessa articulação de olhares para a compreensão do ter-
V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta adminis- ritório sob a responsabilidade das equipes que atuam na AB, a inte-
tração da medicação do paciente em situação de vulnerabilidade.
gração entre as ações de Atenção Básica e Vigilância em Saúde deve
Importante ressaltar que os ACS só realizarão a execução dos
ser concreta, de modo que se recomenda a adoção de um território
procedimentos que requeiram capacidade técnica específica se de-
único para ambas as equipes, em que o Agente de Combate às En-
tiverem a respectiva formação, respeitada autorização legal.
demias trabalhe em conjunto com o Agente Comunitário de Saúde
c) Atribuições do ACE:
I - Executar ações de campo para pesquisa entomológica, mala- e os demais membros da equipe multiprofissional de AB na identifi-
cológica ou coleta de reservatórios de doenças; cação das necessidades de saúde da população e no planejamento
II - Realizar cadastramento e atualização da base de imóveis das intervenções clínicas e sanitárias.
para planejamento e definição de estratégias de prevenção, inter- Possibilitar, de acordo com a necessidade e conformação do
venção e controle de doenças, incluindo, dentre outros, o recensea- território, através de pactuação e negociação entre gestão e equi-
mento de animais e levantamento de índice amostral tecnicamente pes, que o usuário possa ser atendido fora de sua área de cobertu-
indicado; ra, mantendo o diálogo e a informação com a equipe de referência.
III - Executar ações de controle de doenças utilizando as me- II - Responsabilização Sanitária - Papel que as equipes devem
didas de controle químico, biológico, manejo ambiental e outras assumir em seu território de referência (adstrição), considerando
ações de manejo integrado de vetores; questões sanitárias, ambientais (desastres, controle da água, solo,
IV - Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o reco- ar), epidemiológicas (surtos, epidemias, notificações, controle de
nhecimento geográfico de seu território; e agravos), culturais e socioeconômicas, contribuindo por meio de
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde da popu- a. Mecanismo de ampliação/facilitação do acesso - a equipe
lação com residência fixa, os itinerantes (população em situação de deve atender todos as pessoas que chegarem na UBS, conforme
rua, ciganos, circenses, andarilhos, acampados, assentados, etc) ou sua necessidade, e não apenas determinados grupos populacionais,
mesmo trabalhadores da área adstrita. ou agravos mais prevalentes e/ou fragmentados por ciclo de vida.
III - Porta de Entrada Preferencial - A responsabilização é fun- Dessa forma a ampliação do acesso ocorre também contemplando
damental para a efetivação da Atenção Básica como contato e porta a agenda programada e a demanda espontânea, abordando as situ-
de entrada preferencial da rede de atenção, primeiro atendimento ações con-forme suas especificidades, dinâmicas e tempo.
às urgências/emergências, acolhimento, organização do escopo de b. Postura, atitude e tecnologia do cuidado - se estabelece nas
ações e do processo de trabalho de acordo com demandas e neces- relações entre as pessoas e os trabalhadores, nos modos de escuta,
sidades da população, através de estratégias diversas (protocolos e na maneira de lidar com o não previsto, nos modos de construção
diretrizes clínicas, linhas de cuidado e fluxos de encaminhamento de vínculos (sensibilidade do trabalhador, posicionamento ético si-
para os outros pontos de atenção da RAS, etc). Caso o usuário aces- tuacional), podendo facilitar a continuidade do cuidado ou facilitan-
se a rede através de outro nível de atenção, ele deve ser referencia- do o acesso sobretudo para aqueles que procuram a UBS fora das
do à Atenção Básica para que siga sendo acompanhado, asseguran- consultas ou atividades agendadas.
do a continuidade do cuidado. c. Dispositivo de (re)organização do processo de trabalho em
IV - Adscrição de usuários e desenvolvimento de relações de equipe - a implantação do acolhimento pode provocar mudanças
vínculo e responsabilização entre a equipe e a população do seu no modo de organização das equipes, relação entre trabalhadores
território de atuação, de forma a facilitar a adesão do usuário ao e modo de cuidar. Para acolher a demanda espontânea com equi-
cuidado compartilhado com a equipe (vinculação de pessoas e/ou dade e qualidade, não basta distribuir senhas em número limita-
famílias e grupos a profissionais/equipes, com o objetivo de ser re- do, nem é possível encaminhar todas as pessoas ao médico, aliás
ferência para o seu cuidado). o acolhimento não deve se restringir à triagem clínica. Organizar a
V - Acesso - A unidade de saúde deve acolher todas as pessoas partir do acolhimento exige que a equipe reflita sobre o conjunto
do seu território de referência, de modo universal e sem diferencia- de ofertas que ela tem apresentado para lidar com as necessidades
ções excludentes. Acesso tem relação com a capacidade do serviço de saúde da população e território. Para isso é importante que a
em responder às necessidades de saúde da população (residente e equipe defina quais profissionais vão receber o usuário que chega;
itinerante). Isso implica dizer que as necessidades da população de- como vai avaliar o risco e vulnerabilidade; fluxos e protocolos para
vem ser o principal referencial para a definição do escopo de ações encaminhamento; como organizar a agenda dos profissionais para
e serviços a serem ofertados, para a forma como esses serão orga- o cuidado; etc.
nizados e para o todo o funcionamento da UBS, permitindo diferen- Destacam-se como importantes ações no processo de avalia-
ciações de horário de atendimento (estendido, sábado, etc), formas ção de risco e vulnerabilidade na Atenção Básica o Acolhimento
de agendamento (por hora marcada, por telefone, e-mail, etc), e com Classificação de Risco (a) e a Estratificação de Risco (b).
outros, para assegurar o acesso. Pelo mesmo motivo, recomenda- a) Acolhimento com Classificação de Risco: escuta qualificada e
-se evitar barreiras de acesso como o fechamento da unidade du- comprometida com a avaliação do potencial de risco, agravo à saú-
rante o horário de almoço ou em períodos de férias, entre outros, de e grau de sofrimento dos usuários, considerando dimensões de
impedindo ou restringindo a acesso da população. Destaca-se que expressão (física, psíquica, social, etc) e gravidade, que possibilita
horários alternativos de funcionamento que atendam expressa- priorizar os atendimentos a eventos agudos (condições agudas e
mente a necessidade da população podem ser pactuados através agudizações de condições crônicas) conforme a necessidade, a par-
das instâncias de participação social e gestão local. tir de critérios clínicos e de vulnerabilidade disponíveis em diretri-
Importante ressaltar também que para garantia do acesso é zes e protocolos assistenciais definidos no SUS.
necessário acolher e resolver os agravos de maior incidência no ter- O processo de trabalho das equipes deve estar organizado de
ritório e não apenas as ações programáticas, garantindo um amplo modo a permitir que casos de urgência/emergência tenham priori-
escopo de ofertas nas unidades, de modo a concentrar recursos e dade no atendimento, independentemente do número de consul-
maximizar ofertas. tas agendadas no período. Caberá à UBS prover atendimento ade-
VI - O acolhimento deve estar presente em todas as relações de quado à situação e dar suporte até que os usuários sejam acolhidos
cuidado, nos encontros entre trabalhadores de saúde e usuários, em outros pontos de atenção da RAS.
nos atos de receber e escutar as pessoas, suas necessidades, pro- As informações obtidas no acolhimento com classificação de
blematizando e reconhecendo como legítimas, e realizando avalia- risco deverão ser registradas em prontuário do cidadão (físico ou
ção de risco e vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo preferencialmente eletrônico).
que quanto maior o grau de vulnerabilidade e risco, menor deverá Os desfechos do acolhimento com classificação de risco pode-
ser a quantidade de pessoas por equipe, com especial atenção para rão ser definidos como: 1- consulta ou procedimento imediato;
as condições crônicas. 1. consulta ou procedimento em horário disponível no mesmo
Considera-se condição crônica aquela de curso mais ou me-nos dia;
longo ou permanente que exige resposta e ações contínuas, proati- 2. agendamento de consulta ou procedimento em data futura,
vas e integradas do sistema de atenção à saúde, dos profissionais de para usuário do território;
saúde e das pessoas usuárias para o seu controle efetivo, eficiente 3. procedimento para resolução de demanda simples prevista
e com qualidade. em protocolo, como renovação de receitas para pessoas com condi-
Ressalta-se a importância de que o acolhimento aconteça du- ções crônicas, condições clínicas estáveis ou solicitação de exames
rante todo o horário de funcionamento da UBS, na organização dos para o seguimento de linha de cuidado bem definida;
fluxos de usuários na unidade, no estabelecimento de avaliações 4. encaminhamento a outro ponto de atenção da RAS, median-
de risco e vulnerabilidade, na definição de modelagens de escuta te contato prévio, respeitado o protocolo aplicável; e
(individual, coletiva, etc), na gestão das agendas de atendimento 5. orientação sobre territorialização e fluxos da RAS, com indi-
individual, nas ofertas de cuidado multidisciplinar, etc. cação específica do serviço de saúde que deve ser procurado, no
A saber, o acolhimento à demanda espontânea na Atenção Bá- município ou fora dele, nas demandas em que a classificação de
sica pode se constituir como: risco não exija atendimento no momento da procura do serviço.
17
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
b) Estratificação de risco: É o processo pelo qual se utiliza cri- IX - Realização de ações de atenção domiciliar destinada a usu-
térios clínicos, sociais, econômicos, familiares e outros, com base ários que possuam problemas de saúde controlados/compensados
em diretrizes clínicas, para identificar subgrupos de acordo com a e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma
complexidade da condição crônica de saúde, com o objetivo de di- Unidade Básica de Saúde, que necessitam de cuidados com menor
ferenciar o cuidado clínico e os fluxos que cada usuário deve seguir frequência e menor necessidade de recursos de saúde, para famí-
na Rede de Atenção à Saúde para um cuidado integral. lias e/ou pessoas para busca ativa, ações de vigilância em saúde e
A estratificação de risco da população adscrita a determinada realizar o cuidado compartilhado com as equipes de atenção domi-
UBS é fundamental para que a equipe de saúde organize as ações ciliar nos casos de maior complexidade.
que devem ser oferecidas a cada grupo ou estrato de risco/vulne- X - Programação e implementação das atividades de atenção à
rabilidade, levando em consideração a necessidade e adesão dos saúde de acordo com as necessidades de saúde da população, com
usuários, bem como a racionalidade dos recursos disponíveis nos a priorização de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas
serviços de saúde. de saúde segundo critérios de frequência, risco, vulnerabilidade e
VII - Trabalho em Equipe Multiprofissional - Considerando a di- resiliência. Inclui-se aqui o planejamento e organização da agenda
versidade e complexidade das situações com as quais a Atenção Bá- de trabalho compartilhada de todos os profissionais, e recomen-
sica lida, um atendimento integral requer a presença de diferentes da- se evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas
formações profissionais trabalhando com ações compartilhadas, de saúde, ciclos de vida, gênero e patologias dificultando o acesso
assim como, com processo interdisciplinar centrado no usuário, dos usuários. Recomenda-se a utilização de instrumentos de plane-
incorporando práticas de vigilância, promoção e assistência à saú- jamento estratégico situacional em saúde, que seja ascendente e
de, bem como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É envolva a participação popular (gestores, trabalhadores e usuários).
possível integrar também profissionais de outros níveis de atenção. XI - Implementação da Promoção da Saúde como um princípio
VIII - Resolutividade - Capacidade de identificar e intervir nos para o cuidado em saúde, entendendo que, além da sua importân-
riscos, necessidades e demandas de saúde da população, atingindo cia para o olhar sobre o território e o perfil das pessoas, conside-
a solução de problemas de saúde dos usuários. A equipe deve ser rando a determinação social dos processos saúde-doença para o
resolutiva desde o contato inicial, até demais ações e serviços da planejamento das intervenções da equipe, contribui também para
AB de que o usuário necessite. Para tanto, é preciso garantir amplo a qualificação e diversificação das ofertas de cuidado. A partir do
escopo de ofertas e abordagens de cuidado, de modo a concentrar respeito à autonomia dos usuários, é possível estimular formas de
recursos, maximizar as ofertas e melhorar o cuidado, encaminhan- andar a vida e comportamentos com prazer que permaneçam den-
do de forma qualificada o usuário que necessite de atendimento es- tro de certos limites sensíveis entre a saúde e a doença, o saudável
pecializado. Isso inclui o uso de diferentes tecnologias e abordagens e o prejudicial, que sejam singulares e viáveis para cada pessoa. Ain-
de cuidado individual e coletivo, por meio de habilidades das equi- da, numa acepção mais ampla, é possível estimular a transformação
pes de saúde para a promoção da saúde, prevenção de doenças e das condições de vida e saúde de indivíduos e coletivos, através de
agravos, proteção e recuperação da saúde, e redução de danos. Im- estratégias transversais que estimulem a aquisição de novas atitu-
portante promover o uso de ferramentas que apoiem e qualifiquem des entre as pessoas, favorecendo mudanças para modos de vida
o cuidado realizado pelas equipes, como as ferramentas da clínica mais saudáveis e sustentáveis.
ampliada, gestão da clínica e promoção da saúde, para ampliação Embora seja recomendado que as ações de promoção da saú-
da resolutividade e abrangência da AB. de estejam pautadas nas necessidades e demandas singulares do
Entende-se por ferramentas de Gestão da Clínica um con-junto território de atuação da AB, denotando uma ampla possibilidade
de tecnologias de microgestão do cuidado destinado a promover de temas para atuação, destacam-se alguns de relevância geral na
uma atenção à saúde de qualidade, como protocolos e diretrizes população brasileira, que devem ser considerados na abordagem
clínicas, planos de ação, linhas de cuidado, projetos terapêuticos da Promoção da Saúde na AB: alimentação adequada e saudável;
singulares, genograma, ecomapa, gestão de listas de espera, audi- práticas corporais e atividade física; enfrentamento do uso do ta-
toria clínica, indicadores de cuidado, entre outras. Para a utilização baco e seus derivados; enfrentamento do uso abusivo de álcool;
dessas ferramentas, deve-se considerar a clínica centrada nas pes- promoção da redução de danos; promoção da mobilidade segura
soas; efetiva, estruturada com base em evidências científicas; se- e sustentável; promoção da cultura de paz e de direitos humanos;
gura, que não cause danos às pessoas e aos profissionais de saúde; promoção do desenvolvimento sustentável.
eficiente, oportuna, prestada no tempo certo; equitativa, de forma XII - Desenvolvimento de ações de prevenção de doenças e
a reduzir as desigualdades e que a oferta do atendimento se dê de agravos em todos os níveis de acepção deste termo (primária, se-
forma humanizada. cundária, terciária e quartenária), que priorizem determinados per-
VIII - Promover atenção integral, contínua e organizada à popu- fis epidemiológicos e os fatores de risco clínicos, comportamentais,
lação adscrita, com base nas necessidades sociais e de saúde, atra- alimentares e/ou ambientais, bem como aqueles determinados
vés do estabelecimento de ações de continuidade informacional, pela produção e circulação de bens, prestação de serviços de in-
interpessoal e longitudinal com a população. A Atenção Básica deve teresse da saúde, ambientes e processos de trabalho. A finalida-
buscar a atenção integral e de qualidade, resolutiva e que contri- de dessas ações é prevenir o aparecimento ou a persistência de
bua para o fortalecimento da autonomia das pessoas no cuidado à doenças, agravos e complicações preveníveis, evitar intervenções
saúde, estabelecendo articulação orgânica com o conjunto da rede desnecessárias e iatrogênicas e ainda estimular o uso racional de
de atenção à saúde. Para o alcance da integralidade do cuidado, a medicamentos.
equipe deve ter noção sobre a ampliação da clínica, o conhecimen- Para tanto é fundamental a integração do trabalho entre Aten-
to sobre a realidade local, o trabalho em equipe multiprofissional e ção Básica e Vigilância em Saúde, que é um processo contínuo e
transdisciplinar, e a ação intersetorial. sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de da-
Para isso pode ser necessário realizar de ações de atenção à dos sobre eventos relacionados à saúde, visando ao planejamento
saúde nos estabelecimentos de Atenção Básica à saúde, no domi- e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção
cílio, em locais do território (salões comunitários, escolas, creches, da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e
praças, etc.) e outros espaços que comportem a ação planejada. doenças, bem como para a promoção da saúde.
18
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas atribuições As equipes que atuam na AB deverão manter atualizadas as in-
de todos os profissionais da Atenção Básica e envolvem práticas e formações para construção dos indicadores estabelecidos pela ges-
processos de trabalho voltados para: tão, com base nos parâmetros pactuados alimentando, de forma
a. vigilância da situação de saúde da população, com análises digital, o sistema de informação de Atenção Básica vigente;
que subsidiem o planejamento, estabelecimento de prioridades e XVII - Implantar estratégias de Segurança do Paciente na AB,
estratégias, monitoramento e avaliação das ações de saúde pública; estimulando prática assistencial segura, envolvendo os pacientes na
b. detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a segurança, criando mecanismos para evitar erros, garantir o cuida-
resposta de saúde pública; do centrado na pessoa, realizando planos locais de segurança do
c. vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis; paciente, fornecendo melhoria contínua relacionando a identifica-
e ção, a prevenção, a detecção e a redução de riscos.
d. vigilância das violências, das doenças crônicas não transmis- XVIII - Apoio às estratégias de fortalecimento da gestão local
síveis e acidentes. e do controle social, participando dos conselhos locais de saúde
A AB e a Vigilância em Saúde deverão desenvolver ações inte- de sua área de abrangência, assim como, articular e incentivar a
gradas visando à promoção da saúde e prevenção de doenças nos participação dos trabalhadores e da comunidade nas reuniões dos
territórios sob sua responsabilidade. Todos profissionais de saúde conselhos locais e municipal; e
deverão realizar a notificação compulsória e conduzir a investigação
XIX - Formação e Educação Permanente em Saúde, como parte
dos casos suspeitos ou confirmados de doenças, agravos e outros
do processo de trabalho das equipes que atuam na Atenção Básica.
eventos de relevância para a saúde pública, conforme protocolos e
Considera-se Educação Permanente em Saúde (EPS) a aprendiza-
normas vigentes.
gem que se desenvolve no trabalho, onde o aprender e o ensinar se
Compete à gestão municipal reorganizar o território, e os pro-
cessos de trabalho de acordo com a realidade local. incorporam ao cotidiano das organizações e do trabalho, baseando-
A integração das ações de Vigilância em Saúde com Atenção -se na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar
Básica, pressupõe a reorganização dos processos de trabalho da as práticas dos trabalhadores da saúde. Nesse contexto, é impor-
equipe, a integração das bases territoriais (território único), pre- tante que a EPS se desenvolva essencialmente em espaços institu-
ferencialmente e rediscutir as ações e atividades dos agentes co- cionalizados, que sejam parte do cotidiano das equipes (reuniões,
munitários de saúde e do agentes de combate às endemias, com fóruns territoriais, entre outros), devendo ter espaço garantido na
definição de papéis e responsabilidades. carga horária dos trabalhadores e contemplar a qualificação de to-
A coordenação deve ser realizada por profissionais de nível su- dos da equipe multiprofissional, bem como os gestores.
perior das equipes que atuam na Atenção Básica. Algumas estratégias podem se aliar a esses espaços institucio-
XIII - Desenvolvimento de ações educativas por parte das equi- nais em que equipe e gestores refletem, aprendem e transformam
pes que atuam na AB, devem ser sistematizadas de forma que pos- os processos de trabalho no dia-a-dia, de modo a potencializá-los,
sam interferir no processo de saúde-doença da população, no de- tais como Cooperação Horizontal, Apoio Institucional, Tele Educa-
senvolvimento de autonomia, individual e coletiva, e na busca por ção, Formação em Saúde.
qualidade de vida e promoção do autocuidado pelos usuários. Entende-se que o apoio institucional deve ser pensado como
XIV - Desenvolver ações intersetoriais, em interlocução com uma função gerencial que busca a reformulação do modo tradicio-
escolas, equipamentos do SUAS, associações de moradores, equi- nal de se fazer coordenação, planejamento, supervisão e avaliação
pamentos de segurança, entre outros, que tenham relevância na em saúde. Ele deve assumir como objetivo a mudança nas organi-
comunidade, integrando projetos e redes de apoio social, voltados zações, tomando como matéria-prima os problemas e tensões do
para o desenvolvimento de uma atenção integral; cotidiano Nesse sentido, pressupõe-se o esforço de transformar
XV - Implementação de diretrizes de qualificação dos modelos os modelos de gestão verticalizados em relações horizontais que
de atenção e gestão, tais como, a participação coletiva nos proces- ampliem a democratização, autonomia e compromisso dos traba-
sos de gestão, a valorização, fomento a autonomia e protagonismo lhadores e gestores, baseados em relações contínuas e solidárias.
dos diferentes sujeitos implicados na produção de saúde, autocui- A Formação em Saúde, desenvolvida por meio da relação entre
dado apoiado, o compromisso com a ambiência e com as condi- trabalhadores da AB no território (estágios de graduação e residên-
ções de trabalho e cuidado, a constituição de vínculos solidários, a
cias, projetos de pesquisa e extensão, entre outros), beneficiam AB
identificação das necessidades sociais e organização do serviço em
e instituições de ensino e pesquisa, trabalhadores, docentes e dis-
função delas, entre outras;
centes e, acima de tudo, a população, com profissionais de saúde
XVI - Participação do planejamento local de saúde, assim como
mais qualificados para a atuação e com a produção de conhecimen-
do monitoramento e a avaliação das ações na sua equipe, unidade
e município; visando à readequação do processo de trabalho e do to na AB. Para o fortalecimento da integração entre ensino, serviços
planejamento frente às necessidades, realidade, dificuldades e pos- e comunidade no âmbito do SUS, destaca-se a estratégia de cele-
sibilidades analisadas. bração de instrumentos contratuais entre instituições de ensino e
O planejamento ascendente das ações de saúde deverá ser serviço, como forma de garantir o acesso a todos os estabelecimen-
elaborado de forma integrada nos âmbitos das equipes, dos mu- tos de saúde sob a responsabilidade do gestor da área de saúde
nicípios, das regiões de saúde e do Distrito Federal, partindo-se do como cenário de práticas para a formação no âmbito da graduação
reconhecimento das realidades presentes no território que influen- e da residência em saúde no SUS, bem como de estabelecer atri-
ciam a saúde, condicionando as ofertas da Rede de Atenção Saúde buições das partes relacionadas ao funcionamento da integração
de acordo com a necessidade/demanda da população, com base ensino-serviço- comunidade.
em parâmetros estabelecidos em evidências científicas, situação
epidemiológica, áreas de risco e vulnerabilidade do território ads-
crito.
As ações em saúde planejadas e propostas pelas equipes deve-
rão considerar o elenco de oferta de ações e de serviços prestados
na AB, os indicadores e parâmetros, pactuados no âmbito do SUS.
19
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Além dessas ações que se desenvolvem no cotidiano das equi- 1. Equipe de Saúde da Família (eSF): os valores dos incentivos
pes, de forma complementar, é possível oportunizar processos for- financeiros para as equipes de Saúde da Família implantadas serão
mativos com tempo definido, no intuito de desenvolver reflexões, prioritário e superior, transferidos a cada mês, tendo como base o
conhecimentos, competências, habilidades e atitudes específicas, número de equipe de Saúde da Família (eSF) registrados no sistema
através dos processos de Educação Continuada, igualmente como de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva com-
estratégia para a qualificação da AB. As ofertas educacionais de- petência financeira.
vem, de todo modo, ser indissociadas das temáticas relevantes para O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi-
a Atenção Básica e da dinâmica cotidiana de trabalho dos profissio- pes de Saúde da Família será publicado em portaria específica
nais. 2. Equipe de Atenção Básica (eAB): os valores dos incentivos
financeiros para as equipes de Atenção Básica (eAB) implantadas
6. DO FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE ATENÇÃO BÁSICA serão transferidos a cada mês, tendo como base o número de equi-
pe de Atenção Básica (eAB) registrados no Sistema de Cadastro Na-
cional de Estabelecimentos de Saúde vigente no mês anterior ao da
O financiamento da Atenção Básica deve ser tripartite e com
respectiva competência financeira.
detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de Saúde garan-
O percentual de financiamento das equipes de Atenção Básica
tido nos instrumentos conforme especificado no Plano Nacional,
(eAB), será definido pelo Ministério da Saúde, a depender da dispo-
Estadual e Municipal de gestão do SUS. No âmbito federal, o mon-
nibilidade orçamentária e demanda de credenciamento.
tante de recursos financeiros destinados à viabilização de ações de 1. Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os valores dos incentivos finan-
Atenção Básica à saúde compõe o bloco de financiamento de Aten- ceiros quando as equipes de Saúde da Família (eSF) e/ou Atenção
ção Básica (Bloco AB) e parte do bloco de financiamento de inves- Básica (eAB) forem compostas por profissionais de Saúde Bucal,
timento e seus recursos deverão ser utilizados para financiamento serão transferidos a cada mês, o valor correspondente a modali-
das ações de Atenção Básica. dade, tendo como base o número de equipe de Saúde Bucal (eSB)
Os repasses dos recursos da AB aos municípios são efetuados registrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos
em conta aberta especificamente para este fim, de acordo com a de Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência fi-
normatização geral de transferências de recursos fundo a fundo do nanceira.
Ministério da Saúde com o objetivo de facilitar o acompanhamento 1. O repasse mensal dos recursos para o custeio das Equipes de
pelos Conselhos de Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e Saúde Bucal será publicado em portaria específica.
do Distrito Federal. 1. Equipe Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e Fluviais
O financiamento federal para as ações de Atenção Básica deve- 4.1. Equipes Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): os valores dos
rá ser composto por: incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Ribeiri-
I - Recursos per capita; que levem em consideração aspectos nhas (eSFR) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como
sociodemográficos e epidemiológicos; base o número de equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) re-
II - Recursos que estão condicionados à implantação de estra- gistrados no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior
tégias e programas da Atenção Básica, tais como os recursos espe- ao da respectiva competência financeira.
cíficos para os municípios que implantarem, as equipes de Saúde O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi-
da Família (eSF), as equipes de Atenção Básica (eAB), as equipes de pes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) será publicado em por-
Saúde Bucal (eSB), de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), dos taria específica e poderá ser agregado um valor nos casos em que a
Núcleos Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB), equipe necessite de transporte fluvial para acessar as comunidades
dos Consultórios na Rua (eCR), de Saúde da Família Fluviais (eSFF) ribeirinhas adscritas para execução de suas atividades.
e Ribeirinhas (eSFR) e Programa Saúde na Escola e Programa Aca- 4.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): os valores dos
demia da Saúde; incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Fluviais
(eSFF) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como base
III - Recursos condicionados à abrangência da oferta de ações
o número de Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) registrados
e serviços;
no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res-
IV - Recursos condicionados ao desempenho dos serviços de
pectiva competência financeira.
Atenção Básica com parâmetros, aplicação e comparabilidade na-
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das Uni-
cional, tal como o Programa de Melhoria de Acesso e Qualidade; dades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em portaria especí-
V - Recursos de investimento; fica. Assim como, os critérios mínimos para o custeio das Unidades
Os critérios de alocação dos recursos da AB deverão se ajustar preexistentes ao Programa de Construção de Unidades Básicas de
conforme a regulamentação de transferência de recursos federais Saúde Fluviais.
para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde no âm- 4.3. Equipes Consultório na Rua (eCR)
bito do SUS, respeitando especificidades locais, e critério definido Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos Con-
na LC 141/2012. sultórios na Rua (eCR) implantadas serão transferidos a cada mês,
I - Recurso per capita: tendo como base a modalidade e o número de equipes cadastradas
O recurso per capita será transferido mensalmente, de forma no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res-
regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Mu- pectiva competência financeira.
nicipais de Saúde e do Distrito Federal com base num valor multipli- Os valores do repasse mensal que as equipes dos Consultórios
cado pela população do Município. na Rua (eCR) farão jus será definido em portaria específica.
A população de cada município e do Distrito Federal será a po- 5. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NAS-
pulação definida pelo IBGE e publicada em portaria específica pelo F-AB) O valor do incentivo federal para o custeio de cada NASFAB,
Ministério da Saúde. dependerá da sua modalidade (1, 2 ou 3) e será determinado em
II - Recursos que estão condicionados à implantação de estraté- portaria específica. Os valores dos incentivos financeiros para os
gias e programas da Atenção Básica NASF-AB implantados serão transferidos a cada mês, tendo como
base o número de NASF-AB cadastrados no SCNES vigente.
20
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
6. Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) 1. Suspensão do repasse de recursos do Bloco da Atenção Bá-
Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de ACS sica
(EACS) implantadas são transferidos a cada mês, tendo como base O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de recursos da
o número de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), registrados no Atenção Básica aos municípios e ao Distrito Federal, quando:
sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respec- I - Não houver alimentação regular, por parte dos municípios e
tiva competência financeira. Será repassada uma parcela extra, no do Distrito Federal, dos bancos de dados nacionais de informação,
último trimestre de cada ano, cujo valor será calculado com base no como:
número de Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadas- a. inconsistência no Sistema de Cadastro Nacional de Estabele-
tro de equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano cimentos de Saúde (SCNES) por duplicidade de profissional, ausên-
vigente. cia de profissional da equipe mínima ou erro no registro, conforme
A efetivação da transferência dos recursos financeiros descritos normatização vigente; e
no item B tem por base os dados de alimentação obrigatória do b. não envio de informação (produção) por meio de Sistema de
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, cuja Informação da Atenção Básica vigente por três meses consecutivos,
responsabilidade de manutenção e atualização é dos gestores dos conforme normativas específicas.
estados, do Distrito Federal e dos municípios, estes devem transfe- - identificado, por meio de auditoria federal, estadual e munici-
rir os dados mensalmente, para o Ministério da Saúde, de acordo pal, malversação ou desvio de finalidade na utilização dos recursos.
com o cronograma definido anualmente pelo SCNES. Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes ao item
III - Do credenciamento II: O Ministério da Saúde suspenderá os repasses dos incentivos
Para a solicitação de credenciamento dos Serviços e de todas as referentes às equipes e aos serviços citados acima, nos casos em
equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios e Distrito que forem constatadas, por meio do monitoramento e/ou da su-
Federal, deve-se obedecer aos seguintes critérios: pervisão direta do Ministério da Saúde ou da Secretaria Estadual
I - Elaboração da proposta de projeto de credenciamento das de Saúde ou por auditoria do DENASUS ou dos órgãos de controle
equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios/Distrito competentes, qualquer uma das seguintes situações:
Federal; I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada para o
a. O Ministério da Saúde disponibilizará um Manual com as trabalho das equipes e/ou;
orientações para a elaboração da proposta de projeto, consideran- II - ausência, por um período superior a 60 dias, de qualquer
do as diretrizes da Atenção Básica; um dos profissionais que compõem as equipes descritas no item B,
com exceção dos períodos em que a contratação de profissionais
b. A proposta do projeto de credenciamento das equipes que
esteja impedida por legislação específica, e/ou;
atuam na Atenção Básica deverá estar aprovada pelo respectivo
III - descumprimento da carga horária mínima prevista para os
Conselho de Saúde Municipal ou Conselho de Saúde do Distrito Fe-
profissionais das equipes; e < >- ausência de alimentação regular de
deral; e
dados no Sistema de Informação da Atenção Básica vigente.
c. As equipes que atuam na Atenção Básica que receberão in-
Especificamente para as equipes de saúde da família (eSF) e
centivo de custeio fundo a fundo devem estar inseridas no plano de
equipes de Atenção Básica (eAB) com os profissionais de saúde bu-
saúde e programação anual.
cal.
II - Após o recebimento da proposta do projeto de credencia-
As equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de Atenção
mento das eABs, as Secretarias Estaduais de Saúde, conforme prazo Básica (eAB) que sofrerem suspensão de recurso, por falta de pro-
a ser publicado em portaria específica, deverão realizar: fissional conforme previsto acima, poderão manter os incentivos
a. Análise e posterior encaminhamento das propostas para financeiros específicos para saúde bucal, conforme modalidade de
aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB); e implantação.
b. após aprovação na CIB, encaminhar, ao Ministério da Saúde, Parágrafo único: A suspensão será mantida até a adequação
a Resolução com o número de equipes por estratégia e modalida- das irregularidades identificadas.
des, que pleiteiam recebimento de incentivos financeiros da aten- 6.2-Solicitação de crédito retroativo dos recursos suspensos
ção básica. Considerando a ocorrência de problemas na alimentação do
Parágrafo único: No caso do Distrito Federal a proposta de pro- SCNES e do sistema de informação vigente, por parte dos estados,
jeto de credenciamento das equipes que atuam na Atenção Básica Distrito Federal e dos municípios, o Ministério da Saúde poderá efe-
deverá ser diretamente encaminhada ao Departamento de Atenção tuar crédito retroativo dos incentivos financeiros deste recurso va-
Básica do Ministério da Saúde. riável. A solicitação de retroativo será válida para análise desde que
III - O Ministério da Saúde realizará análise do pleito da Reso- a mesma ocorra em até 6 meses após a competência financeira de
lução CIB ou do Distrito Federal de acordo com o teto de equipes, suspensão. Para solicitar os créditos retroativos, os municípios e o
critérios técnicos e disponibilidade orçamentária; e Distrito Federal deverão:
IV - Após a publicação de Portaria de credenciamento das no- - preencher o formulário de solicitação, conforme será disponi-
vas equipes no Diário Oficial da União, a gestão municipal deverá bilizado em manual específico;- realizar as adequações necessárias
cadastrar a(s) equipe(s) no Sistema de Cadastro Nacional de Esta- nos sistemas vigentes (SCNES e/ou SISAB) que justifiquem o plei-
belecimento de Saúde , num prazo máximo de 4 (quatro) meses, a to de retroativo; enviar ofício à Secretaria de Saúde de seu estado,
contar a partir da data de publicação da referida Portaria, sob pena pleiteando o crédito retroativo , acompanhado do anexo referido
de descredenciamento da(s) equipe(s) caso esse prazo não seja no item I e documentação necessária a depender do motivo da sus-
cumprido. pensão.
Para recebimento dos incentivos correspondentes às equipes Parágrafo único: as orientações sobre a documentação a ser
que atuam na Atenção Básica, efetivamente credenciadas em por- encaminhada na solicitação de retroativo constarão em manual es-
taria e cadastradas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabeleci- pecífico a ser publicado.
mentos de Saúde, os Municípios/Distrito Federal, deverão alimen-
tar os dados no sistema de informação da Atenção Básica vigente,
comprovando, obrigatoriamente, o início e execução das atividades.
21
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a docu- § 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade especial aos
mentação recebida dos municípios, deverão encaminhar ao Depar- maiores de oitenta anos, atendendo-se suas necessidades sempre
tamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde, Mi- preferencialmente em relação aos demais idosos. (Incluído pela Lei
nistério da Saúde (DAB/SAS/MS), a solicitação de complementação nº 13.466, de 2017)
de crédito dos incentivos tratados nesta Portaria, acompanhada dos Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negli-
documentos referidos nos itens I e II. Nos casos em que o solicitante gência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo
de crédito retroativo for o Distrito Federal, o ofício deverá ser enca- atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na
minhado diretamente ao DAB/SAS/MS. forma da lei.
O DAB/SAS/MS procederá à análise das solicitações recebidas, § 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direi-
verificando a adequação da documentação enviada e dos sistemas tos do idoso.
de informação vigentes (SCNES e/ou SISAB), bem como a pertinên- § 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da preven-
cia da justificativa do gestor, para deferimento ou não da solicitação. ção outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção importará
em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei.
ESTATUTO DO IDOSO. BRASIL. LEI N° 10.741, DE 1° DE Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade
OUTUBRO DE 2003. DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DO competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha teste-
IDOSO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS munhado ou de que tenha conhecimento.
Art. 7o Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal
LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003. e Municipais do Idoso, previstos na Lei no 8.842, de 4 de janeiro
de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. nesta Lei.
TÍTULO II
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I
DO DIREITO À VIDA
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua
proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação vi-
Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os gente.
direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a prote-
(sessenta) anos. ção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públi-
Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais ineren- cas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de
tes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que tra- dignidade.
ta esta Lei, assegurando-se lhe, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e CAPÍTULO II
mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
em condições de liberdade e dignidade.
Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à
e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa
efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais,
cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à garantidos na Constituição e nas leis.
dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. § 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguin-
§ 1º A garantia de prioridade compreende: (Redação dada pela tes aspectos:
Lei nº 13.466, de 2017) I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espa-
I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto ços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; II – opinião e expressão;
II – preferência na formulação e na execução de políticas so- III – crença e culto religioso;
ciais públicas específicas; IV – prática de esportes e de diversões;
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas re- V – participação na vida familiar e comunitária;
lacionadas com a proteção ao idoso; VI – participação na vida política, na forma da lei;
IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupa- VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
ção e convívio do idoso com as demais gerações; § 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte-
V – priorização do atendimento do idoso por sua própria fa- gridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da ima-
mília, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a gem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças, dos
possuam ou careçam de condições de manutenção da própria so- espaços e dos objetos pessoais.
brevivência; § 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas -o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizan-
de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; te, vexatório ou constrangedor.
VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divul-
gação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biop- CAPÍTULO III
sicossociais de envelhecimento; DOS ALIMENTOS
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de as-
sistência social locais. IX – prioridade no recebimento da restituição Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da
do Imposto de Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008). lei civil.
22
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável
optar entre os prestadores. pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento do
Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser cele- idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito.
bradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades
referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de saúde
nos termos da lei processual civil. (Redação dada pela Lei nº 11.737, que lhe for reputado mais favorável.
de 2008) Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proce-
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem condições der à opção, esta será feita:
econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
esse provimento, no âmbito da assistência social. II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este
não puder ser contatado em tempo hábil;
CAPÍTULO IV III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não
DO DIREITO À SAÚDE houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar;
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou fami-
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, liar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério
por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe Público.
o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios
das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e re- mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promoven-
cuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que do o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como
afetam preferencialmente os idosos. orientação a cuidadores familiares e grupos de autoajuda.
§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência pra-
efetivadas por meio de: ticada contra idosos serão objeto de notificação compulsória pelos
I – cadastramento da população idosa em base territorial; serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, bem
II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios; como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especiali- dos seguintes órgãos: (Redação dada pela Lei nº 12.461, de 2011)
zado nas áreas de geriatria e gerontologia social; I – autoridade policial;
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a II – Ministério Público;
população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se loco- III – Conselho Municipal do Idoso;
mover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições IV – Conselho Estadual do Idoso;
públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente con- V – Conselho Nacional do Idoso.
veniadas com o Poder Público, nos meios urbano e rural; § 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o
V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para idoso qualquer ação ou omissão praticada em local público ou pri-
redução das sequelas decorrentes do agravo da saúde. vado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
§ 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuita- (Incluído pela Lei nº 12.461, de 2011)
mente, medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim § 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória pre-
como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, vista no caput deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de 30 de
habilitação ou reabilitação. outubro de 1975. (Incluído pela Lei nº 12.461, de 2011)
§ 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde
pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade.
CAPÍTULO V
§ 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limitação inca-
DA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER
pacitante terão atendimento especializado, nos termos da lei.
§ 5o É vedado exigir o comparecimento do idoso enfermo pe-
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer,
rante os órgãos públicos, hipótese na qual será admitido o seguinte
diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua pe-
procedimento: (Incluído pela Lei nº 12.896, de 2013)
culiar condição de idade.
I - quando de interesse do poder público, o agente promoverá o
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do
contato necessário com o idoso em sua residência; ou (Incluído pela
Lei nº 12.896, de 2013) idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará repre- didático aos programas educacionais a ele destinados.
sentar por procurador legalmente constituído. (Incluído pela Lei nº § 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo
12.896, de 2013) às técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecno-
§ 6o É assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar lógicos, para sua integração à vida moderna.
pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, § 2o Os idosos participarão das comemorações de caráter cí-
pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, vico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vivências às
contratado ou conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde demais gerações, no sentido da preservação da memória e da iden-
- SUS, para expedição do laudo de saúde necessário ao exercício tidade culturais.
de seus direitos sociais e de isenção tributária. (Incluído pela Lei nº Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino
12.896, de 2013) formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhe-
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de oitenta cimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o
anos terão preferência especial sobre os demais idosos, exceto em preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria.
caso de emergência. (Incluído pela Lei nº 13.466, de 2017). Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50%
direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, cultu-
condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, rais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos res-
segundo o critério médico. pectivos locais.
23
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou ho- Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, efe-
rários especiais voltados aos idosos, com finalidade informativa, tuado com atraso por responsabilidade da Previdência Social, será
educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de en- atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos dos
velhecimento. benefícios do Regime Geral de Previdência Social, verificado no pe-
Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão às pes- ríodo compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e o mês
soas idosas, na perspectiva da educação ao longo da vida, cursos e do efetivo pagamento.
programas de extensão, presenciais ou a distância, constituídos por Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data-base
atividades formais e não formais. (Redação dada pela lei nº 13.535, dos aposentados e pensionistas.
de 2017)
Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de univer- CAPÍTULO VIII
sidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao
idoso, que facilitem a leitura, considerada a natural redução da ca- Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de forma
pacidade visual. (Incluído pela lei nº 13.535, de 2017) articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos na Lei Orgâ-
nica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema
CAPÍTULO VI Único de Saúde e demais normas pertinentes.
DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TRABALHO Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que
não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la pro-
Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profis- vida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um)
sional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas. salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social –
Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou em- Loas. (Vide Decreto nº 6.214, de 2007)
prego, é vedada a discriminação e a fixação de limite máximo de Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro
idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a na- da família nos termos do caput não será computado para os fins do
tureza do cargo o exigir. cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em con- Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casalar,
curso público será a idade, dando-se preferência ao de idade mais são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a pes-
elevada. soa idosa abrigada.
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de: § 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casalar, é facultada
I – profissionalização especializada para os idosos, aproveitan- a cobrança de participação do idoso no custeio da entidade.
do seus potenciais e habilidades para atividades regulares e remu- § 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal
neradas; da Assistência Social estabelecerá a forma de participação previs-
II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com ta no § 1o, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de
antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos qualquer benefício previdenciário ou de assistência social percebi-
projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento so- do pelo idoso.
bre os direitos sociais e de cidadania; § 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante
III – estímulo às empresas privadas para admissão de idosos legal firmar o contrato a que se refere o caput deste artigo.
ao trabalho. Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco social,
por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência econômi-
CAPÍTULO VII ca, para os efeitos legais. (Vigência)
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
CAPÍTULO IX
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime DA HABITAÇÃO
Geral da Previdência Social observarão, na sua concessão, critérios
de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da famí-
incidiram contribuição, nos termos da legislação vigente. lia natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares,
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou pri-
serão reajustados na mesma data de reajuste do salário-mínimo, vada.
pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do seu § 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa
último reajustamento, com base em percentual definido em regu- permanência será prestada quando verificada inexistência de grupo
lamento, observados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, de familiar, casalar, abandono ou carência de recursos financeiros pró-
24 de julho de 1991. prios ou da família.
Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada § 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica
para a concessão da aposentadoria por idade, desde que a pessoa obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de inter-
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente dição, além de atender toda a legislação pertinente.
ao exigido para efeito de carência na data de requerimento do be- § 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a man-
nefício. ter padrões de habitação compatíveis com as necessidades deles,
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto no bem como provê-los com alimentação regular e higiene indispen-
caput observará o disposto no caput e § 2o do art. 3o da Lei no 9.876, sáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas
de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários-de-contri- da lei.
buição recolhidos a partir da competência de julho de 1994, o dis- Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados
posto no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991. com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de
imóvel para moradia própria, observado o seguinte:
24
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades CAPÍTULO II
habitacionais residenciais para atendimento aos idosos; (Redação DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
dada pela Lei nº 12.418, de 2011)
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários vol- Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei
tados ao idoso; poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e levarão em
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento dos vín-
garantia de acessibilidade ao idoso; culos familiares e comunitários.
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimen- Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43,
tos de aposentadoria e pensão. o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele,
Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas para poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
atendimento a idosos devem situar-se, preferencialmente, no pavi- I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de
mento térreo. (Incluído pela Lei nº 12.419, de 2011) responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
CAPÍTULO X III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime am-
DO TRANSPORTE bulatorial, hospitalar ou domiciliar;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica asse- orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas
gurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe
e semiurbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando cause perturbação;
prestados paralelamente aos serviços regulares. V – abrigo em entidade;
§ 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente VI – abrigo temporário.
qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade.
§ 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este ar- TÍTULO IV
tigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO
idosos, devidamente identificados com a placa de reservado prefe- CAPÍTULO I
rencialmente para idosos. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre
60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério da legisla- Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio
ção local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos do conjunto articulado de ações governamentais e não-governa-
meios de transporte previstos no caput deste artigo. mentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual obser- Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:
var-se-á, nos termos da legislação específica: (Regulamento) (Vide I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de 4 de
Decreto nº 5.934, de 2006) janeiro de 1994;
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos II – políticas e programas de assistência social, em caráter su-
com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos; pletivo, para aqueles que necessitarem;
II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no va- III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas
lor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas, de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opres-
com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos. são;
IV – serviço de identificação e localização de parentes ou res-
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os
ponsáveis por idosos abandonados em hospitais e instituições de
mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos previstos
longa permanência;
nos incisos I e II.
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direi-
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da
tos dos idosos;
lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos
VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação
públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a
dos diversos segmentos da sociedade no atendimento do idoso.
garantir a melhor comodidade ao idoso.
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança do idoso
CAPÍTULO II
nos procedimentos de embarque e desembarque nos veículos do DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO
sistema de transporte coletivo. (Redação dada pela Lei nº 12.899,
de 2013) Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela
manutenção das próprias unidades, observadas as normas de pla-
TÍTULO III nejamento e execução emanadas do órgão competente da Política
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO Nacional do Idoso, conforme a Lei no 8.842, de 1994.
CAPÍTULO I Parágrafo único. As entidades governamentais e não-governa-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS mentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus
programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e
Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sem- Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Conse-
pre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou lho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes
violados: de atendimento, observados os seguintes requisitos:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de ha-
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade bitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
de atendimento; II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho com-
III – em razão de sua condição pessoal. patíveis com os princípios desta Lei;
III – estar regularmente constituída;
25
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes. CAPÍTULO III
Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institu- DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
cionalização de longa permanência adotarão os seguintes princí-
pios: Art. 52. As entidades governamentais e não-governamentais
I – preservação dos vínculos familiares; de atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos Conselhos do Ido-
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos; so, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros previstos em lei.
III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar com
de força maior; a seguinte redação:
IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de ca- “Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta Lei
ráter interno e externo; a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a avaliação da
V – observância dos direitos e garantias dos idosos; política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias po-
VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de lítico-administrativas.» (NR)
ambiente de respeito e dignidade. Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas dos
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de aten- recursos públicos e privados recebidos pelas entidades de atendi-
dimento ao idoso responderá civil e criminalmente pelos atos que mento.
praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções admi- Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as
nistrativas. determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da responsa-
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento: bilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às seguin-
I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o ido- tes penalidades, observado o devido processo legal:
so, especificando o tipo de atendimento, as obrigações da entidade I – as entidades governamentais:
e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos preços, a) advertência;
se for o caso; b) afastamento provisório de seus dirigentes;
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
idosos; d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação II – as entidades não-governamentais:
suficiente; a) advertência;
IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de b) multa;
habitabilidade; c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;
V – oferecer atendimento personalizado; d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos fami- e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse pú-
liares;
blico.
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de
§ 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de
visitas;
fraude em relação ao programa, caberá o afastamento provisório
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade
dos dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do pro-
do idoso;
grama.
IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e
§ 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas
de lazer;
ocorrerá quando verificada a má aplicação ou desvio de finalidade
X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
dos recursos.
acordo com suas crenças;
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso; § 3o Na ocorrência de infração por entidade de atendimento,
XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocor- que coloque em risco os direitos assegurados nesta Lei, será o fato
rência de idoso portador de doenças infectocontagiosas; comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis,
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requi- inclusive para promover a suspensão das atividades ou dissolução
site os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles da entidade, com a proibição de atendimento a idosos a bem do
que não os tiverem, na forma da lei; interesse público, sem prejuízo das providências a serem tomadas
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que pela Vigilância Sanitária.
receberem dos idosos; § 4o Na aplicação das penalidades, serão consideradas a natu-
XV – manter arquivo de anotações onde constem data e cir- reza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provie-
cunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável, parentes, rem para o idoso, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como o valor antecedentes da entidade.
de contribuições, e suas alterações, se houver, e demais dados que
possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento; CAPÍTULO IV
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos
familiares; Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as deter-
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com forma- minações do art. 50 desta Lei:
ção específica. Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00
Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos pres- (três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime, poden-
tadoras de serviço ao idoso terão direito à assistência judiciária gra- do haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas
tuita. as exigências legais.
Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de
longa permanência, os idosos abrigados serão transferidos para ou-
tra instituição, a expensas do estabelecimento interditado, enquan-
to durar a interdição.
26
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformida-
estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência de de do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de instrução e
comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra ido- julgamento, deliberando sobre a necessidade de produção de ou-
so de que tiver conhecimento: tras provas.
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 § 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério
(três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência. Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações finais, decidin-
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a do a autoridade judiciária em igual prazo.
prioridade no atendimento ao idoso: § 2o Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária ofi-
(um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o ciará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afas-
dano sofrido pelo idoso. tado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para proceder
à substituição.
CAPÍTULO V § 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judi-
DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades verifi-
ÀS NORMAS DE PROTEÇÃO AO IDOSO cadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julga-
mento do mérito.
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão § 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
atualizados anualmente, na forma da lei. entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento.
Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade ad-
ministrativa por infração às normas de proteção ao idoso terá início TÍTULO V
com requisição do Ministério Público ou auto de infração elaborado DO ACESSO À JUSTIÇA
por servidor efetivo e assinado, se possível, por duas testemunhas. CAPÍTULO I
§ 1o No procedimento iniciado com o auto de infração poderão DISPOSIÇÕES GERAIS
ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as cir-
cunstâncias da infração. Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Capí-
§ 2o Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á tulo, o procedimento sumário previsto no Código de Processo Civil,
a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e qua-
naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei.
tro) horas, por motivo justificado.
Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas e
Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apresen-
exclusivas do idoso.
tação da defesa, contado da data da intimação, que será feita:
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos
I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for
e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em
lavrado na presença do infrator;
que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou
II – por via postal, com aviso de recebimento.
superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância.
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do idoso, a auto-
§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este
ridade competente aplicará à entidade de atendimento as sanções
regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências que artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à autori-
vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas demais ins- dade judiciária competente para decidir o feito, que determinará
tituições legitimadas para a fiscalização. as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância
Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a em local visível nos autos do processo.
saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade competente aplicará § 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, es-
à entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem preju- tendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou com-
ízo da iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo panheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.
Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a § 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos na
fiscalização. Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e
instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defen-
CAPÍTULO VI soria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação
DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES aos Serviços de Assistência Judiciária.
EM ENTIDADE DE ATENDIMENTO § 4o Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o
fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a destinação a
Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento ad- idosos em local visível e caracteres legíveis.
ministrativo de que trata este Capítulo as disposições das Leis nos § 5º Dentre os processos de idosos, dar-se-á prioridade espe-
6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de 1999. cial aos maiores de oitenta anos. (Incluído pela Lei nº 13.466, de
Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em 2017).
entidade governamental e não-governamental de atendimento ao
idoso terá início mediante petição fundamentada de pessoa inte- CAPÍTULO II
ressada ou iniciativa do Ministério Público. DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária,
ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento Art. 72. (VETADO)
provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei,
adequadas, para evitar lesão aos direitos do idoso, mediante deci- serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica.
são fundamentada. Art. 74. Compete ao Ministério Público:
Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a prote-
10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documen- ção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indis-
tos e indicar as provas a produzir. poníveis e individuais homogêneos do idoso;
27
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdi- I – acesso às ações e serviços de saúde;
ção total ou parcial, de designação de curador especial, em circuns- II – atendimento especializado ao idoso portador de deficiên-
tâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos em cia ou com limitação incapacitante;
que se discutam os direitos de idosos em condições de risco; III – atendimento especializado ao idoso portador de doença
III – atuar como substituto processual do idoso em situação de infectocontagiosa;
risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei; IV – serviço de assistência social visando ao amparo do idoso.
IV – promover a revogação de instrumento procuratório do Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não ex-
idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando necessá- cluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos, in-
rio ou o interesse público justificar; dividuais indisponíveis ou homogêneos, próprios do idoso, prote-
V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo: gidos em lei.
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimen- Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
tos e, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa no- foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá competência absoluta
tificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Fe-
ou Militar; deral e a competência originária dos Tribunais Superiores.
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos,
autoridades municipais, estaduais e federais, da administração di- coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se
reta e indireta, bem como promover inspeções e diligências inves- legitimados, concorrentemente:
tigatórias; I – o Ministério Público;
c) requisitar informações e documentos particulares de insti- II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
tuições privadas; III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1
e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou (um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos
infrações às normas de proteção ao idoso; interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da
VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assembleia, se houver prévia autorização estatutária.
assegurados ao idoso, promovendo as medidas judiciais e extraju- § 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
diciais cabíveis;
Públicos da União e dos Estados na defesa dos interesses e direitos
VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de aten-
de que cuida esta Lei.
dimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto
§ 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por asso-
as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
ciação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado deverá
irregularidades porventura verificadas;
IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos ser- assumir a titularidade ativa.
viços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos, para Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por
o desempenho de suas atribuições; esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação pertinentes.
X – referendar transações envolvendo interesses e direitos dos Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade
idosos previstos nesta Lei. pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições de
§ 1o A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei,
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó- caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do
teses, segundo dispuser a lei. mandado de segurança.
§ 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri-
desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do Ministério gação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da
Público. obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
§ 3o O representante do Ministério Público, no exercício de prático equivalente ao adimplemento.
suas funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento ao § 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
idoso. justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte, conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na for-
atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos ma do art. 273 do Código de Processo Civil.
e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos § 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, impor
autos depois das partes, podendo juntar documentos, requerer di- multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for
ligências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis. suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável
Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, para o cumprimento do preceito.
será feita pessoalmente. § 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a reque- se houver configurado.
rimento de qualquer interessado. Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao
Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo Municipal
CAPÍTULO III
de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento ao idoso.
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, COLE-
Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias
TIVOS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS
após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por meio de
Art. 78. As manifestações processuais do representante do Mi- execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos,
nistério Público deverão ser fundamentadas. facultada igual iniciativa aos demais legitimados em caso de inércia
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de res- daquele.
ponsabilidade por ofensa aos direitos assegurados ao idoso, refe- Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,
rentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de: para evitar dano irreparável à parte.
28
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser conde- CAPÍTULO II
nação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa de peças à DOS CRIMES EM ESPÉCIE
autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão. Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública
Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código
da sentença condenatória favorável ao idoso sem que o autor lhe Penal.
promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada, Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando
igual iniciativa aos demais legitimados, como assistentes ou assu- seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao di-
mindo o pólo ativo, em caso de inércia desse órgão. reito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento ne-
Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adian- cessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:
tamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
outras despesas. § 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, me-
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério nosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.
Público. § 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se
Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.
a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações sobre Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível
os fatos que constituam objeto de ação civil e indicando-lhe os ele- fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recu-
mentos de convicção. sar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa,
Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública:
exercício de suas funções, quando tiverem conhecimento de fatos Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
que possam configurar crime de ação pública contra idoso ou ense- Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omis-
jar a propositura de ação para sua defesa, devem encaminhar as pe- são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta
ças pertinentes ao Ministério Público, para as providências cabíveis. a morte.
Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá re- Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, en-
querer às autoridades competentes as certidões e informações que tidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas
julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) dias. necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua presi- Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíqui-
público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, ca, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradan-
no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) tes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando
dias. obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inade-
§ 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as di- quado:
ligências, se convencer da inexistência de fundamento para a pro- Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
positura da ação civil ou de peças informativas, determinará o seu § 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
arquivamento, fazendo-o fundamentadamente. Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de informação ar- § 2o Se resulta a morte:
quivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Públi- Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) me-
co ou à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público. ses a 1 (um) ano e multa:
§ 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por
pelo Conselho Superior do Ministério Público ou por Câmara de Co- motivo de idade;
ordenação e Revisão do Ministério Público, as associações legitima- II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;
das poderão apresentar razões escritas ou documentos, que serão III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de
juntados ou anexados às peças de informação. prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;
§ 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de Coordena- IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo,
ção e Revisão do Ministério Público de homologar a promoção de a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude
arquivamento, será designado outro membro do Ministério Público esta Lei;
para o ajuizamento da ação. V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à
propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo
TÍTULO VI Ministério Público.
DOS CRIMES Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo mo-
CAPÍTULO I tivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que for
DISPOSIÇÕES GERAIS parte ou interveniente o idoso:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dispo- Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão
sições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985. ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação di-
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima pri- versa da de sua finalidade:
vativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o pro- Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
cedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso,
subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e como abrigado, por recusa deste em outorgar procuração à entida-
do Código de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF) de de atendimento:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
29
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa § 1o............................................................................
a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente
outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou res- ou maior de 60 (sessenta) anos.
sarcimento de dívida: ............................................................................” (NR)
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. “Art. 159............................................................................
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunica- ............................................................................
ção, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se
do idoso: o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos ............................................................................” (NR)
a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles “Art. 183............................................................................
dispor livremente: ............................................................................
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, superior a 60 (sessenta) anos.» (NR)
testar ou outorgar procuração: “Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem dis- trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos,
cernimento de seus atos, sem a devida representação legal: não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pa-
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. gamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou as-
TÍTULO VII cendente, gravemente enfermo:
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS ............................................................................” (NR)
Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do Mi- de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a vigorar acrescido do
nistério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador: seguinte parágrafo único:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. “Art. 21............................................................................
Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, ............................................................................
Código Penal, passa a vigorar com as seguintes alterações: Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a
“Art. 61. ............................................................................ metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” (NR)
............................................................................ Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de
II - ............................................................................ abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:
............................................................................ “Art. 1o ............................................................................
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mu- ............................................................................
lher grávida; § 4o ............................................................................
.............................................................................” (NR) II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
“Art. 121. ............................................................................
............................................................................” (NR)
............................................................................
Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de outubro
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um ter-
de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação:
ço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profis-
“Art. 18............................................................................
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro
............................................................................
à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge
III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar a meno-
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
res de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade igual ou superior
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa
a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por qualquer causa, diminu-
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. ída ou suprimida a capacidade de discernimento ou de autodeter-
.............................................................................” (NR) minação:
“Art. 133. ............................................................................ ............................................................................” (NR)
............................................................................ Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000,
§ 3o ............................................................................ passa a vigorar com a seguinte redação:
............................................................................ “Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.» (NR) idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactan-
“Art. 140. ............................................................................ tes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendi-
............................................................................ mento prioritário, nos termos desta Lei.» (NR)
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fun-
a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou do Nacional de Assistência Social, até que o Fundo Nacional do Ido-
portadora de deficiência: so seja criado, os recursos necessários, em cada exercício financei-
............................................................................ (NR) ro, para aplicação em programas e ações relativos ao idoso.
“Art. 141. ............................................................................ Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados rela-
............................................................................ tivos à população idosa do País.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacio-
deficiência, exceto no caso de injúria. nal projeto de lei revendo os critérios de concessão do Benefício de
.............................................................................” (NR) Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social,
“Art. 148. ............................................................................ de forma a garantir que o acesso ao direito seja condizente com o
............................................................................ estágio de desenvolvimento sócio-econômico alcançado pelo País.
30
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias c. Programa de Educação Permanente à Distância - implemen-
da sua publicação, ressalvado o disposto no caput do art. 36, que tar programa de educação permanente na área do envelhecimento
vigorará a partir de 1o de janeiro de 2004. e saúde do idoso, voltado para profissionais que trabalham na rede
de atenção básica à saúde, contemplando os conteúdos específi-
cos das repercussões do processo de envelhecimento populacional
para a saúde individual e para a gestão dos serviços de saúde.
PACTO PELA SAÚDE 2006 E CONSOLIDAÇÃO DO SUS. d. Acolhimento - reorganizar o processo de acolhimento à pes-
BRASIL. PORTARIA N° 399/GM/MS, DE 22 DE FEVE- soa idosa nas unidades de saúde, como uma das estratégias de en-
REIRO DE 2006. DIVULGA O PACTO PELA SAÚDE 2006 frentamento das dificuldades atuais de acesso.
- CONSOLIDAÇÃO DO SUS E APROVA AS DIRETRIZES e. Assistência Farmacêutica - desenvolver ações que visem qua-
OPERACIONAIS DO REFERIDO PACTO lificar a dispensação e o acesso da população idosa.
f. Atenção Diferenciada na Internação - instituir avaliação ge-
I. Pacto pela Vida riátrica global realizada por equipe multidisciplinar, a toda pessoa
O Pacto pela Vida é o compromisso entre os gestores do SUS idosa internada em hospital que tenha aderido ao Programa de
em torno de prioridades que apresentam impacto sobre a situação Atenção Domiciliar.
de saúde da população brasileira. g. Atenção domiciliar – instituir esta modalidade de prestação
A definição de prioridades deve ser estabelecida por meio de de serviços ao idoso, valorizando o efeito favorável do ambiente
metas nacionais, estaduais, regionais ou municipais. Prioridades es- familiar no processo de recuperação de pacientes e os benefícios
taduais ou regionais podem ser agregadas às prioridades nacionais, adicionais para o cidadão e o sistema de saúde.
conforme pactuação local. Os estados/regiões/municípios devem
pactuar as ações necessárias para o alcance das metas e dos obje- B. Controle do Câncer do Colo do Útero e da Mama:
tivos propostos. 1. Objetivos e metas para o Controle do Câncer do Colo do Úte-
São seis as prioridades pactuadas: ro:
A. Saúde do Idoso; a. Cobertura de 80% para o exame preventivo do câncer do
B. Controle do câncer do colo do útero e da mama; colo do útero, conforme protocolo, em 2006.
C. Redução da mortalidade infantil e materna; b. Incentivo para a realização da cirurgia de alta freqüência, téc-
D. Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emer- nica que utiliza um instrumental especial para a retirada de lesões
gentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculo- ou parte do colo uterino comprometido (com lesões intra-epiteliais
se, malária e influenza; de alto grau) com menor dano possível, que pode ser realizada em
E. Promoção da Saúde; ambulatório, com pagamento diferenciado, em 2006.
F. Fortalecimento da Atenção Básica.
2. Metas para o Controle do Câncer da mama:
A. Saúde do Idoso a. Ampliar para 60% a cobertura de mamografia, conforme pro-
Para efeitos deste Pacto será considerada idosa a pessoa com tocolo.
60 anos ou mais. b. Realizar a punção em 100% dos casos necessários, conforme
1. O trabalho nesta área deve seguir as seguintes diretrizes: protocolo.
a. Promoção do envelhecimento ativo e saudável; C. Redução da mortalidade infantil e materna
b. Atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa;
c. Estímulo às ações intersetoriais, visando a integralidade da 1. Objetivos e metas para a redução da mortalidade infantil
atenção; a. Reduzir a mortalidade neonatal em 5%, em 2006.
d. A implantação de serviços de atenção domiciliar; b. Reduzir em 50% os óbitos por doença diarréica e 20% por
e. O acolhimento preferencial em unidades de saúde, respeita- pneumonia, em 2006.
do o critério de risco; c. Apoiar a elaboração de propostas de intervenção para a qua-
f. Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da lificação da atenção às doenças prevalentes.
atenção à saúde da pessoa idosa; d. Criação de comitês de vigilância do óbito em 80% dos muni-
g. Fortalecimento da participação social; cípios com população acima de 80.000 habitantes, em 2006.
h. Formação e educação permanente dos profissionais de saú-
de do SUS na área de saúde da pessoa idosa; 2. Objetivos e metas para a redução da mortalidade materna
i. Divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde a. Reduzir em 5% a razão da mortalidade materna, em 2006.
da Pessoa Idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do b. Garantir insumos e medicamentos para tratamento das sín-
SUS; dromes hipertensivas no parto.
j. Promoção da cooperação nacional e internacional das experi- c. Qualificar os pontos de distribuição de sangue para que aten-
ências na atenção à saúde da pessoa idosa; dam às necessidades das maternidades e outros locais de parto.
k. Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.
D. Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças
2. Ações estratégicas: emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tu-
a. Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa - instrumento de cida- berculose, malária e influenza
dania com informações relevantes sobre a saúde da pessoa idosa, 1. Objetivos e metas para o controle da dengue:
possibilitando um melhor acompanhamento por parte dos profis- a. Plano de Contingência para atenção aos pacientes, elabora-
sionais de saúde. do e implantado nos municípios prioritários, em 2006;
b. Manual de Atenção Básica à Saúde da Pessoa Idosa - para b. Reduzir para menos de 1% a infestação predial por Aedes
indução de ações de saúde, tendo por referência as diretrizes conti- aegypti em 30% dos municípios prioritários até 2006.
das na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.
31
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
2. Meta para a eliminação da hanseníase: II. Pacto em Defesa do SUS
a. Atingir o patamar de eliminação como problema de saúde A. Diretrizes
pública, ou seja, menos de 1 caso por 10.000 habitantes em todos O trabalho dos gestores das três esferas de governo e dos ou-
os municípios prioritários, em 2006. tros atores envolvidos dentro deste Pacto deve considerar as se-
guintes diretrizes:
3. Metas para o controle da tuberculose: 1. Expressar os compromissos entre os gestores do SUS com a
a. Atingir pelo menos 85% de cura de casos novos de tubercu- consolidação da Reforma Sanitária Brasileira, explicitada na defesa
losebacilífera diagnosticados a cada ano 4. Meta para o controle da dos princípios do Sistema Único de Saúde estabelecidos na Consti-
malária tuição Federal;
a. Reduzir em 15% a Incidência Parasitária Anual, na região da 2. Desenvolver e articular ações, no seu âmbito de competên-
Amazônia Legal, em 2006. cia e em conjunto com os demais gestores, que visem qualificar e
5. Objetivo para o controle da Influenza assegurar o Sistema Único de Saúde como política pública.
a. Implantar Plano de Contingência, unidades sentinelas e o sis-
tema de informação - SIVEP-GRIPE, em 2006. B. Iniciativas
O Pacto em Defesa do SUS deve firmar-se através de iniciativas
E. Promoção da saúde, com ênfase na atividade física regular que busquem a:
e alimentação saudável 1. Repolitização da saúde, como um movimento que retoma a
1. Objetivos: Reforma Sanitária Brasileira aproximando-a dos desafios atuais do
a. Elaborar e implementar uma Política de Promoção da Saúde, SUS;
de responsabilidade dos três gestores; 2. Promoção da Cidadania como estratégia de mobilização so-
b. Enfatizar a mudança de comportamento da população bra- cial tendo a questão da saúde como um direito;
sileira de forma a internalizar a responsabilidade individual da prá- 3. Garantia de financiamento de acordo com as necessidades
tica de atividade física regular, alimentação adequada e saudável e do Sistema.
combate ao tabagismo;
c. Articular e promover os diversos programas de promoção de C. Ações do Pacto em Defesa do SUS:
atividade física já existentes e apoiar a criação de outros; 1. Articulação e apoio à mobilização social pela promoção e de-
d. Promover medidas concretas pelo hábito da alimentação senvolvimento da cidadania, tendo a questão da saúde como um
saudável; direito;
e. Elaborar e pactuar a Política Nacional de Promoção da Saúde 2. Estabelecimento de diálogo com a sociedade, além dos limi-
que contemple as especificidades próprias dos estados e municí- tes institucionais do SUS;
pios devendo iniciar sua implementação em 2006. 3. Ampliação e fortalecimento das relações com os movimen-
tos sociais, em especial os que lutam pelos direitos da saúde e ci-
F. Fortalecimento da Atenção Básica dadania;
1. Objetivos 4. Elaboração e publicação da Carta dos Direitos dos Usuários
a. Assumir a estratégia de Saúde da Família como estratégia do SUS;
prioritária para o fortalecimento da atenção básica, devendo seu 5. Regulamentação da EC nº 29 pelo Congresso Nacional, com
desenvolvimento considerar as diferenças loco-regionais; aprovação do PL nº 01/03;
b. Desenvolver ações de qualificação dos profissionais da aten- 6. Aprovação do orçamento do SUS, composto pelos orçamen-
ção básica por meio de estratégias de educação permanente e de tos das três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada
oferta de cursos de especialização e residência multiprofissional e uma delas em ações e serviços de saúde de acordo com a Consti-
em medicina da família; tuição Federal.
c. Consolidar e qualificar a estratégia de Saúde da Família nos
pequenos e médios municípios; III. Pacto de Gestão
d. Ampliar e qualificar a estratégia de Saúde da Família nos Estabelece diretrizes para a gestão do sistema nos aspectos da
grandes centros urbanos; Descentralização; Regionalização; Financiamento; Planejamento;
e. Garantir a infraestrutura necessária ao funcionamento das Programação Pactuada e Integrada – PPI; Regulação; Participação e
Unidades Básicas de Saúde, dotando-as de recursos materiais, equi- Controle Social; Gestão do Trabalho e Educação na Saúde.
pamentos e insumos suficientes para o conjunto de ações propos-
tas para estes serviços; A. Diretrizes para a Gestão do SUS
f. Garantir o financiamento da Atenção Básica como responsa- 1. Premissas da Descentralização
bilidade das três esferas de gestão do SUS; Buscando aprofundar o processo de descentralização, com ên-
g. Aprimorar a inserção dos profissionais da Atenção Básica nas fase numa descentralização compartilhada, são fixadas as seguintes
redes locais de saúde, por meio de vínculos de trabalho que favore- premissas, que devem orientar este processo:
çam o provimento e fixação dos profissionais; a. Cabe ao Ministério da Saúde a proposição de políticas, parti-
h. Implantar o processo de monitoramento e avaliação da Aten- cipação no co-financiamento, cooperação técnica, avaliação, regu-
ção Básica nas três esferas de governo, com vistas à qualificação da lação, controle e fiscalização, além da mediação de conflitos;
gestão descentralizada; b. Descentralização dos processos administrativos relativos à
i. Apoiar diferentes modos de organização e fortalecimento da gestão para as Comissões Intergestores Bipartite;
Atenção Básica que considere os princípios da estratégia de Saúde c. As Comissões Intergestores Bipartite são instâncias de pac-
da Família, respeitando as especificidades loco-regionais tuação e deliberação para a realização dos pactos intraestaduais e
a definição de modelos organizacionais, a partir de diretrizes e nor-
mas pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite;
d. As deliberações das Comissões Intergestores Bipartite e Tri-
partite devem ser por consenso;
32
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
e. A Comissão Intergestores Tripartite e o Ministério da Saú- b. A Região de Saúde deve organizar a rede de ações e serviços
de promoverão e apoiarão o processo de qualificação permanente de saúde a fim de assegurar o cumprimento dos princípios consti-
para as Comissões Intergestores Bipartite; tucionais de universalidade do acesso, equidade e integralidade do
f. O detalhamento deste processo, no que se refere à descen- cuidado;
tralização de ações realizadas hoje pelo Ministério da Saúde, será c. A organização da Região de Saúde deve favorecer a ação coo-
objeto de portaria específica perativa e solidária entre os gestores e o fortalecimento do controle
2. Regionalização social;
A Regionalização é uma diretriz do Sistema Único de Saúde e d. Para a constituição de uma rede de atenção à saúde regio-
um eixo estruturante do Pacto de Gestão e deve orientar a descen- nalizada em uma determinada região, é necessária a pactuação, en-
tralização das ações e serviços de saúde e os processos de negocia- tre todos os gestores envolvidos, do conjunto de responsabilidades
ção e pactuação entre os gestores. não compartilhadas e das ações complementares;
Os principais instrumentos de planejamento da Regionaliza- e. O conjunto de responsabilidades não compartilhadas refere-
ção são o Plano Diretor de Regionalização – PDR –, o Plano Diretor -se à atenção básica e às ações básicas de vigilância em saúde, que
de Investimento – PDI – e a Programação Pactuada e Integrada da deverão ser assumidas em cada município;
Atenção à Saúde – PPI –, detalhados no corpo deste documento. f. As ações complementares e os meios necessários para viabi-
O PDR deverá expressar o desenho final do processo de identi- lizá-las deverão ser compartilhadas e integradas a fim de garantir a
ficação e reconhecimento das regiões de saúde, em suas diferentes resolutividade e a integralidade do acesso;
formas, em cada estado e no Distrito Federal, objetivando a garan- g. Os estados e a União devem apoiar os municípios para que
tia do acesso, a promoção da eqüidade, a garantia da integralidade estes assumam o conjunto de responsabilidades;
da atenção, a qualificação do processo de descentralização e a ra- h. O corte no nível assistencial para delimitação de uma Região
cionalização de gastos e otimização de recursos. de Saúde deve estabelecer critérios que propiciem certo grau de re-
Para auxiliar na função de coordenação do processo de regio- solutividade àquele território, como suficiência em atenção básica
nalização, o PDR deverá conter os desenhos das redes regionaliza- e parte da média complexidade;
das de atenção à saúde, organizadas dentro dos territórios das re- i. Quando a suficiência em atenção básica e parte da média
giões e macrorregiões de saúde, em articulação com o processo da complexidade não forem alcançadas deverá ser considerada no pla-
Programação Pactuada e Integrada. nejamento regional a estratégia para o seu estabelecimento, junto
O PDI deve expressar os recursos de investimentos para aten- com a definição dos investimentos, quando necessário;
der às necessidades pactuadas no processo de planejamento regio- j. O planejamento regional deve considerar os parâmetros de
incorporação tecnológica que compatibilizem economia de escala
nal e estadual. No âmbito regional, este deve refletir as necessi-
com equidade no acesso;
dades para se alcançar a suficiência na atenção básica e parte da
k. Para garantir a atenção na alta complexidade e em parte da
média complexidade da assistência, conforme desenho regional e
média, as Regiões devem pactuar entre si arranjos inter-regionais,
na macrorregião no que se refere à alta complexidade. O referido
com agregação de mais de uma região em uma macrorregião;
plano deve contemplar também as necessidades da área da vigilân-
l. O ponto de corte da média complexidade que deve estar na
cia em saúde e ser desenvolvido de forma articulada com o proces-
Região ou na macrorregião deve ser pactuado na CIB, a partir da re-
so da PPI e do PDR.
alidade de cada estado. Em alguns estados com mais adensamento
tecnológico, a alta complexidade pode estar contemplada dentro
2.1. Objetivos da Regionalização: de uma Região.
a. Garantir acesso, resolutividade e qualidade às ações e servi- m. As regiões podem ter os seguintes formatos:
ços de saúde cuja complexidade e contingente populacional trans- I. Regiões Intraestaduais, compostas por mais de um município,
cenda a escala local/municipal; dentro de um mesmo estado;
b. Garantir o direito à saúde, reduzir desigualdades sociais e II. Regiões Intramunicipais, organizadas dentro de um mesmo
territoriais e promover a equidade, ampliando a visão nacional dos município de grande extensão territorial e densidade populacional;
problemas, associada à capacidade de diagnóstico e decisão loco- III. Regiões Interestaduais, conformadas a partir de municípios
regional, que possibilite os meios adequados para a redução das limítrofes em diferentes estados
desigualdades no acesso às ações e serviços de saúde existentes V. Regiões Fronteiriças, conformadas a partir de municípios li-
no país; mítrofes com países vizinhos.
c. Garantir a integralidade na atenção à saúde, ampliando o n. Nos casos de regiões fronteiriças, o Ministério da Saúde deve
conceito de cuidado à saúde no processo de reordenamento das envidar esforços no sentido de promover articulação entre os países
ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação com ga- e órgãos envolvidos, na perspectiva de implementação do sis-
rantia de acesso a todos os níveis de complexidade do sistema; tema de saúde e conseqüente organização da atenção nos municí-
d. Potencializar o processo de descentralização, fortalecendo pios fronteiriços, coordenando e fomentando a constituição dessas
estados e municípios para exercerem papel de gestores e para que Regiões e participando do Colegiado de Gestão Regional.
as demandas dos diferentes interesses loco-regionais possam ser
organizadas e expressadas na região; 2.3. Mecanismos de Gestão Regional
e. Racionalizar os gastos e otimizar os recursos, possibilitando a. Para qualificar o processo de Regionalização, buscando a
ganho em escala nas ações e serviços de saúde de abrangência re- garantia e o aprimoramento dos princípios do SUS, os gestores de
gional. saúde da Região deverão constituir um espaço permanente de pac-
2.2. Regiões de Saúde tuação e cogestão solidária e cooperativa através de um Colegiado
a. As Regiões de Saúde são recortes territoriais inseridos em de Gestão Regional. A denominação e o funcionamento do Colegia-
um espaço geográfico contínuo, identificadas pelos gestores muni- do devem ser acordados na CIB;
cipais e estaduais a partir de identidades culturais, econômicas e
sociais, de redes de comunicação e infraestrutura de transportes
compartilhados do território;
33
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
b. O Colegiado de Gestão Regional constitui-se num espaço b. Nas CIB regionais constituídas por representação, quando
de decisão através da identificação, definição de prioridades e de não for possível a imediata incorporação de todos os gestores de
pactuação de soluções para a organização de uma rede regional de saúde dos municípios da Região de saúde, deve ser pactuado um
ações e serviços de atenção à saúde, integrada e resolutiva; cronograma de adequação, com o menor prazo possível, para a in-
c. O Colegiado deve ser formado pelos gestores municipais de clusão de todos os gestores nos respectivos Colegiados de Gestão
saúde do conjunto de municípios e por representantes do(s) ges- Regional;
tor(es) estadual(ais), sendo as suas decisões sempre por consenso, c. Constituir uma estrutura de apoio ao colegiado, através de
pressupondo o envolvimento e comprometimento do conjunto de câmara técnica e eventualmente, grupos de trabalho formados com
gestores com os compromissos pactuados. técnicos dos municípios e do estado;
d. Nos casos onde as CIB regionais estão constituídas por re- d. Estabelecer uma agenda regular de reuniões;
presentação, e não for possível a imediata incorporação de todos os e. O funcionamento do Colegiado deve ser organizado de modo
municípios da Região de Saúde, deve ser pactuado um cronograma a exercer as funções de:
de adequação, no menor prazo possível, para a inclusão de todos os I. Instituir um processo dinâmico de planejamento regional
municípios nos respectivos colegiados regionais. II. Atualizar e acompanhar a programação pactuada e integrada
e. O Colegiado deve instituir processo de planejamento regio- da atenção à saúde
nal, que defina as prioridades, as responsabilidades de cada ente, III. Desenhar o processo regulatório, com definição de fluxos e
as bases para a programação pactuada integrada da atenção à saú- protocolos
de, o desenho do processo regulatório, as estratégias de qualifica- IV. Priorizar linhas de investimento
ção do controle social, as linhas de investimento e o apoio para o V. Estimular estratégias de qualificação do controle social
processo de planejamento local. VI. Apoiar o processo de planejamento local
f. O planejamento regional, mais que uma exigência formal, de- VII. Constituir um processo dinâmico de avaliação e monitora-
verá expressar as responsabilidades dos gestores com a saúde da mento regional
população do território e o conjunto de objetivos e ações que con-
tribuirão para a garantia do acesso e da integralidade da atenção, 2.4.3. Reconhecimento das Regiões
devendo as prioridades e responsabilidades definidas regionalmen- a. As Regiões Intramunicipais deverão ser reconhecidas como
te estar refletidas no plano de saúde de cada município e do estado; tal, não precisando ser homologadas pelas Comissões Intergesto-
g. Os colegiados de gestão regional deverão ser apoiados atra- res.
vés de câmaras técnicas permanentes que subsidiarão com infor- b. As Regiões Intraestaduais deverão ser reconhecidas nas Co-
mações e análises relevantes. missões Intergestores Bipartite e encaminhadas para conhecimento
e acompanhamento do MS.
2.4. Etapas do processo de construção da Regionalização c. As Regiões Interestaduais deverão ser reconhecidas nas res-
2.4.1. Critérios para a composição da Região de Saúde, ex- pectivas Comissões Intergestores Bipartite e encaminhadas para
pressa no PDR: homologação na Comissão Intergestores Tripartite.
a. Contiguidade entre os municípios; d. As Regiões Fronteiriças deverão ser reconhecidas nas respec-
b. Respeito à identidade expressa no cotidiano social, econô- tivas Comissões Intergestores Bipartite e encaminhadas para homo-
mico e cultural; logação na Comissão Intergestores Tripartite.
c. Existência de infraestrutura de transportes e de redes de co- e. O desenho das Regiões intra e interestaduais deve ser sub-
municação, que permita o trânsito das pessoas entre os municípios; metido à aprovação pelos respectivos Conselhos Estaduais de Saú-
d. Existência de fluxos assistenciais que devem ser alterados, se de.
necessário, para a organização da rede de atenção à saúde;
e. Considerar a rede de ações e serviços de saúde, onde: 3. Financiamento do Sistema Único de Saúde
I. Todos os municípios se responsabilizam pela atenção básica e 3.1. São princípios gerais do financiamento para o Sistema
pelas ações básicas de vigilância em saúde; Único de Saúde:
II. O desenho da região propicia relativo grau de resolutividade a. Responsabilidade das três esferas de gestão – União, Estados
àquele território, como a suficiência em atenção básica e parte da e Municípios pelo financiamento do Sistema Único de Saúde;
média complexidade. b. Redução das iniqüidades macrorregionais, estaduais e regio-
III. A suficiência está estabelecida ou a estratégia para alcançá- nais, a ser contemplada na metodologia de alocação de recursos,
-la está explicitada no planejamento regional, contendo, se neces- considerando também as dimensões étnico-racial e social;
sário, a definição dos investimentos. c. Repasse fundo a fundo, definido como modalidade preferen-
IV. O desenho considera os parâmetros de incorporação tec- cial de transferência de recursos entre os gestores;
nológica que compatibilizem economia de escala com equidade no d. Financiamento do custeio com recursos federais será consti-
acesso. tuído, organizado e transferido em blocos de recursos;
V. O desenho garante a integralidade da atenção e para isso as e. O uso dos recursos federais para o custeio fica restrito a cada
Regiões devem pactuar entre si arranjos inter-regionais, se neces- bloco, atendendo às especificidades previstas nos mesmos, confor-
sário com agregação de mais de uma região em uma macrorregião; me regulamentação específica;
o ponto de corte de média e alta complexidade na região ou na f. As bases de cálculo que formam cada bloco e os montantes
macrorregião deve ser pactuado na CIB, a partir da realidade de financeiros destinados para os municípios, Distrito Federal e esta-
cada estado. dos devem compor memórias de cálculo, para fins de histórico e
monitoramento.
2.4.2. Constituição, Organização e Funcionamento do Colegia- 3.2. Os blocos de financiamento para o custeio são:
do de Gestão Regional: a. Atenção Básica
a. A constituição do Colegiado de Gestão Regional deve asse- b. Atenção da Média e Alta Complexidade
gurar a presença de todos os gestores de saúde dos municípios que c. Vigilância em Saúde
compõem a Região e da(s) representação(ões) estadual(is). d. Assistência Farmacêutica
34
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
e. Gestão do SUS Os recursos financeiros correspondentes às ações de Vigilân-
a) Bloco de financiamento para a Atenção Básica cia em Saúde comporão o Limite Financeiro de Vigilância em Saúde
O financiamento da Atenção Básica é de responsabilidade das dos municípios, do Distrito Federal e dos estados e representam o
três esferas de gestão do SUS, sendo que os recursos federais com- agrupamento das ações da Vigilância Epidemiológica, Ambiental e
porão o Bloco Financeiro da Atenção Básica dividido em dois com- Sanitária;
ponentes: Piso da Atenção Básica e Piso da Atenção Básica Variável O Limite Financeiro da Vigilância em Saúde é composto por
e seus valores serão estabelecidos em Portaria específica, com me- dois componentes: da Vigilância Epidemiológica e Ambiental em
mórias de cálculo anexas. Saúde e da Vigilância Sanitária em Saúde;
O Piso da Atenção Básica – PAB – consiste em um montante de O financiamento para as ações de vigilância sanitária deve
recursos financeiros, que agrega as estratégias destinadas ao cus- consolidar a reversão do modelo de pagamento por procedimen-
teio de ações de atenção básica à saúde; to, oferecendo cobertura para o custeio de ações coletivas visando
Os recursos financeiros do PAB serão transferidos mensalmen- garantir o controle de riscos sanitários inerentes ao objeto de ação,
te, de forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos avançando em ações de regulação, controle e avaliação de produtos
Fundos de Saúde dos municípios e do Distrito Federal. e serviços associados ao conjunto das atividades.
O Piso da Atenção Básica Variável – PAB Variável – consiste em O Limite Financeiro da Vigilância em Saúde será transferido
um montante financeiro destinado ao custeio de estratégias especí- em parcelas mensais e o valor da transferência mensal para cada
ficas desenvolvidas no âmbito da atenção básica à saúde. um dos municípios, Distrito Federal e estados, bem como o Limite
O PAB Variável passa a ser composto pelo financiamento das Financeiro respectivo será estabelecido em Portaria específica e de-
seguintes estratégias: talhará os diferentes componentes que o formam, com memórias
I. Saúde da Família; de cálculo anexas.
II. Agentes Comunitários de Saúde; Comporá ainda, o bloco do financiamento da Vigilância em
III. Saúde Bucal; Saúde – componente Vigilância Epidemiológica, os recursos que se
IV. Compensação de Especificidades Regionais destinam às seguintes finalidades, com repasses específicos:
V. Fator de Incentivo da Atenção Básica aos Povos Indígenas I. Fortalecimento da Gestão da Vigilância em Saúde em municí-
VI. Incentivo à Saúde no Sistema Penitenciário pios e estados (VIGISUS II)
II. Campanhas de Vacinação
Os recursos do PAB Variável serão transferidos ao município III. Incentivo do Programa DST/Aids
que aderir e implementar as estratégias específicas a que se des- Os recursos alocados tratados pela Portaria GM/MS nº
tinam e a utilização desses recursos deve estar definida no Plano 1349/2002, deverão ser incorporados ao Limite Financeiro da Vigi-
Municipal de Saúde; lância em Saúde do município quando o mesmo comprovar a efeti-
O PAB Variável da Assistência Farmacêutica e da Vigilância em va contratação dos agentes de campo.
Saúde passam a compor os seus Blocos de Financiamento respec- No componente da Vigilância Sanitária, os recursos do Termo
tivos. de Ajustes e Metas – TAM –, destinados e não transferidos aos mu-
Compensação de Especificidades Regionais é um montante fi- nicípios, Distrito Federal e estados, nos casos de existência de saldo
nanceiro igual a 5% do valor mínimo do PAB fixo multiplicado pela superior a 40% dos recursos repassados no período de um semes-
população do Estado, para que as CIBs definam a utilização do re- tre, constituem um Fundo de Compensação em Vigilância Sanitária,
curso de acordo com as especificidades estaduais, podendo incluir administrado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
sazonalidade, migrações, dificuldade de fixação de profissionais, e destinado ao financiamento de gestão e descentralização da Vigi-
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e indicadores de resulta- lância Sanitária.
dos. Os critérios definidos devem ser informados ao plenário da CIT. Em estados onde o valor per capita que compõe o TAM não
b) Bloco de financiamento para a Atenção da Média e Alta atinge o teto orçamentário mínimo daquele estado, a União asse-
Complexidade gurará recurso financeiro para compor o Piso Estadual de Vigilância
Os recursos correspondentes ao financiamento dos procedi-
Sanitária (Pevisa).
mentos relativos à média e alta complexidade em saúde compõem
d) Bloco de financiamento para a Assistência Farmacêutica
o Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade Ambulatorial e
A Assistência Farmacêutica será financiada pelos três gestores
Hospitalar dos municípios, do Distrito Federal e dos estados.
do SUS devendo agregar a aquisição de medicamentos e insumos e
Os recursos destinados ao custeio dos procedimentos pagos
a organização das ações de assistência farmacêutica necessárias, de
atualmente através do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação
acordo com a organização dos serviços de saúde.
– FAEC – serão incorporados ao Limite Financeiro de cada município,
O Bloco de financiamento da Assistência Farmacêutica organi-
Distrito Federal e estado, conforme pactuação entre os gestores.
za-se em três componentes: Básico, Estratégico e Medicamentos de
O Fundo de Ações Estratégicas e Compensação – FAEC – desti-
Dispensação Excepcional.
na-se, assim, ao custeio de procedimentos, conforme detalhado a
seguir: O Componente Básico da Assistência Farmacêutica consiste em
I. Procedimentos regulados pela CNRAC – Central Nacional de financiamento para ações de assistência farmacêutica na atenção
Regulação da Alta Complexidade; básica em saúde e para agravos e programas de saúde específicos,
II. Transplantes; inseridos na rede de cuidados da atenção básica, sendo de respon-
III. Ações Estratégicas Emergenciais, de caráter temporário, im- sabilidade dos três gestores do SUS.
plementadas com prazo pré-definido; O Componente Básico é composto de uma Parte Fixa e de uma
IV. Novos procedimentos: cobertura financeira de aproxima- Parte Variável, sendo:
damente seis meses, quando da inclusão de novos procedimentos, I. Parte Fixa: valor com base per capita para ações de assistên-
sem correlação à tabela vigente, até à formação de série histórica cia farmacêutica para a atenção básica, transferido a municípios,
para a devida agregação ao MAC. Distrito Federal e estados, conforme pactuação nas CIB e com con-
c) Bloco de financiamento para a Vigilância em Saúde trapartida financeira dos municípios e dos estados.
35
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
II. Parte Variável: valor com base per capita para ações de as- Os recursos referentes a este Bloco serão transferidos fundo a
sistência farmacêutica dos Programas de Hipertensão e Diabetes, fundo e regulamentados por Portaria específica.
exceto insulina; Asma e Rinite; Saúde Mental; Saúde da Mulher; Ali-
mentação e Nutrição e Combate ao Tabagismo. 3.3. Financiamento para Investimentos
A parte variável do Componente Básico será transferida ao mu- Os recursos financeiros de investimento devem ser alocados
nicípio ou estado, conforme pactuação na CIB, à medida que este com vistas à superação das desigualdades de acesso e à garantia da
implementa e organiza os serviços previstos pelos Programas espe- integralidade da atenção à saúde.
cíficos. Os investimentos deverão priorizar a recuperação, a re-ade-
O Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica con- quação e a expansão da rede física de saúde e a constituição dos
siste em financiamento para ações de assistência farmacêutica de espaços de regulação.
programas estratégicos. Os projetos de investimento apresentados ao Ministério da
O financiamento e o fornecimento de medicamentos, produtos Saúde deverão ser aprovados nos respectivos Conselhos de Saúde e
e insumos para os Programas Estratégicos são de responsabilidade na CIB, devendo refletir uma prioridade regional.
do Ministério da Saúde e reúne:
I. Controle de Endemias: Tuberculose, Hanseníase, Malária, São eixos prioritários para aplicação de recursos de investimen-
Leischmaniose, Chagas e outras doenças endêmicas de abrangên- tos:
cia nacional ou regional; I. Estímulo à Regionalização - deverão ser priorizados projetos
II. Programa de DST/Aids (anti-retrovirais); de investimentos que fortaleçam a regionalização do
III. Programa Nacional de Sangue e Hemoderivados; SUS, com base nas estratégias estaduais e nacionais, conside-
IV. Imunobiológicos; rando os PDI (Plano Diretor de Investimento) atualizados, o mapea-
V. Insulina; mento atualizado da distribuição e oferta de serviços de saúde em
O Componente Medicamentos de Dispensação Excepcional cada espaço regional e parâmetros de incorporação tecnológica
consiste em financiamento para aquisição e distribuição de Medica- que compatibilizem economia de escala e de escopo com eqüidade
mentos de Dispensação Excepcional, para tratamento de patologias no acesso.
que compõem o Grupo 36 – Medicamentos da Tabela Descritiva do II. Investimentos para a Atenção Básica - recursos para investi-
SIA/SUS. mentos na rede básica de serviços, destinados conforme disponi-
A responsabilidade pelo financiamento e aquisição dos Medi- bilidade orçamentária, transferidos fundo a fundo para municípios
camentos de Dispensação Excepcional é do Ministério da Saúde e que apresentarem projetos selecionados de acordo com critérios
pactuados na Comissão Intergestores Tripartite.
dos estados, conforme pactuação, e a dispensação, responsabilida-
de do estado.
4. Planejamento do SUS
O Ministério da Saúde repassará aos estados, mensalmente,
4.1. O trabalho com o Planejamento do SUS deve seguir as
valores financeiros apurados em encontro de contas trimestrais,
seguintes diretrizes:
de acordo com as informações encaminhadas pelos estados, com
a. O processo de planejamento no âmbito do SUS deve ser de-
base nas emissões das Autorizações para Pagamento de Alto Custo
senvolvido de forma articulada, integrada e solidária entre as três
– APAC. O Componente de Medicamentos de Dispensação Excep-
esferas de gestão. Essa forma de atuação representará o Sistema
cional será readequado através de pactuação entre os gestores do
de Planejamento do Sistema Único de Saúde baseado nas respon-
SUS, das diretrizes para definição de política para Medicamentos de sabilidades de cada esfera de gestão, com definição de objetivos e
Dispensação Excepcional. conferindo direcionalidade ao processo de gestão do SUS, compre-
As Diretrizes a serem pactuadas na CIT, deverão nortear-se pe- endendo nesse sistema o monitoramento e avaliação.
las seguintes proposições: b. Este sistema de planejamento pressupõe que cada esfera de
I. Definição de critérios para inclusão e exclusão de medica- gestão realize o seu planejamento, articulando-se de forma a forta-
mentos e CID na Tabela de Procedimentos, com base nos protoco- lecer e consolidar os objetivos e diretrizes do SUS, contemplando as
los clínicos e nas diretrizes terapêuticas. peculiaridades, necessidades e realidades de saúde locorregionais.
II. Definição de percentual para o co-financiamento entre ges- c. Como parte integrante do ciclo de gestão, o sistema de pla-
tor estadual e gestor federal; nejamento buscará, de forma tripartite, a pactuação de bases fun-
III. Revisão periódica de valores da tabela; cionais do planejamento, monitoramento e avaliação do SUS, bem
IV. Forma de aquisição e execução financeira, considerandose como promoverá a participação social e a integração intra e interse-
os princípios da descentralização e economia de escala. torial, considerando os determinantes e condicionantes de saúde.
e) Bloco de financiamento para a Gestão do Sistema Único de d. No cumprimento da responsabilidade de coordenar o pro-
Saúde cesso de planejamento levar-se-á em conta as diversidades exis-
O financiamento para a Gestão destina-se ao custeio de ações tentes nas três esferas de governo, de modo a contribuir para a
específicas relacionadas com a organização dos serviços de saúde, consolidação do SUS e para a resolubilidade e qualidade, tanto da
acesso da população e aplicação dos recursos financeiros do SUS. sua gestão, quanto das ações e serviços prestados à população bra-
O financiamento deverá apoiar iniciativas de fortalecimento da sileira.
gestão, sendo composto pelos seguintes componentes:
I. Regulação, Controle, Avaliação e Auditoria 4.2. Objetivos do Sistema de Planejamento do SUS:
II. Planejamento e Orçamento a. Pactuar diretrizes gerais para o processo de planejamento no
III. Programação âmbito do SUS e o elenco dos instrumentos a serem adotados pelas
IV. Regionalização três esferas de gestão;
V Participação e Controle Social b. Formular metodologias e modelos básicos dos instrumentos
VI. Gestão do Trabalho de planejamento, monitoramento e avaliação que traduzam as dire-
VII. Educação na Saúde trizes do SUS, com capacidade de adaptação às particularidades de
VIII. Incentivo à implementação de políticas específicas cada esfera administrativa;
36
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
c. Promover a análise e a formulação de propostas destinadas b. Os gestores municipais e estaduais possuem flexibilidade na
a adequar o arcabouço legal no tocante ao planejamento do SUS; definição de parâmetros e prioridades que irão orientar a progra-
d. Implementar e difundir uma cultura de planejamento que in- mação, ressalvados os parâmetros pactuados estadual e nacional-
tegre e qualifique as ações do SUS entre as três esferas de governo e mente.
subsidie a tomada de decisão por parte de seus gestores; c. A programação é realizada prioritariamente por áreas de
e. Desenvolver e implementar uma rede de cooperação entre atuação, a partir das ações básicas de saúde, para compor o rol de
os três entes federados, que permita um amplo compartilhamento ações de maior complexidade;
de informações e experiências; d. A tabela unificada de procedimentos deve orientar a progra-
f. Promover a institucionalização e fortalecer as áreas de plane- mação das ações que não estão organizadas por áreas de atuação,
jamento no âmbito do SUS, nas três esferas de governo, com vistas considerando seus níveis de agregação, para formar as aberturas
a legitimá-lo como instrumento estratégico de gestão do SUS; programáticas;
g. Apoiar e participar da avaliação periódica relativa à situação e. A programação da assistência devera buscar a integração
de saúde da população e ao funcionamento do SUS, provendo os com a programação da vigilância em saúde;
gestores de informações que permitam o seu aperfeiçoamento e/ f. Os recursos financeiros das três esferas de governo devem
ou redirecionamento; ser visualizados na programação.
h. Promover a capacitação contínua dos profissionais que atu- g. O processo de programação deve contribuir para a garantia
am no contexto do planejamento do SUS; de acesso aos serviços de saúde, subsidiando o processo regulató-
i. Promover a eficiência dos processos compartilhados de pla- rio da assistência;
nejamento e a eficácia dos resultados, bem como da participação h. A programação deve ser realizada a cada gestão, revisada
social nestes processos; periodicamente e sempre que necessário, em decorrência de alte-
j. Promover a integração do processo de planejamento e orça- rações no fluxo de atendimento ao usuário; na oferta de serviços;
mento no âmbito do SUS, bem como a sua intersetorialidade, de na tabela de procedimentos e no teto financeiro, dentre outras.
forma articulada com as diversas etapas do ciclo de planejamento; i. A programação pactuada e integrada deve subsidiar a progra-
mação físico-financeira dos estabelecimentos de saúde.
k. Monitorar e avaliar o processo de planejamento, as ações
j. A programação pactuada e integrada deve guardar relação
implementadas e os resultados alcançados, de modo a fortalecer
com o desenho da regionalização naquele estado.
o planejamento e contribuir para a transparência do processo de
gestão do SUS.
6. Regulação da Atenção à Saúde e Regulação Assistencial
6.1. Para efeitos destas diretrizes, serão adotados os seguin-
4.3. Pontos de pactuação priorizados para o Planejamento tes conceitos:
Considerando a conceituação, caracterização e objetivos preco- a. Regulação da Atenção à Saúde - tem como objeto a produ-
nizados para o sistema de planejamento do SUS, configuram-se ção de todas as ações diretas e finais da atenção à saúde, dirigida
como pontos essenciais de pactuação: aos prestadores de serviços de saúde, públicos e privados. As ações
a. Adoção das necessidades de saúde da população como crité- da Regulação da Atenção à Saúde compreendem a Contratação,
rio para o processo de planejamento no âmbito do SUS; a Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial, o
b. Integração dos instrumentos de planejamento, tanto no con- Controle Assistencial, a Avaliação da Atenção à Saúde, a Auditoria
texto de cada esfera de gestão, quanto do SUS como um todo; Assistencial e as regulamentações da Vigilância Epidemiológica e
c. Institucionalização e fortalecimento do Sistema de Planeja- Sanitária.
mento do SUS, com adoção do processo de planejamento, neste b. Contratação - conjunto de atos que envolvem desde a habi-
incluído o monitoramento e a avaliação, como instrumento estraté- litação dos serviços/prestadores até à formalização do contrato na
gico de gestão do SUS; sua forma jurídica.
d. Revisão e adoção de um elenco de instrumentos de plane- c. Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial
jamento – tais como planos, relatórios, programações – a serem - conjunto de relações, saberes, tecnologias e ações que interme-
adotados pelas três esferas de gestão, com adequação dos instru- diama demanda dos usuários por serviços de saúde e o acesso a
mentos legais do SUS no tocante a este processo e instrumentos estes.
dele resultantes; d. Complexo Regulador - estratégia da Regulação Assistencial,
e. Cooperação entre as três esferas de gestão para o fortaleci- consistindo na articulação e integração de Centrais de Atenção Pré
mento e a equidade no processo de planejamento do SUS. hospitalar e Urgências, Centrais de Internação, Centrais de Consul-
tas e Exames e Protocolos Assistenciais com a contratação, controle
5. Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde – assistencial, avaliação, programação e regionalização. Os complexos
PPI reguladores podem ter abrangência intra-municipal, municipal, mi-
A PPI é um processo que visa definir a programação das ações cro ou macro regional, estadual ou nacional, devendo esta abran-
gência e respectiva gestão, serem pactuadas em processo democrá-
de saúde em cada território e nortear a alocação dos recursos finan-
tico e solidário, entre as três esferas de gestão do SUS.
ceiros para a saúde, a partir de critérios e parâmetros pactuados
e. Auditoria Assistencial ou Clínica – processo regular que visa
entre os gestores.
aferir e induzir qualidade do atendimento amparada em procedi-
A PPI deve explicitar os pactos de referência entre municípios,
mentos, protocolos e instruções de trabalho normatizados e pactu-
gerando a parcela de recursos destinados à própria população e à ados. Deve acompanhar e analisar criticamente os históricos clíni-
população referenciada. cos com vistas a verificar a execução dos procedimentos e realçar
5.1. As principais diretrizes norteadoras do processo de Pro- as não conformidades.
gramação Pactuada são:
a. A programação deve estar inserida no processo de plane-
jamento e deve considerar as prioridades definidas nos planos de
saúde em cada esfera de gestão;
37
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
6.2. Como princípios orientadores do processo de Regulação, 8. Gestão do Trabalho
fica estabelecido que: 8.1. As diretrizes para a Gestão do Trabalho no SUS são as
a. Cada prestador responde apenas a um gestor; seguintes:
b. A regulação dos prestadores de serviços deve ser preferen- a. A política de recursos humanos para o SUS é um eixo estru-
cialmente do município conforme desenho da rede de assistência turante e deve buscar a valorização do trabalho e dos trabalhadores
pactuado na CIB, observado o Termo de Compromisso de Gestão da saúde, o tratamento dos conflitos, a humanização das relações
do Pacto e considerando: de trabalho;
I. A descentralização, municipalização e comando único; b. Municípios, Estados e União são entes autônomos para su-
II. A busca da escala adequada e da qualidade; prir suas necessidades de manutenção e expansão dos seus pró-
III. A complexidade da rede de serviços locais; prios quadros de trabalhadores da saúde;
IV. A efetiva capacidade de regulação; c. O Ministério da Saúde deve formular diretrizes de coopera-
V. O desenho da rede estadual da assistência; ção técnica para a gestão do trabalho no SUS;
VI. A primazia do interesse e da satisfação do usuário do SUS. d. Desenvolver, pelas três esferas de gestão, estudos quanto às
c. A regulação das referências intermunicipais é responsabili- estratégias e financiamento tripartite da política de reposição da
dade do gestor estadual, expressa na coordenação do processo de força de trabalho descentralizada;
construção da programação pactuada e integrada da atenção à saú- e. As diretrizes para Planos de Carreiras, Cargos e Salários do
de, do processo de regionalização e do desenho das redes; SUS - PCCS/SUS - devem ser um instrumento que visa regular as re-
d. A operação dos complexos reguladores no que se refere à lações de trabalho e o desenvolvimento do trabalhador, bem como
a consolidação da carreira como instrumento estratégico para a po-
referência intermunicipal deve ser pactuada na CIB, podendo ser
lítica de recursos humanos no SUS;
operada nos seguintes modos:
f. Promover relações de trabalho que obedeçam a exigências
I. Pelo gestor estadual que se relacionará com a central munici-
do princípio de legalidade da ação do estado e de proteção dos di-
pal que faz a gestão do prestador.
reitos associados ao trabalho;
II. Pelo gestor estadual que se relacionará diretamente com g. Desenvolver ações voltadas para a adoção de vínculos de tra-
o prestador quando este estiver sob gestão estadual. balho que garantam os direitos sociais e previdenciários dos traba-
III. Pelo gestor municipal com co-gestão do estado e represen- lhadores da saúde, promovendo ações de adequação de vínculos,
tação dos municípios da região. onde for necessário, nas três esferas de governo, com o apoio téc-
e. Modelos que diferem do item ‘d’ acima devem ser pactuados nico e financeiro aos municípios, pelos estados e União, conforme
pela CIB e homologados na CIT. legislação vigente;
I. Os atores sociais envolvidos no desejo de consolidação do
6.3. São metas para este Pacto, no prazo de um ano: SUS atuarão, solidariamente, na busca do cumprimento deste item,
a. Contratualização de todos os prestadores de serviços; observadas as responsabilidades legais de cada segmento;
b. Colocação de todos os leitos e serviços ambulatoriais contra- h. Estimular processos de negociação entre gestores e traba-
tualizados sob regulação; lhadores através da instalação de Mesas de Negociação junto às
c. Extinção do pagamento dos serviços dos profissionais médi- esferas de gestão municipais e estaduais do SUS;
cos por meio do código 7. i. As Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde devem en-
vidar esforços para a criação ou fortalecimento de estruturas de
7. Participação e Controle Social recursos humanos, objetivando cumprir um papel indutor de mu-
A Participação Social no SUS é um princípio doutrinário e está danças, tanto no campo da gestão do trabalho, quanto no campo
assegurado na Constituição e nas Leis Orgânicas da Saúde (8080/90 da educação na saúde;
e 8142/90) e é parte fundamental deste pacto.
8.2. Serão priorizados os seguintes componentes na estrutu-
7.1. As ações que devem ser desenvolvidas para fortalecer o ração da Gestão do Trabalho no SUS:
processo de participação social, dentro deste pacto são: a. Estruturação da Gestão do Trabalho no SUS - este compo-
a. Apoiar os conselhos de saúde, as conferências de saúde e os nente trata das necessidades exigidas para a estruturação da área
movimentos sociais que atuam no campo da saúde, com vistas ao de Gestão do Trabalho integrado pelos seguintes eixos: base jurí-
seu fortalecimento para que os mesmos possam exercer plenamen- dico-legal; atribuições específicas; estrutura e dimensionamento
organizacional; estrutura física e equipamentos. Serão priorizados
te os seus papéis;
para este componente, estados, capitais, Distrito Federal e municí-
b. Apoiar o processo de formação dos conselheiros;
pios com mais de 500 empregos públicos, desde que possuam ou
c. Estimular a participação e avaliação dos cidadãos nos servi-
venham a criar setores de Gestão do Trabalho e da Educação nas
ços de saúde;
Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde;
d. Apoiar os processos de educação popular na saúde, para am- b. Capacitação para a Gestão do Trabalho no SUS - este compo-
pliar e qualificar a participação social no SUS; nente trata da qualificação dos gestores e técnicos na perspectiva
e. Apoiar a implantação e implementação de ouvidorias nos do fortalecimento da gestão do trabalho em saúde. Estão previstos,
municípios e estados, com vistas ao fortalecimento da gestão es- para seu desenvolvimento, a elaboração de material didático e a
tratégica do SUS; realização de oficinas, cursos presenciais ou à distância, por meio
f. Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de estruturas formadoras existentes;
defesa do SUS e na discussão do pacto; c. Sistema Gerencial de Informações - este componente propõe
proceder à análise de sistemas de informação existentes e desen-
volver componentes de otimização e implantação de sistema infor-
matizado que subsidie a tomada de decisão na área de Gestão do
Trabalho.
38
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
9. Educação na Saúde a. Garantir a integralidade das ações de saúde prestadas de for-
As diretrizes para o trabalho da Educação na Saúde são: ma interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do
a. Avançar na implementação da Política Nacional de Educação indivíduo no seu contexto familiar, social e do trabalho; engloban-
Permanente por meio da compreensão dos conceitos de formação do atividades de promoção da saúde, prevenção de riscos, danos e
e educação permanente para adequá-los às distintas lógicas e es- agravos; ações de assistência, assegurando o acesso ao atendimen-
pecificidades; to das urgências;
b. Considerar a educação permanente parte essencial de uma b. Promover a eqüidade na atenção à saúde, considerando as
política de formação e desenvolvimento dos trabalhadores para a diferenças individuais e de grupos populacionais, por meio da ade-
qualificação do SUS e que comporta a adoção de diferentes me- quação da oferta às necessidades como princípio de justiça social, e
todologias e técnicas de ensino-aprendizagem inovadoras, entre ampliação do acesso de populações em situação de desigualdade,
outras coisas; respeitadas as diversidades locais;
c. Considerar a Política Nacional de Educação Permanente na c. Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de
Saúde uma estratégia do SUS para a formação e o desenvolvimento Saúde;
de trabalhadores para o setor, tendo como orientação os princípios d. Assumir a gestão e executar as ações de atenção básica, in-
da educação permanente; cluindo as ações de promoção e proteção, no seu território;
d. Assumir o compromisso de discutir e avaliar os processos e e. Assumir integralmente a gerência de toda a rede pública de
desdobramentos da implementação da Política Nacional de Educa- serviços de atenção básica, englobando as unidades próprias e as
ção Permanente para ajustes necessários, atualizando-a conforme transferidas pelo estado ou pela união;
as experiências de implementação, assegurando a inserção dos mu- f. Com apoio dos estados, identificar as necessidades da popu-
nicípios e estados neste processo; lação do seu território e fazer um reconhecimento das iniquidades,
e. Buscar a revisão da normatização vigente que institui a Polí- oportunidades e recursos;
tica Nacional de Educação Permanente na Saúde, contemplando a g. Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um
consequente e efetiva descentralização das atividades de planeja- processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in-
mento, monitoramento, avaliação e execução orçamentária da Edu- tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação;
cação Permanente para o trabalho no SUS; h. Formular e implementar políticas para áreas prioritárias,
f. Centrar, o planejamento, programação e acompanhamento conforme definido nas diferentes instâncias de pactuação;
das atividades educativas e consequentes alocações de recursos na i. Organizar o acesso a serviços de saúde resolutivos e de qua-
lógica de fortalecimento e qualificação do SUS e atendimento das lidade na atenção básica, viabilizando o planejamento, a programa-
necessidades sociais em saúde; ção pactuada e integrada da atenção à saúde, bem como o acesso à
g. Considerar que a proposição de ações para formação e de- atenção à saúde no seu território, explicitando a responsabilidade,
senvolvimento dos profissionais de saúde para atender às necessi- o compromisso e o vínculo do serviço e equipe de saúde com a po-
dades do SUS deve ser produto de cooperação técnica, articulação pulação do seu território, desenhando a rede de atenção e promo-
e diálogo entre os gestores das três esferas de governo, as institui- vendo a humanização do atendimento;
ções de ensino, os serviços e controle social e podem contemplar j. Organizar e pactuar o acesso a ações e serviços de atenção
ações no campo da formação e do trabalho. especializada, a partir das necessidades da atenção básica, configu-
rando a rede de atenção, por meio dos processos de integração e
B. Responsabilidade Sanitária articulação dos serviços de atenção básica com os demais níveis do
Este capítulo define as responsabilidades sanitárias e atribui- sistema, com base no processo da programação pactuada e integra-
ções dos gestores municipais, estaduais, do Distrito Federal e do da da atenção à saúde;
gestor federal. k. Pactuar e fazer o acompanhamento da referência da aten-
A gestão do Sistema Único de Saúde é construída de forma ção que ocorre fora do seu território, em cooperação com o estado,
solidária e cooperada, com apoio mútuo através de compromissos Distrito Federal e com os demais municípios envolvidos no âmbito
assumidos nas Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e Tripartite regional e estadual, conforme a programação pactuada e integrada
(CIT). da atenção à saúde;
Algumas responsabilidades atribuídas aos municípios devem l. Garantir estas referências de acordo com a programação pac-
ser assumidas por todos os municípios. As outras responsabilidades tuada e integrada da atenção à saúde, quando dispõe de serviços
serão atribuídas de acordo com o pactuado e/ou com a comple- de referência intermunicipal;
xidade da rede de serviços localizada no território municipal. No m. Garantir a estrutura física necessária para a realização das
que se refere às responsabilidades atribuídas aos estados devem ações de atenção básica, de acordo com as normas técnicas vigen-
ser assumidas por todos eles. Com relação à gestão dos prestado- tes;
res de serviço fica mantida a normatização estabelecida na NOAS n. Promover a estruturação da assistência farmacêutica e ga-
SUS 01/2002. As referências na NOAS SUS 01/2002 às condições de rantir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da
gestão de municípios e estados ficam substituídas pelas situações população aos medicamentos cuja dispensação esteja sob sua res-
pactuadas no respectivo Termo de Compromisso de Gestão. ponsabilidade, promovendo seu uso racional, observadas as nor-
mas vigentes e pactuações estabelecidas;
1. Responsabilidades gerais da Gestão do SUS o. Assumir a gestão e execução das ações de vigilância em saú-
1.1. Municípios de realizadas no âmbito local, compreendendo as ações de vigilân
Todo município é responsável pela integralidade da atenção à cia epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo com as normas
saúde da sua população, exercendo essa responsabilidade de forma vigentes e pactuações estabelecidas;
solidária com o estado e a União;Todo município deve: p. Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saú-
de, considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional.
39
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
1.2. Estados 1.3. Distrito Federal
a. Responder, solidariamente com municípios, Distrito Federal a. Responder, solidariamente com a União, pela integralidade
e União, pela integralidade da atenção à saúde da população; da atenção à saúde da população;
b. Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de b. Garantir a integralidade das ações de saúde prestadas de for-
Saúde; ma interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do
c. Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, indivíduo no seu contexto familiar, social e do trabalho; engloban-
conforme definido nas diferentes instâncias de pactuação; do atividades de promoção da saúde, prevenção de riscos, danos e
d. Coordenar, acompanhar e avaliar, no âmbito estadual, a agravos; ações de assistência, assegurando o acesso ao atendimen-
implementação dos Pactos Pela Vida e de Gestão e seu Termo de to das urgências;
Compromisso; c. Promover a equidade na atenção à saúde, considerando as
e. Apoiar técnica e financeiramente os municípios, para que diferenças individuais e de grupos populacionais, por meio da ade-
estes assumam integralmente sua responsabilidade de gestor da quação da oferta às necessidades como princípio de justiça social, e
atenção à saúde dos seus munícipes; ampliação do acesso de populações em situação de desigualdade,
f. Apoiar técnica, política e financeiramente a gestão da aten- respeitadas as diversidades locais;
ção básica nos municípios, considerando os cenários epidemiológi- d. Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de
cos, as necessidades de saúde e a articulação regional, fazendo um
Saúde;
reconhecimento das iniquidades, oportunidades e recursos;
e. Coordenar, acompanhar e avaliar, no âmbito estadual, a im-
g. Fazer reconhecimento das necessidades da população no
plementação dos Pactos Pela Vida e de Gestão e seu Termo de Com-
âmbito estadual e cooperar técnica e financeiramente com os mu-
promisso de Gestão;
nicípios, para que possam fazer o mesmo nos seus territórios;
h. Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um f. Assumir a gestão e executar as ações de atenção básica, in-
processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in- cluindo as ações de promoção e proteção, no seu território;
tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação; g. Assumir integralmente a gerência de toda a rede pública de
i. Coordenar o processo de configuração do desenho da rede serviços de atenção básica, englobando as unidades próprias e as
de atenção, nas relações intermunicipais, com a participação dos transferidas pela União;
municípios da região; h. Garantir a estrutura física necessária para a realização das
j. Organizar e pactuar com os municípios, o processo de refe- ações de atenção básica, de acordo com as normas técnicas vigen-
rência intermunicipal das ações e serviços de média e alta comple- tes;
xidade a partir da atenção básica, de acordo com a programação i. Realizar o acompanhamento e a avaliação da atenção básica
pactuada e integrada da atenção à saúde; no âmbito do seu território;
k. Realizar o acompanhamento e a avaliação da atenção básica j. Identificar as necessidades da população do seu território, fa-
no âmbito do território estadual; zer um reconhecimento das iniquidades, oportunidades e recursos;
l. Apoiar técnica e financeiramente os municípios para que ga- k. Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um
rantam a estrutura física necessária para a realização das ações de processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in-
atenção básica; tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação;
m. Promover a estruturação da assistência farmacêutica e ga- l. Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, con-
rantir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da forme definido nas instâncias de pactuação;
população aos medicamentos cuja dispensação esteja sob sua res- m. Organizar o acesso a serviços de saúde resolutivos e de qua-
ponsabilidade, fomentando seu uso racional e observando as nor- lidade na atenção básica, viabilizando o planejamento, a programa-
mas vigentes e pactuações estabelecidas; ção pactuada e integrada da atenção à saúde, bem como o acesso à
n. Coordenar e executar as ações de vigilância em saúde, com- atenção à saúde no seu território, explicitando a responsabilidade,
preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de o compromisso e o vínculo do serviço e equipe de saúde com a po-
acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas; o. As- pulação do seu território, desenhando a rede de atenção e promo-
sumir transitoriamente, quando necessário, a execução das ações vendo a humanização do atendimento;
de vigilância em saúde no município, comprometendo-se em coo-
n. Organizar e pactuar o acesso a ações e serviços de atenção
perar para que o município assuma, no menor prazo possível, sua
especializada a partir das necessidades da atenção básica, configu-
responsabilidade;
rando a rede de atenção, por meio dos processos de integração e
p. Executar algumas ações de vigilância em saúde, em caráter
articulação dos serviços de atenção básica com os demais níveis do
permanente, mediante acordo bipartite e conforme normatização
específica; sistema, com base no processo da programação pactuada e integra-
q. Supervisionar as ações de prevenção e controle da vigilância da da atenção à saúde;
em saúde, coordenando aquelas que exigem ação articulada e si- o. Pactuar e fazer o acompanhamento da referência da atenção
multânea entre os municípios; que ocorre fora do seu território, em cooperação com os estados
r. Apoiar técnica e financeiramente os municípios para que exe- envolvidos no âmbito regional, conforme a programação pactuada
cutem com qualidade as ações de vigilância em saúde, compreen- e integrada da atenção à saúde;
dendo as ações de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental, p. Promover a estruturação da assistência farmacêutica e ga-
de acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas; rantir, em conjunto com a União, o acesso da população aos me-
s. Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saú- dicamentos cuja dispensação esteja sob sua responsabilidade,
de, considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional; fomentando seu uso racional e observando as normas vigentes e
t. Coordenar, normatizar e gerir os laboratórios de saúde pú- pactuações estabelecidas;
blica; q. Garantir o acesso aos serviços de referência de acordo com a
u. Assumir a gestão e a gerência de unidades públicas de hemo- programação pactuada e integrada da atenção à saúde;
núcleos / hemocentros e elaborar normas complementares para a r. Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saú-
organização e funcionamento desta rede de serviços. de, considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional;
40
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
s. Assumir a gestão e execução das ações de vigilância em saú- q. Assumir transitoriamente, quando necessário, a execução
de realizadas no âmbito do seu território, compreendendo as ações das ações de vigilância em saúde nos estados, Distrito Federal e
de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo com municípios, comprometendo-se em cooperar para que assumam,
as normas vigentes e pactuações estabelecidas; no menor prazo possível, suas responsabilidades;
t. Executar e coordenar as ações de vigilância em saúde, com- r. Apoiar técnica e financeiramente os estados, o Distrito Fede-
preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de ral e os municípios para que executem com qualidade as ações de
acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas; vigilância em saúde, compreendendo as ações de vigilância epide-
u. Coordenar, normatizar e gerir os laboratórios de saúde pú- miológica, sanitária e ambiental, de acordo com as normas vigentes
blica; e pactuações estabelecidas;
v. Assumir a gestão e a gerência de unidades públicas de hemo- s. Elaborar, pactuar e implementar a política de promoção da
núcleos / hemocentros e elaborar normas complementares para a saúde.
organização e funcionamento desta rede de serviços.
2. Responsabilidades na Regionalização
1.4. União 2.1. Municípios
a. Responder, solidariamente com os municípios, o Distrito Fe- Todo município deve:
deral e os estados, pela integralidade da atenção à saúde da popu- a. Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo
lação; de regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compro-
b. Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de missos pactuados;
Saúde; b. Participar da constituição da regionalização, disponibilizando
c. Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológicos e financei-
conforme definido nas diferentes instâncias de pactuação; ros, conforme pactuação estabelecida;
d. Coordenar e acompanhar, no âmbito nacional, a pactuação c. Participar dos Colegiados de Gestão Regional,, cumprindo
e avaliação do Pacto de Gestão e Pacto pela Vida e seu Termo de suas obrigações técnicas e financeiras. Nas CIBs regionais constitu-
Compromisso; ídas por representação, quando não for possível a imediata incor-
e. Apoiar o Distrito Federal, os estados e conjuntamente com poração de todos os gestores de saúde dos municípios da região de
estes, os municípios, para que assumam integralmente as suas res- saúde, deve-se pactuar um cronograma de adequação, no menor
ponsabilidades de gestores da atenção à saúde; prazo possível, para a inclusão de todos os municípios nos respecti-
f. Apoiar financeiramente o Distrito Federal e os municípios, em vos Colegiados de Gestão Regional.
conjunto com os estados, para que garantam a estrutura física ne- d. Participar dos projetos prioritários das regiões de saúde,
conforme definido no Plano Municipal de Saúde, no planejamento
cessária para a realização das ações de atenção básica;
regional, no Plano Diretor de Regionalização e no Plano Diretor de
g. Prestar cooperação técnica e financeira aos estados, ao Dis-
Investimento; A responsabilidade a seguir será atribuída de acordo
trito Federal e aos municípios para o aperfeiçoamento das suas atu-
com o pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços loca-
ações institucionais na gestão da atenção básica;
lizada no território municipal
h. Exercer de forma pactuada as funções de normatização e de e. Executar as ações de referência regional sob sua responsabi-
coordenação no que se refere à gestão nacional da atenção básica lidade em conformidade com a programação pactuada e integrada
no SUS; da atenção à saúde acordada nos Colegiados de Gestão Regional.
i. Identificar, em articulação com os estados, Distrito Federal e
municípios, as necessidades da população para o âmbito nacional, 2.2. Estados
fazendo um reconhecimento das iniquidades, oportunidades e re- a. Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo
cursos; e cooperar técnica e financeiramente com os gestores, para de regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compro-
que façam o mesmo nos seus territórios; missos pactuados;
j. Desenvolver, a partir da identificação de necessidades, um b. Coordenar a regionalização em seu território, propondo e
processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in- pactuando diretrizes e normas gerais sobre a regionalização, obser-
tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação; vando as normas vigentes e pactuações na CIB;
k. Promover a estruturação da assistência farmacêutica e ga- c. Coordenar o processo de organização, reconhecimento e
rantir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da atualização das regiões de saúde, conformando o Plano Diretor de
população aos medicamentos que estejam sob sua responsabilida- Regionalização;
de, fomentando seu uso racional, observadas as normas vigentes e d. Participar da constituição da regionalização, disponibilizando
pactuações estabelecidas; de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológicos e financei-
l. Definir e pactuar as diretrizes para a organização das ações e ros, conforme pactuação estabelecida;
serviços de média e alta complexidade, a partir da atenção básica; e. Apoiar técnica e financeiramente as regiões de saúde, pro-
m. Coordenar e executar as ações de vigilância em saúde, com- movendo a equidade inter-regional;
preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de f. Participar dos Colegiados de Gestão Regional, cumprindo
acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas; suas obrigações técnicas e financeiras;
n. Coordenar, nacionalmente, as ações de prevenção e controle g. Participar dos projetos prioritários das regiões de saúde,
da vigilância em saúde que exijam ação articulada e simultânea en- conforme definido no Plano Estadual de Saúde, no planejamento
tre os estados, Distrito Federal e municípios; regional, no Plano Diretor de Regionalização e no Plano Diretor de
Investimento.
o. Proceder investigação complementar ou conjunta com os
demais gestores do SUS em situação de risco sanitário;
2.3. Distrito Federal
p. Apoiar e coordenar os laboratórios de saúde pública – Rede
a. Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo
Nacional de laboratórios de saúde Pública/RNLSP - nos aspectos re-
de regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compro-
lativos à vigilância em saúde; missos pactuados;
41
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
b. Coordenar o processo de organização, reconhecimento e f. Elaborar a programação da atenção à saúde, incluída a assis-
atualização das regiões de saúde, conformando o Plano Diretor de tência e vigilância em saúde, em conformidade com o Plano Muni-
Regionalização; cipal de Saúde, no âmbito da Programação Pactuada e Integrada da
c. Apoiar técnica e financeiramente as regiões de saúde, pro- atenção à saúde; As responsabilidades a seguir serão atribuídas de
movendo a eqüidade inter-regional; acordo com o pactuado e/ou com a complexidade da rede de servi-
d. Participar dos Colegiados de Gestão Regional, cumprindo ços localizada no território municipal
suas obrigações técnicas e financeiras, conforme pactuação esta- g. Gerir os Sistemas de Informação epidemiológica e sanitária,
belecida; bem como assegurar a divulgação de informações e análises.
e. Participar dos projetos prioritários das regiões de saúde,
conforme definido no Plano Estadual de Saúde do Distrito Federal, 3.2. Estados
no planejamento regional, no Plano Diretor de Regionalização e no a. Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo per-
Plano Diretor de Investimento; manente de planejamento participativo e integrado, de base local
f. Propor e pactuar diretrizes e normas gerais sobre a regiona- e ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde,
lização, observando as normas vigentes, participando da sua cons- com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu-
tituição, disponibilizando de forma cooperativa os recursos huma- peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o
nos, tecnológicos e financeiros, conforme pactuação estabelecida. Plano Estadual de Saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho
Estadual de Saúde;
2.4. União b. Formular, no Plano Estadual de Saúde, e pactuar no âmbi-
a. Contribuir para a constituição e fortalecimento do processo to da Comissão Intergestores Bipartite – CIB, a política estadual de
de regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compro- atenção à saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a pro-
missos pactuados; moção da saúde;
b. Coordenar o processo de regionalização no âmbito nacional, c. Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e sub-
propondo e pactuando diretrizes e normas gerais sobre a regionali- metido à aprovação do Conselho Estadual de Saúde;
zação, observando as normas vigentes e pactuações na CIT; d. Coordenar, acompanhar e apoiar os municípios na elabora-
c. Cooperar técnica e financeiramente com as regiões de saúde, ção da programação pactuada e integrada da atenção à saúde, no
por meio dos estados e/ou municípios, priorizando as regiões mais âmbito estadual, regional e interestadual;
vulneráveis, promovendo a equidade inter-regional e interestadual; e. Apoiar, acompanhar, consolidar e operar quando couber, no
d. Apoiar e participar da constituição da regionalização, dispo- âmbito estadual e regional, a alimentação dos Sistemas de Informa-
nibilizando de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológi- ção, conforme normas do Ministério da Saúde;
cos e financeiros, conforme pactuação estabelecida; f. Operar os Sistemas de Informação epidemiológica e sanitária
e. Fomentar a constituição das regiões de saúde fronteiriças, de sua competência, bem como assegurar a divulgação de informa-
participando do funcionamento de seus Colegiados de Gestão Re- ções e análises e apoiar os municípios naqueles sistemas de respon-
gional. sabilidade municipal.
3.3. Distrito Federal
3. Responsabilidades no Planejamento e Programação a. Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo per-
3.1. Municípios manente de planejamento participativo e integrado, de base local
Todo município deve:
e ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde,
a. Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo per-
com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu-
manente de planejamento participativo e integrado, de base local
peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o
e ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde,
Plano Estadual de Saúde do Distrito Federal, submetendo-o à apro-
com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu-
vação do Conselho de Saúde do Distrito Federal;
peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o
b. Formular, no Plano Estadual de Saúde do Distrito Federal, a
Plano de Saúde e submetendo-o à aprovação do Conselho Munici-
política estadual de atenção à saúde, incluindo ações intersetoriais
pal de Saúde;
voltadas para a promoção da saúde;
b. Formular, no Plano Municipal de Saúde, a política municipal
de atenção à saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a c. Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e sub-
promoção da saúde; metido à aprovação do Conselho Estadual de Saúde;
c. Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e sub- d. Operar os Sistemas de Informação epidemiológica e sanitária
metido à aprovação do Conselho Municipal de Saúde; de sua competência, bem como assegurar a divulgação de informa-
d. Operar os Sistemas de Informação referentes à atenção bá- ções e análises;
sica, conforme normas do Ministério da Saúde, e alimentar regular- e. Operar os Sistemas de Informação referentes à atenção bá-
mente os bancos de dados nacionais, assumindo a responsabilida- sica, conforme normas do Ministério da Saúde, e alimentar regular-
de pela gestão, no nível local, dos Sistemas de Informação: Sistema mente os bancos de dados nacionais, assumindo a responsabilida-
de Informação sobre Agravos de Notificação – SINAN, Sistema de de pela gestão, no nível local, dos Sistemas de Informação: Sistema
Informação do Programa Nacional de Imunizações - SI-PNI, Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação – SINAN, Sistema de
de Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC, Sistema de Informa- Informação do Programa Nacional de Imunizações - SI-PNI, Sistema
ção Ambulatorial - SIA e Cadastro Nacional de Estabelecimentos e de Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC, Sistema de Informa-
Profissionais de Saúde – CNES; e quando couber, os sistemas: Siste- ção Ambulatorial - SIA e Cadastro Nacional de Estabelecimentos e
ma de Informação Hospitalar – SIH e Sistema de Informação sobre Profissionais de Saúde – CNES; Sistema de Informação Hospitalar –
Mortalidade – SIM, bem como de outros sistemas que venham a SIH e Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM, bem como
ser introduzidos; de outros sistemas que venham a ser introduzidos;
e. Assumir a responsabilidade pela coordenação e execução f. Assumir a responsabilidade pela coordenação e execução das
das atividades de informação, educação e comunicação, no âmbito atividades de informação, educação e comunicação, no âmbito do
local; seu território;
42
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
g. Elaborar a programação da atenção à saúde, incluída a assis- h. Definir a programação físico-financeira por estabelecimento
tência e vigilância em saúde, em conformidade com o Plano Estadu- de saúde; observar as normas vigentes de solicitação e autoriza-
al de Saúde do Distrito Federal, no âmbito da Programação Pactua- ção dos procedimentos hospitalares e ambulatoriais; processar a
da e Integrada da atenção à saúde. produção dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e
realizar o pagamento dos prestadores de serviços;
3.4. União i. Operar o complexo regulador dos serviços presentes no seu
a. Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo per- território, de acordo com a pactuação estabelecida, realizando a
manente de planejamento participativo e integrado, de base local co-gestão com o estado e outros municípios, das referências inter-
e ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde, municipais.
com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu- j. Executar o controle do acesso do seu munícipe aos leitos dis-
peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o poníveis, às consultas, terapias e exames especializados, disponí-
Plano Nacional de Saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho veis no seu território, que pode ser feito por meio de centrais de
Nacional de Saúde; regulação;
b. Formular, no Plano Nacional de Saúde, e pactuar no âmbi- k. Planejar e executar a regulação médica da atenção pré-hos-
to da Comissão Intergestores Tripartite – CIT, a política nacional de pitalar às urgências, conforme normas vigentes e pactuações esta-
atenção à saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a pro- belecidas;
moção da saúde; l. Elaborar contratos com os prestadores de serviços de acordo
c. Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e sub-
com a política nacional de contratação de serviços de saúde e em
metido à aprovação do Conselho Nacional de Saúde;
conformidade com o planejamento e a programação pactuada e in-
d. Formular, pactuar no âmbito a CIT e aprovar no Conselho Na-
tegrada da atenção à saúde;
cional de Saúde, a política nacional de atenção à saúde dos povos
m. Monitorar e fiscalizar os contratos e convênios com presta-
indígenas e executá-la, conforme pactuação com Estados e Municí-
pios, por meio da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA; dores contratados e conveniados, bem como das unidades públicas;
e. Coordenar, acompanhar e apoiar os municípios, os estados e n. Monitorar e fiscalizar a execução dos procedimentos reali-
Distrito Federal na elaboração da programação pactuada e integra- zados em cada estabelecimento por meio das ações de controle e
da da atenção à saúde, no âmbito nacional; avaliação hospitalar e ambulatorial;
f. Gerenciar, manter e elaborar quando necessário, no âmbito o. Monitorar e fiscalizar e o cumprimento dos critérios nacio-
nacional, os sistemas de informação, conforme normas vigentes e nais, estaduais e municipais de credenciamento de serviços;
pactuações estabelecidas, incluindo aqueles sistemas que garan- p. Implementar a avaliação das ações de saúde nos estabele-
tem a solicitação e autorização de procedimentos, o processamen- cimentos de saúde, por meio de análises de dados e indicadores e
to da produção e a preparação para a realização de pagamentos; verificação de padrões de conformidade;
g. Desenvolver e gerenciar Sistemas de Informação epidemio- q. Implementar a auditoria sobre toda a produção de serviços
lógica e sanitária, bem como assegurar a divulgação de informações de saúde, públicos e privados, sob sua gestão, tomando como refe-
e análises. rência as ações previstas no Plano Municipal de Saúde e em articu-
lação com as ações de controle, avaliação e regulação assistencial;
4. Responsabilidades na Regulação, Controle, Avaliação e Au- r. Realizar auditoria assistencial da produção de serviços de
ditoria saúde, públicos e privados, sob sua gestão;
4.1. Municípios s. Elaborar normas técnicas, complementares às das esferas es-
Todo município deve: tadual e federal, para o seu território.
a. Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros
provenientes de transferência regular e automática (fundo a fundo) 4.2. Estados
e por convênios; a. Elaborar as normas técnicas complementares à da esfera fe-
b. Realizar a identificação dos usuários do SUS, com vistas à deral, para o seu território;
vinculação de clientela e à sistematização da oferta de serviços; b. Monitorar a aplicação dos recursos financeiros recebidos por
c. Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realiza- meio de transferência regular e automática (fundo a fundo) e por
das em seu território, por intermédio de indicadores de desempe- convênios;
nho, envolvendo aspectos epidemiológicos e operacionais;
c. Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros
d. Manter atualizado o Sistema Nacional de Cadastro de Esta-
transferidos aos fundos municipais;
belecimentos e Profissionais de Saúde no seu território, segundo
d. Monitorar o cumprimento pelos municípios: dos planos de
normas do Ministério da Saúde;
saúde, dos relatórios de gestão, da operação dos fundos de saúde,
e. Adotar protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, em con-
sonância com os protocolos e diretrizes nacionais e estaduais; indicadores e metas do Pacto de Gestão, da constituição dos servi-
f. Adotar protocolos de regulação de acesso, em consonância ços de regulação, controle avaliação e auditoria e da participação na
com os protocolos e diretrizes nacionais, estaduais e regionais; programação pactuada e integrada da atenção à saúde;
g. Controlar a referência a ser realizada em outros municípios, e. Apoiar a identificação dos usuários do SUS no âmbito estadu-
de acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à al, com vistas à vinculação de clientela e à sistematização da oferta
saúde, procedendo à solicitação e/ou autorização prévia, quando de serviços;
couber; As responsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo f. Manter atualizado o cadastramento no Sistema Nacional de
com o pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços loca- Cadastro de Estabelecimentos e Profissionais de Saúde, bem como
lizada no território municipal coordenar e cooperar com os municípios nesta atividade;
g. Elaborar e pactuar protocolos clínicos e de regulação de
acesso, no âmbito estadual, em consonância com os protocolos e
diretrizes nacionais, apoiando os municípios na implementação dos
mesmos;
43
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
h. Controlar a referência a ser realizada em outros estados, 4.3. Distrito Federal
de acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à a. Elaborar as normas técnicas complementares à da esfera fe-
saúde, procedendo à solicitação e/ou autorização prévia, quando deral, para o seu território;
couber; b. Monitorar a aplicação dos recursos financeiros recebidos por
i. Operar a central de regulação estadual, para as referências meio de transferência regular e automática (fundo a fundo) e por
interestaduais pactuadas, em articulação com as centrais de regu- convênios;
lação municipais; c. Realizar a identificação dos usuários do SUS no âmbito do
j. Coordenar e apoiar a implementação da regulação da aten- Distrito Federal, com vistas à vinculação de clientela e à sistemati-
ção pré-hospitalar às urgências de acordo com a regionalização e zação da oferta de serviços;
conforme normas vigentes e pactuações estabelecidas; d. Manter atualizado o cadastramento no Sistema Nacional de
k. Estimular e apoiar a implantação dos complexos reguladores Cadastro de Estabelecimentos e Profissionais de Saúde no seu terri-
municipais; tório, segundo normas do Ministério da Saúde;
l. Participar da co-gestão dos complexos reguladores munici- e. Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realiza-
pais, no que se refere às referências intermunicipais; das em seu território, por intermédio de indicadores de desempe-
m. Operar os complexos reguladores no que se refere à refe- nho, envolvendo aspectos epidemiológicos e operacionais;
rência intermunicipal, conforme pactuação; f. Elaborar e implantar protocolos clínicos, terapêuticos e de re-
n. Monitorar a implementação e operacionalização das centrais
gulação de acesso, no âmbito do Distrito Federal, em consonância
de regulação;
com os protocolos e diretrizes nacionais;
o. Cooperar tecnicamente com os municípios para a qualifica-
g. Controlar a referência a ser realizada em outros estados, de
ção das atividades de cadastramento, contratação, controle, avalia-
acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à saú-
ção, auditoria e pagamento aos prestadores de serviços localizados
no território municipal e vinculados ao SUS; de, procedendo à solicitação e/ou autorização prévia;
p. Monitorar e fiscalizar contratos e convênios com prestadores h. Operar a central de regulação do Distrito Federal, para as re-
contratados e conveniados, bem como das unidades públicas; ferências interestaduais pactuadas, em articulação com as centrais
q. Elaborar contratos com os prestadores de serviços de acordo de regulação estaduais e municipais;
com a política nacional de contratação de serviços de saúde, em i. Implantar e operar o complexo regulador dos serviços pre-
conformidade com o planejamento e a programação da atenção; sentes no seu território, de acordo com a pactuação estabelecida;
r. Credenciar os serviços de acordo com as normas vigentes e j. Coordenar e apoiar a implementação da regulação da aten-
com a regionalização e coordenar este processo em relação aos mu- ção pré-hospitalar às urgências de acordo com a regionalização e
nicípios; conforme normas vigentes e pactuações estabelecidas;
s. Fiscalizar e monitorar o cumprimento dos critérios estaduais k. Executar o controle do acesso do seu usuário aos leitos dis-
e nacionais de credenciamento de serviços pelos prestadores; poníveis, às consultas, terapias e exames especializados, disponí-
t. Monitorar o cumprimento, pelos municípios, das programa- veis no seu território, que pode ser feito por meio de centrais de
ções fisico-financeiras definidas na programação pactuada e inte- regulação;
grada da atenção à saúde; l. Definir a programação físico-financeira por estabelecimento
u. Fiscalizar e monitorar o cumprimento, pelos municípios, das de saúde; observar as normas vigentes de solicitação e autoriza-
normas de solicitação e autorização das internações e dos procedi- ção dos procedimentos hospitalares e ambulatoriais; processar a
mentos ambulatoriais especializados; produção dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e
v. Estabelecer e monitorar a programação físico-financeira dos realizar o pagamento dos prestadores de serviços;
estabelecimentos de saúde sob sua gestão; observar as normas m. Monitorar e fiscalizar contratos e convênios com prestado-
vigentes de solicitação e autorização dos procedimentos hospita- res contratados e conveniados, bem como das unidades públicas;
lares e ambulatoriais, monitorando e fiscalizando a sua execução n. Elaborar contratos com os prestadores de acordo com a polí-
por meio de ações de controle, avaliação e auditoria; processar a tica nacional de contratação de serviços de saúde, em conformida-
produção dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e de com o planejamento e a programação da atenção à saúde;
realizar o pagamento dos prestadores de serviços; o. Credenciar os serviços de acordo com as normas vigentes e
w. Monitorar e avaliar o funcionamento dos Consórcios Inter-
coma regionalização;
municipais de Saúde;
p. Monitorar e avaliar o funcionamento dos Consórcios de Saú-
x. Monitorar e avaliar o desempenho das redes regionais hie-
de;
rarquizadas estaduais;
q. Monitorar e avaliar o desempenho das redes regionais hie-
y. Implementar avaliação das ações de saúde nos estabeleci-
mentos, por meio de análise de dados e indicadores e verificação rarquizadas;
de padrões de conformidade; r. Implementar avaliação das ações de saúde nos estabeleci-
z. Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realiza- mentos, por meio de análises de dados e indicadores e verificação
das pelos municípios e pelo gestor estadual; de padrões de conformidade;
a. Supervisionar a rede de laboratórios públicos e privados que s. Monitorar e fiscalizar a execução dos procedimentos reali-
realizam análises de interesse da saúde pública; zados em cada estabelecimento por meio das ações de controle e
b. Elaborar normas complementares para a avaliação tecnoló- avaliação hospitalar e ambulatorial;
gica em saúde; t. Supervisionar a rede de laboratórios públicos e privados que
c. Avaliar e auditar os Sistemas Municipais de Saúde; realizam análises de interesse da saúde pública;
d. Implementar auditoria sobre toda a produção de serviços de u. Elaborar normas complementares para a avaliação tecnoló-
saúde, pública e privada, sob sua gestão e em articulação com as gica em saúde;
ações de controle, avaliação e regulação assistencial; v. Implementar auditoria sobre toda a produção de serviços de
e. Realizar auditoria assistencial da produção de serviços de saúde, pública e privada, em articulação com as ações de controle,
saúde, públicos e privados, sob sua gestão. avaliação e regulação assistencial.
44
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
4.4. União c. Organizar e prover as condições necessárias à realização de
a. Cooperar tecnicamente com os estados, o Distrito Federal e Conferências Municipais de Saúde;
os municípios para a qualificação das atividades de cadastramento, d. Estimular o processo de discussão e controle social no espa-
contratação, regulação, controle, avaliação, auditoria e pagamento ço regional;
aos prestadores de serviços vinculados ao SUS; e. Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
b. Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros f. Promover ações de informação e conhecimento acerca do
transferidos fundo a fundo e por convênio aos fundos de saúde dos SUS, junto à população em geral;
estados, do Distrito Federal e dos municípios; g. Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vis-
c. Monitorar o cumprimento pelos estados, Distrito Federal e tas ao fortalecimento da participação social do SUS; A responsabili-
municípios dos planos de saúde, dos relatórios de gestão, da ope- dade a seguir será atribuída de acordo com o pactuado e/ou com a
ração dos fundos de saúde, dos pactos de indicadores e metas, da complexidade da rede de serviços localizada no território municipal
constituição dos serviços de regulação, controle avaliação e audito- h. Implementar ouvidoria municipal com vistas ao fortaleci-
ria e da realização da programação pactuada e integrada da atenção mento da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais.
à saúde;
d. Coordenar, no âmbito nacional, a estratégia de identificação 5.2. Estados
dos usuários do SUS; a. Apoiar o processo de mobilização social e institucional em
e. Coordenar e cooperar com os estados, o Distrito Federal e os defesa do SUS;
municípios no processo de cadastramento de Estabelecimentos e b. Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
Profissionais de Saúde; cessárias ao funcionamento do Conselho Estadual de Saúde, que
f. Definir e pactuar a política nacional de contratação de servi- deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente;
ços de saúde; c. Organizar e prover as condições necessárias à realização de
g. Propor e pactuar os critérios de credenciamento dos serviços Conferências Estaduais de Saúde;
de saúde; d. Estimular o processo de discussão e controle social no espa-
h. Propor e pactuar as normas de solicitação e autorização das ço regional;
internações e dos procedimentos ambulatoriais especializados, de e. Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
acordo com as Políticas de Atenção Especializada; f. Promover ações de informação e conhecimento acerca do
i. Elaborar, pactuar e manter as tabelas de procedimentos en- SUS, junto à população em geral;
quanto padrão nacional de utilização dos mesmos e de seus preços; g. Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vis-
j. Estruturar a política nacional de regulação da atenção à saú- tas ao fortalecimento da participação social do SUS;
de, conforme pactuação na CIT, contemplando apoio financeiro, h. Implementar ouvidoria estadual, com vistas ao fortalecimen-
tecnológico e de educação permanente; to da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais.
k. Estimular e apoiar a implantação dos complexos reguladores;
l. Cooperar na implantação e implementação dos complexos 5.3. Distrito Federal
reguladores; a. Apoiar o processo de mobilização social e institucional em
m. Coordenar e monitorar a implementação e operacionaliza- defesa do SUS;
ção das centrais de regulação interestaduais, garantindo o acesso às b. Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
referências pactuadas; cessárias ao funcionamento do Conselho de Saúde do Distrito Fe-
n. Coordenar a construção de protocolos clínicos e de regula- deral, que deverá ser organizado em conformidade com a legislação
vigente;
ção de acesso nacionais, em parceria com os estados, o Distrito Fe-
c. Organizar e prover as condições necessárias à realização de
deral e os municípios, apoiando–os na utilização dos mesmos;
Conferências Estaduais de Saúde;
o. Acompanhar, monitorar e avaliar a atenção básica, nas de-
d. Estimular o processo de discussão e controle social no espa-
mais esferas de gestão, respeitadas as competências estaduais, mu-
ço regional;
nicipais e do Distrito Federal;
e. Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
p. Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realiza-
f. Promover ações de informação e conhecimento acerca do
das pelos municípios, Distrito Federal, estados e pelo gestor federal,
SUS, junto à população em geral;
incluindo a permanente avaliação dos sistemas de vigilância epide-
g. Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vis-
miológica e ambiental em saúde; tas ao fortalecimento da participação social do SUS;
q. Normatizar, definir fluxos técnico-operacionais e supervisio- h. Implementar ouvidoria estadual, com vistas ao fortalecimen-
nar a rede de laboratórios públicos e privados que realizam análises to da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais
de interesse em saúde pública;
r. Avaliar o desempenho das redes regionais e de referências 5.4. União
interestaduais; a. Apoiar o processo de mobilização social e institucional em
s. Responsabilizar-se pela avaliação tecnológica em saúde; defesa do SUS;
t. Avaliar e auditar os sistemas de saúde estaduais e municipais. b. Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
cessárias ao funcionamento do Conselho Nacional de Saúde, que
5. Responsabilidades na Participação e Controle Social deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente;
5.1. Municípios c. Organizar e prover as condições necessárias à realização de
Todo município deve: Conferências Nacionais de Saúde;
a. Apoiar o processo de mobilização social e institucional em d. Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
defesa do SUS; e. Promover ações de informação e conhecimento acerca do
b. Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne- SUS, junto à população em geral;
cessárias ao funcionamento do Conselho Municipal de Saúde, que f. Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vis-
deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente; tas ao fortalecimento da participação social do SUS;
45
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
g. Apoiar o fortalecimento dos movimentos sociais, aproximan- b. Implementar espaços de negociação permanente entre tra-
do os da organização das práticas da saúde e com as instâncias de balhadores e gestores, no âmbito do Distrito Federal e regional;
controle social da saúde; c. Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais
h. Formular e pactuar a política nacional de ouvidoria e imple- e previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de ges-
mentar o componente nacional, com vistas ao fortalecimento da tão e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos,
gestão estratégica do SUS. onde for necessário, conforme legislação vigente;
d. Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras,
6. Responsabilidades na Gestão do Trabalho Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração,
6.1. Municípios implementação e/ou reformulação de Planos de Cargos e Salários
Todo município deve: no âmbito da gestão do Distrito Federal;
a. Promover e desenvolver políticas de Gestão do Trabalho, e. Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e de
considerando os princípios da humanização, da participação e da gestão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de tra-
democratização das relações de trabalho; balhadores de saúde, no âmbito do Distrito Federal, notadamente
b. Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais em regiões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implan-
e previdenciários dos trabalhadores da saúde na sua esfera de ges- tação de ações estratégicas para a atenção básica.
tão e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos,
onde for necessário, conforme legislação vigente; As responsabi- 6.4. União
lidades a seguir serão atribuídas de acordo com o pactuado e/ou a. Promover, desenvolver e pactuar políticas de gestão do tra-
com a complexidade da rede de serviços localizada no território balho considerando os princípios da humanização, da participação
municipal e da democratização das relações de trabalho, apoiando os gestores
c. Estabelecer, sempre que possível, espaços de negociação estaduais e municipais na implementação das mesmas;
permanente entre trabalhadores e gestores; b. Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento
d. Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento tripartite com vistas à adoção de políticas referentes à força de tra-
tripartite com vistas à adoção de política referente aos recursos hu- balho descentralizada;
manos descentralizados; c. Fortalecer a Mesa Nacional de Negociação Permanente do
e. Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras, SUS como um espaço de negociação entre trabalhadores e gestores
Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração, e contribuir para o desenvolvimento de espaços de negociação no
implementação e/ou reformulação de Planos de Carreiras, Cargos e âmbito estadual, regional e/ou municipal;
Salários no âmbito da gestão local; d. Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais
f. Implementar e pactuar diretrizes para políticas de educação e previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de ges-
tão e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos,
e gestão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de
onde for necessário, conforme legislação vigente e apoiando téc-
trabalhadores da saúde, no âmbito municipal, notadamente em re-
nica e financeiramente os estados e municípios na mesma direção;
giões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação de
e. Formular, propor, pactuar e implementar as Diretrizes Na-
ações estratégicas para a atenção básica.
cionais para Planos de Carreiras, Cargos e Salários no âmbito do
Sistema Único de Saúde – PCCS/SUS;
6.2. Estados
f. Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e de
a. Promover e desenvolver políticas de Gestão do Trabalho,
gestão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de tra-
considerando os princípios da humanização, da participação e da
balhadores de saúde, no âmbito nacional, notadamente em regi-
democratização das relações de trabalho; ões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação de
b. Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento ações estratégicas para a atenção básica.
tripartite com vistas à adoção de política referente aos recursos hu-
manos descentralizados; 7. Responsabilidades da Educação na Saúde
c. Promover espaços de negociação permanente entre traba- 7.1. Municípios
lhadores e gestores, no âmbito estadual e regional; Todo município deve:
d. Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais a. Formular e promover a gestão da Educação Permanente na
e previdenciários dos trabalhadores da saúde na sua esfera de ges- Saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade
tão e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, da atenção à saúde, criando quando for o caso, estruturas de coor-
onde for necessário, conforme legislação vigente e apoiando técni- denação e de execução da política de formação e desenvolvimento,
ca e financeiramente os municípios na mesma direção; participando no seu financiamento;
e. Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras, b. Promover diretamente ou em cooperação com o estado,
Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração, com os municípios da sua região e com a União, processos conjun-
implementação e/ou reformulação de Planos de Carreiras, Cargos e tos de educação permanente em saúde;
Salários no âmbito da gestão estadual; c. Apoiar e promover a aproximação dos movimentos de edu-
f. Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e ges- cação popular na saúde na formação dos profissionais de saúde, em
tão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de traba- consonância com as necessidades sociais em saúde;
lhadores da saúde, no âmbito estadual, notadamente em regiões d. Incentivar junto à rede de ensino, no âmbito municipal, a
onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação de realização de ações educativas e de conhecimento do SUS; As res-
ações estratégicas para a atenção básica. ponsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo com o pactuado
e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada no territó-
6.3. Distrito Federal rio municipal
a. Desenvolver estudos quanto às estratégias e financiamento e. Articular e cooperar com a construção e implementação de
tripartite de política de reposição da força de trabalho descentrali- iniciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das
zada; profissões de saúde, de acordo com as diretrizes do SUS;
46
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
f. Promover e articular junto às Escolas Técnicas de Saúde uma d. Articular e propor políticas de indução de mudanças na gra-
nova orientação para a formação de profissionais técnicos para o duação das profissões de saúde;
SUS, diversificando os campos de aprendizagem; e. Propor e pactuar com o Sistema Federal de Educação, pro-
cessos de formação de acordo com as necessidades do SUS, articu-
7.2. Estados lando os demais gestores na mesma direção.
a. Formular, promover e apoiar a gestão da Educação Perma-
nente na Saúde e processos relativos à mesma no âmbito estadual; PORTARIA Nº 399, DE 22 DE FEVEREIRO DE 2006
b. Promover a integração de todos os processos de capacita-
ção e desenvolvimento de recursos humanos à política de educação Divulga o Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do SUS e apro-
permanente, no âmbito da gestão estadual do SUS; va as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto.
c. Apoiar e fortalecer a articulação com os municípios e entre O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, INTERINO, no uso de suas
os mesmos, para os processos de educação e desenvolvimento de atribuições, e
trabalhadores para o SUS; Considerando o disposto no art. 198 da Constituição Federal
d. Articular a vinculação dos municípios às referências para o de 1988, que estabelece as ações e serviços públicos que integram
processo de formação e desenvolvimento; uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem o Sistema
e. Articular e participar das políticas regulatórias e de indução Único de Saúde - SUS;
de mudanças no campo da graduação e da especialização das pro- Considerando o art. 7º da Lei nº 8080/90 dos princípios e dire-
fissões de saúde; trizes do SUS de universalidade do acesso, integralidade da atenção
f. Articular e pactuar com o Sistema Estadual de Educação, pro- e descentralização político-administrativa com direção única em
cessos de formação de acordo com as necessidades do SUS, coope- cada esfera de governo;
rando com os demais gestores, para processos na mesma direção; Considerando a necessidade de qualificar e implementar o
g. Desenvolver ações e estruturas formais de educação técnica processo de descentralização, organização e gestão do SUS à luz da
em saúde com capacidade de execução descentralizada no âmbito evolução do processo de pactuação intergestores;
estadual; Considerando a necessidade do aprimoramento do processo
de pactuação intergestores objetivando a qualificação, o aperfeiço-
7.3. Distrito Federal amento e a definição das responsabilidades sanitárias e de gestão
a. Formular e promover a gestão da Educação Permanente na entre os entes federados no âmbito do SUS;
Saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade Considerando a necessidade de definição de compromisso en-
da atenção à saúde, criando quando for o caso, estruturas de coor- tre os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentem
denação e de execução da política de formação e desenvolvimento, impacto sobre a situação de saúde da população brasileira;
participando no seu financiamento; Considerando o compromisso com a consolidação e o avanço
b. Promover a integração de todos os processos de capacita- do processo de Reforma Sanitária Brasileira, explicitada na defesa
ção e desenvolvimento de recursos humanos à política de educação dos princípios do SUS;
permanente; Considerando a aprovação das Diretrizes Operacionais do Pac-
c. Articular e participar das políticas regulatórias e de indução to pela Saúde em 2006 – Consolidação do SUS na reunião da Comis-
de mudanças no campo da graduação e da especialização das pro- são Intergestores Tripartite realizada no dia 26 de janeiro de 2006; e
fissões de saúde;
Considerando a aprovação das Diretrizes Operacionais do Pac-
d. Articular e cooperar com a construção e implementação de
to pela Saúde em 2006 – Consolidação do SUS, na reunião do Con-
iniciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das
selho Nacional de Saúde realizada no dia 9 de fevereiro de 2006,
profissões de saúde, de acordo com as diretrizes do SUS;
resolve:
e. Articular e pactuar com o Sistema Estadual de Educação, pro-
Art. 1º - Dar divulgação ao Pacto pela Saúde 2006 – Consolida-
cessos de formação de acordo com as necessidades do SUS, coope-
ção do SUS, na forma do Anexo I a esta portaria.
rando com os demais gestores, para processos na mesma direção;
Art 2º - Aprovar as Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde
f. Desenvolver ações e estruturas formais de educação técnica
em 2006 – Consolidação do SUS com seus três componentes: Pac-
em saúde com capacidade de execução descentralizada no âmbito
do Distrito Federal; tos Pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, na forma do Anexo II
g. Promover e articular junto às Escolas Técnicas de Saúde uma a esta Portaria.
nova orientação para a formação de profissionais técnicos para o Art. 3º - Ficam mantidas, até a assinatura do Termo de Com-
SUS, diversificando os campos de aprendizagem; promisso de Gestão constante nas Diretrizes Operacionais do Pacto
h. Apoiar e promover a aproximação dos movimentos de edu- pela Saúde 2006, as mesmas prerrogativas e responsabilidades dos
cação popular na saúde da formação dos profissionais de saúde, em municípios e estados que estão habilitados em Gestão Plena do Sis-
consonância com as necessidades sociais em saúde; tema, conforme estabelecido na Norma Operacional Básica - NOB
i. Incentivar, junto à rede de ensino, a realização de ações edu- SUS 01/96 e na Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS
cativas e de conhecimento do SUS; SUS 2002.
Art. 4º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
7.4. União
a. Formular, promover e pactuar políticas de educação perma- ANEXO I
nente na saúde, apoiando técnica e financeiramente estados e mu- PACTO PELA SAÚDE 2006
nicípios no desenvolvimento das mesmas; Consolidação do SUS
b. Promover a integração de todos os processos de capacita-
ção e desenvolvimento de recursos humanos à política de educação O Sistema Único de Saúde - SUS é uma política pública que aca-
permanente, no âmbito da gestão nacional do SUS; ba de completar uma década e meia de existência. Nesses poucos
c. Propor e pactuar políticas regulatórias no campo da gradua- anos, foi construído no Brasil, um sólido sistema de saúde que pres-
ção e da especialização das profissões de saúde; ta bons serviços à população brasileira.
47
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
O SUS tem uma rede de mais de 63 mil unidades ambulato- PROMOÇÃO DA SAÚDE:
riais e de cerca de 6 mil unidades hospitalares, com mais de 440 Elaborar e implantar a Política Nacional de Promoção da Saúde,
mil leitos. Sua produção anual é aproximadamente de 12 milhões com ênfase na adoção de hábitos saudáveis por parte da população
de internações hospitalares; 1 bilhão de procedimentos de atenção brasileira, de forma a internalizar a responsabilidade individual da
primária à saúde; 150 milhões de consultas médicas; 2 milhões de prática de atividade física regula,r alimentação saudável e combate
partos; 300 milhões de exames laboratoriais; 132 milhões de aten- ao tabagismo.
dimentos de alta complexidade e 14 mil transplantes de órgãos.
Além de ser o segundo país do mundo em número de transplan- ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
tes, o Brasil é reconhecido internacionalmente pelo seu progresso
no atendimento universal às Doenças Sexualmente Transmissíveis/ Consolidar e qualificar a estratégia da Saúde da Família como
AIDS, na implementação do Programa Nacional de Imunização e no modelo de atenção básica à saúde e como centro ordenador das
atendimento relativo à Atenção Básica. O SUS é avaliado positiva- redes de atenção à saúde do SUS
mente pelos que o utilizam rotineiramente e está presente em todo II – O PACTO EM DEFESA DO SUS:
território nacional.
Ao longo de sua história houve muitos avanços e também desa- O Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articula-
fios permanentes a superar. Isso tem exigido, dos gestores do SUS, das pelas três instâncias federativas no sentido de reforçar o SUS
um movimento constante de mudanças, pela via das reformas in- como política de Estado mais do que política de governos; e de de-
crementais. Contudo, esse modelo parece ter se esgotado, de um fender, vigorosamente, os princípios basilares dessa política públi-
lado, pela dificuldade de imporem-se normas gerais a um país tão ca, inscritos na Constituição Federal.
grande e desigual; de outro, pela sua fixação em conteúdos norma- A concretização desse Pacto passa por um movimento de re-
tivos de caráter técnico-processual, tratados, em geral, com deta- politização da saúde, com uma clara estratégia de mobilização so-
lhamento excessivo e enorme complexidade. cial envolvendo o conjunto da sociedade brasileira, extrapolando
Na perspectiva de superar as dificuldades apontadas, os gesto- os limites do setor e vinculada ao processo de instituição da saúde
res do SUS assumem o compromisso público da construção do PAC- como direito de cidadania, tendo o financiamento público da saúde
TO PELA SAÚDE 2006, que será anualmente revisado, com base nos como um dos pontos centrais.
princípios constitucionais do SUS, ênfase nas necessidades de saú- As prioridades do Pacto em Defesa do SUS são:
IMPLEMENTAR UM PROJETO PERMANENTE DE MOBILIZAÇÃO
de da população e que implicará o exercício simultâneo de defini-
SOCIAL COM A FINALIDADE DE:
ção de prioridades articuladas e integradas nos três componentes:
Mostrar a saúde como direito de cidadania e o SUS como siste-
Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS.
ma público universal garantidor desses direitos;
Estas prioridades são expressas em objetivos e metas no Termo
Alcançar, no curto prazo, a regulamentação da Emenda Consti-
de Compromisso de Gestão e estão detalhadas no documento Dire- tucional nº 29, pelo Congresso Nacional;
trizes Operacionais do Pacto pela Saúde 2006 Garantir, no longo prazo, o incremento dos recursos orçamen-
tários e financeiros para a saúde.
I – O PACTO PELA VIDA: Aprovar o orçamento do SUS, composto pelos orçamentos das
três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada uma
O Pacto pela Vida está constituído por um conjunto de compro- delas.
missos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados
e derivados da análise da situação de saúde do País e das priorida- ELABORAR E DIVULGAR A CARTA DOS DIREITOS DOS USUÁ-
des definidas pelos governos federal, estaduais e municipais. RIOS DO SUS
Significa uma ação prioritária no campo da saúde que deverá
ser executada com foco em resultados e com a explicitação inequí- III – O PACTO DE GESTÃO DO SUS
voca dos compromissos orçamentários e financeiros para o alcance
desses resultados. O Pacto de Gestão estabelece as responsabilidades claras de
As prioridades do PACTO PELA VIDA e seus objetivos para 2006 cada ente federado de forma a diminuir as competências concor-
são: rentes e a tornar mais claro quem deve fazer o quê, contribuindo,
assim, para o fortalecimento da gestão compartilhada e solidária
SAÚDE DO IDOSO: do SUS.
Implantar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, bus- Esse Pacto parte de uma constatação indiscutível: o Brasil é um
cando a atenção integral. país continental e com muitas diferenças e iniquidades regionais.
Mais do que definir diretrizes nacionais é necessário avançar na re-
CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E DE MAMA: gionalização e descentralização do SUS, a partir de uma unidade de
Contribuir para a redução da mortalidade por câncer de colo princípios e uma diversidade operativa que respeite as singularida-
do útero e de mama. des regionais.
Esse Pacto radicaliza a descentralização de atribuições do Mi-
nistério da Saúde para os estados, e para os municípios, promo-
MORTALIDADE INFANTIL E MATERNA:
vendo um choque de descentralização, acompanhado da desburo-
Reduzir a mortalidade materna, infantil neonatal, infantil por
cratização dos processos normativos. Reforça a territorialização da
doença diarréica e por pneumonias.
saúde como base para organização dos sistemas, estruturando as
DOENÇAS EMERGENTES E ENDEMIAS, COM ÊNFASE NA DEN-
regiões sanitárias e instituindo colegiados de gestão regional.
GUE, HANSENÍASE, TUBERCULOSE, MALÁRIA E INFLUENZA Reitera a importância da participação e do controle social com
Fortalecer a capacidade de resposta do sistema de saúde às o compromisso de apoio à sua qualificação.
doenças emergentes e endemias.
48
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Explicita as diretrizes para o sistema de financiamento público I – PACTO PELA VIDA
tripartite: busca critérios de alocação eqüitativa dos recursos; refor-
ça os mecanismos de transferência fundo a fundo entre gestores; O Pacto pela Vida é o compromisso entre os gestores do SUS
integra em grandes blocos o financiamento federal e estabelece re- em torno de prioridades que apresentam impacto sobre a situação
lações contratuais entre os entes federativos. de saúde da população brasileira.
As prioridades do Pacto de Gestão são: A definição de prioridades deve ser estabelecida através de
DEFINIR DE FORMA INEQUÍVOCA A RESPONSABILIDADE SANI- metas nacionais, estaduais, regionais ou municipais. Prioridades es-
TÁRIA DE CADA INSTÂNCIA GESTORA DO SUS: federal, estadual e taduais ou regionais podem ser agregadas às prioridades nacionais,
municipal, superando o atual processo de habilitação. conforme pactuação local.
ESTABELECER AS DIRETRIZES PARA A GESTÃO DO SUS, com ên- Os estados/região/município devem pactuar as ações necessá-
fase na Descentralização; Regionalização; Financiamento; Progra- rias para o alcance das metas e dos objetivos propostos.
mação Pactuada e Integrada; Regulação; Participação e Controle São seis as prioridades pactuadas:
Social; Planejamento; Gestão do Trabalho e Educação na Saúde. Saúde do idoso;
Este PACTO PELA SAÚDE 2006 aprovado pelos gestores do SUS Controle do câncer de colo de útero e de mama;
na reunião da Comissão Intergestores Tripartite do dia 26 de janeiro
Redução da mortalidade infantil e materna;
de 2006, é abaixo assinado pelo Ministro da Saúde, o Presidente do
Fortalecimento da capacidade de respostas às doenças emer-
Conselho Nacional de Secretários de Saúde - CONASS e o Presidente
gentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculo-
do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde - CONA-
se, malária e influenza;
SEMS e será operacionalizado por meio do documento de Diretrizes
Operacionais do Pacto pela Saúde 2006. Promoção da Saúde;
Ministério da Saúde Fortalecimento da Atenção Básica.
Conselho Nacional de Secretários de Saúde-CONASS
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde-CONA- A – SAÚDE DO IDOSO
SEMS Para efeitos desse Pacto será considerada idosa a pessoa com
Anexo II 60 anos ou mais.
DIRETRIZES OPERACIONAIS DO PACTO PELA SAÚDE EM 2006 1 - O trabalho nesta área deve seguir as seguintes diretrizes:
– CONSOLIDAÇÃO DO SUS Promoção do envelhecimento ativo e saudável;
Atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa;
Transcorridas quase duas décadas do processo de instituciona- Estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da
lização do Sistema Único de Saúde, a sua implantação e implemen- atenção;
tação evoluíram muito, especialmente em relação aos processos de A implantação de serviços de atenção domiciliar;
descentralização e municipalização das ações e serviços de saúde. O acolhimento preferencial em unidades de saúde, respeitado
O processo de descentralização ampliou o contato do Sistema com o critério de risco;
a realidade social, política e administrativa do país e com suas es- Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da
pecificidades regionais, tornando-se mais complexo e colocando os atenção à saúde da pessoa idosa;
gestores a frente de desafios que busquem superar a fragmentação Fortalecimento da participação social;
das políticas e programas de saúde através da organização de uma Formação e educação permanente dos profissionais de saúde
rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços e da qualifi- do SUS na área de saúde da pessoa idosa;
cação da gestão. Divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da
Frente a esta necessidade, o Ministério da Saúde, o Conselho Pessoa Idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do
Nacional de Secretários de Saúde - CONASS e o Conselho Nacional SUS;
de Secretários Municipais de Saúde - CONASEMS, pactuaram res- Promoção de cooperação nacional e internacional das experi-
ponsabilidades entre os três gestores do SUS, no campo da gestão ências na atenção à saúde da pessoa idosa;
do Sistema e da atenção à saúde. O documento a seguir contem-
Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.
pla o pacto firmado entre os três gestores do SUS a partir de uma
2 - Ações estratégicas:
unidade de princípios que, guardando coerência com a diversidade
Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa - Instrumento de cida-
operativa, respeita as diferenças loco-regionais, agrega os pactos
dania com informações relevantes sobre a saúde da pessoa idosa,
anteriormente existentes, reforça a organização das regiões sanitá-
rias instituindo mecanismos de co-gestão e planejamento regional, possibilitando um melhor acompanhamento por parte dos profis-
fortalece os espaços e mecanismos de controle social, qualifica o sionais de saúde.
acesso da população a atenção integral à saúde, redefine os ins- Manual de Atenção Básica e Saúde para a Pessoa Idosa - Para
trumentos de regulação, programação e avaliação, valoriza a macro indução de ações de saúde, tendo por referência as diretrizes conti-
função de cooperação técnica entre os gestores e propõe um finan- das na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.
ciamento tripartite que estimula critérios de equidade nas transfe- Programa de Educação Permanente à Distância - Implementar
rências fundo a fundo. programa de educação permanente na área do envelhecimento e
A implantação desse Pacto, nas suas três dimensões - Pacto saúde do idoso, voltado para profissionais que trabalham na rede
pela Vida, Pacto de Gestão e Pacto em Defesa do SUS - possibilita a de atenção básica em saúde, contemplando os conteúdos específi-
efetivação de acordos entre as três esferas de gestão do SUS para cos das repercussões do processo de envelhecimento populacional
a reforma de aspectos institucionais vigentes, promovendo inova- para a saúde individual e para a gestão dos serviços de saúde.
ções nos processos e instrumentos de gestão que visam alcançar Acolhimento - Reorganizar o processo de acolhimento à pessoa
maior efetividade, eficiência e qualidade de suas respostas e ao idosa nas unidades de saúde, como uma das estratégias de enfren-
mesmo tempo, redefine responsabilidades coletivas por resultados tamento das dificuldades atuais de acesso.
sanitários em função das necessidades de saúde da população e na Assistência Farmacêutica - Desenvolver ações que visem quali-
busca da equidade social. ficar a dispensação e o acesso da população idosa.
49
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Atenção Diferenciada na Internação - Instituir avaliação geri- E – PROMOÇÃO DA SAÚDE
átrica global realizada por equipe multidisciplinar, a toda pessoa
idosa internada em hospital que tenha aderido ao Programa de 1 - Objetivos:
Atenção Domiciliar. Elaborar e implementar uma Política de Promoção da Saúde,
Atenção domiciliar – Instituir esta modalidade de prestação de de responsabilidade dos três gestores;
serviços ao idoso, valorizando o efeito favorável do ambiente fami- Enfatizar a mudança de comportamento da população brasilei-
liar no processo de recuperação de pacientes e os benefícios adicio- ra de forma a internalizar a responsabilidade individual da prática
nais para o cidadão e o sistema de saúde. de atividade física regular, alimentação adequada e saudável e com-
bate ao tabagismo;
B– CONTROLE DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E DE MAMA: Articular e promover os diversos programas de promoção de
atividade física já existentes e apoiar a criação de outros;
1 - Objetivos e metas para o Controle do Câncer de Colo de Promover medidas concretas pelo hábito da alimentação sau-
Útero: dável;
Cobertura de 80% para o exame preventivo do câncer do colo Elaborar e pactuar a Política Nacional de Promoção da Saúde
de útero, conforme protocolo, em 2006. que contemple as especificidades próprias dos estados e municí-
Incentivo da realização da cirurgia de alta freqüência técnica pios devendo iniciar sua implementação em 2006;
que utiliza um instrumental especial para a retirada de lesões ou
parte do colo uterino comprometidas (com lesões intra-epiteliais F – FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA
de alto grau) com menor dano possível, que pode ser realizada em
ambulatório, com pagamento diferenciado, em 2006.
1 - Objetivos
2 – Metas para o Controle do Câncer de mama:
Assumir a estratégia de saúde da família como estratégia prio-
Ampliar para 60% a cobertura de mamografia, conforme pro-
ritária para o fortalecimento da atenção básica, devendo seu desen-
tocolo.
Realizar a punção em 100% dos casos necessários, conforme volvimento considerar as diferenças loco-regionais.
protocolo. Desenvolver ações de qualificação dos profissionais da atenção
básica por meio de estratégias de educação permanente e de ofer-
C – REDUÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA E INFANTIL: ta de cursos de especialização e residência multiprofissional e em
medicina da família.
1 - Objetivos e metas para a redução da mortalidade infantil Consolidar e qualificar a estratégia de saúde da família nos pe-
Reduzir a mortalidade neonatal em 5%, em 2006. quenos e médios municípios.
Reduzir em 50% os óbitos por doença diarréica e 20% por Ampliar e qualificar a estratégia de saúde da família nos gran-
pneumonia, em 2006. des centros urbanos.
Apoiar a elaboração de propostas de intervenção para a quali- Garantir a infraestrutura necessária ao funcionamento das Uni-
ficação da atenção as doenças prevalentes. dades Básicas de Saúde, dotando-as de recursos materiais, equipa-
Criação de comitês de vigilância do óbito em 80% dos municí- mentos e insumos suficientes para o conjunto de ações propostas
pios com população acima de 80.000 habitantes, em 2006. para esses serviços.
2 - Objetivos e metas para a redução da mortalidade materna Garantir o financiamento da Atenção Básica como responsabi-
Reduzir em 5% a razão de mortalidade materna, em 2006. lidade das três esferas de gestão do SUS.
Garantir insumos e medicamentos para tratamento das síndro- Aprimorar a inserção dos profissionais da Atenção Básica nas
mes hipertensivas no parto. redes locais de saúde, por meio de vínculos de trabalho que favore-
Qualificar os pontos de distribuição de sangue para que aten- çam o provimento e fixação dos profissionais.
dam as necessidades das maternidades e outros locais de parto. Implantar o processo de monitoramento e avaliação da Aten-
ção Básica nas três esferas de governo, com vistas à qualificação da
D – FORTALECIMENTO DA CAPACIDADE DE RESPOSTAS ÀS gestão descentralizada.
DOENÇAS EMERGENTES E ENDEMIAS, COM ÊNFASE NA DENGUE, Apoiar diferentes modos de organização e fortalecimento da
HANSENIASE, TUBERCULOSE, MALARIA E INFLUENZA. Atenção Básica que considere os princípios da estratégia de Saúde
Objetivos e metas para o Controle da Dengue da Família, respeitando as especificidades loco-regionais.
Plano de Contingência para atenção aos pacientes, elaborado e
implantado nos municípios prioritários, em 2006;
II - PACTO EM DEFESA DO SUS
Reduzir a menos de 1% a infestação predial por Aedes aegypti
A – DIRETRIZES
em 30% dos municípios prioritários ate 2006;
2 - Meta para a Eliminação da Hanseníase:
Atingir o patamar de eliminação enquanto problema de saúde O trabalho dos gestores das três esferas de governo e dos ou-
pública, ou seja, menos de 1 caso por 10.000 habitantes em todos tros atores envolvidos dentro deste Pacto deve considerar as se-
os municípios prioritários, em 2006. guintes diretrizes:
3 - Metas para o Controle da Tuberculose: Expressar os compromissos entre os gestores do SUS com a
Atingir pelo menos 85% de cura de casos novos de tuberculose consolidação da Reforma Sanitária Brasileira, explicitada na defesa
bacilífera diagnosticados a cada ano; dos princípios do Sistema Único de Saúde estabelecidos na Consti-
4- Meta para o Controle da Malária tuição Federal.
Reduzir em 15% a Incidência Parasitária Anual, na região da Desenvolver e articular ações, no seu âmbito de competência
Amazônia Legal, em 2006; e em conjunto com os demais gestores, que visem qualificar e asse-
5 – Objetivo para o controle da Influenza gurar o Sistema Único de Saúde como política pública.
Implantar plano de contingência, unidades sentinelas e o siste- 2 - O Pacto em Defesa do SUS deve se firmar através de inicia-
ma de informação - SIVEP-GRIPE, em 2006. tivas que busquem:
50
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
A repolitização da saúde, como um movimento que retoma a Os principais instrumentos de planejamento da Regionalização
Reforma Sanitária Brasileira aproximando-a dos desafios atuais do são o Plano Diretor de Regionalização – PDR, o Plano Diretor de In-
SUS; vestimento – PDI e a Programação Pactuada e Integrada da Atenção
A Promoção da Cidadania como estratégia de mobilização so- em Saúde – PPI, detalhados no corpo deste documento.
cial tendo a questão da saúde como um direito; O PDR deverá expressar o desenho final do processo de identi-
A garantia de financiamento de acordo com as necessidades ficação e reconhecimento das regiões de saúde, em suas diferentes
do Sistema; formas, em cada estado e no Distrito Federal, objetivando a garan-
3 – Ações do Pacto em Defesa do SUS: tia do acesso, a promoção da equidade, a garantia da integralidade
As ações do Pacto em Defesa do SUS devem contemplar: da atenção, a qualificação do processo de descentralização e a ra-
Articulação e apoio à mobilização social pela promoção e de- cionalização de gastos e otimização de recursos.
senvolvimento da cidadania, tendo a questão da saúde como um Para auxiliar na função de coordenação do processo de regio-
direito; nalização, o PDR deverá conter os desenhos das redes regionaliza-
Estabelecimento de diálogo com a sociedade, além dos limites das de atenção à saúde, organizadas dentro dos territórios das re-
institucionais do SUS; giões e macrorregiões de saúde, em articulação com o processo da
Ampliação e fortalecimento das relações com os movimentos Programação Pactuada Integrada.
sociais, em especial os que lutam pelos direitos da saúde e cida- O PDI deve expressar os recursos de investimentos para aten-
dania; der as necessidades pactuadas no processo de planejamento re-
Elaboração e publicação da Carta dos Direitos dos Usuários do gional e estadual. No âmbito regional deve refletir as necessidades
SUS; para se alcançar a suficiência na atenção básica e parte da média
Regulamentação da EC nº 29 pelo Congresso Nacional, com complexidade da assistência, conforme desenho regional e na ma-
aprovação do PL nº 01/03, já aprovado e aprimorado em três co- crorregião no que se refere à alta complexidade. Deve contemplar
missões da Câmara dos Deputados; também as necessidades da área da vigilância em saúde e ser de-
Aprovação do orçamento do SUS, composto pelos orçamen- senvolvido de forma articulada com o processo da PPI e do PDR.
tos das três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada 2.1- Objetivos da Regionalização:
uma delas em ações e serviços de saúde de acordo com a Consti- Garantir acesso, resolutividade e qualidade às ações e serviços
tuição Federal. de saúde cuja complexidade e contingente populacional transcenda
a escala local/municipal;
III - PACTO DE GESTÃO Garantir o direito à saúde, reduzir desigualdades sociais e ter-
ritoriais e promover a equidade, ampliando a visão nacional dos
Estabelece Diretrizes para a gestão do sistema nos aspectos problemas, associada à capacidade de diagnóstico e decisão loco-
da Descentralização; Regionalização; Financiamento; Planejamen- -regional, que possibilite os meios adequados para a redução das
to; Programação Pactuada e Integrada – PPI; Regulação; Participa- desigualdades no acesso às ações e serviços de saúde existentes
ção Social e Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. no país;
Garantir a integralidade na atenção a saúde, ampliando o con-
DIRETRIZES PARA A GESTÃO DO SUS ceito de cuidado à saúde no processo de reordenamento das ações
Premissas da descentralização de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação com garantia
de acesso a todos os níveis de complexidade do sistema;
Buscando aprofundar o processo de descentralização, com ên- Potencializar o processo de descentralização, fortalecendo es-
fase numa descentralização compartilhada, são fixadas as seguintes tados e municípios para exercerem papel de gestores e para que
premissas, que devem orientar este processo: as demandas dos diferentes interesses loco-regionais possam ser
Cabe ao Ministério da Saúde a proposição de políticas, partici- organizadas e expressadas na região;
pação no co-financiamento, cooperação técnica, avaliação, regula- Racionalizar os gastos e otimizar os recursos, possibilitando
ção, controle e fiscalização, além da mediação de conflitos; ganho em escala nas ações e serviços de saúde de abrangência re-
Descentralização dos processos administrativos relativos à ges- gional.
tão para as Comissões Intergestores Bipartite; - Regiões de Saúde
As Comissões Intergestores Bipartite são instâncias de pactua- As Regiões de Saúde são recortes territoriais inseridos em um
ção e deliberação para a realização dos pactos intraestaduais e a de- espaço geográfico contínuo, identificadas pelos gestores municipais
finição de modelos organizacionais, a partir de diretrizes e normas e estaduais a partir de identidades culturais, econômicas e sociais,
pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite; de redes de comunicação e infraestrutura de transportes comparti-
As deliberações das Comissões Intergestores Bipartite e Tripar- lhados do território;
tite devem ser por consenso; A Região de Saúde deve organizar a rede de ações e serviços
A Comissão Intergestores Tripartite e o Ministério da Saúde de saúde a fim de assegurar o cumprimento dos princípios consti-
promoverão e apoiarão processo de qualificação permanente para tucionais de universalidade do acesso, equidade e integralidade do
as Comissões Intergestores Bipartite; cuidado;
O detalhamento deste processo, no que se refere à descentra- A organização da Região de Saúde deve favorecer a ação coo-
lização de ações realizadas hoje pelo Ministério da Saúde, será ob- perativa e solidária entre os gestores e o fortalecimento do controle
jeto de portaria específica. social;
Para a constituição de uma rede de atenção à saúde regionali-
Regionalização zada em uma determinada região, é necessário a pactuação entre
todos os gestores envolvidos, do conjunto de responsabilidades
A Regionalização é uma diretriz do Sistema Único de Saúde e não compartilhadas e das ações complementares;
um eixo estruturante do Pacto de Gestão e deve orientar a descen- O conjunto de responsabilidades não compartilhadas se refere
tralização das ações e serviços de saúde e os processos de negocia- à atenção básica e às ações básicas de vigilância em saúde, que de-
ção e pactuação entre os gestores. verão ser assumidas por cada município;
51
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
As ações complementares e os meios necessários para viabili- O Colegiado deve instituir processo de planejamento regional,
zá-las deverão ser compartilhados e integrados a fim de garantir a que defina as prioridades, as responsabilidades de cada ente, as ba-
resolutividade e a integralidade de acesso; ses para a programação pactuada integrada da atenção a saúde, o
Os estados e a união devem apoiar os municípios para que es- desenho do processo regulatório, as estratégias de qualificação do
tes assumam o conjunto de responsabilidades; controle social, as linhas de investimento e o apoio para o processo
O corte no nível assistencial para delimitação de uma Região de de planejamento local.
Saúde deve estabelecer critérios que propiciem certo grau de reso- O planejamento regional, mais que uma exigência formal, de-
lutividade àquele território, como suficiência em atenção básica e verá expressar as responsabilidades dos gestores com a saúde da
parte da média complexidade; população do território e o conjunto de objetivos e ações que con-
Quando a suficiência em atenção básica e parte da média com- tribuirão para a garantia do acesso e da integralidade da atenção,
plexidade não forem alcançadas deverá ser considerada no planeja- devendo as prioridades e responsabilidades definidas regionalmen-
mento regional a estratégia para o seu estabelecimento, junto com te estar refletidas no plano de saúde de cada município e do estado;
a definição dos investimentos, quando necessário; Os colegiados de gestão regional deverão ser apoiados através
O planejamento regional deve considerar os parâmetros de de câmaras técnicas permanentes que subsidiarão com informa-
incorporação tecnológica que compatibilizem economia de escala ções e análises relevantes.
com equidade no acesso; - Etapas do Processo de Construção da Regionalização
Para garantir a atenção na alta complexidade e em parte da - Critérios para a composição da Região de Saúde, expressa no
média, as Regiões devem pactuar entre si arranjos inter-regionais, PDR:
com agregação de mais de uma Região em uma macrorregião; Contiguidade entre os municípios;
O ponto de corte da média complexidade que deve estar na Respeito à identidade expressa no cotidiano social, econômico
Região ou na macrorregião deve ser pactuado na CIB, a partir da re- e cultural;
alidade de cada estado. Em alguns estados com mais adensamento Existência de infraestrutura de transportes e de redes de co-
tecnológico, a alta complexidade pode estar contemplada dentro municação, que permita o trânsito das pessoas entre os municípios;
de uma Região. Existência de fluxos assistenciais que devem ser alterados, se
As regiões podem ter os seguintes formatos: necessário, para a organização da rede de atenção à saúde;
Regiões interestaduais, compostas por mais de um município, Considerar a rede de ações e serviços de saúde, onde:
dentro de um mesmo estado; Todos os municípios se responsabilizam pela atenção básica e
Regiões Intramunicipais, organizadas dentro de um mesmo pelas ações básicas de vigilância em saúde;
município de grande extensão territorial e densidade populacional; O desenho da região propicia relativo grau de resolutividade
Regiões Interestaduais, conformadas a partir de municípios li- àquele território, como a suficiência em Atenção Básica e parte da
mítrofes em diferentes estados; Média Complexidade.
Regiões Fronteiriças, conformadas a partir de municípios limí- A suficiência está estabelecida ou a estratégia para alcançá-la
trofes com países vizinhos. está explicitada no planejamento regional, contendo, se necessário,
Nos casos de regiões fronteiriças o Ministério da Saúde deve a definição dos investimentos.
envidar esforços no sentido de promover articulação entre os paí- O desenho considera os parâmetros de incorporação tecno-
ses e órgãos envolvidos, na perspectiva de implementação do siste- lógica que compatibilizem economia de escala com equidade no
ma de saúde e consequente organização da atenção nos municípios
acesso.
fronteiriços, coordenando e fomentando a constituição dessas Re-
O desenho garante a integralidade da atenção e para isso as
giões e participando do colegiado de gestão regional.
Regiões devem pactuar entre si arranjos inter-regionais, se neces-
- Mecanismos de Gestão Regional
sário com agregação de mais de uma região em uma macrorregião;
Para qualificar o processo de regionalização, buscando a garan-
o ponto de corte de média e alta-complexidade na região ou na
tia e o aprimoramento dos princípios do SUS, os gestores de saúde
macroregião deve ser pactuado na CIB, a partir da realidade de cada
da Região deverão constituir um espaço permanente de pactuação
estado.
e cogestão solidária e cooperativa através de um Colegiado de Ges-
- Constituição, Organização e Funcionamento do Colegiado de
tão Regional. A denominação e o funcionamento do Colegiado de-
vem ser acordados na CIB; Gestão Regional:
O Colegiado de Gestão Regional se constitui num espaço de de- A constituição do colegiado de gestão regional deve assegurar
cisão através da identificação, definição de prioridades e de pactu- a presença de todos os gestores de saúde dos municípios que com-
ação de soluções para a organização de uma rede regional de ações põem a Região e da representação estadual.
e serviços de atenção à saúde, integrada e resolutiva; Nas CIB regionais constituídas por representação, quando não
O Colegiado deve ser formado pelos gestores municipais de for possível a imediata incorporação de todos os gestores de saúde
saúde do conjunto de municípios e por representantes do(s) ges- dos municípios da Região de saúde, deve ser pactuado um crono-
tor(es) estadual(ais), sendo as suas decisões sempre por consenso, grama de adequação, com o menor prazo possível, para a inclusão
pressupondo o envolvimento e comprometimento do conjunto de de todos os gestores nos respectivos colegiados de gestão regio-
gestores com os compromissos pactuados. nais;
Nos casos onde as CIB regionais estão constituídas por repre- Constituir uma estrutura de apoio ao colegiado, através de câ-
sentação e não for possível a imediata incorporação de todos os mara técnica e eventualmente, grupos de trabalho formados com
municípios da Região de Saúde deve ser pactuado um cronograma técnicos dos municípios e do estado;
de adequação, no menor prazo possível, para a inclusão de todos os Estabelecer uma agenda regular de reuniões;
municípios nos respectivos colegiados regionais. O funcionamento do Colegiado deve ser organizado de modo a
exercer as funções de:
Instituir um processo dinâmico de planejamento regional
Atualizar e acompanhar a programação pactuada integrada de
atenção em saúde
52
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Desenhar o processo regulatório, com definição de fluxos e Saúde da Família;
protocolos Agentes Comunitários de Saúde;
Priorizar linhas de investimento Saúde Bucal;
Estimular estratégias de qualificação do controle social Compensação de especificidades regionais
Apoiar o processo de planejamento local Fator de incentivo da Atenção Básica aos Povos Indígenas
Constituir um processo dinâmico de avaliação e monitoramen- Incentivo à Saúde no Sistema Penitenciário
to regional Os recursos do PAB Variável serão transferidos ao Município
- Reconhecimento das Regiões que aderir e implementar as estratégias específicas a que se destina
As Regiões Intramunicipais deverão ser reconhecidas como tal, e a utilização desses recursos deve estar definida no Plano Munici-
não precisando ser homologadas pelas Comissões Intergestores. pal de Saúde;
As Regiões Intraestaduais deverão ser reconhecidas nas Comis- O PAB Variável da Assistência Farmacêutica e da Vigilância em
sões Intergestores Bipartite e encaminhadas para conhecimento e Saúde passam a compor os seus Blocos de Financiamento respec-
acompanhamento do MS. tivos.
As Regiões Interestaduais deverão ser reconhecidas nas res- Compensação de Especificidades Regionais é um montante fi-
pectivas Comissões Intergestores Bipartite e encaminhadas para nanceiro igual a 5% do valor mínimo do PAB fixo multiplicado pela
homologação da Comissão Intergestores Tripartite. população do Estado, para que as CIBs definam a utilização do re-
As Regiões Fronteiriças deverão ser reconhecidas nas respecti- curso de acordo com as especificidades estaduais, podendo incluir
vas Comissões Intergestores Bipartite e encaminhadas para homo- sazonalidade, migrações, dificuldade de fixação de profissionais,
logação na Comissão Intergestores Tripartite. IDH, indicadores de resultados. Os critérios definidos devem ser in-
O desenho das Regiões intra e interestaduais deve ser subme- formados ao plenário da CIT.
tida a aprovação pelos respectivos Conselhos Estaduais de Saúde. b) Bloco de financiamento para a Atenção de Média e Alta
Financiamento do Sistema Único de Saúde Complexidade
3.1 - São princípios gerais do financiamento para o Sistema Úni- Os recursos correspondentes ao financiamento dos procedi-
co de Saúde: mentos relativos à média e alta complexidade em saúde compõem
Responsabilidade das três esferas de gestão – União, Estados e o Limite Financeiro da Média e Alta Complexidade Ambulatorial e
Municípios pelo financiamento do Sistema Único de Saúde; Hospitalar do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios.
Redução das iniquidades macrorregionais, estaduais e regio- Os recursos destinados ao custeio dos procedimentos pagos
nais, a ser contemplada na metodologia de alocação de recursos, atualmente através do Fundo de Ações Estratégicas e Compensa-
considerando também as dimensões étnico-racial e social; ção – FAEC serão incorporados ao Limite Financeiro de cada Esta-
Repasse fundo a fundo, definido como modalidade preferen- do, Município e do Distrito Federal, conforme pactuação entre os
cial de transferência de recursos entre os gestores; gestores.
Financiamento de custeio com recursos federais constituído, O Fundo de Ações Estratégicas e Compensação – FAEC se des-
organizados e transferidos em blocos de recursos; tina, assim, ao custeio de procedimentos, conforme detalhado a
O uso dos recursos federais para o custeio fica restrito a cada seguir:
bloco, atendendo as especificidades previstas nos mesmos, confor- Procedimentos regulados pela CNRAC – Central Nacional de
me regulamentação específica; Regulação da Alta Complexidade;
As bases de cálculo que formam cada Bloco e os montantes fi- Transplantes;
nanceiros destinados para os Estados, Municípios e Distrito Federal Ações Estratégicas Emergenciais, de caráter temporário, imple-
devem compor memórias de cálculo, para fins de histórico e moni- mentadas com prazo pré-definido;
toramento. Novos procedimentos: cobertura financeira de aproximada-
- Os blocos de financiamento para o custeio são: mente seis meses, quando da inclusão de novos procedimentos,
Atenção básica sem correlação à tabela vigente, até a formação de série histórica
Atenção de média e alta complexidade para a devida agregação ao MAC.
Vigilância em Saúde c) Bloco de financiamento para a Vigilância em Saúde
Assistência Farmacêutica Os recursos financeiros correspondentes às ações de Vigilân-
Gestão do SUS cia em Saúde comporão o Limite Financeiro de Vigilância em Saú-
Bloco de financiamento para a Atenção Básica de dos Estados, Municípios e do Distrito Federal e representam o
O financiamento da Atenção Básica é de responsabilidade das agrupamento das ações da Vigilância Epidemiológica, Ambiental e
três esferas de gestão do SUS, sendo que os recursos federais com- Sanitária;
porão o Bloco Financeiro da Atenção Básica dividido em dois com- O Limite Financeiro da Vigilância em Saúde é composto por
ponentes: Piso da Atenção Básica e Piso da Atenção Básica Variável dois componentes: da Vigilância Epidemiológica e Ambiental em
e seus valores serão estabelecidos em Portaria específica, com me- Saúde e o componente da Vigilância Sanitária em Saúde;
mórias de cálculo anexas. O financiamento para as ações de vigilância sanitária deve
O Piso de Atenção Básica - PAB consiste em um montante de consolidar a reversão do modelo de pagamento por procedimen-
recursos financeiros, que agregam as estratégias destinadas ao cus- to, oferecendo cobertura para o custeio de ações coletivas visando
teio de ações de atenção básica à saúde; garantir o controle de riscos sanitários inerentes ao objeto de ação,
Os recursos financeiros do PAB serão transferidos mensalmen- avançando em ações de regulação, controle e avaliação de produtos
te, de forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos e serviços associados ao conjunto das atividades.
Fundos de Saúde dos Municípios e do Distrito Federal. O Limite Financeiro de Vigilância em Saúde será transferido
O Piso da Atenção Básica Variável - PAB Variável consiste em um em parcelas mensais e o valor da transferência mensal para cada
montante financeiro destinado ao custeio de estratégias específicas um dos Estados, Municípios e Distrito Federal, bem como o Limite
desenvolvidas no âmbito da Atenção Básica em Saúde. Financeiro respectivo será estabelecido em Portaria específica e de-
O PAB Variável passa a ser composto pelo financiamento das talhará os diferentes componentes que o formam, com memórias
seguintes estratégias: de cálculo anexas.
53
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Comporão ainda, o bloco do financiamento da Vigilância em O Componente Medicamentos de Dispensação Excepcional
Saúde – Sub-bloco Vigilância Epidemiológica, os recursos que se consiste em financiamento para aquisição e distribuição de medica-
destinam às seguintes finalidades, com repasses específicos: mentos de dispensação excepcional, para tratamento de patologias
Fortalecimento da Gestão da Vigilância em Saúde em Estados e que compõem o Grupo 36 – Medicamentos da Tabela Descritiva do
Municípios (VIGISUS II) SIA/SUS.
Campanhas de Vacinação A responsabilidade pelo financiamento e aquisição dos medi-
Incentivo do Programa DST/AIDS camentos de dispensação excepcional é do Ministério da Saúde e
Os recursos alocados tratados pela Portaria MS/GM nº dos Estados, conforme pactuação e a dispensação, responsabilida-
1349/2002, deverão ser incorporados ao Limite Financeiro de Vigi- de do Estado.
lância em Saúde do Município quando o mesmo comprovar a efeti- O Ministério da Saúde repassará aos Estados, mensalmente,
va contratação dos agentes de campo. valores financeiros apurados em encontro de contas trimestrais,
No Componente da Vigilância Sanitária, os recursos do Termo de acordo com as informações encaminhadas pelos Estados, com
de Ajuste e Metas – TAM, destinados e não transferidos aos estados base nas emissões das Autorizações para Pagamento de Alto Custo
e municípios, nos casos de existência de saldo superior a 40% dos – APAC.
recursos repassados no período de um semestre, constituem um O Componente de Medicamentos de Dispensação Excepcional
Fundo de Compensação em VISA, administrado pela ANVISA e des- será readequado através de pactuação entre os gestores do SUS,
tinado ao financiamento de gestão e descentralização da Vigilância das diretrizes para definição de política para medicamentos de dis-
Sanitária. pensação excepcional.
Em Estados onde o valor per cápita que compõe o TAM não As Diretrizes a serem pactuadas na CIT, deverão nortear-se pe-
atinge o teto orçamentário mínimo daquele Estado, a União asse- las seguintes proposições:
gurará recurso financeiro para compor o Piso Estadual de Vigilância Definição de critérios para inclusão e exclusão de medicamen-
tos e CID na Tabela de Procedimentos, com base nos protocolos
Sanitária – PEVISA.
clínicos e nas diretrizes terapêuticas.
d) Bloco de financiamento para a Assistência Farmacêutica
Definição de percentual para o co-financiamento entre gestor
A Assistência Farmacêutica será financiada pelos três gestores
federal e gestor estadual;
do SUS devendo agregar a aquisição de medicamentos e insumos e
Revisão periódica de valores da tabela;
a organização das ações de assistência farmacêutica necessárias, de Forma de aquisição e execução financeira, considerando-se os
acordo com a organização de serviços de saúde. princípios da descentralização e economia de escala.
O Bloco de financiamento da Assistência Farmacêutica se orga- e) Bloco de financiamento para a Gestão do Sistema Único de
niza em três componentes: Básico, Estratégico e Medicamentos de Saúde
Dispensação Excepcional. O financiamento para a gestão destina-se ao custeio de ações
O Componente Básico da Assistência Farmacêutica consiste em específicas relacionadas com a organização dos serviços de saúde,
financiamento para ações de assistência farmacêutica na atenção acesso da população e aplicação dos recursos financeiros do SUS.
básica em saúde e para agravos e programas de saúde específicos, O financiamento deverá apoiar iniciativas de fortalecimento da
inseridos na rede de cuidados da atenção básica, sendo de respon- gestão, sendo composto pelos seguintes sub-blocos:
sabilidade dos três gestores do SUS. Regulação, controle, avaliação e auditoria
O Componente Básico é composto de uma Parte Fixa e de uma Planejamento e Orçamento
Parte Variável, sendo: Programação
Parte Fixa: valor com base per capita para ações de assistência Regionalização
farmacêutica para a Atenção Básica, transferido Municípios, Distrito Participação e Controle Social
Federal e Estados, conforme pactuação nas CIB e com contrapartida Gestão do Trabalho
financeira dos estados e dos municípios. Educação em Saúde
Parte Variável: valor com base per capita para ações de assis- Incentivo à Implementação de políticas específicas
tência farmacêutica dos Programas de Hipertensão e Diabetes, ex- Os recursos referentes a este Bloco serão transferidos fundo a
ceto insulina; Asma e Rinite; Saúde Mental; Saúde da Mulher; Ali- fundo e regulamentados por portaria específica.
mentação e Nutrição e Combate ao Tabagismo. - Financiamento para Investimentos
A parte variável do Componente Básico será transferida ao mu- Os recursos financeiros de investimento devem ser alocados
nicípio ou estado, conforme pactuação na CIB, à medida que este com vistas á superação das desigualdades de acesso e à garantia da
implementa e organiza os serviços previstos pelos Programas espe- integralidade da atenção à saúde.
cíficos. Os investimentos deverão priorizar a recuperação, a re-ade-
quação e a expansão da rede física de saúde e a constituição dos
O Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica con-
espaços de regulação.
siste em financiamento para ações de assistência farmacêutica de
Os projetos de investimento apresentados para o Ministério da
programas estratégicos.
Saúde deverão ser aprovados nos respectivos Conselhos de Saúde e
O financiamento e o fornecimento de medicamentos, produtos
na CIB, devendo refletir uma prioridade regional.
e insumos para os Programas Estratégicos são de responsabilidade São eixos prioritários para aplicação de recursos de investimen-
do Ministério da Saúde e reúne: tos:
Controle de Endemias: Tuberculose, Hanseníase, Malária e Estímulo à Regionalização - Deverão ser priorizados projetos de
Leischmaniose, Chagas e outras doenças endêmicas de abrangên- investimentos que fortaleçam a regionalização do SUS, com base
cia nacional ou regional; nas estratégicas nacionais e estaduais, considerando os PDI (Plano
Programa de DST/AIDS (anti-retrovirais); de Desenvolvimento Integrado) atualizados, o mapeamento atuali-
Programa Nacional do Sangue e Hemoderivados; zado da distribuição e oferta de serviços de saúde em cada espaço
Imunobiológicos; regional e parâmetros de incorporação tecnológica que compati-
Insulina; bilizem economia de escala e de escopo com eqüidade no acesso.
54
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Investimentos para a Atenção Básica - recursos para investi- 4.3 - Pontos de pactuação priorizados para o Planejamento
mentos na rede básica de serviços, destinados conforme disponi- Considerando a conceituação, caracterização e objetivos pre-
bilidade orçamentária, transferidos fundo a fundo para municípios conizados para o sistema de planejamento do SUS, configuram-se
que apresentarem projetos selecionados de acordo com critérios como pontos essenciais de pactuação:
pactuados na Comissão Intergestores Tripartite. Adoção das necessidades de saúde da população como critério
4 – Planejamento no SUS para o processo de planejamento no âmbito do SUS;
4.1 – O trabalho com o Planejamento no SUS deve seguir as Integração dos instrumentos de planejamento, tanto no con-
seguintes diretrizes: texto de cada esfera de gestão, quanto do SUS como um todo;
O processo de planejamento no âmbito do SUS deve ser de- Institucionalização e fortalecimento do Sistema de Planeja-
senvolvido de forma articulada, integrada e solidária entre as três mento do SUS, com adoção do processo planejamento, neste inclu-
esferas de gestão. Essa forma de atuação representará o Sistema ído o monitoramento e a avaliação, como instrumento estratégico
de Planejamento do Sistema Único de Saúde baseado nas respon- de gestão do SUS;
sabilidades de cada esfera de gestão, com definição de objetivos e Revisão e adoção de um elenco de instrumentos de planeja-
conferindo direcionalidade ao processo de gestão do SUS, compre- mento – tais como planos, relatórios, programações – a serem ado-
endendo nesse sistema o monitoramento e avaliação. tados pelas três esferas de gestão, com adequação dos instrumen-
Este sistema de planejamento pressupõe que cada esfera de tos legais do SUS no tocante a este processo e instrumentos dele
gestão realize o seu planejamento, articulando-se de forma a forta-
resultantes;
lecer e consolidar os objetivos e diretrizes do SUS, contemplando as
Cooperação entre as três esferas de gestão para o fortaleci-
peculiaridades, necessidades e realidades de saúde locorregionais.
mento e a equidade no processo de planejamento no SUS.
Como parte integrante do ciclo de gestão, o sistema de planeja-
Programação Pactuada e Integrada da Atenção em Saúde – PPI
mento buscará, de forma tripartite, a pactuação de bases funcionais
do planejamento, monitoramento e avaliação do SUS, bem como A PPI é um processo que visa definir a programação das ações
promoverá a participação social e a integração intra e intersetorial, de saúde em cada território e nortear a alocação dos recursos fi-
considerando os determinantes e condicionantes de saúde. nanceiros para saúde a partir de critérios e parâmetros pactuados
No cumprimento da responsabilidade de coordenar o processo entre os gestores.
de planejamento se levará em conta as diversidades existentes nas A PPI deve explicitar os pactos de referencia entre municípios,
três esferas de governo, de modo a contribuir para a consolidação gerando a parcela de recursos destinados à própria população e à
do SUS e para a resolubilidade e qualidade, tanto da sua gestão, população referenciada.
quanto das ações e serviços prestados à população brasileira. As principais diretrizes norteadoras do processo de programa-
4.2 - Objetivos do Sistema de Planejamento do SUS: ção pactuada são:
Pactuar diretrizes gerais para o processo de planejamento no A programação deve estar inserida no processo de planeja-
âmbito do SUS e o elenco dos instrumentos a serem adotados pelas mento e deve considerar as prioridades definidas nos planos de
três esferas de gestão; saúde em cada esfera de gestão;
Formular metodologias e modelos básicos dos instrumentos de Os gestores estaduais e municipais possuem flexibilidade na
planejamento, monitoramento e avaliação que traduzam as diretri- definição de parâmetros e prioridades que irão orientar a progra-
zes do SUS, com capacidade de adaptação às particularidades de mação, ressalvados os parâmetros pactuados nacional e estadual-
cada esfera administrativa; mente.
Promover a análise e a formulação de propostas destinadas a A programação é realizada prioritariamente, por áreas de atua-
adequar o arcabouço legal no tocante ao planejamento no SUS; ção a partir das ações básicas de saúde para compor o rol de ações
Implementar e difundir uma cultura de planejamento que inte- de maior complexidade;
gre e qualifique as ações do SUS entre as três esferas de governo e A tabela unificada de procedimentos deve orientar a progra-
subsidiar a tomada de decisão por parte de seus gestores; mação das ações que não estão organizadas por áreas de atuação,
Desenvolver e implementar uma rede de cooperação entre os considerando seus níveis de agregação, para formar as aberturas
três entes federados, que permita um amplo compartilhamento de programáticas;
informações e experiências; A programação da assistência devera buscar a integração com
Promover a institucionalização e fortalecer as áreas de planeja-
a programação da vigilância em saúde;
mento no âmbito do SUS, nas três esferas de governo, com vistas a
Os recursos financeiros das três esferas de governo devem ser
legitimá-lo como instrumento estratégico de gestão do SUS;
visualizados na programação.
Apoiar e participar da avaliação periódica relativa à situação
O processo de programação deve contribuir para a garantia de
de saúde da população e ao funcionamento do SUS, provendo os
gestores de informações que permitam o seu aperfeiçoamento e acesso aos serviços de saúde, subsidiando o processo regulatório
ou redirecionamento; da assistência;
Promover a capacitação contínua dos profissionais que atuam A programação deve ser realizada a cada gestão, revisada pe-
no contexto do planejamento no SUS; riodicamente e sempre que necessário, em decorrência de altera-
Promover a eficiência dos processos compartilhados de pla- ções de fluxo no atendimento ao usuário; de oferta de serviços; na
nejamento e a eficácia dos resultados, bem como da participação tabela de procedimentos; e no teto financeiro, dentre outras.
social nestes processos; A programação pactuada e integrada deve subsidiar a progra-
Promover a integração do processo de planejamento e orça- mação física financeira dos estabelecimentos de saúde.
mento no âmbito do SUS, bem como a sua intersetorialidade, de A programação pactuada e integrada deve guardar relação com
forma articulada com as diversas etapas do ciclo de planejamento; o desenho da regionalização naquele estado.
Monitorar e avaliar o processo de planejamento, as ações im- Regulação da Atenção à Saúde e Regulação Assistencial
plementadas e os resultados alcançados, de modo a fortalecer o Para efeitos destas diretrizes, serão adotados os seguintes con-
planejamento e a contribuir para a transparência do processo de ceitos:
gestão do SUS.
55
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Regulação da Atenção à Saúde - tem como objeto a produção Extinção do pagamento dos serviços dos profissionais médicos
de todas as ações diretas e finais de atenção à saúde, dirigida aos por meio do código 7.
prestadores de serviços de saúde, públicos e privados. As ações Participação e Controle Social
da Regulação da Atenção à Saúde compreendem a Contratação, A participação social no SUS é um princípio doutrinário e está
a Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial, o assegurado na Constituição e nas Leis Orgânicas da Saúde (8080/90
Controle Assistencial, a Avaliação da Atenção à Saúde, a Auditoria e 8142/90), e é parte fundamental deste pacto.
Assistencial e as regulamentações da Vigilância Epidemiológica e 7.1 - As ações que devem ser desenvolvidas para fortalecer o
Sanitária. processo de participação social, dentro deste pacto são:
Contratação - o conjunto de atos que envolvem desde a habi- Apoiar os conselhos de saúde, as conferências de saúde e os
litação dos serviços/prestadores até a formalização do contrato na movimentos sociais que atuam no campo da saúde, com vistas ao
sua forma jurídica. seu fortalecimento para que os mesmos possam exercer plenamen-
Regulação do Acesso à Assistência ou Regulação Assistencial te os seus papéis;
- conjunto de relações, saberes, tecnologias e ações que interme- Apoiar o processo de formação dos conselheiros;
deiam a demanda dos usuários por serviços de saúde e o acesso a Estimular a participação e avaliação dos cidadãos nos serviços
estes. de saúde;
Complexos Reguladores - uma das estratégias de Regulação Apoiar os processos de educação popular em saúde, para am-
Assistencial, consistindo na articulação e integração de Centrais de pliar e qualificar a participação social no SUS;
Atenção Pré-hospitalar e Urgências, Centrais de Internação, Centrais Apoiar a implantação e implementação de ouvidorias nos es-
de Consultas e Exames, Protocolos Assistenciais com a contratação, tados e municípios, com vistas ao fortalecimento da gestão estra-
controle assistencial e avaliação, assim como com outras funções tégica do SUS;
da gestão como programação e regionalização. Os complexos re- Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de-
guladores podem ter abrangência inframunicipal, municipal, micro fesa do SUS e na discussão do pacto;
ou macro regional, estadual ou nacional, devendo esta abrangência Gestão do Trabalho
e respectiva gestão, serem pactuadas em processo democrático e 8.1 - As diretrizes para a Gestão do Trabalho no SUS são as se-
solidário, entre as três esferas de gestão do SUS. guintes:
Auditoria Assistencial ou clínica – processo regular que visa afe- A política de recursos humanos para o SUS é um eixo estrutu-
rir e induzir qualidade do atendimento amparada em procedimen- rante e deve buscar a valorização do trabalho e dos trabalhadores
tos, protocolos e instruções de trabalho normatizados e pactuados. de saúde, o tratamento dos conflitos, a humanização das relações
Deve acompanhar e analisar criticamente os históricos clínicos com de trabalho;
vistas a verificar a execução dos procedimentos e realçar as não Estados, Municípios e União são entes autônomos para suprir
conformidades. suas necessidades de manutenção e expansão dos seus próprios
Como princípios orientadores do processo de regulação, fica quadros de trabalhadores de saúde;
estabelecido que: O Ministério da Saúde deve formular diretrizes de cooperação
Cada prestador responde apenas a um gestor; técnica para a gestão do trabalho no SUS;
Desenvolver, pelas três esferas de gestão, estudos quanto às
A regulação dos prestadores de serviços deve ser preferencial-
estratégias e financiamento tripartite de política de reposição da
mente do município conforme desenho da rede da assistência pac-
força de trabalho descentralizada;
tuado na CIB, observado o Termo de Compromisso de Gestão do
As Diretrizes para Planos de Cargos e Carreira do SUS devem
Pacto e os seguintes princípios:
ser um instrumento que visa regular as relações de trabalho e o
da descentralização, municipalização e comando único;
desenvolvimento do trabalhador, bem como a consolidação da car-
da busca da escala adequada e da qualidade;
reira como instrumento estratégico para a política de recursos hu-
considerar a complexidade da rede de serviços locais;
manos no Sistema;
considerar a efetiva capacidade de regulação;
Promover relações de trabalho que obedeçam a exigências do
considerar o desenho da rede estadual da assistência; princípio de legalidade da ação do Estado e de proteção dos direitos
a primazia do interesse e da satisfação do usuário do SUS. associados ao trabalho;
A regulação das referencias intermunicipais é responsabilidade Desenvolver ações voltadas para a adoção de vínculos de tra-
do gestor estadual, expressa na coordenação do processo de cons- balho que garantam os direitos sociais e previdenciários dos traba-
trução da programação pactuada e integrada da atenção em saúde, lhadores de saúde, promovendo ações de adequação de vínculos,
do processo de regionalização, do desenho das redes; onde for necessário, nas três esferas de governo, com o apoio téc-
A operação dos complexos reguladores no que se refere a refe- nico e financeiro aos Municípios, pelos Estados e União, conforme
rencia intermunicipal deve ser pactuada na CIB, podendo ser ope- legislação vigente;
rada nos seguintes modos: Os atores sociais envolvidos no desejo de consolidação dos SUS
Pelo gestor estadual que se relacionará com a central municipal atuarão solidariamente na busca do cumprimento deste item, ob-
que faz a gestão do prestador. servadas as responsabilidades legais de cada segmento;
Pelo gestor estadual que se relacionará diretamente com o Estimular processos de negociação entre gestores e trabalha-
prestador quando este estiver sob gestão estadual. dores através da instalação de Mesas de Negociação junto às esfe-
Pelo gestor municipal com cogestão do estado e representação ras de gestão estaduais e municipais do SUS;
dos municípios da região; As Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde devem envidar
Modelos que diferem do item ‘d’ acima devem ser pactuados esforços para a criação ou fortalecimento de estruturas de Recur-
pela CIB e homologados na CIT. sos Humanos, objetivando cumprir um papel indutor de mudanças,
São metas para este Pacto, no prazo de um ano: tanto no campo da gestão do trabalho, quanto no campo da edu-
Contratualização de todos os prestadores de serviço; cação na saúde;
Colocação de todos os leitos e serviços ambulatoriais contratu- 8.2 - Serão priorizados os seguintes componentes na estrutura-
alizados sob regulação; ção da Gestão do Trabalho no SUS:
56
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Estruturação da Gestão do Trabalho no SUS - Esse componente B - RESPONSABILIDADE SANITÁRIA
trata das necessidades exigidas para a estruturação da área de Ges-
tão do Trabalho integrado pelos seguintes eixos: base jurídico-legal; Este capítulo define as Responsabilidades Sanitárias e atribui-
atribuições específicas; estrutura e dimensionamento organizacio- ções do Município, do Distrito Federal, do Estado e da União. A ges-
nal e estrutura física e equipamentos. Serão priorizados para este tão do Sistema Único de Saúde é construída de forma solidária e
Componente, Estados, Capitais, Distrito Federal e nos Municípios cooperada, com apoio mútuo através de compromissos assumidos
com mais de 500 empregos públicos, desde que possuam ou ve- nas Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT).
nham a criar setores de Gestão do Trabalho e da Educação nas se- Algumas responsabilidades atribuídas aos municípios devem
cretarias estaduais e municipais de saúde; ser assumidas por todos os municípios. As outras responsabilidades
Capacitação de Recursos Humanos para a Gestão do Trabalho serão atribuídas de acordo com o pactuado e/ou com a complexida-
no SUS - Esse componente trata da qualificação dos gestores e téc- de da rede de serviços localizada no território municipal.
nicos na perspectiva do fortalecimento da gestão do trabalho em No que se refere às responsabilidades atribuídas aos estados
saúde. Estão previstos, para seu desenvolvimento, a elaboração de devem ser assumidas por todos eles.
material didático e a realização de oficinas, cursos presenciais ou à Com relação à gestão dos prestadores de serviço fica mantida a
distância, por meio das estruturas formadoras existentes; normatização estabelecida na NOAS SUS 01/2002. As referências na
Sistema Gerencial de Informações - Esse componente propõe NOAS SUS 01/2002 às condições de gestão de estados e municípios
proceder à análise de sistemas de informação existentes e desen- ficam substituídas pelas situações pactuadas no respectivo Termo
volver componentes de otimização e implantação de sistema infor- de Compromisso de Gestão.
matizado que subsidie a tomada de decisão na área de Gestão do
Trabalho. RESPONSABILIDADES GERAIS DA GESTÃO DO SUS
– MUNICÍPIOS
Educação na Saúde
9.1 – A - As diretrizes para o trabalho na Educação na Saúde Todo município é responsável pela integralidade da atenção à
são: saúde da sua população, exercendo essa responsabilidade de forma
Avançar na implementação da Política Nacional de Educação solidária com o estado e a união;
Permanente por meio da compreensão dos conceitos de formação Todo município deve:
e educação permanente para adequá-los às distintas lógicas e es- - garantir a integralidade das ações de saúde prestadas de for-
pecificidades;
ma interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do
Considerar a educação permanente parte essencial de uma
indivíduo no seu contexto familiar, social e do trabalho; engloban-
política de formação e desenvolvimento dos trabalhadores para a
do atividades de promoção da saúde, prevenção de riscos, danos e
qualificação do SUS e que comporta a adoção de diferentes me-
agravos; ações de assistência, assegurando o acesso ao atendimen-
todologias e técnicas de ensino-aprendizagem inovadoras, entre
outras coisas; to às urgências;
Considerar a Política Nacional de Educação Permanente em - promover a equidade na atenção à saúde, considerando as
Saúde uma estratégia do SUS para a formação e o desenvolvimento diferenças individuais e de grupos populacionais, por meio da ade-
de trabalhadores para o setor, tendo como orientação os princípios quação da oferta às necessidades como princípio de justiça social, e
da educação permanente; ampliação do acesso de populações em situação de desigualdade,
Assumir o compromisso de discutir e avaliar os processos e respeitadas as diversidades locais;
desdobramentos da implementação da Política Nacional de Educa- - participar do financiamento tripartite do Sistema Único de
ção Permanente para ajustes necessários, atualizando-a conforme Saúde;
as experiências de implementação, assegurando a inserção dos mu- - assumir a gestão e executar as ações de atenção básica, in-
nicípios e estados neste processo; cluindo as ações de promoção e proteção, no seu território;
Buscar a revisão da normatização vigente que institui a Políti- - assumir integralmente a gerência de toda a rede pública de
ca Nacional de Educação Permanente em Saúde, contemplando a serviços de atenção básica, englobando as unidades próprias e as
consequente e efetiva descentralização das atividades de planeja- transferidas pelo estado ou pela união;
mento, monitoramento, avaliação e execução orçamentária da Edu- com apoio dos estados, identificar as necessidades da popu-
cação Permanente para o trabalho no SUS; lação do seu território, fazer um reconhecimento das iniquidades,
Centrar, o planejamento, programação e acompanhamento oportunidades e recursos;
das atividades educativas e consequentes alocações de recursos na - desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um
lógica de fortalecimento e qualificação do SUS e atendimento das processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in-
necessidades sociais em saúde; tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação;
Considerar que a proposição de ações para formação e desen- - formular e implementar políticas para áreas prioritárias, con-
volvimento dos profissionais de saúde para atender às necessida- forme definido nas diferentes instâncias de pactuação;
des do SUS deve ser produto de cooperação técnica, articulação e - organizar o acesso a serviços de saúde resolutivos e de quali-
diálogo entre os gestores das três esferas de governo, as institui- dade na atenção básica, viabilizando o planejamento, a programa-
ções de ensino, os serviços e controle social e podem contemplar ção pactuada e integrada da atenção à saúde e a atenção à saúde
ações no campo da formação e do trabalho.
no seu território, explicitando a responsabilidade, o compromisso
e o vínculo do serviço e equipe de saúde com a população do seu
território, desenhando a rede de atenção e promovendo a humani-
zação do atendimento;
57
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
- organizar e pactuar o acesso a ações e serviços de atenção Promover a estruturação da assistência farmacêutica e garan-
especializada a partir das necessidades da atenção básica, configu- tir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da po-
rando a rede de atenção, por meio dos processos de integração e pulação aos medicamentos cuja dispensação esteja sob sua respon-
articulação dos serviços de atenção básica com os demais níveis do sabilidade, fomentando seu uso racional e observando as normas
sistema, com base no processo da programação pactuada e integra- vigentes e pactuações estabelecidas;
da da atenção à saúde; Coordenar e executar e as ações de vigilância em saúde, com-
- pactuar e fazer o acompanhamento da referência da atenção preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de
que ocorre fora do seu território, em cooperação com o estado, acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas;
Distrito Federal e com os demais municípios envolvidos no âmbito Assumir transitoriamente, quando necessário, a execução das
regional e estadual, conforme a programação pactuada e integrada ações de vigilância em saúde no município, comprometendo-se em
da atenção à saúde; cooperar para que o município assuma, no menor prazo possível,
- garantir estas referências de acordo com a programação pac- sua responsabilidade;
tuada e integrada da atenção à saúde, quando dispõe de serviços Executar algumas ações de vigilância em saúde, em caráter
de referência intermunicipal; permanente, mediante acordo bipartite e conforme normatização
- garantir a estrutura física necessária para a realização das específica;
ações de atenção básica, de acordo com as normas técnicas vigen- Supervisionar as ações de prevenção e controle da vigilância
tes; em saúde, coordenando aquelas que exigem ação articulada e si-
- promover a estruturação da assistência farmacêutica e garan- multânea entre os municípios;
tir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da Apoiar técnica e financeiramente os municípios para que exe-
população aos medicamentos cuja dispensação esteja sob sua res- cutem com qualidade as ações de vigilância em saúde, compreen-
ponsabilidade, promovendo seu uso racional, observadas as nor- dendo as ações de vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental,
mas vigentes e pactuações estabelecidas; de acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas;
Assumir a gestão e execução das ações de vigilância em saúde Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saúde,
realizadas no âmbito local, compreendendo as ações de vigilância considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional;
epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo com as normas vi- Coordenar, normatizar e gerir os laboratórios de saúde pública;
gentes e pactuações estabelecidas; Assumir a gestão e a gerência de unidades públicas de hemo-
- elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saú- núcleos / hemocentros e elaborar normas complementares para a
organização e funcionamento desta rede de serviço.
de, considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional.
– ESTADOS
– DISTRITO FEDERAL
Responder, solidariamente com municípios, Distrito Federal e
união, pela integralidade da atenção à saúde da população;
Responder, solidariamente com a união, pela integralidade da
Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de Saú-
atenção à saúde da população;
de;
Garantir a integralidade das ações de saúde prestadas de for-
Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, con-
ma interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do
forme definido nas diferentes instâncias de pactuação;
indivíduo no seu contexto familiar, social e do trabalho; engloban-
Coordenar, acompanhar e avaliar, no âmbito estadual, a imple- do atividades de promoção da saúde, prevenção de riscos, danos e
mentação dos Pactos Pela Vida e de Gestão e seu Termo de Com- agravos; ações de assistência, assegurando o acesso ao atendimen-
promisso; to às urgências;
Apoiar técnica e financeiramente os municípios, para que estes Promover a equidade na atenção à saúde, considerando as di-
assumam integralmente sua responsabilidade de gestor da atenção ferenças individuais e de grupos populacionais, por meio da ade-
à saúde dos seus munícipes; quação da oferta às necessidades como princípio de justiça social, e
Apoiar técnica, política e financeiramente a gestão da atenção ampliação do acesso de populações em situação de desigualdade,
básica nos municípios, considerando os cenários epidemiológicos, respeitadas as diversidades locais;
as necessidades de saúde e a articulação regional, fazendo um reco- Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de Saú-
nhecimento das iniquidades, oportunidades e recursos; de;
Fazer reconhecimento das necessidades da população no âm- Coordenar, acompanhar e avaliar, no âmbito estadual, a imple-
bito estadual e cooperar técnica e financeiramente com os municí- mentação dos Pactos Pela Vida e de Gestão e seu Termo de Com-
pios, para que possam fazer o mesmo nos seus territórios; promisso de Gestão;
Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um Assumir a gestão e executar as ações de atenção básica, in-
processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in- cluindo as ações de promoção e proteção, no seu território;
tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação; Assumir integralmente a gerência de toda a rede pública de
Coordenar o processo de configuração do desenho da rede de serviços de atenção básica, englobando as unidades próprias e as
atenção, nas relações intermunicipais, com a participação dos mu- transferidas pela união;
nicípios da região; Garantir a estrutura física necessária para a realização das
Organizar e pactuar com os municípios, o processo de referên- ações de atenção básica, de acordo com as normas técnicas vigen-
cia intermunicipal das ações e serviços de média e alta complexida- tes;
de a partir da atenção básica, de acordo com a programação pactu- Realizar o acompanhamento e a avaliação da atenção básica no
ada e integrada da atenção à saúde; âmbito do seu território;
Realizar o acompanhamento e a avaliação da atenção básica no Identificar as necessidades da população do seu território, fa-
âmbito do território estadual; zer um reconhecimento das iniquidades, oportunidades e recursos;
Apoiar técnica e financeiramente os municípios para que ga- Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um
rantam a estrutura física necessária para a realização das ações de processo de planejamento, regulação, programação pactuada e in-
atenção básica; tegrada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação;
58
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, con- Identificar, em articulação com os estados, Distrito Federal e
forme definido nas instâncias de pactuação; municípios, as necessidades da população para o âmbito nacional,
Organizar o acesso a serviços de saúde resolutivos e de qualida- fazendo um reconhecimento das iniquidades, oportunidades e re-
de na atenção básica, viabilizando o planejamento, a programação cursos; e cooperar técnica e financeiramente com os gestores, para
pactuada e integrada da atenção à saúde e a atenção à saúde no que façam o mesmo nos seus territórios;
seu território, explicitando a responsabilidade, o compromisso e o Desenvolver, a partir da identificação de necessidades, um pro-
vínculo do serviço e equipe de saúde com a população do seu terri- cesso de planejamento, regulação, programação pactuada e inte-
tório, desenhando a rede de atenção e promovendo a humanização grada da atenção à saúde, monitoramento e avaliação;
do atendimento; Promover a estruturação da assistência farmacêutica e garan-
Organizar e pactuar o acesso a ações e serviços de atenção es- tir, em conjunto com as demais esferas de governo, o acesso da
pecializada a partir das necessidades da atenção básica, configu- população aos medicamentos que estejam sob sua responsabilida-
rando a rede de atenção, por meio dos processos de integração e de, fomentando seu uso racional, observadas as normas vigentes e
articulação dos serviços de atenção básica com os demais níveis do pactuações estabelecidas;
sistema, com base no processo da programação pactuada e integra- Definir e pactuar as diretrizes para a organização das ações e
da da atenção à saúde; serviços de média e alta complexidade, a partir da atenção básica;
Pactuar e fazer o acompanhamento da referência da atenção Coordenar e executar as ações de vigilância em saúde, com-
que ocorre fora do seu território, em cooperação com os estados preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de
envolvidos no âmbito regional, conforme a programação pactuada acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas;
e integrada da atenção à saúde; Coordenar, nacionalmente, as ações de prevenção e controle
Promover a estruturação da assistência farmacêutica e garantir, da vigilância em saúde que exijam ação articulada e simultânea en-
em conjunto com a união, o acesso da população aos medicamen- tre os estados, Distrito Federal e municípios;
tos cuja dispensação esteja sob sua responsabilidade, fomentando Proceder investigação complementar ou conjunta com os de-
seu uso racional e observando as normas vigentes e pactuações es- mais gestores do SUS em situação de risco sanitário;
tabelecidas; Apoiar e coordenar os laboratórios de saúde pública – Rede
Garantir o acesso de serviços de referência de acordo com a Nacional de laboratórios de saúde Pública/RNLSP - nos aspectos re-
programação pactuada e integrada da atenção à saúde; lativos à vigilância em saúde;
Elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saúde,
Assumir transitoriamente, quando necessário, a execução das
considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional;
ações de vigilância em saúde nos estados, Distrito Federal e mu-
Assumir a gestão e execução das ações de vigilância em saúde
nicípios, comprometendo-se em cooperar para que assumam, no
realizadas no âmbito do seu território, compreendendo as ações de
menor prazo possível, suas responsabilidades;
vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental, de acordo com as
normas vigentes e pactuações estabelecidas; Apoiar técnica e financeiramente os estados, o Distrito Federal
Executar e coordenar as ações de vigilância em saúde, com- e os municípios para que executem com qualidade as ações de vigi-
preendendo as ações de média e alta complexidade desta área, de lância em saúde, compreendendo as ações de vigilância epidemio-
acordo com as normas vigentes e pactuações estabelecidas; lógica, sanitária e ambiental, de acordo com as normas vigentes e
Coordenar, normatizar e gerir os laboratórios de saúde pública; pactuações estabelecidas;
Assumir a gestão e a gerência de unidades públicas de hemo- Elaborar, pactuar e implementar a política de promoção da saú-
núcleos / hemocentros e elaborar normas complementares para a de.
organização e funcionamento desta rede de serviço. RESPONSABILIDADES NA REGIONALIZAÇÃO
– MUNICÍPIOS
– UNIÃO
Todo município deve:
Responder, solidariamente com os municípios, o Distrito Fede- - contribuir para a constituição e fortalecimento do processo de
ral e os estados, pela integralidade da atenção à saúde da popula- regionalização solidária e cooperativa, assumindo os compromissos
ção; pactuados;
Participar do financiamento tripartite do Sistema Único de Saú- - participar da constituição da regionalização, disponibilizando
de; de forma cooperativa os recursos humanos, tecnológicos e financei-
Formular e implementar políticas para áreas prioritárias, con- ros, conforme pactuação estabelecida;
forme definido nas diferentes instâncias de pactuação; - participar dos colegiados de gestão regionais, cumprindo suas
Coordenar e acompanhar, no âmbito nacional, a pactuação obrigações técnicas e financeiras. Nas CIB regionais constituídas por
e avaliação do Pacto de Gestão e Pacto pela Vida e seu Termo de representação, quando não for possível a imediata incorporação de
Compromisso; todos os gestores de saúde dos municípios da região de saúde, de-
Apoiar o Distrito Federal, os estados e conjuntamente com es- ve-se pactuar um cronograma de adequação, no menor prazo pos-
tes, os municípios, para que assumam integralmente as suas res- sível, para a inclusão de todos os municípios nos respectivos cole-
ponsabilidades de gestores da atenção à saúde; giados de gestão regionais.
Apoiar financeiramente o Distrito Federal e os municípios, em
- participar dos projetos prioritários das regiões de saúde, con-
conjunto com os estados, para que garantam a estrutura física ne-
forme definido no plano municipal de saúde, no plano diretor de
cessária para a realização das ações de atenção básica;
regionalização, no planejamento regional e no plano regional de
Prestar cooperação técnica e financeira aos estados, ao Distrito
investimento;
Federal e aos municípios para o aperfeiçoamento das suas atuações
institucionais na gestão da atenção básica; A responsabilidade a seguir será atribuída de acordo com o
Exercer de forma pactuada as funções de normatização e de pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
coordenação no que se refere à gestão nacional da atenção básica no território municipal
no SUS;
59
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Executar as ações de referência regional sob sua responsabili- – RESPONSABILIDADES NO PLANEJAMENTO E PROGRAMA-
dade em conformidade com a programação pactuada e integrada ÇÃO
da atenção à saúde acordada nos colegiados de gestão regionais. – MUNICÍPIOS
60
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Operar os sistemas de informação epidemiológica e sanitária Gerenciar, manter, e elaborar quando necessário, no âmbito
de sua competência, bem como assegurar a divulgação de informa- nacional, os sistemas de informação, conforme normas vigentes e
ções e análises e apoiar os municípios naqueles de responsabilida- pactuações estabelecidas, incluindo aqueles sistemas que garan-
de municipal. tam a solicitação e autorização de procedimentos, o processamento
da produção e preparação para a realização de pagamentos;
– DISTRITO FEDERAL Desenvolver e gerenciar sistemas de informação epidemioló-
gica e sanitária, bem como assegurar a divulgação de informações
Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo perma- e análises.
nente de planejamento participativo e integrado, de base local e as-
cendente, orientado por problemas e necessidades em saúde, com RESPONSABILIDADES NA REGULAÇÃO, CONTROLE, AVALIA-
a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recuperação ÇÃO E AUDITORIA
e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o plano es-
tadual de saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho de Saúde 4.1- MUNICÍPIOS
do Distrito Federal; Todo município deve:
Formular, no plano estadual de saúde, a política estadual de monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros pro-
atenção em saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a venientes de transferência regular e automática (fundo a fundo) e
promoção da saúde; por convênios;
Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e subme- realizar a identificação dos usuários do SUS, com vistas à vincu-
tido à aprovação do Conselho Estadual de Saúde; lação de clientela e à sistematização da oferta dos serviços;
Operar os sistemas de informação epidemiológica e sanitária monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realizadas
de sua competência, bem como assegurar a divulgação de informa- em seu território, por intermédio de indicadores de desempenho,
ções e análises; envolvendo aspectos epidemiológicos e operacionais;
Operar os sistemas de informação referentes à atenção básica, manter atualizado o Sistema Nacional de Cadastro de Estabe-
conforme normas do Ministério da Saúde, e alimentar regularmen- lecimentos e Profissionais de Saúde no seu território, segundo nor-
te os bancos de dados nacionais, assumindo a responsabilidade mas do Ministério da Saúde;
pela gestão, no nível local, dos sistemas de informação: Sistema de adotar protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, em conso-
Informação sobre Agravos de Notificação – SINAN, Sistema de Infor- nância com os protocolos e diretrizes nacionais e estaduais;
mação do Programa Nacional de Imunizações - SI-PNI, Sistema de adotar protocolos de regulação de acesso, em consonância
Informação sobre Nascidos Vivos – SINASC, Sistema de Informação com os protocolos e diretrizes nacionais, estaduais e regionais;
Ambulatorial - SIA e Cadastro Nacional de Estabelecimentos e Pro- controlar a referência a ser realizada em outros municípios,
fissionais de Saúde – CNES; Sistema de Informação Hospitalar – SIH de acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à
e Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM, bem como de saúde, procedendo à solicitação e/ou autorização prévia, quando
outros sistemas que venham a ser introduzidos; couber;
Assumir a responsabilidade pela coordenação e execução das As responsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo com o
atividades de informação, educação e comunicação, no âmbito do pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
seu território; no território municipal
Elaborar a programação da atenção à saúde, incluída a assis- Definir a programação físico-financeira por estabelecimento de
tência e vigilância em saúde, em conformidade com o plano esta- saúde; observar as normas vigentes de solicitação e autorização dos
dual l de saúde, no âmbito da Programação Pactuada e Integrada procedimentos hospitalares e ambulatoriais; processar a produção
da Atenção à Saúde. dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e realizar o
pagamento dos prestadores de serviços;
– UNIÃO Operar o complexo regulador dos serviços presentes no seu
território, de acordo com a pactuação estabelecida, realizando a
Formular, gerenciar, implementar e avaliar o processo perma- co-gestão com o Estado e outros Municípios, das referências inter-
nente de planejamento participativo e integrado, de base local e municipais.
ascendente, orientado por problemas e necessidades em saúde, Executar o controle do acesso do seu munícipe aos leitos dis-
com a constituição de ações para a promoção, a proteção, a recu- poníveis, às consultas, terapias e exames especializados, disponí-
peração e a reabilitação em saúde, construindo nesse processo o veis no seu território, que pode ser feito por meio de centrais de
plano nacional de saúde, submetendo-o à aprovação do Conselho regulação;
Nacional de Saúde; Planejar e executar a regulação médica da atenção pré-hospi-
Formular, no plano nacional de saúde, e pactuar no âmbito da talar às urgências, conforme normas vigentes e pactuações estabe-
Comissão Intergestores Tripartite – CIT, a política nacional de aten- lecidas;
ção em saúde, incluindo ações intersetoriais voltadas para a pro- Elaborar contratos com os prestadores de acordo com a políti-
moção da saúde; ca nacional de contratação de serviços de saúde e em conformida-
Elaborar relatório de gestão anual, a ser apresentado e subme- de com o planejamento e a programação pactuada e integrada da
tido à aprovação do Conselho Nacional de Saúde; atenção à saúde;
Formular, pactuar no âmbito a CIT e aprovar no Conselho Na- Monitorar e fiscalizar os contratos e convênios com prestado-
cional de Saúde, a política nacional de atenção à saúde dos povos res contratados e conveniados, bem como das unidades públicas;
indígenas e executá-la, conforme pactuação com Estados e Municí- Monitorar e fiscalizar a execução dos procedimentos realizados
pios, por meio da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA; em cada estabelecimento por meio das ações de controle e avalia-
Coordenar, acompanhar e apoiar os municípios, os estados e ção hospitalar e ambulatorial;
Distrito Federal na elaboração da programação pactuada e integra- Monitorar e fiscalizar e o cumprimento dos critérios nacionais,
da da atenção em saúde, no âmbito nacional; estaduais e municipais de credenciamento de serviços;
61
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Implementar a avaliação das ações de saúde nos estabeleci- Fiscalizar e monitorar o cumprimento dos critérios estaduais e
mentos de saúde, por meio de análise de dados e indicadores e nacionais de credenciamento de serviços pelos prestadores;
verificação de padrões de conformidade; Monitorar o cumprimento, pelos municípios, das programa-
Implementar a auditoria sobre toda a produção de serviços de ções físico-financeira definidas na programação pactuada e integra-
saúde, públicos e privados, sob sua gestão, tomando como referên- da da atenção à saúde;
cia as ações previstas no plano municipal de saúde e em articulação Fiscalizar e monitorar o cumprimento, pelos municípios, das
com as ações de controle, avaliação e regulação assistencial; normas de solicitação e autorização das internações e dos procedi-
Realizar auditoria assistencial da produção de serviços de saú- mentos ambulatoriais especializados;
de, públicos e privados, sob sua gestão; Estabelecer e monitorar a programação físico-financeira dos
Elaborar normas técnicas, complementares às das esferas esta- estabelecimentos de saúde sob sua gestão; observar as normas
dual e federal, para o seu território. vigentes de solicitação e autorização dos procedimentos hospita-
– ESTADOS lares e ambulatoriais, monitorando e fiscalizando a sua execução
Elaborar as normas técnicas complementares à da esfera fede- por meio de ações de controle, avaliação e auditoria; processar a
ral, para o seu território; produção dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e
Monitorar a aplicação dos recursos financeiros recebidos por realizar o pagamento dos prestadores de serviços;
meio de transferência regular e automática (fundo a fundo) e por Monitorar e avaliar o funcionamento dos Consórcios Intermu-
convênios; nicipais de Saúde;
Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros Monitorar e avaliar o desempenho das redes regionais hierar-
transferidos aos fundos municipais; quizadas estaduais;
Monitorar o cumprimento pelos municípios: dos planos de saú- Implementar avaliação das ações de saúde nos estabelecimen-
de, dos relatórios de gestão, da operação dos fundos de saúde, in- tos, por meio de análise de dados e indicadores e verificação de
dicadores e metas do pacto de gestão, da constituição dos serviços padrões de conformidade;
de regulação, controle avaliação e auditoria e da participação na Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realizadas
programação pactuada e integrada da atenção à saúde; pelos municípios e pelo gestor estadual;
Apoiar a identificação dos usuários do SUS no âmbito estadual, Supervisionar a rede de laboratórios públicos e privados que
com vistas à vinculação de clientela e à sistematização da oferta dos realizam análises de interesse da saúde pública;
serviços; Elaborar normas complementares para a avaliação tecnológica
Manter atualizado o cadastramento no Sistema Nacional de em saúde;
Cadastro de Estabelecimentos e Profissionais de Saúde, bem como Avaliar e auditar os sistemas de saúde municipais de saúde;
coordenar e cooperar com os municípios nesta atividade; Implementar auditoria sobre toda a produção de serviços de
Elaborar e pactuar protocolos clínicos e de regulação de acesso, saúde, pública e privada, sob sua gestão e em articulação com as
no âmbito estadual, em consonância com os protocolos e diretrizes ações de controle, avaliação e regulação assistencial;
nacionais, apoiando os Municípios na implementação dos mesmos; Realizar auditoria assistencial da produção de serviços de saú-
Controlar a referência a ser realizada em outros estados, de de, públicos e privados, sob sua gestão.
acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à – DISTRITO FEDERAL
saúde, procedendo a solicitação e/ou autorização prévia, quando Elaborar as normas técnicas complementares à da esfera fede-
couber; ral, para o seu território;
Operar a central de regulação estadual, para as referências in- Monitorar a aplicação dos recursos financeiros recebidos por
terestaduais pactuadas, em articulação com as centrais de regula- meio de transferência regular e automática (fundo a fundo) e por
ção municipais; convênios;
Coordenar e apoiar a implementação da regulação da atenção Realizar a identificação dos usuários do SUS no âmbito do Dis-
pré-hospitalar às urgências de acordo com a regionalização e con- trito Federal, com vistas à vinculação de clientela e à sistematização
forme normas vigentes e pactuações estabelecidas; da oferta dos serviços;
Estimular e apoiar a implantação dos complexos reguladores Manter atualizado o cadastramento no Sistema Nacional de
municipais; Cadastro de Estabelecimentos e Profissionais de Saúde no seu terri-
Participar da cogestão dos complexos reguladores municipais, tório, segundo normas do Ministério da Saúde;
no que se refere às referências intermunicipais; Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realizadas
Operar os complexos reguladores no que se refere no que se em seu território, por intermédio de indicadores de desempenho,
refere à referencia intermunicipal, conforme pactuação; envolvendo aspectos epidemiológicos e operacionais;
Monitorar a implementação e operacionalização das centrais Elaborar e implantar protocolos clínicos, terapêuticos e de re-
de regulação; gulação de acesso, no âmbito do Distrito Federal, em consonância
Cooperar tecnicamente com os municípios para a qualificação com os protocolos e diretrizes nacionais;
das atividades de cadastramento, contratação, controle, avaliação, Controlar a referência a ser realizada em outros estados, de
auditoria e pagamento aos prestadores dos serviços localizados no acordo com a programação pactuada e integrada da atenção à saú-
território municipal e vinculados ao SUS; de, procedendo a solicitação e/ou autorização prévia;
Monitorar e fiscalizar contratos e convênios com prestadores Operar a central de regulação do Distrito Federal, para as refe-
contratados e conveniados, bem como das unidades públicas; rências interestaduais pactuadas, em articulação com as centrais de
Elaborar contratos com os prestadores de acordo com a políti- regulação estaduais e municipais;
ca nacional de contratação de serviços de saúde, em conformidade Implantar e operar o complexo regulador dos serviços presen-
com o planejamento e a programação da atenção; tes no seu território, de acordo com a pactuação estabelecida;
Credenciar os serviços de acordo com as normas vigentes e Coordenar e apoiar a implementação da regulação da atenção
com a regionalização e coordenar este processo em relação aos pré-hospitalar às urgências de acordo com a regionalização e con-
municípios; forme normas vigentes e pactuações estabelecidas
62
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Executar o controle do acesso do seu usuário aos leitos disponí- Estimular e apoiar a implantação dos complexos reguladores;
veis, às consultas, terapias e exames especializados, disponíveis no Cooperar na implantação e implementação dos complexos re-
seu território, que pode ser feito por meio de centrais de regulação; guladores;
Definir a programação físico-financeira por estabelecimento de Coordenar e monitorar a implementação e operacionalização
saúde; observar as normas vigentes de solicitação e autorização dos das centrais de regulação interestaduais, garantindo o acesso às re-
procedimentos hospitalares e ambulatoriais; processar a produção ferências pactuadas;
dos estabelecimentos de saúde próprios e contratados e realizar o Coordenar a construção de protocolos clínicos e de regulação
pagamento dos prestadores de serviços; de acesso nacionais, em parceria com os estados, o Distrito Federal
Monitorar e fiscalizar contratos e convênios com prestadores e os municípios, apoiando–os na utilização dos mesmos;
contratados e conveniados, bem como das unidades públicas; Acompanhar, monitorar e avaliar a atenção básica, nas demais
Elaborar contratos com os prestadores de acordo com a políti- esferas de gestão, respeitadas as competências estaduais, munici-
ca nacional de contratação de serviços de saúde, em conformidade pais e do Distrito Federal;
com o planejamento e a programação da atenção; Monitorar e avaliar as ações de vigilância em saúde, realizadas
Credenciar os serviços de acordo com as normas vigentes e pelos municípios, Distrito Federal, estados e pelo gestor federal,
com a regionalização; incluindo a permanente avaliação dos sistemas de vigilância epide-
Monitorar e avaliar o funcionamento dos Consórcios de Saúde; miológica e ambiental em saúde;
Monitorar e avaliar o desempenho das redes regionais hierar- Normatizar, definir fluxos técnico-operacionais e supervisionar
quizadas; a rede de laboratórios públicos e privados que realizam análises de
Implementar avaliação das ações de saúde nos estabelecimen- interesse em saúde pública;
tos, por meio de análise de dados e indicadores e verificação de Avaliar o desempenho das redes regionais e de referências in-
terestaduais;
padrões de conformidade;
Responsabilizar-se pela avaliação tecnológica em saúde;
Monitorar e fiscalizar a execução dos procedimentos realizados
Avaliar e auditar os sistemas de saúde estaduais e municipais.
em cada estabelecimento por meio das ações de controle e avalia-
ção hospitalar e ambulatorial;
5 – RESPONSABILIDADES NA GESTÃO DO TRABALHO
Supervisionar a rede de laboratórios públicos e privados que
realizam análises de interesse da saúde pública; 5.1 - MUNICÍPIOS
Elaborar normas complementares para a avaliação tecnológica Todo município deve:
em saúde; promover e desenvolver políticas de gestão do trabalho, consi-
Implementar auditoria sobre toda a produção de serviços de derando os princípios da humanização, da participação e da demo-
saúde, pública e privada, em articulação com as ações de controle, cratização das relações de trabalho;
avaliação e regulação assistencial. adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e
– UNIÃO previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão
Cooperar tecnicamente com os estados, o Distrito Federal e os e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde
municípios para a qualificação das atividades de cadastramento, for necessário, conforme legislação vigente;
contratação, regulação, controle, avaliação, auditoria e pagamento As responsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo com o
aos prestadores dos serviços vinculados ao SUS; pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
Monitorar e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros no território municipal
transferidos fundo a fundo e por convênio aos fundos de saúde dos Estabelecer, sempre que possível, espaços de negociação per-
estados, do Distrito Federal e dos municípios; manente entre trabalhadores e gestores;
Monitorar o cumprimento pelos estados, Distrito Federal e mu- Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento tri-
nicípios dos planos de saúde, dos relatórios de gestão, da operação partite com vistas à adoção de política referente aos recursos hu-
dos fundos de saúde, dos pactos de indicadores e metas, da cons- manos descentralizados;
tituição dos serviços de regulação, controle avaliação e auditoria e Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras,
da realização da programação pactuada e integrada da atenção à Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração,
saúde; implementação e/ou reformulação de Planos de Cargos e Salários
Coordenar, no âmbito nacional, a estratégia de identificação no âmbito da gestão local;
dos usuários do SUS; Implementar e pactuar diretrizes para políticas de educação e
Coordenar e cooperar com os estados, o Distrito Federal e os gestão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de tra-
balhadores de saúde, no âmbito municipal, notadamente em regi-
municípios no processo de cadastramento de Estabelecimentos e
ões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação de
Profissionais de Saúde;
ações estratégicas para a atenção básica.
Definir e pactuar a política nacional de contratação de serviços
5.2 – ESTADOS
de saúde;
Promover e desenvolver políticas de gestão do trabalho, consi-
Propor e pactuar os critérios de credenciamento dos serviços derando os princípios da humanização, da participação e da demo-
de saúde; cratização das relações de trabalho;
Propor e pactuar as normas de solicitação e autorização das Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento tri-
internações e dos procedimentos ambulatoriais especializados, de partite com vistas à adoção de política referente aos recursos hu-
acordo com as Políticas de Atenção Especializada; manos descentralizados;
Elaborar, pactuar e manter as tabelas de procedimentos en- Promover espaços de negociação permanente entre trabalha-
quanto padrão nacional de utilização dos mesmos e de seus preços; dores e gestores, no âmbito estadual e regional;
Estruturar a política nacional de regulação da atenção à saúde,
conforme pactuação na CIT, contemplando apoio financeiro, tecno-
lógico e de educação permanente;
63
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e RESPONSABILIDADES NA EDUCAÇÃO NA SAÚDE
previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão
e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde 6.1 - MUNICÍPIOS
for necessário, conforme legislação vigente e apoiando técnica e fi- Todo município deve:
nanceiramente os municípios na mesma direção; formular e promover a gestão da educação permanente em
Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras, saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade
Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração, da atenção à saúde, criando quando for o caso, estruturas de coor-
implementação e/ou reformulação de Planos de Cargos e Salários denação e de execução da política de formação e desenvolvimento,
no âmbito da gestão estadual; participando no seu financiamento;
Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e gestão promover diretamente ou em cooperação com o estado, com
do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de trabalhado- os municípios da sua região e com a união, processos conjuntos de
res de saúde, no âmbito estadual, notadamente em regiões onde a educação permanente em saúde;
restrição de oferta afeta diretamente a implantação de ações estra- apoiar e promover a aproximação dos movimentos de educa-
tégicas para a atenção básica. ção popular em saúde na formação dos profissionais de saúde, em
5.3 – DISTRITO FEDERAL consonância com as necessidades sociais em saúde;
Desenvolver estudos quanto às estratégias e financiamento incentivar junto à rede de ensino, no âmbito municipal, a reali-
tripartite de política de reposição da força de trabalho descentra- zação de ações educativas e de conhecimento do SUS;
lizada; As responsabilidades a seguir serão atribuídas de acordo com o
Implementar espaços de negociação permanente entre traba-
pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
lhadores e gestores, no âmbito do Distrito Federal e regional;
no território municipal
Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e
Articular e cooperar com a construção e implementação de ini-
previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão
ciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das profis-
e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde
for necessário, conforme legislação vigente; sões de saúde, de acordo com as diretrizes do SUS;
Considerar as diretrizes nacionais para Planos de Carreiras, Promover e articular junto às Escolas Técnicas de Saúde uma
Cargos e Salários para o SUS – PCCS/SUS, quando da elaboração, nova orientação para a formação de profissionais técnicos para o
implementação e/ou reformulação de Planos de Cargos e Salários SUS, diversificando os campos de aprendizagem;
no âmbito da gestão do Distrito Federal; 6.2 – ESTADOS
Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e de ges- Formular, promover e apoiar a gestão da educação permanen-
tão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de traba- te em saúde e processos relativos à mesma no âmbito estadual;
lhadores de saúde, no âmbito do Distrito Federal, notadamente em Promover a integração de todos os processos de capacitação e
regiões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação desenvolvimento de recursos humanos à política de educação per-
de ações estratégicas para a atenção básica. manente, no âmbito da gestão estadual do SUS;
5.4 – UNIÃO Apoiar e fortalecer a articulação com os municípios e entre os
Promover, desenvolver e pactuar políticas de gestão do traba- mesmos, para os processos de educação e desenvolvimento de tra-
lho considerando os princípios da humanização, da participação e balhadores para o SUS;
da democratização das relações de trabalho, apoiando os gestores Articular o processo de vinculação dos municípios às referên-
estaduais e municipais na implementação das mesmas; cias para o seu processo de formação e desenvolvimento;
Desenvolver estudos e propor estratégias e financiamento tri- Articular e participar das políticas regulatórias e de indução de
partite com vistas à adoção de políticas referentes à força de traba- mudanças no campo da graduação e da especialização das profis-
lho descentralizada; sões de saúde;
Fortalecer a Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS Articular e pactuar com o Sistema Estadual de Educação, pro-
como um espaço de negociação entre trabalhadores e gestores e cessos de formação de acordo com as necessidades do SUS, coope-
contribuir para o desenvolvimento de espaços de negociação no rando com os demais gestores, para processos na mesma direção;
âmbito estadual, regional e/ou municipal; Desenvolver ações e estruturas formais de educação técnica
Adotar vínculos de trabalho que garantam os direitos sociais e em saúde com capacidade de execução descentralizada no âmbito
previdenciários dos trabalhadores de saúde na sua esfera de gestão estadual;
e de serviços, promovendo ações de adequação de vínculos, onde
for necessário, conforme legislação vigente e apoiando técnica e fi-
6.3 – DISTRITO FEDERAL
nanceiramente os estados e municípios na mesma direção;
Formular e promover a gestão da educação permanente em
Formular, propor, pactuar e implementar as Diretrizes Nacio-
saúde e processos relativos à mesma, orientados pela integralidade
nais para Planos de Carreiras, Cargos e Salários no âmbito do Siste-
ma Único de Saúde – PCCS/SUS; da atenção à saúde, criando quando for o caso, estruturas de coor-
Propor e pactuar diretrizes para políticas de educação e de denação e de execução da política de formação e desenvolvimento,
gestão do trabalho que favoreçam o provimento e a fixação de tra- participando no seu financiamento;
balhadores de saúde, no âmbito nacional, notadamente em regi- Promover a integração de todos os processos de capacitação e
ões onde a restrição de oferta afeta diretamente a implantação de desenvolvimento de recursos humanos à política de educação per-
ações estratégicas para a atenção básica. manente;
Articular e participar das políticas regulatórias e de indução de
mudanças no campo da graduação e da especialização das profis-
sões de saúde;
Articular e cooperar com a construção e implementação de ini-
ciativas políticas e práticas para a mudança na graduação das profis-
sões de saúde, de acordo com as diretrizes do SUS;
64
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Articular e pactuar com o Sistema Estadual de Educação, pro- Promover ações de informação e conhecimento acerca do SUS,
cessos de formação de acordo com as necessidades do SUS, coope- junto à população em geral;
rando com os demais gestores, para processos na mesma direção; Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vistas
Desenvolver ações e estruturas formais de educação técnica ao fortalecimento da participação social do SUS;
em saúde com capacidade de execução descentralizada no âmbito Implementar ouvidoria estadual, com vistas ao fortalecimento
do Distrito Federal; da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais.
Promover e articular junto às Escolas Técnicas de Saúde uma 7.3 – DISTRITO FEDERAL
nova orientação para a formação de profissionais técnicos para o Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de-
SUS, diversificando os campos de aprendizagem; fesa do SUS;
Apoiar e promover a aproximação dos movimentos de educa- Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
ção popular em saúde da formação dos profissionais de saúde, em cessárias ao funcionamento do Conselho Estadual de Saúde, que
consonância com as necessidades sociais em saúde; deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente;
Incentivar, junto à rede de ensino, a realização de ações educa- Organizar e prover as condições necessárias à realização de
tivas e de conhecimento do SUS; Conferências Estaduais de Saúde;
6.4 – UNIÃO Estimular o processo de discussão e controle social no espaço
Formular, promover e pactuar políticas de educação perma- regional;
nente em saúde, apoiando técnica e financeiramente estados e Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
municípios no desenvolvimento das mesmas; Promover ações de informação e conhecimento acerca do SUS,
Promover a integração de todos os processos de capacitação e junto à população em geral;
desenvolvimento de recursos humanos à política de educação per- Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vistas
manente, no âmbito da gestão nacional do SUS; ao fortalecimento da participação social do SUS;
Propor e pactuar políticas regulatórias no campo da graduação Implementar ouvidoria estadual, com vistas ao fortalecimento
e da especialização das profissões de saúde; da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais
Articular e propor políticas de indução de mudanças na gradu- 7.4 - UNIÃO
ação das profissões de saúde; Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de-
Propor e pactuar com o sistema federal de educação, processos fesa do SUS;
de formação de acordo com as necessidades do SUS, articulando os Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne-
demais gestores na mesma direção; cessárias ao funcionamento do Conselho Nacional de Saúde, que
deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente;
RESPONSABILIDADES NA PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL Organizar e prover as condições necessárias à realização de
Conferências Nacionais de Saúde;
7.1 - MUNICÍPIOS Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
Todo município deve: Promover ações de informação e conhecimento acerca do SUS,
apoiar o processo de mobilização social e institucional em de- junto à população em geral;
fesa do SUS; Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vistas
prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne- ao fortalecimento da participação social do SUS;
cessárias ao funcionamento do Conselho Municipal de Saúde, que Apoiar o fortalecimento dos movimentos sociais, aproximan-
deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente; do-os da organização das práticas da saúde e com as instâncias de
organizar e prover as condições necessárias à realização de controle social da saúde;
Conferências Municipais de Saúde; Formular e pactuar a política nacional de ouvidoria e imple-
estimular o processo de discussão e controle social no espaço mentar o componente nacional, com vistas ao fortalecimento da
regional; gestão estratégica do SUS.
apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde;
promover ações de informação e conhecimento acerca do SUS, V - IMPLANTAÇÃO E MONITORAMENTO DOS PACTOS PELA
junto à população em geral;
VIDA E DE GESTÃO
Apoiar os processos de educação popular em saúde, com vistas
A - PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO
ao fortalecimento da participação social do SUS;
A responsabilidade a seguir será atribuída de acordo com o
Para a implantação destes Pactos ficam acordados os seguintes
pactuado e/ou com a complexidade da rede de serviços localizada
pontos:
no território municipal
A implantação dos Pactos pela Vida e de Gestão, enseja uma
Implementar ouvidoria municipal com vistas ao fortalecimento
revisão normativa em várias áreas que serão regulamentadas em
da gestão estratégica do SUS, conforme diretrizes nacionais.
portarias específicas, pactuadas na CIT.
7.2 – ESTADOS
Fica definido o Termo de Compromisso de Gestão, Federal, Es-
Apoiar o processo de mobilização social e institucional em de-
fesa do SUS; tadual, do DF e Municipal, como o documento de formalização des-
Prover as condições materiais, técnicas e administrativas ne- te Pacto nas suas dimensões Pela Vida e de Gestão.
cessárias ao funcionamento do Conselho Estadual de Saúde, que O Termo de Compromisso de Gestão, a ser regulamentado em
deverá ser organizado em conformidade com a legislação vigente; normatização específica, contém as metas e objetivos do Pacto pela
Organizar e prover as condições necessárias à realização de Vida, referidas no item I deste documento; as responsabilidades e
Conferências Estaduais de Saúde; atribuições de cada gestor, constantes do item III e os indicadores
Estimular o processo de discussão e controle social no espaço de monitoramento.
regional; Os Termos de Compromisso de Gestão devem ser aprovados
Apoiar o processo de formação dos conselheiros de saúde; nos respectivos Conselhos de Saúde.
65
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Nos Termos de Compromisso de Gestão Estadual e Municipal, A definição sobre o número de membros de cada CIB deve con-
podem ser acrescentadas as metas municipais, regionais e estadu- siderar as diferentes situações de cada estado, como número de
ais, conforme pactuação; municípios, número de regiões de saúde, buscando a maior repre-
Anualmente, no mês de março, devem ser revistas as metas, sentatividade possível.
os objetivos e os indicadores do Termo de Compromisso de Gestão. As decisões da CIB e CIT serão tomadas sempre por consenso.
O Termo de Compromisso de Gestão substitui o atual processo As conclusões das negociações pactuadas na CIT e na CIB serão
de habilitação, conforme detalhamento em portaria específica. formalizadas em ato próprio do gestor respectivo.
Fica extinto o processo de habilitação para estados e municí- As decisões das Comissões Intergestores que versarem sobre
pios, conforme estabelecido na NOB SUS 01/– 96 e na NOAS SUS matéria da esfera de competência dos Conselhos de Saúde deverão
2002. ser submetidas à apreciação do Conselho respectivo.
Ficam mantidas, até a assinatura do Termo de Compromisso de
Gestão constante nas Diretrizes Operacionais do Pacto pela Saúde
2006, as mesmas prerrogativas e responsabilidades dos municípios ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. BRASIL.
e estados que estão habilitados em Gestão Plena do Sistema, con- LEI NO 8069 DE 13 DE JULHO DE 1990. ESTATUTO DA
forme estabelecido na Norma Operacional Básica - NOB SUS 01/96 CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. BRASÍLIA, 1991
e na Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS SUS 2002.
66
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
A instituição familiar é a base da sociedade, sendo indispensá- 11. Levar ao Ministério Público casos que demandam ações ju-
vel à organização social, conforme preceitua o art. 226 da CR/88. diciais de perda ou suspensão do pátrio poder.
Não sendo regra, mas os adolescentes correm maior risco quando 12. Fiscalizar as entidades governamentais e não-governamen-
fazem parte de famílias desestruturadas ou violentas. tais que executem programas de proteção e socioeducativos.
Cabe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos fi- Considerando que todos têm o dever de zelar pela dignidade
lhos, não constituindo motivo de escusa a falta ou a carência de da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer trata-
recursos materiais, sob pena da perda ou a suspensão do pátrio mento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrange-
poder. dor, havendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra algu-
Caso a família natural, comunidade formada pelos pais ou ma criança ou adolescente, serão obrigatoriamente comunicados
qualquer deles e seus descendentes, descumpra qualquer de suas ao Conselho Tutelar para providências cabíveis.
obrigações, a criança ou adolescente serão colocados em família Ainda com toda proteção às crianças e aos adolescentes, a de-
substituta mediante guarda, tutela ou adoção. linquência é uma realidade social, principalmente nas grandes cida-
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado des, sem previsão de término, fazendo com que tenha tratamento
no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, diferenciado dos crimes praticados por agentes imputáveis.
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre Os crimes praticados por adolescentes entre 12 e 18 anos
da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecen- incompletos são denominados atos infracionais passíveis de apli-
tes. cação de medidas socioeducativas. Os dispositivos do Estatuto da
Por tal razão que a responsabilidade dos pais é enorme no de- Criança e do Adolescente disciplinam situações nas quais tanto o
senvolvimento familiar e dos filhos, cujo objetivo é manter ao máxi- responsável, quanto o menor devem ser instados a modificarem
mo a estabilidade emocional, econômica e social. atitudes, definindo sanções para os casos mais graves.
A perda de valores sociais, ao longo do tempo, também são fa- Nas hipóteses do menor cometer ato infracional, cuja conduta
tores que interferem diretamente no desenvolvimento das crianças sempre estará descrita como crime ou contravenção penal para os
e adolescentes, visto que não permanecem exclusivamente inseri- imputáveis, poderão sofrer sanções específicas aquelas descritas no
dos na entidade familiar. estatuto como medidas socioeducativas.
Por isso é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, mas res-
violação dos direitos das crianças e dos adolescentes. Tanto que pondem pela prática de ato infracional cuja sanção será desde a
cabe a sociedade, família e ao poder público proibir a venda e co- adoção de medida protetiva de encaminhamento aos pais ou res-
mercialização à criança e ao adolescente de armas, munições e ponsável, orientação, apoio e acompanhamento, matricula e fre-
explosivos, bebida alcoólicas, drogas, fotos de artifício, revistas de quência em estabelecimento de ensino, inclusão em programa de
conteúdo adulto e bilhetes lotéricos ou equivalentes. auxílio à família, encaminhamento a tratamento médico, psicológi-
Cada município deverá haver, no mínimo, um Conselho Tutelar co ou psiquiátrico, abrigo, tratamento toxicológico e, até, colocação
composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local, re- em família substituta.
gularmente eleitos e empossados, encarregado pela sociedade de Já o adolescente entre 12 e 18 anos incompletos (inimputáveis)
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. que pratica algum ato infracional, além das medidas protetivas já
O Conselho Tutelar é uma das entidades públicas competen- descritas, a autoridade competente poderá aplicar medida socioe-
tes a salvaguardar os direitos das crianças e dos adolescentes nas ducativa de acordo com a capacidade do ofensor, circunstâncias do
hipóteses em que haja desrespeito, inclusive com relação a seus fato e a gravidade da infração, são elas:
pais e responsáveis, bem como aos direitos e deveres previstos na 1) Advertências – admoestação verbal, reduzida a termo e assi-
legislação do ECA e na Constituição. São deveres dos Conselheiros nada pelos adolescentes e genitores sob os riscos do envolvimento
Tutelares: em atos infracionais e sua reiteração,
1. Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de pro- 2) Obrigação de reparar o dano – caso o ato infracional seja
teção. passível de reparação patrimonial, compensando o prejuízo da ví-
2. Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medi- tima,
das pertinentes previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. 3) Prestação de serviços à comunidade – tem por objetivo
3. Promover a execução de suas decisões, podendo requisitar conscientizar o menor infrator sobre valores e solidariedade social,
serviços públicos e entrar na Justiça quando alguém, injustificada- 4) Liberdade assistida – medida de grande eficácia para o en-
mente, descumprir suas decisões. fretamento da prática de atos infracionais, na medida em que atua
4. Levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o Es- juntamente com a família e o controle por profissionais (psicólogos
tatuto tenha como infração administrativa ou penal. e assistentes sociais) do Juizado da Infância e Juventude,
5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes. 5) Semiliberdade – medida de média extremidade, uma vez
6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas que exigem dos adolescentes infratores o trabalho e estudo duran-
sócio-educativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores. te o dia, mas restringe sua liberdade no período noturno, mediante
7. Expedir notificações em casos de sua competência. recolhimento em entidade especializada
8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e 6) Internação por tempo indeterminado – medida mais extre-
adolescentes, quando necessário. ma do Estatuto da Criança e do Adolescente devido à privação total
9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da propos- da liberdade. Aplicada em casos mais graves e em caráter excep-
ta orçamentaria para planos e programas de atendimento dos direi- cional.
tos da criança e do adolescente. Antes da sentença, a internação somente pode ser determina-
10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, para da pelo prazo máximo de 45 dias, mediante decisão fundamentada
que estas se defendam de programas de rádio e televisão que con- baseada em fortes indícios de autoria e materialidade do ato infra-
trariem princípios constitucionais bem como de propaganda de cional.
produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao Nessa vertente, as entidades que desenvolvem programas de
meio ambiente. internação têm a obrigação de:
67
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
1) Observar os direitos e garantias de que são titulares os ado- Últimas alterações no ECA
lescentes;
2) Não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de As mais recentes:
restrição na decisão de internação, São quatro os pontos modificados no ECA durante a atual ad-
3) Preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e ministração:
dignidade ao adolescente, - A instituição da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez
4) Diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação na Adolescência, na lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019;
dos vínculos familiares, - A criação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas - na
5) Oferecer instalações físicas em condições adequadas, e toda lei nº 13.812, de 16 de março 2019;
infraestrutura e cuidados médicos e educacionais, inclusive na área - A mudança na idade mínima para que uma criança ou adoles-
de lazer e atividades culturais e desportivas. cente possa viajar sem os pais ou responsáveis e sem autorização
6) Reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo judicial, passando de 12 para 16 anos - na mesma lei nº 13.812;
de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade compe- - A mudança na lei sobre a reeleição dos conselheiros tutelares,
tente. que agora podem ser reeleitos por vários mandatos consecutivos,
Uma vez aplicada as medidas socioeducativas podem ser im- em vez de apenas uma vez - lei 13.824, de 9 de maio 2019.
plementadas até que sejam completados 18 anos de idade. Contu-
do, o cumprimento pode chegar aos 21 anos de idade nos casos de Lei nº 13.509/17, publicada em 22 de novembro de 2017 al-
internação, nos termos do art. 121, §5º do ECA. tera o ECA ao estabelecer novos prazos e procedimentos para o
Assim como no sistema penal tradicional, as sanções previstas trâmite dos processos de adoção, além de prever novas hipóteses
no Estatuto da Criança e do Adolescente apresentam preocupação de destituição do poder familiar, de apadrinhamento afetivo e dis-
com a reeducação e a ressocialização dos menores infratores. ciplinar a entrega voluntária de crianças e adolescentes à adoção.
Antes de iniciado o procedimento de apuração do ato infracio-
nal, o representante do Ministério Público poderá conceder o per- Lei Federal nº 13.431/2017 – Lei da Escuta Protegida
dão (remissão), como forma de exclusão do processo, se atendido Esta lei estabelece novas diretrizes para o atendimento de
às circunstâncias e consequências do fato, contexto social, perso- crianças ou adolescentes vítimas ou testemunhas de violências,
nalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato e que frequentemente são expostos a condutas profissionais não
infracional. qualificadas, sendo obrigados a relatar por várias vezes, ou para
Por fim, o Estatuto da Criança e do Adolescente institui medi- pessoas diferentes, violências sofridas, revivendo desnecessaria-
das aplicáveis aos pais ou responsáveis de encaminhamento a pro- mente seu drama.
grama de proteção a família, inclusão em programa de orientação Denominada “Lei da Escuta Protegida”, essa lei tem como ob-
a alcoólatras e toxicômanos, encaminhamento a tratamento psico- jetivo a proteção de crianças e adolescentes após a revelação da
lógico ou psiquiátrico, encaminhamento a cursos ou programas de violência sofrida, promovendo uma escuta única nos serviços de
orientação, obrigação de matricular e acompanhar o aproveitamen- atendimento e criando um protocolo de atendimento a ser adotado
to escolar do menor, advertência, perda da guarda, destituição da por todos os órgãos do Sistema de Garantia de Direitos.
tutela e até suspensão ou destituição do pátrio poder.
O importante é observar que as crianças e os adolescentes não Lei 13.436, de 12 de abril de 2017 - Garantia do direito a acom-
podem ser considerados autênticas propriedades de seus genito- panhamento e orientação à mãe com relação à amamentação
res, visto que são titulas de direitos humanos como quaisquer pes- Esta lei introduziu no artigo 10 do ECA uma responsabilidade
soas, dotados de direitos e deveres como demonstrado. adicional para os hospitais e demais estabelecimentos de atenção
A implantação integral do ECA sofre grande resistência de parte à saúde de gestantes, públicos e particulares: daqui em diante eles
da sociedade brasileira, que o considera excessivamente paternalis- estão obrigados a acompanhar a prática do processo de amamenta-
ta em relação aos atos infracionais cometidos por crianças e ado- ção, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a
lescentes, uma vez que os atos infracionais estão ficando cada vez mãe permanecer na unidade hospitalar.
mais violentos e reiterados.
Consideram, ainda, que o estatuto, que deveria proteger e edu- Lei 13.438, de 26 de abril de 2017 – Protocolo de Avaliação de
car a criança e o adolescente, na prática, acaba deixando-os sem riscos para o desenvolvimento psíquico das crianças
nenhum tipo de punição ou mesmo ressocialização, bem como é Esta lei determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) será
utilizado por grupos criminosos para livrar-se de responsabilidades obrigado a adotar protocolo com padrões para a avaliação de riscos
criminais fazendo com que adolescentes assumam a culpa. ao desenvolvimento psíquico de crianças de até 18 meses de ida-
Cabe ao Estado zelas para que as crianças e adolescentes se de. A lei estabelece que crianças de até 18 meses de idade façam
desenvolvam em condições sociais que favoreçam a integridade acompanhamento através de protocolo ou outro instrumento de
física, liberdade e dignidade. Contudo, não se pode atribuir tal res- detecção de risco. Esse acompanhamento se dará em consulta pe-
ponsabilidade apenas a uma suposta inaplicabilidade do estatuto diátrica. Por meio de exames poderá ser detectado precocemente,
da criança e do adolescente, uma vez que estes nada mais são do por exemplo, o transtorno do espectro autista, o que permitirá um
que o produto da entidade familiar e da sociedade, as quais têm melhor acompanhamento no desenvolvimento futuro da criança.
importância fundamental no comportamento dos mesmos.1
68
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Lei nº 13.440, de 8 de maio de 2017 – Aumento na penalização LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
de crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes
Esta lei promoveu a inclusão de mais uma penalidade no artigo Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá ou-
244-A do ECA. A pena previa reclusão de quatro a dez anos e multa tras providências.
nos crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes. Agora
o texto está acrescido de perda de bens e que os valores advindos O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Na-
dessas práticas serão revertidos em favor do Fundo dos Direitos da cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Dis-
trito Federal) em que foi cometido o crime. Título I
Das Disposições Preliminares
Lei nº 13.441, de 8 de maio de 2017 - Prevê a infiltração de
agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes con- Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao
tra a dignidade sexual de criança e de adolescente adolescente.
Esta lei prevê a infiltração policial virtual no combate aos cri- Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa
mes contra a dignidade sexual de vulneráveis. A nova lei acrescen- até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre
tou ao ECA os artigos 190-A a 190-E e normatizou a investigação em doze e dezoito anos de idade.
meio cibernético. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excep-
cionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um
Revogação do artigo 248 que versava sobre trabalho domés- anos de idade.
tico de adolescentes Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
Foi revogado o artigo 248 do ECA que possibilitava a regula- fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da prote-
rização da guarda de adolescentes para o serviço doméstico. A ção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou
Constituição Brasileira proíbe o trabalho infantil, mas este artigo por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de
estabelecia prazo de cinco dias para que o responsável, ou novo lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
guardião, apresentasse à Vara de Justiça de sua cidade ou comarca social, em condições de liberdade e de dignidade.
o adolescente trazido de outra localidade para prestação de serviço Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a
doméstico, o que, segundo os autores do projeto de lei que resultou todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento,
na revogação do artigo, abria espaço para a regularização do traba- situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença,
lho infantil ilegal. deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem,
condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou
Lei 13.306 de 2016 publicada no dia 04 de julho, alterou o Es- outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comuni-
tatuto da Criança e do Adolescente fixando em cinco anos a idade dade em que vivem.(incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
máxima para o atendimento na educação infantil.2 Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efe-
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal tivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à edu-
(8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos cação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignida-
das crianças e adolescentes em todo o Brasil. de, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em par- Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
tes geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codifica- a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir-
ções existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda cunstâncias;
parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho tute- b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de re-
lar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais. levância pública;
Na presente Lei estão dispostos os procedimentos de adoção c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais
(Livro I, capítulo V), a aplicação de medidas socioeducativas (Livro II, públicas;
capítulo II), do Conselho Tutelar (Livro II, capítulo V), e também dos d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela-
crimes cometidos contra crianças e adolescentes. cionadas com a proteção à infância e à juventude.
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual-
proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade. por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para me- e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e
ninos e meninas, e também aborda questões de políticas de aten- do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
dimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados Título II
à Constituição da República de 1988. Dos Direitos Fundamentais
Capítulo I
Dispõe a Lei 8.069/1990 que nenhuma criança ou adolescente Do Direito à Vida e à Saúde
será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, ex-
ploração, violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida
seja, devendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
seus direitos fundamentais. permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso,
em condições dignas de existência.
2 Fonte: www.equipeagoraeupasso.com.br/www.g1.globo.com
69
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos progra- § 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde desen-
mas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodu- volverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao
tivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gra- planejamento, à implementação e à avaliação de ações de pro-
videz, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e moção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação
pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação complementar saudável, de forma contínua. (Incluído pela Lei nº
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 13.257, de 2016)
§ 1o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais § 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal de-
da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) verão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de
§ 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante garan- leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
tirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabele- Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à
cimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de
§ 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegu- prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
rarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua im-
responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o pressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem preju-
acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação. (Re- ízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa
dação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) competente;
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psi- III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica
cológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como
como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado prestar orientação aos pais;
puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência IV - fornecer declaração de nascimento onde constem neces-
§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser pres- sariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do
tada também a gestantes e mães que manifestem interesse em en- neonato;
tregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a
se encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada permanência junto à mãe.
pela Lei nº 13.257, de 2016) VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, pres-
tando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe
§ 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompa-
permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já
nhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do traba-
existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência)
lho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257,
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado vol-
de 2016)
tadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Siste-
§ 7o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento
ma Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a
materno, alimentação complementar saudável e crescimento e de-
ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.
senvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a cria-
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
ção de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral
§ 1o A criança e o adolescente com deficiência serão atendi-
da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) dos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais
§ 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudável du- de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada
rante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo- pela Lei nº 13.257, de 2016)
-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por § 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àque-
motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) les que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras
§ 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou rea-
que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem bilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de
como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (In- cuidado voltadas às suas necessidades específicas. (Redação dada
cluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher § 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente
com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em de crianças na primeira infância receberão formação específica e
unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvi-
sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhi- mento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer
mento do filho, em articulação com o sistema de ensino competen- necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
te, visando ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclu-
Lei nº 13.257, de 2016) sive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados in-
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da termediários, deverão proporcionar condições para a permanência
Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na semana em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de
que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar in- internação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº
formações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam 13.257, de 2016)
para a redução da incidência da gravidez na adolescência. (Incluído Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico,
pela Lei nº 13.798, de 2019) de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto no ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho
caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providên-
com organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritaria- cias legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014)
mente ao público adolescente.(Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019) § 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse em entre-
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores pro- gar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas,
piciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluí-
aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. do pela Lei nº 13.257, de 2016)
70
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entra- Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educa-
da, os serviços de assistência social em seu componente especia- dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
lizado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou
(Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de
atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de
suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formu- cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei
lando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede nº 13.010, de 2014)
e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído
13.257, de 2016) pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva apli-
assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermida- cada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que
des que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
de educação sanitária para pais, educadores e alunos. a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomen- b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
dados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do parágrafo úni- II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de
co pela Lei nº 13.257, de 2016) tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído
§ 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde pela Lei nº 13.010, de 2014)
bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral e
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mu-
b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
lher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
2014)
§ 3o A atenção odontológica à criança terá função educativa
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por
meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os res-
no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde bu- ponsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeduca-
cal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) tivas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de
§ 4o A criança com necessidade de cuidados odontológicos es- adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem
peciais será atendida pelo Sistema Único de Saúde.(Incluído pela Lei castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de
nº 13.257, de 2016) correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão
§ 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus pri- sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes me-
meiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumen- didas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (In-
to construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consul- cluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
ta pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro-
desenvolvimento psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017) teção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
(Vigência) II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Capítulo II III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (In-
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade cluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especiali-
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao zado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de de- V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
senvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão apli-
garantidos na Constituição e nas leis. cadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspec- legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
tos:
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitá- CAPÍTULO III
rios, ressalvadas as restrições legais; DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
II - opinião e expressão;
SEÇÃO I
III - crença e culto religioso;
DISPOSIÇÕES GERAIS
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e edu-
VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. cado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substi-
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte- tuta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente
gridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abran- que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação dada pela Lei
gendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos nº 13.257, de 2016)
valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. § 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em pro-
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do grama de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação re-
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, avaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamenta-
da pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art.
28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
71
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em progra- § 8o Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada
ma de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 em audiência ou perante a equipe interprofissional - da entrega da
(dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu criança após o nascimento, a criança será mantida com os genito-
superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade ju- res, e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o
diciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
§ 3o A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescen- (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
te à sua família terá preferência em relação a qualquer outra pro- § 9o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimen-
vidência, caso em que será esta incluída em serviços e programas to, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1o do art. 23, dos 13.509, de 2017)
incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. § 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças
129 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trinta)
§ 4o Será garantida a convivência da criança e do adolescente dias, contado a partir do dia do acolhimento. (Incluído pela Lei nº
com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas perió- 13.509, de 2017)
dicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimen- Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhi-
to institucional, pela entidade responsável, independentemente de mento institucional ou familiar poderão participar de programa de
autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 5o Será garantida a convivência integral da criança com a § 1o O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcio-
mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional. (Incluí- nar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para
do pela Lei nº 13.509, de 2017) fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu
§ 6o A mãe adolescente será assistida por equipe especializada desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, edu-
multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) cacional e financeiro. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em en- § 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de
tregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que
encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído pela Lei cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento
nº 13.509, de 2017) de que fazem parte. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 1o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissio- § 3o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescen-
nal da Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará relatório te a fim de colaborar para o seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei
à autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos nº 13.509, de 2017)
do estado gestacional e puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de § 4o O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado
2017) será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento,
§ 2o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá de- com prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibi-
terminar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua lidade de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. (In-
expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência so- cluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
cial para atendimento especializado. (Incluído pela Lei nº 13.509, § 5o Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados
de 2017) pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por
§ 3o A busca à família extensa, conforme definida nos termos órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil. (Incluído
do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo pela Lei nº 13.509, de 2017)
de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. (Incluído pela § 6o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os res-
Lei nº 13.509, de 2017) ponsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento deverão
§ 4o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de não imediatamente notificar a autoridade judiciária competente. (Inclu-
existir outro representante da família extensa apto a receber a guar- ído pela Lei nº 13.509, de 2017)
da, a autoridade judiciária competente deverá decretar a extinção Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
do poder familiar e determinar a colocação da criança sob a guarda ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional. (In- Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de con-
cluído pela Lei nº 13.509, de 2017) dições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação
§ 5o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discor-
ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser dância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução
manifestada na audiência a que se refere o § 1o do art. 166 desta da divergência. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509, Vigência
de 2017) Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e edu-
§ 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o ge- cação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes,
nitor nem representante da família extensa para confirmar a inten- a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
ção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade judiciária Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direi-
suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será colocada sob tos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuida-
a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la. (Incluído do e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito
pela Lei nº 13.509, de 2017) de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados
§ 7o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze) os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº
dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data 13.257, de 2016)
do término do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509, Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui
de 2017) motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
72
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a de- § 5o A colocação da criança ou adolescente em família subs-
cretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em tituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanha-
sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída mento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço
em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção. da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política munici-
§ 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a pal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº
destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação 12.010, de 2009) Vigência
por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igual- § 6o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou
mente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou ou- proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda
tro descendente. (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018) obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decre- I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e
tadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições,
previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumpri- desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais
mento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22. reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de
Seção II sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído
Da Família Natural pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade forma- responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adoles-
da pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. (Vide Lei nº centes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofis-
12.010, de 2009) Vigência sional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. (Incluído pela
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pes-
unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a soa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natu-
criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e reza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.
afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transfe-
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reco- rência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades gover-
nhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo namentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.
de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro docu- Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui
mento público, qualquer que seja a origem da filiação. medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimen- Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará
to do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes. compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, median-
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito per- te termo nos autos.
sonalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado
contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado Subseção II
o segredo de Justiça. Da Guarda
73
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 1o A inclusão da criança ou adolescente em programas de Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos
acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucio- à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos ado-
nal, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcio- tantes.
nal da medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com
de 2009) Vigência os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal cadas- de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos
trado no programa de acolhimento familiar poderá receber a crian- matrimoniais.
ça ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts. § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro,
28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou
§ 3o A União apoiará a implementação de serviços de acolhi- concubino do adotante e os respectivos parentes.
mento em família acolhedora como política pública, os quais de- § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus des-
verão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de cendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colate-
crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas, rais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária.
capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de ado- Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, inde-
ção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pendentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
§ 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distri- de 2009) Vigência
tais e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do ado-
em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a tando.
própria família acolhedora. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, me- sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprova-
diante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. da a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência
Subseção III § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
Da Tutela velho do que o adotando.
§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-com-
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa panheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem
de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação dada pela Lei nº sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de con-
12.010, de 2009) Vigência vivência tenha sido iniciado na constância do período de convivên-
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia cia e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica ne- afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a
cessariamente o dever de guarda. (Expressão substituída pela Lei nº excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
12.010, de 2009) Vigência de 2009) Vigência
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer docu- § 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado
mento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art. efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda comparti-
1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, lhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de
deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, in- janeiro de 2002 - Código Civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
gressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observan- 2009) Vigência
do o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação § 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após ine-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência quívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do pro-
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados cedimento, antes de prolatada a sentença.(Incluído pela Lei nº
os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo 12.010, de 2009) Vigência
deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vonta- Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vanta-
de, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e gens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.
que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la. Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24. curatelado.
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do
Subseção IV representante legal do adotando.
Da Adoção § 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou
adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido desti-
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segun- tuídos do poder familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
do o disposto nesta Lei. de 2009) Vigência
§ 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade,
deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manuten- será também necessário o seu consentimento.
ção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com
forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias,
12.010, de 2009)Vigência observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades
§ 2o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
12.010, de 2009) Vigência § 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o ado-
§ 3o Em caso de conflito entre direitos e interesses do ado- tando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante
tando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da
prevalecer os direitos e os interesses do adotando. (Incluído pela constituição do vínculo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Lei nº 13.509, de 2017) Vigência
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem bioló-
da realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei nº gica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a
12.010, de 2009) Vigência medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18
§ 2o-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão fun- Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser
damentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu
de 2017) pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domi- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder fami-
(trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável liar dos pais naturais. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
por até igual período, uma única vez, mediante decisão fundamen- 2009) Vigência
tada da autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou
2017) foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições
§ 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo, deverá de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.
ser apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada no (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4o deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da ado- § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta
ção à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado pela equi- § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfi-
pe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, zer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previs-
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela exe- tas no art. 29.
cução da política de garantia do direito à convivência familiar, que § 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um
apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do defe- período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equi-
rimento da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente
§ 5o O estágio de convivência será cumprido no território na- com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política mu-
cional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou nicipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela
adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de resi- § 4o Sempre que possível e recomendável, a preparação re-
dência da criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) ferida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e ado-
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, lescentes em acolhimento familiar ou institucional em condições
que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e
fornecerá certidão. avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais,
com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimen-
bem como o nome de seus ascendentes.
to e pela execução da política municipal de garantia do direito à
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o regis-
convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tro original do adotado.
§ 5o Serão criados e implementados cadastros estaduais e na-
§ 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado
cional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados
no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. (Reda-
e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído pela Lei nº
ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência
§ 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá cons-
§ 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residen-
tar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência tes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de
§ 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no §
a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do 5o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção
§ 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo ado- terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de in-
tante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos formações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. (Inclu-
§§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, ído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (qua-
§ 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julga- renta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em con-
do da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do dições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na
art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito. comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referi-
§ 8o O processo relativo à adoção assim como outros a ele rela- dos no § 5o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído
cionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazena- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conser- § 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manu-
vação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei nº 12.010, tenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comuni-
de 2009) Vigência cação à Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em 12.010, de 2009) Vigência
que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com § 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de pre-
doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014) tendentes habilitados residentes no País com perfil compatível e
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscri-
de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual pe- to nos cadastros existentes, será realizado o encaminhamento da
ríodo, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. criança ou adolescente à adoção internacional. (Redação dada pela
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Lei nº 13.509, de 2017)
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança
sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e re- ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à
comendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção inter-
programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de nacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está si-
2009) Vigência tuada sua residência habitual; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos Vigência
postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público. (In- II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um re-
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candi- latório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade
dato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pes-
desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência soal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluído
12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - for formulada por parente com o qual a criança ou adoles- III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório
cente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído pela à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal IV - o relatório será instruído com toda a documentação ne-
de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso cessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe inter-
de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade profissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente,
e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qual- acompanhada da respectiva prova de vigência; (Incluído pela Lei nº
quer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluí- 12.010, de 2009) Vigência
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e
deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os re- convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradu-
quisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. (Incluí- ção, por tradutor público juramentado; (Incluído pela Lei nº 12.010,
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de 2009) Vigência
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas inte- VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e so-
ressadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, com licitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante
doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, além de estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluído pela
grupo de irmãos. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central
pretendente possui residência habitual em país-parte da Conven- Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacio-
ção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crian- nal, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida
ças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promul- dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimen-
gada pelo Decreto no 3.087, de 21 junho de 1999, e deseja adotar to, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de
criança em outro país-parte da Convenção. (Redação dada pela Lei acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacio-
nº 13.509, de 2017) nal, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluído pela Lei
§ 1o A adoção internacional de criança ou adolescente brasilei- nº 12.010, de 2009) Vigência
ro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar com- VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será auto-
provado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência rizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e
I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente,
caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. (In-
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a com- § 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, ad-
provação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes habi- mite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam
litados residentes no Brasil com perfil compatível com a criança ou intermediados por organismos credenciados. (Incluído pela Lei nº
adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta Lei; 12.010, de 2009) Vigência
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o creden-
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi ciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de
consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvi- intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com
mento, e que se encontra preparado para a medida, mediante pa- posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publica-
recer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto ção nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet.
nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência § 3o Somente será admissível o credenciamento de organismos
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência que: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de
adolescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central
Vigência do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando
§ 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção das Auto- para atuar em adoção internacional no Brasil; (Incluído pela Lei nº
ridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção interna- 12.010, de 2009) Vigência
cional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - satisfizerem as condições de integridade moral, competên-
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento pre- cia profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos paí-
visto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: ses respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluí-
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qual-
e experiência para atuar na área de adoção internacional; (Incluído quer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e adolescentes adotados. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídi- gência
co brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos creden-
Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central
§ 4o Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência causa de seu descredenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e 2009) Vigência
dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser re-
onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade presentados por mais de uma entidade credenciada para atuar na
Central Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- cooperação em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010,
gência de 2009) Vigência
II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado
reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou ex- fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser
periência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autorida- § 14. É vedado o contato direto de representantes de organis-
de Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do mos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de pro-
órgão federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) gramas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com
Vigência crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a
III - estar submetidos à supervisão das autoridades competen- devida autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
tes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive Vigência
quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; (In- § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que jul-
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada gar necessário, mediante ato administrativo fundamentado. (Inclu-
ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relató- ído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
rio de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descre-
período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia denciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos
Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção inter-
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade nacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. (Incluído pela
Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Bra- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efe-
será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, tuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e esta-
estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; (In- rão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos da
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Criança e do Adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotan- Vigência
tes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país
certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha
nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. (Incluído pela Lei nº sido processado em conformidade com a legislação vigente no país
12.010, de 2009) Vigência de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
§ 5o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4o deste referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o
artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do
gência Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada
§ 6o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá 2009) Vigência
validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não
gência ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil,
§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser concedida deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Su-
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal perior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respecti- Vigência
vo prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o
§ 8o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de
adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autori-
território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilita-
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária ção dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central
determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, Federal e determinará as providências necessárias à expedição do
bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoria- Certificado de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010,
mente, as características da criança ou adolescente adotado, como de 2009) Vigência
idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Públi-
foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar di- co, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se
reito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à or-
e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de dem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do
2009) Vigência adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente re- seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
querer o que for de direito para resguardar os interesses da criança Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino funda-
ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade mental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Fe- I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
deral Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. (Incluído II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgo-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tados os recursos escolares;
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o III - elevados níveis de repetência.
país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de ori- Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e
gem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodo-
na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente logia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e ado-
ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o lescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores cul-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência turais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança
e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o
CAPÍTULO IV acesso às fontes de cultura.
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, es-
AO ESPORTE E AO LAZER timularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para pro-
gramações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, vi- e a juventude.
sando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando- CAPÍTULO V
-se-lhes: DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es- E À PROTEÇÃO NO TRABALHO
cola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores; Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição
às instâncias escolares superiores; Federal)
IV - direito de organização e participação em entidades estu- Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada
dantis; por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residên- Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-pro-
cia, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que fissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de
frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. educação em vigor.
(Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019)Parágrafo único. É di- Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguin-
reito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, tes princípios:
bem como participar da definição das propostas educacionais. I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regu-
Art. 53-A.É dever da instituição de ensino, clubes e agremia- lar;
ções recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar me- II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescen-
didas de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou te;
dependência de drogas ilícitas.(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) III - horário especial para o exercício das atividades.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegura-
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os da bolsa de aprendizagem.
que a ele não tiveram acesso na idade própria; Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
ensino médio; Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado
III - atendimento educacional especializado aos portadores de trabalho protegido.
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime fa-
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero miliar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as
criação artística, segundo a capacidade de cada um; cinco horas do dia seguinte;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições II - perigoso, insalubre ou penoso;
do adolescente trabalhador; III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
VII - atendimento no ensino fundamental, através de progra- desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
mas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali- IV - realizado em horários e locais que não permitam a frequ-
mentação e assistência à saúde. ência à escola.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho edu-
subjetivo. cativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder pú- -governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescen-
blico ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autorida- te que dele participe condições de capacitação para o exercício de
de competente. atividade regular remunerada.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no en-
sino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
responsável, pela frequência à escola.
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áre-
que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pes- as a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em seus
soal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar ao
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos praticados con-
efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho tra crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
não desfigura o caráter educativo. Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela comunica-
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à pro- ção de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por razão de
teção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros: cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado,
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, culposos
ou dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
TÍTULO III Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação,
DA PREVENÇÃO cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e servi-
CAPÍTULO I ços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvol-
DISPOSIÇÕES GERAIS vimento.
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da pre-
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou venção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
violação dos direitos da criança e do adolescente. Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta
pios deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas Lei.
públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo CAPÍTULO II
físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não DA PREVENÇÃO ESPECIAL
violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como
principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) SEÇÃO I
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a DA INFORMAÇÃO, CULTURA, LAZER,
divulgação do direito da criança e do adolescente de serem educa- ESPORTES, DIVERSÕES E ESPETÁCULOS
dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos huma- Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regula-
nos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) rá as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Minis- deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários
tério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, com em que sua apresentação se mostre inadequada.
os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as en- Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos
tidades não governamentais que atuam na promoção, proteção e públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
defesa dos direitos da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do es-
nº 13.010, de 2014) petáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação.
III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões
de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do etária.
adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente po-
à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao en- derão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibi-
frentamento de todas as formas de violência contra a criança e o ção quando acompanhadas dos pais ou responsável.
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão,
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas
conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescente; com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a ga- anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão,
rantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré- apresentação ou exibição.
-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de
de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação so- empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programa-
bre alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou ção em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em de-
degradante no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de sacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente.
2014) Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir,
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articula- no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a
ção de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados que se destinam.
nas famílias em situação de violência, com participação de profis- Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio
sionais de saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializa-
promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adoles- das em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.
cente. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegi-
deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas das com embalagem opaca.
públicas de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010, de
2014)
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infan- Parte Especial
to-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, TÍTULO I
crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e muni- DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
ções, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da
família. CAPÍTULO I
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem DISPOSIÇÕES GERAIS
comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos,
assim entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmen- Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do
te, cuidarão para que não seja permitida a entrada e a permanência adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações
de crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do
do público. Distrito Federal e dos municípios.
Seção II Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: (Vide Lei
Dos Produtos e Serviços nº 12.010, de 2009) Vigência
I - políticas sociais básicas;
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência so-
I - armas, munições e explosivos; cial de garantia de proteção social e de prevenção e redução de vio-
II - bebidas alcoólicas; lações de direitos, seus agravamentos ou reincidências; (Redação
III - produtos cujos componentes possam causar dependência dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
física ou psíquica ainda que por utilização indevida; III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração,
seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano abuso, crueldade e opressão;
físico em caso de utilização indevida; IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável,
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; crianças e adolescentes desaparecidos;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente da criança e do adolescente.
em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o
autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo
exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescen-
Seção III tes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Da Autorização para Viajar VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezes- à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de
seis) anos poderá viajar para fora da comarca onde reside desacom- adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com de-
panhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa autorização ficiências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019) 2009) Vigência
§ 1º A autorização não será exigida quando: Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou I - municipalização do atendimento;
do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unida- II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos
de da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; (Re- direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e contro-
dação dada pela Lei nº 13.812, de 2019) ladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação po-
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos pular paritária por meio de organizações representativas, segundo
estiver acompanhado: (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019) leis federal, estaduais e municipais;
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, com- III - criação e manutenção de programas específicos, observada
provado documentalmente o parentesco; a descentralização político-administrativa;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais
ou responsável. vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou res- adolescente;
ponsável, conceder autorização válida por dois anos. V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, pre-
dispensável, se a criança ou adolescente: ferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressa- infracional;
mente pelo outro através de documento com firma reconhecida. VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução
criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de
do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos
exterior. em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista
na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se
mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família subs-
tituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei;
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável parti-
cipação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009)Vigência
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
VIII - especialização e formação continuada dos profissionais II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atesta-
que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância, das pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da
incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre de- Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
senvolvimento infantil;(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) gência
IX - formação profissional com abrangência dos diversos direi- III - em se tratando de programas de acolhimento institucional
tos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade no ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegra-
atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento ção familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso.
integral;(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão
infantil e sobre prevenção da violência.(Incluído pela Lei nº 13.257, funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direi-
de 2016) tos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conse- Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade.
lhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente § 1o Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela Lei
é considerada de interesse público relevante e não será remunera- nº 12.010, de 2009) Vigência
da. a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
CAPÍTULO II b) não apresente plano de trabalho compatível com os princí-
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO pios desta Lei;
SEÇÃO I c) esteja irregularmente constituída;
DISPOSIÇÕES GERAIS d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e delibe-
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela rações relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas
manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos
e execução de programas de proteção e sócio-educativos destina- os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dos a crianças e adolescentes, em regime de: § 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, caben-
I - orientação e apoio sócio-familiar; do ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
II - apoio sócio-educativo em meio aberto; periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação, observa-
III - colocação familiar; do o disposto no § 1o deste artigo.(Incluído pela Lei nº 12.010, de
IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 2009)Vigência
12.010, de 2009) Vigência Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhi-
V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada pela Lei mento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princí-
nº 12.594, de 2012) (Vide) pios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reinte-
2012) (Vide) gração familiar;(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de II - integração em família substituta, quando esgotados os
2012) (Vide) recursos de manutenção na família natural ou extensa; (Redação
VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) dada pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
§ 1o As entidades governamentais e não governamentais deve- III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;
rão proceder à inscrição de seus programas, especificando os regi- IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação;
mes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho V - não desmembramento de grupos de irmãos;
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras en-
registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunica- tidades de crianças e adolescentes abrigados;
ção ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei VII - participação na vida da comunidade local;
nº 12.010, de 2009) Vigência VIII - preparação gradativa para o desligamento;
§ 2o Os recursos destinados à implementação e manutenção IX - participação de pessoas da comunidade no processo edu-
dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas dota- cativo.
ções orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de § 1o O dirigente de entidade que desenvolve programa de aco-
Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando-se lhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os efei-
o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente preco- tos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput § 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas
e parágrafo único do art. 4o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade ju-
de 2009) Vigência diciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado
§ 3o Os programas em execução serão reavaliados pelo Con- acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua
selho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máxi- família, para fins da reavaliação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei.
mo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para renovação (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
da autorização de funcionamento: (Incluído pela Lei nº 12.010, de § 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo
2009) Vigência e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas
às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado ex- de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de
pedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário,
em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência Ministério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010,
de 2009)Vigência
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 4o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciá- XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máxi-
ria competente, as entidades que desenvolvem programas de aco- mo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade com-
lhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do petente;
Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre
contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em sua situação processual;
cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência adolescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas;
§ 5o As entidades que desenvolvem programas de acolhimen- XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos
to familiar ou institucional somente poderão receber recursos pú- adolescentes;
blicos se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanha-
finalidades desta Lei.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência mento de egressos;
§ 6o O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigen- XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da
te de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar cidadania àqueles que não os tiverem;
ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apura- XX - manter arquivo de anotações onde constem data e cir-
ção de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal. (Incluí- cunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento
§ 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que
acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento.
educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos, § 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes des-
às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas, te artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento ins-
incluindo as de afeto como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, titucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
de 2016) Vigência
Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhi- § 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as
mento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade.
acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da auto- Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou
ridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter tem-
e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de res- porário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a
ponsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências
Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade judiciá- de maus-tratos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
ria, ouvido o Ministério Público e se necessário com o apoio do Con-
selho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para promover a Seção II
imediata reintegração familiar da criança ou do adolescente ou, se Da Fiscalização das Entidades
por qualquer razão não for isso possível ou recomendável, para seu
encaminhamento a programa de acolhimento familiar, institucional Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais
ou a família substituta, observado o disposto no § 2o do art. 101 referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministé-
desta Lei.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência rio Público e pelos Conselhos Tutelares.
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de interna- Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão
ção têm as seguintes obrigações, entre outras: apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das
dotações orçamentárias.
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os ado-
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento
lescentes;
que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos:
restrição na decisão de internação;
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unida-
I - às entidades governamentais:
des e grupos reduzidos;
a) advertência;
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
dignidade ao adolescente;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
dos vínculos familiares; II - às entidades não-governamentais:
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os ca- a) advertência;
sos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vín- b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
culos familiares; c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de d) cassação do registro.
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos ne- § 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades
cessários à higiene pessoal; de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou re-
à faixa etária dos adolescentes atendidos; presentado perante autoridade judiciária competente para as pro-
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e vidências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução
farmacêuticos; da entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
X - propiciar escolarização e profissionalização; § 2o As pessoas jurídicas de direito público e as organizações
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; não governamentais responderão pelos danos que seus agentes
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o descum-
acordo com suas crenças; primento dos princípios norteadores das atividades de proteção es-
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; pecífica. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
TÍTULO II X - prevalência da família: na promoção de direitos e na prote-
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO ção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às me-
CAPÍTULO I didas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou
DISPOSIÇÕES GERAIS extensa ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração
em família adotiva; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente,
são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de com-
ameaçados ou violados: preensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; como esta se processa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
III - em razão de sua conduta. gência
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescen-
CAPÍTULO II te, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de
DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm
direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da me-
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser apli- dida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião
cadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual- devidamente considerada pela autoridade judiciária competente,
quer tempo. observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.(Incluído
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as ne- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao forta- Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98,
lecimento dos vínculos familiares e comunitários. a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as se-
Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação guintes medidas:
das medidas:(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direi- de responsabilidade;
tos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal; (Incluído III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento
pela Lei nº 12.010, de 2009)Vigência oficial de ensino fundamental;
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários
de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à pro- de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adoles-
teção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adoles- cente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
centes são titulares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátri-
III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a co, em regime hospitalar ou ambulatorial;
plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescen- VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
tes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e soli- VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº
dária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipaliza- 12.010, de 2009) Vigência
ção do atendimento e da possibilidade da execução de programas VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação
por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a inter- 12.010, de 2009) Vigência
venção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da § 1o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são
criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de tran-
devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos sição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para
interesses presentes no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, colocação em família substituta, não implicando privação de liber-
de 2009) Vigência dade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança § 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para
e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providên-
direito à imagem e reserva da sua vida privada;(Incluído pela Lei nº cias a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou
12.010, de 2009) Vigência adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da au-
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades com- toridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministé-
petentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja co- rio Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento
nhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida ex- legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.(Incluído pela
clusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indis- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e § 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser encami-
do adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nhados às instituições que executam programas de acolhimento
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de
necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obriga-
adolescente se encontram no momento em que a decisão é toma- toriamente constará, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
da; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou
de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e de seu responsável, se conhecidos;(Incluído pela Lei nº 12.010, de
o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com das sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências
pontos de referência;(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família
III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê- substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta
-los sob sua guarda;(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Con-
familiar.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência selho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos
§ 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do ado- Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assis-
lescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento tência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação
institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendi- de políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças
mento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período
ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciá- de permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº
ria competente, caso em que também deverá contemplar sua colo- 12.010, de 2009) Vigência
cação em família substituta, observadas as regras e princípios desta Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo
Lei.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência serão acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº
§ 5o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade 12.010, de 2009) Vigência
da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de
em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elemen-
dos pais ou do responsável.(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) tos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária.
Vigência § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que
§ 6o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, go-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência zando de absoluta prioridade.
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei § 3o Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado
nº 12.010, de 2009) Vigência procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a § 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dispen-
criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável,
sável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo
com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por
Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do
expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a
suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for
serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta
encaminhada para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Vigência
2009) Vigência
§ 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer
§ 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local
tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de
mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte
multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. (In-
do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a ne-
cluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
cessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais
de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e § 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida do
estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido. reconhecimento de paternidade no assento de nascimento e a cer-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tidão correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 8o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o res-
ponsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional TÍTULO III
fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em CAPÍTULO I
igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 9o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração
da criança ou do adolescente à família de origem, após seu enca- Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como
minhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, crime ou contravenção penal.
apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito
Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada
técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política mu- a idade do adolescente à data do fato.
nicipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destitui- Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponde-
ção do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.(Incluído rão as medidas previstas no art. 101.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo CAPÍTULO II
de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos
complementares ou de outras providências indispensáveis ao ajui- Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
zamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda-
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro mentada da autoridade judiciária competente.
regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre as Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos
crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e insti- responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de
tucional sob sua responsabilidade, com informações pormenoriza- seus direitos.
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que
se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
ele indicada. Seção II
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de res- Da Advertência
ponsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determina- Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que
da pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. será reduzida a termo e assinada.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-
-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada Seção III
a necessidade imperiosa da medida. Da Obrigação de Reparar o Dano
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será sub-
metido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de prote- Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos pa-
ção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida trimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o
fundada. adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou,
por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
CAPÍTULO III Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida
DAS GARANTIAS PROCESSUAIS poderá ser substituída por outra adequada.
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Seção VI V - ser tratado com respeito e dignidade;
Do Regime de Semi-liberdade VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, pos- VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
sibilitada a realização de atividades externas, independentemente IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pes-
de autorização judicial. soal;
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, de- X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e
vendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na salubridade;
comunidade. XI - receber escolarização e profissionalização;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
no que couber, as disposições relativas à internação. XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e des-
Seção VII de que assim o deseje;
Da Internação XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local
seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porven-
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, tura depositados em poder da entidade;
sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a cri- § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
tério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação § 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamen-
judicial em contrário. te a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do ado-
manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no lescente.
máximo a cada seis meses. Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e men-
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação tal dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de con-
excederá a três anos. tenção e segurança.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o ado-
lescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberda- CAPÍTULO V
de ou de liberdade assistida. DA REMISSÃO
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apu-
autorização judicial, ouvido o Ministério Público. ração de ato infracional, o representante do Ministério Público po-
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser derá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo,
revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quan- menor participação no ato infracional.
do: Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da re-
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça missão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extin-
ou violência a pessoa; ção do processo.
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhe-
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida cimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para
anteriormente imposta. efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em
não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada regime de semi-liberdade e a internação.
judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser
nº 12.594, de 2012) (Vide) revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expres-
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, haven- so do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério
do outra medida adequada. Público.
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade ex-
clusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao TÍTULO IV
abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, com- DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL
pleição física e gravidade da infração.
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comu-
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, en- nitários de proteção, apoio e promoção da família; (Redação dada
tre outros, os seguintes: pela Lei nº 13.257, de 2016)
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Minis- II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
tério Público; orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que so- V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua
licitada; frequência e aproveitamento escolar;
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a trata- I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas
mento especializado; nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a
VII - advertência; VII;
VIII - perda da guarda; II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as
IX - destituição da tutela; medidas previstas no art. 129, I a VII;
X - suspensão ou destituição do poder familiar. (Expressão III - promover a execução de suas decisões, podendo para tan-
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência to:
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24. serviço social, previdência, trabalho e segurança;
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de des-
abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judi- cumprimento injustificado de suas deliberações.
ciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que cons-
agressor da moradia comum. titua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação ou adolescente;
provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adoles- V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua compe-
cente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, de tência;
2011) VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judi-
ciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente
TÍTULO V autor de ato infracional;
DO CONSELHO TUTELAR VII - expedir notificações;
CAPÍTULO I VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança
DISPOSIÇÕES GERAIS ou adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro-
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, posta orçamentária para planos e programas de atendimento dos
não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumpri- direitos da criança e do adolescente;
mento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei. X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a viola-
ção dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrati-
Federal;
va do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de
como órgão integrante da administração pública local, composto de
perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibili-
5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato
dades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família
de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos de natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
escolha.(Redação dada pela Lei nº 13.824, de 2019) XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profis-
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, sionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento
serão exigidos os seguintes requisitos: de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. (Incluído
I - reconhecida idoneidade moral; pela Lei nº 13.046, de 2014)
II - idade superior a vinte e um anos; Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conse-
III - residir no município. lho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar,
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe
horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à informações sobre os motivos de tal entendimento e as providên-
remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o cias tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da fa-
direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) mília. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser
2012) revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 interesse.
(um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº
12.696, de 2012) CAPÍTULO III
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) DA COMPETÊNCIA
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da constante do art. 147.
do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funciona-
mento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continu- CAPÍTULO IV
ada dos conselheiros tutelares. (Redação dada pela Lei nº 12.696, DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS
de 2012)
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constitui-
Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a respon-
rá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneida-
sabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado-
de moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
lescente, e a fiscalização do Ministério Público. (Redação dada pela
Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
CAPÍTULO II
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO
87
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 1o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar CAPÍTULO II
ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4 DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
(quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano sub- SEÇÃO I
sequente ao da eleição presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696, DISPOSIÇÕES GERAIS
de 2012)
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas
janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao
Lei nº 12.696, de 2012) Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de
§ 3o No processo de escolha dos membros do Conselho Tute- habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre o atendimen-
lar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao to, inclusive em plantões.
eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
brindes de pequeno valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Seção II
Do Juiz
CAPÍTULO V
DOS IMPEDIMENTOS Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infân-
cia e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma da lei
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido de organização judiciária local.
e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, ir- Art. 147. A competência será determinada:
mãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
madrasta e enteado. II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na dos pais ou responsável.
forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao repre- § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autorida-
sentante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância de do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão,
e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital. continência e prevenção.
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade
TÍTULO VI competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde
DO ACESSO À JUSTIÇA sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.
CAPÍTULO I § 3º Em caso de infração cometida através de transmissão si-
DISPOSIÇÕES GERAIS multânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca,
será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judi-
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à ciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sen-
Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por tença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do
qualquer de seus órgãos. respectivo estado.
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado. para:
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério
e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente,
hipótese de litigância de má-fé. aplicando as medidas cabíveis;
Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção
e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos do processo;
por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
processual. IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais,
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o
criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem disposto no art. 209;
com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de repre-
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em enti-
sentação ou assistência legal ainda que eventual.
dades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e ad-
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações
ministrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se
contra norma de proteção à criança ou adolescente;
atribua autoria de ato infracional.
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar,
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não pode-
aplicando as medidas cabíveis.
rá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, refe-
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente
rência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive,
nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infân-
iniciais do nome e sobrenome. (Redação dada pela Lei nº 10.764,
de 12.11.2003) cia e da Juventude para o fim de:
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade ju- b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou
diciária competente, se demonstrado o interesse e justificada a fi- modificação da tutela ou guarda; (Expressão substituída pela Lei nº
nalidade. 12.010, de 2009) Vigência
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna
ou materna, em relação ao exercício do poder familiar; (Expressão
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando fal-
tarem os pais;
88
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
f) designar curador especial em casos de apresentação de quei- § 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade
xa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extra- absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos
judiciais em que haja interesses de criança ou adolescente; nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais
g) conhecer de ações de alimentos; a eles referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus
registros de nascimento e óbito. procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro
portaria, ou autorizar, mediante alvará: para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desa- 13.509, de 2017)
companhado dos pais ou responsável, em: Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder
a) estádio, ginásio e campo desportivo; a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judici-
b) bailes ou promoções dançantes; ária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências
c) boate ou congêneres; necessárias, ouvido o Ministério Público.
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família de
II - a participação de criança e adolescente em: origem e em outros procedimentos necessariamente contenciosos.
a) espetáculos públicos e seus ensaios; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
b) certames de beleza. Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciá-
ria levará em conta, dentre outros fatores: Seção II
a) os princípios desta Lei; Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
b) as peculiaridades locais; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
c) a existência de instalações adequadas;
d) o tipo de frequência habitual ao local; Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do po-
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou frequ-
der familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de
ência de crianças e adolescentes;
quem tenha legítimo interesse. (Expressão substituída pela Lei nº
f) a natureza do espetáculo.
12.010, de 2009) Vigência
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deve-
Art. 156. A petição inicial indicará:
rão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de
caráter geral. I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do reque-
Seção III rente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de
Dos Serviços Auxiliares pedido formulado por representante do Ministério Público;
III - a exposição sumária do fato e o pedido;
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua pro- IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o
posta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe rol de testemunhas e documentos.
interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judici-
Juventude. ária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea,
subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiên- mediante termo de responsabilidade. (Expressão substituída pela
cia, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orien- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata § 1o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária determi-
subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifesta- nará, concomitantemente ao despacho de citação e independen-
ção do ponto de vista técnico. temente de requerimento do interessado, a realização de estudo
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de servidores pú- social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar
blicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis pela realização para comprovar a presença de uma das causas de suspensão ou
dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras espécies de ava- destituição do poder familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art.
liações técnicas exigidas por esta Lei ou por determinação judicial, 101 desta Lei, e observada a Lei no 13.431, de 4 de abril de 2017.
a autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de perito, nos (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Códi- § 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é
go de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissional ou
multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, de representantes do
CAPÍTULO III
órgão federal responsável pela política indigenista, observado o dis-
DOS PROCEDIMENTOS
posto no § 6o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
SEÇÃO I
2017)
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias,
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e
subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação proces- oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos.
sual pertinente. § 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios
para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
§ 2o O requerido privado de liberdade deverá ser citado pesso-
almente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
89
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 3o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver pro- § 4o Quando o procedimento de destituição de poder familiar
curado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, for iniciado pelo Ministério Público, não haverá necessidade de no-
deverá, havendo suspeita de ocultação, informar qualquer pessoa meação de curador especial em favor da criança ou adolescente.
da família ou, em sua falta, qualquer vizinho do dia útil em que vol- (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
tará a fim de efetuar a citação, na hora que designar, nos termos Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento
do art. 252 e seguintes da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de notória
(Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para
§ 4o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local in- preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em fa-
certo ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10 (dez) mília substituta. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios para a lo- Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a suspen-
calização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) são do poder familiar será averbada à margem do registro de nas-
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir cimento da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010,
advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, po- de 2009) Vigência
derá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual
incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir Seção III
da intimação do despacho de nomeação. Da Destituição da Tutela
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de liberda-
de, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da citação Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimen-
pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor. (Incluído pela to para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que
Lei nº 12.962, de 2014) couber, o disposto na seção anterior.
Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará
de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de docu- Seção IV
mento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das par- Da Colocação em Família Substituta
tes ou do Ministério Público.
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido concluído Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de coloca-
o estudo social ou a perícia realizada por equipe interprofissional ção em família substituta:
ou multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao I - qualificação completa do requerente e de seu eventual côn-
Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo quando este for o reque- juge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
rente, e decidirá em igual prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu
de 2017)
cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, especifi-
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das
cando se tem ou não parente vivo;
partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de testemu-
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus
nhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão
pais, se conhecidos;
ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexan-
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), ou no art. 24
do, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendi-
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
mentos relativos à criança ou ao adolescente.
§ 3o Se o pedido importar em modificação de guarda, será
obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de também os requisitos específicos.
compreensão sobre as implicações da medida. (Incluído pela Lei nº Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou
12.010, de 2009) Vigência suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem iden- ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser for-
tificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os casos de mulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos pró-
não comparecimento perante a Justiça quando devidamente cita- prios requerentes, dispensada a assistência de advogado. (Redação
dos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a auto- § 1o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação
ridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva. (Incluído dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 12.962, de 2014) I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, devi-
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará damente assistidas por advogado ou por defensor público, para
vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando verificar sua concordância com a adoção, no prazo máximo de 10
este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instru- (dez) dias, contado da data do protocolo da petição ou da entrega
ção e julgamento. da criança em juízo, tomando por termo as declarações; e (Incluído
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2o Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela Lei nº
serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer 13.509, de 2017)
técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se § 2o O consentimento dos titulares do poder familiar será pre-
sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, cedido de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe in-
pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais 10 terprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial,
(dez) minutos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida. (Incluído
§ 3o A decisão será proferida na audiência, podendo a autori- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura § 3o São garantidos a livre manifestação de vontade dos deten-
no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de tores do poder familiar e o direito ao sigilo das informações. (Reda-
2017) ção dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
90
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 4o O consentimento prestado por escrito não terá validade I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o ado-
se não for ratificado na audiência a que se refere o § 1o deste artigo. lescente;
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
§ 5o O consentimento é retratável até a data da realização da III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprova-
audiência especificada no § 1o deste artigo, e os pais podem exer- ção da materialidade e autoria da infração.
cer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado da data de Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura
prolação da sentença de extinção do poder familiar. (Redação dada do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência circuns-
pela Lei nº 13.509, de 2017) tanciada.
§ 6o O consentimento somente terá valor se for dado após o Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o
nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial,
gência sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresenta-
§ 7o A família natural e a família substituta receberão a devida ção ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sen-
orientação por intermédio de equipe técnica interprofissional a ser- do impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela
viço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o ado-
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal lescente permanecer sob internação para garantia de sua seguran-
de garantia do direito à convivência familiar. (Redação dada pela Lei ça pessoal ou manutenção da ordem pública.
nº 13.509, de 2017) Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial enca-
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento minhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério
das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim
estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, de ocorrência.
decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade
caso de adoção, sobre o estágio de convivência.
policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento,
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou
que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no
do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue
prazo de vinte e quatro horas.
ao interessado, mediante termo de responsabilidade. (Incluído pela
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendi-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e mento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de
ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apre-
vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, deci- sentação em dependência separada da destinada a maiores, não
dindo a autoridade judiciária em igual prazo. podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no pará-
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a per- grafo anterior.
da ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto lógico Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial
da medida principal de colocação em família substituta, será ob- encaminhará imediatamente ao representante do Ministério Públi-
servado o procedimento contraditório previsto nas Seções II e III co cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
deste Capítulo. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios
Vigência de participação de adolescente na prática de ato infracional, a auto-
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá ridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público
ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o relatório das investigações e demais documentos.
disposto no art. 35. Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato in-
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o dis- fracional não poderá ser conduzido ou transportado em compar-
posto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47. timento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à
Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou
a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar mental, sob pena de responsabilidade.
será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este res- Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Mi-
ponsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº nistério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, bole-
12.010, de 2009) Vigência tim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo
cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do ado-
Seção V lescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o represen-
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial
tante do Ministério Público notificará os pais ou responsável para
será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infra-
polícias civil e militar.
cional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial compe-
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo ante-
tente.
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para rior, o representante do Ministério Público poderá:
atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional I - promover o arquivamento dos autos;
praticado em coautoria com maior, prevalecerá a atribuição da re- II - conceder a remissão;
partição especializada, que, após as providências necessárias e con- III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medi-
forme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria. da sócio-educativa.
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido me- Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a
diante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, remissão pelo representante do Ministério Público, mediante ter-
sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, de- mo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão
verá: conclusos à autoridade judiciária para homologação.
91
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas
judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medi- arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as dili-
da. gências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos au- a palavra ao representante do Ministério Público e ao defensor,
tos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamen- sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, pror-
tado, e este oferecerá representação, designará outro membro do rogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em
Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento seguida proferirá decisão.
ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não com-
a homologar. parecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a autori-
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério dade judiciária designará nova data, determinando sua condução
Público não promover o arquivamento ou conceder a remissão, ofe- coercitiva.
recerá representação à autoridade judiciária, propondo a instaura- Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do
ção de procedimento para aplicação da medida sócio-educativa que processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento,
se afigurar a mais adequada. antes da sentença.
§ 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida,
breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quan- desde que reconheça na sentença:
do necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oral- I - estar provada a inexistência do fato;
mente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária. II - não haver prova da existência do fato;
§ 2º A representação independe de prova pré-constituída da III - não constituir o fato ato infracional;
autoria e materialidade. IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o
ato infracional.
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adoles-
procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente,
cente internado, será imediatamente colocado em liberdade.
será de quarenta e cinco dias.
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de inter-
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária
nação ou regime de semi-liberdade será feita:
designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, I - ao adolescente e ao seu defensor;
desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, ob- II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou
servado o disposto no art. 108 e parágrafo. responsável, sem prejuízo do defensor.
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientifica- § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á unica-
dos do teor da representação, e notificados a comparecer à audiên- mente na pessoa do defensor.
cia, acompanhados de advogado. § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autori- este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.
dade judiciária dará curador especial ao adolescente.
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judici- Seção V-A
ária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando o so- (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
brestamento do feito, até a efetiva apresentação. Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança e de Adolescente”
apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com
judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional. o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A,
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características de- 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A
finidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente trans- e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
ferido para a localidade mais próxima. Penal), obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº 13.441,
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente de 2017)
aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção I – será precedida de autorização judicial devidamente circuns-
isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo tanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da infiltração
ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de responsa- para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; (Incluído pela
bilidade. Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsá- II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou
representação de delegado de polícia e conterá a demonstração de
vel, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, poden-
sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou
do solicitar opinião de profissional qualificado.
apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão,
conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pesso-
ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão.
as; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem pre-
internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a autorida- juízo de eventuais renovações, desde que o total não exceda a 720
de judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessida-
constituído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência de, a critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de
em continuação, podendo determinar a realização de diligências e 2017)
estudo do caso. § 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requi-
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo sitar relatórios parciais da operação de infiltração antes do término
de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defe- do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste artigo. (Incluído pela
sa prévia e rol de testemunhas. Lei nº 13.441, de 2017)
92
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste artigo, Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de
consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, iní- indicar as provas a produzir.
cio, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) utili- Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a
zado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamen-
de 2017) to, intimando as partes.
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e ende- § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério
reço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a
conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código autoridade judiciária em igual prazo.
de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão. § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de
§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não será ad- dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária oficia-
mitida se a prova puder ser obtida por outros meios. (Incluído pela rá à autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado,
Lei nº 13.441, de 2017) marcando prazo para a substituição.
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judi-
encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da ciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades verifi-
medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de cadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julga-
2017) mento de mérito.
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da
autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado entidade ou programa de atendimento.
de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o
sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Seção VII
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua iden- Da Apuração de Infração Administrativa às Normas
tidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e ma- de Proteção à Criança e ao Adolescente
terialidade dos crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B,
241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e218-B Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade admi-
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). nistrativa por infração às normas de proteção à criança e ao ado-
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) lescente terá início por representação do Ministério Público, ou do
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de ob- Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efe-
servar a estrita finalidade da investigação responderá pelos exces- tivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas,
sos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) se possível.
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, pode-
incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento si- rão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as
giloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessá- circunstâncias da infração.
rias à efetividade da identidade fictícia criada. (Incluído pela Lei nº § 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á
13.441, de 2017) a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos
do retardamento.
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Se-
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação
ção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído pela Lei
de defesa, contado da data da intimação, que será feita:
nº 13.441, de 2017)
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos
presença do requerido;
praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados,
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado,
armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, jun-
que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou
tamente com relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441,
a seu representante legal, lavrando certidão;
de 2017)
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encon-
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no trado o requerido ou seu representante legal;
caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e apensados IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabi-
ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegu- do o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
rando-se a preservação da identidade do agente policial infiltrado e Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a au-
a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos. (Incluído toridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por
pela Lei nº 13.441, de 2017) cinco dias, decidindo em igual prazo.
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária proce-
Seção VI derá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário, de-
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimen- signará audiência de instrução e julgamento. (Vide Lei nº 12.010, de
to 2009) Vigência
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão suces-
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em sivamente o Ministério Público e o procurador do requerido, pelo
entidade governamental e não-governamental terá início median- tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a
te portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá senten-
Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, re- ça.
sumo dos fatos.
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o
afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão
fundamentada.
93
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Seção VIII § 3o É recomendável que as crianças e os adolescentes acolhi-
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dos institucionalmente ou por família acolhedora sejam preparados
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção por equipe interprofissional antes da inclusão em família adotiva.
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da participação
apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluído pela Lei nº no programa referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade judiciá-
12.010, de 2009) Vigência ria, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das dili-
I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) gências requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada
Vigência do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de
II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
gência gência
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casa- Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou sen-
mento, ou declaração relativa ao período de união estável; (Incluído do essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a juntada
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao Ministé-
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de rio Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído
Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela Lei nº Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos
12.010, de 2009) Vigência cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação
VI - atestados de sanidade física e mental; (Incluído pela Lei nº para a adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilita-
12.010, de 2009) Vigência ção e conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes ado-
VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela Lei nº táveis. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 1o A ordem cronológica das habilitações somente poderá
VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído pela Lei deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses
nº 12.010, de 2009) Vigência previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e a melhor solução no interesse do adotando. (Incluído pela Lei nº
oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no pra- 12.010, de 2009) Vigência
zo de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2o A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo
Vigência trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional. (Re-
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe in- dação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
terprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a que se § 3o Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção,
refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) será dispensável a renovação da habilitação, bastando a avaliação
Vigência por equipe interprofissional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos pos- § 4o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à ado-
tulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de ção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil escolhi-
2009) Vigência do, haverá reavaliação da habilitação concedida. (Incluído pela Lei
III - requerer a juntada de documentos complementares e a re- nº 13.509, de 2017)
alização de outras diligências que entender necessárias. (Incluído § 5o A desistência do pretendente em relação à guarda para
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente de-
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe inter- pois do trânsito em julgado da sentença de adoção importará na
profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, que sua exclusão dos cadastros de adoção (Incluído pela Lei nº 13.509,
deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que de 2017)
permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação à
exercício de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual pe-
dos requisitos e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, ríodo, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 1o É obrigatória a participação dos postulantes em programa
oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmen- CAPÍTULO IV
te com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política DOS RECURSOS
municipal de garantia do direito à convivência familiar e dos grupos
de apoio à adoção devidamente habilitados perante a Justiça da In- Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da
fância e da Juventude, que inclua preparação psicológica, orienta- Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas socioe-
ção e estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de adolescentes ducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei no 5.869, de 11 de
com deficiência, com doenças crônicas ou com necessidades espe- janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), com as seguintes adap-
cíficas de saúde, e de grupos de irmãos. (Redação dada pela Lei nº tações: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
13.509, de 2017) I - os recursos serão interpostos independentemente de pre-
§ 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa obrigató- paro;
ria da preparação referida no § 1o deste artigo incluirá o contato II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o
com crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10
institucional, a ser realizado sob orientação, supervisão e avaliação (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e dos gru- III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão
pos de apoio à adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo revisor;
programa de acolhimento familiar e institucional e pela execução IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
94
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior ins- VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:
tância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo, a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclareci-
a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, manten- mentos e, em caso de não comparecimento injustificado, requisitar
do ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias; condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão reme- b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
terá os autos ou o instrumento à superior instância dentro de vinte autoridades municipais, estaduais e federais, da administração di-
e quatro horas, independentemente de novo pedido do recorrente; reta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências inves-
se a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido expresso tigatórias;
da parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de cinco c) requisitar informações e documentos a particulares e insti-
dias, contados da intimação. tuições privadas;
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias
caberá recurso de apelação. e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito des- ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;
de logo, embora sujeita a apelação, que será recebida exclusiva- VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais
mente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacio- assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas
nal ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação judiciais e extrajudiciais cabíveis;
ao adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos
genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao
recebida apenas no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 12.010, adolescente;
de 2009) Vigência X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de des- infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à
tituição de poder familiar, em face da relevância das questões, serão juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e
processados com prioridade absoluta, devendo ser imediatamente penal do infrator, quando cabível;
distribuídos, ficando vedado que aguardem, em qualquer situação, XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de aten-
oportuna distribuição, e serão colocados em mesa para julgamento dimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto
sem revisão e com parecer urgente do Ministério Público. (Incluído as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência irregularidades porventura verificadas;
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos ser-
julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua viços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social,
conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data do § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
julgamento e poderá na sessão, se entender necessário, apresen- previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó-
tar oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) teses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.
Vigência § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras,
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instauração desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público.
de procedimento para apuração de responsabilidades se constatar § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de
o descumprimento das providências e do prazo previstos nos arti- suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre crian-
gos anteriores. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ça ou adolescente.
§ 4º O representante do Ministério Público será responsável
pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar,
CAPÍTULO V
nas hipóteses legais de sigilo.
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII des-
te artigo, poderá o representante do Ministério Público:
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o
serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.
competente procedimento, sob sua presidência;
Art. 201. Compete ao Ministério Público:
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade recla-
I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;
mada, em dia, local e horário previamente notificados ou acertados;
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às in-
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços pú-
frações atribuídas a adolescentes; blicos e de relevância pública afetos à criança e ao adolescente, fi-
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os proce- xando prazo razoável para sua perfeita adequação.
dimentos de suspensão e destituição do poder familiar, nomeação Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte,
e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos
todos os demais procedimentos da competência da Justiça da In- e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos
fância e da Juventude; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer
2009) Vigência diligências, usando os recursos cabíveis.
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso,
especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de con- será feita pessoalmente.
tas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a
crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98; nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a reque-
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a prote- rimento de qualquer interessado.
ção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infân- Art. 205. As manifestações processuais do representante do
cia e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, Ministério Público deverão ser fundamentadas.
da Constituição Federal;
95
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
CAPÍTULO VI § 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou adoles-
DO ADVOGADO centes será realizada imediatamente após notificação aos órgãos
competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeropor-
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, tos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte interestaduais e
e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide internacionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à iden-
poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através tificação do desaparecido. (Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005)
de advogado, o qual será intimado para todos os atos, pessoalmen- Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
te ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça. foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas
gratuita àqueles que dela necessitarem. a competência da Justiça Federal e a competência originária dos
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de tribunais superiores.
ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos
defensor. ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente:
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado I - o Ministério Público;
pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os
sua preferência. territórios;
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um
nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos inte-
que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. resses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a autorização
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar da assembleia, se houver prévia autorização estatutária.
de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária. Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos
de que cuida esta Lei.
CAPÍTULO VII § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por asso-
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES ciação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado poderá
INDIVIDUAIS, DIFUSOS E COLETIVOS assumir a titularidade ativa.
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de res- interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exi-
ponsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao gências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.
adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular: Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes.
I - do ensino obrigatório; § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do
II - de atendimento educacional especializado aos portadores Código de Processo Civil.
de deficiência; § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder pú-
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) blico, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do edu- ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado
cando; de segurança.
V - de programas suplementares de oferta de material didáti- Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri-
gação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
co-escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado
fundamental;
prático equivalente ao do adimplemento.
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família,
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo às
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
crianças e adolescentes que dele necessitem;
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando
VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
o réu.
VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes pri-
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sen-
vados de liberdade.
tença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e pro-
do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
moção social de famílias e destinados ao pleno exercício do direito prazo razoável para o cumprimento do preceito.
à convivência familiar por crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
nº 12.010, de 2009) Vigência da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
X - de programas de atendimento para a execução das medidas se houver configurado o descumprimento.
socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. (Incluído pela Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo
XI - de políticas e programas integrados de atendimento à município.
criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência.(Incluí- § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em
do pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência) julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da prote- pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciati-
ção judicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos, pró- va aos demais legitimados.
prios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará
e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com
2005) correção monetária.
96
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, TÍTULO VII
para evitar dano irreparável à parte. DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser con- CAPÍTULO I
denação ao poder público, o juiz determinará a remessa de peças à DOS CRIMES
autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e SEÇÃO I
administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da
sentença condenatória sem que a associação autora lhe promova a Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra
execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual inicia- a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do
tiva aos demais legitimados. disposto na legislação penal.
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas
os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinen-
art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Pro- tes ao Código de Processo Penal.
cesso Civil), quando reconhecer que a pretensão é manifestamente Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública in-
infundada. condicionada
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação Art. 227-AOs efeitos da condenação prevista no inciso I do
autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por
responsabilidade por perdas e danos. servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não have- à ocorrência de reincidência.(Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
rá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e Parágrafo único.A perda do cargo, do mandato ou da função,
quaisquer outras despesas. nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência.(Incluído
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá pela Lei nº 13.869. de 2019)
provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informa- Seção II
ções sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e indicando- Dos Crimes em Espécie
-lhe os elementos de convicção.
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de es-
tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura tabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro
de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as provi- das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10
dências cabíveis. desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsá-
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá re- vel, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde
querer às autoridades competentes as certidões e informações que constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do ne-
julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias. onato:
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presi- Pena - detenção de seis meses a dois anos.
dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo Parágrafo único. Se o crime é culposo:
público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias,
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabe-
úteis.
lecimento de atenção à saúde de gestante de identificar correta-
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as di-
mente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como
ligências, se convencer da inexistência de fundamento para a pro-
deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
positura da ação cível, promoverá o arquivamento dos autos do
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamenta-
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
damente.
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação ar-
quivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade,
no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infra-
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de ar- cional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária com-
quivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério públi- petente:
co, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas Pena - detenção de seis meses a dois anos.
ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou ane- Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à
xados às peças de informação. apreensão sem observância das formalidades legais.
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apre-
deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme ensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à
dispuser o seu regimento. autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção pessoa por ele indicada:
de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Público para o ajuizamento da ação. Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dis- guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
posições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997:
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de
ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo
tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
97
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de compu-
em benefício de adolescente privado de liberdade: tadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
Pena - detenção de seis meses a dois anos. artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste
membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Públi- artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do
co no exercício de função prevista nesta Lei: serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao
Pena - detenção de seis meses a dois anos. conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o nº 11.829, de 2008)
tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,
de colocação em lar substituto: fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
terceiro, mediante paga ou recompensa: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de
efetiva a paga ou recompensa.
pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo.
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância
§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a fi-
das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
nalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei,
fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829,
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena corres- de 2008)
pondente à violência. I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou regis- Lei nº 11.829, de 2008)
trar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, en- II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua,
volvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processa-
de 2008) mento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda- parágrafo;(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008) III – representante legal e funcionários responsáveis de prove-
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, dor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computado-
coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança res, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autori-
ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda dade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído
quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de pela Lei nº 11.829, de 2008)
2008) § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) 2008)
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente
exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adultera-
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou ção, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer
de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) outra forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829,
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo de 2008)
ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, pre- Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
ceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, pela Lei nº 11.829, de 2008)
tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. (Incluído
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, ex-
pela Lei nº 11.829, de 2008)
põe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qual-
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro
quer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envol-
forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
vendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829,
de 2008) Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qual-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda- quer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar
ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008) ato libidinoso:(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de siste- pela Lei nº 11.829, de 2008)
ma de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo pela Lei nº 11.829, de 2008)
criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela prati-
pela Lei nº 11.829, de 2008) car ato libidinoso;(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o
11.829, de 2008) fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexual-
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das mente explícita.(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; (In-
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
98
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expres- Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
são “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer o dobro em caso de reincidência.
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III,
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais(In- VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre- o dobro em caso de reincidência.
gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devi-
ou explosivo: da, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a crian-
Lei nº 10.764, de 12.11.2003) ça ou adolescente a que se atribua ato infracional:
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, o dobro em caso de reincidência.
bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos com- § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmen-
ponentes possam causar dependência física ou psíquica: (Redação te, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracio-
dada pela Lei nº 13.106, de 2015) nal, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, di-
não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106, reta ou indiretamente.
de 2015) § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre- de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a autori-
gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampi- dade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação ou
do ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem
sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utili- como da publicação do periódico até por dois números. (Expressão
zação indevida: declara inconstitucional pela ADIN 869-2).
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência)
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais defi- Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres ine-
nidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração rentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem
sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação o dobro em caso de reincidência.
(Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalva- Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado
do o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440, dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da
de 2017) autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:(Re-
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou dação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).
o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).
ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa,
pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do esta-
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da belecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 12.038,
licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. (In- de 2009).
cluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a
sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009).
praticá-la:(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído pela Lei
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
nº 12.015, de 2009)
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem
o dobro em caso de reincidência.
pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo pú-
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela
blico de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local
Lei nº 12.015, de 2009)
de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumenta-
espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classifica-
das de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar
incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990. ção:
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
o dobro em caso de reincidência.
CAPÍTULO II Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer repre-
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS sentações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não
se recomendem:
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por esta- Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada
belecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-es- em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espe-
cola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de táculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.
que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo
maus-tratos contra criança ou adolescente: em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação:
99
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada Parágrafo único. Compete aos estados e municípios promove-
em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar rem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes e princí-
a suspensão da programação da emissora por até dois dias. pios estabelecidos nesta Lei.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere clas- Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos
sificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, esta-
adolescentes admitidos ao espetáculo: duais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas inte-
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reinci- gralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes
dência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo limites:(Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de pro- pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e(Reda-
gramação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída ção dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
pelo órgão competente: II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o disposto
reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha- no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997.(Redação
mento do estabelecimento por até quinze dias. dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 des- § 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997)
ta Lei: § 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando- os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais
dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as
-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da
disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do
revista ou publicação.
Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comu-
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o em-
nitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância. (Redação dada
presário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança
dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direi-
espetáculo: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tos da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de
meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais
reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha-
receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao
mento do estabelecimento por até quinze dias.
acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a para programas de atenção integral à primeira infância em áreas
instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade.
no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Vigência § 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Eco-
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil nomia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação das
reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluído pela
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em § 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a for-
condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à ma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos
adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento ins- da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste
titucional ou familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de esta- § 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no 9.249,
belecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso I do
encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha co- caput: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
nhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite
para adoção: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência em conjunto com outras deduções do imposto; e (Incluído pela Lei
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil nº 12.594, de 2012) (Vide)
reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - não poderá ser computada como despesa operacional na
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de pro- apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
grama oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à con- Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de
vivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o inciso
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do Anual. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) § 1o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até os
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado na decla-
mil reais);(Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) ração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comer- I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
cial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação dada pela Lei II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
nº 13.106, de 2015) III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. (Incluído
Disposições Finais e Transitórias pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2o A dedução de que trata o caput: (Incluído pela Lei nº
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da publi- 12.594, de 2012) (Vide)
cação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre a cria- I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre
ção ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de atendi- a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do caput do
mento fixadas no art. 88 e ao que estabelece o Título V do Livro II. art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
100
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei nº 12.594, § 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode ser
de 2012) (Vide) emitido anualmente, desde que discrimine os valores doados mês a
a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº 12.594, mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de 2012) (Vide) § 2o No caso de doação em bens, o comprovante deve conter
b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído pela Lei a identificação dos bens, mediante descrição em campo próprio ou
nº 12.594, de 2012) (Vide) em relação anexa ao comprovante, informando também se houve
c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela Lei nº avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores. (Incluí-
12.594, de 2012) (Vide) do pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído pela Lei nº Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá:
12.594, de 2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em vi- I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documenta-
gor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) ção hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data de II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos,
vencimento da primeira quota ou quota única do imposto, observa- quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de pes-
das instruções específicas da Secretaria da Receita Federal do Brasil. soa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído pela Lei
§ 4o O não pagamento da doação no prazo estabelecido no nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declara-
a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto ção do imposto de renda, desde que não exceda o valor de merca-
devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos do; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
legais previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. (Incluído
(Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na De- Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será con-
claração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano-ca- siderado na determinação do valor dos bens doados, exceto se o
lendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da leilão for determinado por autoridade judiciária. (Incluído pela Lei
Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional nº 12.594, de 2012) (Vide)
concomitantemente com a opção de que trata o caput, respeitado Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D e
o limite previsto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5 (cin-
de 2012) (Vide) co) anos para fins de comprovação da dedução perante a Receita
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 poderá Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das con-
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas tas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído pela Lei nº estaduais, distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei nº 12.594,
12.594, de 2012) (Vide) de 2012) (Vide)
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente
pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente. (Incluído pela a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Vide)
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do pe- II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pela Lei
ríodo a que se refere a apuração do imposto. (Incluído pela Lei nº nº 12.594, de 2012) (Vide)
12.594, de 2012) (Vide) III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do
Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei podem Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os seguintes
ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de 2012) (Vide) a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser (Vide)
depositadas em conta específica, em instituição financeira pública, b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em
vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260. (Incluído bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações pre-
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das con- vistas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil dará
tas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
conhecimento do fato ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em favor do
12.594, de 2012) (Vide)
doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente do Con-
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adoles-
selho correspondente, especificando: (Incluído pela Lei nº 12.594,
cente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão ampla-
de 2012) (Vide)
mente à comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 12.594,
(Vide)
de 2012) (Vide)
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e ende-
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendi-
reço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
mento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doa-
dor; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e (Incluído III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem be-
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) neficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do
V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído pela Lei Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; (Incluído
nº 12.594, de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
101
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário 5) Art. 214...................................................................
e o valor dos recursos previstos para implementação das ações, por Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Pena - reclusão de três a nove anos.»
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de
projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados 1973, fica acrescido do seguinte item:
do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e (In- “Art. 102 ....................................................................
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da
recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente na- administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e
cional, estaduais, distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº 12.594, mantidas pelo poder público federal promoverão edição popular
de 2012) (Vide) do texto integral deste Estatuto, que será posto à disposição das
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Comarca, escolas e das entidades de atendimento e de defesa dos direitos da
a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos fiscais referidos criança e do adolescente.
no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla divul-
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. 260- gação dos direitos da criança e do adolescente nos meios de comu-
G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação judicial pro- nicação social. (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
posta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a requeri- Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será vei-
mento ou representação de qualquer cidadão. (Incluído pela Lei nº culada em linguagem clara, compreensível e adequada a crianças
12.594, de 2012) (Vide) e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da (seis) anos. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita Federal do Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua publi-
Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico conten-
cação.
do a relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e do
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser
Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com a indi-
promovidas atividades e campanhas de divulgação e esclarecimen-
cação dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das contas
tos acerca do disposto nesta Lei.
bancárias específicas mantidas em instituições financeiras públicas,
destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. (Incluído Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá as em contrário.
instruções necessárias à aplicação do disposto nos arts. 260 a 260-
K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: ARTIGOS 196, 197, 198, 199
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da crian-
E 200
ça e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a que se
referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados
perante a autoridade judiciária da comarca a que pertencer a enti- CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
dade. DE 1988
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados
e municípios, e os estados aos municípios, os recursos referentes PREÂMBULO
aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo estejam
criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem-
seus respectivos níveis. bléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático,
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais,
atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade judi- a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igual-
ciária. dade e a justiça como valores supremos de uma sociedade frater-
Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940 na, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
(Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações: comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução
1) Art. 121 ............................................................ pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à TÍTULO VIII
vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge
DA ORDEM SOCIAL
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena
é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa
CAPÍTULO I
menor de catorze anos.
DISPOSIÇÃO GERAL
2) Art. 129 ...............................................................
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das
hipóteses do art. 121, § 4º. Art. 193. A ordem social tem como base o primado do traba-
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. lho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
3) Art. 136................................................................. Ordem social é a expressão que se refere à organização da so-
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado ciedade, proporcionando o bem-estar e a justiça social. Neste senti-
contra pessoa menor de catorze anos. do, invariavelmente seus vetores se ligam aos direitos econômicos,
4) Art. 213 .................................................................. sociais e culturais, bem como aos direitos difusos e coletivos (nota-
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos: damente ambiental).
Pena - reclusão de quatro a dez anos.
102
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
CAPÍTULO II § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
DA SEGURIDADE SOCIAL manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o dispos-
to no art. 154, I.
Seção I § 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá
DISPOSIÇÕES GERAIS ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
custeio total.
O título VIII, que aborda a ordem social, traz este tripé no ca- § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só pode-
pítulo II, intitulado “Da Seguridade Social”: saúde, previdência e rão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação
assistência social. da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando
o disposto no art. 150, III, «b».
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto inte- § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as
grado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, entidades beneficentes de assistência social que atendam às exi-
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência gências estabelecidas em lei.
e à assistência social. § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exer-
organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: çam suas atividades em regime de economia familiar, sem empre-
I - universalidade da cobertura e do atendimento; gados permanentes, contribuirão para a seguridade social median-
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às po- te a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização
pulações urbanas e rurais; da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste
e serviços; artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da
V - equidade na forma de participação no custeio; empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sen-
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em do também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas
apenas no caso das alíneas “b” e “c” do inciso I do caput.(Redação
rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as des-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social,
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para
preservado o caráter contributivo da previdência social;(Redação
o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhado- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
res, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos § 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo su-
colegiados. perior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei complementar, a
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a socie- remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam a alínea
dade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recur- “a” do inciso I e o inciso II do caput.(Redação dada pela Emenda
sos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Constitucional nº 103, de 2019)
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do
na forma da lei, incidentes sobre: caput, serão não-cumulativas.(Incluído pela Emenda Constitucional
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos nº 42, de 19.12.2003)
ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste servi- § 13. (Revogado).(Redação dada pela Emenda Constitucional
ço, mesmo sem vínculo empregatício; nº 103, de 2019)(Revogado pela Emenda Constitucional nº 103, de
b) a receita ou o faturamento; 2019)
c) o lucro; § 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência so- contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência
cial, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão con- cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima men-
cedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. sal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de con-
201; tribuições.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem Seção II
a lei a ele equiparar. DA SAÚDE
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti-
do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
orçamentos, não integrando o orçamento da União.
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá-
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será ela-
rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
borada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde,
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde,
previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regu-
prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, asse- lamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita
gurada a cada área a gestão de seus recursos. diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da segurida- jurídica de direito privado.
de social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma
Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
creditícios. organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
103
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
I - descentralização, com direção única em cada esfera de go- Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras
verno; atribuições, nos termos da lei:
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; de interesse para a saúde e participar da produção de medicamen-
III - participação da comunidade. tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insu-
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos mos;
do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica,
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de bem como as de saúde do trabalhador;
outras fontes. III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios apli- IV - participar da formulação da política e da execução das
carão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos ações de saneamento básico;
mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento
I – no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo científico e tecnológico e a inovação;
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cen- VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle
to); de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da ar- humano;
recadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans-
que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos,
as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; tóxicos e radioativos;
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen-
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos dido o do trabalho.
de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. Com certeza, um dos direitos sociais mais invocados e que mais
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada necessitam de investimento estatal na atualidade é o direito à saú-
cinco anos, estabelecerá: de. Não coincidentemente, a maior parte dos casos no Poder Judici-
I – os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; ário contra o Estado envolvem a invocação deste direito, diante da
II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à recusa do Poder público em custear tratamentos médicos e cirúr-
saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, gicos. Em que pese a invocação da reserva do possível, o Judiciário
e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando tem se guiado pelo entendimento de que devem ser reservados re-
a progressiva redução das disparidades regionais;
cursos suficientes para fornecer um tratamento adequado a todos
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despe-
os nacionais.
sas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
O direito à saúde, por seu turno, não tem apenas o aspecto re-
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
pressivo, propiciando a cura de doenças, mas também o preventivo.
admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
Sendo assim, o Estado deve desenvolver políticas sociais e econô-
endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a
micas para reduzir o risco de doenças e agravos, bem como para
natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específi-
propiciar o acesso universal e igualitário aos serviços voltado ao seu
cos para sua atuação.
tratamento. (art. 196, CF).
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial
profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a A terceirização e a colaboração de agentes privados nas políti-
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e cas de saúde pública é autorizada pela Constituição, sem prejuízo
agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da atuação direta do Estado (art. 197, CF). Sendo assim, ou o pró-
da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao prio Estado implementará as políticas ou fiscalizará, regulamentará
Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido e controlará a implementação destas por terceiros.
piso salarial. O artigo 198, CF aborda o sistema único de saúde, uma rede
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º hierarquizada e regionalizada de ações e serviços públicos de saú-
do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções de, devendo seguiras seguintes diretrizes: “descentralização, com
equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de direção única em cada esfera de governo”, de forma que haverá
combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descum- direção do SUS nos âmbitos municipal, estadual e federal, não se
primento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exer- concentrando o sistema numa única esfera; “atendimento integral,
cício. com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. serviços assistenciais”, do que se depreende que a prevenção é a
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma com- melhor saída para um sistema eficaz, não havendo prejuízo para as
plementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, atividades repressivas; e “participação da comunidade”. Com efeito,
mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferên- busca-se pela descentralização a abrangência ampla dos serviços de
cia as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. saúde, que devem em si também ser amplos – preventivos e repres-
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios sivos, sendo que todos agentes públicos e a própria comunidade
ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. devem se envolver no processo.
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas O direito à saúde encontra regulamentação no âmbito da se-
ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos guridade social, que também abrange a previdência e a assistência
casos previstos em lei. social, sendo financiado com este orçamento, nos moldes do artigo
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facili- 198, §1º, CF.
tem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins A questão orçamentária de incumbência mínima de cada um
de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, proces- dos entes federados tem escopo nos §§ 2º e 3º do artigo 198, CF.
samento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado Correlato à participação da comunidade no SUS, tem-se o arti-
todo tipo de comercialização. go 198, §§ 4º, 5º e 6º, CF.
104
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Não há prejuízo à atuação da iniciativa privada no campo da IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação consen-
assistência à saúde, questão regulamentada no artigo 199, CF. Do sual entre os entes federativos para definição das regras da gestão
dispositivo depreende-se uma das questões mais polêmicas no âm- compartilhada do SUS;
bito do SUS, que é a complementaridade do sistema por parte de V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de
instituições privadas, mediante contrato ou convênio, desde que recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo
sem fins lucrativos por parte destas instituições. Em verdade, é mui- SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade instala-
to comum que hospitais de ensino de instituições particulares com da existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos
cursos na área de biológicas busquem este convênio, encontrando indicadores de saúde do sistema;
frequentemente entraves que não possuem natureza jurídica, mas VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços
política. de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a
Finalizando a disciplina do direito à saúde na Constituição, que finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde;
vem a ser complementada no âmbito infraconstitucional pela Lei nº VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde
8.080 de 19 de setembro de 1990, prevê o artigo 200 as atribuições específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo
do SUS. ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e
VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que
estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à
ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS, saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
PLANEJAMENTO DA SAÚDE, A ASSISTÊNCIA À SAÚDE produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
E A ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA. BRASIL. DECRE- das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
TO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011. REGULAMENTA a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos
A LEI NO 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990, PARA gestores do SUS.
DISPOR SOBRE A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO
DE SAÚDE - SUS, O PLANEJAMENTO DA SAÚDE, A AS- CAPÍTULO II
SISTÊNCIA À SAÚDE E A ARTICULAÇÃO INTERFEDERA- DA ORGANIZAÇÃO DO SUS
TIVA, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
Art. 3o O SUS é constituído pela conjugação das ações e ser-
DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011. viços de promoção, proteção e recuperação da saúde executados
pelos entes federativos, de forma direta ou indireta, mediante a
Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para participação complementar da iniciativa privada, sendo organizado
dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o de forma regionalizada e hierarquizada.
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação inter-
federativa, e dá outras providências. SEÇÃO I
DAS REGIÕES DE SAÚDE
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis- Art. 4o As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, em
posto na Lei no 8.080, 19 de setembro de 1990, articulação com os Municípios, respeitadas as diretrizes gerais pac-
tuadas na Comissão Intergestores Tripartite - CIT a que se refere o
DECRETA: inciso I do art. 30.
§ 1o Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais,
CAPÍTULO I compostas por Municípios limítrofes, por ato conjunto dos respec-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES tivos Estados em articulação com os Municípios.
§ 2o A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de
Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de se- fronteira com outros países deverá respeitar as normas que regem
tembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único as relações internacionais.
de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a Art. 5o Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no
articulação interfederativa. mínimo, ações e serviços de:
Art. 2o Para efeito deste Decreto, considera-se: I - atenção primária;
I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído II - urgência e emergência;
por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de III - atenção psicossocial;
identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunica- IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e
ção e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalida- V - vigilância em saúde.
de de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observará
e serviços de saúde; cronograma pactuado nas Comissões Intergestores.
II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo Art. 6o As Regiões de Saúde serão referência para as transfe-
de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade rências de recursos entre os entes federativos.
de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regio- Art. 7o As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas
nalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indi- no âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas, em conso-
cadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho, nância com diretrizes pactuadas nas Comissões Intergestores.
recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle Parágrafo único. Os entes federativos definirão os seguintes
e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à elementos em relação às Regiões de Saúde:
implementação integrada das ações e serviços de saúde; I - seus limites geográficos;
III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde II - população usuária das ações e serviços;
do usuário no SUS; III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e
105
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e § 2o A compatibilização de que trata o caput será efetuada no
escala para conformação dos serviços. âmbito dos planos de saúde, os quais serão resultado do planeja-
mento integrado dos entes federativos, e deverão conter metas de
SEÇÃO II saúde.
DA HIERARQUIZAÇÃO § 3o O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes
a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, de acordo
Art. 8o O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e com as características epidemiológicas e da organização de serviços
serviços de saúde se inicia pelas Portas de Entrada do SUS e se com- nos entes federativos e nas Regiões de Saúde.
pleta na rede regionalizada e hierarquizada, de acordo com a com- Art. 16. No planejamento devem ser considerados os serviços e
plexidade do serviço. as ações prestados pela iniciativa privada, de forma complementar
Art. 9o São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde ou não ao SUS, os quais deverão compor os Mapas da Saúde regio-
nas Redes de Atenção à Saúde os serviços: nal, estadual e nacional.
I - de atenção primária; Art. 17. O Mapa da Saúde será utilizado na identificação das
II - de atenção de urgência e emergência; necessidades de saúde e orientará o planejamento integrado dos
III - de atenção psicossocial; e entes federativos, contribuindo para o estabelecimento de metas
IV - especiais de acesso aberto. de saúde.
Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e de acordo com Art. 18. O planejamento da saúde em âmbito estadual deve ser
o pactuado nas Comissões Intergestores, os entes federativos po- realizado de maneira regionalizada, a partir das necessidades dos
derão criar novas Portas de Entrada às ações e serviços de saúde, Municípios, considerando o estabelecimento de metas de saúde.
considerando as características da Região de Saúde. Art. 19. Compete à Comissão Intergestores Bipartite - CIB de
Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais que trata o inciso II do art. 30 pactuar as etapas do processo e os
especializados, entre outros de maior complexidade e densidade prazos do planejamento municipal em consonância com os planeja-
tecnológica, serão referenciados pelas Portas de Entrada de que mentos estadual e nacional.
trata o art. 9o.
Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços CAPÍTULO IV
de saúde será ordenado pela atenção primária e deve ser fundado DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
na avaliação da gravidade do risco individual e coletivo e no critério
cronológico, observadas as especificidades previstas para pessoas Art. 20. A integralidade da assistência à saúde se inicia e se
com proteção especial, conforme legislação vigente. completa na Rede de Atenção à Saúde, mediante referenciamento
Parágrafo único. A população indígena contará com regramen- do usuário na rede regional e interestadual, conforme pactuado nas
tos diferenciados de acesso, compatíveis com suas especificidades Comissões Intergestores.
e com a necessidade de assistência integral à sua saúde, de acordo
com disposições do Ministério da Saúde. SEÇÃO I
Art. 12. Ao usuário será assegurada a continuidade do cuidado DA RELAÇÃO NACIONAL DE AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE
em saúde, em todas as suas modalidades, nos serviços, hospitais e - RENASES
em outras unidades integrantes da rede de atenção da respectiva
região. Art. 21. A Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde - RE-
Parágrafo único. As Comissões Intergestores pactuarão as re- NASES compreende todas as ações e serviços que o SUS oferece ao
gras de continuidade do acesso às ações e aos serviços de saúde na usuário para atendimento da integralidade da assistência à saúde.
respectiva área de atuação. Art. 22. O Ministério da Saúde disporá sobre a RENASES em
Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela CIT.
e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, caberá aos entes Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde conso-
federativos, além de outras atribuições que venham a ser pactua- lidará e publicará as atualizações da RENASES.
das pelas Comissões Intergestores: Art. 23. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
I - garantir a transparência, a integralidade e a equidade no pactuarão nas respectivas Comissões Intergestores as suas respon-
sabilidades em relação ao rol de ações e serviços constantes da RE-
acesso às ações e aos serviços de saúde;
NASES.
II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de
Art. 24. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
saúde;
adotar relações específicas e complementares de ações e serviços
III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saúde; e
de saúde, em consonância com a RENASES, respeitadas as respon-
IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços de saúde.
sabilidades dos entes pelo seu financiamento, de acordo com o pac-
Art. 14. O Ministério da Saúde disporá sobre critérios, diretri-
tuado nas Comissões Intergestores.
zes, procedimentos e demais medidas que auxiliem os entes federa-
tivos no cumprimento das atribuições previstas no art. 13.
SEÇÃO II
DA RELAÇÃO NACIONAL DE MEDICAMENTOS ESSENCIAIS
CAPÍTULO III - RENAME
DO PLANEJAMENTO DA SAÚDE
Art. 25. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - RE-
Art. 15. O processo de planejamento da saúde será ascendente NAME compreende a seleção e a padronização de medicamentos
e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os respectivos Con- indicados para atendimento de doenças ou de agravos no âmbito
selhos de Saúde, compatibilizando-se as necessidades das políticas do SUS.
de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros. Parágrafo único. A RENAME será acompanhada do Formulário
§ 1o O planejamento da saúde é obrigatório para os entes pú- Terapêutico Nacional - FTN que subsidiará a prescrição, a dispensa-
blicos e será indutor de políticas para a iniciativa privada. ção e o uso dos seus medicamentos.
106
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
Art. 26. O Ministério da Saúde é o órgão competente para dis- III - diretrizes de âmbito nacional, estadual, regional e interes-
por sobre a RENAME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêu- tadual, a respeito da organização das redes de atenção à saúde,
ticas em âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela principalmente no tocante à gestão institucional e à integração das
CIT. ações e serviços dos entes federativos;
Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde con- IV - responsabilidades dos entes federativos na Rede de Aten-
solidará e publicará as atualizações da RENAME, do respectivo FTN ção à Saúde, de acordo com o seu porte demográfico e seu desen-
e dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas. volvimento econômico-financeiro, estabelecendo as responsabili-
Art. 27. O Estado, o Distrito Federal e o Município poderão ado- dades individuais e as solidárias; e
tar relações específicas e complementares de medicamentos, em V - referências das regiões intraestaduais e interestaduais de
consonância com a RENAME, respeitadas as responsabilidades dos atenção à saúde para o atendimento da integralidade da assistên-
entes pelo financiamento de medicamentos, de acordo com o pac- cia.
tuado nas Comissões Intergestores. Parágrafo único. Serão de competência exclusiva da CIT a pac-
Art. 28. O acesso universal e igualitário à assistência farmacêu- tuação:
tica pressupõe, cumulativamente: I - das diretrizes gerais para a composição da RENASES;
I - estar o usuário assistido por ações e serviços de saúde do II - dos critérios para o planejamento integrado das ações e ser-
SUS; viços de saúde da Região de Saúde, em razão do compartilhamento
II - ter o medicamento sido prescrito por profissional de saúde, da gestão; e
no exercício regular de suas funções no SUS; III - das diretrizes nacionais, do financiamento e das questões
III - estar a prescrição em conformidade com a RENAME e os operacionais das Regiões de Saúde situadas em fronteiras com ou-
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ou com a relação es- tros países, respeitadas, em todos os casos, as normas que regem
pecífica complementar estadual, distrital ou municipal de medica- as relações internacionais.
mentos; e
IV - ter a dispensação ocorrido em unidades indicadas pela di- SEÇÃO II
reção do SUS. DO CONTRATO ORGANIZATIVO DA AÇÃO PÚBLICA DA
§ 1o Os entes federativos poderão ampliar o acesso do usuário SAÚDE
à assistência farmacêutica, desde que questões de saúde pública o
justifiquem. Art. 33. O acordo de colaboração entre os entes federativos
§ 2o O Ministério da Saúde poderá estabelecer regras diferen- para a organização da rede interfederativa de atenção à saúde será
ciadas de acesso a medicamentos de caráter especializado. firmado por meio de Contrato Organizativo da Ação Pública da Saú-
Art. 29. A RENAME e a relação específica complementar es-
de.
tadual, distrital ou municipal de medicamentos somente poderão
Art. 34. O objeto do Contrato Organizativo de Ação Pública da
conter produtos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sa-
Saúde é a organização e a integração das ações e dos serviços de
nitária - ANVISA.
saúde, sob a responsabilidade dos entes federativos em uma Região
de Saúde, com a finalidade de garantir a integralidade da assistên-
CAPÍTULO V
cia aos usuários.
DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA
Parágrafo único. O Contrato Organizativo de Ação Pública da
SEÇÃO I
Saúde resultará da integração dos planos de saúde dos entes fede-
DAS COMISSÕES INTERGESTORES
rativos na Rede de Atenção à Saúde, tendo como fundamento as
Art. 30. As Comissões Intergestores pactuarão a organização e pactuações estabelecidas pela CIT.
o funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em re- Art. 35. O Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde de-
des de atenção à saúde, sendo: finirá as responsabilidades individuais e solidárias dos entes fede-
I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da Saúde rativos com relação às ações e serviços de saúde, os indicadores
para efeitos administrativos e operacionais; e as metas de saúde, os critérios de avaliação de desempenho, os
II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Estadual recursos financeiros que serão disponibilizados, a forma de controle
de Saúde para efeitos administrativos e operacionais; e e fiscalização da sua execução e demais elementos necessários à
III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbito regio- implementação integrada das ações e serviços de saúde.
nal, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos adminis- § 1o O Ministério da Saúde definirá indicadores nacionais de
trativos e operacionais, devendo observar as diretrizes da CIB. garantia de acesso às ações e aos serviços de saúde no âmbito do
Art. 31. Nas Comissões Intergestores, os gestores públicos de SUS, a partir de diretrizes estabelecidas pelo Plano Nacional de Saú-
saúde poderão ser representados pelo Conselho Nacional de Secre- de.
tários de Saúde - CONASS, pelo Conselho Nacional de Secretarias § 2o O desempenho aferido a partir dos indicadores nacionais
Municipais de Saúde - CONASEMS e pelo Conselho Estadual de Se- de garantia de acesso servirá como parâmetro para avaliação do de-
cretarias Municipais de Saúde - COSEMS. sempenho da prestação das ações e dos serviços definidos no Con-
Art. 32. As Comissões Intergestores pactuarão: trato Organizativo de Ação Pública de Saúde em todas as Regiões
I - aspectos operacionais, financeiros e administrativos da ges- de Saúde, considerando-se as especificidades municipais, regionais
tão compartilhada do SUS, de acordo com a definição da política de e estaduais.
saúde dos entes federativos, consubstanciada nos seus planos de Art. 36. O Contrato Organizativo da Ação Pública de Saúde con-
saúde, aprovados pelos respectivos conselhos de saúde; terá as seguintes disposições essenciais:
II - diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde, integração de limi- I - identificação das necessidades de saúde locais e regionais;
tes geográficos, referência e contrarreferência e demais aspectos II - oferta de ações e serviços de vigilância em saúde, promo-
vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os en- ção, proteção e recuperação da saúde em âmbito regional e inter-
tes federativos; -regional;
107
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
III - responsabilidades assumidas pelos entes federativos pe- III - a não aplicação, malversação ou desvio de recursos finan-
rante a população no processo de regionalização, as quais serão ceiros; e
estabelecidas de forma individualizada, de acordo com o perfil, a IV - outros atos de natureza ilícita de que tiver conhecimento.
organização e a capacidade de prestação das ações e dos serviços Art. 43. A primeira RENASES é a somatória de todas as ações
de cada ente federativo da Região de Saúde; e serviços de saúde que na data da publicação deste Decreto são
IV - indicadores e metas de saúde; ofertados pelo SUS à população, por meio dos entes federados, de
V - estratégias para a melhoria das ações e serviços de saúde; forma direta ou indireta.
VI - critérios de avaliação dos resultados e forma de monitora- Art. 44. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretri-
mento permanente; zes de que trata o § 3o do art. 15 no prazo de cento e oitenta dias a
VII - adequação das ações e dos serviços dos entes federativos partir da publicação deste Decreto.
em relação às atualizações realizadas na RENASES; Art. 45. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
VIII - investimentos na rede de serviços e as respectivas respon-
sabilidades; e
IX - recursos financeiros que serão disponibilizados por cada LEI ORGÂNICA DA SAÚDE E CONDIÇÕES PARA A PRO-
um dos partícipes para sua execução. MOÇÃO, PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DA SAÚDE, A
Parágrafo único. O Ministério da Saúde poderá instituir formas ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS
de incentivo ao cumprimento das metas de saúde e à melhoria das CORRESPONDENTES. LEI Nº 8.080 DE 19 DE SETEMBRO
ações e serviços de saúde. DE 1990 E SUAS ALTERAÇÕES POSTERIORES. DISPÕE
Art. 37. O Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde ob- SOBRE AS CONDIÇÕES PARA A PROMOÇÃO, PROTE-
servará as seguintes diretrizes básicas para fins de garantia da ges- ÇÃO E RECUPERAÇÃO DA SAÚDE, A ORGANIZAÇÃO E
tão participativa: O FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS CORRESPONDEN-
I - estabelecimento de estratégias que incorporem a avaliação TES E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
do usuário das ações e dos serviços, como ferramenta de sua me-
lhoria;
II - apuração permanente das necessidades e interesses do usu- LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990.
ário; e
III - publicidade dos direitos e deveres do usuário na saúde em Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recu-
todas as unidades de saúde do SUS, inclusive nas unidades privadas peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
que dele participem de forma complementar. correspondentes e dá outras providências. O PRESIDENTE DA RE-
Art. 38. A humanização do atendimento do usuário será fator PÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
determinante para o estabelecimento das metas de saúde previstas ciono a seguinte lei:
no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde.
Art. 39. As normas de elaboração e fluxos do Contrato Organi- DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
zativo de Ação Pública de Saúde serão pactuados pelo CIT, cabendo
à Secretaria de Saúde Estadual coordenar a sua implementação. Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações
Art. 40. O Sistema Nacional de Auditoria e Avaliação do SUS, e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca-
por meio de serviço especializado, fará o controle e a fiscalização do ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de
Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde. direito Público ou privado.
§ 1o O Relatório de Gestão a que se refere o inciso IV do art. 4o
da Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, conterá seção espe- TÍTULO I
cífica relativa aos compromissos assumidos no âmbito do Contrato DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Organizativo de Ação Pública de Saúde.
§ 2o O disposto neste artigo será implementado em conformi- Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de-
dade com as demais formas de controle e fiscalização previstas em vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno
Lei. exercício.
Art. 41. Aos partícipes caberá monitorar e avaliar a execução § 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formula-
do Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde, em relação ção e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redu-
ao cumprimento das metas estabelecidas, ao seu desempenho e à
ção de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento
aplicação dos recursos disponibilizados.
de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações
Parágrafo único. Os partícipes incluirão dados sobre o Contrato
e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
Organizativo de Ação Pública de Saúde no sistema de informações
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das
em saúde organizado pelo Ministério da Saúde e os encaminhará ao
respectivo Conselho de Saúde para monitoramento. empresas e da sociedade.
Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e eco-
CAPÍTULO VI nômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionan-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS tes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o
meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física,
Art. 42. Sem prejuízo das outras providências legais, o Minis- o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (Re-
tério da Saúde informará aos órgãos de controle interno e externo: dação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
I - o descumprimento injustificado de responsabilidades na Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que,
prestação de ações e serviços de saúde e de outras obrigações pre- por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às
vistas neste Decreto; pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e
II - a não apresentação do Relatório de Gestão a que se refere o social.
inciso IV do art. 4º da Lei no 8.142, de 1990;
108
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
TÍTULO II II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ou indiretamente com a saúde.
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR § 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de
ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes
órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e
Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Po- adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.
der Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). § 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei,
§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigi-
públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, lância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção
pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de san- da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabi-
gue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde. litação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos
§ 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de advindos das condições de trabalho, abrangendo:
Saúde (SUS), em caráter complementar. I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho
ou portador de doença profissional e do trabalho;
CAPÍTULO I II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único
DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos
riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de tra-
Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS: balho;
I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de- III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único
terminantes da saúde; de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das con-
II - a formulação de política de saúde destinada a promover, dições de produção, extração, armazenamento, transporte, distri-
nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º buição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de
do art. 2º desta lei; equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promo- IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
ção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindi-
das ações assistenciais e das atividades preventivas. cal e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações,
Único de Saúde (SUS): avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos
I - a execução de ações: e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;
a) de vigilância sanitária; VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos
serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas pú-
b) de vigilância epidemiológica;
blicas e privadas;
c) de saúde do trabalhador; e
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração
II - a participação na formulação da política e na execução de
das entidades sindicais; e
ações de saneamento básico;
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao
III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de
órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou
saúde;
de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compre-
endido o do trabalho; CAPÍTULO II
VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a
participação na sua produção; Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços pri-
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substân- vados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único
cias de interesse para a saúde; de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes pre-
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas vistas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos
para consumo humano; seguintes princípios:
IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoati- níveis de assistência;
vos, tóxicos e radioativos; II - integralidade de assistência, entendida como conjunto ar-
X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento ticulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
científico e tecnológico; individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis
XI - a formulação e execução da política de sangue e seus de- de complexidade do sistema;
rivados. III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações integridade física e moral;
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou pri-
nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produ- vilégios de qualquer espécie;
ção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
saúde, abrangendo: VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos servi-
I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen- ços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de
processos, da produção ao consumo; e prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;
109
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
VIII - participação da comunidade; IV - recursos humanos;
IX - descentralização político-administrativa, com direção única V - ciência e tecnologia; e
em cada esfera de governo: VI - saúde do trabalhador.
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte-
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saú- gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis-
de; sional e superior.
X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio am- Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali-
biente e saneamento básico; dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, mate- educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de
riais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à
Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da po- pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições.
pulação; Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto-
de assistência; e res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar dupli- (SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
cidade de meios para fins idênticos. Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar-
XIV – organização de atendimento público específico e especia- tite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei nº 12.466, de
lizado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que 2011).
garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi-
e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com
12.845, de 1º de agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427, a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro-
de 2017) vados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466, de
2011).
CAPÍTULO III II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu-
DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de
saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à
Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído pela
Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação Lei nº 12.466, de 2011).
complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma re- III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário,
gionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente. integração de territórios, referência e contrarreferência e demais
Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en-
acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo tre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos: Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co-
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva (Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos
Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes
III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função
Saúde ou órgão equivalente. social, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de- 2011).
senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes § 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento
correspondam. geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar
princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo- convênios com a União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
rão sobre sua observância. § 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), po- são reconhecidos como entidades que representam os entes mu-
derá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur- nicipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à
sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
saúde. forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466,
Art. 11. (Vetado). de 2011).
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos CAPÍTULO IV
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES
da sociedade civil. SEÇÃO I
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS
de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Único de Saúde (SUS). exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições:
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação
comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati- e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
vidades: II - administração dos recursos orçamentários e financeiros
I - alimentação e nutrição; destinados, em cada ano, à saúde;
II - saneamento e meio ambiente; III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; da população e das condições ambientais;
110
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
IV - organização e coordenação do sistema de informação de VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância
saúde; epidemiológica;
V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa- VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de
drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as- portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple-
sistência à saúde; mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;
VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa- VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con-
drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador; trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de
VII - participação de formulação da política e da execução das consumo e uso humano;
ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera- IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis-
ção do meio ambiente; calização do exercício profissional, bem como com entidades repre-
VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde; sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde;
IX - participação na formulação e na execução da política de X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução
formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde; da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a
X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais;
Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde; XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência
XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi- nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência
ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública; à saúde;
XII - realização de operações externas de natureza financeira de XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân-
interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal; cias de interesse para a saúde;
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao
transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca- Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua
lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com- atuação institucional;
petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema
bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo- Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis-
-lhes assegurada justa indenização; tência à saúde;
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componen- XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas
tes e Derivados; e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectiva-
XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos mente, de abrangência estadual e municipal;
internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente; XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio-
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote- nal de Sangue, Componentes e Derivados;
ção e recuperação da saúde; XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais;
exercício profissional e outras entidades representativas da socie- XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito
dade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pes- do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis-
quisa, ações e serviços de saúde; trito Federal;
XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde; XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a
XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde; avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional
XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza- em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede-
ção inerentes ao poder de polícia sanitária; ral. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995)
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es- Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância
tratégicos e de atendimento emergencial. epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como na
ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do
SEÇÃO II controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou
que representem risco de disseminação nacional.
DA COMPETÊNCIA
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
compete:
Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS)
I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços
compete:
e das ações de saúde;
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição;
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do
II - participar na formulação e na implementação das políticas:
Sistema Único de Saúde (SUS);
a) de controle das agressões ao meio ambiente;
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e execu-
b) de saneamento básico; e
tar supletivamente ações e serviços de saúde;
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e
III - definir e coordenar os sistemas: serviços:
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; a) de vigilância epidemiológica;
b) de rede de laboratórios de saúde pública; b) de vigilância sanitária;
c) de vigilância epidemiológica; e c) de alimentação e nutrição; e
d) vigilância sanitária; d) de saúde do trabalhador;
IV - participar da definição de normas e mecanismos de con- V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra-
trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana;
decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; VI - participar da formulação da política e da execução de ações
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para de saneamento básico;
o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar VII - participar das ações de controle e avaliação das condições
a política de saúde do trabalhador; e dos ambientes de trabalho;
111
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde; gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi-
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadu- com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei nº
al e regional; 9.836, de 1999)
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, finan-
e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga- ciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei
nização administrativa; nº 9.836, de 1999)
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con- Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti-
trole e avaliação das ações e serviços de saúde; tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple- do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa-
e substâncias de consumo humano; mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmen-
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária te no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
de portos, aeroportos e fronteiras; 1999)
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica- Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a
dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada. realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) com- e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que
pete: se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contem-
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços plando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nu-
de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde; trição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação
II - participar do planejamento, programação e organização sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde 1999)
(SUS), em articulação com sua direção estadual; Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá
III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe- ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado.
rentes às condições e aos ambientes de trabalho; (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
IV - executar serviços: § 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como
a) de vigilância epidemiológica; base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela Lei nº
b) vigilância sanitária; 9.836, de 1999)
c) de alimentação e nutrição; § 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de
d) de saneamento básico; e Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações
e) de saúde do trabalhador; na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po-
V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento
equipamentos para a saúde; necessário em todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente Lei nº 9.836, de 1999)
que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos § 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao
órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro- SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acor-
lá-las; do com suas necessidades, compreendendo a atenção primária,
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; secundária e terciária à saúde. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar
IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân- dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e
cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra- Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for
tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de o caso. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
saúde, bem como controlar e avaliar sua execução;
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva- CAPÍTULO VI
dos de saúde; DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO
XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi- E INTERNAÇÃO DOMICILIAR
cos de saúde no seu âmbito de atuação. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.424, DE 2002)
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva-
das aos Estados e aos Municípios. Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de
Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (Incluído
pela Lei nº 10.424, de 2002)
CAPÍTULO V § 1o Na modalidade de assistência de atendimento e internação
DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médi-
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 9.836, DE 1999) cos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência
social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes
Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o aten- em seu domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
dimento das populações indígenas, em todo o território nacional, § 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realizados
coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (In- por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina
cluído pela Lei nº 9.836, de 1999) preventiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei nº 10.424,
de 2002)
112
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro-
realizados por indicação médica, com expressa concordância do pa- dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados
ciente e de sua família. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade
para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde
CAPÍTULO VII de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DURANTE O Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêu-
TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO tica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei nº 12.401, de
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.108, DE 2005) 2011)
I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas
SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na
presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de
todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. 2011)
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas
indicado pela parturiente. (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci-
§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos di- mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído
reitos de que trata este artigo constarão do regulamento da lei, a pela Lei nº 12.401, de 2011)
ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo. (Incluído III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com
pela Lei nº 11.108, de 2005) base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu-
§ 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactu-
local visível de suas dependências, aviso informando sobre o direito ada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401,
estabelecido no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de de 2011)
2013) Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS
Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a
constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera-
CAPÍTULO VIII pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.401, DE 2011) Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluí-
DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA do pela Lei nº 12.401, de 2011)
INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE” § 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no
SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento,
Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo
a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Incluído pela Lei nº Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) representante, especialista
12.401, de 2011) na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina. (Incluído pela
I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para Lei nº 12.401, de 2011)
a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes § 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec-
terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agra- nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluí-
vo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade do pela Lei nº 12.401, de 2011)
com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efeti-
II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi- vidade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento
ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis-
pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado. II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos
Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota- custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que
das as seguintes definições: se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar,
I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas quando cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
coletoras e equipamentos médicos; Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se re-
II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que fere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de proces-
estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à so administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cen-
saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais to e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido,
produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda- admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando
das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos § 1o O processo de que trata o caput deste artigo observará, no
gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de- as seguintes determinações especiais: (Incluído pela Lei nº 12.401,
verão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas de 2011)
diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível,
tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia das amostras de produtos, na forma do regulamento, com informa-
e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro- ções necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art.
vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira 19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do
parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno-
logias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
113
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci- Parágrafo único. A participação complementar dos serviços
são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela Lei privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa-
nº 12.401, de 2011) das, a respeito, as normas de direito público.
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró-
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS: Sistema Único de Saúde (SUS).
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços
I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica- e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela
mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental, direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no
ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani- Conselho Nacional de Saúde.
tária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) § 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de
II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol- pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio-
so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato
na Anvisa.” em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua-
Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de lidade de execução dos serviços contratados.
medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen- § 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni-
tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges- cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único
tores Tripartite. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do
contrato.
TÍTULO III § 3° (Vetado).
DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE § 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida-
CAPÍTULO I des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou
DO FUNCIONAMENTO função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS).
TÍTULO IV
Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri-
DOS RECURSOS HUMANOS
zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais,
legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será
promoção, proteção e recuperação da saúde. formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos:
Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú- I - organização de um sistema de formação de recursos huma-
de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além
pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de
condições para seu funcionamento. pessoal;
Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi- II - (Vetado)
ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência III - (Vetado)
à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097, de IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema
2015) Único de Saúde (SUS).
I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga- Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema
nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e
de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097, de pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente
2015) com o sistema educacional.
II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessora-
explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, exercidas em regime de tempo integral.
policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela Lei § 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou
nº 13.097, de 2015) empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe-
b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Lei nº 13.097, de 2015) § 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupan-
empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, tes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento.
sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei nº Art. 29. (Vetado).
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço
13.097, de 2015)
sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, insti-
IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído
tuída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das
pela Lei nº 13.097, de 2015)
entidades profissionais correspondentes
CAPÍTULO II
DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR
114
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
TÍTULO V tações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
DO FINANCIAMENTO e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de
CAPÍTULO I Saúde (SUS).
DOS RECURSOS Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da
Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos
necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina-
elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas
da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me- e projetos:
tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. I - perfil demográfico da região;
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove- II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
nientes de: III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde
I - (Vetado) na área;
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assis- IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período
tência à saúde; anterior;
V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta-
III - ajuda, contribuições, doações e donativos;
duais e municipais;
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;
VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da rede;
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados
VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e
outras esferas de governo.
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais. § 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro-
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei
de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual serão ponderados por outros indicadores de crescimento popula-
será destinada à recuperação de viciados. cional, em especial o número de eleitores registrados.
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde § 3º (Vetado).
(SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen- § 4º (Vetado).
tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas. § 5º (Vetado).
§ 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas § 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação
supletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financia- dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe-
das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas
Distrito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro na gestão dos recursos transferidos.
da Habitação (SFH).
§ 4º (Vetado). CAPÍTULO III
§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO
tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema
recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal,
externa e receita própria das instituições executoras. ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi-
§ 6º (Vetado). dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e
CAPÍTULO II da União.
DA GESTÃO FINANCEIRA § 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e progra-
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS),
Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen-
tária.
(SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento
atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações
lhos de Saúde.
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde.
§ 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire-
Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União, trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em
além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú- função das características epidemiológicas e da organização dos
de, através do Fundo Nacional de Saúde. serviços em cada jurisdição administrativa.
§ 2º (Vetado). Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí-
§ 3º (Vetado). lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade
§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste- lucrativa.
ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi-
nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei. Art. 39. (Vetado).
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re- § 1º (Vetado).
ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao § 2º (Vetado).
Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo § 3º (Vetado).
único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às do- § 4º (Vetado).
115
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps Art. 53. (Vetado).
para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati-
de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social. vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inven- pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento
tariados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises
móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são
municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais
pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
mediante simples termo de recebimento. Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
§ 7º (Vetado). Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de
§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados, 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições
mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho em contrário.
e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e
Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro-
cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA GESTÃO DO SIS-
contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas TEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) E AS TRANSFERÊNCIAS
médico-hospitalares. INTERGOVERNAMENTAIS DE RECURSOS FINANCEIROS
Art. 40. (Vetado) NA ÁREA DA SAÚDE. LEI Nº 8.142 DE 28 DE DEZEMBRO
Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras DE 1990. DISPÕE SOBRE A PARTICIPAÇÃO DA COMU-
Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela NIDADE NA GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão (SUS) E SOBRE AS TRANSFERÊNCIAS INTERGOVERNA-
como referencial de prestação de serviços, formação de recursos MENTAIS DE RECURSOS FINANCEIROS NA ÁREA DA
humanos e para transferência de tecnologia. SAÚDE E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
Art. 42. (Vetado).
Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser-
vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990.
dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva-
das. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do
Art. 44. (Vetado). Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergover-
Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de namentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras
ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante providências.
convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação
ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesqui- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na-
sa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que este- cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
jam vinculados.
§ 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n°
de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go-
do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação, verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se-
bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde. guintes instâncias colegiadas:
§ 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi- I - a Conferência de Saúde; e
ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema II - o Conselho de Saúde.
Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos
esse fim, for firmado. com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si-
Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis- tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política
mos de incentivos à participação do setor privado no investimento de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu-
em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde § 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe-
nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais. rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo,
Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es- prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na
taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará, formulação de estratégias e no controle da execução da política de
no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú- saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô-
de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe
epidemiológicas e de prestação de serviços. do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
Art. 48. (Vetado). § 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
Art. 49. (Vetado). Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems)
Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios, terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentrali- § 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e
zados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg-
sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). mentos.
Art. 51. (Vetado). § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui cri- sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen-
me de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Pe- to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
nal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão
de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei. alocados como:
116
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus
órgãos e entidades, da administração direta e indireta; EXERCÍCIOS
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do
Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional; 1. Acerca do princípio da equidade no Sistema Único de Saúde
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério (SUS), assinale a opção correta.
da Saúde; (A) O princípio da equidade no SUS é restrito à atenção básica,
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple- por ser esse um serviço de menor custo e de amplo alcance,
mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal. que atende ao cidadão brasileiro onde ele esteja.
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti- (B) As modalidades atuais de repasses intergovernamentais e
go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura de remuneração dos serviços em saúde atendem ao princípio
assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde. de equidade no SUS.
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei se- (C) A promoção de equidade no SUS deve ser realizada por
rão repassados de forma regular e automática para os Municípios, meio da preferência de atendimento aos usuários de baixa ren-
Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos no da.
art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990. (D) A oferta de serviços que privilegiam os grupos menos vul-
§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios neráveis, um pressuposto do SUS, compromete a resolutivida-
previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, de da atenção básica.
será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério (E) A equidade no SUS pressupõe a oferta de serviços de saú-
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990) de de todos os níveis de acordo com a complexidade que cada
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo caso requeira, até o limite da capacidade do sistema.
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante
aos Estados. 2. Assinale a alternativa correta.
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu- (A) No Brasil colônia, existia um sistema de saúde estruturado e
ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas a população procurava os médicos, recorrendo aos curandeiros
de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei. somente por crendice.
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta (B) Mesmo com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil,
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar em 1808, o sistema de saúde pública no Brasil não mudou.
com: (C) Até 1900, não havia no Brasil faculdade de medicina.
I - Fundo de Saúde; (D) Em 1850, é criada a Junta Central de Higiene Pública, com
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo o objetivo de coordenar as Juntas Municipais e, especialmente,
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990; atuar no combate à febre amarela. Esta junta também passou
III - plano de saúde; a coordenar as atividades de polícia sanitária, vacinação contra
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o varíola, fiscalização do exercício da medicina e a Inspetoria de
§ 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990; Saúde dos Portos.
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça- (E) Mesmo com a evolução da saúde pública, no final do século
mento; XVIII, a atividade dos curandeiros era respeitada e permitida.
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa-
lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação. 3. A respeito da evolução e das características das políticas de
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos saúde no Brasil, assinale a opção correta.
Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste (A) O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena é parte do SUS
artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis- e, assim como este, deverá ser descentralizado, hierarquizado
trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União. e regionalizado.
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro (B) O Sistema Nacional de Saúde implantado no regime militar
de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta caracterizou-se pela hegemonia de uma burocracia técnica que
lei. valorizava a expansão do número de leitos, o fortalecimento da
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. cobertura plena dos atendimentos ambulatoriais, a vacinação
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. de toda população e o incentivo à pesquisa para melhoria da
saúde pública.
(C) As reformas previdenciárias que ocorreram no Brasil contri-
buíram para fortalecer a lógica privatista do SUS, seja por meio
da política regulatória, seja por alocação programática na aten-
ção primária.
(D) No governo de Itamar Franco, as taxas de habilitação mu-
nicipal ao SUS foram menores nos estados em que as políticas
pró-descentralização foram implantadas.
(E) O Programa Nacional de Estratégia de Saúde da Família,
proclamado no âmbito do Pacto pela Saúde, validou as diretri-
zes constitucionais de prevenção à saúde e criou especificações
inovadoras, já que a experiência acumulada anteriormente não
subsidiou a regulação e validação das estratégias pelos fóruns
decisórios do SUS.
117
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
4. Os sistemas de saúde adotados em diversos países baseiam- 8. Com o advento da Nova República, o movimento político
-se em pelo menos um dos seguintes princípios: da seguridade propício em virtude da eleição indireta de um presidente não mi-
social, do seguro social e da assistência ou residual. Acerca desse litar desde 1964, além da perspectiva de uma nova Constituição,
assunto, assinale a opção correta. contribuíram para que a VIII Conferência Nacional de Saúde, em
(A) O Brasil sempre adotou um sistema de saúde baseado no 1986, em Brasília, fosse um marco e, certamente, um divisor de
princípio da assistência ou residual. águas dentro do movimento pela reforma sanitária brasileira.
(B) Com a implantação do SUS, o Brasil passou a adotar um Acerca desse tema, quanto ao princípio ou à diretriz do Siste-
sistema de saúde baseado no princípio da seguridade social. ma Único de Saúde que corresponde a essa conferência, assinale a
(C) O SUS representa um sistema de saúde especial, concebido alternativa correta.
com base nos três princípios citados. (A) Participação da comunidade.
(D) O sistema de saúde adotado no Brasil a partir da constitui- (B) Descentralização, com direção única em cada esfera de go-
ção de 1988 é semelhante ao adotado nos Estados Unidos da verno.
América, sem vinculação aos princípios citados. (C) Equidade da atenção.
(E) O sistema de saúde adotado atualmente no Brasil baseia-se (D) Rede regionalizada e hierarquizada.
no princípio da assistência ou residual. (E) Acesso universal e igualitário.
118
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
12. Com base na Lei no 8.142/1990, que dispõe acerca da parti- 15. Segundo a Portaria nº 2436/2017 do Ministério da Saúde
cipação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) (MS), NÃO é correto afirmar que:
e a respeito das transferências intergovernamentais de recursos (A) todas as UBS são consideradas apenas unidades para aten-
financeiros na área da saúde, e dá outras providências, assinale a dimento médico em atenção primária, não sendo consideradas
alternativa correta. potenciais espaços de educação, formação de recursos huma-
(A) O Conselho de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com nos, pesquisa ou ensino em serviço.
a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a (B) a atenção básica será a principal porta de entrada e centro
situação da saúde. de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordena-
(b) A Conferência de Saúde, em caráter permanente e delibera- dora das ações e serviços disponibilizados na Rede.
tivo, consiste em órgão colegiado composto por representantes (C) são princípios do SUS a serem operalizados na atenção bási-
do governo, prestadores de serviço e profissionais de saúde. ca: Universalidade, Equidade e Integralidade.
(c) A representação dos trabalhadores da saúde nos Conselhos (D) são algumas das diretrizes do SUS: Territorialização, Resolu-
de Saúde e em Conferências será paritária em relação ao con- tibilidade, Regionalização e Hierarquização.
junto dos demais segmentos.
(D) O SUS contará, em cada esfera de governo, com as seguin-
tes instâncias colegiadas: Conferência de Saúde e Conselho de
Saúde. GABARITO
(E) O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Cona- 1 E
sems) terão representação em todos os Conselhos de Saúde.
13. Acerca da participação da comunidade na gestão do SUS e 2 D
das transferências intergovernamentais de recursos financeiros na 3 A
área da saúde (Lei n.º 8.142/1990), assinale a alternativa correta.
(A) O Conselho de Saúde reunir‐se‐á a cada quatro anos para 4 B
avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para a formula- 5 B
ção da política de saúde.
6 A
(B) A Conferência de Saúde é um órgão colegiado atuante na
formulação de estratégias e na execução da política de saúde. 7 A
(C) A transferência de recursos de saúde para os municípios, 8 A
os estados e o Distrito Federal pode ser feita de maneira regu-
lar e automática, a depender da urgência da necessidade das 9 C
verbas. 10 E
(D)Em relação ao conjunto dos demais segmentos, a represen-
tação dos usuários do sistema de saúde nos Conselhos e nas 11 B
Conferências de saúde será paritária. 12 D
(E) Pelo menos 90% dos recursos para cobertura das ações e
13 D
dos serviços de saúde devem ser destinados aos municípios,
sendo o restante destinado ao estado. 14 B
15 A
14 No que se refere ao Decreto n o 7.508/2011, que regula-
menta a Lei no 8.080/1990, assinale a alternativa correta.
(A) A integralidade da assistência à saúde se inicia na Rede de
Atenção à Saúde, mediante referenciamento do usuário, inde-
ANOTAÇÕES
pendentemente de pactuação.
(B) O processo de planejamento da saúde é obrigatório, será ______________________________________________________
ascendente e integrado, ouvidos os respectivos Conselhos de
Saúde, e será efetuado no âmbito dos planos de saúde. ______________________________________________________
(C) Os serviços de atenção primária, de urgência e emergência
e de vigilância em saúde são portas de entrada às ações e aos ______________________________________________________
serviços de saúde nas Redes de Atenção à Saúde.
(D) A RENAME compreende todas as ações e os serviços que o ______________________________________________________
Sistema Único de Saúde oferece ao usuário para atendimento
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da integralidade da assistência à saúde.
(E) A articulação interfederativa ocorrerá mediante a assinatura ______________________________________________________
do Termo de Gestão Compartilhada.
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
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