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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 8

Fig. 9.13. Ilha de Monomy (Mass., EUA), cortada pela erosão das
Fig. 9.12. Estrada cortada pela erosão das ondas (EUA)
ondas ne sequência dum furacão em 1978.

Falésias e Terraços

A maioria das falésias são íngremes e


algumas com várias centenas de metros de
altura. Geralmente ocorre uma quebra súbita na
base da falésia, aparecendo na base desta uma
plataforma rochosa ligeiramente inclinada em
direcção ao mar (Fig. 9.14). Esta plataforma
(terraço) pode estar parcialmente coberta por
fragmentos de rocha provenientes do
desabamento, ou pode estar coberta por areia
trazida pelas ondas. O mar usa o material
erodido para continuar a erodir a falésia na sua
base, fazendo com que esta recue (Fig. 9.15)
ocasionando fenómenos como os da Fig. 9.12.
Fig. 9.14. Terraço e falésia nos crés de Dover, Reino Unido. Em primeiro
O efeito do rebentamento das ondas é plano pode ver-se alguma areia cobrindo o terraço
negligível alguns metros abaixo da superfície do
mar. Por isso, a falésia pára abruptamente
mesmo abaixo do nível da água, originando um
terraço plano. A largura do terraço é limitada pelo
facto de a água ser pouco profunda. À medida
que o terraço alarga, cada vez mais energia se
dissipa antes da onda atingir a base da falésia,
diminuindo a sua capacidade erosiva
Fig. 9.15. Esquema de recuo da falésia por acção das ondas do mar

Pináculos, Arcos, Caves e Nichos


Vários tipos de irregularides desenvolvem-
se ao longo da costa à medida que uma falésia
retrocede. Algumas destas irregularidades estão
esquematizadas na Fig. 9.16. O desenvolvimento
destas características pode ser devido a diferenças
em onde a energia das ondas se concentra, ou a
diferenças na dureza das rochas, ou ainda à estrutura
das rochas. Muitas vezes as falésias em recuo
deixam colunas de rocha isoladas como ilhas junto à
costa, chamadas pináculos (Fig. 9.16 e Fig. 9.17). Fig. 9.16. Características típicas de costas rochosas

As caves e arcos (Fig. 9.18) ocorrem quando as rochas da falésia são sedimentos estratificados
com durezas várias. As rochas mais brandas são mais fácilmente erodidas. Os nichos (Fig. 9.19) ocorrem
na base das falésias e são o primeiro passo para o recuo das falésia. Constituem reentrâncias na base da
falésia, como no primeiro diagrama da Fig. 9.15.

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Fig. 9.17. Pináculo Fig. 9.19. Nicho


Fig. 9.18. Arco

Praias de areia, seixo e cascalho são muitas vezes encontradas ao longo de costas de falésia,
pináculos, etc. Tais praias são muitas vezes características temporárias, em função da estação do ano.

4.4. MOVIMENTOS DE SEDIMENTOS EM ÁGUAS POUCO PROFUNDAS


A rebentação das ondas e as correntes ao
longo da costa são responsáveis pela transporte da
maioria dos sedimentos.
As ondas normalmente batem na costa com
um certo ângulo. Os calhaus e grãos de areia são
rolados ou atirados pela rebentação praia acima num
trajecto oblíquo (Fig. 9.20). Quando a onda recua, a
areia e os calhaus descem directamente na
perpendicular. Assim, com cada nova onda, os
sedimentos movem-se ao longo da costa num trajecto
em zig-zag. Este movimento é o principal mecanismo Fig. 9.20. Trajecto em zig-zag dos sedimentos ao longo da praia
pelo qual os sedimentos, especialmente os
grosseiros, se movem ao longo da costa.
Este deslocamento pode ocorrer num longo período de tempo, como se pode ver na sequência de
fotografias da Fig. 9.21 (Nova Jersey).

A B C
Fig. 9.21. Fotografias aéreas tirades em Little Egg Harbor, Nova Jersey, em 1940, 1957 e 1963

1. DEPÓSITOS MARINHOS
5.1. PRAIAS
As praias são características transitórias. As praias de areia
que nos parecem permanentes, podem ser reduzidas a estreitas
faixas de calhaus (ou mesmo desaparecer) durante a estação do ano
em que há muito vento e tempestades. Em alguns lugares os
sedimentos são todos removidos, deixando a descoberto a rocha
subjacente.
A maioria das praias é constituída por sedimentos de
dimensões de areia facilmente removidos até por correntes
moderadas. Mesmo as praias de calhaus e seixos, como a da Fig.
9.22, em Metangula, Lago Niassa, podem ser levadas por ondas de Fig. 9.22. Praia de cascalheira em Metangula,
Lago Niassa
tempestade.

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As tempestades não são o único mecanismo responsável


pelo movimento e destruição de praias. Qualquer alteração no
fornecimento de areia à praia ou às correntes ao longo da praia influi no
crescimento ou destruição da praia. Várias tentativas são feitas para
suster a erosão marinha e a deposição ao longo da praia construindo
Fig. 9.23. O contacto entre a água e a terra é
quebra-mares, pontões (como os do Miramar em Maputo), etc. Há chamada linha de costa
contudo que ter imenso cuidado na planificação destas construções,
pois elas podem ter efeitos colaterais muito diferentes do que se
espera. Estas construções podem, por um lado, proteger uma parte da
praia, e, por outro, destruir outra parte.
As regiões costeiras podem ser divididas em 3 partes (Fig.
9.23):
a) o Offshore, é a parte que vai desde o nível da
baixa-mar em direcção ao mar;
b) o Foreshore, é a zona entre a maré baixa e o ponto
onde a praia se torna horizontal ou inclina para terra,
c) o Backshore, é a parte que vai do foreshore para o
interior da terra.
Os perfis das praias podem variar de hora a hora e,
particularmente, de estação para estação. As variações sazonais
podem ser observadas no esquema da Fig. 9.24, que mostra os
perfis da Praia de Carmel, na Califórnia. Durante o Verão, a areia é
depositada na praia, tornando-a mais larga. No Inverno, as ondas
mais forte varrem a areia para zonas mais profundas. Fig. 9.24. Variação do perfil de Camel Beach,
Califórnia, durante o Verão

Formação de Praias
As praias são características de costas em que domina a deposição, mas mesmo nas zonas mais
acidentadas ocorrem manchas de areia.
O aspecto de maior importância é a fonte do fornecimento de sedimentos. A maioria dos
sedimentos provém dos rios que desaguam nos oceanos ou da erosão das ondas e da sua rebentação
sobre as formações rochosas expostas nas zonas costeiras. Para além disso, durante as tempestades, as
ondas podem trazer sedimentos dos fundos oceânicos, mas é sempre em quantidade pequena. Localmente,
os sedimentos podem provir de vulcões ou glaciares em fusão, ou ainda serem soprados pelos ventos.
Para que uma praia persista, é necessário que o fornecimento
de sedimentos seja igual ou superior que a sua remoção, tanto pelas
ondas de tempestade como pelas correntes costeiras. Se os sedimentos
forem abundantes, as praias podem estender-se por muitos quilómetros
ao longo da costa. Se a quantidade de sedimentos for pequena, ou se as
correntes costeiras forem fortes, as praias só se formarão em zonas
protegidas da costa.
Nas zonas de falésias e de pináculos, muitas vezes a terra
entra pelo mar adentro (Fig. 9.25), protegendo da rápida remoção dos
materiais pelas correntes costeira, formando pequenas praias no interior Fig. 9.25. Praias protegidas por falésias, Nova
Zelândia
de pequenas baías.
As praias também se podem formar perpendicularmente
através da entrada das baías (Fig. 9.21). Primeiro, uma língua de terra
submersa forma-se na direcção das correntes costeiras. Com o acumular
de mais areia, esta língua pode emergir e cresce na mesma direcção, até
que atravessa toda a baía, originando uma língua de terra que impede a
passagem da água do mar para a baía e vice-versa (Fig. 9.26). Fig. 9.26. Praia formada na entrada duma baía

Muitas vezes aparece uma praia entre a costa e um pináculo, a que se chama um tômbolo (Fig.
9.16). Estes pináculos protegem a área por trás deles da erosão das ondas, sendo por isso zonas propícias
à acumulação de areia no fundo, que pode emergir, originando uma praia.

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Plataforma de Maré
Terras baixas perto do nível do mar, e protegidas da acção da
erosão das ondas e das fortes correntes, podem originar plataformas de
maré como as da Fig. 9.27, na Bretanha. Estas plataformas estão
geralmente perto de fontes abundantes de sedimentos, como o caso da
foz dos rios. Uma vez que muitos animais vivem nestas plataformas
(moluscos, gasterópodes, lamelibrânquios, crustácios, etc), os seus restos
são um componente importante destes sedimentos. A argila e o silte
muito finos, e alguma areia misturada com quantidades variadas de
fragmentos de conchas, espinhas de ouriços e matéria vegetal muito fina
em decomposição produzem uma lama muito mole típica destas zonas. Fig. 9.27. Plataforma de maré, no Monte Saint
Estes aspectos podem ser vistos na maré vazia na zona da Costa do Sol Michel, França
em Maputo, que é uma plataforma de maré.

5.2. PÂNTANOS MARINHOS (COSTEIROS)


Os termos pântano, lodaçal e lameiro aplicam-se a terras baixas, esponjosas e geralmente
saturadas de água. As condições para que isto aconteça é abundante chuva ou outra fonte de água e um
substrato impermeável que impeça a drenagem de sair. Se bem que nem sempre, estas terras estão
geralmente ao nível do mar e são baixas. Calcula-se que cerca de 2.6 milhões de km 2 de terra estejam
cobertos por pântanos.
Os pântanos marinhos ocorrem onde línguas de terra
formadas no offshore originam lagoas que se enchem de
sedimentos do continente e de restos vegetais, sendo a vida
vegetal mais abundante onde as águas são calmas – fracas
correntes de maré e baixa amplitude de maré.
Alguns pântanos marinhos são parcial ou totalmente
cobertos pela água do mar durante a maré cheia. Num pântano
marinho, a vegetação é completamente diferente daquela que
cresce em zonas de água fresca, já que esta é morta pelo sal. Em
climas tropicais, como em Moçambique, os pântanos marinhos
contêm uma vegetação própria – o mangal (Fig. 9.28). Na Ilha da Fig. 9.28. Vegetação típica de manga
Inhaca há imensas extensões de mangal, circundando o famoso
Saco da Inhaca (Fig. 9.29).

Fig. 9.29. Fotografia do Saco da Ilnhaca, bordejado por vegetação de mangal

À medida que as plantas morrem, elas caiem na água e começam a decompor-se. Se elas forem
soterradas rápidamente por sedimentos marinhos ou por outras plantas, há grandes hipóteses que esses
restos sejam preservados e transformados em carvão. Se o soterramento for lento, os restos são
rapidamente alterados por oxidação e por acção dos microorganismos.

5.3. RECIFES DE CORAL


Como o nome o indica, os recifes de coral são constituídos fundamentalmente por coral, se bem
que outros organismos contribuam para a sua formação. Ele ocorrem nas partes do globo em que as águas
são mornas.
A maioria dos recifes de coral está situada mesmo junto à costa, ou podem estar mais separados,
já na plataforma continental.

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O recife geralmente consiste duma zona estreita de coral vivo, cujo topo é plano e situado perto do
nível médio do mar. Esta superfície pode ser exposta acima do nível do mar, mas o coral tem de se manter
molhado para viver.
A profundidade da água aumenta rapidamente em direcção ao mar aberto. Durante as
tempestades, o topo do recife pode ser quebrado, e os materiais soltos deslizam pelo lado íngreme,
acumulando-se na base do recife de coral.
O lado virado a terra é geralmente ocupado por uma lagoa onde corais mais frágeis e outros
organismos delicados estão protegidos dos efeitos da rebentação das ondas. Estas lagoas são pouco
profundas, e com águas limpas e livres de sedimentos em suspensão, condições essenciais para o
crescimento dos corais. Nos locais em que rios desaguam junto a corais, em que as águas têm matéria em
suspensão, nota-se uma quebra no recife, abrindo passagem para o mar aberto.
Um Atol é um recife de coral em forma de anel à volta duma lagoa central (Fig. 9.30). Pensa-se
que estes atois se formam quando uma ilha envolvida por recife (Fig. 9.31) é totalmente submersa. O recife
continua a crescer para manter os organismos vivos à necessária profundidade de água.
Moçambique é um país rico em recifes de coral, sendo os da Ilha da Inhaca considerados os mais
austrais do Oceano Índico.

Fig. 9.31. Ilha de Bora-Bora, rodeada por recifes de coral


Fig. 9.30. Atol de Namorik, nas Ilhas Marshall, no
Oceano Pacífico

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