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7 /\N van, ah Ge Keo Cie eees ide. Oriente Mistico ee ls O Simbolismo Hermeético Oswald Wirth: A yi Escola do Grande Oriente Mistico 0 SIMBOLISMO HERMETICO E SUA RELAGAO COM A ALQUIMIA E FRANCO MAGONARIA POR OSWALD WIRTH TRADUZIDO DO ORIGINAL FRANCES: “LE SYMBOLISME HERMETIQUE” wwwescoladograndeoriente.com.br PROLOGO Desde 1894 tinhamos a intengao de publicar uma obra sobre Alquimia e Franco- Maconaria, pois, € nossa opiniao que um idéntico programa de iniciagao € identificado tanto na série de operagdes da Grande Obra hermética, como na sucessao de provas 8 qual so submetidos os franco-magons. Enquanto prosseguiamos com nossos estudos, apresentou-se a ocasiio de comunicarmos os resultados obtidos. Deste modo foram aparecendo, um atrés do outro, os artigos publicados até fins de 1909 na primeira edic&o deste livro. Uma primeira tiragem de 500 exemplares foi tio bem recebida que nosso trabalho se esgotou rapidamente. Por que demoramos tanto para imprimir uma nova edi¢do ? Temos estado ocupados em outras tarefas. O Livro do Aprendiz exigia ser completado com os manuais do Companheiro ¢ do Mestre. Depois, trabalhamos no Tarot dos Imagindrios da Idade Média que, editado em 1927, temos-ia permitido retornar a0 Simbolismo hermético, mas, entio, tivemos que dedicar-nos aos Mistérios da Arte Real. Somente em 1930, a0 final de vinte anos, foi possivel reiniciarmos um trabalho no qual nunca deixamos de pensar. O comego da obra, feito em 1910, j4 nao nos satisfazia e assim, propusemo-nos a adentrar & ‘matéria com uma preciso mais apurada, abstendo-nos de reescrever 0 livro em seu conjunto. As corregdes referem-se aos detalhes. Tratam de esclarecer as passagens de dificil compreenstio sem modificar entretanto o sentido original. Pareceu-nos necessfrio acrescentar um capitulo novo, chamado nogdes elementares de hermetismo, que reproduz com leves alteragdes a segunda parte de uma obra publicada em 1897 que 86 conserva o verdadeiro, e por seu intermédio a realizacdo do bem. A iniciagao é una, ainda que cada escola iniciftica use simbolos préprios. Apreendamos comparando, transpondo de um simbolismo a outro, e a luz far-se-4 em nosso espirito. OSWALD WIRTH PARIS, AGOSTO DE 1930. A IDEOGRAFIA ALQUIMICA OS ENSINAMENTOS SILENCIOSOS A ESCRITA primitiva baseia-se em sinais que evocam idéias, como nossas cifras, que so lidas em qualquer idioma conservando sempre 0 mesmo significado. No Extremo Oriente, a ideografia original desenvolveu-se através da adaptagio de uma série de caracteres que sio vinculados individual e separadamente a um elemento do pensamento. Isto torna possivel que os asidticos instrufdos possam compreender-se através da escrita, apesar de que, falando idiomas diferentes, nao possam entender-se através das palavras. Uma escrita como esta nao é pritica na vida atual, mas é inegdvel que possui muitas vantagens, do ponto de vista filosGfico, pois obriga a pensar fazendo abstragao da palavra. As palavras permitem falar de forma simples, pronunciam-se sem necessidade de que o espirito represente aquilo que expressam os sons proferidos. Tem sido dito que a palavra foi dada ao homem para que pudesse dissimular seus pensamentos. Fixemos de forma adequada o fato de que o homem fala para evitar pensamento. Falamos muito para nao dizer nada. Estes inconvenientes da palavra nfo tem sido preteridos pelos pensadores sérios, que sempre procuraram nao deixar-se aturdir pelo ruido das palavras. Persuadidos de que a meditagio instrui o homem nas coisas que mais Ihe interessam, fundaram as Escolas do Siléncio, Nelas o discfpulo nao € ensinado, nfo recebe nenhuma prelecdo, € colocado em presenca de si mesmo e dos puros acontecimentos da vida. E possivel que as coisas, as imagens e os sinais nada Ihe sugiram. Espirito preguicoso, nao se sente estimulado a pensar. Neste caso, perde seu tempo na Escola da Sabedoria. Nao tem vocagao, e é melhor que se instrua com pedagogos que lhe dirfio 0 que deve pensar. Mas suponhamos que nio seja este 0 caso, € que a0 aspirante Ihe ocorram idéias ante tudo 0 que vé. Isto ser normal da parte de um espirito ativo, que tende a pensar por si proprio. Isto nos conduz pois, & meditago, que deve ser alimentada. No que deve meditar o aspirante ? Inicialmente, ‘nos atos nos quais seus mestres o farlo participar. Estes f4-lo-2o cumprir ritos significativos, estranhos e desconcertantes, justamente para incité-lo a reflexdo. Por que - perguntar-se~4 - sou Ievado a desempenhar um papel enigmético com 0 pretexto de obter a iniciagdo ? No que estou sendo iniciado ? Em formalidades que - eu o sei - so puramente simblicas. Eis-me aqui frente a simbolos cujo significado devo descobrir. Se tal cerimOnia ¢ realizada com um homem simples, que ndo descobre o outro lado da iniciagdo, a ceriménia é formal e inoperante do ponto de vista inicidtico. Ninguém é iniciado pelo fato de participar de um ritual, nem pela assimilagio de determinadas doutrinas ignoradas pelo vulgo. Cada um inicia-se a si mesmo, trabalhando espiritualmente para decifrar 0 grande enigma que a objetividade nos projeta. Aqueles que falam, comunicam-nos suas proprias idéias, interessantes de serem conhecidas do ponto de vista profano, mas que mais vale ignorar a fim de nos colocarmos em condigdes de buscar independentemente a verdade. Para descobrir a verdade, temos de descer a0 nosso préprio interior, até o fundo do pogo simbélico aonde pudicamente se oculta, em sua nudez, a casta divindade do pensador. Mas o recolhimento em si mesmo nao é mais do que um exercicio transitério, no uma finalidade. Depois de entrar em si proprio é necessario sair, € preciso elevar-se por sobre as coisas, a elas voltar e estar disposto a aprecié-las pelo seu devido valor. A realidade vulgar das aparéncias € 0 feixe de imagens 5 que torna necessdria a perspicécia do iniciado. Para ele tudo é hieroglifico. A vida o faz intervir como ator do espetéculo que ela mesma prepara. O ator interessa-se pela representagio e quer decifrar o seu significado. A iniciagao nessa representac3o, para melhor atuar como um artista que compreende as intengdes do autor da obra, essa é a suprema regra de sabedoria para aquele que participa da divina comédia do mundo. Mas nem todos os ritos so de iniciagao. A atengio do nesfito sente-se atrafda por simbolos, que s2o objetos materiais tidos como sagrados, ou imagens veneradas, quando nfo, simples sinais gréficos, figuras clementares de geometria ou sugestivos desenhos que so vinculados a idéias significativas & inteligéncia humana. Por ora nao nos preocuparemos com os ritos inicidticos, estudo este que fizemos quando tratamos dos Mistérios da arte real. Da mesma forma deixaremos de tratar aqui dos objetos do culto, que so mostrados pelos hierofantes, ou das imagens propriamente ditas, das quais nada é mais revelador do que as cartas do tarot. Nosso programa limita-se a0 exame dos grafismos que favorecem a formagio do pensamento e deter-nos-emos, especialmente, na anilise dos simbolos alquimicos, pois neles se expressa a chave do hermetismo, filosofia muito afastada das palavras e cuja compreensio esté reservada aos verdadeiros iniciados. A GEOMETRIA FILOSOFAL inguém podera aqui entrar se nao conhecer a geometria, Esta era a adverténcia que afastava da escola de Plato aos simples ouvintes, no preparados a pensar por si préprios. A geometria do genial fildsofo nfo era com efeito, a de Euclides, ciéncia da medida e do espago, com seus teoremas e suas demonstragdes. Tratava-se de outra geometria, da mais sutil espiritualidade, de uma arte mais que de uma ciéncia, arte que consistia em vincular as idéias as formas e em ler os simbolos compostos por linhas como as figuras dos ge6metras, E esforgando-se em dar um sentido as figuras mais simples, que 0 espfrito pode se elevar as concepgées fundamentais da inteligéncia humana. O espfrito eleva-se assim com plena independancia, e sem que nada Ihe seja ditado, encontra por si mesmo 0 sentido de um trago ou de um grafismo simples. E aquilo que podemos descobrir sozinhos, em virtude do funcionamento auténomo de nosso entendimento, adquire um cardter de verdade, pelo menos em relagdio a nds mesmos. O valor que atribufmos ao simbolo é verdadeiro para nds, e se Ihe formos fiéis, atribuindo outros valores a outros simbolos, poderemos construir corretamente, como bons macons especulativos. A matéria prima da grande arte, isto é, a idéia pura, nao falseada pela expresso verbal, deve ser extraida de sua origem, ou seja, de nés mesmos, do famoso pogo no qual a verdade se cculta. Os hermetistas da Idade Média falaram reticentemente dos procedimentos necessirios & transmutagdo do chumbo em ouro. Era prudente que o vulgo acreditasse, e principalmente que os inquisidores pensassem, que as receitas dos adeptos deviam ser seguidas ao pé da letra. Assim foi que alguns ignorantes se arruinaram pretendendo realizar a Grande Obra, e que os charlaties exploraram a avidez dos ingénuos. Deste modo, essas operagdes insensatas constituem a origem da quimica moderna, seja dito como elogio & Loucura, serva imprudente da Sabedoria. Sem divida, rnem todos os alquimistas se enganavam com seus priprios simbolos. O chumbo significava para eles a vulgaridade, a lentidao, a ignorincia, a imperfeicdo, e 0 ouro, exatamente 0 contririo. Os 6 iniciados nfo se interessavam pelos bens perecfveis, pelos metais ordindrios que fascinam os profanos. Vinculavam tudo ao homem, que é perfectivel e no qual 0 chumbo pode transmutar-se em ouro. Mas, naqueles tempos o homem era um bem da igreja e esta, no pindculo de seu poder, tinha citimes de suas prerrogativas e de seus privilégios, dai a discriga0 dos hermetistas. Estes tiveram seu proprio alfabeto secreto, formado por simbolos que possuiam os nomes das diferentes substincias. Mas as palavras s6 existiam para os profanos, enquanto que o simbolismo dos sinais informava aos iniciados sobre o sentido profundo dos termos utilizados. Por outro lado, ao adepto nfo era revelada nenhuma ideografia inicidtica, somente a intuigiio personificada por Isis, devia instrui-los. Em suma, algumas imagens podiam preparar-he 0 caminho (como por exemplo o pantéculo de rebis, redescoberto por Mylius e Valentin no século XVI). Vemos, logo a seguir, um cfrculo no qual estio inscritos uma cruz, um triéngulo © um quadrado, Sio estes exatamente os elementos basicos da ideografia hermética: O+ AO Estas figuras vinculam-se 4s nodes pitagéricas da Unidade, do Binério, do Temério e do Quaterndrio. E necessério observar que trés destas figuras circunscrevem superficies, enquanto que a Cruz simples + nao designa na Alquimia uma substancia, pois o simbolo do Vinagre (dissolvente), € uma Cruz com as extremidades alargadas yX- A Cruz simples + nunca é encontrada isolada, mas sim combinada com uma figura fechada: 5 @ A & Gch Isto deve-se a que as figuras fechadas O AV CO) correspondem a diferentes ordens de substincias que podem mudar de estado ou de destino de acordo com a indicagio da Cruz + que se Ihes adiciona. Mais a frente melhor explicaremos este assunto. Aqui simplesmente comprovaremos que a Cruz. com os bragos iguais, une-se facilmente ao cfrculo (_) no qual ela se inscreve€f) _ para realizar uma conciliagio ideal dos contrérios. Por outro lado, existe um dbvio parentesco de forma entre a Cruz +e 0 Quadrado [_] cujos dois lados formamo Esquadto Jf e [_~]. HA menos afinidade entre a Cruz +e 0 Triangulo /\ YZ. Somente a base horizontal desta figura encontra-se na Cruz + , que € o grande elemento de conciliagdo, o simbolo religioso por exceléncia, o que liga, pelo fato de que vivifica e transmite 0 movimento. Mas no nos adiantaremos na explanago antes de examinar sucessivamente cada um dos fatores da tétrade hermética: oO + ACQ O circuto Para representar a Unidade o mais conveniente € tracar uma tnica linha cujos extremos se tunem, desaparecendo. Uma linha comum nao € nesse sentido tio significativa, porque reconhecemos nela uma linha interrompida, imagem do Temério, tendo-se em conta seu corpo, ou seus dois extremos. E yerdade, entretanto, que tal Terndrio encontra-se praticamente em toda a representacdo, uma vez@pe 0 Circulo determina um limite que separa 0 contetido limitado do ambiente infinito. Falando mais especificamente, a Unidade no pode ser representada. Concebe-se, mas ndo se vé em parte alguma. Seu mais perfeito simbolo é 0 ponto matematico, estritamente imperceptivel, que devemos situar de forma abstrata na intersecco de duas linhas ou no centro de um circulo, E este ponto materialmente inexistente que engendra a linha ao deslocar-se no espaco. Nascida do nada, a linha, a0 avangar de frente ou a0 girar sobre si mesma, faz-nos conceber a superficie que por sua vez. se eleva, desce, oscila sobre um de seus lados para dar-nos a idéia do s6lido tridimensional. Esta geragdo é intelectual e o que © espitito humano assim abstrai do nada é a geometria. A impossibilidade de formarmos uma idéia fiel da Unidade, obriga-nos a retornar ao circulo, emblema tradicional daquilo que ndo tem comego nem fim. Ante a necessidade de animar uma figura geométrica extremamente esquematica, os alquimistas gregos viram no circulo, uma serpente mordendo a propria cauda, a Ourdboros. A legenda EN TO PAN, Um 0 Todo, que acompanha o simbolo ofidico, afirma a fé na unidade global do que existe © pode ser concebido. Os gregos partiam desta unidade em suas especulagdes e a ela sempre se referiam para apreciar, em sua relagao, o valor das coisas. Nao se furtavam de afirmar que esse Todo equivale a0 Nada para 0 empirico que s6 considera real aquilo que objetivamente constata. Daf a idéia da matéria prima da Grande Obra, que os tolos nfio véem em parte alguma e que os sabios adivinham em tudo. E 0 Todo-Nada, ou 0 Nada-Todo sobre os quais com palavras, somente se consegue divagar. Entretanto, nfo convém dissertar em vao sobre 0 Zero ©), pois este vazio ndo pode ser 0 Nada, uma vez que o Todo-Uno, nada deixa fora de si mesmo. Vazio © Nada sio palavras enganosas. Tudo est cheio de “alguma coisa". E verdade que esta coisa pode escapar aos nossos sentidos, ainda que se imponha ao intelecto. Tem sido figurada como uma substincia extremamente diluida, sem nenhuma outra qualidade que aquela de expandir-se indefinidamente. Os babilGnios no deram nome a esta substncia, ainda que a poetizassem em Tiamath, a esposa de Apsti, 0 abismo sem fundo, o deus negro primordial que dorme, se compraz em si mesmo, e recusa-se a criar qualquer coisa que seja. Este deus inativo da noite nio pode ser representado a no ser por um disco negro @ porque é o deus das trevas incriadas que se supdem anteriores a todo o porvir. Para agradé-lo ¢ a ele se unir, Tiamath, sua esposa, volatiliza-se. E como se entéo ela nao fora, pois desta forma, expandiu-se e se sutilizou. E neste estado, a Substincia primordial, impalpdvel e transparente, uniforme e ndio diferenciada, exatamente 0 que representa o Alien dos alquimistas. Sal filos6fico por exceléncia, principio dos outros Sais, dos minerais e dos metais, conforme a definigao de Antoine Joseph Pernety, em seu Dictionnaire mytho-hermétique. Nenhuma propriedade do altimen vulgar justificaria esta proemin€ncia. Daria a impressaio de que houvera um jogo de palavras, porque o Alimen (Alun em francés) evoca o Uno, substancia fundamental, andloga ao Eter que constitui a esséncia intima das coisas, sua trama sutil desprovida 8 de qualidades diferenciadas. Dito de outra forma: 0 substrato, imaterial de certo modo, de toda a materialidade. Nas cosmogonias é © Caos primitive mergulhado na homogeneidade, no qual se confunde tudo 0 que toma forma e qualidades que o distinguem. E Tiamath antes do furor que, por condensagio, turba bruscamente sua limpidez, ¢ transforma & esposa de Apsti em agua densa e salgada, de onde surgiré a criagao. A LUZ CRIADORA Criar significa tirar do nada. Mas, para que os seres e as coisas possam ser tirados desse pretenso Nada, & necessério que esse Nada seja, até certo ponto substancial. Quando 0 espirito humano evoca a imagem de um Abismo sem fundo, chamando-o Apsi, ou ainda melhor, 0 abismo do espago infinito personificado por Urano, vé-se consequentemente obrigado a preencher 0 vazio que imaginou, com Tiamath ou com Rea, divinizagdes da substincia etérica expandida pelo infinito, Esta substncia no € ainda algo, isto é, uma coisa propriamente dita, susceptivel de ser distinguida. Ea Coisa em si, anterior a toda particularizacdo distintiva, Se imaginamos morta esta substncia caimos em erro, porque ela esté essencialmente viva e, por isso, Tiamath foi sempre considerada a mae de toda vida. Para preencher 0 Universo € necessirio vibrar sem limites, sob a aco do dinamismo infinito. As vibragdes transmitem-se integralmente num meio homogéneo, como aquele que € atriburdo a substincia primordial. Nada detém as ondas do Oceano edsmico, que segue uniformemente fluido, sem que coisa alguma seja formada em seu seio. Qual é pois, o mistério da criagio ? Como foi fecundada a esterilidade 7) Graficamente a resposta € fécil, e é dada pelo ponto que marca 0 Circulo ‘. Parece que este é 0 esquema da fecundago do Svulo, mas os alquimistas ignoravam a embriologia, e é 0 Sol quem é representado, a seus olhos, pelo novo simbolo. Um centro que emana ondas circulares, como uma pedra langada na gua, € a imagem evocada. Assim tem imaginado os antigos sabios 0 movimento animador do Cosmos. Imaginaram uma radiago que parte de um centro e se propaga interminavelmente em todos os sentidos através do espago, como a luz que emana de uma lampada luminosa. Mas o termo Luz foi escolhido por analogia, porque a Verdadeira Luz ndo é aquela que golpeia a retina. Os cabalistas entendem por Aor Ensoph, Luz infinita, 0 agente que desvenda o caos antes das proprias luzes celestes, para nés simples centros de luz fisica. E necessério representar esta radiagdo inicial como partindo simultaneamente de todas as partes, no de um tinico centro, mas de centros luminosos de emanagdo, multiplicados até o infinito, Na pura realidade, C) porque a luz data do comeco, mas as palavras burlam-se dos pensamentos fazendo surgir as discussdes estéreis. O que ¢ 0 comego, quando falamos de alguma coisa que nao tem principio e nem fim ? Fil6sofos prudentes e taciturnos, os hermetistas tragaram limites ao tratar da soluglo do problema da origem das coisas. Ainda que referindo-se Luz em si, preexistente aos objetos iluminados, nfo se detiveram neste fantasma subjetivo. Para eles, somente a Luz que ilumina é digna de atrair a atengiio. Mas niio confudamos: Luz que ilumina significa aqui, agente ativo. Mas, como representarmos uma ago efetiva, seja como ela for ? Convém distinguir, antes de mais nada, ‘um centro do qual parte a ago (ponto central do circulo), depois, a propria ago em sua atividade (ondulagao ou irradiagao), e finalmente, o resultado da ago (circunferéncia do efreulo). Visto desta forma, o simbolo ' relaciona-se com o Grande Agente primordial, que se opde a si proprio para engendrar em primeiro lugar as formas e, posteriormente, as aparéncias compactas. Este agente 6 0 criador de todas as coisas, mas, na ordem dos metais, realiza sua obra mestra a0 refletir-se no Ouro, que tem 0 mesmo simbolo do Sol" . OSOLEALUA Em relagdo ao, que é masculino, Cou @ femininos. 0 agente fecundante opde- se ao paciente fecundado. E possivel partir daqui para estabelecer, por analogia, uma relagao inesgotivel de oposigdes, como Dia-Noite, Luz-Trevas, Cheio-Vazio, Lingham-loni, Positivo- Negativo, Espirito-Matéria, ete.. s alquimistas so inclinados a comparar 0 Sol e a Lua, como uma dualidade indissolivel, pois a seu modo de ver, a Lua torna-se a reveladora do verdadeiro Sol espiritual, cuja claridade nao afeta diretamente nem aos sentidos nem ao entendimento. A Lua tem seu espelho que nos transmite a luz solar. Equivale a converter a Lua em Isis, mae de toda objetividade, e ao Sol, oculto como Osiris, no pai da espiritualidade. Considerada deste modo, a Lua é cheia O) nang ge na forma crescente€ D YA como aparece na ideografia alquimica, representa a prata (na ordem dos metais. Desta vez os simbolos solares e lunares, opostos antagOnicamente indicam as seguintes idéias: ¢€ Sol Lua Ouro Prata Luz direta Claridade refletida Razio Imaginagaio Discemir Crer Inventar, descobrir Assimilar, compreender Fazer Sentir Dar Receber Mandar Obedecer Fundar, criar ‘Conservar, manter Engendrar Conceber Fecundagio Gestagio Jakim Booz Outras distingdes também surgem do binério Sol-Lua, mas convém ndo nos afastarmos do campo especifico do hermetismo. Paramos em Jakin - Booz para no nos atermos & série de antagonismos que sio vinculados As duas colunas do Discemimento Construtivo. Tomando este caminho somos levados & tentagfo de estabelecer uma correspondéncia entre o Sol masculino ' como Agente, ea Lua feminina© como Paciente. Ocorre porém, que 0s dois luminares s4o ativos, ‘uma vez que iluminam, mas 0 Sol ‘ é 0 foco permanente de uma constante radiagdo, sempre idéntica a si mesma, fixa e im6vel como o brilho do ouro. Enquanto a Lua flete 0 que capta seu 10 disco. mutante, que no para de crescer. Daf a instabilidade das influéncias lunares representadas pelo cardter alterdvel da Prata, metal nobre que pode obscurecer-se. Podem as pontas do Crescente estar a esquerda Y ou a direita C isto nao tem importincia embora a imagem da Lua Crescente possa dizer respeito & juventude e a lua em seu tltimo minguante a velhice. Por outro lado, nao, é jindiferente que as pontas do Crescente apontem para cima ou para baixo. As pontas para cima “4 , como o simbolo do Sal Alealino © significa que dominao éter caéticc() para forgé-lo a entrar ng corrente da involugao. As pontas dirigidas para baixo FX designam pelo contrério, o Sal Gema$2 um éter evoluido, coordenado dinamicamente, cuja influéncia € cristalizante, andloga a do cristal j4 formado, e que por simples agao e presenga, determina a cristalizagao de uma solugao salina que tenha alcangado o grau requerido de saturagdo, Deve-se observar, que 0 famoso Pé de Projegiio age deste modo, enquanto a Pedra Filosofal, que é ctbica, lembra 0 Sal Gema, conglomerado cristalino de cubos. A. matéria prima dos sfbios, com a qual trabalham, & simbolizada pela Grande Serpente que j4 nfo forma um efreulo para morder a cauda (Ouroboros), mas, que abraga totalmente a Lua e parcialmente 0 Sol. Trata-se do agente fluidico , uno em sua esséncia, mas duplo em sua polarizagdo, pelo qual 0 monstro apresenta duas cabegas que se opdem. Uma delas é 0 Leio terrestre, fixo em seu ardor condensador; a outra corresponde a Aguia da volatilidade, que tende a dissolugao dos compos e a dispersio de sua substancia no Eter C) . A energia condensadora da involugao (Ledo) mantém-se em luta constante no seio do Grande Agente (4 com a forga expansiva (Aguia). A Lua ¢ 0 Sol desempenham o papel de bobinas de indugdo, estimuladoras da eterna corrente vital. ACRUZ Nenhum simbolo ¢ to espontineo como 0 Tau arcaico dos fenicios Z ou + . O nome semitico desta letra do alfabeto significa marca, selo, sinal grifico por exceléncia, Somente hi pouco mais de trés mil anos é que adquiriu © significado de T e s6 foi identificado com um instrumento de suplicio no momento em que ocorreu a expansio do cristianismo. Atualmente evoca uma idéia de morte, 0 que € absolutamente arbitrério e contradiz.flagrantemente os fundamentos racionais da ideografia, Em sua anélise, convém distinguir o sinal aritmético da multiplicagao © do sinal da soma + . Fora estes usos convencionais, estranhos ao simbolismo hermético, a chamada Cruz de Santo André & representa o encontro dos fatores similares, mas opostos em sua ago, um que se inclina & direita € 0 outro A esquerda. Ela faz pensar em duas espadas cruzadas, dai o sentido bélico que ¢ atribuido a cruz obliqua, a qual nao analisaremos, pois é um simbolo que nao era utilizado pelos alquimistas. A importincia da cruz vertical + € entretanto, muito significativa na doutrina hermética. O trago horizontal — (sinal de subtraciio na aritmética) € passivo, como 0 homem que dorme e descansa deitado no solo. Mas, ao contrario, o trago vertical € ativo, como um homem de pé, desperto, consciente. A atividade | que atravessa a passividade— , sugere uma idéia de fecundagio, ¢ realmente a Cruz filosoficamente diz respeito 4 unio sexual, sempre que se entenda de forma nobre a nogdo vulgar de cohabitacdo. A idéia fecunda que a inteligéncia receptiva penetra. Deus une-se a Natureza para engendrar 0 que é. Nossa energia casa-se com nosso organismo para que este trabalhe. Uma forga somente vale pela sua aplicagdo. Isto explica a Cruz. + , sinal de acZo e de trabalho efetivo, Seja este trabalho alguma coisa a ser concretizada, ou algo jé realizado, os alquimistas indicam tal estado, tragando a Cruz acima de um elemento gréfico@ %& (4. ou por baixo desse mesmo elementoY GQ . A estes sinais pode-se acrescentar 0 do merctirio que é mais complexo, ja que pode ser decomposto em &4% £ exatamente ao analisar este simbolo em seus diferentes aspectos que chegamos a perceber a extensio © a sutileza das concepgdes alquimicas. como se houvessem pressentido as teorias mais avangadas da imaterialidade final da “matéria”, os hermetistas nao viram nunca no Universo nada além de energia em ago. O Grande Agente transmutador, fundamento de sua Arte, é um fluido sutil que preenche o Espago e tudo penetra. O hierSglifo Q érevelador para quem sabe ler a linguagem muda dos simbolos. Mas procedamos ordenadamente, analisando uma por uma as associagdes do Circulo, da Cruz ou de seus elementos. o sat Os derivados do Alumen ©) substincia primordial nao diferenciada, sfo muito numerosos. ‘Tomam o nome de Sais, mas 0 Sal, por exceléncia , aquele que é indispensdvel e o mais abrangente, € 0 Sal Marinho. ©)_. Evitemos identifica-lo com 0 nosso vulgar Sal de cozinha. O Sal dos Fildsofos provém do Oceano césmico por desdobramento do Alumen ©). O didmetro horizontal divide 0 circulo e converte-se no firmamento separador das Aguas superiores e das Aguas inferiores. J4 no estamos na presenga pois, desse Caos indeterminado, de certo modo abstrato, a0 qual nao pode-se atribuir qualidade alguma. A barra horizontal que atravessa o Zero, dé-lhe o valor de uma sub-stancia, ainda ndo sensivel, mas inteligivel. As palavras traduzem muito vagamente 0 que os simbolos convidam a conceber. Expressamo-nos com uma indoléneia repulsiva ao falar de ‘uma trama, imaterial que proporcionaria as partes, o sub-stratum de sua aparente estabilidade. O Sal © , esta na base de tudo o que toma forma, Tudo é engendrado por seu intermédio gracas & aco combinada do Enxofre4 ¢ do Meretirio 9 como explicaremos posteriormente. Contentemo-nos em aqui saber que ele € 0 principio estabilizador dos corpos. Esta atividade erige um monumento de sabedoria e de ponderagao ao Sal, que provém do oceano da infinita sabedoria. (Os homens devem aprender a extrai-lo das 4guas paradas dos pantanos salobres que 0 sol evapora. Uma ver cristalizada, sua substincia converte-se no corpo da Pedra dos Sabios. A piedade dos fil6sofos consagrou-o & Virgem Celestial, a Mae Universal fecundada eternamente pelo espitito. Para dizer a verdade, a parte superior do Sal corresponde ao ideal virginal que domina toda densificagao ¢ cuja imagem é-nos oferecida pela Imperatriz. (arcano IID) do Tarot. Mas, as éguas celestiais so o resultado da evaporagio do que foi condensado & custa da massa caética primordial. Nesta concebe-se a intervengdo de duas tendéncias opostas: a condensagdo concretizante © a sublimago expansiva. Sob esta dupla influéncia, © cosmos nascente separa-se do Nada. Mas, na base de sua construgio, distinguem-se dois fatores construtivos, tradicionalmente representados por duas colunas que se erguem como menires ou obeliscos. Os construtores do Templo de Salomao curvaram-se a tradi¢ao franqueando a entrada dos edificios com duas colunas chamadas Jakim & Booz. Para os hermetistas, 0 Caos interrompe-se pela separagao do sutil e do espesso, do qual surge a criagdo do Céu e da Terra, ato inicial da Génese biblica. Mas a unidade do plano criador persiste 2 sob a infinita variedade das coisas. Portanto, tudo 0 que existe tem seu céu € sua terra, como é indicado pelo simbolo do Sal O NITRATO A placidez construtiva do SalQ _, fundamento dos sedimentos geoldgicgs e das rochas mais estdveis, opGe-se uma substincia essencialmente instével que represebla 0 Nitrato chamado Sal Infernal a partir da invenco dos explosivos. Nao é este o simbolo de uma sabedoria tranquila, mas 0 ideograma de todas as rebelides, comegando pela de Lticffgr. O Infinito-Nada era forgosamente aprazivel © nao € facilmente compreensivel que Parabrama tenha decidido diferenciar-se e perturbar 0 primitivo Nirvana. Por ilégica que for, uma rebeliio celestial foi a solugGo que os poetas encontraram para explicar 0 problema cosmog6nico. Ideograficamente, um simples trago vertical da uma solugdo silenciosa ao mistério. Bis aqui uma ago que descende e ascende, uma involugdo € uma evolucio. Isto nos conduz as duas colunas do simbolismo dos Construtores, pois uma correspond a0 Sal © eaoutra ao Nitrato CD . Se duvidarmos, bastaria reportarmo-nos a0 Nivel ¢ & Perpendicular ou Prumo dos franco-macons. Estes instrumentos recomendam a calma, a introspeccio, 0 aplacamento das paixdes, 0 equilfbrio pliécido que deve ser realizado intelectualmente, depois 0 aprofundamento, a penetragdo até o fntimo das coisas e da mesma forma, a elevagio acima de toda Ihanura. Por um lado disciplina, submissio a tudo 0 que é admiss{vel, docilidade, receptividade. Por outro lado, autonomia, critica ao convencional, busca da verdade em si mesma e sublimago constante do pensamento individual. Eis aqui as oposigdes realmente construtivas de uma mentalidade filosofica. Horizontal e vertical coneiliam-se construtivamente no Esquadro, emblema da Sabedoria pritica aplicada as realidades da vida. Na Alquimia, como jé vimos, é a Cruz + 0 simbolo de unio. inseparivel do ativo e do passivo, do fecundante e do fecundado. A Cruz forma-se_no centro do Circulo pela superposigao do Sal Q edo Nitrato (Dou seja, pelo seu enlace: Qual € 0 motivo de atribuir-se este novo simbolo a0 Zinabre ? O que esta substincia significa? E provavel que tenha-se escolhido 0 6xido de cobre por causa de sua cor, que é a da vegetacdo, isto €,a cor da vida manifestada, pois 0 ideograma ® édo ponto de vista fisioldgico, © plano do dvulo fecundado. De forma mais filoséfica, os hermetistas viram nele o simbolo da Substincia césmica vitalizada, tal como € encontrada ativa nos organismos vivos. Inscrita no Circulo e limitada por este, a Cruz alude a vida concreta e animadora dos individuos. Por si mesma a Cruz, cujos bragos podem prolongar-se ao infinito, refere-se & vida indefinida, nao aplicada, isto é, abstrata, 0 wirriowo A vitalizagao rigorosamente equilibrada, ativa e passiva em proporgbes iguais, caracteriza 0 reino vegetal, em relago com 0 qual os animais parecem desequilibrados a favor da atividade, enquanto os minerais estabilizam-se pelo predominio de uma vitalidade passiva. Graficamente, estas trés modalidades vitais traduzem-se desta forma: ® Animal - Instabilidade por excesso de atividade; Vegetal - Equilibrio; Mineral - Estabilidade pelo predominio da passividade, e 6 B Os simbolos e no designam substincia alguma do laborat6rio alquimico, mas (B> ¢ & vinculam-se ao Vitriolo verde e azul. Nao demoraremos na andlise do sulfato de cobre e do sulfato de ferro, pois a quimica operativa se afasta do hermetismo puramente especulativo. Os simbolos referem-se, unicamente, & sabedoria em seu aspecto oculto. O Vitriolo mostra-nos a vitalidade animal sob seu duplo aspecto de fluido feminino € de fluido masculino @> . Mesmer tomou da Alquimia sua concepgdo do magnetismo animal. Ele conhecia a formula que se vincula 4 palavra VITRIOLUM, cujas letras originam as iniciais da famosa frase: Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem, Veram Medicinam. - Visita as entranhas da terra é um convite a0 descenso em si mesmo e a0 aprofundamento da natureza humana. Encerrados no laboratério secreto de nossa personalidade, em nosso Ovo filos6fico hermeticamente fechado, retifiquemos, distilemos, separemos © sutil do espesso. Desta maneira encontraremos a Pedra oculta na qual reside a Verdadeira Medicina. O segredo do Vitrfolo converte 0 homem no objetivo da Grande Obra dos filésofos. Cada um de nés esconde em si mesmo a Pedra dos Sabios, a Verdadeira Medicina, que possui o poder de curar todos os males. Nisto ndo hi nada que possa ser classificado como absurdo, nem também ingenuamente milagroso, mas, a afirmaco de que tudo esté no Homem, sempre que este consiga aprender a conhecer-se e aproveitar sabiamente os recursos inesgotaveis de sua propria natureza. O ideograma do Mundo, diz respeito A vitalidade mineral que considera a mineralidade como suporte da vida ilimitada. O que aqui se esquematiza nfo é tanto o Universo objetivo, mas a Alma do Mundo, pois no hermetismo nao existe muita preocupagdo com aquilo que € aprecivel através dos sentidos. Por mineralidade nao entendemos a sintese das propriedades aparentes dos minerais, que sob © conceito profano, sfo tidos como inertes. Os hermetistas thes atribuem uma alma determinada, que € exteriorizada por seus corpos. Os hermetistas adivinham muitas coisas especulativamente e, sem conhecer as aplicagdes da eletricidade ou as teorias finais da constituigdo da matéria. Pode-se dizer que seus espiritos gravitavam em tomo das nebulosas ainda no constituidas em conceitos puramente inteligtveis. O ideografismo suscitava-Ihes problemas que s6 algebricamente podiam ser resolvidos, sem discernimento dos valores positivos que entranhavam suas formulas. 6 4 Globo terrestre coroado pela Cruz € 0 simbolo do poder imperial considerado iniciaticamente, ja que trata-se de um império exercido sobre a Alma do Mundo, isto é, sobre 0 fluido vital universal que anima os corpos siderais. A escola de Paracelso dé a este agente o nome de Luz Astral e o representa como uma irradiagio invisivel, que gera ao redor de nosso planeta uma nuvem psiquicamente fosforescente. Aquele que sabe coagular este fluido, e depois dissolver as coagulagdes, domina a Alma do Mundo e possui o supremo poder magico. Pode-se alguém questionar sobre o significado dos simbolos® —¢ P , nio utilizados na Alquimia, Deve-se tratar de substancias materialmente ativas, parecidas ao radium. Uma influéneia destrutiva esté implicita: nfo é a alma, e sim 0 corpo quem est em jogo, como por exemplo ocorre com 0s “sujeitos” que produzem fendmenos meta-psiquicos, que s40 traduzidos por dissociagdes anormais. J nos deparamos com o simbolo (P+, que designa o Vitriolo azul, ou seja a vitalidade animal polarizada passivamente, de modo feminino, em oposi¢io ao Vitriolo verde, (B> , que é masculino-agressivo. De um lado existe a atrago centripeta, que acumula, retém, economiza e condensa a energia vital, para utiliz4-la serenamente. Por outro, est a veeméncia masculina, indicada pela flecha m@peiana + que projeta violentamente o fluido animico prodigamente consumido, A SUBSTANCIA ANIMADORA ‘Antes de analisarmos 0 sfmbolo que caracteriza 0 Mundo @3 _, teria sido mais l6gico tratarmos do ideograma mais simples do Antimdnio, ) _, mas a simplicidade gréfica oculta aqui © cariter complicado da concepgao simbolizada. A substincia primordial ndo-diferenciadd) apresenta-se como o Fundamento da vida infinita + . Trata-se de um fluido ultra-sutil, animado por um dinamismo ilimitado, por uma Agua permanente e celestial, que limpa, purifica e lava 0 Ouro filos6fico, como antiménio comum purifica 0 ouro vulgar. Em seu Carro Triunfal do Antiménio, Basile Valentin afirma que, preparada espargiricamente, esta substincia é um antidoto contra todos os venenos. Chama-a de o Grande Arcano, a Pedra de Fogo, e Ihe atribui tantas virtudes que nenhum homem € capaz de descobrir todas elas. A Pedra Filosofal, por outro lado, nao tem propriedades superiores nem para cura das enfermidades do corpo humano nem para a transmutagdo metilica. Na realidade, trata-se daquilo que tende a elevar-nos e a espiritualizar-nos, livrando-nos da opacidade da matéria. E a Alma Celestial, fonte de inteligéncia e de nobres sentimentos. No Tarot figura como © Triunfador do Carre (Arcano VII) € como a Forca (Arcano XD), personificada por uma mulher que suavemente domina um lego bravio. Para podermos melhor entender os ideogramas deixando que eles nos falem, ¢ assim discernirmos seu alcance, convém compari-los, opondo-os uns aos outros. Portanto, é conveniente meditar sobre as seguintes nogdes: Alma Celestial, intelectual sentimental. Influéneia espiritualizante. Espirito que se separa da matéria que domina. Evolugio. Redengio. Alma vegetativa. 15 Vitalidade fisica. Espirito eneamnado, unido A matéria. Satide, equilfbrio vital. ‘Alma instintiva Q ‘Atrago materializante. Sexualidade. Queda do Espirito na Materia, Involugao, Genesis. Nao temos nenhum motivo para voltar a abordar 0 Sulfato de Cobre, mas Vénus ou 0 Cobre Q — merece nossa atengdo. A deusa outorga a voluptuosidade e atrai a alma ao corpo pela perspectiva de uma existéncia Hanguida, sensual e branda, isenta de esforgos herdicos. Ensina a amar a vida por ela propria, gozando seus encantos, esquivando-se de suas durezas. Sedutora, tornaria inerte a vida, no fora ela a antagonista de alguém que Ihe inspira amor, Martege que é 0 deus do Ferro dos alquimistas. Este amante de Vénus corresponde & mobilidade, A necessidade de gastar a energia acumulada, seja muscular, intelectual ou psiquica. Converte-se no espirito ativo dos corpos, nos quais a alma sensitiva mantém a vida. Esta, acumula as reservas postas & disposiglio de seu consumidor. Sem Vénus, o ardor de Marte extinguir-se-ia por falta de alimento. E sem 0 estimulo de Marte, Vénus vegetaria na inércia e na pletora. Os atributos dos dois génios planetarios & metélicos so os seguintes: © g Marte Vénus Ferro Cobre Motricidade Sensibilidade Cétera Dogura Impaciéncia Paciéncia Vivacidade Calma Energia ativa Apatia, preguiga Vontade Docilidade Dominio Sedugio Projecio Atragio. Brutalidade Graga Ferocidade, Destruigiio ‘Ternura, Conservagao Fogo animico ou vital Agua vital, fluido animico Ardor sulfiirico Humidade radical 0s alquimistas gregos representavam o Cobre, dedicado a Venus, pelo sinal P que de forma geral & 0 ideograma da mulher, encontrado na Asia sob uma forma ligeiramente diferffite Acrescentando uma barra teremoG —, de onde provém nosso simbolo de VénusQ) e a cruz dos egipcios (2. Passando a Cartago, encontraremos a Tanith A, cuja forma recorda a das virgens espanholas, O simbolo de Marte é originalmente, um pequeno circulo atravessado por uma flecha obliqua Uma ligeira simplificagao tegja-o 16 Digamos de passagem, que nossos atuais simbolos de Japiter-Estanho f e de Saturno- Chumbo,g, _, encontram-se nos manuscritos gregos correspondentemente sob a forma de uma foice P para 0 tiltimo e de um Z, inicial de Zeus, para o primeiro, com a adigio de um traco 1 fulgurante ZA Estes dois simbolos foram assimilados nas combinagdes antag6nicas da Cruz + € do Crescente JOPITER E SATURNO A coordenagdo ideogréfica no foi preconcebida, houve evoluc2o no terreno do simbolismo assim como em todos os oytros. Incluindo os simbolos de Jupiter f e de Satumo #, 4s combinagdes da Cruz +e do Crescente 2) , adentramos a légica construtiva de todo o ideografismo hermético. Opondo 0 Geren) . vineulado de um lado a0 trago horizontal da Cruz fe de outro a seu trago vertical “1 , obteremos as interpretagdes que seguem, Isto feito em referéncia ao sentido anteriormente atribuido ao Crescente ¢ & Cruz, nao deixando de observar que nos dois simbolos, 0 Crescente € aquele do primeiro quarto da Lua, isto é, aquele ao qual se atribui a interpretagdio de crescimento e evolugio construtiva. JOPITER SATURNO f & Cruz inferior do Crescente: Trabalho de transformagio virtual. Mudanga provocada passivamente por ago sobre a a vitalidade placida, (Trago horizontal da Cruz) Crescimento. Desenvolvimento Iniciativa corporizante, Encamagio. Geragdo da vida material. Animagao. Juventude, Presungdo. Vida. Cruz que domina o crescente: Trabalho transformador efetuado. Mudanga provocada ativamente, por ago sobre vitalidade atuante, (Trago vertical da Cruz) Desagregagao. Detengao, declinagao. Desmaterializagio. Desencarnagio. Decrepitude ‘Transformagio. Idade madura, Experiéncia. Morte. Metal leve, o estanho jupiteriano f corresponde ao Ar que dé vida, por oposigao a0 Chumbo pesado &, cuja lentidio leva A tumba. Mas a presteza de Jdpiter torna-o frivolo, enquanto Saturno é © deus grave e sério por exceléncia. Ocorre que © Chumbo saturniano converte-se para os hermetistas no fundamento de sua arte. Este metal vil encerra 0 Ouro em poténcia. O Sabio poe-no em movimento, pois esté maduro para a transmutagio. E o que também ocorre com o ancifio disposto a obter 0 rejuvenescimento natural pela operagio alquimica da dissolucao do corpo, processo renovador este que ndo assusta a0 Iniciado e que o faz auto-denominar-se Filho da Putrefacio. 0 MERCURIO Nenhum sfmbolo alquimico possui uma importincia igual a do meretirio <. De certa forma, toda a doutrina hermética nele est sintetizada. Quando conseguimos discernir aquilo que os Fildsofos velaram neste simbolo tio frequentemente usado, chegamos muito préximos da posse do segredo da Grande Arte. 18 © mistério, subtrafdo voluntariamente a0 conhecimento do vulgo, esclarece-se de forma notavel a0 aplicarmos a andlise metédica ao ideograma do meretirio <. Pode-se distinguir com efeito, o simbolo de Vénus /ao qual associado 0 Crescente _ S#o simbolo do Sal Alealino, com a unigo da cruz + na parte inferior. No primeiro caso, Vénus Andica uma substincia que encerra, como num germe, as enengias vitais destinadas a desenvolver-se, e a superposig4o do Crescente\ indica que a evolugio deveri ocorrer no dominio sublunar, isto 6, na esfera da materialidade submetida a perpétuas mudangas. O Merctirio

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