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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA COMARCA DE

..................................., nacionalidade, estado civil, profissã o, inscrita no RG e no CPF,


endereço, endereço eletrô nico , vem através da sua advogada, devidamente constituída,
conforme procuraçã o em anexo, com endereço profissional ............................., onde recebe as
devidas intimaçõ es, propor AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS
em face da ..................................., Pessoa Jurídica de Direito Privado, inscrita no CNPJ , com
sede na ..................................... , CEP ..........................., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
I- DOS FATOS
A autora realizou a compra de passagens aéreas através da empresa Ré com destino
a ......................, com previsã o de ida .........................., a bagagem de mã o inclusa, no valor de
R$ ..............................., conforme documentos em anexos.
Ocorre que em março de 2020 o mundo se deparou o avanço da COVID-19, e a decretaçã o
de pandemia com o fechamento de aeroportos, fronteiras e o consequente cancelamento de
voos no Brasil e no mundo.
Assim, o voo previsto para o dia ...................... fora cancelado, tendo sido editada a MP nº
925/2020, sobre as medidas emergenciais para cancelamento, reembolso de passagens
aéreas em decorrência da pandemia Covid-19, tendo a requerente entrado em contato com
a acionada para buscar uma soluçã o para o seu caso.
A partir daí começou o suplício da Requerente para resolver o problema, uma vez
que ao entrar em contato com a Acionada e solicitar a remarcação do voo, a empresa
ré não permitia a escolha do período alegando diferença tarifária, , protocolo
nº ........................ , bem como e-mail em anexo.
Diante do impasse solicitou o cancelamento, mas a empresa informou que iria
aplicar uma multa no valor de R$ ...................................... correspondendo a mais de 60%
(sessenta) por cento do valor pago, o que é extremamente abusiva.
Em decorrência da abusividade da multa, a autora em ....................., registrou uma
reclamação no site consumidor.gov.br, protocolo ........................., a fim de tentar
resolver a situação, conforme reclamação em anexo.
No dia ..................... a Acionada entrou em contato com autora através de e-mail ofertando
créditos equivalente ao valor das passagens com a orientaçã o para clicar no link fornecido
no e-mail para gerar os créditos, gerou o termo de anuência para obter o crédito, mas nã o
obteve qualquer resposta da empresa.
A acionante complementou a reclamaçã o no site do consumidor.gov, tendo como resposta
da requerida que consta um crédito no sistema deste a data de cancelamento em ....................
e que os créditos sã o vá lidos por 12 (doze) meses, até......................, mas que a requerente
deveria aguardar o recibo que se encontra em fila para atendimento.
De forma que mesmo apó s vá rias ligaçõ es, e-mails, reclamaçã o no Procon, até o momento a
Autora nã o resolveu o seu problema. A Requerida age com descaso, pois deveria
cumprir com que fora contratado e com a determinação em lei, bem como de forma
arbitrária, pois até o momento não gerou o crédito ou restituiu o valor pago,
conforme documentos em anexo.
Ressalte-se que diante de todo esse imbróglio, a Autora deseja exercer o seu direito
de restituição do valor pago sem incidência de multas, tendo em vista que o
cancelamento ocorreu em decorrência da Pandemia Covid-19, sem qualquer culpa
da parte autora, consumidora e hipossuficiente na relação de consumo.
Logo, apó s diversas tentativas para realizar amigavelmente o ressarcimento do valor, sem
êxito, veio buscar amparo perante este Juízo. Assim, vem a Requerente socorrer-se do
Poder Judiciá rio para ser reparada pelos danos materiais e morais sofridos devido a falha
na prestaçã o do serviço da empresa Acionada.
II-DO DIREITO
O Có digo de Defesa do Consumidor, bem como a nossa legislaçã o pá tria e jurisprudência
embasam a pretensã o autoral. Vejamos:
A Lei 14.034/2020 (Medida Provisória nº 925/2020), dispõe sobre medidas
emergenciais para aviação civil brasileira em razão da pandemia da Covid-19. Sendo
que o art. 3º, assim prevê:
Art. 3º O reembolso do valor da passagem aérea devido ao consumidor por
cancelamento de voo no período compreendido entre 19 de março de 2020 e 31 de
dezembro de 2020 será realizado pelo transportador no prazo de 12 (doze) meses,
contado da data do voo cancelado, observadas a atualização monetária calculada
com base no INPC e, quando cabível, a prestação de assistência material, nos termos
da regulamentação vigente.
§ 1º Em substituiçã o ao reembolso na forma prevista no caput deste artigo, poderá ser
concedida ao consumidor a opçã o de receber crédito de valor maior ou igual ao da
passagem aérea, a ser utilizado, em nome pró prio ou de terceiro, para a aquisiçã o de
produtos ou serviços oferecidos pelo transportador, em até 18 (dezoito) meses, contados
de seu recebimento.
§ 2º Se houver cancelamento de voo, o transportador deve oferecer ao consumidor, sempre
que possível, como alternativa ao reembolso, as opçõ es de reacomodaçã o em outro voo,
pró prio ou de terceiro, e de remarcaçã o da passagem aérea, sem ô nus, mantidas as
condiçõ es aplicá veis ao serviço contratado.
§ 3º O consumidor que desistir de voo com data de início no período entre 19 de
março de 2020 e 31 de dezembro de 2020 poderá optar por receber reembolso, na
forma e no prazo previstos no caput deste artigo, sujeito ao pagamento de eventuais
penalidades contratuais, ou por obter crédito de valor correspondente ao da
passagem aérea, sem incidência de quaisquer penalidades contratuais, o qual poderá
ser utilizado na forma do § 1º deste artigo.
§ 4º O crédito a que se referem os §§ 1º e 3º deste artigo deverá ser concedido no prazo
má ximo de 7 (sete) dias, contado de sua solicitaçã o pelo passageiro.
Em que pese o art. 3º, § 3º prevê no casos de reembolso o pagamento de eventuais
penalidades contratuais, a mesma deve observar o Código de Defesa do Consumidor,
em especial o art. 6º, IV e V do CDC, pois o mesmo continua vigente, sobretudo em
tempo de pandemia, afim de coibir práticas e condutas abusivas por parte de
empresas fornecedoras de produtos ou serviços.
A empresa Requerida age com manifesta abusividade ao tentar aplicar uma multa no
valor de R$ 867,19 (oitocentos e sessenta e sete reais e dezenove centavos),
correspondendo a mais de 60% (sessenta) por cento do valor pago e ainda não
fornecer o crédito no prazo de 7 (sete) dias, conforme determina a lei.
A conduta praticada está eivada de arbitrariedade, por consequência, houve
evidente má prestação, aplicar multa superior a 60% constituiu ato ilegal.
III- DO REEMBOLSO DO VALOR DA PASSAGEM - RESTITUIÇÃO DO VALOR SEM
INCIDÊNCIA DE MULTA
No caso em comento, a Autora pleiteia o reembolso do valor pago, tendo em vista o
cancelamento do voo previsto em .................., em decorrência da pandemia Covid-19, no
valor de .....................
O referido cancelamento ocorreu sem que a autora tenha dado causa, bem como é a parte
hipossuficiente da relaçã o de consumo, nã o poderá ser penalizada e ter o seu patrimô nio
afetado com a incidência de multa,
Ressalte-se que a requerente tentou resolver o problema com a Acionada
administrativamente e até mesmo acionou o Procon, porém sem sucesso.
Assim, a empresa ré deverá devolver a quantia paga pelas passagens, no importe
de ........................, corrigidos monetariamente, sob pena de enriquecimento ilícito.
IV-DOS DANOS MORAIS
O dano moral está positivado no ordenamento jurídico brasileiro na CF/88, em seu artigo
5º inciso V, quando assevera que “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
agravo, além da indenizaçã o por dano material, moral ou à imagem".
Ocorre dano moral quando é agredido o patrimô nio imaterial do sujeito de direitos, no caso
em tela a agressã o aos direitos de personalidade da Autora é evidente.
Para que ocorra o dever de indenizar é necessá ria à efetiva demonstraçã o do dano e do
nexo de causalidade, sendo desnecessá ria a investigaçã o acerca da culpa ou dolo do
causador do dano, visto que o Có digo de Defesa do Consumidor expressamente adotou a
teoria da responsabilizaçã o objetiva no caso em comento.
A responsabilidade da empresa Requerida está caracterizada, posto que comprovado o
dano ao consumidor, o serviço defeituoso prestado pelo fornecedor como fato
determinante do prejuízo e constrangimento gerados a Autora.
Ressalte-se que a celeuma poderia ter sido resolvida de forma administrativa, o que
não foi possível por intransigência da Acionada, havendo a necessidade acionar a
máquina do Poder Judiciário.
A presença do nexo de causalidade entre as partes está patente, sendo indiscutível o liame
jurídico existente entre eles, pois se nã o fosse a compra das passagens no site da Requerida
e o descaso em resolver o cancelamento do voo, a mesma nã o teria sofrido os danos morais
pleiteados nesta açã o.
Dessa maneira, é de se reconhecer que restam preenchidos os pressupostos ensejadores do
dever de indenizar (artigo 14, caput, do CDC), pois o dano encontra-se inserido na pró pria
ofensa suportada pela autora e decorre da intensidade da dor e humilhaçã o, vale dizer, da
extensã o dos constrangimentos, transtornos ocasionados. Já o nexo causal restou
devidamente demonstrado, em razão da conduta da Acionada em se comportar de
forma ilícita e abusiva com a autora.
Assim, dú vida nã o há da conduta abusiva e ilícita da acionada, que lesou a autora, bem
como houve defeito na prestaçã o do serviço, a Requerida deve responder na forma do art.
14, CDC.
Ressalte-se que a Autora vem passando por esse calvário há SEIS meses, desde o
cancelamento do voo, o que vem lhe causando momentos de estresse e ainda há de se
invocar a teoria do tempo livre, pois a mesma passou horas e horas na central de
atendimento da requerida, bem como no chat, tentando resolver o problema.
Como se vê a atitude ilícita da empresa Requerida, não trouxe apenas meros
“desconfortos cotidianos” a Acionante, mas sim efetivo dano à sua vida pessoal, além
da sua honra.
Registre-se que no caso em comento, a quantificaçã o do abalo moral diz respeito ao
constrangimento suportado, em razã o da privaçã o da utilizaçã o dos serviços pela qual
passa a autora, fruto do mau desempenho das atividades praticadas pela Requerida.
Por fim, é de se ressaltar preponderância ao caráter punitivo e pedagógico do dano
moral como forma de coagir a Requerida à revisão de seus procedimentos e adoção
de novas práticas pautadas pela boa-fé e respeito aos seus clientes que utilizam os
seus serviços.
V-DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
A Autora requer a inversã o do ô nus da prova nos termos do art. 6º, inciso VIII do Có digo de
Defesa do Consumidor, uma vez que é hipossuficiente.
A inversã o do ô nus da prova é um dos pilares do sistema de proteçã o ao consumidor e está
previsto, junto com outros direitos bá sicos, no artigo 6º da citada legislaçã o. Sua aplicaçã o é
feita pelo julgador, quando a seu critério, for verossímil a alegaçã o ou quando restar
comprovado que a parte (consumidor) for hipossuficiente, segundo as regras ordiná rias de
experiências.
Nã o fosse pela verossimilhança das alegaçõ es, as quais contam com um lastro probató rio
necessá rio (documentos em anexo), o fato é que a Acionada, valendo-se do PODER
ECONÔMICO, possui melhores condições de produzir provas.
Conforme o enunciado 9.1.2 da Turma Recursal do TJRJ (“ 9.1.2 – A inversã o do ô nus da
prova nas relaçõ es de consumo é direito do consumidor (art. 6º, caput, C.D.C.)”.
Assim, somados aos documentos colacionados pela autora, impõe-se a inversão do ônus
da prova à ré, restando visível a hipossuficiência e a verossimilhança!

VI-DO PEDIDO
DO EXPOSTO REQUER:
I-A CITAÇÃ O da Acionada, na pessoa do seu representante legal, para querendo, responder
aos termos da presente Açã o no prazo legal e comparecer à audiência designada, sob pena
dos efeitos da revelia;
II- INVERSÃ O DO Ô NUS DA PROVA nos termos do inciso VIII, do art. 6º da Lei 8.078/90;
III-A CONDENAÇÃO da Requerida a restituir do valor pago referente as passagens no
importe de ............................, bem como ao pagamento de INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS no valor de R$ ........................ou outro a ser arbitrado por V.Exa ;
IV-A produção de todos os meios de prova em direito permitidos, especialmente
depoimento pessoal do representante legal da ré, sob pena de confissão, bem como a
prova testemunhal e documental.
Dá-se a causa o valor de R$

Nestes termos
Pede deferimento
Local, data.
NOME
OAB/

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