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O ELEMENTO TRIANGULAR CST

Prof. Inácio Benvegnu Morsch

Historicamente foi o primeiro elemento finito bidimensional que foi desenvolvido.


Trata-se de um elemento triangular definido por três nós que aplica funções de interpolação
lineares. Logo, esse elemento apresenta uma distribuição de deformações constante no seu
interior (Constant Strain Triangular). Trata-se de um elemento que apresenta bons resultados
para peças submetidas a esforço normal, mas para se obter bons resultados em problemas com
flexão deve-se adotar malhas mais refinadas. As grandes vantagens desse elemento são a sua
rapidez de cálculo e a sua capacidade de representar geometrias mais complexas.

O elemento finito triangular, cuja geometria está representada na figura (1), usa
polinômios de primeiro grau como funções interpoladoras para deslocamentos u e v conforme
equação (1).

u ( x, y ) = a1 + a2 x + a3 y
(1)
v( x, y ) = a4 + a5 x + a6 y

y
3 (x3 , y3)

1
(x1 , y1) 2
(x2 , y2)

Figura (1) – Elemento triangular linear.

Como para esse tipo de problema, a derivada de maior ordem nas relações deformações –
deslocamentos é de ordem unitária, estas funções, sendo polinômios completos de primeiro
grau, satisfazem as condições requeridas e o elemento é dito completo. Como nas relações
deformações – deslocamentos aparecem somente derivadas de primeira ordem, apenas há
necessidade de continuidade de deslocamentos (continuidade C0) ao longo da ligação de
elementos adjacentes.
Tratando-se de elemento triangular, é comum encontrar sua formulação escrita em
termos das coordenadas triangulares ou homogêneas ao invés de coordenadas cartesianas.
Nesse sistema de coordenadas, o elemento triangular tem os seus nós numerados seguindo o
sentido de x para y e seus lados têm o numero do nó oposto. As coordenadas são relacionadas
aos lados do elemento triangular e variam de 0 a 1. A figura (2) ilustra o sistemas de
coordenadas triangulares.

y
2 (0 , 1)

3
(0 , 0) 1
(1 , 0)

Figura (2) – Sistema de coordenadas triangulares.

Para obter-se as relações entre as coordenadas cartesianas e triangulares, procede-se


conforme Brebbia. Desta forma, as coordenadas cartesianas são relacionadas às novas
coordenadas por uma relação linear conforme equação (2)

x = ε i xi
(i=1,2,3) (2)
y = ε i yi

em que ε 1 + ε 2 + ε 3 = 1 , sendo

1
εi = (ai + bi x + ci y ) (3)
2A

As constantes ai, bi e ci são dadas pela equação (4) e 2A é dado pela equação (5).

ai = xk − x j bi = y j − y k ci = x j y k − y j x k (4)
1 x1 y1 
1 x y 2  = 2 A (5)
 2

1 x3 y 3 

As coordenadas homogêneas também podem ser interpretadas como relações entre as áreas
dos triângulos definidos pelos nós 1, 2 e 3 e pelo ponto P, conforme ilustrado na figura (2),
ou seja:

Ai
εi = (6)
A

As incógnitas nodais para o elemento CST são:

u e = {u1 v1 u 2 v2 u3 v3 } (7)

Escrevendo-se os deslocamentos no interior do elemento em função dos


deslocamentos nodais tem-se

u = Nu e (8)

que pode ser rescrita como

 u1 
v 
 1
u  ε 1 0 ε2 0 ε3 0  u 2 
 =   (9)
v   0 ε 1 0 ε2 0 ε 3  v 2 
u 3 
 
v3 

O próximo passo é escrever as deformações no interior do elemento em função dos


deslocamentos e em função das incógnitas nodais. As deformações são obtidas derivando-se a
expressão (9).

ε = Lu (10)

Substituindo-se na equação (10) o vetor u dado em (9), têm-se as deformações em função das
incógnitas nodais:
ε = Bu e (11)

em que a matriz B, que relaciona as deformações com os deslocamentos, tem a forma:

 
∂ 0
 ∂x 
 ∂   ε1 0 ε 2 0 ε3 0
B= 0   (12)
 ∂y   0 ε 1 0 ε2 0 ε3
 
∂ ∂
 ∂y ∂x 
 

na qual aparecem as derivadas das coordenadas homogêneas em relação às coordenadas


cartesianas. Assim, B pode ser escrita como:

a1 0 a2 0 a3 0
1 
B= 0 b1 0 b3 0 b3  (13)
2A 
a1 b1 a2 b2 a3 b3 

Logo, a matriz de rigidez para o elemento CST pode ser escrita como:


K = t B T DBdA (14)
A

sendo que t é a espessura do elemento.


Considerando-se um problema de Estado Plano de Tensões, a equação (14) pode ser
rescrita como:

1 ν 0 
Et  
∫ (15)
T
K= B ν 1 0  BdA
 2 0 0 β 
1 −ν  A  
 

em que β = (1 − ν ) 2 .
O vetor de cargas nodais equivalentes, devido às cargas contidas no plano do elemento
e atuando ao longo de um de seus lados é dado por:

r = ∫ N T QdS (16)
S

em que
 qx1 
q 
 y1 
Qx  ε 1 0 ε2 0 ε3 0  q x 2 
 = 0 ε   (17)
Qy   1 0 ε2 0 ε 3  q y 2 
 qx3 
 
q y 3 

As tensões são calculadas através da seguinte expressão:

σ = DBU e (18)

Como o elemento CST apresenta deformações constantes em todo o seu domínio, as tensões
também serão constantes. Neste caso, pode-se dizer, que elas são calculadas no baricentro do
elemento.

u1 
v 
σ x  1 ν 0  a1 0 a2 0 a3 0  1 
  ν 1 0   0 b 0 u 
b3   2 
E
σ y  =   b3 0 (19)
(
τ  2 A 1 − ν
2
) 1

0 0 β  a1 b1 a2 b2 a3
v
b3   2 
 xy  u3 
 
 v3 

Os resultados que foram obtidos pelo CST foram apenas modestos. Somado a isso os
computadores da época eram extremamente limitados e havia dificuldade na geração de
malhas com o número de elementos que seria necessário para uma análise adequada. Essa
realidade levou ao desenvolvimento de elementos com funções de forma mais complexas.
A partir do início dos anos 90, com o desenvolvimento cada vez maior da capacidade de
processamento dos microcomputadores e com o desenvolvimento de geradores automáticos
de malha os elementos simples como o CST voltaram a ganhar espaço.
EXEMPLOS DE USO DO ELEMENTO CST

ESTADO PLANO DE TENSÕES


A viga analisada é apresentada na figura(3). Para esta viga foram testadas três malhas,
que originaram os três exemplos aqui apresentados, exemplo 1, exemplo 2 e exemplo 3. As
propriedades do material adotadas para a viga foram: Módulo de Young E=200.000 MPa e
coeficiente de Poisson ν=0,3.

10 kN 5

20
(cm)
60

Figura (3): viga analisada no exemplo de estado plano de tensões.

Admitindo-se como válida a viga Bernoulli, a deflexão máxima da viga obtida pela
Teoria da Elasticidade é dada pela equação:. Para os dados do problema, a flecha máxima da
viga vale 0,0108cm. Alternativamente pode-se empregar a viga de Timoshenko que considera
também a influência do corte.

Exemplo 1

Características: malha com 8 nós e 6 elementos.

2 4 6 8

2 4 6

1 3 5

1 3 5 7
10kN
Figura (4): malha utilizada no exemplo 1.

Deflexão verificada = 0,00329cm


Exemplo 2

Características: malha com 21 nós e 24 elementos.

3 6 9 12 15 18 21

4
3

2 2
10kN
1

1
Figura (5): malha utilizada no exemplo 2.

Deflexão verificada = 0,007018cm.

Exemplo 3

Características: malha com 65 nós e 96 elementos.

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

10kN
2
1
1
Figura (6): malha utilizada no exemplo 2.

Deflexão verificada = 0,00975cm.

Comparações: a figura (7) apresenta a deformada obtida para cada exemplo e a deformada
obtida pela equação da linha elástica aplicada ao exemplo proposto. É evidente a aproximação
da solução exata com o refinamento da malha adotada. Cabe destacar a quantidade de
elementos que deve ser empregada para resolver um problema tecnicamente simples.
0

-0,002

-0,004
deflexão (cm)

-0,006
Equação da linha elástica

Exemplo 1
-0,008
Exemplo 2

Exemplo 3
-0,01

-0,012
0 10 20 30 40 50 60 70
Coordenada x (cm)

Figura (7): Comparação dos resultados obtidos nos três exemplos com a deformada obtida
através da equação da linha elástica.
A seguir parte do trabalho realizado pelo Eng. Felipe Gobbi Silveira quando aluno da
disciplina de Programação do Método dos Elementos Finitos.

Aplicação do Elemento CST em problemas de Estado plano de deformações


Como exemplo de estado plano de deformações foi utilizado um maciço de solo
submetido a uma carga pontual. O modelo consistiu em um maciço de 8 metros de largura por
4 metros de altura, com duas de suas faces restritas e uma face com restrição variável entre
um exemplo e outro, simulando escavação, execução de uma cortina ou consideração de
borda restrita.

Em engenharia geotécnica, classicamente, são utilizadas as soluções obtidas pela


Teoria da Elasticidade para diversas soluções de carregamento, publicadas no clássico livro de
Poulos e Davis (1974), na consideração de sobrecargas aplicadas ao terreno (tipicamente
influência de sobre-carga no topo de cortinas e muros de arrimo). Desta forma, foram
analisados quatro exemplos do maciço de solo carregado e, em todos eles, realizada uma
comparação dos resultados obtidos através da simulação numérica com os resultados obtidos
através da aplicação das equações de Bousinesq, apud Poulos e Davis (1974), que consideram
a aplicação de uma carga pontual sobre um meio semi-infinito. Cabe frisar que o uso de tais
equações tem sido substituído, gradativamente, pela utilização de programas baseados no
método dos elementos finitos ou das diferenças finitas.

Os valores das constantes do material (módulo de Young e coeficiente de Poisson)


utilizados foram obtidos de ensaios triaxiais com medição local de deformações apresentados
na dissertação de Gobbi (2005) para um solo residual de gnaisse da cidade de Porto Alegre na
condição reconstituído. O ensaio analisado para obtenção dos parâmetros foi realizado com
tensão confinante efetiva de 30kPa, por ser esta a tensão vertical geostática média do exemplo
analisado. O referido ensaio tem a nomenclatura R-30. As curvas de onde foram retiradas
estas propriedades são apresentadas nas Figura e Figura , sendo que os valores utilizados
foram E=5.000 kPa (referente a uma deformação axial de 0,3%) e ν=0,15 (patamar com
estabilização de ν).
40000

30000

E secante (kPa)
R 30
20000

10000

0.00 0.01 0.10 1.00 10.00 100.00


deformação axial (%)

Figura (8): Curva de degradação do módulo de deformabilidade secante com a deformação


axial para o ensaio R-30.
0.30

0.20
coeficiente de poisson

0.10

0.00

-0.10

-0.20

-0.30

0.00 2.00 4.00


deformação axial (%)

Figura (9): Coeficiente de Poisson versus deformação axial no ensaio R-30.

Malha utilizada nos exemplos


Conforme citado anteriormente foram analisados exemplos de um maciço de solo com
carga pontual. Para todos os exemplos foi utilizada a mesma malha de elementos finitos,
apresentada na figura (10). A malha é composta por elementos triangulares com dois lados
iguais a 0,4m, resultando em uma malha de 231 nós e 400 elementos.
A diferença entre os exemplos consiste na condição de restrição da face direita e na
posição da carga pontual, sendo que cada exemplo será apresentado individualmente. Os
resultados foram comparados com a solução para os deslocamentos obtidos pelas equações de
Bousinesq (apud Poulos e Davis 1974). As comparações foram feitas para três seções do
maciço, duas verticais e uma horizontal, estas seções estão marcadas em vermelho na figura
(10). A nomenclatura das seções na apresentação dos resultados é composta pela direção
(vertical ou horizontal) da seção e a numeração dos nós dos limites da seção.

11 22 33 44 55 66 77 88 99 110 121 132 143 154 165 176 187 198 209 220 231

4m

0,4 m
1

0,4 m
8m

Figura (10): Malha de elementos finitos utilizada nos exemplos.

Exemplo 1
O exemplo 1 consiste na aplicação da carga pontual de 10kN na superfície do terreno
localizada no centro do maciço. Neste exemplo as três bordas se encontram restritas conforme
ilustrado na figura 11.
4m
10 kN

solo 4m
E=5.000kPa
=0,15

8m

Figura (11): Exemplo 1.

As figuras (12), (13) e (14) apresentam três gráficos, correspondentes às comparações de


deslocamentos obtidos pelo programa e pelas equações de Bousinesq para as três seções
citadas anteriormente.

defomrmada em Y=360

0,00E+00
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

-5,00E-02
deslocamentos verticais (cm)

-1,00E-01

-1,50E-01
Bousinesq
MEF
-2,00E-01

-2,50E-01

-3,00E-01

-3,50E-01
distância (cm)

Figura (12): Seção horizontal, localizada a 40cm da superfície do terreno.


vertical entre os nós 122 e 132

450

400
deslocamentos verticais (cm)

350

300

250

200

150
bousinesq
100
MEF
50

0
-8,00E-02 -6,00E-02 -4,00E-02 -2,00E-02 0,00E+00 2,00E-02
distância (cm)

Figura (13): Seção vertical entre os nós 122 e 132 (localizada 0,4m a esquerda do centro).

vertical entre os nós 199 e 209

450

400
deslocamentos verticais (cm)

350

300

250

200

150
Bousinesq
100
MEF
50

0
-2,00E-02 -1,50E-02 -1,00E-02 -5,00E-03 0,00E+00 5,00E-03 1,00E-02
distância (cm)

Figura (14): seção vertical localizada entre os nós 199 e 209 (localizada a 0,8m da borda
esquerda).

Nota-se uma boa aproximação dos resultados, obtida pelos dois procedimentos descritos, para
as seções horizontal e vertical localizada próxima ao centro do maciço. Na seção vertical
localizada próxima a face do maciço a aproximação não foi tão boa, entretanto os
deslocamentos verificados são sensivelmente inferiores àqueles obtidos na outra seção
vertical.

Exemplo 2
O exemplo 2 consiste na aplicação da carga pontual de 10kN no nó 198, ou seja, a
1,2m da borda. A borda esquerda neste exemplo foi considerada sem restrição, logo,
representa um corte exposto conforme ilustrado na figura (15).

1,2 m
10 kN

solo
E=5.000kPa
=0,15 4m

8m

Figura (15): Exemplo 2

As figuras (16), (17) e (18) apresentam três gráficos, correspondentes às comparações de


deslocamentos obtidos pelo programa e pelas equações de Bousinesq para as três seções
citadas anteriormente.
defomrmada em Y=360

5,00E-02

0,00E+00
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
deslocamentos verticais (cm)

-5,00E-02

-1,00E-01

-1,50E-01

-2,00E-01

-2,50E-01

Bousinesq
-3,00E-01
MEF
-3,50E-01

-4,00E-01
distância (cm)

Figura (16): seção horizontal, localizada a 40cm da superfície do terreno.

vertical entre os nós 122 e 132

450

400
deslocamentos verticais (cm)

350

300

250

200

150
bousinesq
100
MEF
50

0
-2,00E-02 0,00E+00 2,00E-02 4,00E-02 6,00E-02 8,00E-02 1,00E-01
distância (cm)

Figura (17): Seção vertical entre os nós 122 e 132 (localizada 0,4m a esquerda do centro).
vertical entre os nós 199 e 209

450

400
deslocamentos verticais (cm)

350

300

250

200

150
Bousinesq
100
MEF
50

0
-8,00E-02 -4,00E-02 0,00E+00 4,00E-02 8,00E-02 1,20E-01
distância (cm)

Figura (18): seção vertical localizada entre os nós 199 e 209 (localizada a 0,8m da borda
esquerda).

Pode ser observado nos resultados o grande efeito de se ter a borda livre, gerando incremento
nos deslocamentos verificados no modelo numérico em relação àqueles obtidos com as
equações de Bousinesq.

Exemplo 3
O exemplo 3 consiste na aplicação da carga pontual de 10 kN no nó 198, mesma posição do
exemplo 2, entretanto neste exemplo a borda esquerda da escavação foi restrita na análise
numérica conforme ilustrado na figura (19).
1,2 m
10 kN

solo
E=5.000kPa
=0,15 4m

8m

Figura (19): Exemplo 3.

As figuras (20), (21) e (22) ilustram três gráficos, correspondentes às comparações de


deslocamentos obtidos pelo programa e pelas equações de Bousinesq para as três seções
citadas anteriormente.

defomrmada em Y=360

5,00E-02

0,00E+00
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
deslocamentos verticais (cm)

-5,00E-02

-1,00E-01

-1,50E-01

-2,00E-01
Bousinesq
MEF
-2,50E-01

-3,00E-01
distância (cm)

Figura (20): seção horizontal, localizada a 40cm da superfície do terreno.


vertical entre os nós 122 e 132

450

400
deslocamentos verticais (cm)

350

300

250

200

150
bousinesq
100
MEF
50

0
-2,00E-02 -1,00E-02 0,00E+00 1,00E-02 2,00E-02 3,00E-02
distância (cm)

Figura (21): Seção vertical entre os nós 122 e 132 (localizada 0,4m a esquerda do centro).

vertical entre os nós 199 e 209

450

400
deslocamentos verticais (cm)

350

300

250

200

150
Bousinesq
100
MEF
50

0
-8,00E-02 -6,00E-02 -4,00E-02 -2,00E-02 0,00E+00 2,00E-02
distância (cm)
Figura (22): seção vertical localizada entre os nós 199 e 209 (localizada a 0,8m da borda
esquerda).

Verifica-se na apresentação dos resultados boa convergência das análises. A seção vertical
mais distante do carregamento apresentou uma aproximação pior, esta diferença parece ser
influência da restrição incluída na base do maciço na análise numérica.
Exemplo 4
O exemplo consiste na aplicação da carga pontual no nó 198, mesmo ponto de
aplicação dos exemplos 2 e 3. Entretanto foi inserido, na borda esquerda, um material mais
rígido, com 40cm de espessura, e restrito apenas no pé, simulando uma cortina de concreto
conforme ilustrado na figura (23). As propriedades adotadas para a cortina de concreto foram:
E= 2.000 MPa e n=0,30.
1,2 m
10 kN

solo
E=5.000kPa
=0,15 4m
cortina de concreto
E=2.000.000kPa
=0,30

8m 0,40 m

Figura (23): Exemplo 4.

As figuras (24), (25) e (26) apresentam três gráficos, correspondentes as comparações de


deslocamentos obtidos pelo programa e pelas equações de Bousinesq para as três seções
citadas anteriormente.
defomrmada em Y=360

5,00E-02

0,00E+00
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
deslocamentos verticais (cm)

-5,00E-02

-1,00E-01

-1,50E-01

-2,00E-01
Bousinesq
MEF
-2,50E-01

-3,00E-01
distância (cm)

Figura (24): seção horizontal, localizada a 40cm da superfície do terreno.

vertical entre os nós 122 e 132

450

400
deslocamentos verticais (cm)

350

300

250

200

150
bousinesq
100
MEF
50

0
-2,00E-02 -1,00E-02 0,00E+00 1,00E-02 2,00E-02
distância (cm)

Figura (25): Seção vertical entre os nós 122 e 132 (localizada 0,4m a esquerda do centro).
vertical entre os nós 199 e 209

450

400
deslocamentos verticais (cm)

350

300

250

200

150
Bousinesq
100
MEF
50

0
-1,00E-01 -8,00E-02 -6,00E-02 -4,00E-02 -2,00E-02 0,00E+00 2,00E-02
distância (cm)

Figura (26): seção vertical localizada entre os nós 199 e 209 (localizada a 0,8m da borda
esquerda).

Nota-se nos resultados apresentados a influência da introdução de um material com diferentes


propriedades na face da escavação.

Conclusões
Atualmente os trabalhos em modelagem de solo tem se focado exaustivamente na
proposição de modelos constitutivos representativos do comportamento real do solo.
Entretanto, a aplicação prática da previsão de deslocamentos e distribuição de tensões em
geotecnia, até pouco tempo, eram realizadas apenas por soluções baseadas na Teoria da
Elasticidade, como as equações de Bousinesq apresentadas neste trabalho. Até mesmo quando
se empregam programas de elementos finitos e diferenças finitas, na pratica de engenharia
geotécnica, utilizam-se modelos constitutivos simples, como o apresentado neste trabalho,
devido à dificuldade de obtenção de parâmetros refinados para projeto (que atendam a
utilização de modelos mais sofisticados). Desta forma, as comparações realizadas neste
trabalho sabidamente distanciam-se da simulação do comportamento real dos solos por não
considerar diversos aspectos, como a não linearidade do comportamento tensão x deformação,
a existência de deformações plásticas desde pequenas deformações, entre outros, entretanto as
análises realizadas neste trabalho se aproximam das análises refinadas executadas na prática
de engenharia geotécnica. Feitas às ressalvas quanto à validade das análises realizadas seguem
as conclusões sobre a aplicação do programa de elementos finitos e as soluções obtidas
analiticamente.
Analisando o exemplo 1, verifica-se a validade das análises realizadas com o
programa elaborado em comparação aos deslocamentos calculados analiticamente. Este
exemplo foi feito justamente com este propósito, lançando-se uma geometria mais próxima
possível das considerações de Bousinesq na formulação de suas equações (consideram um
meio semi-infinito). A seção mais distante do carregamento apresentou uma aproximação pior
em relação à solução analítica, obviamente pela proximidade da restrição (borda) não
considerada em tal solução.
Os demais exemplos apresentaram diferenças expressivas nos resultados ao se alterar
as condições de restrição da borda, verificando-se deslocamentos bastante diferentes nas
seções próximas a face. Estes resultados eram esperados e são bastante óbvios pelos motivos
citados no parágrafo anterior, entretanto o objetivo das análises realizadas era justamente
evidenciar o erro cometido ao se supor um meio semi-infinito para analisar carregamentos
junto a faces de escavações e contenções, logo com condições de contorno diferentes daquelas
propostas para proposição das soluções analíticas. Evidenciando assim a vantagem da
utilização do programa de elementos finitos em relação às soluções analíticas utilizando o
mesmo modelo, vantagem essa expressa pela versatilidade da introdução de diferentes
condições de carregamento e restrições.

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