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Momede João Mussa

Função de comercialização, mercados e formação dos preços de alimentos


Curso de Licenciatura em Ciências Alimentares e Agrárias

Universidade Rovuma
Nampula
2021
Momede João Mussa

Função de comercialização, mercados e formação dos preços dos alimentos

Trabalho de carácter avaliativo a ser


entregue ao departamento de Ciências
Alimentares e Agrárias, no curso de
Ciências Alimentares, na cadeira de
Políticas Alimentares, 4° ano, regime pós
laboral, leccionada pelo

P. D: Pompílio Vintuar.

Universidade Rovuma
Nampula
2021
Introdução
O presente trabalho da cadeira de Políticas Alimentares, cujo Tema é “Função de
comercialização, mercados e formação dos preços dos alimentos, visa abordar a importância
que a alimentação e nutrição têm na vida humana e o seu impacto na Economia mundial em
particular a moçambicana".
A alimentação e nutrição constituem-se em requisitos básicos para a promoção e a
protecção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e
desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania.
Urge a necessidade de criar políticas que possam incluir a todos na produção e
produtividade convista a reduzir os índices de pobreza no país, por um lado e por outro, a
necessidade de aplicar medidas, convista a controlar a cadeia de produção, nomeadamente a
partir do campo de cultivo até a mesa do consumidor, de modo a que todos tenham acesso
igual aos alimentos para permitir cada vez mais operacional o Plano de Alívio e Redução da
pobreza Absoluta (PARPA).
No entanto, para elaboração do presente trabalho, recorreu-se a consulta de algumas
obras e recurso à fontes electrónicas que consistiu na leitura, analise e finalmente a
compilação das informações cujos autores estão devidamente citados na referencia
bibliográfica como maneira de permitir uma consistência do mesmo e que também foi
delimitado certos objectivos:

Objectivo geral
 Compreender os fundamentos teóricos e práticos sobre mercados e comercialização
de produtos agrícolas, permitindo aplicar os conceitos e princípios e princípios sobre
mercados e comercialização agrícola na análise das diferentes realidades locais e
regionais em que os agricultores estão inseridos.
Objectivos específicos
 Aplicar os diferentes conceitos de mercado e suas diversas dimensões;
 Distinguir demanda, oferta e movimento de preços;
 Identificar os diferentes instrumentos de apoio à comercialização de produtos
agrícolas;
 Relacionar a gestão e estratégias de comercialização de produtos agrícolas.
Porem, espera-se que os conteúdos contidos no presente trabalho venham a corresponder os
objectivos para qual foi elaborado e, tendo-se em conta de trabalho cientifico a colaboração
dos demais poderá ser uma aposta para melhor compreensão.
1. Função de comercialização, mercados e formação dos preços de alimentos
Para HAMMOND, (1977. p. 80), diz que a estrutura de mercado existente nos canais
de comercialização e a demanda inelástica dos produtos agrícolas são, talvez, as
características mais importantes que determinam a grande diferença entre os preços pagos
pelos consumidores e os preços recebidos pelos produtores agrícolas.
Entre as características mais importantes do mercado de produtos agrícolas, podem-se
citar a ineiasticidade-preço da demanda e a inelasticidade-renda dos produtos agrícolas, que
segundo CARDOSO, Vera Talita Machado, (1970. UFRGS, p. 52), revela:
Primeiro, no agregado, a elasticidade-preço da demanda de produtos
agrícolas é inelástica. E, quanto menor for a participação do valor do
produto agrícola na composição do produto final, mais inelástica será a
demanda.
A segunda característica importante relacionada com o mercado de produtos
agrícolas é a elasticidade-renda. Nos países de renda mais alta, a
elasticidade-renda é relativamente baixa, entre 0,10 e 0,20 (2). Isto significa
que o crescimento da demanda de produtos agrícolas depende mais do
crescimento da população do que do aumento da renda da mesma.

Estas duas características da demanda de produtos agrícolas conjugados,


inelasticidade do preço e inelasticidade da renda, fazem com que as variações de preço dos
produtos e a receita dos produtos agrícolas sejam mais instáveis.

2. Comercialização agrícola
A comercialização agrícola pode (e deve) ser entendida de forma bem mais
abrangente, como um “processo contínuo e organizado de encaminhamento da produção
agrícola ao longo de um canal de comercialização, no qual o produto sofre transformação,
diferenciação e agregação de valor” (MENDES; PADILHA JUNIOR, 2007, p. 8).

Segundo o autor em alusão, ainda assevera que,

A comercialização cria um fluxo organizado de bens e serviços, cuja origem


são distintos e dispersos locais de produção e cujo fim são também
diferentes pontos de consumo. Entre a produção e o consumo há uma série
de funções desempenhadas pelos diversos agentes envolvidos na
comercialização. Há três fases distintas no processo de comercialização:
concentração, equilíbrio e dispersão.

Em um enfoque mais actual, estes autores associam o conceito de comercialização à


coordenação existente entre a produção e o consumo dos produtos agro-pecuários, incluindo
a transferência de direitos de propriedade, a manipulação de produtos e os arranjos
institucionais que contribuem para a satisfação dos consumidores.
2.1. Função de comercialização agrícola

Por ser uma actividade realizada entre a produção e o mercado consumidor, a


comercialização cumpre a função de proporcionar a adequação da produção (oferta dos
produtos agrícolas), às preferências e necessidades dos consumidores (demanda dos produtos
agrícolas), constituindo dessa forma um dos componentes da estratégia de marketing dos
produtos agrícolas.

A actividade denominada comercialização agrícola estabelece, pois, a relação entre o


sector produtivo e o consumidor final.

Em síntese, a comercialização agrícola busca traduzir as características do conjunto de


actividades e arranjos institucionais necessários para que os produtos cheguem até o mercado.

Assim, a comercialização está relacionada com a transferência de propriedade e com a


agregação de valor aos produtos agrícolas, podendo o valor percebido pelos consumidores
(utilidades) estar relacionado ao tempo (armazenamento), ao lugar (transporte) e à forma
(processamento).

Essas actividades e arranjos institucionais são denominados de funções do sistema de


comercialização e definidos “como as actividades desempenhadas por instituições
especializadas durante as diversas fases da comercialização” (MENDES; PADILHA
JUNIOR, 2007, p. 193).

As funções de comercialização são actividades que, como tem que ser realizadas,
devem ser simplificadas mas jamais eliminadas, que de acordo com MENDES (2007),
descreve:
Funções da comercialização agrícola Características
Estão relacionadas à posse dos produtos agrícolas,
envolvendo a formação dos preços a partir da
relação entre as funções de compra e de venda.
 Compra;
Funções de troca  Venda;
 Formação de preços.
Estas funções envolvem a transferência de
propriedade dos bens, criando a utilidade de posse.
São as actividades relacionadas com o manuseio e
a movimentação das mercadorias. Estas funções
tentam resolver os problemas de "quando" e
"onde" comercializar, e "sob que forma" ("in
Funções físicas natura", industrializado) como:
 Transporte;
 Armazenamento;
 Processamento, beneficiamento e
Embalagem.
Estas são as funções que facilitam e permitem o
funcionamento das funções de troca e físicas, tais
como:
Funções auxiliares  Padronização e classificação;
 Financiamento (crédito);
 Risco;
 Informação de mercado;
 Pesquisa de mercado.

A comercialização pode desempenhar papel activo no desenvolvimento através de:


 Preços baixos de alimentos;
 Possibilidades de baixos salários nominais no sector não agrícola (mas altos salários
reais);
 Promoção da expansão da demanda de produtos agrícolas (Exemplo: soja);
 Estimulo à criação de empregos;
 Promoção da produção e a distribuição de alimentos que melhor reflictam a
preferência do consumidor;
 Incremento do nível de renda agrícola.

Para ROSTOW para haver desenvolvimento económico são necessárias duas condições
básicas:
 Crescimento equilíbrio entre os sectores urbano e rural;
 Integração do mercado nacional, cujo papel é o aumento da produtividade agrícola e
melhoria na comercialização agrícola através de maior eficiência e inovação
tecnológica.

Por outro lado, ABBOTT enfatiza três condições importantes para assegurar uma
demanda de mercado que ofereça os incentivos necessários à produção:
 Preços razoavelmente estáveis para os produtos agrícolas, a um nível compensador;
 Facilidades adequadas no mercado;
 Sistema satisfatório de posse da terra.

2.2. Papel da comercialização


A comercialização deve facilitar a responder os problemas económicos "o que" e
"quanto" produzir, "quando", "como" e "onde" distribuir os produtos, e sob que "forma". Em
outras palavras, isto significa:
 ORIENTAR A PRODUÇÃO, ou seja, transmitir aos produtores sobre uma demanda
existente;
 ORIENTAR O CONSUMO, através da promoção, visando aumentar a demanda
(exemplo: soja na alimentação humana).

2.3. Produção da utilidade:


 De posse, através da troca;
 De lugar, através do transporte, colocar as mercadorias no local adequado para os
consumidores;
 De tempo, através do armazenamento, dispor da produção no momento certo;
 De forma, através de processamento, beneficamente e embalagem, os produtos podem
sofrer alterações visando atender às necessidades humanas.
Conquanto existiam muitos objectivos sociais e económicos para os quais o sistema de
comercialização possa contribuir, as metas fundamentais e directas do sistema parecem ser
duas:
 Adoptar os serviços de transferência de mercadorias do produtor ao consumidor, de
qualidades eficientes e económicas;
 Prover de um mecanismo eficiente a determinação de preços.

Uma função de comercialização é definida como uma actividade especializada,


desempenhada durante as diversas fases da comercialização.

3. Mercado
Uma definição concisa de mercado é: “grupo de compradores e vendedores que têm
potencial para negociar uns com os outros” (HALL; LIEBERMAN, 2003, p. 56).
Para SANDRONI (2006, p. 528), em seu Dicionário de Economia do Século XXI, o
termo designa um grupo de compradores e vendedores que estão em contacto suficientemente
próximo para que as trocas entre eles afectem as condições de compra e venda dos demais.

Um mercado existe quando compradores que pretendem trocar dinheiro por bens e
serviços estão em contacto com vendedores desses mesmos bens e serviços.

Desse modo, o mercado pode ser entendido como o local, teórico ou não, do encontro
regular entre compradores e vendedores de uma determinada economia.

Concretamente, ele é formado pelo conjunto de instituições em que são realizadas


transacções comerciais (feiras, lojas, Bolsas de Valores ou de Mercadorias, etc.).

3.1. Tipos de mercados de produtos agrícolas e suas características

Que para Marques; Mello; Martine filho, 2008; bm &f, 2007a, 2007b; hull, 2005; corrêa;
raíces, 2005; Azevedo, 2001; silva neto, demonstram:

Tipos de mercados Características


Mercado onde os produtos são negociados com pagamento à vista ou
Mercado spot a prazo, mediante entrega imediata da mercadoria.
Mercado onde se negociam contratos a termo, especificando-se a
venda ou compra antecipada da produção, mediante preço
previamente combinado entre as partes, podendo ou não ocorrer
Mercado a termo adiantamento de recursos por conta da promessa de entrega futura da
mercadoria em local determinado. Os contractos não são
padronizados, são intransferíveis e somente poderão ser liquidados na
data acordada e com a entrega da mercadoria
Mercado onde se negociam contratos futuros, estabelecendo-se a
obrigação de compra e venda de uma mercadoria em data futura por
Mercado futuro um preço negociado em bolsa (pregão). Os contratos são padronizados
com relação aos prazos, à quantidade e à qualidade da mercadoria,
podendo ser liquidados antes do prazo de vencimento, mediante
reversão da posição assumida na bolsa (compra ou venda)
Mercado de opções Mercado onde se negociam contratos de opções, definindo-se acordos
onde uma parte, ao pagar um valor (prémio), adquire o direito
(opção) de comprar ou vender, em data futura, uma mercadoria a um
preço negociado em bolsa. Por sua vez, a contraparte, ao receber esse
valor (prémio), obriga-se a vender ou comprar essa mesma
mercadoria, caso a primeira exerça o seu direito de compra ou venda.
O valor do prémio é livremente negociado entre as partes (bolsa ou
balcão), e os contratos de opções são flexíveis, quando negociados em
balcão, e padronizados, quando negociados em bolsa.
Elaborado a partir de: MARQUES; MELLO; MARTINE FILHO,
2008; BM&F, 2007a, 2007b; HULL, 2005; CORRÊA; RAÍCES,
2005; AZEVEDO, 2001; SILVA NETO, 2002

3.2. Mercados e formação dos preços de alimentos


A escolha da estratégia a ser adoptada pelos agricultores no mercado proporciona a
diferenciação de posição em relação às outras propriedades, resultando em vantagens
competitivas no mercado, tais como: produtos com maior valor agregado para o consumidor;
produtos com custos mais baixos; e acesso a mercados mais amplos.
Nesse sentido, estratégia, segundo PORTER (1999, p. 63) é “criar uma posição
exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente conjunto de actividades”. Ela pode estar
baseada tanto na liderança em custo dos produtos quanto na diferenciação dos produtos e no
enfoque (segmento específico de mercado).
Dessa forma, uma propriedade rural poderá utilizar-se basicamente de duas
estratégias: a difusão de seus produtos no mercado e a segmentação dos mercados.
Na primeira estratégia, o agricultor está preocupado em distribuir os produtos no
mercado sem levar em consideração as diferenças que existem entre os possíveis
compradores, como é o caso das comodities agrícolas. Nesse caso, os produtos são
padronizados e a efectivação da comercialização está condicionada aos preços desses
produtos e à capacidade que têm os agricultores de cumprir os contratos.
Na segunda estratégia, ao contrário, a demanda é heterogénea, exigindo do agricultor
uma definição quanto aos mercados alvo a serem alcançados.
Nesse caso, os produtos são diferenciados e a efectivação da comercialização está
condicionada principalmente aos atributos de qualidade dos produtos agrícolas e à capacidade
que tem o agricultor de atingir segmentos específicos do mercado.
A diversificação da produção é uma estratégia que pode ser utilizada pelos
agricultores com o objectivo de enfrentar as adversidades da produção e do mercado.

Essa opção estratégica está relacionada à capacidade das propriedades rurais em


diversificar a produção mediante o uso de recursos próprios, já utilizados para a produção de
outros produtos agro-pecuários (terra, máquinas, equipamentos, galpões, açudes, mão de
obra, tecnologias de produção, entre outros). E ela poderá resultar na redução dos custos de
produção à medida que aumentar a diversificação da produção. (FARINA, 2000).

4. Programas e políticas de nutrição e políticas macroeconómicas do sistema alimentar


4.1. Programas e políticas de nutrição
Quanto ao contexto mais amplo das políticas, as seguintes oportunidades foram identificadas:
 Continuar os esforços em curso para fortalecer os mecanismos de colaboração e de
coordenação, tais como a elaboração conjunta do PES com os diferentes sectores
discutindo prioridades conjuntamente;

 Estabelecer o SETSAN como uma plataforma multilateral supra-sectorial autónoma


no mais alto nível, para galvanizar apoio político e um maior engajamento de todos os
sectores para a segurança alimentar e nutricional.

 Promover o desenvolvimento de capacidades em nutrição para a implementação


de programas, não apenas em termos de intervenções nutricionais directas, como
também em estratégias de integração da nutrição em outros sectores e promoção
de uma acção conjunta.

 Melhorar a capacidade de analisar as informações disponíveis para orientar a


formulação de políticas e promoção da SAN em todos os níveis.

 Promover uma melhor integração da ESAN II e do PAMRDC, para evitar acções


em paralelo ou percepções diferentes nos diferentes atores, promovendo as duas
iniciativas como uma estratégia transversal multissectorial unificada com
objectivos comuns.

 Promover uma maior participação da sociedade civil, para progressivamente


fortalecer o empoderamento das pessoas no nível local sobre o direito à
alimentação e sobre como participar das discussões que orientam a elaboração de
políticas de SAN. O processo de descentralização e estruturação de conselhos
consultivos distritais são iniciativas importantes a esse respeito e estão
actualmente em curso.

 Elaborar uma lei de segurança alimentar e nutricional para assegurar que a SAN
seja uma política de Estado, um direito assegurado por lei e uma prioridade
nacional para além de interesses políticos.
 Desenvolver um sistema multissectorial robusto de monitoramento e avaliação.

4.2. Prioridades das políticas e planos de acção nacionais de nutrição


Em Moçambique, a estratégia nacional de segurança alimentar e nutricional é
apresentada como uma estratégia transversal, que funciona como orientação para as políticas
sectoriais.
Em efeito desde 2008, a Estratégia e Plano de Acção de Segurança Alimentar e
Nutricional (ESAN II / PASAN) tem promovido a integração da segurança alimentar e
nutricional nas estratégias sectoriais. A ESAN II foi elaborada para orientar o trabalho de
SAN em diferentes sectores, e para orientar políticas e planos sectoriais e multissectoriais,
com os quais ela deve ser complementar.
A Estratégia define os papéis dos diferentes sectores (governo, sociedade civil, sector
privado e academia) e sua implementação é coordenada pelo SETSAN, o Secretariado
Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional.
A principal prioridade do governo de Moçambique no momento é a erradicação da pobreza.
O Programa Quinquenal do Governo é o instrumento que orienta as actividades do governo
para o próximo período, indicando para cada sector quais devem ser suas prioridades para
acção.
No PQG 2010-2014, a agricultura se apresenta como a base para o desenvolvimento
económico nacional, com um grande potencial de contribuir para a erradicação da pobreza.
O principal objectivo é avançar da agricultura de subsistência para um sistema integrado,
economicamente estável e competitivo, que pode contribuir de forma mais efectiva para o
produto interno bruto do país (PIB).
O Programa Quinquenal do Governo apresenta como temas transversais género,
segurança alimentar e nutricional e meio ambiente, dentre outros de relevância para o país,
tais como HIV / SIDA.
Ele também menciona a segurança alimentar e nutricional, traduzida através de acesso
físico e económico a alimentos, como um dos principais objectivos no combate à pobreza.
Um instrumento operacional fundamental para a implementação do Programa Quinquenal
2010-2014 é o Plano de Acção para a Redução da Pobreza 2011-2014 (PARP).
Ele tem como objectivo reduzir os índices de pobreza de 54,7% em 2010 para 42% em 2014.
Para alcançar o crescimento económico inclusivo para a redução da pobreza, o PARP se
concentra no aumento da produção agrária (incluindo a pesca), gerando emprego,
promovendo o desenvolvimento social e humano e melhorando a gestão das finanças públicas
e governança.
No que se refere à alimentação e nutrição, o PQG 2010-2014 estabelece como um objectivo
estratégico para o sector saúde a redução de doenças endémicas, como a malária, tuberculose,
HIV / SIDA e parasitoses, bem como a redução da desnutrição crónica, da desnutrição
protéico-calórica e da deficiência de micro nutrientes.
Especificamente para a nutrição, o Programa Quinquenal do Governo estabelece como
objectivos:
ü Promover o aleitamento materno exclusivo até 6 meses para atingir uma cobertura de
50%;
ü Atingir uma cobertura de 80% na suplementação de vitamina A em crianças menores
de 5 anos de idade; e
ü Desenvolver um plano multissectorial para enfrentar a desnutrição crónica.

O Plano de Acção Multissectorial para a Redução da Desnutrição Crónica em


Moçambique 2011-2014 (2020) (PAMRDC) foi desenvolvido para concretizar a terceira
meta definida para a nutrição no PQG 2010-2014. Actualmente, ele é a principal iniciativa
para a nutrição no país, pois não existe uma política nacional de nutrição.
O PAMRDC visa reduzir a desnutrição crónica em crianças abaixo de 5 anos de 44%
em 2008 para 30% em 2015 e 20% em 2020.
Ele foi aprovado em Setembro de 2010, após um processo preparatório cooperativo
que contou com a participação de vários setores do governo, em colaboração com os
parceiros de desenvolvimento, como doadores, sociedade civil e agências da ONU.

O PAMRDC apresenta um pacote de actividades / intervenções com a identificação


de objectivos estratégicos prioritários e sectores que devem contribuir para reduzir as taxas
actuais de desnutrição crónica. Sua implementação é coordenada pelo SETSAN.

O Ministério da Saúde é responsável pela implementação de intervenções específicas


de nutrição, como suplementação de vitamina A, promoção do aleitamento materno,
desparasitação, vigilância nutricional, alimentação terapêutica e outros.

Há também dois programas recentes de relevância para a nutrição no país.


O primeiro é o Programa Nacional para a Fortificação de Alimentos de
Consumo Massivo em Moçambique 2011 – 2015, coordenado por um Comité
Nacional (CONFAM), que é presidido pelo Ministério da Indústria e Comércio.

O programa é centrado na fortificação da farinha de milho, farinha de trigo,


óleo e açúcar para combater a desnutrição crónica e deficiências de micro nutrientes.

Os micros nutrientes em foco nas acções de fortificação são o ferro, a vitamina


A e o iodo.

O programa tem promovido o desenvolvimento de normas e regulamentos e


em Abril de 2013 foram lançadas as Normas para a Fortificação de Alimentos em
Moçambique.

Em sua implementação, o programa de fortificação está intimamente ligado ao


Programa Nacional de Iodação do Sal (PRONIS), que coordena o trabalho em torno
da implementação do Diploma Ministerial sobre Iodação do sal, adoptado em 2000.

O segundo é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PRONAE), aprovado


pelo Conselho de Ministros em Maio de 2013.

O principal objectivo do PRONAE é reduzir o impacto da insegurança alimentar e da


desnutrição crónica, que são conhecidos por influenciar negativamente o desempenho e
frequência escolares, entre outros.

Na sua fase inicial de implementação, o PRONAE vai se concentrar em pré-escolas e


escolas primárias, mas há a intenção de expandir o programa nos próximos anos.

Os três pilares do programa são: promoção da educação nutricional nas escolas,


desenvolvimento da capacidade agrícola e melhoria do estado nutricional e de saúde global
dos jovens aprendizes.

5. Políticas macroeconómicas

A macroeconomia pode ser definida como um ramo do campo da economia que estuda como
os factores que circundam essa conjuntura agregada se comportam.
Como o próprio nome diz, ela se concentra no aspecto macro, ou seja, o foco é na
economia de forma mais ampla e visa o crescimento do produto agregado, o baixo
desemprego e a estabilidade de preços.

5.1. Sistema alimentar


O sistema alimentar é uma complexa teia de actividades envolvendo a produção,
processamento, transporte, consumo e o descarte de alimentos.
Às vezes, esses sistemas podem sofrer alguns desequilíbrios, como a falta de acesso a
alimentos saudáveis e a oferta massiva de alimentos ultra processados e isso gera problemas
na segurança alimentar.
De acordo com a FAO, sistemas alimentares abrangem todas as pessoas, instituições e
processos pelos quais os produtos agrícolas são produzidos, processados e trazidos aos
consumidores. Cada aspecto do sistema alimentar influencia a disponibilidade e
acessibilidade de alimentos variados e nutritivos, e portanto a possibilidade dos consumidores
de escolher dietas saudáveis (FAO 2013). entre outras (Popkin, Adair e Ng 2012).
Estas transformações vêm alterando a forma como o alimento é produzido, colhido,
armazenado, processado, distribuído, comercializado, preparado e consumido.
Os sistemas agrícolas e alimentares estão em melhor posição para influenciar a
produção de alimentos e os padrões de consumo de alimentos nutritivos necessários para um
viver saudável e activo.
Actuais sistemas agrícolas e alimentares evoluíram para se tornar mais complexos e
globais, com trajectórias mais longas na cadeia de suprimento do campo à mesa.
O objectivo deve ser o de melhorar a segurança alimentar e nutricional e combate à
carga múltipla de má nutrição através da alimentação, agricultura e outros sectores relevantes.
Embora haja um amplo consenso sobre o grande potencial da agricultura e do sistema
alimentar para melhorar a nutrição, actualmente existem experiências limitadas com esta
abordagem em escala e as recomendações técnicas rigorosamente baseadas em evidências
para informar os decisores políticos ainda são insuficientes.
Daí a necessidade de adopção de políticas do sistema alimentar, nomeadamente:
a) Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional (ESAN I)
b) Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário (Pro-Agri I 1998-2005) (ProAgri II
2007-2010)
c) Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA I 2001-2005) e (PARPA II
2006-2009)
d) Plano de Acção para Redução da Pobreza (PARP) 2011-2014

e) Agenda 2025

f) Estratégia de Desenvolvimento Rural (2007)

g) Estratégia de Revolução Verde

h) Plano de Acção para a Produção de Alimentos (PAPA) 2008 - 2011

i) Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA) 2011-2020

j) Plano Nacional de Investimento do Sector Agrário (PNISA) 2013-2017

6. Impacto de sistemas agrícolas e política alimentar e nutricional em Moçambique.


6.1. Impacto de sistemas agrícolas
A agricultura, a nutrição e a saúde têm vínculos claros: níveis adequados de produção
de alimentos são o primeiro passo necessário para garantir a disponibilidade de alimentos
nutritivos para o consumo, o que influencia a saúde e o estado nutricional de indivíduos e
populações.
Mas apesar de intimamente relacionadas, estas três áreas dialogam muito pouco.
Há uma grande desconexão entre as prioridades de produção e as necessidades de consumo
de alimentos.
As potenciais consequências (positivas ou negativas) das políticas e intervenções
agrícolas na saúde e nutrição são raramente consideradas.
Na prática, os diferentes sectores operam em silos com suas próprias prioridades e os
vínculos aparentemente claros entre eles se perdem (Hoddinott: 2012).

A necessidade de uma abordagem intersectorial para enfrentar a má nutrição em todas


as suas formas (desde desnutrição e deficiências de micro nutrientes até o sobre peso e
obesidade) está sendo cada vez mais discutida, assim como a necessidade de promover
sistemas alimentares mais sensíveis à nutrição. Também é cada vez mais reconhecido que as
intervenções que consideram os sistemas alimentares como um todo são mais propensas a
alcançar resultados positivos em relação à nutrição (FAO 2013).

6.2. Política Alimentar e nutricional em Moçambique


A opção pela adopção de uma economia centralmente planificada no período após a
independência acarretou transformações profundas nos modos e sistemas de produção,
particularmente para o campesinato. A crença de que a edificação de uma revolução
socialista, num país com mais de 80% de população camponesa, exigia uma proletarização do
meio rural converteu-se na palavra de ordem.
Teoricamente, pretendia-se a socialização do meio rural através de um processo
radicalizado, onde a estatização do sector privado constituía um dos eixos de
desenvolvimento (Mosca, 2008).
 A nacionalização das empresas agrícolas coloniais deu lugar as novas empresas
estatais, que cedo mostraram-se ineficientes em muitos dos seus segmentos de
actuação, quer pela expulsão dos ex-gestores coloniais após a independência (na
maioria colonos portugueses), quer pela mudança drástica na afectação dos factores
de produção e das relações de trocas comerciais.
 A cooperativização da agricultura emergiu como a estratégia massificadora da
proletarização do campesinato. A estas duas abordagens associa-se a controversa
concentração das comunidades em aldeias comunais numa política conhecida como a
socialização/urbanização do meio rural.
 Se por um lado as aldeias comunais representavam novas formas de reprodução
económica e social, incluindo a facilidade do estado de providenciar serviços básicos
como a saúde, educação e infra-estruturas, por outro, estas eram tidas como campos
de formação política e ideológica segundo as doutrinas do partido único (FRELIMO).
A diferença central desta fase com o período colonial reside na priorização da
produção alimentar (food crops), ao passo que o regime colonial tinha como prioridade
culturas voltadas para exportação (cash crops).
No entanto alguns aspectos chamam particular atenção quando se analisa a visão
holística do governo do dia sobre a agricultura:
 Há uma clara ausência de políticas, ou intervenções específicas de vulto voltadas para
a segurança nutricional, a ênfase foi mais dada a segurança alimentar;
 A primeira prioridade era de assegurar a auto-suficiência alimentar, periodizando a
produção das principais culturas alimentares, ou seja, produzir comida para o povo
moçambicano;
 Produção de culturas tradicionais de alto valor comercial, tendo em conta as
oportunidades para o desenvolvimento de uma indústria transformadora nacional, por
exemplo, as conhecidas empresas algodoeiras que surgiram particularmente nas
regiões centro e norte de Moçambique;
 Aumentar o volume de exportações de bens manufacturados, particularmente para os
países socialistas com vista a gerar divisas e incrementar investimentos nacionais.
Assim, a agricultura é vista como a base de desenvolvimento e a indústria o factor
dinamizador.
Conclusão

Depois de uma leitura atenciosa sobre o tema abordado no presente trabalho


científico, podemos chegar a conclusão de que não existe nenhum sistema económico global
que prospere sem que sejam accionadas políticas fortes na componente agrícola convista a
tornar o país, no caso em concreto auto sustentável e as pessoas tenham acesso aos alimentos,
por forma que a pobreza absoluta que se pretende combater seja uma realidade e a fome seja
reduzida a níveis bastante ambiciosos, ou seja a nível zero.
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