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Fig. 5 Esquema de uma fatia de plasma perturbada. A espessura da fatia é δ e todos os elétrons
da fatia foram deslocados para dentro do plasma fora da fatia.
O campo elétrico dentro da fatia pode ser determinado pela lei de Gauss,
considerando que, por razões de simetria, ele deve estar na direção do eixo x.
Aplicando a lei de Gauss ao cilindro indicado na Fig. 5, temos
r r q
∫E • d S =
ε0
.
r
Na superfície lateral do cilindro, o campo elétrico é perpendicular ao vetor dS e
dentro do plasma podemos considerar o campo elétrico nulo devido `quasi-
neutralidade do plasma. Por outro lado, dentro do cilindro a carga total será dada
pela densidade iônica (suposta uniforme) vezes a carga vezes o volume; assim, a
lei de Gauss fica
r r q neAx ne
∫E • dS = EA = ε 0
=
ε0
⇒E=
ε0
x.
Calculemos agora a força que este campo vai exercer num elétron dentro do
plasma, próximo à borda da fatia. A força será
ne 2
F= x.
ε0
Para se ter uma idéia da ordem de grandeza dessa força, consideremos uma
densidade típica de um plasma de fusão, n ≈ 1020 m-3 e um pequeno
deslocamento, x ≈ 1mm. Neste caso a força será aproximadamente 2,9×10-10 N,
causando uma aceleração do elétron de 3,2×1020 m/s2 !. Portanto, qualquer
pequeno desvio da qausi-neutralidade faz surgir uma intensa força restauradora
que força a neutralidade novamente.
Na presença da força restauradora, a equação de movimento do elétron fica
d 2x ne 2 d 2x ne 2
me = eE = x , ou = x.
dt 2 ε0 dt 2 me ε 0
Esta é a equação do oscilador harmônico clássico, cuja solução pode ser escrita
como (verifique por substituição)
( )
x (t ) = x 0 cos ω pe t ,
ne 2
ω pe = .
me ε 0
Blindagem de Debye
O campo elétrico que surge num plasma quando há separação de cargas
tem uma conseqüência interessante e, de certa forma, inesperada, quando se
considera o campo criado por qualquer “carga teste” imersa no meio. Suponhamos
que uma carga teste positiva, esfericamente simétrica, seja inserida em um
plasma originalmente neutro, ou seja, com densidades ne = ni = n. Os íons vão ser
repelidos pela carga teste e os elétrons atraídos, modificando localmente o
potencial eletrostático e a distribuição de cargas em seu entorno. No entanto, a
configuração final de cargas não é estática. Como os elétrons e íons têm energia
térmica, aqueles podem se afastar e estes se aproximar da carga teste,
intercambiando energia cinética (térmica) com energia potencial (eletrostática).
Portanto, a configuração resultante vai depender da energia térmica do plasma, ou
seja, de sua temperatura.
r r q q e
∫E • dS = 4πr 2 E = = t +
ε0 ε0 ε0 ∫(n i ne )dV ,
onde supusemos que os íons têm carga igual à dos elétrons. A variação radial das
densidades iônica e eletrônica vai depender da dependência radial do potencial
eletrostático porque, como o sistema está em equilíbrio térmico, a distribuição de
cargas vai variar segundo o fator exponencial de Boltzmann, cujo argumento é
dado por [– (energia potencial)/(energia térmica)]1. A energia potencia eletrostática
é dada por qφ(r ) e a energia térmica por kBT. Como a carga dos íons é q = e e a
dos elétrons q = -e, temos
_ eφ eφ
k BT k BT
ni = ne e ne = ne ,
_ eφ eφ
q ne
ε0 ε0 ∫
4πr E = t +
2
(e kBT _ e kBT )dV .
_eφ eφ
eφ eφ eφ
(e k BT
_e k BT
) ≈ 1_ _ ..... _(1 + + ......) ≈ _ 2 ,
k BT k BT k BT
1
Os alunos não familiarizados com a distribuição de Boltzmann devem ler o livro do Prof. Moysés
Nussenzweig, Física, Vol. 2, cap. 12
dφ q t ne 2
ε 0 k BT ∫
_ 4πr 2
= _2 φ(r )dV .
dr ε 0
dφ qt ne 2
r2
dr
=_
4πε 0
_2
ε 0 k BT ∫r 2
φ(r )dr .
Esta equação integral pode ser resolvida facilmente derivando-a uma vez
mais com relação a r, obtendo
1 d 2 dφ ne 2φ
(r )=2 .
r 2 dr dr ε 0 k BT
A forma da solução dessa equação pode ser inferida por argumentos físicos;
sabemos que, ao nos aproximarmos da carga teste, o potencial tem que variar
com 1/r. Então, podemos tentar uma solução do tipo
f (r )
φ(r ) = ,
r
1 d 2 dφ 1 df df d 2f 1 d 2f
( r ) = (_ + + r ) = .
r 2 dr dr r 2 dr dr dr 2 r dr 2
ε 0 k BT
λD = ,
ne 2
r r
A _ 2
λD B 2
λD
a solução da equação para f é dada por f (r ) = e + e . Como o
r r
segundo termo diverge quando r → ∞, temos que fazer B = 0 e a expressão para o
potencial eletrostático fica
r
A _ 2
λD
φ(r ) = e .
r
r
qt _ 2
λD
φ(r ) = e .
4πε 0 r
Potencial
3
2
Po tencial de Cou lomb
Potencial de Debye
0
0,0 0,5 1, 0 1,5 2,0 2, 5 3,0
r/lambda Debye
qt
eixo vertical é o potencial normalizado à λD .
4πε 0
Como qualquer carga do plasma pode ser considerada com uma “carga
teste”, todas elas se comportam como macro partículas “vestidas”, ou seja, em
torno de cada carga podemos considerar que há uma nuvem de blindagem de
forma que, ao uma carga se aproximar de outra, elas só sentirão o campo
eletrostático de uma carga pontual se estiverem à uma distância inferior à
distância de Debye entre elas.
Definição de Plasma
Agora podemos definir um plasma mais corretamente, não simplesmente
como um “gás ionizado”. Consideramos um plasmas como um sistema de cargas
livres no qual a blindagem eletrostática é efetiva. Para que isso ocorra,
naturalmente a densidade de cargas tem que ser o suficientemente alta para que
haja um número adequado de cargas dentro de uma esfera de Debye para que a
blindagem eletrostática seja efetiva. O volume de uma “esfera de Debye”, no
entorno de qualquer carga, é dado por
4π 3
λ .
3 D
4π 3 ε k T 3 8π
N = 2n λD = [ 01 B ] 2 .
3 n 3e 2 3
Para que a blindagem seja efetiva, naturalmente é necessário que N >> 1, ou,
escrito de uma forma conveniente, que
1
g≡ << 1.
nλ3D