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Deus dissera a Adão que podia comer livremente de toda árvore do jardim, exceto da
árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau. (Gênesis 2:17) A este casal e seus
descendentes apresentava-se a vida eterna, condicionada apenas pela sua obediência. Seria
uma desgraça para toda a família de Deus, no céu e na terra, se Adão fosse tão desrespeitoso,
ao ponto de desobedecer a Deus.
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Deus dera a Adão tudo para o usufruto dele. O próprio Adão não fizera com que a terra
produzisse as boas coisas para comer. Não foi ele quem criou a sua bela companheira, Eva.
Não foi ele quem fez o seu próprio corpo, com as faculdades que o habilitavam a usufruir as
coisas que possuía. Mas, embora Adão amasse e usufruísse a bela vida que se lhe concedera
bondosamente, não continuou no proceder obediente.
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Por fim, Adão passou a colocar seus supostos interesses acima daqueles de seu Pai
celestial. Achava mais importantes os seus desejos imediatos, do que a família de Deus e os
descendentes que havia de ter. Até mesmo homens imperfeitos desprezam alguém que trai a
sua família ou que vende os seus próprios filhos em escravidão e morte. E isto foi o que Adão
fez. — Romanos 7:14.
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Em que consistia o pecado de Adão? Relacionava-se com a “árvore do conhecimento do
que é bom e do que é mau”. Tem havido muita conjetura sobre esta árvore. Era mesmo uma
árvore? Qual era o “conhecimento” e ‘o que é bom e o que é mau’? Por que colocaria Deus tal
árvore no jardim?
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A Bíblia indica que a árvore era real, falando dela como sendo uma das árvores frutíferas
do jardim. (Gênesis 2:9) Qual era o “conhecimento” representado pela árvore? A versão
católica, em inglês, da Bíblia de Jerusalém faz um comentário pertinente, numa nota ao pé da
página, sobre Gênesis 2:17:
17
“Este conhecimento é um privilégio que Deus reserva para si mesmo e de que o
homem se apodera por pecar, [Gênesis] 3:5, 22. Por isso, não significa
onisciência, que o homem decaído não possui; nem é discriminação moral, porque
o homem, antes de cair, já a possuía e Deus não a podia negar a um ser racional.
É o poder de decidir por si mesmo o que é bom e o que é mau, e de agir de
acordo, uma reivindicação de completa independência moral, pela qual o homem
se nega a reconhecer sua condição de ser criado. O primeiro pecado foi um
ataque contra a soberania de Deus, um pecado de orgulho.”
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A árvore simbolizava, na realidade, a fronteira — a linha de
demarcação — ou o limite do devido domínio do homem. Era certo e
correto, sim, era essencial que Deus informasse Adão sobre esta
fronteira. Comer o homem perfeito daquela árvore exigiria o
consentimento deliberado de sua vontade indicaria a decisão feita de
antemão, de que se retirava da sujeição ao governo de Deus, para seguir
seu próprio caminho, fazendo “o que é bom” ou “o que é mau”, segundo
as suas próprias decisões.
Simples como era esta ordem, envolvia questões morais de conseqüências sérias. A
desobediência à ordem de Deus, por parte dos primeiros humanos, significaria rebelião contra
Ele, qual Governante. Por quê?
Era a proibição de Deus que tornava errado comer do fruto da “árvore do conhecimento do
que é bom e do que é mau”. Não havia nele qualidades venenosas. O fruto era sadio,
literalmente “bom para alimento”. (Gênesis 3:6) Portanto, a proibição de Deus quanto à árvore
simplesmente salientava a dependência correta do homem de seu Criador, qual Governante.
Pela obediência, o primeiro homem e a primeira mulher podiam mostrar que respeitavam o
direito de Deus, de fazê-los saber o que era “bom”, ou divinamente aprovado, e o que era
“mau”, ou divinamente condenado. A desobediência de sua parte, portanto, significaria rebelião
contra a soberania de Deus.
Jeová Deus declarou que a penalidade para tal rebelião seria a morte. Era esta pena severa
demais? Ora, não consideram muitas nações do mundo ser seu direito impor a pena capital por
certos crimes? No entanto, estas nações não podem dar nem sustentar a vida de ninguém.
Mas o Criador do homem pode. E foi por causa da vontade dele que Adão e Eva vieram à
existência. (Revelação ou Apocalipse 4:11) Portanto, não era direito que o Dador e Sustentador
da vida indicasse que a desobediência a ele merecia a morte? Certamente que sim! Também,
só ele reconhecia plenamente a seriedade dos efeitos perniciosos resultantes da
desobediência à sua lei.
Por obedecer à ordem de proibição, aquele primeiro casal humano, Adão e Eva, podia ter
demonstrado seu apreço e sua gratidão a Deus, por tudo o que fez por eles. A obediência de
motivação
do conhecimento do bem e do mal não era venenoso, mas saudável, literalmente ‘bom para
alimento’. Assim, a restrição de Deus relativa a este fruto era a única coisa que tornava mau
comer dele. A árvore, por conseguinte, era um símbolo adequado do direito de determinar os
padrões do bem e do mal, direito este que Deus reservava para si mesmo por proibir Adão de
comer dele. Esta proibição destacava a completa dependência do homem para com Deus
como seu Regente Soberano. Pela obediência, o primeiro homem e mulher mostrariam que
respeitavam o direito de Deus de lhes tornar conhecido o que era “bom” (divinamente
aprovado) e o que era “mau” (divinamente condenado). A desobediência da parte deles
significaria uma rebelião contra a soberania de Deus. Este entendimento dos assuntos é
reconhecido numa nota marginal da moderna tradução católica conhecida como The
Jerusalem Bible: “O primeiro pecado foi um ataque à soberania de Deus, um pecado de
orgulho.”
A própria ordem era de uma natureza que deveríamos esperar de um Deus de amor e
justiça. Não havia nada de desarrazoado quanto à árvore. Nem Adão nem Eva foram destarte
forçados a uma situação difícil. Não foram privados de necessidades para sustentar ou manter
sua vida. Havia muitas outras árvores no jardim das quais podiam comer à vontade.
A ordem também mostrava a mais alta consideração pela dignidade do homem.
Originalmente fornecida a Adão, não atribuía inclinações baixas ou degradadas ao primeiro
homem, inclinações estas que precisavam ser controladas por uma lei específica. Por exemplo,
Jeová não disse a Adão: ‘Não deves cometer bestialidade.’ Não, a ordem envolvia algo
inteiramente natural e correto, comer.
Embora simples, a ordem poderia revelar o que se poderia esperar do primeiro homem e
mulher no sentido de lealdade. Isto se harmoniza com o princípio enunciado por Jesus Cristo:
“Quem é fiel no mínimo também é fiel no muito, e quem é injusto no mínimo, também é injusto
no muito.” (Luc. 16:10) Tanto Adão como Eva tinham a capacidade de manter perfeita
obediência. Nesta base, ninguém hoje pode afirmar que a sentença de morte foi injusta.
Para nós, hoje, é vital que nos empenhemos de modo a não vir a arrazoar da mesma forma
que Adão e Eva. Embora Adão não fosse enganado, a rebelião de sua esposa aparentemente
o moveu a perder a fé na habilidade de seu Pai celestial de manobrar as coisas para a sua
bênção. Aparentemente ficou ofendido contra Jeová Deus, dizendo: “A mulher que [tu] me
deste para estar comigo, ela me deu do fruto da árvore e por isso o comi.” (Gên. 3:12) Quanto
à Eva, foi completamente enganada. Pelas palavras da serpente, Eva veio a crer que Jeová
Deus a estava mantendo rebaixada e ignorante. Assim, veio a encarar a desobediência, a
independência de Deus, como o caminho para a felicidade.
Lembrando-nos de que aquilo que Adão e Eva fizeram ao comer de um fruto real, mas
divinamente proibido, significava rebelião contra a soberania de Jeová, devemos desejar fazer
com que nossa determinação seja a de permanecer súditos leais de nosso Criador. Jamais
devemos querer ser enganados, pensando que as leis de Deus são injustas e não visam
nossos melhores interesses. Não importa que circunstâncias se desenvolvam, nós, diferentes
de Adão, devemos manter diante de nós o fato de que Jeová pode abençoar e abençoará seus
servos devotados. Temos a garantia bíblica, confirmada por inúmeros exemplos através da
história humana de que Jeová Deus é o “recompensador dos que seriamente o buscam”. —
Heb. 11:6.
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“Assim”, prossegue Gênesis 3:1, “ela começou a dizer à mulher: ‘É realmente assim que
Deus disse, que não deveis comer de toda árvore do jardim?’” Ora, como soube a serpente de
tal coisa? Ou como podia entender isso? Também, por que nunca antes tinha falado com o
marido da mulher, Adão? Como é que podia falar na língua humana? Nunca antes havia uma
serpente falado com o homem, e nunca mais aconteceu isso desde então. Eva não estava
imaginando que alguém falasse com ela. Não estava falando consigo mesma, na sua própria
mente, apenas pensando. A voz em forma humana parecia proceder da boca da serpente.
Como podia ser isso? A única outra voz, além da de seu marido Adão, que Eva havia ouvido no
jardim, fora a de Deus, mas de modo direto, não por intermédio de alguma criatura animal,
subumana. Por todas as evidências, segundo o que a serpente disse, a voz não era a de Deus.
A voz perguntava a Eva algo sobre o que Deus disse.
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Quando Eva respondeu à pergunta, não falou àquela serpente, mas à inteligência invisível
que usava a serpente assim como faz o ventríloquo. Era este orador inteligente, invisível,
amigável para com Deus ou não? Por certo, o método usado pelo orador invisível em falar com
Eva era enganoso, induzindo-a a pensar que fosse a serpente que falava. Aquele orador
indagador ocultava sua identidade atrás duma serpente visível e assim agia de modo
enganoso. No entanto, Eva não discerniu nem reconheceu que este orador, usando a serpente,
estava maliciosamente tentando enganá-la. Não suspeitando nada, Eva respondeu.
“A isso a mulher disse à serpente: ‘Do fruto das árvores do jardim podemos
comer. Mas, quanto a comer do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus
disse: “Não deveis comer dele, não, nem deveis tocar nele, para que não
morrais.”’” — Gênesis 3:2, 3.
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Por chamá-la de “árvore que está no meio do jardim”, Eva referia-se à árvore do
conhecimento do que é bom e do que é mau. Mas, como chegou Eva a saber desta árvore?
Deve ter sido informada por Adão como profeta de Deus. Foi a ele que Deus disse, quando
Adão estava sozinho, antes da criação de Eva: “De toda árvore do jardim podes comer à
vontade. Mas, quanto à árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, não deves
comer dela, porque no dia em que dela comeres, positivamente morrerás.” (Gênesis 2:16, 17)
Segundo Eva, Deus dissera também que não se devia tocar na árvore proibida. Por isso, Eva
não desconhecia a penalidade pela violação da lei de Deus. Era a morte.
tendências depravadas que precisavam ser coibidas. Em vez disso, envolvia algo que em si
mesmo era normal e correto — comer alimento. Conforme Deus disse ao homem: “De toda
árvore do jardim podes comer à vontade. Mas, quanto à árvore do conhecimento do que é bom
e do que é mau, não deves comer dela, porque no dia em que dela comeres, positivamente
morrerás.” (Gênesis 2:16, 17) Este requisito não privava o primeiro casal de algo necessário à
vida. Podiam comer de todas as outras árvores no jardim. Entretanto, sua perspectiva de vida
futura estava decididamente envolvida, e isso de direito. Por quê? Porque Aquele que requeria
obediência era a própria Fonte e o próprio Sustentador da vida humana.
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Não era do propósito de Deus que os humanos morressem. Não se fez nenhuma menção
de morte a Adão e Eva exceto como punição pela desobediência. Nossos primeiros pais tinham
diante de si a perspectiva de viver para sempre no seu lar pacífico, semelhante a um parque. O
que se exigia deles, para concretizá-la? Tinham de reconhecer que a terra em que viviam
pertence Àquele que a fez, e que, como Criador, Deus corretamente tem autoridade sobre sua
criação. (Salmo 24:1, 10) Certamente, Aquele que havia dado aos humanos tudo o que estes
necessitavam, incluindo a própria vida, merecia obediência em tudo o que requeresse deles.
Contudo, ele não queria que essa obediência fosse imposta. Em vez disso, devia vir de
corações espontâneos, motivados pelo amor. (1 João 5:3) Mas os nossos primeiros pais
deixaram de mostrar tal amor. Como aconteceu isso?