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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

INSTITUTO DE QUÍMICA E TECNOLOGIA - IQB


ENGENHARIA QUÍMICA
FÍSICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL

DETERMINAÇÃO DA ENERGIA DE ATIVAÇÃO


DE UMA REAÇÃO QUÍMICA IÔNICA

ANDRÉ GUSTAVO JUSTINO DE ARAÚJO


ANDRESSA VERÍSSIMO DE BRITO
LUIZ EDUARDO SILVA NUNES

Maceió-AL
31 de março de 2021
DETERMINAÇÃO DA ENERGIA DE ATIVAÇÃO
DE UMA REAÇÃO QUÍMICA IÔNICA

Relatório apresentado à disciplina de


físico-química experimental, através da
determinação da energia de ativação da reação
de oxirredução entre o permanganato de
potássio (KMnO4) e o ácido oxálico (H2C2O4),
com o fito de composição de nota para AB1.

Professora: Carmem Lucia Zanta

Maceió-AL
31 de março de 2021

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SUMÁRIO

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4
2. OBJETIVOS 7
2.1. Objetivo Geral 7
2.2. Objetivo Específico 7

3. MATERIAIS E REAGENTES 8
4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 9
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 10
6. CONCLUSÃO 14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 15

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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na teoria cinética das ligações vemos uma forte dependência que a reação tem entre a
quantidade de choques moleculares.
Considerando que uma molécula A interaja com uma molécula B para formar um
determinado produto (C + D), esta reação é precisamente direta, independente da quantidade
das concentrações das espécies. Entretanto, não necessariamente essa reação terá o consumo
efetivo dos reagentes, pois nem todas as moléculas têm a mesma velocidade, em várias ordens
de grandeza, com isso, somente os reagentes não garante a reação por si só.

A+B⇔C+D (1)

Sendo assim, a molécula que inicia a reação com uma energia cinética alta, gerará uma
energia vibracional que é capaz de romper ligações e, assim, iniciando a formação de
produtos. Porém, se a mesma não tiver energia suficiente para promover esta colisão, as
moléculas simplesmente permaneceram intactas, sem reagir, pois não houve energia
vibracional suficiente para que as ligações fossem rompidas.
Em outras palavras, para que a colisão seja efetivada as moléculas necessitam de uma
energia cinética igual ou superior a energia de ativação (Ea), ou seja, é a energia mínima
necessária para que se inicie uma reação química (CHANG e GOLDSBY, 2013). Quando as
moléculas colidem, elas formam um complexo ativado (estado de transição), que é uma
espécie transitória oriunda das moléculas de reagente que colidem antes da formação do
produto, ou seja, AB ∓.

A + B → AB∓ → C + D (2)

A reação libera calor (exotérmica) se os produtos forem mais estáveis que os reagentes
(Figura 1 (a)). Se a reação absorver calor (endotérmica) significa que os produtos são
instáveis se comparados com os reagentes (Figura 1 (b)). Tais representações são meramente
qualitativas sobre a energia potencial da reação pelo progresso da reação.

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Figura 1. Energia de ativação para a reação exotérmica (a) e endotérmica (b).

Fonte: Química - AMGH: perfis para energia potencial exotérmica e endotérmica. Chang e Goldsby, 2013.

De modo geral, a Ea é uma forma de impedir que aquelas moléculas de energia inferior
possam formar o determinado composto.
A dependência que a velocidade da reação tem em relação a temperatura é explicada
pela equação de Arrhenius abaixo:

k = Ae -Ea/RT (3)
Onde:
● k: constante de velocidade da reação;
● A: fator de frequência;
● e: base dos logaritmos naturais;
● Ea: energia de ativação (k·J/mol);
● R: constante do gases perfeitos (8,314 J/K·mol);
● T: temperatura em escala absoluta (K).

Assim, sendo A a frequência de colisões em faixas variadas de temperatura e, pela


Equação (3) é diretamente proporcional a constante de velocidade da reação, logo, a
velocidade da reação vai depender da quantidade de colisões para cada reação.
O sinal negativo no expoente indica a diminuição de k com o aumento da energia de
ativação e o aumento de k ao elevar a temperatura.
Aplicando o logaritmo natural em ambos os lados da equação de Arrhenius podemos
linearizar a equação (Equação 5), como mostra abaixo de forma simplificada:

ln k = ( − 𝐸𝑎
𝑅 )( )+ ln A
1
𝑇
(4)

↕ ↕ ↕ ↕
5
y = m · x + b (5)

Assim, a representação é uma reta inclinada cuja inclinação m é igual a - Ea/RT e cuja
intersecção b no eixo dos y é ln A.
𝑑𝑥
Considerando que 𝑑𝑡
= k·C e que no caso de realizar experimentos em concentrações

iniciais idênticas, variando apenas as temperaturas, pode-se calcular a energia de ativação do


processo, se considerada uma situação de pseudo-primeira ordem. Assim, como ln(x/xo) = k·t,
se estabelecida uma relação x/xo constante, pode-se obter o valor de k para cada temperatura,
e consequentemente, o valor da Energia de Ativação.
A reação de oxirredução é caracterizada pela transferência de elétrons. A maioria dos
processos redox ocorrem em meio aquoso. Em toda semirreação que há perda de elétrons é
chamada de oxidação e, quando há ganho, redução. Além disso, quando a espécie doa elétrons
é denominada de agente redutor e, a mesma, é oxidada; já quando a espécie recebe elétrons é
denominada de agente oxidante, logo, a mesma é reduzida.
Em solução, o íon permanganato (MnO4-), que tem cor violeta intensa, é um oxidante
extremamente forte em misturas neutras e ácidas, sendo ainda mais poderoso em soluções
básicas. Dependendo do pH do meio, o MnO4- (aq) sofre reações de redução que levam a
diferentes estados de oxidação.
Quando a solução aquosa de permanganato de potássio (KMnO4) é adicionada à
solução de ácido oxálico (H2C2O4), em meio ácido (H+), ocorre a reação representada abaixo:

5 H2C2O4(aq) + 2 KMnO4(aq) + 3 H2SO4(aq) →2 MnSO4(aq) + 10 CO2(g) + K2SO4(aq) + 8 H2O(l) (6)

Agora, a reação simplificada:

5 C2O42-(aq) + 2 MnO4-(aq) + 16 H+(aq) →2 Mn2+(aq) + 10 CO2(g) + 8 H2O(l) (7)

O estado 2+, representado pelo íon Mn2+, é o mais estável e mais comum e, em meio
ácido forte, apresenta coloração incolor.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral


● Determinar a energia de ativação da reação de oxirredução entre o íon permanganato
(MnO4-) e o íon oxalato (C2O42-).

2.2. Objetivo Específico

● Calcular a constante cinética para cada temperatura estudada.

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3. MATERIAIS E REAGENTES

● Cronômetro;
● Banho termostático;
● Termômetro;
● Erlenmeyers;
● Solução de permanganato de potássio (KMnO4) a 0,0050 mol/L;
● Solução de ácido oxálico (H2C2O4) a 0,50 mol/L (preparada em H2SO4 a 1,0 mol/L);
● Béquer;
● Gelo.

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4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

● Colocou-se no erlenmeyer A 10 mL da solução de permanganato e no erlenmeyer B


10 mL da solução de ácido oxálico;
● Levou-se os dois erlenmeyers para o banho de água com gelo;
● Aguardou-se até a temperatura atingir o equilíbrio e anotou-se a temperatura da
solução;
● Adicionou-se rapidamente a solução do erlenmeyer B à solução do erlenmeyer A e ao
mesmo tempo, disparou-se o cronômetro;
● Manteve-se a mistura sob agitação dentro do banho;
● Aguardou-se atentamente o momento em que desapareceu a coloração púrpura da
solução ficando totalmente incolor. Anotou-se o tempo de viragem;
● Repetiu-se o procedimento em um banho de água a temperatura ambiente e pelo
menos em três temperaturas superiores.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A fim de determinarmos a energia de ativação da reação, monitoramos o íon


permanganato como apresentada na reação reduzida (Equação 7), cuja solução é de coloração
é violeta intensa, para que consigamos determinar a constante de cinética da reação e,
posteriormente, a energia de ativação da mesma. Para a realização desse monitoramento
tem-se que o referido íon será completamente consumido pelo íon oxalato, dado que o último
encontra-se em excesso. Ademais, podemos determinar que o íon foi totalmente consumido
quando a solução tender para um estado incolor e não mais violeta. Dessa forma, como
estamos em uma reação cuja cinética é de pseudo-primeira ordem podemos determinar sua
constante cinética por:

𝑙𝑛( )𝑥
𝑥0
= − 𝑘𝑡 (8)

Onde:
● x: concentração da espécie no tempo t;
● x0: concentração da espécie no tempo t = 0;
● t: tempo (s);
● k: constante cinética

Como misturamos 10 mL de uma solução de permanganato de potássio (0,05 M) com


10 mL de uma solução de ácido oxálico (0,5 M). O volume total da mistura é dado pela soma
dos volumes das soluções. Desse modo, depreende-se que:

𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 10 𝑚𝐿 + 10 𝑚𝐿 = 20 𝑚𝐿 (9)

Para determinarmos x0, a partir do seu número de mols inicial e do volume total da
solução, temos:

𝐶𝑖 𝑉𝑖 = 𝐶𝑓𝑉𝑓 (10)
10
Onde:
● Ci: concentração inicial;
● Vi: volume inicial;
● Cf: concentração final;
● Vf: volume final.

𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
0, 5 𝐿
· 10 𝑚𝐿 = 𝐶𝑓 · 20𝑚𝐿 ⇒ 𝐶𝑓 = 𝑥0 = 0, 25 𝐿

A fim de determinar o x, temos a partir da estequiometria da Equação 7, o quanto de


oxalato é necessário para reagir completamente com a quantidade em mol fornecida para o
íon permanganato. Primeiramente, determinamos o número de mols de permanganato (nper)
disponível apresentado na Equação 11, e em seguida estabelecemos a relação estequiométrica
(Equação 12) entre os íons oxalato e permanganato:

𝑚𝑜𝑙
𝑛𝑝𝑒𝑟 = 10 𝑚𝐿 ⋅0, 05 𝐿
= 0, 05 𝑚𝑚𝑜𝑙 (11)

5 2
𝑦
= 0,05
⇒ 𝑦 = 0,125 mmol (12)

Logo, como y representa a quantidade de oxalato consumido, o número de mols inicial


(noxal) e a nova concentração molar do referido íon são determinados como:

𝑚𝑜𝑙
noxal = 10 mL·0,5 𝐿
= 5 mmol (13)

5 𝑚𝑚𝑜𝑙 − 0,125 𝑚𝑚𝑜𝑙 4,875 𝑚𝑚𝑜𝑙


𝑀𝑜𝑥𝑎𝑙 = 20 𝑚𝐿
= 20 𝑚𝐿
= 0, 244 𝑚𝑜𝑙/𝐿 (14)

Desse modo, baseado na Equação 8, temos que a nossa concentração da espécie no


tempo t (x) é dado por Moxal = x = 0,244 mol/L.

Com o uso do termômetro e do cronômetro, foram aferidos os tempos de viragem para


determinadas temperaturas como a apresenta a Tabela 1. É a partir dos valores de tempo

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obtidos que determinamos a constante cinética (k) em cada uma das temperaturas com uso da
Equação 8. Substituindo os valores para x e x0, ficamos com a seguinte expressão:

𝑙𝑛 ( 0,244
0,25 )= − 𝑘𝑡 (11)

Como já conhecemos os valores para os tempos de viragem, basta substituir cada um


deles e determinarmos os respectivos valores para k na Tabela 1 abaixo:

Tabela 1. Temperatura, tempo de viragem e constante cinética. Fonte: Autor, 2021.

Temperatura Tempo K
(°C) (s)

15 643 3,77802· 10
−5

30 155 1,56727· 10
−4

36 83 2,92683· 10
−4

45 32 7,59147· 10
−3

50 11 2,20843· 10
−3

59 9 2,69919· 10
−3

Como nosso objetivo é determinar a energia de ativação da reação utilizaremos a


equação de Arrhenius na forma linearizada (Equação 5). Assim, foi possível construir o
− 𝐸𝑎
Gráfico 1 no qual o coeficiente angular da reta representa é expresso pela razão 𝑅
. Desse
modo, temos que:

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Gráfico 1. ln k versus 1/T. Fonte: Autor 2021.

− 𝐸𝑎 9853
Como 𝑅
= - 9859, e R = 8,314 J/K mol, logo, 𝐸𝑎 = 8,314
= 1152, 634J/mol.

Portanto, a energia de ativação da reação é por volta de1, 15 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙. Desse modo,
depreende-se que para a reação entre permanganato de potássio e ácido oxálico é necessário
uma energia de ativação de 1, 15 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙 para que seja formado o complexo ativado e a
reação de interesse aconteça.

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6. CONCLUSÃO

Foi possível averiguar a constante cinética k para a reação entre o Permanganato de


Potássio e o Ácido Oxálico, assim como, a energia de ativação da reação, a qual é de
1, 15 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙. Ou seja, a energia necessária para ocorrer a reação entre permanganato de
potássio e ácido oxálico é de 1, 15 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙 para que seja formado o complexo ativado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHANG, R., GOLDSBY, A. K.; Química. 11ª ed. Porto Alegre - RS: AMGH Editora LTDA,
2013. 590 - 592 p.

PAWLOWSKY, M et al. Experimentos de Química Geral. 2ª ed. Disponível em:


<http://www.quimica.ufpr.br/nunesgg/Experimentos%20de%20Quimica%20Geral.pdf>.
Acessado em: 26/03/21.

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