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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES.


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA.
DISCIPLINA: GEOGRAFIA URBANA
ALUNO: DANIEL C. MARTINS

Repensando a teoria das localidades centrais - Lobato Corrêa

Roberto Lobato Corrêa procura discutir e repensar o conceito de “lugares centrais”,


buscando a recuperação de tal ideia para uma melhor compreensão da espacialização da
sociedade. O autor argumenta que a discussão acerca dos lugares centrais precisa ser
colocado em questão, embora ainda necessite de maior aprofundamento, mas com a
perspectiva de apontar caminhos de análise que visem a entender sua relevância.

Um dos pontos, diz respeito a formação do capitalismo, pois a partir dele, sobretudo
com a revolução industrial, os conglomerados urbanos. Surgem então os primeiros centros
de mercado, que apesar de ainda fragmentados e diferenciados, apontam para os primeiros
sinais de uma transição de uma fase pré capitalista para se consolidar em capitalista, na
medida em que há uma massificação do consumo, por exemplo.

Com a consolidação do capitalismo e do mercado distribuidor, onde a drenagem da


economia se concentra nos centros, que representam uma drenagem para onde se
concentra a acumulação. Com a divisão territorial do trabalho, também se torna possível
observar a composição das classes sociais. Se observa tal fenômeno a partir da
diferenciação do consumo entre as diferentes camadas sociais, o que Santos chama de
circuito “superior” e “inferior” da economia, que serve de maneira diferenciada e distinta
cada setor. Assim, ao mesmo tempo em que a rede de localidades centrais estabelece suas
hierarquias com o objetivo de acumulação do capital, também estabelece um meio para a
reprodução social das classes no capitalismo, se apresentando como uma estrutura
territorial da sociedade.

Assim, a TLC pode se apresentar a partir de arranjos diversos, mais comumente


colocada a partir de centralidades geométricas, no entanto é necessário ressaltar que ele
não se apresenta de forma perfeita, pois é com as diferenças entre os arranjos espaciais
que observamos as mudanças relativas aos lugares centrais que apresentam as diferenças
sociais dentro do capitalismo em cada situação.

Dentro de tal perspectiva, é preciso entender que a expansão capitalista se dá de


modo desigual, onde se estruturam as sociedades de diferentes formas sobre o espaço. E
ao mesmo tempo, as redes de localidades estruturais se formam não somente pelo modo
como o capitalismo penetrou em tais localidades, mas também pelas estruturas do passado
que prevalecem. Assim, é preciso entender as relações entre sociedade, história e espaço
que se encontram hoje caracterizadas pelo capitalismo.

Também é possível observar diferentes tipos de convergência envolvendo os lugares


centrais na medida em que os interesses a princípio não são os mesmos, envolvendo tanto
sociedades industrializadas quanto as não industrializadas, onde as economias de
aglomeração não devem ser associadas somente aos fatores urbanos, mas como uma
estrutura territorial que possibilita “economias locacionais de reprodução”.

Além disso, a conexão entre as redes centrais e do capitalismo monopolístico


também devem ser observadas. Essas diferenças se observam pelas hierarquias que se
estabelecem entre elas, onde há uma concentração de bens e serviços nas regiões
concentradas sobretudo nos países de primeiro mundo, enquanto a periferia se localizando
no circuito “inferior”. E dentro de cada local se reproduz tal lógica, dicotomizando os lugares,
onde os centros concentram um fluxo de longa distância possuem um valor maior dentro da
hierarquia.

Assim, é possível concluir que, apesar de ainda ter que ser desenvolvida uma teoria
melhor detalhada acerca de tais interpretações sobre a TLC, é importante a identificação
desses pontos para entendermos como o modelo de Christaller se adapta a realidade do
capitalismo, uma vez que as diferenças entre os diversos fatores envolvidos devem ser
levados em conta para entendermos como ele é aplicado, pois a realidade do capitalismo
global não deixa de se expressar nas diversas realidades de diferentes sociedades pelo
mundo, em menor ou maior escala. Tais foram os caminhos que Lobato Corrêa procurou
elencar no seu texto, procurando inclusive novos caminhos para entender a realidade do
espaço geográfico.

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