DATA – 02.09.2015
AULA 01
Mestre em Direito Administrativo pela UFMG; professor de cursos de graduação e pós graduação,
nas matérias direito administrativo e constitucional e nos cursos preparatórios para concurso, em
direito administrativo. Foi assessor jurídico da Prefeitura de BH e secretário de administração do
TRE-MG por cinco anos. Hoje advoga especificamente na área de direito administrativo.
1. DIREITO ADMINISTRATIVO
1.1 Conceito
Função Administrativa: voltada para colocar as leis em execução, para fazer valer os
direitos e garantias fundamentais, para executar os serviços públicos, administrando a
máquina pública. Regulada pelo direito público.
É executada tipicamente pelo Poder Executivo, mas é certo que os Poderes Legislativo e
Judiciário também o exercem de forma atípica.
Está sujeita a controle pelo Poder Judiciário.
Função Jurisdicional: julga conflitos, resolve controvérsias.
Função Legislativa: produz as normas, regramentos e princípios vigentes em nosso
ordenamento jurídico.
Função Política ou de Governo: está ligada ao alto poder discricionário, de comando
colocado nas mãos do Chefe do Poder Executivo, que não está submetido a nenhum tipo
de controle do Poder Judiciário. Ex: Sanção/Veto de uma Lei; declarar Guerra/celebrar Paz
Uma das características principais do Direito Administrativo, que faz com que ele seja um ramo
específico do direito é a existência de seus princípios próprios. Tais princípios baseiam-se,
sobretudo, na ideia de desigualdade jurídica nas relações travadas entre Estado e Cidadão.
As relações entre cidadãos são sinalagmáticas, de igualdade, enquanto as relações entre Estado
e Cidadão são regidas pelo Regime Jurídico Administrativo, que dá ao Estado prerrogativas
especiais e responsabilidades específicas, uma vez que aquele administra o interesse público.
1.2 Fontes
As fontes são onde o administrativo busca inspiração e subsídios para interpretar as normas
relacionadas à função administrativa.
Princípios do Direito Administrativo e Princípios Gerais de Direito;
Regras (Leis, Constituição, etc.)
Decisões Judiciais:
- as Súmulas Vinculantes, que têm aplicação coercitiva para a Administração Pública.
- as decisões com eficácia Erga Omnes, que têm aplicação imediata para a
Administração Pública.
- as decisões com eficácia inter partes.
Doutrina
Costumes: é fonte geral do direito. Mas cuidado: aplica-se com ressalvas ao Direito
Administrativo, em razão do princípio da legalidade.
B) Sistema Francês: os atos da Administração Pública não podiam ser julgados pelo
Poder Judiciário, sob pena de ofensa ao princípio da Separação de Poderes. Isso
porque, diziam os franceses, julgar a Administração Pública seria, antes de tudo,
administrar. Por isso, foi criado o sistema dual de jurisdição: de um lado, o Conselho de
Estado julgaria os atos da Administração Pública, enquanto o Poder Judiciário julga as
demais controvérsias.
O Brasil adota o sistema de jurisdição una, o sistema inglês. Assim, o Tribunal de Contas
não é poder judiciário, sendo suas decisões atos administrativos.
Interesse Público: trata-se de um conceito jurídico indeterminado, ou seja, não pode ser
definido aprioristicamente. Pode ser dividido, segundo a doutrina dominante (teoria criada
por Renato Alessi e difundida no Brasil por Celso Antônio Bandeira de Mello) em:
Interesse Público Primário: diz respeito à população, tem relação direta com a
sociedade, com as pessoas. Ex: Criação do Bolsa Família, construção de viaduto.
a) Legalidade Estrita:
Obs: nepotismo cruzado ocorre quando a autoridade 1 nomeia para seu gabinete o
filho da autoridade 2, e a autoridade 2 nomeia o filho da autoridade 1 para o seu
gabinete, por exemplo. Só será nepotismo cruzado se houver designações recíprocas.
B) proteção de questões de Estado que não podem ser divulgadas (art. 5o, XXXIII da
CF/88)
e) Eficiência: foi inserido no art. 37, caput, da Constituição de 1988 pela Emenda
Constitucional 19/98, num contexto de mudança do Estado Democrático (que se
preocupava muito com o controle dos processos) para o Estado Gerencial (que se
preocupa, sobretudo, com a busca dos resultados).
f) Finalidade: a Administração deve buscar sempre a finalidade para a qual aquele ato
administrativo foi criado. A finalidade de todo e qualquer ato administrativo é o
interesse público. Contudo, cada um deles tem, também, uma finalidade específica.
Exemplo: a remoção de servidor público deve ser dar por interesse público. Portanto, a
remoção não pode ter finalidade punitiva, por exemplo. Isso seria o chamado desvio de
poder ou desvio de finalidade.
g) Continuidade do Serviço Público: o serviço público não pode parar, como não
cessam as necessidades do cidadão. Por isso a greve do servidor público é tratada de
forma diversa da greve do setor privado pelo legislador.
Súmula 346/STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.
k) Motivação: todos os atos administrativos devem ser devidamente motivados, sob pena
de ilegalidade. Trata-se, inclusive, de um dos elementos do ato administrativo.
Obs: motivo é aquilo que aconteceu no plano dos fatos e que levou a Administração a
tomar determinada decisão. A exposição desses motivos é a motivação.
Tanto os atos discricionários, quanto os vinculados têm que ser motivados. Não há
exceção.
o) Segurança Jurídica:
Sentido objetivo: a Administração Pública deve respeitar o direito adquirido, ato jurídico
perfeito e a coisa julgada.
obs: não existe coisa julgada no processo administrativo.
Sentido subjetivo: Princípio da proteção à confiança – o cidadão deposita uma
confiança no Estado, de que sua estrutura, suas regras não serão alteradas de
repente, sem passar por uma fase de transição. A proibição de aplicação retroativa de
nova interpretação de lei pela Administração Pública decorre desse princípio.
Convalidação dos atos administrativos: em algumas hipóteses, a Administração deverá
sanar os vícios de seus atos, quando possível, convalidando atos inválidos, de modo a
evitar ofensa ao princípio da segurança jurídica.
2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
2.1 Conceito: órgãos e entidades pertencentes ao Estado responsáveis por exercer a função
administrativa, por colocar a lei em execução.
Ministrar: executar
Ad: em nome de alguém
2.2 Princípios
São os princípios do direito administrativo já tratados acima, com destaque para a
supremacia do interesse público sobre o privado e o de indisponibilidade do interesse
público.
Compras
Licitações
Órgão
Obras
Pessoal
As pessoas jurídicas criadas pelo Município, Estado ou União, por meio do procedimento
de descentralização administrativa terão autonomia administrativa e financeira (não terão
autonomia política). Além disso, cada nova pessoa jurídica poderá se subdividir em órgãos,
por meio da desconcentração.
2.4 Descentralização
B) Descentralização Administrativa.
2.7 AUTARQUIAS: serão sempre voltadas para a prestação de um serviço público. É uma
pessoa jurídica de direito público criada pela Administração Pública.
Ex: INSS, Universidades Federais
A) Criação/Extinção: por meio de Lei. Não são registradas em cartório, uma vez que são
pessoas jurídicas de direito público.
(...)
D) Bens Públicos: os bens dessas entidades são públicos, ou seja, são impenhoráveis,
insuscetíveis de usucapião, imprescritíveis, inalienáveis, salvo por lei autorizativa, não
podem ser objeto de nenhuma relação jurídica de direito privado.
Regime Jurídico Único: quando a Administração Pública Direta adota um regime para
seus servidores (em regra, é o estatutário), esse regime tem que ser estendido para
autarquias e fundações públicas. Essas entidades não podem ter regime jurídico
diverso.
I) Controle: é realizado pelo Tribunal de Contas e também por meio das ações
constitucionais específicas (MS, Ação Popular, Ação Civil Pública, etc.).
2.8 FUNDAÇÕES:
FUNDAÇÃO DE DIREITO
FUNDAÇÃO DE DIREITO
PÚBLICO
PRIVADO
(fundações autárquicas)
Lei Autoriza + Registro em
Criação Lei
Cartório
Imunidade Tributária Aplica-se o art. 150, § 2o, da Aplica-se o art. 150, § 2o, da
Recíproca CF/88 CF/88
Os bens voltados para a
Públicos prestação de serviço público,
Bens são bens Públicos (a maioria).
Os demais, serão privados.
Responsabilidade Objetiva Objetiva
Regime Jurídico Único
CLT – tem que fazer concurso
Servidores (em regra, estatutário) – tem
público
que fazer concurso público
Contratos e Licitações Lei 8.666/93 Lei 8.666/93
2.9. EMPRESAS ESTATAIS: são pessoas jurídicas de direito privado criadas pelo Estado e
podem ter as seguintes finalidades:
1. Prestar serviços públicos;
2. Explorar atividade econômica.
Autarquia, por ser um serviço público descentralizado, não pode explorar atividade econômica. As
fundações também não podem explorar atividade econômica.
Por sua vez, as empresas estatais podem, além de prestar serviços públicos, como já fazem as
outras entidades, explorar atividade econômica. Com isso, o Estado visa dar mais flexibilidade na
prestação de determinadas atividades, se afastando, de alguma forma, das normas mais cogentes
do regime jurídico administrativo.
As entidades, podem ser ordenadas da seguinte forma quanto à sua proximidade em relação ao
Regime Jurídico Administrativo (dos mais próximos aos mais distantes e, consequentemente,
mais próximos ao regime jurídico de direito privado):
SOCIEDADE DE ECONOMIA
EMPRESA PÚBLICA
MISTA
Público e Privado. Maioria do
capital votante tem que estar
Composição do Capital Totalmente Público
nas mãos da Administração
Pública.
Forma Jurídica Qualquer forma Sociedade Anônima
Foro (caso das que Justiça Federal (art. 109, da
Residual
pertencem à União) CF/88)