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NBC TA 200

Esta Norma de Auditoria expõe que os objetivos gerais do auditor independente são
obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis estão livres de distorção
relevante e apresentar relatório sobre essas demonstrações, sendo que o auditor deve
conduzir a auditoria em conformidade com as normas brasileiras e internacionais de auditoria,
pois é responsabilidade dele garantir que todas as obrigações legais, regulatórias e
profissionais sejam observadas. Além do mais, o auditor está sujeito aos princípios
fundamentais de ética profissional, que são integridade, objetividade, competência e zelo
profissional, confidencialidade e comportamento profissional, quando está conduzindo uma
auditoria nas demonstrações contábeis.

Depois de realizada a auditoria nas demonstrações contábeis de uma entidade, o


auditor irá emitir uma opinião sobre essas demonstrações, verificando se elas foram
elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com a estrutura de relatório
financeiro aplicável adotada pela administração, que juntamente com a supervisão geral dos
responsáveis pela governança possuem algumas responsabilidades, além daquelas
estabelecidas por
Lei ou regulamento, que são fundamentais para a condução da auditoria. A administração e,
quando apropriado, os responsáveis pela governança são encarregados de elaborar as
demonstrações contábeis em consonância com as regras usadas como diretrizes na
preparação das demonstrações, também são responsáveis pelo controle interno, algo que é
necessário para a realização das demonstrações, e por fornecerem ao auditor o acesso a todas
as informações que tenham conhecimento e que sejam relevantes, até aquelas adicionais que,
porventura, o auditor venha solicitar, além de darem acesso irrestrito às pessoas da entidade,
caso seja necessário para obter evidências de auditoria.

A forma da opinião expressa pelo auditor depende de dois aspectos: de lei ou


regulamento que sejam aplicáveis e da estrutura de relatório financeiro aplicável, pois quando
essa for uma estrutura de apresentação adequada, a opinião emitida será sobre se as
demonstrações contábeis foram apresentadas adequadamente, reconhecendo que, para
conseguir essa adequação, a administração pode fornecer divulgações além das exigidas e
também se desviar de alguma exigência da estrutura; e quando ela for uma estrutura de
conformidade, a opinião exigida é se as demonstrações contábeis foram elaboradas em
conformidade com a estrutura.

Ao longo de todo o planejamento e execução da auditoria é exigida do auditor a


manutenção do ceticismo profissional, porque, dessa maneira, ele consegue reduzir os riscos
de não checar circunstâncias não usuais, de generalização excessiva ao tirar conclusões das
observações feitas e diminui o risco de uso inadequado de premissas ao determinar a
natureza, a época e a extensão dos procedimentos, já que isso significa que o auditor adotará
uma postura que inclui uma mente questionadora e alerta as condições e circunstâncias que
possam causar distorções relevantes nas demonstrações contábeis, como as evidências de
auditoria contraditórias, as informações que coloquem em dúvida a confiabilidade dos
documentos, as condições que possam indicar fraude e as circunstâncias que necessitem de
procedimentos de auditoria além dos exigidos pelas NBCs TA, portanto, o ceticismo
profissional é necessário para a avaliação crítica das evidências de auditoria. Não quer dizer
que o auditor irá achar que todos os documentos contêm fraudes, pelo contrário, ele pode até
aceitar eles como genuínos, crer na fidedignidade das informações apresentadas e confiar na
honestidade e integridade da administração e dos responsáveis pela governança, mas ele deve
manter sempre o ceticismo profissional, então se o auditor duvidar da confiabilidade das
informações ou tiver indicações de possível fraude, ele deverá fazer investigações adicionais e
determinar quais procedimentos de auditoria são necessários para solucionar o assunto.

Além da sua postura crítica, é importante para a condução apropriada da auditoria o


julgamento profissional, que consiste em aplicar nas interpretações das exigências éticas e
profissionais relevantes, das normas de auditoria e nas decisões informadas requeridas, as
competências necessárias para fazer um julgamento razoável, tendo como base os
treinamentos, conhecimentos e experiências relevantes adquiridas pelo auditor. Então o
julgamento reflete uma aplicação competente ou não dos princípios de auditoria e contábeis e
se ele é apropriado, devendo ser exercido ao longo de toda a auditoria e ser elaborada
documentação de auditoria suficiente que possibilite outro auditor experiente entender os
julgamentos profissionais significativos. O julgamento profissional é utilizado para determinar
se foi obtida evidência de auditoria apropriada e suficiente para a redução do risco de
auditoria a um nível aceitável, possibilitando o auditor a tirar suas conclusões para
fundamentar sua opinião, também é necessário nas decisões sobre: materialidade e risco de
auditoria, natureza, época e extensão dos procedimentos de auditoria, para avaliar as opiniões
da administração na aplicação da estrutura de relatório financeiro aplicável da entidade e para
extrair conclusões baseadas nas evidências de auditoria obtidas.

Para o auditor conseguir obter um nível elevado de segurança de que as


demonstrações contábeis estão livres de distorções relevantes, seja no nível geral da
demonstração contábil, que se refere às demonstrações contábeis como um todo e que
afetam potencialmente muitas afirmações, ou seja, no nível da afirmação para classes de
transações, saldos contábeis e divulgações, que são avaliados para determinar a natureza, a
época e a extensão dos procedimentos adicionais de auditoria necessários, é preciso que ele
obtenha evidência de auditoria apropriada e suficiente para reduzir o risco dele emitir uma
opinião inadequada quanto as distorções relevantes presentes nas demonstrações contábeis,
pois essas evidências irão sustentar a opinião e o relatório do auditor.

As evidências de auditoria, que irão corroborar as afirmações da administração ou irão


contestar tais afirmações, são obtidas a partir dos procedimentos utilizados durante a
auditoria, mas elas também podem incluir informações obtidas de auditorias anteriores, de
métodos de controle de qualidade do auditor para aceitação e continuidade de clientes, dos
registros contábeis e por especialista empregado ou contratado pela entidade, além disso, o
auditor também poderá considerar a ausência de informações como evidência de auditoria.
Para obter segurança razoável, que é um nível não absoluto de segurança, visto que há
limitações inerentes em uma auditoria que se originam da natureza das informações
contábeis, da natureza dos procedimentos de auditoria e da necessidade da auditoria ser
conduzida dentro de um período razoável de tempo e custo, o auditor deve obter evidência de
auditoria apropriada e suficiente para reduzir o risco de auditoria a um nível baixo aceitável,
isso significa que a quantidade de evidências (suficiência) deve ser proporcional ao risco,
portanto quanto mais elevados os riscos avaliados, mais evidências serão necessárias, e
também está relacionado à qualidade dessas evidências (adequação), ou seja, se elas são
relevantes e confiáveis.

Para atingir os objetivos gerais do auditor, ele deve utilizar os procedimentos


estabelecidos nas NBCs TA ao planejar e executar a auditoria, sendo necessário que ele avalie
se foi obtida evidência de auditoria apropriada e suficiente, caso não, ele deverá estender o
trabalho executado ao aplicar uma ou mais exigências e executar outros procedimentos
julgados pelo auditor como necessários nas circunstâncias.

Risco de auditoria trata-se da possibilidade do auditor emitir uma opinião inadequada


sobre as demonstrações contábeis significativamente incorretas, então não se trata dos riscos
de negócio do auditor, além disso, é uma função dos riscos de distorção relevante e do risco
de detecção. Ambos existem independentemente da auditoria das demonstrações contábeis,
no entanto, o risco de distorção relevante no nível da afirmação divide-se em risco inerente,
que consiste na suscetibilidade de uma afirmação a respeito de uma transação, saldo contábil
ou divulgação, e risco de controle que é uma função da eficácia dos controles estabelecidos, da
implementação e da manutenção do controle interno pela administração no tratamento dos
riscos identificados que ameaçam o cumprimento dos objetivos da entidade. Esses dois
componentes podem ser utilizados nas avaliações do auditor de forma separada ou
combinada, dependendo das técnicas de auditoria.

Existe um risco inevitável de que algumas distorções relevantes das demonstrações


contábeis não sejam detectadas, chamado de risco de detecção, então se após a auditoria for
descoberta uma alteração expressiva, resultante de fraude ou erro, isso não indica por si só
que houve uma falha na condução da auditoria, por isso é necessário que o auditor realize um
planejamento adequado, que sejam designadas pessoas apropriadas para compor a equipe de
trabalho, que seja aplicado o ceticismo profissional e que seja realizado supervisão e revisão
do trabalho de auditoria executado, porque dessa forma ele irá aprimorar a eficácia da
auditoria, no entanto, vale mencionar, que o risco de detecção não pode ser eliminado, em
razão das limitações inerentes de uma auditoria, como por exemplo: a possibilidade da
administração não fornecer as informações completas que são importantes para a elaboração
das demonstrações contábeis, a existência de fraude com esquemas sofisticados e organizados
para sua ocultação e o fato do auditor não possuir poderes legais específicos que podem ser
necessários para a investigação, como poder de busca.

Em decorrência dessas limitações, as normas de auditoria exigem que o auditor


identifique e avalie os riscos de distorção relevante por meio de procedimentos de avaliação
de riscos e aplique testes e outros meios para examinar populações de forma a fornecer base
razoável para que ele tire conclusões sobre a população, vale ressaltar, que essas limitações
não são justificativas para que o auditor se satisfaça com evidências de auditoria menos que
persuasivas.

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