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UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA| UNOESTE

ARQUITETURA E URBANISMO

RELATÓRIO FINAL
PROJETO ATIVAÇÃO URBANA NO BAIRRO SHIRAIWA

DISCENTE: MARIANE MIRANDA SANT’ANA

DOCENTES: YEDA RUIZ MARIA

VICTOR MARTINS DE AGUIAR

PRESIDENTE PRUDENTE
2021
LISTA DE FIGURAS

1- Processo de produção 09
2- Placas montadas 09
3- Montagem das placas no local 10
4- Montagem das placas no local 10
5- Locação das placas nas árvores 11
6- Locação das placas nas árvores 11
7- Instalação das fitas no local 12
8- Instalação das fitas no local 12
9- Instalação das fitas no local 13
10- Instalação das fitas no local 13
11- Desenho amarelinha na rua 14
12- Desenho amarelinha na rua 14
13- Desenho amarelinha na rua 14
14- Desenho amarelinha na rua 14
15- Retirada das intervenções 15
16- Mobiliário dos moradores no espaço 18
17- Mobiliário dos moradores no espaço 18
18- Interação de moradores com a intervenção 19

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 04
2 METODOLOGIA PRETENDIDA 05
2.1 Metodologia Aplicada 06
3 DESENVOLVIMENTO 08
4 RESULTADOS OBTIDOS 17
CONCLUSÃO 20

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1.INTRODUCAO E JUSTIFICATIVA

O projeto de Ativação Urbana no Bairro Shiraiwa, em Presidente Prudente – SP,


acontece com ações voltadas a intervenção urbana em um de seus espaços residuais.
Assim, de acordo com Curzio de la Concha (2008), o termo residual se caracteriza
como um adjetivo que tem a função de qualificar fragmentos territoriais. Essa
associação como resíduo se define em um processo finito e temporário, visto que, um
fragmento territorial tido como residual pode reverter essa situação a qualquer
momento através de intervenções.
Nesse sentido, a escolha do Bairro Shiraiwa ocorre devido a seu contexto de
segregação socioespacial e dos traços advindos de dinâmicas praticadas pelo mercado
público e privado.
O bairro apresenta suas marcas a partir da manutenção de espaços residuais em
seu interior, os quais são identificados como sobra de parcelamento urbano ou que em
sua maioria, exercem a função de geração de lucro a seus proprietários. Nesse contexto
capitalista, o local carece de infraestrutura adequada, equipamentos urbanos, além de
equipamentos de lazer de qualidade, de forma a ofertar qualidade de vida a população
local.
A definição do terreno que receberá a intervenção ocorre por meio da
identificação da área mais vulnerável do bairro, a qual carrega a maior parte da carga
histórica e consequências advindas dos fatores aqui citados. Assim, define-se a região
da Favelinha como recorte espacial, onde localiza-se o terreno selecionado para a
implantação da intervenção.
Buscando a ativação desse espaço, ou seja, oferecer ao espaço usos adequados
e possibilitá-lo atender e suprir, ao menos parte, das necessidades da população em
espaços de lazer e convivência, o projeto faz uso da metodologia do urbanismo tático,
técnica capaz de conferir novos sentidos para
os lugares a partir de mudanças rápidas, reversíveis e de baixo custo. Assim, o urbanismo
tático apresenta diversos resultados concretos e pontos positivos, como:
- Chamar a atenção para lacunas políticas ou de desenho urbano e permitir que as
pessoas experimentem fisicamente uma rua diferente.

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-Ampliar a participação social, uma vez que projetos de urbanismo tático possibilitam
que as pessoas expressem suas visões e preferências a partir da vivência prática.
- Aprofundar a compreensão das necessidades locais, seja na escala do bairro, de uma
quadra ou apenas de um edifício.
- Coletar dados a partir da experiência real de uso das vias e espaços públicos.
- Estimular as pessoas a trabalharem juntas de novas maneiras, fortalecendo laços entre
vizinhos, organizações, comércio local e poder público.
-Testar elementos de um projeto ou plano antes de fazer investimentos políticos ou
financeiros em intervenções permanentes.
Dessa forma, o presente projeto busca ativar, através da utilização do espaço,
um terreno ocioso no bairro Shiraiwa o qual compreende-se em contexto de segregação
socioespacial.
A ativação desse espaço significa oferecer usos e atividades coletivas de forma a
integrar a população local nessas atividades e proporcionar um espaço de uso coletivo
de qualidade.
Visto o contexto da região do bairro escolhida para a intervenção compreende-
se a falta de áreas livres que fomentem a socialização, permanência e lazer entre a
população do entorno. Pretende-se assim, ofertar um espaço flexível com intervenções
simples e pontuais, porém, que sejam capazes de ressignificar esse espaço e possibilitar
sua assimilação e apropriação pela população.

2.METODOLOGIA PRETENDIDA

O projeto acontecerá por meio da aplicação da técnica de urbanismo tático,


executada por meio do Núcleo de Urbanismo da Universidade do Oeste Paulista -
URBColab, em união à população do bairro, de forma a compreender suas vontades e
necessidades reais, visto que essa metodologia ressalta a necessidade do processo
dialogar com a comunidade afetada pela mudança.
A proposta do urbanismo tático consiste em conferir novos sentidos para os
lugares a partir de mudanças rápidas, reversíveis e de baixo custo, o urbanismo tático
cria cidades mais amigáveis aos moradores e, muitas vezes, motiva as pessoas a
repensarem seus hábitos por meio dos diferentes encontros e trocas que esses espaços
possibilitam.

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Suas principais intervenções ocorrem através de pinturas e fitas utilizadas no
chão como demarcação de sinalização, diminuição do espaço destinado a automóveis
em função da qualidade do espaço ao pedestre e ainda, conferindo uma paginação
atrativa a locais ociosos, de forma geral, sempre se preza pelo pedestre e pela
valorização do espaço público.
Assim, define-se o desenvolvimento do projeto em 4 etapas, um primeiro
momento de contato com a comunidade local, compreensão e análise das suas
expectativas para esse espaço, bem como suas necessidades. A abordagem ocorrerá
através de conversas esporádicas e dinâmicas a partir de quadros de desejos.
Um segundo momento de síntese das informações levantadas e definição da
intervenção a ser implantada no local, através da equipe do URBColab e possíveis
voluntários externos interessados.
Um terceiro momento disponível para a arrecadação de materiais necessários ao
desenvolvimento do projeto (visto seu caráter voluntário e participativo), bem como
momento de confecção de possíveis mobiliários que possam vir a ser definidos para
implantação nas conversas com moradores e ainda contato com voluntários para o
desenvolvimento da atividade.
O quarto último momento do projeto define-se pela sua execução, é onde serão
de fato realizadas as intervenções propostas através de participação popular e
voluntária, dando do URBColab, quanto da população local do bairro.

2.1 METODOLOGIA APLICADA

Em virtude da pandemia COVID-19 a metodologia idealizada precisou ser


readaptada, seguindo assim o passo a passo abaixo.

12 fevereiro de 2021 – reunião on line via google meet

https://drive.google.com/file/d/1W8CzJdi2wcE2X12wRhEZbGDPUFWIXm0Y/view?usp
=sharing

Definiram-se os tipos de intervenções que seriam desenvolvidas, materiais a


serem utilizados e formas de indagação para a população local, bem como a o ajuste das
datas de desenvolvimento do projeto, preferindo um processo não tão longo como

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imaginado inicialmente, delimitando a duração em uma semana com a aplicação das
quatro intervenções no espaço em questão.
Assim, o presente projeto se desenvolve a partir da experimentação e
observação através de pequenas intervenções de caráter efêmero no espaço urbano em
questão.

Dessa forma, propõe-se 3 momentos de intervenção, pautados em três pontos


de experimentação desse espaço:

1. Identificação do local como espaço público – propõe-se uma intervenção


simples nas duas árvores existentes no local, através da escrita “espaço
público” repetidamente em seus troncos, com tinta spray branca, cartaz “o
que é espaço público?”. Essa proposta surge de forma a implantar um
primeiro contato com a população, mostrando e fazendo pensar sobre a
condição daquele espaço.
2. Chamada de atenção ao local (Visibilidade) – Propõe-se nesse momento que
a população olhe para o local, enxergando possíveis potencialidades de uso,
dessa forma, a intervenção surge de maneira mais lúdica, chamando atenção
ao espaço, para que esse possa ser visto e pensado. É proposto uma
intervenção com cores, fitas ou folhas coloridas, utilizando também as
árvores existentes no local. Essa intervenção é somada a anterior, propondo
uma continuidade de práticas que cheguem a uma espécie de cenário final.
3. Experimentação lúdica do espaço
A última intervenção busca observar quais as possibilidades de apropriação
desse local, somando a intervenção anterior o desenho de amarelinho no
chão, ou algo relacionado ao público infantil, compreendendo as possíveis
relações que podem ou não se desenvolver ali.

O projeto proposto se caracteriza por uma metodologia empírica através da


experimentação do espaço reagindo aos estímulos gerados pelas intervenções pontuais.
A ideia é que essa experimentação seja observada e analisada durante quatro semanas,
possibilitando a captação de informações acerca da população residente no entorno
imediato e sua forma de interação com esse espaço, dando assim, subsídio e

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embasamento prático para a formulação de projeto urbano a ser desenvolvido no
trabalho de conclusão de curso.

O projeto ocorrerá durante uma semana, proporcionando a observação de uma


intervenção por semana, tendo sua aplicação durante as sextas, sábados e domingos,
com observação direta da responsável a executar a intervenção. Durante os restantes
dias da semana as visitas ao local serão esporádicas, levando em consideração o baixo
fluxo da população nesses dias devido ao seu caráter predominantemente residencial.

3. DESENVOLVIMENTO

13 e 14 de fevereiro – produção individual da aluna responsável em sua residência

Após definido as intervenções a serem realizadas bem como os materiais a serem


utilizados em cada uma delas foi realizada a confecção das artes necessárias a aplicação
no espaço.
A primeira intervenção necessitaria de papelão, tintas e pincel. Dessa forma foi
arrecadado caixas de papelão em supermercados locais próximos do Campus II da
Universidade para posterior recorte e pinturas da frase e palavra a serem utilizadas
“Espaço Público” e “Use”, pintadas nas cores vermelha, amarela e branca (Figuras 01 e
02).

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Figura 01: Processo de produção Figura 02: Placas montadas
Fonte: Autora, 2021. Fonte: Autora, 2021.

19 fevereiro – execução da intervenção 1

Após a produção das placas em papelão foi realizada a inserção desses objetos
no espaço residual do bairro, iniciando assim, o primeiro dia de execução do projeto de
intervenção no Shiraiwa (Figuras 03 e 04).

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Figura 03: Montagem das placas no local Figura 04: Montagem das placas no local
Fonte: Autora, 2021. Fonte: Autora, 2021.

As placas foram amarradas as arvores existentes no espaço, intercaladas entre


si, de maneira a ocupar boa parte das árvores existentes no local para que fosse possível
a leitura de qualquer ângulo de visão, direcionadas tanto a população local do bairro
quanto a via coletora ali existente (Figuras 05 e 06).

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Figura 05: Locação das placas nas árvores Figura 06: Locação das placas nas árvores
Fonte: Autora, 2021. Fonte: Autora, 2021.

Após a locação de todas as placas de papelão foi realizada a observação no local


de forma a compreender a relação da população com esse tipo de intervenção que
instiga ao entendimento do local como espaço público e possível espaço de lazer,
descanso, contemplação ou socialização. É importante ressaltar que durante o processo
de observação da interação local da população com a intervenção não foi possível
realizar o registro fotográfico das pessoas devido a não autorização das mesmas.

21 de fevereiro – execução da intervenção 2

Após passarem dois dias da instalação da intervenção 01 foi o momento de


instalar a intervenção 02. Essa não contou com grande nível de produção visto seu
caráter mais simples, foi utilizado o material TNT com uma metragem de 1mx1m e
quatro cores diferentes amarelo, vermelho, roxo e branco, o material foi recortado em
faixas formando diversas fitas coloridas.
Conforme proposto no projeto de extensão, a ideia da intervenção foi propor a
formação de uma espécie de cenário nesse espaço, devido a junção das intervenções,

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ou seja, as intervenções seriam executadas em dias diferentes e individualmente, porém
sem a retirada da intervenção que veio anteriormente, conformando uma somatória de
intervenção nesse espaço e um cenário que chame atenção ao local.
Dessa forma, a execução da intervenção 02 foi realizada sem a retirada da
intervenção 01 (Figuras 07 e 08).

Figura 07: Instalação das fitas no local Figura 08: Instalação das fitas no local
Fonte: Autora, 2021. Fonte: Autora, 2021.

Assim, as diversas faixas coloridas de TNT recortadas em fitas foram colocadas


nos galhos das árvores em conjunto com as placas de papelão. A disposição das fitas,
assim como na intervenção anterior foi feita de forma aleatória, porém com a intenção
de cobrir grande parte do espaço com esse elemento (Figuras 09 e 10).

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Figura 09: Instalação das fitas no local Figura 10: Instalação das fitas no local
Fonte: Autora, 2021. Fonte: Autora, 2021.

Essa intervenção tinha como intenção a visibilidade desse espaço pela população,
no sentido de colocar muita cor nesse espaço para que fosse possível chamar a atenção
a ele e entender como a população o vê e compreende. Da mesma forma que na
intervenção anterior, foi realizada a observação do comportamento da população com
esse espaço modificado.

23 de fevereiro – execução da intervenção 3

Passados novamente dois dias da intervenção 02, foi realizada a execução da


intervenção 03. Essa também de caráter simples, em sentido de execução, necessitou
apenas de giz de lousa para que fosse possível riscar o chão de maneira provisória
(Figuras 11 e 12).

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Figura 11: Desenho amarelinha na rua Figura 12: Desenho amarelinha na rua
Fonte: Autora, 2021. Fonte: Autora, 2021.

A intervenção 03 ocorreu através da inserção de uma amarelinha em giz de lousa


em uma das vias locais do bairro, a qual contorna o espaço residual em questão, o
deixando isolado dos demais terrenos (Figuras 13 e 14).

Figura 13: Desenho amarelinha na rua Figura 14: Desenho amarelinha na rua
Fonte: Autora, 2021. Fonte: Autora, 2021.

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Foram desenhadas duas amarelinhas seguidas uma da outra devido a extensão
da via, visto que a ideia inicial era atravessar essa extensão toda por essa
brincadeira/jogo de criança, direcionando do passeio público ao espaço residual em
questão.

A proposta para o local escolhido do desenho foi a intenção de mostrar essa via
como uma via destinada ao uso do pedestre, trazendo assim, essa proposta lúdica
destinada em grande maioria ao público infantil. Da mesma maneira, após o desenho
na via foi observado as reações e interações da população com a intervenção.

26 de fevereiro – retirada das intervenções

No dia 26 foi feita a retiradas das três intervenções do espaço (Figura 15), as
mesmas se encontravam todas lá, sem nenhum tipo de dano. Ao realizar a retirada
percebia-se como comum durante todo o processo de intervenção, pessoas que
passavam pelo local e tinham um olhar de curiosidade sobre o que estava acontecendo
ali.

Figura 15: Retirada das intervenções.


Fonte: Autora, 2021.

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A amarelinha desenhada no chão já não estava mais lá devido a chuva e fluxo de
automóveis, como já se esperava.

4. RESULTADOS OBTIDOS

Intervenção 01

Na execução da primeira intervenção foi notado em primeiro momento pouco


fluxo de pedestres no local, porém um fluxo maior de veículos passando pela via coletora
do bairro. Durante a inserção da intervenção 01 foi observado um senhor que se dirigiu
ao espaço residual para coletar frutas existentes nas espécies arbóreas do espaço, porém
não estava disposto a conversar ou compreender o que estava ocorrendo no local. O
senhor em questão colheu as frutas e se retirou.

Em um segundo momento foi observado olhares de algumas das poucas pessoas


que passaram pelo bairro, no sentido de tentar compreender o que estava acontecendo
no local.

Passado algum tempo, um morador do entorno imediato saiu de sua casa e se


direcionou ao local indagando o que estava acontecendo e qual o motivo.

A questão central da intervenção 01 era o reconhecimento desse espaço residual


como espaço público, de uso comum, o qual permite seus diversos tipos de uso, lazer,
contemplação, socialização, esporte, descanso, sendo assim a proposta das placas
“Espaço Público” e “Use” em fazê-los refletir e compreender essa condição.

Assim, ao se aproximar, o morador do entorno imediato – o qual é identificado


como morador A – observou, leu as placas e comentou “Espaço público? Mas aqui é
espaço público! Nós utilizamos”. Nesse momento foi possível observar a relação que o
morador que reside nesse entorno imediato é capaz de estabelecer com esse local,
compreendendo sua condição e suas características, ao menos em uma primeira
impressão.

Dessa forma, o Morador A continuou ali buscando compreender mais sobre a


intervenção e assim eu fui o indagando sobre o espaço. O Morador A reside em uma das
casas do entorno imediato ao espaço residual em questão, como já apresentado e se
comporta como uma espécie de líder comunitário, em relação a esse local.

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Ele é um dos moradores que utilizam o espaço juntamente a outros, também do
entorno imediato, esses são pessoas que se reúnem ainda para realizar a limpeza do
local, em torno de 3 pessoas, o Morador A é a pessoa que coordena o grupo de certa
forma, no sentido de estar sempre atento aos cuidados com o espaço, observando sua
situação para providenciar os cuidados.

O morador em questão contou ainda que as diversas espécies arbóreas e


frutíferas existentes no local foram plantadas pelos próprios residentes no entorno
imediato, que também realizam os cuidados com rega e alguns tipos de poda.

A partir dessas informações foi possível compreender que existe ao menos um


nível de apropriação da população com esse local, compreendendo, se identificando e
se apropriando do mesmo, ainda que apenas a população do entorno imediato.

No segundo dia observado, o local estava da mesma maneira como foi deixado
no dia anterior, era esperado que intervenção pudesse sofrer algum tipo de intervenção
por parte dos moradores, devido a causar uma estranheza e um sentimento de um
intruso se apropriar do local, porém não ocorreu.

Nesse dia o Morador A contou que algumas das placas de papelão caíram das
árvores, mas ele recolheu e recolou no local original.

Esse morador é sempre a figura recorrente nesse local, dessa forma a maioria das
informações recolhidas têm como base interpretações de observações realizadas por
mim ou informações fornecidas por ele.

No segundo dia da intervenção 01, o Morador A estava em um dos vizinhos de


entorno imediato e os dois se dirigiram ao local. Foi perguntado a eles sobre como eles
utilizavam aquele espaço e a resposta foi que utilizavam para descanso, geralmente após
o almoço ou fim da tarde.

Nesse dia foi questionado sobre o que gostariam que fosse modificado naquele
espaço, inserção de mobiliários, algum tipo de cobertura ou piso e a resposta foi sobre
a necessidade de mais terra no solo, devido as raízes das árvores estarem aparentes. Foi
comentado sobre a possibilidade de inserção de mobiliário fixo no local, para contemplar
as atividades ali já realizadas, porém os moradores se opuseram dizendo não ser
necessário pois assim, pessoas que não são de confiança poderiam passar a usar e se
apropriar do local, como para uso de drogas.

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Os moradores afirmam ainda não ser necessário a inserção desse mobiliário visto
que quando eles querem utilizar o espaço eles mesmos levam seu próprio mobiliário
(bancos e cadeiras) até o local em questão, me mostraram duas cadeiras de uso pessoal
que ficam alocadas nas próprias árvores do espaço (Figuras 16 e 17).

Figura 16: Mobiliário dos moradores no espaço. Figura 17: Mobiliário dos moradores no espaço.
Fonte: Autora, 2020. Fonte: Autora, 2020.

Durante esse processo de observação notou-se pessoas passando pelas vias ao


entorno do espaço residual com olhares de curiosidade sobre o que ocorria ali, porém
nenhum chegou a entrar no terreno ou questionar a intervenção.

Intervenção 02

No dia de execução da intervenção 02 o local contava com a presença de um


garoto que fazia uso de um dos bancos ali existentes, a execução foi iniciada com a sua
presença, porém em nenhum momento fui indagada por parte do garoto.
Durante o processo de instalação das fitas de TNT nas árvores uma moradora do
entorno imediato – aqui chamada de Moradora B – saia de casa em direção ao ponto de
ônibus e resolveu abordar para compreender o que acontecia e qual o motivo da

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instalação das fitas, foi explicada a intenção de dar visibilidade e chamar a atenção da
população àquele espaço, como um espaço que pode e deve ser um local com vida, cores
e usos.
A Moradora B achou a ideia interessante e comentou sobre a vontade de um
espaço para as crianças utilizarem, pois ela tem crianças em casa e elas não tem espaços
de lazer direcionados, muito provavelmente esse comentário veio associado as cores
presentes na intervenção, o que propõe um cenário lúdico, como era a proposta inicial.
Ela comentou ainda sobre a possibilidade de paginação desse terreno, indo
contra ao que outro morador havia dito, preferindo o uso de terra apenas – é possível
compreender aqui as diversas visões e interpretações de um mesmo espaço pela
população local – a moradora julga a paginação como melhor opção devido ao perigo
relacionado a insetos que vem com a inserção de mais terra. Assim a mulher se despediu
e foi até o ponto de ônibus.
No segundo dia de observação se notou um tipo de interação da população com
a intervenção, onde um dos moradores que utilizam o espaço trançou algumas das fitas
de TNT que estavam penduradas em uma das árvores (Figura 18).

Figura 18: Interação de moradores com a intervenção.


Fonte: Autora, 2020.

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Esperava-se ainda que as fitas já não estivessem mais no local devido a algum
tipo de recusa da população com a intervenção, porém, o local foi encontrado com a
intervenção completa sem grandes alterações pela população, além das fitas trançadas
e algumas fitas caídas ao chão devido ao vento.

Intervenção 03

No dia da última intervenção o local foi encontrado ainda sem grandes


alterações, nessa não seria adicionado mais nenhum elemento no terreno em questão,
mas sim em seu entorno, na esfera da rua.
A execução foi um pouco dificultosa por se tratar de uma intervenção em toda a
extensão da largura dessa via pública, devido ao fluxo de veículos naquele local. Por fim,
após realizado o desenho foi observado pessoas que passavam pelo local com olhares
de curiosidade sobre o que estava escrito. Não foram observadas crianças brincando no
local.
Observou-se ainda que a grande maioria de veículos que passavam por essa via
reduziam consideravelmente a velocidade antes mesmo da amarelinha – visto que a
amarelinha é seguida por uma sinalização horizontal de pare – podendo assim relacionar
ao estranhamento do condutor ao ver algo sinalizado no chão, sem compreender se trata
de algum tipo de sinalização de transito direcionado a ele ou ainda, podendo relacionar
apenas ao olhar de curiosidade do condutor em compreender o que acontecia ou o que
estava escrito naquele local, assim como ocorreu com os pedestres.
De qualquer maneira se observou que a partir da inserção de um elemento no
chão é possível causar um estranhamento, chamar atenção e ainda possibilitar a redução
da velocidade de veículos em uma via.

CONCLUSAO

A intervenção chamada ativação urbana no bairro Shiraiwa tinha como intenção


compreender a relação da população local em um espaço residual submetido a essa
condição de espaço ativado, mesmo que através de instalações efêmeras e lúdicas que

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não condizem em sua totalidade a proposta de um projeto urbano a ser idealizado para
o local.
Tal intervenção cumpriu com seu objetivo principal de levantamento de
informações em campo e de caráter prático através de um terreno base que poderão
contribuir e servir de diretriz projetual ao trabalho de conclusão de curso da presente
autora.
As observações realizadas permitiram compreender de maneira mais próxima a
realidade do bairro bem como o perfil de sua população, suas relações com o espaço
público urbano e entre eles mesmos como comunidade.
Apesar de um recorte muito pequeno ter sido necessário para a efetivação dessa
intervenção (onde foi utilizado apenas um dos três espaços residuais selecionados no
Trabalho de Conclusão de Curso), os aportes levantados servem como base de
pensamento e compreensão das relações que essa população em geral oferece.
É importante ressaltar que durante todo o processo de intervenção foi utilizada
máscara e as execuções e visitas ao espaço ocorreram por apenas uma pessoa, sem
acompanhantes, não gerando aglomeração, evitando o risco de contaminação da COVID-19.

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