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DIREITO

ADMINISTRATIVO
Lei n. 12.527/2011 – Acesso à
Informação

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO ADMINISTRATIVO
Lei n. 12.527/2011 – Acesso à Informação
Gustavo Scatolino

Lei n. 12.527/2011 – Acesso à Informação.......................................................................3


Introdução.......................................................................................................................3
Âmbito de Aplicação.......................................................................................................4
Noções Gerais................................................................................................................. 7
Diretrizes do Acesso à Informação..................................................................................8
Conceitos Previstos na Lei............................................................................................. 13
Do Acesso a Informações e da Sua Divulgação – Art. 6º............................................... 13
Procedimento de Acesso à Informação......................................................................... 14
Restrições ao Acesso à Informação................................................................................17
Dos Procedimentos de Classificação, Reclassificação e Desclassificação. . .................... 21
Responsabilidades. ........................................................................................................23
Dos Recursos – Art. 15..................................................................................................24

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Lei n. 12.527/2011 – Acesso à Informação
Gustavo Scatolino

LEI N. 12.527/2011 – ACESSO À INFORMAÇÃO

Introdução

A Lei n. 12.527/2011, denominada de Lei de Acesso à Informação (LAI), visa a garantir


o acesso à informação previsto no art. 5º, XXXIII, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do
art. 216 da Constituição Federal.
Assim, o direito à liberdade de informação tem previsão constitucional e possui dois sig-
nificados possíveis: a) liberdade de informação ativa – é a liberdade de informar, intimamente
ligada à liberdade de imprensa e à liberdade de expressão; b) liberdade de informação passiva
– é a liberdade de obter informações, seja por intermédio dos meios de comunicação, seja do
próprio Estado.
Aliás, é certo que todos podem obter informações de interesse coletivo, geral ou particular,
desde que isso não importe ofensa à segurança da sociedade e do Estado (art. 5º, XXXIII).
Já as informações de interesse pessoal ou coletivo/geral devem ser acessíveis a todos;
essa é a regra (art. 3º, I, da LAI). Apenas pode ser negado o acesso a informações cujo segre-
do seja essencial para a segurança da sociedade e do Estado (táticas de guerra etc.).
Essa liberdade de informação, como veremos, pode ser tutelada tanto por meio de habeas
data (informação de caráter pessoal, assim entendida aquela “relacionada à pessoa natural
identificada ou identificável”, nos termos do art. 4º, IV, da LAI) quanto por intermédio de man-
dado de segurança (informação de interesse coletivo ou geral).
Quando a lei foi publicada, a Presidente da República em exercício veio a público e disse:
“A partir de agora, a publicidade é a regra e o sigilo, a exceção”. Apesar da boa vontade em se
dar relevância à LAI, entendo que houve um equívoco, porque não foi com a lei que a publi-
cidade se tornou a regra. Na verdade, a publicidade já está na Constituição Federal de 1988
desde a sua redação original e, assim, desde 1988, a publicidade já é regra. O que a LAI fez
foi regulamentar o art. 5º, XXXIII, estabelecendo casos em que se poderia ter sigilo de infor-
mações públicas. No entanto, isso não tem importância para concursos públicos. Vamos ao
estudo da Lei.

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Âmbito de Aplicação
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do
art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:
I – os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, in-
cluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público;
II – as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mis-
ta e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.
Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às entidades privadas sem fins lucra-
tivos que recebam, para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente
do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios,
acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres.
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as entidades citadas no caput refere-se à
parcela dos recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de con-
tas a que estejam legalmente obrigadas.

De acordo com o art. 1º da Lei, trata-se de um diploma nacional, isto é, aplica-se a todos
os entes federativos (União, estados, DF e municípios).
Nesse aspecto, subordinam-se aos ditames da Lei n. 12.527/2011 – LAI: (i) os órgãos
públicos integrantes da Administração Direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as
Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público; (ii) as autarquias, as fundações públi-
cas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas
direta ou indiretamente pela União, estados, Distrito Federal e municípios.
Portanto, todos os órgãos de todos os Poderes do Estado e todas as entidades da Admi-
nistração Indireta estão sujeitas à observância das regras da Lei n. 12.527/2011.
Conforme o art. 2º, aplicam-se as disposições da lei, no que couber, às entidades privadas
sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público, recursos pú-
blicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo
de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres. Quanto a essas
últimas, o dever de informação e publicidade restringe-se à parcela de recursos públicos que
receberem (art. 2º, caput e parágrafo único). É o caso, por exemplo, das entidades do Sistema
“S” – que, embora sejam privadas e sem fins lucrativos, submetem-se à Lei de Acesso à In-
formação (LAI) quanto aos recursos públicos que recebem.

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Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado mediante:


I – criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e entidades do poder público, em
local com condições apropriadas para:
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informações;
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas respectivas unidades;
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações; e
II – realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à participação popular ou a outras
formas de divulgação.

Em relação ao art. 9º e ao Capítulo III (Procedimento de Acesso à Informação), cabe aos


estados, ao Distrito Federal e aos municípios, em legislação própria, obedecidas as normas
gerais na LAI, definir suas regras específicas.

Questão 1 (2018/CESPE/STM/CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR/CONHECIMENTOS BÁSICOS)


Acerca do acesso à informação e da licitação administrativa, julgue o item que se segue.
A Lei de Acesso à Informação obriga que toda a administração pública direta e indireta e tam-
bém os órgãos do Poder Judiciário promovam, independentemente de requerimento, a divul-
gação, em local de fácil acesso no âmbito de suas competências, de informações de interesse
coletivo ou geral por eles produzidas.

Certo.

Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de requerimentos,


a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interes-
se coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.

Questão 2 (2018/FCC/DPE-AM/ANALISTA EM GESTÃO ESPECIALIZADO DE DEFENSORIA/


ADMINISTRAÇÃO) Uma sociedade de economia mista, cujo objeto social é o desenvolvimento
de sistemas e programas de informática, foi instada, com base na Lei de Acesso à Informação,
a informar os custos incorridos com contratação de consultoria especializada para moderni-
zação de seus processos de trabalho, bem como a fornecer os pareceres jurídicos que deram

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suporte à referida contratação. Considerando o que dispõe a Lei de Acesso à Informação (Lei
n. 12.527/2011), referida entidade
a) poderá condicionar a disponibilização das informações ao prévio esclarecimento e com-
provação dos motivos do requerente, vedada a cobrança de taxas ou emolumentos, salvo
para extração de cópias.
b) não está adstrita, em função do seu regime jurídico, aos ditames da Lei de Acesso à Infor-
mação, podendo negar atendimento à solicitação salvo em relação a repasses recebidos do
Poder Público.
c) se comprovar que atua em regime de competição no mercado, está dispensada da disponi-
bilização das informações requeridas, constituindo hipótese de segurança institucional.
d) deverá disponibilizar os dados e documentos requeridos, inclusive os pareceres, eis que o
sigilo constitui exceção, somente sendo admissível nas hipóteses legais de classificação da
informação como secreta, ultrassecreta ou reservada.
e) somente estará adstrita à disponibilização dos documentos de publicação obrigatória, não
sendo facultado acesso ao público em geral a documentos internos como estudos e pareceres.

Letra d.
a) Errada.

Art. 10, § 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação
de informações de interesse público.

b) Errada.

Art. 1º, Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:


II – as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municí-
pios.

c) Errada. Vide artigo colacionado na alternativa anterior. Não há nenhuma ressalva legal!
Sociedade de Economia Mista sem nenhuma firula (rs).
e) Errada. Não há essa restrição traçada pela alternativa na Lei n. 12.527/2011.

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A Lei de Acesso à Informação obriga que toda a administração pública direta e indireta
e também os órgãos do Poder Judiciário promovam, independentemente de requerimento,
a divulgação, em local de fácil acesso no âmbito de suas competências, de informações de
interesse coletivo ou geral por eles produzidas.

Noções Gerais
Com o advento da Lei n. 12.527/2011, houve a revogação expressa da Lei n. 11.111/2005,
que antes regulamentava o art. 5º, XXXIII, da CF, bem como os arts. 22 a 24 da Lei n. 8.159/1991,
relativos ao acesso e do Sigilo dos Documentos Públicos. Desse modo, praticamente todas
as regras de sigilo de informação de documentos públicos ficam concentradas na LAI.
O art. 20 determina que se aplica subsidiariamente, no que couber, a Lei n. 9.784/1999, Lei
do Processo Administrativo Federal – LPA. Essa menção nem precisaria ser dita expressa-
mente, já que o art. 69 da própria Lei n. 9.784 já contém essa determinação. Portanto, haven-
do qualquer omissão na LAI, poderão ser aplicados os ditames da LPA.
Aplica-se, também no que couber, a Lei n. 9.507, de 12 de novembro de 1997, em relação
à informação de pessoa, física ou jurídica constante de registro ou banco de dados de enti-
dades governamentais ou de caráter público. Esse diploma legal regula o direito de acesso a
informações e disciplina o rito processual do habeas data.

Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça
nem as hipóteses de segredo industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômica
pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o poder pú-
blico.

O art. 22 estabelece que as disposições da LAI não excluem as demais hipóteses legais de
sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo industrial decorrentes da explora-
ção direta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que
tenha qualquer vínculo com o poder público. Assim, por exemplo, produtos patenteados em
órgãos públicos terão o sigilo assegurado nos termos das respectivas leis específicas. A LAI
também não afasta casos específicos previstos em lei no que se refere ao segredo de justiça.
A pessoa física ou entidade privada que, em razão de qualquer vínculo com o Poder Pú-
blico, executar atividades de tratamento de informações sigilosas adotará as providências

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necessárias para que seus empregados, prepostos ou representantes observem as medidas


e procedimentos de segurança das informações (art. 26).
O tratamento de informação sigilosa resultante de tratados, acordos ou atos internacio-
nais atenderá às normas e recomendações constantes desses instrumentos. Nessas hipóte-
ses, em princípio, não se aplicam as disposições da LAI.
O Decreto n. 7.724 de 2012 regulamenta a Lei de Acesso à Informação no âmbito do Poder
Executivo. Em relação aos demais Poderes, ato normativo de cada Poder deverá normatizar
as aplicações da LAI.
Finalizando as noções gerais, cabe destacar que houve veto presidencial do art. 35 com a
seguinte redação:

A Comissão Mista de Reavaliação de Informações, composta por Ministros de Estado e por repre-
sentantes dos Poderes Legislativo e Judiciário, indicados pelos respectivos presidentes, ficará em
contato permanente com a Casa Civil da Presidência da República e inserida na competência da
União.

O motivo do veto recaiu no fundamento de que a Comissão estabelecida no art. 35 visa a


controlar os atos de classificação de informações produzidas no âmbito do Poder Executivo,
de modo que a participação de representantes do Legislativo e do Judiciário viola o princípio
constitucional da separação dos Poderes.

Diretrizes do Acesso à Informação


Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de
acesso à informação e devem ser executados em conformidade com os princípios básicos da ad-
ministração pública e com as seguintes diretrizes:
I – observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;
II – divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações;
III – utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação;
IV – fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública;
V – desenvolvimento do controle social da administração pública.

O art. 3º – sem dúvida um dos mais importantes dispositivos da LAI para fins de concursos
públicos – estabelece as diretrizes para o exercício do direito fundamental de acesso à informa-
ção.
Citam-se cinco diretrizes, quais sejam: a) a publicidade é a regra geral, o sigilo é a exceção
(inciso I); b) as informações de interesse público devem ser divulgadas, independentemente

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de solicitação, com o que se reforça o dever de publicidade dos atos administrativos (inciso
II; ver também o art. 8º); c) reforço da facilitação do acesso à informação pelos mais diver-
sos meios possíveis, inclusive relacionados à tecnologia da informação; d) estímulo à cultura
de transparência da Administração Pública, na tentativa de reverter, de uma vez por todas,
as práticas antigas de tratar a informação pública como algo privativo; e) desenvolvimento do
controle social da Administração Pública, diretriz plenamente compatível com o princípio do
Estado de Direito (CF, art. 1º, caput).
Cumpre ressaltar que não foi a LAI que tornou a publicidade regra e o sigilo exceção, uma
vez que esse comando já era de ordem constitucional. A LAI apenas explicita e efetiva tal de-
terminação.

Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado mediante:


I – criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e entidades do poder público, em
local com condições apropriadas para:
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informações;
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas respectivas unidades;
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações; e
II – realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à participação popular ou a outras
formas de divulgação.

Em desdobramento de algumas dessas diretrizes, o art. 9º dispõe que o dever do Estado


de fornecer acesso às informações públicas será realizado mediante dois mecanismos bá-
sicos: a criação de serviços de atendimento ao cidadão (SIC) e a realização de audiências e
consultas públicas, instrumentos já previstos na legislação e já amplamente utilizados, prin-
cipalmente pelos órgãos do Legislativo Federal e pelas agências reguladoras.

Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante
procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreen-
são.

Para efetivar o direito à informação, o art. 5º prevê que é dever do Estado garantir o direito
de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de
forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão. É dever dos órgãos e entida-
des públicas promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil
acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou geral por
eles produzidas ou custodiadas (art. 8º).

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Com a publicação da LAI, houve maior garantia do acesso à informação, detalhado em


termos mais claros e, ao mesmo tempo, incentivando os interessados a obter informações
sobre diversos assuntos antes restringidos pela Administração com o fundamento de que há
interesse do Estado em não divulgar. Com o advento da LAI, esse tipo de “desculpa” não pode-
rá ocorrer. Havendo solicitação pelo Administrado, o pedido só poderá ser negado com a devi-
da fundamentação. Logo após a vigência da LAI, houve interessado que solicitou informação
de todas as pessoas que foram visitar o Advogado-Geral da União em determinada data.
O Decreto n. 7.724 de 2012, que regulamenta a Lei de Acesso à Informação, estabelece
em seu art. 7º que serão disponibilizados nos sítios na Internet dos órgãos e entidades re-
muneração e subsídio recebidos por ocupante de cargo, posto, graduação, função e emprego
público, incluindo auxílios, ajudas de custo, jetons e quaisquer outras vantagens pecuniárias,
bem como proventos de aposentadoria e pensões daqueles que estiverem na ativa, de ma-
neira individualizada, conforme ato do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Essa
determinação foi seguida pelo Poder Judiciário e Legislativo. Assim, houve a divulgação pela
Internet da remuneração, inclusive do nome e parte do CPF dos agentes públicos. Isso gerou
inúmeras ações judiciais interpostas por sindicados para obstar a divulgação dos nomes,
bem como de números do CPF, com a invocação de que tais informações poderiam com-
prometer a segurança dos servidores. Porém, o STF já possui decisão em caso semelhante,
quando um município, em período anterior à publicação da LAI, criou a mesma obrigação.
Assim ficou a decisão do STF:

Ementa: Suspensão de segurança. Acórdãos que impediam a divulgação, em sítio ele-


trônico oficial, de informações funcionais de servidores públicos, inclusive a respec-
tiva remuneração. Deferimento da medida de suspensão pelo presidente do STF. Agravo
regimental. Conflito aparente de normas constitucionais. Direito à informação de atos
estatais, neles embutida a folha de pagamento de órgãos e entidades públicas. Princípio
da publicidade administrativa. Não reconhecimento de violação à privacidade, intimi-
dade e segurança de servidor público. Agravos desprovidos. 1. Caso em que a situação
específica dos servidores públicos é regida pela 1ª parte do inciso XXXIII do art. 5º da
Constituição. Sua remuneração bruta, cargos e funções por eles titularizados, órgãos
de sua formal lotação, tudo é constitutivo de informação de interesse coletivo ou geral.

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Expondo-se, portanto, a divulgação oficial. Sem que a intimidade deles, vida privada e
segurança pessoal e familiar se encaixem nas exceções de que trata a parte derradeira
do mesmo dispositivo constitucional (inciso XXXIII do art.  5º), pois o fato é que não
estão em jogo nem a segurança do Estado nem do conjunto da sociedade. 2. Não cabe,
no caso, falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto da divulgação em
causa dizem respeito a agentes públicos enquanto agentes públicos mesmos; ou, na
linguagem da própria Constituição, agentes estatais agindo “nessa qualidade” (§ 6º do
art. 37). E quanto à segurança física ou corporal dos servidores, seja pessoal, seja fami-
liarmente, claro que ela resultará um tanto ou quanto fragilizada com a divulgação nomi-
nalizada dos dados em debate, mas é um tipo de risco pessoal e familiar que se atenua
com a proibição de se revelar o endereço residencial, o CPF e a CI de cada servidor. No
mais, é o preço que se paga pela opção por uma carreira pública no seio de um Estado
republicano. 3. A prevalência do princípio da publicidade administrativa outra coisa não
é senão um dos mais altaneiros modos de concretizar a República enquanto forma de
governo. Se, por um lado, há um necessário modo republicano de administrar o Estado
brasileiro, de outra parte é a cidadania mesma que tem o direito de ver o seu Estado
republicanamente administrado. O  “como” se administra a coisa pública a preponde-
rar sobre o “quem” administra – falaria Norberto Bobbio –, e o fato é que esse modo
público de gerir a máquina estatal é elemento conceitual da nossa República. O olho e
a pálpebra da nossa fisionomia constitucional republicana. 4. A negativa de prevalên-
cia do princípio da publicidade administrativa implicaria, no caso, inadmissível situação
de grave lesão à ordem pública. 5. Agravos regimentais desprovidos (SS 3902 AgR-se-
gundo, Relator(a): Min. Ayres Britto, Tribunal Pleno, julgado em 09/06/2011, DJe-189
Divulg. 30/09/2011 Public. 03/10/2011 Ement. Vol-02599-01 PP-00055).

Questão 3 (2018/CESPE/ABIN/OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA/ÁREA 10) Com base na


legislação que trata do acesso a documentos, julgue o item seguinte.
O acesso à informação compreende, entre outros, o direito de obter informação primária, ín-
tegra, autêntica e atualizada.

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Certo.

Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter:
I – orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde
poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada;
II – informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos
ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos;
III – informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qual-
quer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
IV – informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
V – informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua
política, organização e serviços;
VI – informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos,
licitação, contratos administrativos;
VII – informação relativa:
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e
entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos;
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos
de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores.
§ 1º O acesso à informação previsto no caput não compreende as informações referentes a pro-
jetos de pesquisa e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.
§  2º Quando não for autorizado acesso integral à informação por ser ela parcialmente sigilosa,
é assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação
da parte sob sigilo.
§ 3º O direito de acesso aos documentos ou às informações neles contidas utilizados como fun-
damento da tomada de decisão e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato
decisório respectivo.
§ 4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido formulado aos órgãos e entidades re-
feridas no art. 1º, quando não fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos
termos do art. 32 desta Lei.
§ 5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá o interessado requerer à autoridade
competente a imediata abertura de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva do-
cumentação.
§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, o responsável pela guarda da informação
extraviada deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que comprovem
sua alegação.

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Conceitos Previstos na Lei

Para a correta aplicação da LAI, há a apresentação de alguns conceitos básicos em seu


art. 4º:

Dados, processados ou não, que podem ser utilizados para produção e transmissão de
Informação
conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato.
Documento Unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato.
Informação Aquela submetida temporariamente à restrição de acesso público em razão de sua
sigilosa imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado.
Informação
Aquela relacionada à pessoa natural identificada ou identificável.
pessoal
Conjunto de ações referentes à produção, recepção, classificação, utilização, acesso,
Tratamento da
reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamento, elimi-
informação
nação, avaliação, destinação ou controle da informação.
Qualidade da informação que pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamen-
Disponibilidade
tos ou sistemas autorizados.
Qualidade da informação que tenha sido produzida, expedida, recebida ou modificada por
Autenticidade
determinado indivíduo, equipamento ou sistema.
Integridade Qualidade da informação não modificada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino.
Qualidade da informação coletada na fonte, com o máximo de detalhamento possível,
Primariedade
sem modificações.

Do Acesso a Informações e da Sua Divulgação – Art. 6º

No acesso à informação, os órgãos e entidades devem assegurar:

I – gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a ela e sua divulgação;
II – proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade, autenticidade e integridade; e
III – proteção da informação sigilosa e da informação pessoal, observada a sua disponibilidade,
autenticidade, integridade e eventual restrição de acesso.
O acesso à informação é amplo, para tanto, a lei garante direito de obter:
I – orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde
poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada;
II – informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos
ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos;
III – informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qual-
quer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
IV – informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;

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V – informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua
política, organização e serviços;
VI – informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos,
licitação, contratos administrativos; VII – informação relativa:
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e
entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos;
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos
de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores.

O acesso à informação não compreende as informações referentes a projetos de pesquisa


e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado (art. 7º, § 1º).
Quando não for autorizado acesso integral à informação por ser ela parcialmente sigilosa,
é assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocul-
tação da parte sob sigilo (art. 7º, § 1º).

Procedimento de Acesso à Informação

Após a parte inicial, na qual se apresentam definições fundamentais e diretrizes para o


acesso à informação, a  LAI traz o procedimento para a efetivação desse acesso (arts.  10
a 20).
O pedido de acesso cabe a qualquer interessado e pode ser feito por qualquer meio legíti-
mo, o que dispensa, como se vê, a necessidade de pedido escrito. Devem, ainda, ser disponi-
bilizadas possibilidades de acesso via Internet. Exige a lei apenas que o pedido deva conter a
identificação do requerente e a especificação da informação requerida (art. 10).

São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação de in-
formações de interesse público.

Com essa observação feita acerca da vedação dos motivos da solicitação, os  agentes
públicos não podem perguntar: por que você quer essa informação?

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Questão 4 (2018/CESPE/TCE-PB/AUDITOR DE CONTAS PÚBLICAS/DEMAIS ÁREAS) No que


se refere ao acesso a informações, assinale a opção correta conforme a Lei n. 12.527/2011.
a) É vedada a exigência ao cidadão de explicitação de motivos para solicitar acesso a dados
públicos.
b) O órgão deve conceder acesso à informação disponível em até quinze dias.
c) Caso o órgão se negue a conceder acesso a uma informação solicitada, o interessado es-
tará impedido de interpor recurso.
d) Em caso de uma informação parcialmente sigilosa, será vedado ao interessado o acesso à
parte não sigilosa da informação.
e) É facultado ao órgão fornecer ao requerente o inteiro teor de decisão negativa de acesso.

Letra a.

Art.  10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a informações aos órgãos e
entidades referidos no art.  1º desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a
identificação do requerente e a especificação da informação requerida.
§  1º Para o acesso a informações de interesse público, a  identificação do requerente não pode
conter exigências que inviabilizem a solicitação.
§ 2º Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar alternativa de encaminhamento de
pedidos de acesso por meio de seus sítios oficiais na internet.
§ 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação de in-
formações de interesse público

Questão 5 (2018/FCC/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO) Determinado cidadão solicitou in-


formações sobre contrato firmado por empresa pública para a construção de sua nova sede,
incluindo os projetos, pareceres jurídicos e técnicos e os estudos que embasaram a tomada
de decisão por parte dos dirigentes quanto à mudança de sede. De acordo com a legislação
que disciplina o acesso à informação, a empresa
a) está obrigada a fornecer apenas cópia ou extrato do contrato, não sendo lícito exigir a exi-
bição de documentos internos.

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b) deverá disponibilizar as informações requeridas, não havendo previsão legal para exigir do
requerente a motivação da solicitação.
c) não está obrigada a disponibilizar as informações e documentos requeridos, tendo em vis-
ta sua sujeição ao regime jurídico de direito privado.
d) poderá alegar segredo comercial para afastar a obrigação de divulgar as informações soli-
citadas, caso atue em regime de competição no mercado.
e) não poderá negar a disponibilização dos documentos, salvo se declarados, pelo conselho
de administração da companhia, como de caráter reservado.1

O órgão ou entidade deverá fornecer o acesso, ou, se for o caso, fornecer cópia do origi-
nal do documento, quando se tratar de peça rara. As buscas devem ser gratuitas e apenas
as cópias devem ser cobradas; ainda assim, os custos são dispensados às pessoas que não
possam pagá-los.
A LAI estabelece o prazo de 20 dias para o fornecimento da informação (art.  11, §  1º),
mas apenas quando não for possível franquear o acesso imediatamente. Esse prazo pode
ser prorrogado por mais 10 dias. Tem-se, aqui, um conflito aparente com a Lei n. 9.507/1997,
que, ao tratar do habeas data, prevê o prazo de 48 horas para os bancos de dados fornecerem
as informações relativas ao requerente (art. 2º) e de 10 dias para o ingresso com o habeas
data no Judiciário, valendo o silêncio como negativa do fornecimento da informação (art. 8º,
parágrafo único, I). Como resolver esse conflito? Entendemos que deva ser utilizado o critério
da especialidade (até mesmo em virtude da previsão do art. 38 da LAI): em se tratando de in-
formações pessoais constantes de bancos de dados públicos ou governamentais, aplica-se
o prazo da Lei do Habeas Data (10 dias); nos demais casos, utiliza-se o prazo da LAI (20 dias,
prorrogáveis por mais 10).
A negativa deve ser fornecida por escrito (art. 14), mediante certidão ou cópia, o que vai
solucionar diversos problemas que eram vivenciados pelos cidadãos, para provar que a Ad-
ministração se negou ao fornecimento da informação. Contra o indeferimento do pedido de
acesso cabe recurso, no prazo de 10 dias, em termos semelhantes ao que está previsto na
Lei de Processo Administrativo (Lei n. 9.784/1999), que se aplica subsidiariamente (art. 20
1
Letra b.

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– aliás, artigo totalmente dispensável, pois a aplicação subsidiária já é prevista no art. 69 da


mesma Lei de Processo).

Restrições ao Acesso à Informação


Nos arts. 21 a 31, a LAI traz uma série de regras de restrição do acesso à informação,
acrescidas de algumas definições e classificações de dados e documentos. Trata-se, em ver-
dade, de regras que serão mais utilizadas pelos profissionais das ciências da documentação
e da arquivologia.
Segundo o art.  23, são consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do
Estado e, portanto, passíveis de classificação as informações cuja divulgação ou acesso ir-
restrito possam:

I – pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do território nacional;


II – prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do país,
ou as que tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos interna-
cionais;
III – pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
IV – oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou monetária do país;
V – prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das Forças Armadas;
VI – prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológico,
assim como a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;
VII – pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades nacionais ou estrangeiras e
seus familiares; ou
VIII – comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação ou fiscalização em anda-
mento, relacionadas com a prevenção ou repressão de infrações.

Tendo em vista que a publicidade deve ser a regra e o sigilo a exceção, a LAI prevê que,
para a classificação da informação em determinado grau de sigilo, deverá ser observado o
interesse público da informação e utilizado o critério menos restritivo possível, considerados:
I – a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do Estado; II – o prazo máximo
de restrição de acesso ou o evento que defina seu termo final.
A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, observado seu teor e em razão
de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada
como ultrassecreta, secreta ou reservada (art. 24). Os prazos máximos de restrição de acesso
à informação, conforme o caso, vigoram a partir da data de sua produção e são os seguintes:

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Ultrassecreta 25(vinte e cinco) anos


Secreta 15 (quinze) anos
Reservada 5 (cinco) anos

DICA!
Para concursos, esses prazos do art. 24 despencam! Então,
memorize!!!

Questão 6 (2018/CESPE/ABIN/AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Com base na Lei de Acesso à


Informação (Lei n. 12.527/2011), julgue o item a seguir.
Se um documento de um órgão público contiver informações de uma pessoa referentes a sua
intimidade e vida privada, o acesso a essas informações será restrito pelo prazo máximo de
CEM ANOS a contar de sua produção, independentemente de sua classificação de sigilo.

Certo.

Das Informações Pessoais


Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de forma transparente e com res-
peito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias
individuais.
§ 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra
e imagem:
I – terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de
100 (cem) anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à
pessoa a que elas se referirem; e
II – poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por terceiros diante de previsão legal ou con-
sentimento expresso da pessoa a que elas se referirem.
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que trata este artigo será responsabilizado por
seu uso indevido.
§ 3º O consentimento referido no inciso II do § 1º não será exigido quando as informações forem
necessárias:

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I – à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver física ou legalmente incapaz, e para
utilização única e exclusivamente para o tratamento médico;
II – à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente interesse público ou geral, pre-
vistos em lei, sendo vedada a identificação da pessoa a que as informações se referirem;
III – ao cumprimento de ordem judicial;
IV – à defesa de direitos humanos; ou
V – à proteção do interesse público e geral preponderante.
§ 4º A restrição de acesso à informação relativa à vida privada, honra e imagem de pessoa não
poderá ser invocada com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que
o titular das informações estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a recuperação de
fatos históricos de maior relevância.
§ 5º Regulamento disporá sobre os procedimentos para tratamento de informação pessoal.

Questão 7 (2018/CESPE/ABIN/OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA/ÁREA 10) Com base na


legislação que trata do acesso a documentos, julgue o item seguinte.
O prazo máximo de classificação de sigilo da informação como reservada é de quinze anos.

Errado.
O prazo máximo de classificação de sigilo da informação como reservada é de CINCO anos:
• Ultrassecreta = 25 anos;
• Secreta = 15 anos;
• Reservada= 5 anos.

Questão 8 (2018/CESPE/ABIN/OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA/ÁREA 10) Com base na


legislação que trata do acesso a documentos, julgue o item seguinte.
Informações pessoais são de acesso restrito e são classificadas como ultrassecretas.

Errado.

Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de forma transparente e com res-
peito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias
individuais.
§ 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra
e imagem:

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I – terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo de
100 (cem) anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à
pessoa a que elas se referirem;

Questão 9 (2016/FCC/PGE-MT/TÉCNICO/TÉCNICO ADMINISTRATIVO) A informação em


poder dos órgãos e entidades públicas, cumprido o seu teor e em virtude de sua imprescin-
dibilidade à segurança do Estado ou da sociedade, poderá ser classificada como reservada,
secreta ou ultrassecreta. Conforme a Lei no 12.527/2011, os prazos máximos de restrição ao
acesso destes tipos de informação são, respectivamente,
a) 5, 15 e 25 anos.
b) 10, 15 e 20 anos.
c) 5, 10 e 15 anos.
d) 10, 20 e 30 anos.
e) 5, 15 e 30 anos.2

A Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI) poderá prorrogar o prazo de si-


gilo de informação classificada como ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto
seu acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania nacional ou à inte-
gridade do território nacional ou grave risco às relações internacionais do país, observado o
prazo máximo de 25 anos.
Pelo que se vê, não há informação que nunca será revelada, pois o prazo máximo de sigilo
encontrado na lei é de 25 anos.
Alternativamente aos prazos mencionados, poderá ser estabelecido como termo final
de restrição de acesso a ocorrência de determinado evento, desde que este ocorra antes do
transcurso do prazo máximo de classificação. Assim, por exemplo, um parecer jurídico que
analisa ato administrativo sobre matéria que possa afetar a estabilidade financeira ou econô-
mica do país poderá ter como data final de restrição à publicidade o momento da publicação
do ato administrativo sob análise.

As informações que puderem colocar em risco a segurança do Presidente e Vice-Presidente


da República e de respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e
2
Letra a.

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ficarão sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de
reeleição.

Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o evento que defina seu termo final,
a informação tornar-se-á automaticamente de acesso público.

Dos Procedimentos de Classificação, Reclassificação e Desclassificação


A competência administrativa é o poder que a lei confere ao agente público para a prática
de determinado ato. Portanto, só poderá praticar o ato administrativo aquele agente público
que recebeu da lei a atribuição. Assim, a LAI (art. 27) estabelece quem são as autoridades
competentes para a classificação das informações.

AUTORIDADES TIPO DE INFORMAÇÃO

a) Presidente da República;
b) Vice-Presidente da República;
Ultrassecreta, secreta e
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas;
reservada
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no exterior;
Titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e sociedades de economia
Secreta e reservada
mista.
Autoridades que exerçam funções de direção, comando ou chefia, nível DAS 101.5,
ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de hierarquia equiva- Reservada
lente, de acordo com regulamentação específica de cada órgão ou entidade.

Quando Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e Chefes de Missões Di-


plomáticas e Consulares permanentes no exterior classificarem informação como ultrasse-
creta, deverá haver a ratificação pelo respectivo Ministro de Estado.
A competência para classificação como ultrassecreta e secreta poderá ser delegada pela
autoridade responsável a agente público, inclusive em missão no exterior, vedada a subdele-
gação (art. 27, § 2º, LAI).
A autoridade ou outro agente público que classificar informação como ultrassecreta deve-
rá encaminhar a decisão à Comissão Mista de Reavaliação de Informações.

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A classificação das informações será reavaliada pela autoridade classificadora ou por


autoridade hierarquicamente superior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos
previstos em regulamento, com vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de sigilo.

Questão 10 (2018/CESPE/ABIN/AGENTE DE INTELIGÊNCIA) Com base na Lei de Acesso à


Informação (Lei n. 12.527/2011), julgue o item a seguir.
A classificação de uma informação como secreta é de competência indelegável do titular de
autarquia federal.

Errado.

Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da administração pública federal é de


competência:
II – no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos titulares de autarquias, fundações
ou empresas públicas e sociedades de economia mista
§ 1º A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere à classificação como ultrassecreta
e secreta, poderá ser delegada pela autoridade responsável a agente público, inclusive em missão
no exterior, vedada a subdelegação.

Questão 11 (2018/CESPE/ABIN/OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA/CONHECIMENTOS GERAIS)


Acerca da Lei de Acesso à Informação (Lei n. 12.527/2011), julgue o item a seguir.
No âmbito das Forças Armadas, a prerrogativa exclusiva de classificação de uma informação
como ultrassecreta é do ministro de Estado da Defesa, podendo os comandantes da Marinha,
do Exército e da Aeronáutica classificá-la como secreta ou reservada.

Errado.

Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da administração pública federal é de


competência: (Regulamento)
I – no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:

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a) Presidente da República;
b) Vice-Presidente da República;
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas;
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no exterior;
II – no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos titulares de autarquias, fundações
ou empresas públicas e sociedades de economia mista; e
III – no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos I e II e das que exerçam funções
de direção, comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento
Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação específica de cada órgão
ou entidade, observado o disposto nesta Lei.

Responsabilidades
O agente que atuar de modo contrário à LAI, por meio de diversas condutas previstas
taxativamente no art. 32 (pois, como se trata de definição de ilícitos, não admite, em regra,
interpretação ampliativa nem analogia).
A LAI ainda inova ao prever que as condutas previstas no art. 32 constituem infração dis-
ciplinar, no âmbito da Lei n. 8.112/1990, puníveis, no mínimo, com suspensão (art. 32, § 1º,
II). É dizer: trata-se de faltas de gravidade média, e não meramente faltas leves (que seriam,
nesse caso, punidas com advertência, e não com suspensão). Eis um tema que provavelmen-
te será cobrado de forma reiterada em provas de concursos!
A LAI ainda estabelece que, pelas condutas descritas no art. 32, poderá o militar ou agente
público responder também por improbidade administrativa, conforme o disposto nas Leis n.
1.079, de 10 de abril de 1950, e n. 8.429, de 2 de junho de 1992. Apenas devemos chamar a
atenção para o fato de que a Lei n. 1.079/1950 trata, na verdade, dos crimes de responsabi-
lidade.
Já no art. 33, prevê-se a possibilidade de aplicação de penalidades para as pessoas fí-
sicas ou jurídicas privadas, que possuam o dever de fornecer o acesso à informação. Nesse
caso as sanções são as seguintes:

I – advertência;
II – multa;
III – rescisão do vínculo com o Poder Público;
IV – suspensão temporária de participar em licitação e impedimento de contratar com a Adminis-
tração Pública por prazo não superior a dois anos;

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V – declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública, até que seja
promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade.

A multa poderá ser aplicada cumulativamente com as sanções de advertência, rescisão


do vínculo com o Poder Público e suspensão temporária de participar em licitação e impedi-
mento de contratar.
No caso de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pú-
blica, a reabilitação será autorizada somente quando o interessado efetivar o ressarcimento
ao órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo de 2 anos. A com-
petência para aplicação dessa sanção é de competência exclusiva da autoridade máxima do
órgão ou entidade pública.
Segundo o art. 34, os órgãos e as entidades públicas respondem diretamente pelos danos
causados em decorrência da divulgação não autorizada ou utilização indevida de informações
sigilosas ou pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo
ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso. Pela redação do artigo, há responsa-
bilidade objetiva do Estado nessa situação, pois somente há referência acerca da discussão
de dolo ou culpa em razão da responsabilidade funcional dos servidores. Tal disposição está
em sintonia com o art. 37, § 6º, da CF, pois, se o Poder Público causar dano ao particular ao
divulgar informação não autorizada, deverá ressarcir os danos causados na forma objetiva.
Essa mesma forma de responsabilidade foi estendida para a pessoa física ou entidade priva-
da que, em virtude de vínculo de qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha acesso à
informação sigilosa ou pessoal e a submeta a tratamento indevido.

Dos Recursos – Art. 15


Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso,
poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua
ciência.
Parágrafo único. O  recurso será dirigido à autoridade hierarquicamente superior à que exarou a
decisão impugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias.
Art.  16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal,
o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco)
dias se:
I – o acesso à informação não classificada como sigilosa for negado;

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II – a decisão de negativa de acesso à informação total ou parcialmente classificada como sigilosa
não indicar a autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido
pedido de acesso ou desclassificação;
III – os procedimentos de classificação de informação sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem
sido observados; e
IV – estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos previstos nesta Lei.
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria-Geral da União de-
pois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela
que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2º Verificada a procedência das razões do recurso, a Controladoria-Geral da União determinará
ao órgão ou entidade que adote as providências necessárias para dar cumprimento ao disposto
nesta Lei.
§ 3º Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da União, poderá ser interposto recur-
so à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35.
Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassificação de informação protocolado em
órgão da administração pública federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da área,
sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, previstas no
art. 35, e do disposto no art. 16.
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido às autoridades mencionadas de-
pois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à auto-
ridade que exarou a decisão impugnada e, no caso das Forças Armadas, ao respectivo Comando.
§ 2º Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como objeto a desclassificação de informa-
ção secreta ou ultrassecreta, caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações
prevista no art. 35.
Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias proferidas no recurso previsto no
art.  15 e de revisão de classificação de documentos sigilosos serão objeto de regulamentação
própria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em seus respectivos âmbitos,
assegurado ao solicitante, em qualquer caso, o direito de ser informado sobre o andamento de seu
pedido.
Art. 19. (VETADO).
§ 1º (VETADO).
§ 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público informarão ao Conselho Nacional de
Justiça e ao Conselho Nacional do Ministério Público, respectivamente, as decisões que, em grau
de recurso, negarem acesso a informações de interesse público.
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao pro-
cedimento de que trata este Capítulo.

Conforme a lei, no caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões da nega-


tiva do acesso, poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez)
dias a contar da sua ciência.

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Lei n. 12.527/2011 – Acesso à Informação
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Semelhante ao que prevê a Lei n. 9.784/1999, o recurso será dirigido à autoridade hierar-
quicamente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se manifestar no prazo
de 5 (cinco) dias.
Negado o acesso à informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal,
o  requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5
(cinco) dias se:

I – o acesso à informação não classificada como sigilosa for negado;


II – a decisão de negativa de acesso à informação total ou parcialmente classificada como sigilosa
não indicar a autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido
pedido de acesso ou desclassificação;
III – os procedimentos de classificação de informação sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem
sido observados; e
IV – estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos previstos nesta Lei.

O recurso, porém, somente poderá ser dirigido à Controladoria-Geral da União depois de


submetido à apreciação de, pelo menos, uma autoridade hierarquicamente superior àquela
que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.
Verificada a procedência das razões do recurso, a Controladoria-Geral da União determi-
nará ao órgão ou entidade que adote as providências necessárias para dar cumprimento ao
disposto na LAI.
Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da União, poderá ser interposto
recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI), a que se refere o art. 35.
A sistemática recursal até agora vista se refere aos casos de indeferimento de acesso a infor-
mações ou às razões de negativa de acesso. De outro modo, em caso de indeferimento de pedido
de desclassificação de informação protocolado em órgão da Administração Pública Federal, pode-
rá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das competências da CMRI.
Vale lembrar que o art. 27, § 3º, determina que a autoridade ou agente que classificar a informação
como ultrassecreta deve encaminhar a decisão à CMRI para reavaliação.
A lei prevê, ainda, que, no caso de pedido de desclassificação de informação como secreta
ou ultrassecreta, o interessado pode recorrer em última “instância” à CMRI.
Assim, no caso de indeferimento de pedido de desclassificação, o interessado poderá re-
correr ao Ministro de Estado, sem prejuízo de a CMRI reavaliar de ofício a classificação feita
pelo agente público. E, ainda, no final, recorrer à CMRI.

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Questão 12 (2018/CESPE/STM/TÉCNICO JUDICIÁRIO/PROGRAMAÇÃO DE SISTEMAS)


Acerca do acesso à informação, dos servidores públicos e do processo administrativo no
âmbito federal, julgue o item que se segue.
Caso determinado órgão público recuse o acesso imediato a informação disponível, o inte-
ressado deverá interpor recurso dirigido diretamente à autoridade que proferir a decisão de
indeferimento.

Errado.

Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso,


poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua
ciência.
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarquicamente superior à que exarou a
decisão impugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias.

Questão 13 (2017/FCC/DPE-RS/ANALISTA/ARQUIVISTA) De acordo com a Lei n. 12.527/2011,


Lei de Acesso à Informação,
a) as informações que versem sobre violação dos direitos humanos praticada por agentes
públicos não poderão ser objeto de restrição de acesso.
b) a classificação das informações não poderá ser reavaliada pela autoridade classificadora,
qualquer que seja o grau de sigilo anteriormente aplicado.
c) a restrição de acesso a informações relativas à vida privada, honra e imagem da pessoa
terá prevalência no caso de apuração de irregulares em que o titular das informações estiver
envolvido.
d) o prazo máximo de restrição de acesso às informações, na categoria ultrassecreta, é de
vinte anos, prorrogáveis por igual tempo a pedido dos interessados.
e) para o acesso a informações de interesse público, o requerente deve apresentar atestado
de antecedentes e justificar sua pretensão.

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Letra a.

Art. 21, Parágrafo único. As informações ou documentos que versem sobre condutas que impli-
quem violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades
públicas NÃO poderão ser objeto de restrição de acesso.

b) Errada.

Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela autoridade classificadora ou por au-
toridade hierarquicamente superior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos previs-
tos em regulamento, com vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de sigilo, observado
o disposto no art. 24.

c) Errada.

Art. 31, § 4º A restrição de acesso à informação relativa à vida privada, honra e imagem de pessoa
NÃO poderá ser invocada com o intuito de prejudicar:
1 – processo de apuração de irregularidades em que o titular das informações estiver envolvido,
2 – bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância.

d) Errada.

Art. 24, I – ULTRASSECRETA: 25 ANOS;


II – SECRETA: 15 ANOS;
III – RESERVADA: 5 ANOS.
Art. 35. § 1º É instituída a COMISSÃO MISTA DE REAVALIAÇÃO DE INFORMAÇÕES, que decidirá,
no âmbito da ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL, sobre o TRATAMENTO e a CLASSIFICAÇÃO de
INFORMAÇÕES SIGILOSAS e terá competência para:
III  – PRORROGAR o prazo de sigilo de informação classificada como ultrassecreta, sempre por
prazo determinado, enquanto o seu acesso ou divulgação puder ocasionar:
1 – Ameaça externa à soberania nacional ou
2 – À integridade do território nacional ou
3 – Grave risco às relações internacionais do País, observado o prazo previsto no § 1º do art. 24.

e) Errada.

Art. 10, § 1º Para o acesso a informações de interesse público, a identificação do requerente NÃO
pode conter exigências que inviabilizem a solicitação.

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Gustavo Scatolino
Atualmente é Procurador da Fazenda Nacional. Bacharel em Direito e Pós-graduado em Direito
Administrativo e Processo Administrativo. Ex-Assessor de Ministro do STJ. Aprovado em vários concursos
públicos, dentre eles, Analista Judiciário do STJ, exercendo essa função durante 5 anos, e Procurador do
Estado do Espírito Santo.

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