Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
OPI€CEOS (NARC•TICOS)
(Professora Edilene Bega)
1
Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
F ARMACOCINƒTICA
Os opiáceos apresentam uma absorção lenta e irregular T.G.I., sofrendo ainda metabolismo hepático de
primeira passagem. Por possuírem pouca fixação à proteína plasmática, apresentam meia-vida curta. São eliminados
por via renal.
A maioria dos opióides é de vida média curta, obrigando a várias tomadas ao dia. Codeína, meperedina
(utilizada para desmame de viciados por ter uma meia-vida muito longa), morfina e propoxifeno apresentam
metabólitos ativos.
USOS CL„NICOS
Dor crônica: os opióides são a primeira escolha no tratamento da dor crónica pós-operativa, na dor provocada
pelo câncer intratável e outras situações. É frequente ser dado ao paciente o controle de uma bomba, ativada
por um botão, que injeta opióide de acordo com o seu desejo. O opióide mais utilizado para a dor crônica no
passado era a Morfina, mas esta vem sendo substituida pelo Fentanil, que é mais potente e de ação mais
rápida, permitindo melhor controle e mais rápido alívio da dor.
Dor aguda forte: como no trauma, dor de cabeça (cefaleia) ou no parto. Não se deve utilizar Morfina em casos
de cólicas biliares (que ocorre em casos de lítiase biliar), pois eles podem provocar espasmos que intensificam
ainda mais a dor. Se a dor é de origem inflamatória, é preferível optar por anti-inflamatórios não esteroides, ou
opióides fracos como o Tramadol, que também são analgésicos eficazes nessas situações.
Anestesia: como são sedativos, são por vezes, utilizados na preparação antes da inalação de anestésicos
gasosos mais potentes, sendo responsáveis por promover a analgesia intraoperatória.
Supressão da tosse: alguns opióides fracos como a codeína, são por vezes incluidos em preparações anti-
tússicas. Há risco de acumulação das secreções com infecção.
Dispneia aguda, principalmente de causa cardiaca: os opióides, particularmente a morfina, são eficazes
contra esta condição de emergência. Julga-se que o efeito é devido à redução da ansiedade com regularização
da respiração e menor esforço cardiaco.
Diarreia: como produzem redução da motilidade intestinal, são eficazes contra a diarreia. Não devem ser
usados na diarreia de causa infecciosa, pois podem predispor à translocação bacteriana. A Loperamida tem
poucos efeitos analgésicos e é preferivel.
PRINCIPAIS OPI…IDES
Os opiáceos são as drogas mais utilizadas em UTI, tendo como objetivo principal ocasionar efeitos sedativos e
analgésicos associados. Apesar disso, são drogas que não produzem amnésia (nem anterógrada, nem retrógrada)
nem ansiólise (diminuição da ansiedade), como fazem os Benzodiazepínicos (sendo necessária a associação com
estes fármacos). Eventualmente, diminuem tosse e dispneia.
São consideradas as drogas de escolha para tratamento da dor em UTI, devido às seguintes características:
Analgésicos potentes:
Sedação moderada; nenhuma ansiólise ou amnésia;
Redução da tosse e dispnéia: principalmente morfina.
Efeitos adversos: sedação excessiva, depressão respiratória e circulatória, náusea, vômitos e anorexia, Íleo
paralítico, constipação, conversão hepática para metabólitos ativos que, por vezes, são até mais potente do
que a droga mãe.
MORFINA
Há muito tempo, a Morfina (Dimorf®, Morfenil®) é considerada a droga de escolha para sedação e analgesia
dos pacientes internados em UTI, especialmente devido à sua boa relação custo-benefício (por ser a droga mais
barata). Age em nível dos receptores µ. Por isso, a Morfina é o opiáceo mais utilizado. Além disso, podemos destacar
suas principais características, que seguem:
Efeito de pico atrasado (30min) em relação ao Fentanil (por ser 40x mais lipossolúvel que a morfina, o Fentanil
tem maior facilidade de entrar no neurônio e, por isso, apresenta um tempo de ação em torno de 4 minutos e
um efeito mais forte). Dessa forma, a quantidade de Fentanil que se administra deve ser menor do que a
Morfina, para que seja atingido um determinado efeito no paciente.
Simpatólise e efeitos diretos no nó sinusal: a morfina tem a capacidade de diminuir a ação do SN simpático, e
ainda, promove efeitos diretos no nó sinusal, provocando bradicardia.
Propensão a depressão respiratória, como toda droga opiácea;
Náusea, íleo e espasmo do esfíncter de Oddi: devido a esta última característica (isto é, levar ao espasmo do
esfíncter de Oddi, que consiste na abertura da vesícula biliar), a Morfina está contraindicada para a sedação de
pacientes com patologias das vias biliares.
2
Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
FENTANIL
O Fentanil (Durosegic’, Fentanest’) difere da morfina principalmente por ter uma alta lipossolubilidade e, por
conta disso, tem um pico mais r„pido de a…€o. Seu tempo de a…€o tambŠm Š considerado curto, pois gira em torno de
30 a 60 minutos. Age em nƒvel dos receptores •. Outras caracterƒsticas importantes dessa droga s€o:
75-100 x mais potente do que a morfina (talvez por ser mais lipossol•vel).
N€o apresenta metab‚litos ativos.
Meia vida de elimina…€o mais curta.
Sem libera…€o significativa de histamina: e, por conta disso, n€o provoca hipotens€o e prurido.
Opi„ceo de escolha nos pacientes hemodinamicamente inst„veis, por n€o provocar hipotens€o.
Analgesia contƒnua: n€o Š a droga ideal para realiza…€o de uma analgesia intermitente, devido ao seu curto
tempo de a…€o. Ao contr„rio disso, Š a droga Ideal para utiliza…€o na forma de bomba de infus€o (contƒnua).
2
OBS : Quanto a escolha entre Morfina e Fantanil, podemos resumir:
A Morfina causa hipotens€o (diferentemente do Fentanil) e,
portanto, n€o Š a droga de escolha para o paciente com
instabilidade hemodin•mica (para eles, utiliza-se Fentanil);
A Morfina Š droga ideal para seda…€o intermitente; o Fentanil Š
a droga ideal para seda…€o contƒnua;
O Fentanil Š a droga ideal para seda…€o r„pida e imediata (a
Morfina tem um pico de a…€o mais atrasado);
Morfina tem mais efeitos colaterais (libera…€o de histamina);
N€o se deve utilizar Morfina em pacientes com coledocolitƒase
ou crise de colecistite.
3
OBS : O Propofol (Diprivan’, Propovan’) Š um sedativo de ultra-curta-dura…€o frequentemente utilizado na indu…€o
anestŠsica. Entretanto, vale salientar que ele n€o tem efeito analgŠsico e, portanto, quando este Š utilizado em
anestesias, o uso de um opi‚ide n€o deve ser ignorado.
TRAMADOL
O Tramadol (Dorless’, Sineol’, Tramal’) Š um opi„ceo que Š usado principalmente como analgŠsico de a…€o
central que alivia a dor atuando sobre cŠlulas nervosas especƒficas da medula espinhal e do cŠrebro. Possui um
mecanismo de a…€o mais complexo que os opi‚ides cl„ssicos, modulando as vias monoaminŠrgicas.
O tramadol se combina com os receptores opi„ceos do cŠrebro e bloqueia a transmiss€o de estƒmulos de dor.
“ indicado para o tratamento de dores de intensidade moderada a severa.
CODEÍNA
A Codeƒna (Codein’, Codex’) Š um f„rmaco alcaloide do grupo dos opi‚ides, que Š usado no tratamento da
dor moderada e como antitússico. Grande parte da codeƒna utilizada com finalidades mŠdicas Š preparada atravŠs da
metila…€o da morfina. Doze vezes de menor pot‰ncia que a morfina, utiliza-se tambŠm em combina…€o com outros
analgŠsicos da classe dos n€o opioides, como „cido acetilsalicƒlico e paracetamol. Cerca de 10% da popula…€o
caucasoide n€o consegue converter a codeƒna em morfina no fƒgado, por defeitos genŠticos.
MEPERIDINA
A Meperidina (Dolantina’, Dornot’, Petinan’) Š uma droga que est„ totalmente contraindicada para utiliza…€o
em pacientes na UTI. TambŠm age em nƒvel dos receptores •.Os principais motivos para sua retirada foram:
Pode ser utilizada como analgŠsico para dor de intensidade moderada a severa, tremores p‚s-operat‚rios.
Baixa pot‰ncia em rela…€o aos opi„ceos: 1/8 da pot‰ncia da morfina.
Pouco ou nenhum efeito no reflexo da tosse.
Efeitos adversos: causa inotropismo negativo (hipotens€o), alŠm de ser vagolƒtico (taquicardia).
Meia vida de elimina…€o: 3-4 horas, MAS.
Normeperidina: consiste em um metab‚lito formado a partir da Meperidina, que pode promover um aumento do
tempo de a…€o da droga de forma indeterminada (15 a 30 horas).
Perigoso na fal‰ncia renal.
3
Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
As comidas picantes (com pimenta) contém capsaicina, um agonista de receptores de dor na lingua. A activação da
vias da dor leva à activação do sistema fisiológico analgésico com libertação quantidades moderadas de endorfinas. O
prazer de comer comidas picantes é devido à sensação de bem estar que as endorfinas produzem.
USOS CLÍNICOS
Dor crônica: é a primeira escolha no tratamento da dor crônica pós-operativa, no cancro e outras situações.
Tem vindo a ser substituida como primeira escolha pelo fentanil.
Dor aguda forte: em trauma, dor de cabeça (cefaleia), ou no parto. Não se devem usar nas cólicas biliares (
lítiase biliar ou pedra na vesícula) porque provocam espasmos que podem aumentar ainda mais a dor. Não é
primeira escolha na dor inflamatória (são usados AINEs).
4
Na anestesia geral é utilizado como adjuvante a gás anestésico principal (vide OBS ).
4
OBS : Nenhum ansiolítico tem efeito analgésico, apenas os anestésicos e opióides. Porém, ao se realizar a
anestesias, deve-se associar ansiolíticos (como os Benzodiazepínicos) para induzir o sono, reduzindo assim, a
necessiade de altas doses de anestésicos gerais, uma vez que estes são, geralmente, muito tóxicos. Fazendo uso
4
Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2
associado de opi„ceos, por sua vez, aumenta mais ainda a efic„cia de inibir a transmiss€o de impulsos doloros, sendo
menos ainda necess„ria a administra…€o de altas doses de anestŠsicos gerais. Portanto, o anestŠsico deve sempre ser
somado, ent€o, a ansiolƒticos (para indu…€o do sono) e a opi‚ides (para diminui…€o da dor).
CONTRAINDICAÇÕES DA MORFINA
Hipertens€o craniana como na meningite: pois os opi‚ides acentuam ainda mais esta hipertens€o, aumentando
a volemia desta regi€o.
Gravidez: deve-se evitar opi‚ides durante a gesta…€o pois muitos deles atingem o feto, podendo realizar a
depress€o respirat‚ria da crian…a ao nascer.
Insufici‰ncia renal
Insufici‰ncia hep„tica
Patologias das vias biliares
Juntamente com outros depressores do SNC, como „lcool, benzodiazepinas e barbit•ricos, antipsic‚ticos ou
antidepressivos.
TOXICIDADE
Os sinais mais eminentes de intoxica…€o por morfina (e, consequentemente, por opi‚ides) s€o: bradipnŠia,
cianose, choque, pupilas puntiformes (contraƒdas ao m„ximo), sudorese fria, olig•ria e an•ria, relaxamento da
musculatura esquelŠtica. O tratamento imediato para intoxica…†es com opi‚ides se baseia no suporte ventilat‚rio (com
intuba…€o orotraqueal, se necess„rio) e uso de antƒdotos (antagonistas opi‚ides, como a Naloxona).
ANTAGONISTAS OPI…IDES
Os antagonistas opi‚ides s€o f„rmacos que t‰m efeitos de bloquear os receptores opi‚ides, impedindo
opi‚ides endogenos ou administrados de atuar e servindo, assim, como antƒdotos. Os principais s€o:
Nalorfina
Naloxona: usada em casos de overdose para evitar depress€o respirat‚ria fatal. Usada tambŠm para verificar
depend‰ncia de opi‚ides. Em dependentes causa sindrome fƒsico de depriva…€o imediatamente.
A naloxone Š um f„rmaco usado para reverter estado de coma e depress€o respirat‚ria nas intoxica…†es
opi„ceas. Age como antagonista dos receptores opi‚ides: em 30 segundos, ela consegue converter os efeitos de uma
super-dosagem de opi‚ides. Ap‚s uma cirurgia, por exemplo, deve-se eliminar o efeito residual da morfina utilizando a
Naloxone como adjuvante na anestesia.